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1. Introdução
O presente trabalho tem como objeto de estudo a resposta de elementos retangulares de
concreto armado, submetidos a forças normais e cortantes no plano, isto é, elementos de
membrana. Esses elementos podem ser utilizados para modelar os mais diversos tipos de
estruturas, conforme ilustra a Figura 1 e, dessa maneira, métodos de análise e
dimensionamento racionais são necessários para obtenção de respostas confiáveis. Entre os
elementos estruturais cujo comportamento pode ser aproximado com o auxílio de elementos
de membrana encontram-se as vigas-parede, as almas de vigas de pontes e viadutos, os
reservatórios e paredes estruturais, submetidas aos mais diversos tipos de geometria.
Ficou evidente que o insucesso das previsões era fortemente dependente das relações tensão-
deformação empregadas, as quais basicamente ignoravam a resistência à tração do concreto e
outros efeitos complementares, tais como intertravamento entre grãos e transmissão de
tensões de compressão e cisalhamento na interface de fissuras.
Com base nos resultados experimentais da competição realizada, Vecchio e Collins (1986)
propuseram a Teoria Modificada do Campo de Compressão (“Modified Compression Field
Theory”), de maneira que simulações mais realistas do ponto de vista numérico passaram a
ser obtidas. Apesar de verificada grande evolução na previsão do comportamento dos
elementos de membrana, deve-se observar que ainda não se chegou a um consenso sobre o
assunto.
Um modelo que faz frente à Teoria Modificada do Campo de Compressão, proposta por
Vecchio e Collins (1986), é o Modelo de Treliça Flexibilizado (“Softened Truss Model”),
proposto por Hsu (1993). Trata-se de um método de análise não-linear de elementos de
membrana que envolve a resolução simultânea de um grande número de equações, tal como
se observa na Teoria Modificada do Campo de Compressão. Na verdade, vários outros
métodos também estão disponíveis, porém observa-se na literatura que os dois métodos, ora
aqui abordados, são os mais difundidos.
Quando além dos esforços de membrana (Nx, Ny e Nxy) existem os esforços decorrentes da
Teoria das Placas Delgadas, isto é, aqueles esforços associados com a flexão do elemento
(Mx, My, Mxy), podem-se generalizar as soluções citadas anteriormente, tornando a situação
de análise ainda mais complexa. Para maiores informações sobre o dimensionamento de
armaduras em elementos de casca, recomenda-se a leitura dos trabalhos de Gupta (1984),
Lourenço (1992), Lourenço e Figueiras (1993, 1995), CEB-FIP Model Code 1990 (1993),
Regan (1999), Marti (1999) e Della Bella e Cifú (2000).
Deve-se observar que, em várias publicações nacionais do assunto e mesmo na NBR 6118
(2003), costuma-se denominar o método de “Bielas e Tirantes”. Neste trabalho, apesar da
tendência já existente quanto à nomenclatura do método, prefere-se utilizar a denominação
geral de “Método das Bielas” e a denominação específica de “Modelo de Escoras e
Tirantes”.
A palavra “biela”, de origem francesa (“bielle”), é um termo genérico que se refere a certo
volume de material, que pode estar sendo tracionado ou comprimido. Se a biela estiver sendo
tracionada, ela é denominada de “tirante”, e, se ela estiver sendo comprimida, ela é
denominada de “escora”.
predominantes são forças normais de tração”. Em homenagem a este que foi um dos maiores
nomes na história do concreto estrutural nacional procurou-se preservar tal terminologia.
Acredita-se que o método fica mais bem definido se for denominado de “Método das
Bielas”, “Modelo de Escoras e Tirantes” ou “Generalização da Analogia de Treliça”,
substituindo-se a tradição da nomenclatura já estabelecida por respeitados pesquisadores
nacionais.
A ideia de uma treliça resistente foi facilmente ajustada para as vigas de concreto armado.
Sob flexão, as tensões de compressão, na parte superior de uma viga simplesmente apoiada,
são resistidas pelo concreto na forma de uma escora horizontal (banzo comprimido) enquanto
as tensões de tração na parte inferior são absorvidas por um tirante horizontal (banzo
tracionado). As forças no concreto e no aço devem estar em equilíbrio e dessa maneira
formam um binário capaz de resistir ao momento externo aplicado. A distribuição de tensões
ao longo da seção transversal não pode ser determinada apenas com base nas relações de
equilíbrio e, por isso, devem-se empregar condições de compatibilidade de deformações bem
como relações constitutivas dos materiais, de maneira a relacionar as deformações com as
tensões.
Embora o "Modelo de Viga" não seja claramente documentado, tal ideia já vem sendo
utilizada desde o começo do século XIX, servindo como base fundamental para o
entendimento do comportamento das estruturas em concreto armado. Deve-se observar que o
modelo de treliça utilizado para momento fletor em vigas foi mais tarde adaptado para
situações que envolvem momento fletor e carga axial, situação típica de pilares. Observa-se
que, nos primeiros trabalhos, apenas as tensões normais foram levadas em conta.
O modelo de treliça plana para vigas foi estendido por Rausch (1929) para a análise de
elementos submetidos à torção. Do ponto de vista do pesquisador, um elemento de concreto,
submetido à torção, pode ser idealizado como uma treliça espacial, formada por uma série de
treliças planas, capazes de resistir à ação do cisalhamento. As tensões de cisalhamento
circulatórias, desenvolvidas na seção transversal da treliça espacial, formam um momento de
torção interno, capaz de resistir à torção externa aplicada.
Deve-se observar que todas as teorias referidas anteriormente para a análise de força cortante
e momento torçor, isto é, “Equilibrium (Plasticity) Truss Model”, “Mohr Compatibility Truss
Model”, “Modified Compression Field Theory” e “Softened Truss Model”, são baseadas em
uma hipótese fundamental que não é exatamente correta. Em tais modelos, assume-se que a
direção das fissuras é coincidente com a direção das tensões principais e das deformações
principais após a fissuração. Com o aumento do carregamento, fissuras adicionais ocorrerão
e a direção dessas fissuras adicionais tenderá a rotacionar em direção à direção das tensões
principais após a fissuração. Dessa maneira, tais modelos para força cortante e momento
torçor são conhecidos como “Rotating Crack Angle”. Na realidade, a direção da primeira
fissura é determinada pela direção das tensões principais antes da fissuração, o que, por sua
vez, é em geral diferente da direção das tensões principais após a fissuração.
Os modelos referidos anteriormente possuem ainda outra deficiência em comum. Todos eles
são incapazes de prever a chamada “contribuição do concreto”. Ensaios experimentais têm
revelado que a resistência ao cisalhamento de um elemento de membrana é formada de duas
parcelas principais: a primeira e maior delas é atribuída ao aço enquanto a menor parcela é
atribuída ao concreto. A existência da menor parcela é aparentemente causada pelo fato de
que a direção em que atuam as tensões principais antes da fissuração é em geral diferente
daquela assumida para as tensões e deformações principais após a fissuração.
Modelos para força cortante e torção, baseados na direção da primeira fissura (direção essa
assumida como diferente da direção das tensões principais após a fissuração), são
denominados de “Fixed Crack Angle”. De maneira geral, modelos baseados nessa diretriz
são capazes de quantificar a contribuição do concreto, porém são bem mais complicados do
que os modelos do tipo “Rotating Crack Angle” no que se refere à implementação
computacional.
A complexidade dos modelos "Fixed Crack Angle" é decorrente do fato de que tais modelos
devem incorporar uma relação constitutiva, associando as tensões de cisalhamento com as
deformações de cisalhamento na direção das fissuras. Adicionalmente, as equações de
equilíbrio e de compatibilidade se tornam bem mais complexas, e algoritmos eficientes são
necessários para a resolução das equações. Hsu (1993) propôs alguns modelos baseados
nessa ideia, porém a dificuldade de implementação levou tais modelos a um segundo plano
no presente trabalho.
O presente trabalho é fruto de diversas pesquisas realizadas pelo autor em países como
Estados Unidos, Holanda, Portugal e Suíça e infelizmente aguardou quase dois anos o
processo de revisão necessário para publicação em formato físico por uma editora. Tendo-se
em vista a não concordância do autor com questões de formatação, que prejudicariam o
entendimento da obra, decidiu-se por bem publicar essa obra em seu formato original, de
maneira virtual e gratuita. Espera-se que as versões físicas se tornem realidade a partir dos
leitores e que assim se multipliquem.
Figura 2.1 (a) estado geral de tensão, (b) estado plano de tensões e (c) estado plano de tensões (vista
bidimensional).
Na maioria dos casos, observa-se que o aparecimento de todas as tensões com um mesmo
nível de intensidade é raro em problemas de engenharia, de maneira que simplificações
podem ser assumidas. Tais simplificações permitem que um problema tridimensional possa
ser reduzido para um problema bidimensional, facilitando assim a análise de tensões em um
ponto. Nesse caso, pode-se dizer que o material estará sujeito a um estado plano de tensões.
Imagine-se, por exemplo, o caso de não haver carga sobre uma das superfícies de um corpo.
Nesse caso, as componentes normal e tangencial das tensões serão nulas na face de um
elemento referente a um ponto dessa superfície. Consequentemente, pelo princípio de ação e
reação, as componentes de tensão correspondentes à face oposta também serão nulas, de
maneira que o material nesse ponto estará sujeito a um estado plano de tensões. Assim, o
Quando o material está em tensão plana no plano xy, apenas as faces x e y do elemento estão
submetidas a tensões e todas as tensões agem paralelalemente aos eixos x e y. Essa condição
de tensão é muito comum, pois existe na superfície de qualquer corpo tensionado, exceto em
pontos em que cargas externas agem na superfície.
Uma tensão normal σ tem um subscrito que identifica a face em que a tensão age. Assim, a
tensão σx age na face x do elemento, e a tensão σy age na face y do elemento. Uma vez que o
elemento é infinitesimal em tamanho, tensões normais iguais atuam em faces opostas. A
convenção de sinais é a convencional, ou seja, a tração é considerada positiva e a compressão
é considerada negativa.
A tensão de cisalhamento τ possui dois subscritos. O primeiro subscrito denota a face em que
a tensão age e o segundo fornece a direção da face. Dessa maneira, a tensão τxy age na face x
na direção do eixo y e a tensão τyx age na face y na direção do eixo x. O sinal da tensão de
cisalhamento é considerada positiva quando age em uma face positiva de um elemento na
direção positiva do eixo e é negativa quando age em uma face positiva de um elemento na
direção negativa de um eixo. Similarmente, em uma face negativa do elemento, uma tensão
de cisalhamento é positiva quando age na direção negativa de um eixo.
Dado certo estado de tensões num ponto, associado a dado sistema de coordenadas (ver
Figura 2.2 (a)), é importante que se determinem os valores dessas mesmas tensões caso o
sistema de coordenadas associado seja rotacionado (ver Figura 2.2 (b)). A questão que ora
aqui se formula consiste em se determinar as tensões normais (σx e σy) e tangenciais (τxy),
originalmente associadas ao quadrado infinitesimal do sistema de coordenadas xy, quando o
quadrado infinitesimal estiver associado ao sistema de coordenadas x’y’, rotacionado de um
ângulo θ.
Figura 2.2 (a) estado de tensão no sistema original, (b) estado de tensão para um sistema rotacionado,
(c) triângulo para determinação das tensões na direção x' e (d) triângulo para determinação das
tensões na direção y'.
Como o estado de tensões está em equilíbrio, as forças associadas a todas as tensões têm que
se equilibrar também nas direções x’e y’. É necessário, portanto, que se passem as tensões
para forças, multiplicando-as por suas áreas de atuação. Sendo a área da hipotenusa do
triângulo adotada como ∆A, a área dos catetos deve valer ∆Acosθ e ∆Asinθ.
Conhecidas as forças que atuam em cada face dos triângulos (prismas de base triangular),
pode-se proceder com a determinação das equações de equilíbrio em cada direção
transformada. Para a direção x’ tem-se que
σ x ' .∆A − (σ x .∆A. cos θ ) cos θ − (σ y .∆A.senθ ).senθ − (τ xy .∆A. cos θ ).senθ − (τ xy .∆A.senθ ). cos θ = 0
ou seja:
σ x ' = σ x . cos 2 θ + σ y .sen 2θ + 2.τ xy .senθ . cos θ (Equação 2.1a)
ou
σ x ' = σ x . cos 2 θ + σ y .sen 2θ + τ xy .sen 2θ (Equação 2.1b)
σ y ' .∆A − (σ x .∆A.senθ ) senθ − (σ y .∆A. cos θ ). cos θ + (τ xy .∆A. cos θ ).senθ + (τ xy .∆A.senθ ). cos θ = 0
ou seja:
ou
σ y ' = σ x .sen 2θ + σ y . cos 2 θ − τ xy .sen 2θ (Equação 2.2b)
τ x ' y ' .∆A + (τ xy .∆A.senθ ).senθ + (σ x .∆A. cos θ ).senθ − (τ xy .∆A. cos θ ). cos θ − (σ y .∆A.senθ ). cos θ = 0
Ou seja:
τ x ' y ' = (σ y − σ x ).senθ . cos θ + τ xy .(cos 2 θ − sen 2θ ) (Equação 2.3)
As equações para σx’, σy’ e τx’y’, encontradas anteriormente, constituem-se nas expressões que
possibilitam as transformações de qualquer tensão normal e tangencial, respectivamente, de
um sistema xy para um sistema x’y’, rotacionado de um ângulo θ qualquer. Essas expressões
podem ser reescritas de forma matricial, conforme abaixo:
De maneira alternativa, novas equações podem ser escritas a partir das seguintes relações
trigonométricas:
1 − cos 2θ
sen 2θ = (Equação 2.6)
2
1 + cos 2θ
cos 2θ = (Equação 2.7)
2
σx +σ y σx −σ y
σ x' = + cos 2θ + τ xy .sen 2θ (Equação 2.8)
2 2
σx +σy σx +σy
σ y' = + cos 2θ + τ xy .sen 2θ (Equação 2.9)
2 2
σx −σy
τ x' y' = − sen 2θ + τ xy . cos 2θ (Equação 2.10)
2
Algumas vezes, pode ser útil obter as tensões no sistema original a partir do sistema
rotacionado, observando-se que
As expressões anteriores não são muito práticas, uma vez que elas apenas fornecem infinitos
valores para as tensões normais e tangenciais em um ponto para uma infinidade de ângulos
de rotação possíveis para o sistema de coordenadas. É natural que, da infinidade de valores a
serem encontrados com essas expressões, existam valores máximos e mínimos associados.
Derivando-se a Equação 2.8 em relação a θ, tem-se que
dσ x '
= −(σ x − σ y ).sen 2θ + 2.τ xy . cos 2θ (Equação 2.14).
dθ
Igualando-se a Equação 2.14 a zero (lembrando que os valores máximos e mínimos ocorrem
nos pontos onde a derivada é zero) e desenvolvendo-se a expressão até se isolar o ângulo θ,
obtêm-se os ângulos em que ocorrem as tensões principais (valores máximos e mínimos):
2.τ xy
tan 2θ p = (Equação 2.15).
σx −σy
Dois valores do ângulo 2θp no intervalo entre 0 até 360o podem ser obtidos a partir da
Equação 2.15. Esses valores diferem de 180o, com um valor entre 0 e 180o e outro entre 180
e 360o. Por isso, o ângulo θp tem dois valores que diferem por 90o, um valor entre 0 e 90o e
outro entre 90 e 180o. Os dois valores de θp são conhecidos como ângulos principais. Para
um desses ângulos, a tensão normal σx’ é uma tensão principal máxima enquanto para o outro
ângulo é uma tensão principal mínima. Como os ângulos principais diferem por 90o, deduz-
se que as tensões principais ocorrem em planos mutuamente perpendiculares.
As tensões principais podem ser calculadas, substituindo-se cada um dos dois valores de θp
na primeira equação de transformação de tensão (Equação 2.1b) e resolvendo-se σx’.
Determinando-se as tensões principais dessa maneira, não apenas se obtêm os valores das
tensões principais, mas também descobre-se qual tensão principal está associada com cada
ângulo principal. Adicionalmente, as expressões de seno e cosseno de θ associadas à
Equação 2.15 e podem ser obtidas a partir da interpretação da Figura 2.3.
Observa-se que os triângulos da Figura 2.3 são construídos a partir da Equação 2.15. O
primeiro triângulo é dado pela inclinação θp1 enquanto o segundo triângulo é dado pela
inclinação θp2. Para cada um dos triângulos, pode-se deduzir que a hipotenusa é dada, a partir
do Teorema de Pitágoras, por
σ −σ y
2
R = x + τ 2 xy (Equação 2.16).
2
A grandeza R é sempre um número positivo e, como os outros lados dos triângulos, também
possui unidade de tensão. Da análise dos triângulos, obtêm-se duas relações adicionais:
σx −σy
σx −σ y
cos 2θ p1 = 2 = (Equação 2.17).
σ x −σ y 2. R
2
+ τ 2 xy
2
τ xy τ xy
sen 2θ p1 = = (Equação 2.18).
σx −σ y R
2
+ τ 2 xy
2
Substituindo-se as Equações 2.17 e 2.18 na Equação 2.8, obtém-se o maior valor algébrico
das duas tensões principais, denotado por σ1:
σx +σy σx −σ y
σ1 = σ x' = + cos 2θ p1 + τ xy .sen 2θ p1
2 2
σx +σy σx −σ y σx −σ y τ
σ1 = σ x' = + + τ xy . xy
2 2 2.R R
σx +σy σ −σ y
2
σ1 = + x + τ xy2 (Equação 2.19).
2 2
A menor das tensões principais, denotada por σ2, pode ser encontrada a partir da condição de
que a soma das tensões normais em planos perpendiculares é constante, ou seja,
σ 1 + σ 2 = σ x + σ y (Equação 2.20).
Substituindo-se a Equação 2.19 na Equação 2.20 e resolvendo-se para σ2, tem-se que:
σx +σy σ −σ y
2
σ2 = − x + τ xy2 (Equação 2.21).
2 2
Observa-se que a Equação 2.19 é idêntica à Equação 2.21, diferindo apenas pelo sinal
negativo antes da raiz quadrada. Dessa maneira, as equações anteriores podem ser
combinadas em uma única fórmula para o cálculo das tensões principais, conforme a seguir:
σx +σy σ −σ y
2
σ 1, 2 = ± x + τ xy2 (Equação 2.22).
2 2
Uma característica importante dos planos principais pode ser obtida a partir da equação de
transformação para as tensões de cisalhamento (Equação 2.10). Se τx1y1 for atribuído igual a
zero na Equação 2.10, obtém-se a Equação 2.14. Dessa maneira, os ângulos em relação aos
planos de tensão de cisalhamento nulo são os mesmos que os ângulos em relação aos planos
principais. Assim, pode-se concluir que as tensões de cisalhamento serão nulas nos planos
principais.
Por outro lado, uma vez que são conhecidas as tensões principais e suas direções para um
elemento em tensão plana, podem-se obter as tensões máximas de cisalhamento e os planos
em que elas agem. Tomando-se a derivada da Equação 2.10 em relação a θ e igualando-se o
resultado a zero, de maneira a obter os valores máximos e mínimos, tem-se
dτ x ' y '
= −(σ x − σ y ) cos 2θ − 2.τ xy .sen 2θ = 0 .
dθ
De que se obtém
σx −σy
tan 2θ s = − (Equação 2.23).
2.τ xy
A Equação 2.23 fornece um valor para θs entre 0 e 90o e outro entre 90o e 180o. Além disso,
esses valores diferem por 90o e, por isso, as tensões de cisalhamento máximas ocorrem em
planos perpendiculares. Como as tensões de cisalhamento em planos perpendiculares são
1
tan 2θ s = − = − cot 2θ p (Equação 2.24.a).
tan 2θ p
ou
tan 2θ s − cot 2θ p = 0 (Equação 2.24.b).
sen 2θ s cos 2θ p
+ =0
cos 2θ s sen 2θ p
De maneira que
Dessa maneira, a Equação 2.26 demonstra que os planos de tensão de cisalhamento com
valores máximos ocorrem a 45o em relação aos planos principais. As tensões de cisalhamento
máximas contêm tensões normais, que por sua vez podem ser calculadas a partir das
equações de transformação. Manipulando-se a Equação 2.26 e as equações de transformação,
pode-se demonstrar que a tensão máxima de cisalhamento é dada por
σ −σ y
2
τ max = x + τ xy2 (Equação 2.27)
2
ou
σ1 − σ 2
τ max = (Equação 2.28).
2
Levando-se em conta que a tensão de cisalhamento τx'y' para um plano principal é nula, de
maneira que σ1 = σx' e σ2 = σy', tem-se
ou
σ x = σ 1 cos 2 θ + σ 2 sen 2θ (Equação 2.30).
As Equações de Transformação para tensão plana podem ser representadas graficamente pelo
Círculo de Mohr. Essa representação é extremamente útil uma vez que permite visualizar as
relações entre as tensões normais e de cisalhamento, agindo em vários pontos inclinados.
Para a obtenção das equações do Círculo de Mohr, basta rearranjar as Equações 2.8 e 2.10,
conforme a seguir:
σx +σy σx −σy
σ x' − = cos 2θ + τ xy .sen 2θ (Equação 2.33).
2 2
σx −σy
τ x' y' = − sen 2θ + τ xy . cos 2θ (Equação 2.34)
2
σ +σy σ −σ y
2 2
σ x1 − x + τ x21 y1 = x + τ xy2 (Equação 2.35).
2 2
A Equação 2.35 pode ser reescrita de maneira mais simples se forem relembradas as
seguintes condições:
σx +σy
σ med = (Equação 2.36).
2
σ −σ y
2
R = x + τ xy2 (Equação 2.37).
2
O Círculo de Mohr pode ser traçado a partir das Equações 2.33 e 2.34 bem como a partir da
Equação 2.38. Algumas possibilidades de notação se apresentam no que se refere ao sinal da
tensão de cisalhamento. Na primeira forma do Círculo de Mohr, a tensão normal σx1 positiva
é traçada para a direita e a tensão de cisalhamento τx1y1 positiva é traçada para baixo. A
vantagem em se traçar as tensões de cisalhamento positivas para baixo é que o ângulo 2θ no
Círculo de Mohr será positivo, quando atuante no sentido anti-horário, o que está de acordo
com a direção positiva de 2θ na dedução das equações de transformação.
A despeito das duas possibilidade de traçado, observa-se que a primeira alternativa é mais
atrativa. Tal fato se deve à mais fácil visualização da orientação do elemento de tensão se a
direção positiva do ângulo 2θ for a mesma no Círculo de Mohr. Além disso, uma rotação no
sentido anti-horário está de acordo com a regra da mão direita, habitualmente utilizada para
rotação. Dessa maneira, no presente trabalho, será escolhido o traçado do Círculo de Mohr
em que a tensão de cisalhamento positiva é traçada para baixo e o ângulo 2θ positivo é
traçado no sentido anti-horário.
Uma terceira alternativa ainda é encontrada em algumas publicações, mas cujo efeito é na
verdade igual ao Círculo de Mohr apresentado na primeira opção. Nessa convenção, a
direção de uma tensão de cisalhamento, agindo em um elemento do material, é indicada pelo
sentido da rotação que ela tende a produzir. Se a tensão de cisalhamento tende a girar o
elemento de tensão no sentido horário, ela é desenhada para cima. Se a tensão de
cisalhamento tende a girar o elemento de tensão no sentido anti-horário, ela é desenhada para
baixo no Círculo de Mohr.
Assim, conclui-se que essa convenção de sinal alternativa fornece apenas um ponto de vista
diferenciado, mas que produz o mesmo resultado da alternativa que ora aqui será adotada
para a construção do Círculo de Mohr. Em vez de se pensar no eixo vertical como o que tem
A partir dessas tensões, pode-se traçar o círculo de maneira a se obter as tensões σx1, σy1 e
τx1y1 para qualquer rotação θ, bem como podem-se obter as tensões principais e tensões de
cisalhamento máximas. O procedimento para a construção do Círculo de Mohr é o seguinte:
• estabeleça um sistema de coordenadas com σx1 como abscissa (positivo para a direita)
e τx1y1 como ordenada (positivo para baixo ou giro da face em sentido anti-horário);
• marque o centro C do círculo no ponto de coordenadas σx1 = σmedio e τx1y1 = 0;
Uma vez que o Círculo de Mohr foi desenhado, pode-se partir para a obtenção de tensões em
planos inclinados. Se o ângulo θ for conhecido, mede-se um ângulo 2θ no sentido anti-
horário, a partir do raio CA, uma vez que o ponto A corresponde a θ = 0o e também é o ponto
de referência do qual se medem os giros. O ângulo 2θ fornecerá o ponto D no Círculo de
Mohr, que por sua vez tem coordenadas σx1 e τx1y1. Dessa maneira, o ponto D representa as
tensões na face x1 do elemento.
O ponto D' é diametralmente oposto ao ponto D e está afastado desse mesmo ponto no
círculo de um ângulo de 180o. Dessa maneira, o ponto D' representa as tensões na face do
elemento de tensão a 90o da face representada pelo ponto D. Assim, o ponto D' possuirá
coordenadas σy1 e -τx1y1 na face y1 do elemento de tensão.
A obtenção das tensões principais é sem dúvida a informação mais importante a ser obtida do
Círculo de Mohr. O ponto P1 representa a situação em que a tensão normal atinge seu maior
valor algébrico e por isso é denominado de tensão principal. Observe que para o ponto P1 a
tensão de cisalhamento é nula e o ângulo, a partir do ponto de referência A, é igual a 2θp1,
fornecendo assim o plano principal. O outro plano principal, associado com a tensão
algebricamente menor, é representado pelo ponto P2, diametralmente oposto ao ponto P1.
Seja um elemento de membrana sujeito à ação das tensões σx,d = 2,13 MPa (tração),
σy,d = -2,13 MPa (compressão) e τxy,d = 3,70 MPa, conforme ilustra a Figura 2.5. Utilizando
o Círculo de Mohr, determinar as quantidades a seguir: (a) tensões principais, (b) tensões
agindo em um elemento inclinado a um ângulo de 60o e (c) tensões máximas de
cisalhamento.
O primeiro passo para se resolver o problema consiste em fixar os eixos para o Círculo de
Mohr, com σx1 positivo para a direita e τx1y1 positivo para baixo. O centro C do círculo está
localizado no eixo σx1 no ponto em que σx1 é igual à tensão normal média:
σ x + σ x 2,13 − 2,13
σ med = = = 0 MPa
2 2
σ − σx 2,13 − (-2,13)
2 2
R= x + τ xy =
2
+ 3,70 = 4,27 MPa .
2
2 2
Dessa maneira, unindo-se os pontos A e B por uma reta que passa pelo centro C, pode-se
obter o Círculo de Mohr conforme a Figura 2.6.
Da Figura 2.6, observa-se que as tensões principais são representadas pelos pontos P1 e P2.
Para o exemplo em questão, nota-se que tais tensões serão iguais em módulo e terão
intensidade igual ao valor do raio R, ou seja, σ1 = 4,27 MPa e σ2 = -4,27 MPa. O ângulo em
que a tensão principal σ1 faz com o eixo σx1 pode ser obtido diretamente no próprio círculo
ou por trigonometria, lembrando-se de que o ângulo medido no Círculo de Mohr é sempre o
dobro do ângulo real:
3,69
tan ACP1 = = 1,73 → 2θ p1 = 60o → θ p1 = 30o .
2,13
O ângulo 2θp2 até o ponto P2 no círculo é dado por 60o + 180o = 240o. Dessa forma, o
segundo plano principal é definido pelo ângulo θp2 = 120o no Círculo de Mohr. Lembrando-
se de que o ângulo medido no Círculo de Mohr é sempre o dobro do ângulo real, a rotação
real de θp2 será 60o.
O ângulo ACS1 do ponto A até o ponto S1 é igual a 90o + 60o = 150o e, por isso, 2θs1 = 150o.
O ângulo correspondente θs1 ao plano de cisalhamento máximo positivo será, portanto, igual
à metade do valor anterior, ou seja, θs1 = 75o. A tensão de cisalhamento negativa (ponto S2
do círculo) tem o mesmo valor numérico da tensão positiva (4,27 MPa).
Deve-se observar que as tensões normais, agindo nos planos de tensão de cisalhamento
máximo, são iguais a σmed, que, excepcionalmente para o caso em estudo, é igual a zero. É
interessante notar que σmed é sempre igual à abscissa do centro C do círculo e que os planos
de tensão de cisalhamento máximo sempre estarão orientados a 45o dos planos principais
para tensões normais.
As tensões agindo em um plano orientado a um ângulo de 60o são dadas pelas coordenadas
do ponto D da Figura 2.7, que está a um ângulo de 2θ = 120o do ponto A. Para se calcular as
coordenadas do ponto D, é preciso conhecer o ângulo entre a linha CD e o eixo σx1 (ângulo
DCP1), que por sua vez exige o conhecimento do ângulo entre a linha CA e o eixo σx1
(ângulo ACP1).
Figura 2.7 - Cálculo das tensões para um plano orientado a um ângulo de 60o .
Para explicar como a deformação plana está relacionada com a tensão plana, considere-se um
pequeno elemento de material com lados a, b e c nas direções x, y e z, respectivamente,
conforme ilustra a Figura 3.1. Se as únicas deformações são aquelas no plano xy, então três
componentes de deformação podem existir: a deformação normal εx na direção x, a
deformação normal εy na direção y e a deformação de cisalhamento γxy. Um elemento de
material submetido a essas deformações, e apenas a essas deformações, está em Estado de
Deformação Plana.
Observa-se dessa maneira que um elemento em deformação plana não possui deformação
normal εz na direção z e nenhuma deformação de cisalhamento γxz e γyz nos planos xz e yz,
respectivamente. Dessa maneira, a deformação plana no plano xy é definida, considerando-se
as condições de que εz = 0, γxz = 0 e γyz = 0, sendo que as deformações restantes (εx , εy e γxy)
podem ter valores não nulos.
Assim, pode-se concluir que a deformação plana ocorre quando as faces posterior e anterior
de um elemento de material estão totalmente restringidas contra deslocamentos na direção z,
condição essa que é raramente verificada em estruturas reais (barragens, por exemplo). O
fato de deformações planas serem pouco verificadas não desmerece o estudo das equações de
transformação, uma vez que a dedução das mesmas pode ser profundamente útil para a
determinação das deformações em casos de tensões planas.
Deve-se observar que a definição de deformação plana (εz = 0, γxz = 0 e γyz = 0) é análoga à
definição de tensão plana (σz = 0, τxz = 0 e τyz = 0). Da mesma maneira que as deformações
restantes (εx , εy e γxy) podem ter valores não nulos, as tensões restantes (σx , σy e τxy)
também podem ter valores não nulos. A Figura 3.2 ilustra uma comparação das tensões e
deformações bem como da tensão plana e deformação plana.
Deve-se tomar o cuidado de não concluir, a partir das similaridades nas definições de tensão
plana e deformação plana, que ambas ocorrem simultaneamente. De maneira geral, um
elemento em tensão plana será submetido a uma deformação na direção z e, assim, ele não
está em deformação plana. Um elemento em deformação plana usualmente terá tensões σz
agindo nele pela existência de εz = 0 e, por isso, não estará em tensão plana. Portanto, sob
condições normais, a tensão plana e a deformação plana não ocorrem simultaneamente.
Uma exceção ocorre, quando um elemento em tensão plana está submetido a tensões normais
iguais e opostas (isto é, σx = -σy), e a lei de Hooke é válida para o material. Nesse caso
especial, não há deformação normal na direção z e por isso o elemento está em um estado de
deformação plana e tensão plana. Outro caso especial, embora hipotético, é quando o
material possui coeficiente de Poisson igual a zero. Nesse caso, todo elemento de tensão
plana também estará em deformação plana, uma vez que εz = 0.
É importante observar que, assim como no caso das tensões, as equações de transformação
para deformações são válidas para qualquer tipo de material, elástico ou não. Dessa maneira,
as equações ora aqui deduzidas podem ser aplicadas a um elemento de membrana em
concreto armado, tendo-se em vista que a dedução das equações leva em conta apenas
aspectos de equilíbrio e por isso são válidas para qualquer material.
Para a dedução das equações de transformação para deformação plana será utilizado o eixo
de coordenadas, ilustrado na Figura 3.3. Para tanto, será assumido que as deformações
normais εx , εy e a deformação de cisalhamento γxy, associadas aos eixos xy, são conhecidas.
O objetivo das equações de transformação é determinar deformações normais εx1 , εy1 e a
deformação de cisalhamento γx1y1, associadas aos eixos x1y1, que são rotacionadas no sentido
anti-horário através de um ângulo θ a partir dos eixos. Observa-se que na realidade a
deformação normal εy1 pode ser obtida, a partir da equação obtida para εx1, bastando-se para
isso considerar um ângulo θ + 90o ao invés de θ.
Figura 3.3 - Deformações de um elemento em deformação plana pela (a) deformação normal εx , (b)
deformação normal εy e (c) deformação de cisalhamento γxy.
Considerando-se a deformação normal εx na direção x (Figura 3.3 (a)), observa-se que essa
deformação produz um alongamento na direção x igual a εxdx, sendo que dx é o
comprimento do lado correspondente do elemento. Como resultado desse alongamento, a
diagonal do elemento aumentará em comprimento com o seguinte valor:
Finalmente, quanto à deformação γxy no plano xy (Figura 3.3 (c)), observa-se que essa
deformação produz uma distorção do elemento de tal forma que o ângulo no canto esquerdo
inferior do elemento diminui de uma quantidade igual à da deformação de cisalhamento.
Consequentemente, a face superior do elemento move-se para a direita (com relação à face
inferior) de uma quantidade γxy.dy. Essa deformação resulta em um aumento no
comprimento da diagonal igual a
Assim, o aumento total ∆d no comprimento da diagonal será a soma das três equações
anteriores:
∆d dx dy dy
ε x1 = = εx .cosθ + ε y .senθ + γ xy .cosθ (Equação 3.5).
ds ds ds ds
Observando-se que dx/ds = cos θ e que dy/ds = sen θ, pode-se obter a equação para a
deformação normal na direção x1:
ou
ε x1 = ε x .cos 2 θ + ε y .sen 2 θ + γ xy cosθ .senθ (Equação 3.6.a).
A deformação normal εy1 na direção y1 pode ser obtida com o mesmo desenvolvimento
apresentado anteriormente para a deformação normal εx1 na direção x1. No entanto, uma
maneira mais simples de se obter a equação para εy1 consiste na substituição do ângulo θ na
Equação 3.6 por θ + 90o. Assim, observando-se as relações entre os quadrantes em que cos
(90º + θ ) = -sen θ e que sen (90º + θ) = cos θ, tem-se que
Da mesma forma, a linha Ob representa uma linha no material ao longo do eixo y1. Pelas
deformações εx , εy e γxy, essa linha tende a girar de um ângulo β no sentido horário.
Portanto, a partir da determinação dos ângulos α e β, a deformação de cisalhamento γx1y1
pode ser calculada como a diminuição no ângulo entre as duas linhas que estavam
inicialmente em ângulos retos, ou seja:
O ângulo α pode ser encontrado, a partir das deformações ilustradas na Figura 3.3, conforme
a seguir. A deformação εx produz uma rotação no sentido horário da diagonal do elemento
igual a α1, conforme ilustra a Figura 3.3 (a) dada por
dx
α1 = ε x senθ (Equação 3.9).
ds
dy
α2 = ε y cos θ (Equação 3.10).
ds
dy
α 3 = γ xy senθ (Equação 3.11).
ds
Assim, a rotação resultante da diagonal no sentido horário, igual ao ângulo α é dado por
α = −α1 + α 2 − α 3
dx dy dy
α = −ε x senθ + ε y cos θ − γ xy senθ (Equação 3.12).
ds ds ds
A rotação da linha Ob, que inicialmente estava 90o em relação à linha Oa, pode ser
encontrada, substituindo-se θ por θ + 90o na Equação 3.13. A expressão resultante é anti-
horária, quando positiva (uma vez que α é anti-horário quando positivo), e dessa forma ela é
igual ao negativo do ângulo β (uma vez que β é positivo quando horário). Logo, tem-se que
Dessa maneira, somando-se α e β, tem-se a deformação de cisalhamento γx1y1, que por sua
vez é dada por
ou
γ x1 y 1 γ xy
= −(ε x − ε y ) senθ . cos θ + .(cos 2 θ − sen 2θ ) (Equação 3.15.b).
2 2
As equações para εx1, εy1 e γx1y1, encontradas anteriormente, constituem-se nas expressões
que possibilitam as transformações de qualquer deformação normal e tangencial,
De forma alternativa, novas equações podem ser escritas a partir das seguintes relações
trigonométricas:
1 + cos 2θ
cos 2θ = (Equação 3.17).
2
1 − cos 2θ
sen 2θ = (Equação 3.18).
2
1
senθ . cos θ = .sen 2θ (Equação 3.19).
2
εx + εy εx − εy γ xy
ε x1 = + cos 2θ + .sen 2θ (Equação 3.20).
2 2 2
εx + εy εx − εy γ xy
σ y' = − cos 2θ − .sen 2θ (Equação 3.21).
2 2 2
γ x1 y 1 εx − εy γ xy
=− sen 2θ + . cos 2θ (Equação 3.22).
2 2 2
Algumas vezes, pode ser útil obter-se as tensões no sistema original a partir do sistema
rotacionado. Observando-se novamente que
A analogia entre as equações de transformação para tensão plana e aquelas para deformação
plana mostram que todas as observações feitas para o caso de tensão plana, ou seja, tensões
principais, tensões de cisalhamento máximas e Círculo de Mohr, têm sua contrapartida na
deformação plana, conforme visto a seguir.
Assim como no caso das tensões, as expressões anteriores fornecem apenas os infinitos
valores das deformações normais e tangenciais em um ponto para uma infinidade de valores
de ângulos de rotação possíveis do sistema de coordenadas. Da infinidade de valores a serem
encontrados com essas expressões, existem valores máximos e mínimos associados, obtidos
a partir da derivada primeira da Equação 3.20 em relação a θ:
dε x 1
= −(ε x − ε y ).sen 2θ + γ xy . cos 2θ (Equação 3.26).
dθ
Igualando-se a Equação 3.26 a zero (valores de máximo ocorrem em pontos onde a derivada
é zero) e desenvolvendo-se a expressão até se isolar o ângulo θ, obtêm-se os ângulos onde
ocorrem as deformações principais (valores máximos e mínimos):
γ xy
tan 2θ p = (Equação 3.27).
εx − εy
Dois valores do ângulo 2θp no intervalo entre 0 até 360o podem ser obtidos a partir da
Equação 3.27. Esses valores diferem de 180o, com um valor entre 0 e 180o e outro entre 180
e 360o. Por isso, o ângulo θp tem dois valores que diferem por 90o, um valor entre 0 e 90o e
outro entre 90 e 180o. Os dois valores de θp são conhecidos como ângulos principais. Para
um desses ângulos, a deformação normal εx1 é uma deformação principal máxima enquanto
para o outro ângulo é uma deformação principal mínima. Como os ângulos principais
diferem por 90o, deduz-se que as deformações principais ocorrem em planos mutuamente
perpendiculares, assim como no caso das tensões.
As deformações principais podem ser calculadas, substituindo-se cada um dos dois valores
de θp na Equação 3.20 e resolvendo-se εx1. Determinando-se as deformações principais dessa
maneira, não apenas se obtêm os valores das deformações principais, mas também descobre-
se qual deformação principal está associada com cada ângulo principal. Adicionalmente, as
expressões de seno e cosseno de θ, associadas à Equação 3.20, podem ser obtidas a partir da
interpretação da Figura 3.5.
Observe que os triângulos da Figura 3.5 são construídos a partir da Equação 3.20. O primeiro
triângulo é dado pela inclinação θp1 enquanto o segundo triângulo é dado pela inclinação θp2.
Para cada um dos triângulos, pode-se deduzir que a hipotenusa é dada, a partir do Teorema
de Pitágoras, por
2
εx − εy γ xy
2
R = + (Equação 3.28).
2
2
A grandeza R é sempre um número positivo e, como os outros lados dos triângulos, também
possui unidade de deformação. Da análise dos triângulos, obtêm-se duas relações adicionais:
εx −εy
εx −εy
cos 2θ p1 = 2 = (Equação 3.29).
2 2. R
εx −εy τ xy
2
+
2 2
γ xy
γ xy
sen 2θ p1 = 2 = (Equação 3.30).
2 2R
εx −εy τ
2
+ xy
2
2
Substituindo-se as Equações 3.29 e 3.30 na Equação 3.20, obtém-se o maior valor algébrico
das duas deformações principais, denotado por ε1:
εx + εy εx −εy γ xy
ε 1 = ε x1 = + cos 2θ p1 + .sen 2θ p1
2 2 2
εx + εy ε x − ε y ε x − ε y γ xy γ xy
ε 1 = ε x1 = + . + .
2 2 2R 2 2R
2
εx + εy εx −εy γ xy
2
ε1 = + +
(Equação 3.31).
2 2 2
A menor das deformações principais, denotada por ε2, pode ser encontrada a partir da
condição de que a soma das deformações normais em planos perpendiculares é constante, ou
seja:
ε 1 + ε 2 = ε x + ε y (Equação 3.32).
Substituindo-se a Equação 3.31 na Equação 3.32 e resolvendo-se para ε2, tem-se que:
2
εx + εy εx −εy γ xy
2
ε2 = − +
(Equação 3.33).
2 2 2
Observa-se que a Equação 3.33 é idêntica à Equação 3.32, diferindo apenas pelo sinal
negativo antes da raiz quadrada. Dessa maneira, as equações anteriores podem ser
combinadas em uma única fórmula para o cálculo das deformações principais, conforme a
seguir:
2
εx + εy εx − εy γ xy
2
ε 1,2 = ± +
(Equação 3.34).
2 2 2
Observe a grande semelhança que há entre a Equação 3.34, para deformações principais, e a
Equação 2.22 para tensões principais. Da mesma maneira, semelhanças são observadas no
caso das deformações máximas de cisalhamento e nas relações existentes no Círculo de
Mohr.
2
εx − εy γ xy
2
γ max
= + (Equação 3.35).
2 2 2
εx + εy
ε med = (Equação 3.36).
2
Um elemento em tensão plana que está orientado segundo as direções principais de tensão
não possui tensões de cisalhamento que agem em suas faces. Por isso, a deformação de
cisalhamento γx1y1 para esse elemento é zero. Segue-se que as deformações normais nesse
elemento são as deformações principais. Assim, as deformações principais e as tensões
principais ocorrem nas mesmas direções, observação que foi de fundamental importância
para o desenvolvimento de várias teorias para a análise e dimensionamento de elementos de
membrana em concreto estrutural.
ou
ε x = ε 1 cos 2 θ + ε 2 sen 2θ (Equação 3.38).
A partir dessas deformações, pode-se traçar o círculo de maneira a se obter as tensões εx1, εy1
e γx1y1 para qualquer rotação θ, bem como podem-se obter as tensões principais e tensões de
cisalhamento máximas. O procedimento para a construção do Círculo de Mohr para
deformações é o seguinte:
• estabeleça um sistema de coordenadas com εx1 como abscissa (positiva para a direita)
e γx1y1 como ordenada (positivo para baixo);
• marque o centro C do círculo no ponto de coordenadas εx1 = εmedio e γx1y1 = 0;
• marque o ponto A, representando as condições de deformação na face x do elemento,
cujas coordenadas são εx1 = εx e γx1y1 = γxy / 2. Observe que o ponto A no círculo
corresponde a θ = 0o;
• marque o ponto B, representando as condições de deformação na face y do elemento,
cujas coordenadas são εx1 = εy e γx1y1 = -γxy / 2. Observe que o ponto B no círculo
corresponde a θ = 90o;
• desenhe uma linha, conectando o ponto A com o ponto B. Essa linha representará o
diâmetro do círculo e passará pelo ponto C. Observe que os pontos A e B estão em
extremidades opostas do diâmetro e representam as tensões em planos defasados de
90o (por isso estão separados de 180o no círculo);
• tomando o ponto C como centro, desenhe um círculo através dos pontos A e B.
Observe que o círculo traçado dessa maneira terá raio R, conforme ilustrado na
Equação 3.28.
Uma vez que o Círculo de Mohr foi desenhado, pode-se partir para a obtenção de
deformações em planos inclinados. Se o ângulo θ for conhecido, mede-se um ângulo 2θ no
sentido anti-horário, a partir do raio CA, uma vez que o ponto A corresponde a θ = 0o e
também é o ponto de referência do qual se medem os giros. O ângulo 2θ fornecerá o ponto D
no Círculo de Mohr, que por sua vez tem coordenadas εx1 e γx1y1 / 2. Dessa maneira, o ponto
D representa as tensões na face x1 do elemento.
O ponto D' é diametralmente oposto ao ponto D e está afastado desse mesmo ponto no
círculo de um ângulo de 180o. Assim, o ponto D' representa as tensões na face do elemento
de tensão a 90o da face representada pelo ponto D. Assim, o ponto D' possuirá coordenadas
εy1 e -γx1y1 / 2 na face y1 do elemento de tensão.
A obtenção das deformações principais é sem dúvida a informação mais importante a ser
obtida do Círculo de Mohr. O ponto P1 representa a situação em que a deformação normal
atinge seu maior valor algébrico e por isso é denominada de deformação principal. Observe
que, para o ponto P1, a deformação de cisalhamento é nula e o ângulo, a partir do ponto de
referência A, é igual a 2θp1, fornecendo assim o plano principal. O outro plano principal,
associado com a deformação algebricamente menor, é representado pelo ponto P2,
diametralmente oposto ao ponto P1.
εx +εy
=
(480 + 220) × 10 −6 = 350 × 10 −6
2 2
εx −εy
=
(480 − 220) × 10 −6
= 130 × 10 −6
2 2
γ xy 180 × 10 −6
= = 90 × 10 −6
2 2
εx + εy εx − εy γ xy
ε x1 = + cos 2θ + .sen 2θ
2 2 2
ε x1 = (350 × 10 −6 ) + (130 × 10 −6 )(cos 60º ) + (90 × 10 −6 ).( sen 60º )
ε x1 = 492,942 × 10 −6
γ x1 y 1 εx − εy γ xy
=− sen 2θ + . cos 2θ
2 2 2
γ x1 y 1
= −(130 × 10 −6 )( sen 60º ) + (90 × 10 −6 ).(cos 60º )
2
γ x1 y 1
= −67,583 × 10 −6
2
γ x1 y1 = −135,167 × 10 −6
A deformação εy1 pode ser obtida, a partir da Equação (3.32), da seguinte maneira:
ε y1 = ε x + ε y − ε x1
As deformações εx1, εy1 e γx1y1 para um elemento orientado a um ângulo θ = 30º são
ilustradas na Figura 3.8.
b) Deformações principais
ε 1,2 = ± +
2
2 2
ε 1, 2 = 350 × 10 −6 ± 158,114 × 10 −6
ε 1 = 508,114 × 10 −6 ε 2 = 191,886 × 10 −6
γ xy 180
tan 2θ p = = = 0,6923
ε x − ε y 480 − 220
Resolvendo, tem-se que os valores de 2θp entre 0 e 360º são de 34,6952º e 214,6952º e, por
isso, os ângulos em relação às direções principais são dados por
θ p = 17,3476º e 107,3476º .
εx + εy εx − εy γ xy
ε x1 = + cos 2θ + .sen 2θ
2 2 2
ε x1 = (350 × 10 −6 ) + (130 × 10 −6 )(cos 34,6952º ) + (90 × 10 −6 ).( sen 34,6952º )
ε x1 = 508,114 × 10 −6
Esse resultado mostra que a maior deformação principal ε1 está no ângulo θp = 17,3476º. A
menor deformação ε2 age a 90º a partir dessa direção (θp = 107,3476º). Dessa forma:
ε 1 = 508,114 × 10 −6 e θ p1 = 17,3476º
ε 2 = 191,886 × 10 −6 e θ p 2 = 107,3476º
2
εx −εy γ xy
2
γ max
= +
2
2 2
γ max
2
= (130 × 10 ) + (90 × 10 )
−6 2 −6 2
= 158,114 × 10 −6
γ max = 79,057 × 10 −6
O elemento que possui as deformações de cisalhamento máximas está orientado a 45º em
relação às direções principais. Por isso, θs = 17,3476º + 45º = 62,3476º e 2θs = 124,6952º.
Substituindo-se o valor de 2θs na Equação (3.22), pode-se determinar o sinal da deformação
de cisalhamento associada com essa direção. Dessa maneira, tem-se que
γ x1 y 1 εx − εy γ xy
=− sen 2θ + . cos 2θ
2 2 2
γ x1 y 1
= −(130 × 10 −6 )( sen 124,6952º ) + (90 × 10 −6 ).(cos 124,6952º )
2
γ x1 y 1
= −158,114 × 10 −6
2
As deformações de cisalhamento são correspondentes a θs1 e θs2 são γmax = 79,057 x 10-6 e
γmin = -79,057 x 10-6, respectivamente. As deformações normais no elemento, tendo as
deformações de cisalhamento máximas e mínimas, são
ε med =
εx +εy
=
(480 + 220 ) × 10 −6
= 350 × 10 −6
2 2
De acordo com Hsu (1993), o “Equilibrium (Plasticity) Truss Model” foi desenvolvido,
baseando-se na Teoria da Plasticidade, e leva em consideração as condições de equilíbrio e
de escoamento das armaduras. As condições de compatibilidade bem como as relações
constitutivas dos materiais não são levadas em conta nesse modelo, de maneira que algumas
deficiências são identificadas, conforme a seguir:
h Linha Neutra
εs
De acordo com Schäfer & Schläich (1988, 1991), pode-se dividir uma estrutura em regiões
contínuas (“Regiões B”, em que a “Hipótese de Bernoulli” de distribuição linear de
deformações ao longo da seção transversal é válida) e regiões descontínuas (“Regiões D”, em
que a “Hipótese de Bernoulli” não pode ser aplicada, isto é, onde a distribuição de
deformações ao longo do elemento é não-linear).
Como exemplos de “Regiões D” parciais ou generalizadas podem ser citados os casos dos
dentes Gerber, das áreas de aplicação de protensão, dos consolos e das cargas próximas de
apoios, das vigas-parede, das sapatas e dos blocos rígidos de fundação sobre estacas. Dessa
maneira, a análise e dimensionamento estrutural desses elementos devem ser feitos,
recorrendo-se a modelos que levem em consideração as deformações por esforço cortante.
A maioria dos pesquisadores têm recomendado para essa atividade o uso de ferramentas
como o Método dos Elementos Finitos e o Método das Bielas.
Figura 4.3 - (a) Elemento em concreto armado sujeito a cisalhamento puro e fissuras diagonais,
formando série de diagonais de concreto comprimidas (b).
(a) (b)
Após a fissuração, o concreto é separado por fissuras diagonais, formando uma série de
diagonais comprimidas, conforme ilustra a Figura 4.3(b). Observa-se que as diagonais de
concreto comprimido, as barras longitudinais e as barras transversais formam uma treliça
capaz de resistir ao fluxo de cisalhamento q. A Figura 4.4 procura ilustrar o equilíbrio na face
vertical e na face horizontal do elemento.
Observar que nx é definido como a força longitudinal no aço por unidade de comprimento,
isto é, asx.fsx/sx , onde asx é a área de uma barra longitudinal e fsx é a tensão atuante nas barras.
Deve-se notar ainda que asx / sx é exatamente igual a Asx / 1,0 m, ou seja, a armadura
necessária por m linear. Assim, observa-se que o equilíbrio é dado em força por unidade de
comprimento, ou seja:
kN
cm 2 .
a .f cm 2 = kN/m (Equação 4.1).
n x = sx sx =
sx m
A partir do equilíbrio do triângulo de forças na direção vertical da Figura 4.4, pode-se obter o
fluxo q a partir da armadura longitudinal, isto é:
De maneira similar, pode-se fazer o equilíbrio na direção horizontal da Figura 4.2. Dessa
maneira, o fluxo q, a partir da armadura transversal, é dado por
Assumindo-se que o escoamento ocorrerá para as armaduras nas duas direções, tem-se que
a sx .f sxy a sy .f syy
n xy = (Equação 4.5) e n yy = (Equação 4.6).
sx sy
n yy
n xy .tan θ' =
tan θ'
n yy
tan 2 θ' =
n xx
n yy
tan θ' = (Equação 4.7).
n xx
Multiplicando-se a Equação 4.3 pela Equação 4.4, de maneira a se eliminar θ', tem-se
1
q 2y = n xy .n yy .tan θ'
tan θ'
q y = n xy .n yy (Equação 4.8).
A Equação 4.8 mostra que o ângulo θ' no escoamento depende apenas da razão entre as
forças de escoamento das armaduras nas direções horizontal e vertical. Estabelece ainda que
qy é igual à raiz quadrada do produto da força de escoamento por unidade de comprimento
nas duas direções.
qy
σd = (Equação 4.11).
h.sen θ'.cos θ'
Observar que as equações anteriores estão escritas em termos de q, nx e ny que por sua vez
representam forças por unidade de comprimento. De maneira a se transformar as equações
em termos de tensões, basta-se definir as tensões distribuídas no aço, isto é:
a sx .f sx n x
ρ x .f sx = = (Equação 4.12);
s x .h h
a sy .f sy ny
ρ y .f sy = = (Equação 4.13).
s y .h h
Dividindo-se as Equações 4.9, 4.10 e 4.11 por h e substituindo-se as Equações 4.12 e 4.13
nas manipulações, tem-se que
1
σ d = τ xy . = τ xy (tan θ'+ cotg θ' ) (Equação 4.16).
cos θ'.sen θ'
As Equações 4.14, 4.15 e 4.16 podem ser expressas em termos da tensão σd atuante no
concreto. Substituindo-se τxy da Equação 4.16 nas Equações 4.14 e 4.15, tem-se que
Somando-se as Equações 4.17 e 4.18 e observando-se que sen2θ' + cos2θ' = 1, tem-se que
ω x = ω y (Caso I)
θ' = 45o
Condição Balanceada ω y < 0,5 (Caso II)
ωx + ωy = 1 θ' < 45o
ω x < 0,5 (Caso III)
θ' < 45o
ωy
tan θ' = = 1 → θ' = 45o (Equação 4.24);
ωx
τ xy
= ω x .ω y = ω x .ω x = ω x = 0,5 2 = 0,5 (Equação 4.25).
2
ξf ck
Para o Caso II, isto é, ωy < 0,5, a armadura transversal escoou e a armadura longitudinal
escoará ao mesmo tempo em que se verifica o esmagamento do concreto. Assim:
ω x = 1 - ω y (Equação 4.26);
ωy ωy
tan θ' = = → θ < 45o (Equação 4.27);
ωx (1 − ω y )
τ xy
= ω x .ω y = ω y (1 − ω y ) (Equação 4.28).
ξf ck
Finalmente para o Caso III, isto é, quando ωx < 0,5, a armadura longitudinal escoou e a
armadura transversal escoará ao mesmo tempo em que se verifica o esmagamento do
concreto. Assim:
ω y = 1 - ω x (Equação 4.29);
ωy (1 − ω x )
tan θ' = = → θ' > 45o (Equação 4.30);
ωx ωx
τ xy
= ω x .ω y = ω x (1 − ω y ) (Equação 4.31).
ξf ck
Quando ωx + ωy < 1,0, têm-se elementos subarmados em que ambas as armaduras escoam
antes do esmagamento do concreto. Isolando-se cos θ' e sen θ' das Equações 4.17 e 4.18,
tem-se que
ρ x f sx = σ d .cos 2 θ'
ρ f
cos 2 θ' = x sx
σd
ρ x f sx
cos θ' = (Equação 4.32);
σd
e
ρ y f sy = σ d .sen 2 θ'
ρ y f sy
sen 2 θ' =
σd
ρ y f sy
sen θ' = (Equação 4.33).
σd
τ xy = ρ x .ρ y .f y2
τ xy = f y ρ x .ρ y (Equação 4.35).
τ xy
= ω x .ω y (Equação 4.36).
ξ.f ck
O ângulo θ' para elementos subarmados pode ser obtido, dividindo-se a Equação 4.17 pela
Equação 4.18, conforme a seguir:
ρ x f sx cos 2 θ'
=
ρ y f sy sen 2 θ'
ρ x f sx
tan 2 θ' =
ρ y f sy
ρ x f sx
tan θ' = (Equação 4.37).
ρ y f sy
Se as tensões de escoamento das armaduras forem iguais nas duas direções, isto é, fsx = fsy =
fy, tem-se que
ρxfy
tan θ' =
ρ yf y
ρx
tan θ' = (Equação 4.38).
ρy
Quando ωx + ωy > 1,0, têm-se elementos em que o concreto se rompe antes de as armaduras
escoarem em uma ou nas duas direções. Não são utilizados elementos com essa
característica, uma vez que o modo de colapso é frágil, isto é, não há o aviso prévio por meio
de um panorama significativo de fissuração do elemento.
Uma questão de muita confusão observada na maioria das publicações refere-se à inclinação
das fissuras nos elementos de membrana. A Figura 4.5 procura ilustrar as possibilidades de
orientação das fissuras, observando que tal comportamento depende da orientação das
tensões de cisalhamento atuantes no elemento.
(a) (b)
Por outro lado, a Figura 4.5 (b) ilustra a mudança de direção das fissuras diagonais com a
mudança de orientação do sentido de atuação das tensões de cisalhamento. Para o caso da
Figura 4.3 (a), o ângulo θ' medido do eixo 2 para o eixo x atuará em sentido anti-horário
(conforme convenção do Círculo de Mohr) e estará em um intervalo entre 0o e +90o. Por
outro lado, para o caso da Figura 4.3(b), o ângulo θ' medido do eixo 2 para o eixo x atuará
em sentido horário (oposto à convenção adotada para o Círculo de Mohr) e variará em um
intervalo entre 0o e -90o.
Por outro lado, observa-se que a introdução de valores negativos de τxy e θ' no caso da Figura
4.5 (b) leva à obtenção dos mesmos resultados obtidos no caso da Figura 4.5 (a), com a
diferença de que os sentidos de orientação das fissuras são opostos. Assim, outra forma de se
remediar o problema consiste em se considerar os valores de τxy e θ' em módulo,
independente do sentido de atuação das tensões de cisalhamento.
Figura 4.6 - Tensões atuantes em elementos de membrana com tensões de cisalhamento atuantes em
sentidos opostos.
-6
τ xy 6 σd = = 12,77 MPa
σd = = = 12,77 MPa cos ( −35 ).sen ( −35o )
o
cos θ'.sen θ' cos 35 .sen 35o
o
Conforme pode-se observar, os resultados de tensão são idênticos, com a diferença de que a
orientação da fissuração diagonal é oposta nos dois painéis. Assim, comprova-se que a
introdução dos valores de τxy e θ' em módulo nas equações ora aqui deduzidas produz maior
comodidade na condução dos cálculos.
Na fissuração, σ1 pode ser assumida como a resistência à tração do concreto fctm, conforme
recomendado no item 8.2.5 da NBR6118 (2003). Substituindo-se τ xy = f ctm = 0,3.f ck2/3 nas
f ctm
ρ x .f sx + ρ y .f sy = (Equação 4.41).
sen θ'.cos θ'
f ctm
ρ x .f yy + ρ y .f yy =
0,5
f ctm
f yy .(ρ x + ρ y ) =
0,5
2.f ctm
(ρ x + ρ y ) = (Equação 4.42a);
f yy
ou
f ctm
ρx = ρy = (Equação 4.42b).
f yy
A Equação 4.42b fornece a armadura total necessária em cada direção, de maneira que a
Tabela 4.1 apresenta as taxas mínimas para diferentes resistências de concreto. Para a
construção da Tabela 4.1, considerou-se f ctm = 0,3.f ck2/3 e fyy = 500 MPa.
Tabela 4.1 - Taxa de armadura mínima por direção para elementos sob cisalhamento puro.
Concreto (MPa) 20 25 30 35 40 45 50
Levando-se em consideração que a NBR6118 (2003) recomenda uma taxa de 0,10% para
armadura de pele (item 17.3.5.2.3) em cada face, observa-se que a norma brasileira vem
recomendando valores baixos para as armaduras mínimas de estruturas submetidas a
cisalhamento puro.
A Figura 4.8 ilustra os ângulos das tensões principais para o elemento em concreto armado e
para o elemento em concreto simples. Conforme pode-se observar, para o elemento em
concreto armado as tensões principais de compressão (eixo 2) formam um ângulo igual a
(90o - θ) com o eixo horizontal x. Por outro lado, para o elemento em concreto simples as
tensões principais de compressão (eixo 2c) estão afastadas de um ângulo θ' em relação ao
eixo horizontal x.
Figura 4.8 - Ângulos das tensões principais em elemento de concreto armado e elemento de concreto
simples
Observa-se que o ângulo θ depende apenas das relações relativas entre as tensões aplicadas
no elemento de membrana em concreto armado. Quando essas tensões aumentam
proporcionalmente, não há mudança do ângulo θ e por isso ele é denominado de “fixed
angle”. Por outro lado, o ângulo θ' depende das quantidades relativas de armadura nas
direções longitudinal e transversal. Quando quantidades diferentes de armadura são
utilizadas, o ângulo θ' tende a rotacionar com o aumento do carregamento, sendo por isso
denominado de “rotating angle”.
Deve-se observar que os casos anteriores não podem ser confundidos com os casos para
cisalhamento puro, em que normalmente se verifica o escoamento por tração das barras
longitudinais e transversais. Para os elementos de membrana sujeitos à forças normais e de
cisalhamento, observa-se a possibilidade de compressão em uma ou duas direções, situação
essa não existente no caso de cisalhamento puro.
Para o cálculo das resultantes de tração atuantes nas armaduras da direção x, considere-se um
comprimento unitário ao longo da face vertical do elemento de membrana, conforme
ilustrado na Figura 4.9, e despreze-se a resistência do concreto à tração.
Figura 4.9 - Determinação da resultante de tração nas armaduras da direção x (Caso I).
1
tg θ´= → a = 1/tg θ´
a
1
sen θ´= → b = 1/sen θ´
b
Efetuando-se o equilíbrio das forças horizontais atuantes na Figura 4.9, tem-se que
∑F x =0
1
z x .1 = n x .1 + v xy .
tg θ´
v xy
zx = nx + (Equação 4.44).
tg θ´
Da mesma maneira, para o cálculo das resultantes de tração atuantes nas armaduras da
direção y, considere-se um comprimento unitário ao longo da face horizontal do elemento de
membrana, conforme ilustrado na Figura 4.10.
Figura 4.10 - Determinação da resultante de tração nas armaduras da direção x (Caso I).
1
tg θ´= → a = 1/tg θ´
a
1
cos θ´= → b = 1/cos θ´
b
Efetuando-se o equilíbrio das forças verticais atuantes na Figura 4.10, tem-se que
∑F y =0
z y .1 = n y .1 + v xy .tg θ´
z y = n y + v xy .tg θ´ (Equação 4.45).
a
sen θ´= → a = sen θ´
1
b
cos θ´= → b = cos θ´
1
dh
cos θ´= → d h = σ c .h.1.cos θ´
σ c .h.1
∑F x =0
σ c .h.1.cos θ´+ n x .cos θ´= z x .cos θ´+ v xy .sen θ´ .
Dividindo-se a expressão anterior por cos θ' e tomando-se o valor de zx da Equação 4.44, tem-
se:
σ c .h + n x = z x + v xy .tg θ´
v xy
σ c .h + n x = n x + + v xy .tg θ´
tg θ´
v xy .(1 + tg θ´ )
2
v xy 1
σ c .h = + v xy .tg θ´= v xy + tg θ´ =
tg θ´ tg θ´ tg θ´
cos θ´ sen θ´
σ c .h = v xy . +
sen θ´ cos θ´
sen 2 θ´+ cos 2 θ´
σ c .h = v xy .
sen θ´ cos θ´
v xy v xy (1 + tg 2 θ´ )
σ c .h = = = Rc (Equação 4.46).
sen θ´ cos θ´ tg θ´
Observa-se que o ângulo θ' pode, para o Caso I, ser escolhido livremente entre 15o e 75o,
devendo-se notar que θ' igual a 45 leva à obtenção da menor quantidade de armação. Caso
os esforços se enquadrem nos Casos 2, 3 ou 4, as equações de equilíbrio deixam de ter uma
variável livre, uma vez que o ângulo θ' passa a ser determinado, conforme a seguir.
Para esse caso, obrigatoriamente deve-se ter nx < 0 e n x > v xy . Isso é pelo fato de que a
força de cisalhamento pode induzir à necessidade de armaduras nas duas direções ortogonais.
Assim, para que não sejam necessárias armaduras na direção x, a força de cisalhamento
atuante (em módulo) deve ser menor do que a força normal de compressão atuante no eixo x.
Assumindo-se zx = 0 na Equação 4.44, tem-se que
- v xy
tg θ = (Equação 4.47).
nx
z y = n y + v xy .tg θ´
- v xy
z y = n y + v xy .
nx
v 2xy
zy = ny − (Equação 4.48).
nx
v xy (1 + tg 2 θ´ ) v 2xy
σ c .h = = −n x − = Rc (Equação 4.49).
v xy nx
−
n x
Para esse caso, obrigatoriamente deve-se ter ny < 0 e n y > v xy . Novamente, tais condições
são necessárias pelo fato de que a força de cisalhamento pode induzir à necessidade de
armaduras nas duas direções ortogonais. Dessa maneira, para que não sejam necessárias
armaduras na direção y, a força de cisalhamento atuante (em módulo) deve ser menor do que
a força normal de compressão atuante no eixo y. Assumindo-se zy = 0 na Equação 4.45, tem-
se que
- ny
tg θ' = (Equação 4.50).
v xy
v xy
zx = nx +
tgθ´
v xy
zx = nx +
- ny
v
xy
v 2xy
zx = nx − (Equação 4.51).
ny
v xy v xy (1 + tg 2 θ´ )
σ c .h = =
sen θ´ cos θ´ tg θ´
- n 2
v xy 1 +
y
v xy
σ c .h =
- ny
v
xy
n 2
- v xy 1 +
y
v xy
v 2xy
σ c .h = = −n y − = Rc (Equação 4.52).
ny ny
v
xy
Para esse caso, deve-se ter nx < 0, n x > v xy , ny < 0 e n y > v xy , conforme explicações
relacionadas ao cisalhamento nos casos anteriores (se as forças cisalhantes forem maiores em
módulo do que as forças normais, mesmo que estas sejam compressoras e biaxiais, deveriam
existir armaduras resistentes nas duas direções). De maneira a se efetuar o equilíbrio na
situação de compressão biaxial, considere-se a Figura 4.12.
a
sen θ´= → a = sen θ´
1
b
cos θ´= → b = cos θ´
1
dh
cos θ´= → d h = σ c .h.1.cos θ´
σ c .h.1
dv
sen θ´= → d v = σ c .h.1.sen θ´
σ c .h.1
Efetuando-se o equilíbrio das forças horizontais atuantes na Figura 4.12, tem-se que
∑F x =0
σ c .h + n x = z x + v xy .tg θ´ .
Do mesmo modo, efetuando-se o equilíbrio das forças verticais atuantes na Figura 4.12, tem-
se que
∑F y =0
v xy
σ c .h + n y = z y + .
tg θ´
v xy
σ c .h = − n y + (Equação 4.54).
tg θ´
σ c .h + n x
σ c .h = − n x + v xy .tg θ´ → tg θ´=
v xy
v xy
σ c .h = − n y +
σ c .h + n x
v
xy
v 2xy
σ c .h = − n y +
(σ c .h + n x )
σ c .h.(σ c .h + n x ) + n y .(σ c .h + n x ) = v 2xy
(σ c .h )2 + (σ c .h.n x ) + (σ c .h.n y ) + (n x .n y ) − v 2xy = 0
(σ c .h )2 + σ c .h.(n x .n y ) + (n x .n y ) − v 2xy = 0 (Equação 4.55).
Observando-se que a Equação 4.55 encontra-se na forma ax2 + bx + c = 0, tem-se que
a=1
b = (nx + ny)
c = (nx.ny – vxy2).
- b ± b 2 − 4.a.c
σ c .h = .
2.a
(
∆ = b 2 − 4.a.c = (n x .n y ) − 4.1. n x .n y − v 2xy
2
)
∆ = n + n + 2.n x .n y − 4.n x .n y + 4.v
2
x
2
y
2
xy
-b± ∆
σ c .h =
2.a
- (n x + n y ) ± (n − n y ) + 4.v 2xy
2
σ c .h =
x
2.1
- (n x + n y ) (n − n y ) + 4.v 2xy
2
σ c .h = ±
x
2 2
- (n x + n y )
± 0,5 (n x − n y ) + 4.v 2xy
2
σ c .h =
2
- (n x + n y ) (n − ny )
2
2 4
v xy
zx = nx + (Equação 4.44);
tg θ´
v xy v xy (1 + tg 2 θ´ )
σ c .h = = = Rc (Equação 4.46).
sen θ´ cos θ´ tg θ´
v xy v xy (1 + tg 2 θ´ )
σ c .h = = = Rc
sen θ´ cos θ´ tg θ´
v xy
= Rc
sen θ´ cos θ´
Rc .sen θ´ cos θ´
zx = nx +
tg θ´
As equações de equilíbrio também podem ser escritas em termos de tensão, bastando-se para
isso dividir as equações apresentadas anteriormente por h (espessura do elemento de
membrana). Relembrando-se as Equações para o Caso I, tem-se, para a direção x,
v xy
zx = nx + (Equação 4.44).
tg θ´
Relembrando-se que zx é uma força atuante por unidade de comprimento (zx/1) e que seu
valor é resultado da multiplicação entre a tensão atuante na armadura e a quantidade de
armadura disponibilizada (zx = Asx.fsx), tem-se que
zx n v xy
= x +
1.h 1.h 1.h.tg θ´
A sx . f sx n x v xy
= +
1.h 1.h 1.h.tg θ´
A sx . f sx n x v xy
= +
Ac A c A c .tg θ´
τ xy
ρ x f sx = σ x + (Equação 4.59).
tg θ´
τ xy
σc = (Equação 4.61).
sen θ´ cos θ´
Relembrando-se as Equações 4.56 a 4.58 e efetuando-se a divisão das referidas equações por
h, podem-se ainda obter as seguintes equações:
Tabela 4.2 - Resumo das equações para elementos de membrana em concreto armado.
v xy τ xy
zx = nx + z x = n x + Rc . cos 2 θ´ ρ x f sx = σ x +
tg θ´ tg θ´ ρ x f sx = σ x + σ c cos 2 θ'
Caso I z y = n y + v xy .tg θ´ ρ y f sy = σ y + τ xy .tg θ´
z y = n y + Rc .sen 2 θ´ ρ y f sy = σ y + σ c .sen 2 θ´
nx > 0 e ny > 0
v xy v xy = Rc .sen θ´ cos θ´ τ xy τ xy = σ c .sen θ´ cos θ´
σ c .h = = Rc σc =
sen θ´ cos θ´ sen θ´ cos θ´
zx = 0
-v zx = 0 ρ x f sx = 0 ρ x f sx = 0
tg θ' = xy
nx -v -τ -τ
Caso II tg θ' = xy tg θ' = xy tg θ' = xy
v 2xy nx σx σx
nx < 0 e n x > v xy zy = ny −
nx ( R .sen θ´ .cos θ' ) 2
τ 2xy (σ c .sen θ´ cos θ' ) 2
2
zy = ny − c ρ y f sy = σ y + ρ y f sy = σ y +
v nx (-σ x ) (-σ x )
σ c .h = − n x − xy
= Rc
nx
zy = 0
- ny zy = 0 ρ y f sy = 0 ρ y f sy = 0
tg θ' =
v xy - ny -σy -σy
Caso III tg θ' = tg θ' = tg θ' =
v 2
v xy τ xy τ xy
ny < 0 e n y > v xy zx = nx − xy
2
ny ( R .sen θ´ .cos θ' )
zx = nx − c
τ 2xy (σ c .sen θ´ cos θ' ) 2
2 ny ρ x f sx = σ x + ρ x f sx = σ x +
v (-σ y ) (-σ y )
σ c .h = − n y − = Rc
xy
ny
zx = 0 zy = 0 ρ x fsx = 0 ρ y f sy = 0
ρ x fsx = 0 ρ y f sy = 0
- (n x + n y )
zx = 0 zy = 0
- (n x + n y ) - (σ x + σ y )
- (σ x + σ y )
Caso IV σ c .h = ±
σ c .h = ± σc = ±
nx < 0, n x > v xy , 2 2 σc = ±
2
(n − ny )
2
(σ −σy )
2
(n − ny )
2
ny < 0 e n y > v xy (σ −σy )
2
+ v 2xy = Rc
x 2
+ τ xy = Rc
x 2
+ v 2xy = Rc
x
+ τ xy = Rc
x 2
4 4 4
4
z x,d γ .z
A sx = = f x (Equação 4.65);
f yd f yk / γ s
z y,d γ f .z y
A sy = = (Equação 4.66).
f yd f yk / γ s
De acordo com o CEB-FIP Model Code 1990 (1993), a máxima tensão de compressão
atuante no concreto deve ser inferior às tensões apresentadas a seguir:
f ck
σ c ≤ 0,60.1 − .f cd = f cd2 → Para os Casos 1, 2 e 3 (Equação 4.67);
250
f ck
σ c ≤ K.0,85.1 − .f cd = K.f cd2 → Para o Caso 4 (Equação 4.68);
250
1 + 3,65.α
K= (Equação 4.69);
(1 + α) 2
σ
α = 2 (Equação 4.70).
σ1
Deve-se observar que para o Caso 4, pelo estado de compressão biaxial, a resistência à
compressão é aumentada de um fator K, que relaciona as tensões principais σ1 e σ2.
Quando além dos esforços de membrana (nx , ny e vxy) existem os esforços decorrentes da
Teoria das Placas Delgadas, isto é, aqueles esforços associados com a flexão do elemento
(mx, my, mxy), podem-se generalizar as soluções citadas anteriormente.
Para esse caso, a ideia de se equilibrar as forças e momentos aplicados com as forças internas
nas armaduras e no concreto também é adotada pela maioria dos pesquisadores e códigos. No
entanto, ainda existe a falta de um critério consistente e consensual na comunidade científica
para o cálculo das cascas e, por isso, esse tipo de estrutura infelizmente ainda é dimensionada
com muitas incertezas.
Não será aqui apresentada a formulação pertinente ao caso das cascas, por se acreditar que tal
apresentação foge do escopo do presente trabalho. Para maiores informações sobre o
dimensionamento de armaduras em elementos de casca, recomenda-se a leitura dos trabalhos
de Gupta (1986), Lourenço (1992), Lourenço e Figueiras (1993, 1995), CEB-FIP Model
Code 1990 (1993), Regan (1999), Marti (1999) e Della Bella e Cifú (2000).
a
cos θ´= → a = L.cos θ´
L
b
sen θ´= → b = L.sen θ´
L
A sy A sy
ρy = = (Equação 4.72).
Ac L.cos θ'.h
A c = L.h − A s
ρ .L.sen 2 θ'.h.f y + ρ .L.cos2 θ'.h.f y = (1 − ρ ).L.h.f ctm + σ sx .ρ .L.sen 2 θ'.h + σ sy .ρ .L.cos2 θ'.h
ρ .sen 2 θ'.f y + ρ .cos2 θ'.f y = (1 − ρ ).f ctm + σ sx .ρ .sen 2 θ'+σ sy .ρ .cos2 θ'
ρ .f y .(sen 2 θ'+cos2 θ' ) = (1 − ρ ).f ctm + ρ .(σ sx sen 2 θ'+σ sy .cos2 θ' )
ρ .f y = (1 − ρ ).f ctm + ρ .E sε 1 .
f ctm
ρ.f y = (1 − ρ).f ctm + ρ.E s .
Ec
ρ.E s .f ctm
ρ.f y = f ctm − ρ.f ctm +
Ec
f ctm
ρ.f y + ρ.f ctm - ρ.E s . = f ctm
Ec
E .f
ρ. f y + f ctm - s ctm = f ctm
Ec
E .f + E c .f ctm - E s .f ctm
ρ. c y = f ctm
Ec
E c .f ctm
ρ=
E c .f y + E c .f ctm - E s .f ctm
E c .f ctm
ρ= (Equação 4.76).
E c .(f y + f ctm ) - E s .f ctm
A Equação 4.76 fornece a armadura total necessária em cada uma das direções, de maneira
que a Tabela 4.3 apresenta as taxas mínimas para diferentes resistências de concreto. Para a
construção da Tabela 4.3, considerou-se f ctm = 0,3.f ck2/3 , E c = 5600.f ck1/2 , Es = 210 GPa e fy =
500 MPa.
Tabela 4.3 - Taxa de armadura mínima para elementos de membrana em cada direção.
Concreto (MPa) 20 25 30 35 40 45 50
Levando-se em consideração que a NBR6118 (2003) recomenda uma taxa de 0,10% para
armadura de pele (item 17.3.5.2.3) em cada face, observa-se que a norma brasileira vem
recomendando baixos valores de armadura mínima para estruturas do tipo parede,
submetidas a esforços de membrana.
As tensões longitudinais e transversais nas armaduras são dadas por ρxfsx e ρyfsy,
respectivamente. Observa-se que não há Círculo de Mohr para as tensões nas armaduras,
uma vez que as barras são assumidas como não suportadoras da força cortante. O estado de
tensão nas diagonais comprimidas é determinado a partir das equações (σx,c = σx - ρxfsx) e
(σy,c = σy - ρyfsy), sendo que a tensão principal σ2,c está localizada para um ângulo igual a 2θ',
contado no sentido anti-horário a partir do ponto B.
Uma vez que a tensão σ1,c é normalmente tomada como nula, a tensão de compressão nas
escoras de concreto σ2,c pode ser calculada a partir das tensões σx e σy e a partir das tensões
ρxfsx e ρyfsy, conforme ilustra a Equação 4.71, desenvolvida a seguir:
σ 2,c + σ1,c = σ xc + σ yc
σ 2,c + σ1,c = (σ x - ρ x f sx ) + (σ y - ρ y f sy )
σ 2,c + σ 1,c = σ x + σ y - (ρ x f sx + ρ y f sy )
σ 2,c + 0 = σ x + σ y - (ρ x f sx + ρ y f sy )
4.9.1 Exemplo 1
Uma vez que as forças nas direções x e y são de tração, observa-se que o problema encontra-
se no Caso I, de maneira que o ângulo θ' pode ser livremente escolhido. De maneira a ser
obtido o menor consumo de armaduras, θ' = 45o será adotado, de modo que
v xy,d 539,28
z x,d = n x,d + = 386,40 + = 925,68 kN/m ;
tg θ' tg 45o
z x,d 925,68
A sx = = = 21,28 cm 2 /m ;
f y,d 50/1,15
z y,d = n y,d + v xy,d .tg θ' = 2457,84 + 539,28.tg 45o = 2997,12 kN/m ;
z y,d 2997,12
A sy = = = 68,93 cm 2 /m .
f y,d 50/1,15
ρmin = 0,60 para Concreto C30 (ver Tabela 4.3), logo, As,min = ρ.Ac = (0,60/100).12.100 = 7,2
cm2/m. Assim, como as armaduras calculadas são superiores à mínima, prevalecem as
armaduras calculadas como solução de armação.
f 30 30
f cd2 = 0,60.1 − ck .f cd = 0,601 − . = 11,31 MPa .
250 250 1,4
Como σcd < fcd2, observa-se que não há possibilidade de ruptura do concreto por compressão
excessiva. Para a representação dos resultados no Círculo de Mohr, considerem-se as tensões
com os seus valores de cálculo, conforme a seguir:
σ − σ y,d
2
3,12 − 20,48
2
2 2
2.τ xy ,d 2.4,49
tan 2θ p = = = −0,517
σ x , d − σ y ,d 3,12 − 20,48
σ x , d + σ y ,d σ x , d − σ y ,d
σ1 = + cos 2θ p1 + τ xy ,d .sen 2θ p1
2 2
3,12 + 20,48 3,12 − 20,48
σ1 = + cos 152,66o + τ xy .sen 152,66 o = 21,57 MPa
2 2
σ x ,d + σ y ,d σ x ,d − σ y , d
σ2 = + cos 2θ p 2 + τ xy ,d .sen 2θ p 2
2 2
3,12 + 20,48 3,12 − 20,48
σ2 = + cos 332,66o + τ xy .sen 332,66o = 2,03 MPa
2 2
ρ y f sy = σ y,d + σ cd .sen 2 θ´
e
σ y,c = σ y,d − ρ y f sy
Por outro lado, as tensões de cisalhamento de cálculo atuantes no concreto são dadas por
τ xy,d = σ cd .sen θ´ cos θ´
Figura 4.16 - Círculo de Mohr para tensões atuantes no concreto armado e tensões atuantes no
concreto e nas armaduras.
4.9.2 Exemplo 2
A princípio, pode-se erroneamente supor que o elemento de membrana esteja no Caso IV,
uma vez que as forças atuantes nas direções x e y são negativas, isto é, trata-se de forças de
compressão. Porém, observando-se que o módulo da força cisalhante é maior do que o
módulo da força axial de compressão na direção x e menor do que o módulo da força axial de
compressão na direção y, observa-se que o elemento na realidade encontra-se no Caso III, de
maneira que o ângulo θ' é determinado e somente a direção x exigirá armação. Relembrando-
se as equações para o Caso III, tem-se
- n y,d 2098,32
tg θ' = = = 2,08 → θ' = 64,34o
v xy,d 1008
v 2xy,d 1008 2
z x,d = n x,d − = −265,44 − = 218,78 kN/m
n y,d ( −2098,32)
z x,d 218,78
A sx = = = 5,03 cm 2 /m
f y,d 50/1,15
z y,d 0
A sy = = = 0 cm 2 /m
f y,d 50/1,15
ρmin = 0,60 para Concreto C30 (ver Tabela 4.3), logo, As,min = ρ.Ac = (0,60/100).12.100 = 7,2
cm2/m. Assim, como as armaduras calculadas são inferiores à mínima, prevalecem as
armaduras mínimas como solução de armação para o problema.
v 2xy,d
σ cd
= − n y,d − /h = - (-20,98) - 10,08 /12 = 1,78 kN/cm 2 = 17,8 MPa ;
n y,d (-20,98)
f 30 30
f cd2 = 0,60.1 − ck .f cd = 0,601 − . = 11,31 MPa .
250 250 1,4
Como σcd > fcd2, observa-se que há possibilidade de ruptura do concreto por compressão
excessiva. Nesse caso, deve-se aumentar a espessura da parede ou a resistência à compressão
do concreto utilizado, de maneira que as armaduras escoem antes de o concreto chegar à
ruptura (critério de ruptura dúctil).
4.9.3 Exemplo 3
f 35 35
f cd2 = 0,60.1 − ck .f cd = 0,601 − . = 12,90 MPa (CEB-FIP Model Code).
250 250 1,4
No caso de armaduras iguais nas direções x e y, observa-se que zxd deve ser igual a zyd. Dessa
maneira, tem-se que
v xy,d
n x,d + = n y,d + v xy,d .tg θ ' .
tgθ '
1 n y,d − n x,d
− tg θ' = .
tg θ' v xy,d
1 − 357,84 − 357,84
− tg θ' = = −1,15 .
tg θ' 621,6
Resolvendo-se a equação anterior, tem-se que θ ' = 60o ("rotating angle"), de maneira que as
armaduras serão dadas por
v xy,d 621,6
z xd = n x,d + = 357,84 + = 716,72 kN/m = z yd
tg θ' tg 60 o
z xd 716,72
Asx = Asy = = = 16,48 cm 2 / m
f yd 50 / 1,15
ρmin = 0,66 para Concreto C35 (ver Tabela 4.3), logo, As,min = ρ.Ac = (0,66/100).12.100 =
7,92 cm2/m. Assim, como as armaduras calculadas são inferiores à mínima, prevalecem as
armaduras calculadas como solução de armação.
v xy,d 6,21
σ cd = = o o
= 1,19 kN/cm 2 = 11,95 MPa ≤ f cd2 = 12,90 MPa .
h.sen θ'.cos θ' 12.sen 60 .cos 60
σ x,d − σ y,d
2
2,98 − (-2,98)
2
R = + τ xy =
2
+ 5,18 = 5,97 MPa
2
2 2
2.τ xy ,d 2.5,18
tan 2θ p = = = 1,73
σ x ,d − σ y ,d 2,98 − ( −2,98)
σ x , d + σ y ,d σ x , d − σ y ,d
σ1 = + cos 2θ p1 + τ xy ,d .sen 2θ p1
2 2
2,98 − 2,98 2,98 − ( −2,98)
σ1 = + cos 59,97 o + 5,18.sen 59,97 o = 5,97 MPa
2 2
σ x ,d + σ y ,d σ x ,d − σ y , d
σ2 = + cos 2θ p 2 + τ xy ,d .sen 2θ p 2
2 2
2,98 − 2,98 2,98 − ( 2,98)
σ2 = + cos 239,97 o + 5,18.sen 239,97 o = −5,97 MPa
2 2
ρ y f sy = σ y,d + σ cd .sen 2 θ´
e
σ y,c = σ y,d − ρ y f sy
Por outro lado, as tensões de cisalhamento de cálculo atuantes no concreto são dadas por
τ xy,d = σ cd .sen θ´ cos θ´
Figura 4.19 - Círculo de Mohr para tensões atuantes no concreto armado e tensões atuantes no
concreto e nas armaduras.
No caso de armaduras diferenciadas nas duas direções e levando-se em conta que se está no
Caso I de carregamento, pode-se adotar livremente o ângulo θ ' . Levando-se em
consideração que θ ' = 45o ("rotating angle") levará ao menor consumo de armaduras, tem-se
v xy,d 621,6
z xd = n x,d + = 357,84 + = 979,44 kN/m
tg θ' tg 45o
z xd 979,44
Asx = = = 22,52 cm 2 / m
f yd 50 / 1,15
z yd 263,76
A sy = = = 6,06 cm 2 /m
f yd 50/1,15
ρmin = 0,66 para Concreto C35, logo, As,min = ρ.Ac = (0,66/100).12.100 = 7,92 cm2/m. Assim,
como a armadura calculada na direção y é inferior à mínima, deve-se adotar como solução
para o problema Asx = 22,52 cm2/m e Asy = 7,92 cm2/m.
v xy,d 6,21
σ cd = = o o
= 1,03 kN/cm 2 = 10,35 MPa ≤ f cd2 = 12,90 MPa .
h.sen θ'.cos θ' 12.sen 45 .cos 45
As coordenadas dos pontos A e B são dadas por (2,98; - 5,18) e (-2,98 ; 5,18). O centro C, o
raio R e outros dados fundamentais para traçado dos Círculo de Mohr são dados por
σ x,d − σ y,d
2
2,98 − (-2,98)
2
R = + τ xy =
2
+ 5,18 = 5,97 MPa
2
2 2
2.τ xy ,d 2.5,18
tan 2θ p = = = 1,73
σ x ,d − σ y ,d 2,98 − ( −2,98)
σ x , d + σ y ,d σ x , d − σ y ,d
σ1 = + cos 2θ p1 + τ xy ,d .sen 2θ p1
2 2
2,98 − 2,98 2,98 − ( −2,98)
σ1 = + cos 59,97 o + 5,18.sen 59,97 o = 5,97 MPa
2 2
σ x ,d + σ y ,d σ x ,d − σ y , d
σ2 = + cos 2θ p 2 + τ xy ,d .sen 2θ p 2
2 2
2,98 − 2,98 2,98 − ( 2,98)
σ2 = + cos 239,97 o + 5,18.sen 239,97 o = −5,97 MPa
2 2
ρ y f sy = σ y,d + σ cd .sen 2 θ´
e
σ y,c = σ y,d − ρ y f sy
Por outro lado, as tensões de cisalhamento de cálculo atuantes no concreto são dadas por
τ xy,d = σ cd .sen θ´ cos θ´
Figura 4.20 - Círculo de Mohr para tensões atuantes no concreto armado e tensões atuantes no
concreto e nas armaduras.
De acordo com Rao (1999), as ideias básicas do Método dos Elementos Finitos, como são
conhecidas atualmente, foram apresentadas nos trabalhos clássicos de Turner et al. (1956) e
de Argyris e Kelsey (1955), sendo que o nome do método seria citado pela primeira vez no
trabalho de Clough (1960).
No trabalho de Turner et al. (1956), considerado um dos trabalhos mais relevantes para o
desenvolvimento do Método dos Elementos Finitos, são apresentadas aplicações de
elementos finitos simples, tais como elementos de barra e de elementos triangulares,
utilizados para a análise da estrutura de aviões.
O uso do método, contudo, só se tornaria viável após o surgimento dos computadores, que
puderam fornecer respostas rápidas para o grande número de cálculos envolvidos. Assim,
com o desenvolvimento da velocidade de processamento dos computadores, o método
também pôde se desenvolver de maneira impressionante, sendo aplicado atualmente às mais
diversas áreas do conhecimento.
De acordo com Rao (1999), a ideia básica do Método dos Elementos Finitos é encontrar a
solução de um problema complicado por meio da substituição do problema inicial por vários
outros problemas de simples resolução. É evidente que a solução obtida não é exata, mas, na
falta de um recurso mais poderoso para a análise do problema, o método passa a ser um
procedimento bastante eficaz.
Uma vez que os valores dos campos desejados (deslocamentos e tensões) não são conhecidos
no interior do meio contínuo, assume-se que a variação desses campos dentro dos elementos
finitos possa ser aproximada por funções de interpolação, capazes de estimar os campos
desejados no interior dos elementos a partir dos valores nodais obtidos.
De acordo com Rao (1999), a solução geral de um problema estático da área de engenharia
de estruturas, utilizando-se o Método dos Elementos Finitos, pode ser obtida por meio dos
seguintes passos:
O primeiro passo no MEF é dividir a estrutura em vários elementos, sendo que nessa etapa
deve-se decidir sobre o número, o tipo, o tamanho e o arranjo de cada um dos elementos. Os
elementos disponíveis para a discretização do meio contínuo podem ser unidimensionais,
bidimensionais ou tridimensionais. Os elementos normalmente utilizados para concreto são
do tipo isoparamétricos, do tipo Q8 (análise bidimensionais) e BRICK20 (análises
tridimensionais), conforme ilustra a Figura 5.1
O tamanho dos elementos tem influência significativa na convergência da solução e, por isso,
deve ser escolhido com bastante cuidado. De maneira geral, recomenda-se para elementos
bidimensionais e tridimensionais uma razão unitária entre a maior e a menor dimensão do
elemento.
Deve-se observar que, se o tamanho dos elementos é pequeno, a solução esperada tende a ser
mais precisa. No entanto, deve-se atentar para o fato de que o uso desse tipo de elemento
pode gerar trabalhos computacionais significativos, pelo grande número de elementos
necessários para se descrever o contorno. Regiões com aberturas ou contorno curvos
inevitavelmente demandam a utilização de elementos pequenos, objetivando-se aumentar o
nível de precisão em zonas de descontinuidades.
O número de elementos a ser escolhido geralmente está relacionado com a precisão desejada.
Um acréscimo no número de elementos normalmente conduz a uma melhoria na solução do
problema, no entanto, existe certo limite para o qual a resposta não pode ser mais melhorada.
A solução dos deslocamentos de uma estrutura complexa sob a ação de forças que atuam em
seu contorno pode ser obtida com precisão, desde que a discretização seja adequada e desde
que as funções de interpolação assumidas sejam apropriadas para aproximar razoavelmente a
solução.
A solução assumida para os elementos deve ser simples do ponto de vista computacional e
deve satisfazer a certos requisitos de convergência. Em geral, as funções de interpolação são
tomadas na forma de equações polinomiais.
Passo 3 – Obtenção das matrizes de rigidez dos elementos e dos vetores de carga:
Uma vez que a estrutura é composta de vários elementos finitos, as matrizes individuais de
rigidez de cada elemento são reunidas em uma única matriz, que descreverá o
comportamento global da estrutura. Assim, a equação de equilíbrio da estrutura pode ser
descrita de acordo com a Equação (5.1):
K.φ = P (5.1)
Em que:
Os métodos diretos são aqueles que utilizam um número finito de operações aritméticas para
se encontrar a solução do problema. Por erros de truncamento, o método às vezes não
fornece bons resultados. Os métodos diretos mais utilizados são o “Método de Eliminação
Gaussiana” e o “Método de Cholesky”.
Os métodos iterativos são aqueles que começam com uma aproximação inicial e após
sucessivas iterações convergem para soluções cada vez mais refinadas. São representantes
dessa classe o “Método de Gauss-Seidel” e o “Método de Newton”.
De acordo com Kotsovos e Pavlovic (1995), em análises não-lineares o sistema não pode ser
resolvido diretamente e, assim, torna-se necessário o emprego de técnicas iterativas, baseadas
em soluções sucessivas de sistemas lineares, até que a convergência seja alcançada. É
importante observar que, na resolução desses sistemas lineares, tanto métodos diretos quanto
métodos iterativos podem ser utilizados.
Os tipos mais frequentes de solução para sistemas de equações não-lineares são obtidos por
meio da utilização do “Método Secante” (“Método Direto” ou “Rigidez Variável”) e do
“Método Tangente” (“Método de Newton-Raphson").
Para a aproximação que utiliza o MEF, com o auxílio de computadores, um grande número
de programas está disponível no mercado. Tais programas são capazes de gerar malhas
automaticamente e também fornecer resultados gráficos significativos, comportando-se como
um verdadeiro laboratório virtual.
O CEB-FIP Model Code 1990 (1993), nos seus itens 5.5, 5.6 e 5.7, recomenda o uso do
MEF, assim como de outros métodos numéricos, tais como o “Método dos Elementos de
Contorno” e “Método das Diferenças Finitas”. O MEF pode ser aplicado para a análise de
elementos como lajes, vigas-parede, paredes estruturais, cascas e placas, sendo que as
análises são válidas tanto para o estado limite de utilização quanto para o estado limite
último.
A norma canadense CSA (1994), em seu item 9.5, indica a utilização do MEF, ou de outra
técnica numérica, como um método alternativo para a análise de estruturas. A utilização do
método visa principalmente obter as diferenças entre o comportamento real da estrutura e o
comportamento utilizado na análise para dimensionamento.
A norma canadense cita que os efeitos de fissuração devem ser levados em conta na análise
e que os padrões de malha e as condições de contorno devem ser consistentes com a
geometria, com o carregamento e com as restrições de apoio da estrutura. Cuidados também
devem ser tomados de maneira a assegurar o comportamento realista do tamanho e da rigidez
dos elementos.
“Na maioria dos casos, análises serão utilizadas para estabelecer a distribuição de forças
internas e momentos, no entanto, para certos elementos complexos o método de análise
utilizado (isto é, uma análise por elementos finitos) fornecerá tensões, deformações e
deslocamentos, que são melhores do que forças internas e momentos. Métodos especiais são
necessários para a utilização destes resultados, visando obter as áreas de armaduras
apropriadas”.
A NBR 6118 (2003) recomenda a utilização do MEF para a análise de elementos especiais,
principalmente para elementos do tipo parede com furos na alma, porém não fornece
diretrizes para a utilização de tal método. Para elementos como consolos, dentes Gerber e
vigas-parede, a norma brasileira recomenda a utilização de “modelos planos elásticos ou não-
lineares”, ou seja, uma recomendação implícita do MEF.
Para elementos como sapatas e blocos de fundação sobre estacas, a NBR 6118 (2003)
recomenda a utilização de “modelos tridimensionais elásticos ou não”. De maneira geral,
apesar de indicar o MEF, a norma brasileira não fornece subsídios para o desenvolvimento
de projetos que utilizam tal metodologia.
Análises elásticas lineares são caracterizadas pela adoção de relações constitutivas lineares,
ou seja, adoção de um comportamento elástico para os materiais. No caso do concreto
estrutural, o emprego de uma análise elástica linear produzirá bons resultados desde que o
carregamento máximo aplicado não seja capaz de provocar a fissuração. Nesse caso, podem-
se obter boas estimativas para as tensões e deslocamentos da peça em análise.
Conforme visto, em análises não-lineares o sistema não pode ser resolvido diretamente e, por
isso, existe a necessidade do emprego de técnicas iterativas, baseadas em soluções sucessivas
de sistemas lineares. Trata-se, portanto, de uma análise muito mais complexa e que exige alto
custo computacional.
treinamento e do aguçamento do senso crítico é possível obter bons resultados, utilizando tal
metodologia, bem como poder de síntese para poder interpretar de maneira rápida a
infinidade de resultados disponibilizados.
A afirmação anterior decorre do fato de o método conter alguns perigos implícitos, tais como
considerações insuficientes por parte do engenheiro na construção do seu modelo de
elementos finitos e até mesmo em possíveis deficiências existentes nos programas
disponíveis no mercado. É preciso, antes de tudo, certificar-se da qualidade do programa a
ser utilizado em uma análise de grande responsabilidade.
Além disso, existem questões sutis que influenciam decisivamente nos resultados finais, tais
como: escolha adequada do melhor elemento finito, domínio sobre as relações constitutivas
dos materiais, discretização da malha, número de elementos, entre tantas outras questões que
surgem no meio do processo e que só podem ser respondidas por um usuário experiente.
Por exemplo, no caso de uma viga esbelta fletida, a distribuição de tensões elásticas é linear
ao longo de sua altura e o braço de alavanca entre a resultante das tensões de tração e a
resultante das tensões de compressão é aproximadamente igual a dois terços da sua altura.
Um pós-processador padrão baseará a disposição das armaduras nessa posição.
Na realidade, um calculista posicionaria toda a armadura tracionada tão longe quanto fosse
possível, empregando um grande braço de alavanca interno. Isso resulta em uma redução de
aproximadamente 25% da armadura e, partindo desse princípio, os pós-processadores nem
sempre darão os melhores resultados.
Figueiras (1999), por exemplo, apresenta algumas aplicações práticas que utilizam os
recursos de análise não-linear, disponíveis no MEF. De acordo com o pesquisador, esse tipo
de análise é bastante justificável em casos em que não exista ainda experiência suficiente
adquirida ou quando a importância da obra justificar.
Ainda de acordo com Figueiras (1999), o estudo das causas de deterioração e a verificação de
segurança de estruturas reforçadas são outros dos campos de aplicação prática do Método
dos Elementos Finitos e da análise não-linear. Foster (1998) recomenda que os resultados
numéricos sejam analisados com extremo cuidado e sugere também que quase sempre tais
resultados devem ser vistos com ceticismo, principalmente quando se detalham estruturas
com comportamento complexo, tais como as estruturas especiais de concreto.
Como é sabido, o comportamento das estruturas de concreto é caracterizado por uma redução
na capacidade de resistência com acréscimo de deformações depois de atingido certo limite
de carga. Esse comportamento global é causado por um comportamento do material,
denominado “strain softening”, que ocorre tanto para esforços de tração quanto para esforços
de compressão.
A energia de fraturamento, denotada por Gf, representa a quantidade de energia liberada por
unidade de área fissurada, ou melhor, a energia que é necessária para uma fissura se
propagar. O valor de Gf pode ser obtido de um teste de tração com deformação controlada,
calculando-se a área do diagrama tensão versus abertura de fissura.
f cm = f ck + 8 [N/mm²] (5.4).
dmax(mm) GF0(Nmm/mm²)
8 0,025
16 0,030
32 0,058
h = αh . Ae (5.5)
O fator αh é um fator de modificação que é igual a 1,0 para elementos quadráticos e igual a
1,41 para elementos lineares. O comprimento equivalente, quando calculado pela Equação
(5.5), é adequado quando a malha não é muito distorcida e quando a maioria das fissuras
estão alinhadas com as linhas da malha. Trata-se de uma equação que fornece boas
aproximações para a maioria das situações práticas.
Com base nos parâmetros anteriores, pode-se definir um parâmetro gf que representa o
trabalho inelástico, conforme a Equação (5.6). Esse parâmetro representa a quantidade de
energia que deve ser dissipada em um elemento da malha de elementos finitos para que
ocorra um dano irreversível do material. Essa ideia é utilizada tanto em tração como em
compressão, podendo capturar o “softening” do material.
Gf (5.6).
gf =
h
Na formulação dos “Modelos Total Strain” recorre-se unicamente a uma relação constitutiva,
dependente das deformações em dado instante, o que fornece facilidades de implementação
numérica. Dessa maneira, o grande atrativo dessa formulação é a sua simplicidade
conceitual, sendo essa vertente representada pelo “Rotating Crack Model” e pelo “Fixed
Crack Model”.
O “Rotating Crack Model” permite que a fissura mude de direção enquanto se propaga,
enquanto o “Fixed Crack Model” armazena o ângulo de abertura da primeira fissura e faz
com que a propagação mantenha esse ângulo, mudando de direção somente quando for
registrada uma variação de 90o em relação ao ângulo gravado no início do processo.
De acordo Feenstra e De Borst (1993), Rots et al. (1985) e Rots e Blaauwendraad (1989), o
“Rotating Crack Model” tende a apresentar cargas de ruína inferiores àquelas obtidas com o
“Fixed Crack Model”.
No Modelo de Fissuração Fixa (“Fixed Crack Model”), a direção da fissura é dada pela
direção da tensão principal no momento da iniciação da fissura, sendo que para
carregamentos posteriores essa direção é fixa e representa o eixo de ortotropia do material.
De acordo com Cervenka et al. (2005), as direções principais de tensão e de deformação são
coincidentes apenas para o caso de concreto não-fissurado, pela hipótese de isotropia. Após a
A entrada de dados para os “Modelos Total Strain” compreende duas partes: (a) entrada de
propriedades básicas tais como o módulo de elasticidade, coeficiente de Poisson, resistência
à tração e compressão e (b) definição do comportamento do material à tração, compressão e
cisalhamento.
w = ε cr .γ .L t (5.8).
Deve-se notar que εcr é a deformação pela abertura de fissura (“crack opening strain”), isto é,
a deformação normal à direção da fissura após a liberação do estado de tensão necessário
para se abrir totalmente a fissura. Após a ocorrência desse estado de tensão (“complete stress
release”), a fissura continua se abrindo, porém sem a ocorrência de tensão.
De acordo com Rots et al. (1985), em problemas de fraturamento por cisalhamento que
utilizam programas de elementos finitos, o estabelecimento de uma carga limite genuína é
complicado e problemas de convergência são muito frequentes tendo-se em vista a
complexidade do problema. Para um exemplo simples, que envolvia ruptura por fissuras
diagonais, provocadas por cisalhamento, os pesquisadores demonstraram que em um
primeiro momento a análise numérica parecia ser incapaz de reproduzir totalmente o
complexo mecanismo de fratura do elemento.
Adicionalmente, Rots et al. (1985) comentam que, para problemas em que as fissuras
provocadas por cisalhamento são críticas, o fator de retenção ao cisalhamento (β) deve ser
cuidadosamente escolhido, uma vez que parece influenciar decisivamente o problema. Em
pesquisas em que varia esse parâmetro os pesquisadores concluíram que altos valores
(β=0,99, simulando superfícies de fissuras totalmente intertravadas) levam a fissuras de
cisalhamento mais distintas e localizadas em faixas mais estreitas.
Para baixos valores (β = 0,001, que simulam superfícies de fissuras praticamente sem
fricção), os pesquisadores concluíram que não é possível chegar totalmente a uma fissuração
diagonal, e, além de tudo, obtém-se uma resposta carga-deslocamento muito pobre,
caracterizada por diversas irregularidades.
Esse desalinhamento acaba complicando o cálculo das tensões na ponta da fissura e pode
levar a um travamento total das tensões (“stress-lock”), produzindo uma solução inadequada
para o problema investigado.
De acordo com Feenstra e De Borst (1993), a modelagem das armaduras que utiliza o
Método dos Elementos Finitos tem sido feita de três maneiras distintas: representação
distribuída, representação incorporada (“embedded”) e representação discreta.
Para o aço normalmente se adota o modelo de ruptura de von Mises, com a equação
constitutiva do material, seguindo um modelo elasto-plástico perfeito ou elasto-plástico com
endurecimento. As curvas são normalmente obtidas de ensaios uniaxiais e são iguais tanto na
tração quanto na compressão.
Nos programas comerciais normalmente estão disponíveis as seguintes leis constitutivas para
a modelagem das armaduras: Modelo Linear (“Linear Law”), Modelo Elasto-Plástico
Perfeito (“Bilinear Law”), Modelo Multilinear (“Multilinear Law”) e Modelo cíclico (“Ciclic
Reinforcement Model”). Adicionalmente é possível modelar a aderência das armaduras com
o concreto através do modelo especificado pelo CEB-FIP Model Code 1990 (1993). A Figura
5.8 apresenta algumas leis constitutivas, normalmente adotadas para o aço no programa
DIANA. Observar que um diagrama constitutivo simétrico na tração e na compressão pode
ser empregado para a modelagem das armaduras, sendo que no caso da compressão a
flambagem deve ser avaliada com cuidado.
Figura 5.8 – (a) Modelo elasto-plástico perfeito e (b) Modelo multilinear empregados para
modelagem das armaduras.
a) b)
O concreto armado submetido à tração pode ser tratado por meio de uma superposição do
modelo para concreto simples com “tension softening”, com o modelo elasto-plástico para o
aço dotado de uma rigidez adicional pelo efeito de “tension stiffening”.
Deve-se observar que o efeito “tension stiffening” só tem validade se a armadura incorporada
à estrutura for superior à armadura mínima necessária. Se a armadura for inferior à armadura
mínima, quando surgir a primeira fissura, a estrutura chegará ao colapso de maneira frágil,
sem apresentar “tension stiffening”.
h
G fRC = min G f , G f . (5.9)
ls
A distância média entre fissuras pode ser estimada de acordo com o CEB-FIP Model Code
1990 (1993) por meio da Equação (5.10).
φ
ls = 2/3 50 + s (5.10)
α .ρ s
Em que φs é o diâmetro da armadura, α = 4,0 para barras corrugadas e igual a 2,0 para barras
lisas e ρs = As /Ac. Para elementos de placa, chapa e casca, Feenstra e De Borst (1993)
apresentam as recomendações para a definição do espaçamento médio entre fissuras.
Por outro lado, pode-se dizer de maneira simplificada que o comportamento de "snap-back" é
um comportamento "snap-through" exagerado, no qual a curva tem uma tendência de voltar
para trás, apresentando dois pontos de mudança da rigidez (pontos T na Figura 5.10), isto é,
ora a rigidez se torna positiva (primeiro ponto T após a primeira carga limite L) e
posteriormente volta a apresentar rigidez negativa (segundo ponto T até atingir a segunda
carga limite L). O equilíbrio entre os dois pontos de transição (pontos T na Figura 5.10) pode
ser estável e fisicamente possível.
De acordo com Gomes (2001), o critério em termos energéticos é o mais atrativo entre as três
opções, pois leva em conta simultaneamente o efeito das forças e dos deslocamentos.
Geralmente, em problemas estruturais, uma tolerância (ou erro relativo) igual a 10-4, em
termos energéticos, conduz a soluções confiáveis.
A análise elástica para a determinação dos esforços internos e de leis constitutivas não-
lineares para o aço e para o concreto, visando ao dimensionamento das seções transversais,
tem sido empregada com frequência pela maioria das normas direcionadas às estruturas em
concreto. Além disso, coeficientes de segurança parciais são aplicados de maneira a majorar
as ações solicitantes e minorar a resistência dos materiais. A segurança é considerada
adequada se a capacidade resistente da seção transversal for superior ao esforço solicitante.
Ainda de acordo com Lourenço (1992), o formato de segurança atual e os respectivos fatores
de segurança resultam de décadas de experiência, observação e dimensionamento de acordo
com o cálculo elástico e, por isso, não faz sentido transpor a filosofia existente para a análise
não-linear.
• as cargas são definidas pelos valores característicos Fk, sendo incrementadas até que
se atinja o estado de colapso da estrutura Fu. Dessa maneira, pode-se determinar um
valor para o fator de carga último dado por λu = Fu/Fk.
Figura 5.11 – Viga-parede comumente classificada como viga comum pelos códigos.
1600 kN 1600 kN
200
O programa de elementos finitos DIANA foi escolhido para a condução da análise elástica
linear da viga-parede. Esse programa possibilita a obtenção automática dos esforços de
membrana, não sendo necessário multiplicar as tensões pela largura da estrutura para obtê-
los.
A Figura 5.12 e a Figura 5.13 apresentam as tensões σxx e σyy , bem como seções de interesse
introduzidas para a quantificação das armaduras resistentes. A seção vertical AA tem por
objetivo determinar a armadura horizontal, enquanto a seção vertical BB tem por objetivo
determinar a armadura vertical da viga-parede.
Acima do tirante principal deve ser posicionada uma armadura mínima para o controle de
fissuração, por face da viga-parede, igual a
A armadura vertical também é calculada, tomando-se por base a Figura 5.14, utilizando-se a
seção vertical AA em conjunto com a seção vertical BB. Dessa maneira, obtém-se uma
resultante aproximada de 6,12 cm², dada pela área de um triângulo de base igual a 3,0 m e
altura igual 4,08 cm²/m. Essa armadura conduz a uma taxa de estribos de 2,04 cm²/m,
inferior à taxa mínima recomendada:
674
41
8 Ø 12,5 mm c/14 cm C=1455 cm
87 cm
188
44
Armaduras Verticais 34 Ø 10,0 mm c/20 cm C = 489 cm
Uma questão pouco discutida na literatura específica sobre a simulação computacional dos
referidos painéis concentra-se nas condições de contorno a serem adotadas nas simulações
numéricas. Tanto nos ensaios clássicos, realizados na Universidade de Toronto, quanto nos
ensaios realizados na Universidade de Houston, os painéis são colocados com um ângulo de
45o em relação ao dispositivo de ensaio. Tal dispositivo, denominado "Membrane Tester",
foi especialmente desenvolvido por Vecchio e Collins (1979) e pode combinar a aplicação de
forças normais de compressão e de tração nas faces dos painéis. Dessa maneira, tendo-se em
vista o posicionamento inclinado do elemento no interior do dispositivo, podem-se gerar
indiretamente forças cortantes nas faces dos painéis.
Na realidade, deve ser entendido que os ensaios de painéis procuram simular apenas uma
região de uma peça de concreto armado, como, por exemplo, a alma de vigas submetidas a
forças normais e cortantes. Dessa maneira, fazendo-se um paralelo com a análise numérica,
um painel de concreto, sujeito a esforços de membrana e ensaiado experimentalmente,
representa na realidade um único elemento, isto é, a malha de elementos finitos, para simular
esse painel, deverá ser constituída por um único elemento finito.
As condições de apoio e de aplicação dos carregamentos deve ser feita de maneira que seja
gerado um estado de tensão uniforme no interior do elemento finito, tal como ocorre no
ensaio experimental. A Figura 5.16 (a) ilustra a maneira como o ensaio experimental é
realizado, enquanto a Figura 5.16 (b) ilustra como a simulação computacional pode ser
conduzida.
Figura 5.16 - (a) Ensaio experimental de elementos de membrana e (b) malha de elementos finitos no
ensaio computacional de elementos de membrana.
(a) (b)
Figura 5.17 - (a) Elemento finito com forças aplicadas nos nós e (b) correspondência com o ensaio
experimental de placas sujeitas a esforços de membrana.
a) b)
A Tabela 5.3 apresenta os principais resultados obtidos para o ensaio experimental de Xie
(2009), observando-se que as propriedades dos materiais serão descritas detalhadamente na
Tabela 6.5, do item 6.3 do presente trabalho.
Tabela 5.3 - Resumo dos resultados experimentais obtidos por Xie (2009).
PL4 PL1 PL2 PL5 PL3 PL6
fx/v -2,8 -2,0 -1,0 0 1,0 3,0
vcr (MPa) 3,41 3,84 2,36 1,747 1,186 0,754
fxcr(MPa) -9,48 -7,69 -2,38 0 1,18 2,35
vu (MPa) 4,81 4,31 3,21 3,21 3,04 2,47
fxu(MPa) -13,24 -8,66 -3,22 0 3,05 7,36
Conforme pode-se observar pela Tabela 5.3, o painel PL4 apresentou uma relação entre as
forças axiais na direção horizontal e a força cortante numa taxa igual a -2,8. De acordo com
Xie (2009), essa era a máxima taxa que poderia ser aplicada pelo equipamento de ensaio,
tendo-se em vista a qualidade do concreto e a quantidade de armaduras utilizadas. A primeira
fissura foi registrada para uma carga de 3,41 MPa, conforme ilustra a Figura 5.18 (a), e foi
quase paralela à direção de aplicação da força axial de compressão, com uma abertura em
torno de 0,5 mm. Quase ao mesmo tempo surgiu outra fissura paralela à primeira fissura,
porém com uma abertura mais reduzida, em torno de 0,05 mm.
Figura 5.18 - (a) Fissuração inicial e (b) ruptura do painel PL4 ensaiado por XIE (2009).
(a) (b)
No painel PL1 a relação entre as forças axiais e as forças cortantes foi -2,0, sendo que as
primeiras fissuras se deram para uma tensão de cisalhamento de 3,84 MPa, conforme ilustra
a Figura 5.19 (a). As múltiplas fissuras apareceram simultaneamente para um ângulo de
inclinação entre 20 e 30o e possuíam abertura em torno de 0,7 mm. Conforme as forças foram
sendo aumentadas, mais fissuras paralelas foram se desenvolvendo, sempre de maneira
distribuída pelo painel. Para a tensão de cisalhamento de 4,31 MPa o painel finalmente
chegou à ruína, tendo-se em vista a ruptura da armadura transversal e o deslizamento das
partes ao longo da fissura crítica, que ao final do processo teve cerca de 1,7 mm de abertura.
A Figura 5.19 (b) ilustra a ruína do painel PL1.
Figura 5.19 - (a) Fissuração inicial e (b) ruptura do painel PL1 ensaiado por Xie (2009).
(a) (b)
No painel PL2 a relação entre as forças axiais e as forças cortantes foi -1,0. As primeiras
fissuras foram verificadas para uma tensão de cisalhamento de 2,07 MPa, com abertura em
torno de 0,1 mm e inclinação de aproximadamente 50o. Acredita-se que essa fissura tenha
sido provocada por momentos acidentais ao invés dos carregamentos intencionais de
membrana. Conforme as tensões foram sendo aumentadas, uma nova fissura com inclinação
de 30o e abertura de 0,1 mm apareceu para uma tensão de cisalhamento em torno de 2,96
MPa, conforme ilustra a Figura 5.20 (a). Com o aumento do carregamento, novas fissuras
paralelas a esta última foram sendo desenvolvidas. A maior fissura foi registrada para a carga
de 2,67 MPa no centro do painel e a mesma continuou a se abrir até que foi registrada a ruína
do painel. O painel PL2 chegou à ruptura para a tensão de cisalhamento de 3,21 MPa, pela
ruptura da armadura transversal. A abertura de fissura antes da ruína foi superior a 1,4 mm e
a inclinação, em torno de 30o. A fissuração no momento da ruína é ilustrada na Figura 5.20
(b).
Figura 5.20 - (a) Fissuração inicial e (b) ruptura do painel PL2 ensaiado por Xie (2009).
(a) (b)
O painel PL5 foi submetido a cisalhamento puro, e a primeira fissura foi registrada para a
tensão cisalhante de 1,747 MPa, numa inclinação de 35o e abertura em torno de 0,4 mm.
Com o aumento do carregamento, novas fissuras se desenvolveram, porém com um ângulo
em torno de 45o, conforme ilustra a Figura 5.21 (a). Essas fissuras eram paralelas e
acompanhadas de fissuras secundárias. No final do ensaio as fissuras se uniram de maneira a
formar a fissura de ruína ao cisalhamento, para uma tensão em torno de 3,21 MPa e
inclinação de 40o. A ruína, ilustrada na Figura 5.21 (b), mais uma vez foi pela ruptura da
armadura transversal, com uma abertura máxima de fissura em torno de 1,05 mm antes da
ruína.
Figura 5.21 - (a) Fissuração inicial e (b) ruptura do painel PL5 ensaiado por Xie (2009).
(a) (b)
No painel PL3 a relação entre as forças axiais e as forças cortantes foi 1,0 e o painel estava
pré-fissurado antes do ensaio, possivelmente por fissuras de retração e momentos acidentais
ocorridos durante a instalação. A abertura dessas fissura era de aproximadamente 0,15 mm,
para uma inclinação em torno de 45o, conforme ilustra a Figura 5.22 (a). Com o aumento do
carregamento, mais fissuras foram se desenvolvendo, sempre para ângulos maiores ou iguais
a 45o. Finalmente, as fissuras se uniram, de maneira a formar uma fissura maior, que
originou a ruína do painel por cisalhamento. A ruína foi registrada para a tensão de
cisalhamento de 3,04 MPa, para uma inclinação de 45o e abertura de 1,1 mm anteriormente à
ruptura, conforme ilustra a Figura 5.22 (b).
Figura 5.22 - (a) Fissuração inicial e (b) ruptura do painel PL3 ensaiado por Xie (2009).
(a) (b)
No painel PL6 a relação entre as forças axiais e as forças cortantes foi 3,0. As primeiras
fissuras foram verificadas nos primeiros estágios de carregamento e eram praticamente
perpendiculares à direção de aplicação das forças axiais. Conforme o carregamento foi sendo
aumentado, Figura 5.23 (a), a inclinação das fissuras, que era de 45o, começou a diminuir.
Finalmente, para a tensão cisalhante de 2,47 MPa foi registrada a ruína do painel, Figura 5.23
(b), pela ruptura da armadura transversal. A abertura de fissura previamente à ruína foi
superior a 1,0 mm e a inclinação da fissura principal foi de 45o. Finalmente, a armadura
longitudinal estava severamente solicitada no momento da ruptura.
Figura 5.23 - (a) Fissuração inicial e (b) ruptura do painel PL6 ensaiado por Xie (2009).
(a) (b)
Uma vez entendido o processo de definição das condições de contorno e dos mecanismos
envolvidos na fissuração e ruína experimental dos painéis, partiu-se para a construção dos
modelos numéricos no programa ATENA 2D. Caso o leitor tenha interesse em se aprofundar
nesse tipo de simulação, utilizando-se elementos simples do tipo Q4, recomenda-se a leitura
dos trabalhos de Xie (2009) e Lee (2009).
Ainda de acordo com Lee (2009), o primeiro problema pode ser resolvido, tomando-se o
máximo nível de carregamento calculado por qualquer método de solução numérica como
sendo a carga de ruína. Por exemplo, se o Método de Controle de Arco fornece uma carga
máxima superior ao mesmo tempo em que o Método de Newton-Raphson não consegue
encontrar uma solução, assume-se que a maior carga fornecida pelo Método do
Comprimento de Arco seja a carga de ruína.
A segunda questão é um pouco mais complicada, uma vez que envolve questões subjetivas
na seleção da carga de ruína. No entanto, esse tipo de problema é mais pronunciado na
análise de sistemas estruturais na qual a ruína local não está diretamente relacionada com a
ruína do sistema. Uma vez que os painéis pertencem a determinado domínio ao invés de um
sistema estrutural, esse não é um problema tão grave. Dessa maneira, a carga de ruína pode
ser selecionada com base no estágio de carregamento que não demanda mudança
significativa nos fatores de convergência.
Xie (2009) simulou numericamente os painéis, ora aqui investigados, utilizando os softwares
Membrane 2000 e Vector2. O pesquisador revela que, para os painéis submetidos à
compressão, o programa Vector 2 fornece previsões superiores àquelas obtidas com o
programa Membrane 2000. No programa Membrane 2000, quando um painel está solicitado
por tensões de cisalhamento superiores a 3,0 MPa, a carga máxima prevista pós-fissuração é
menor do que a carga que propiciou as primeiras fissuras, tal como ocorre no ensaio
experimental com deformações controladas. No caso do programa Vector2, a resistência pós-
fissuração não pode ser obtida quando a mesma é inferior à carga que provocou as primeiras
fissuras, uma vez que a simulação é feita com carregamento controlado.
Figura 5.24 - Elemento finito utilizado no programa ATENA2D para simular os painéis.
Conforme pode-se observar pela Figura 5.24, o elemento finito possui quatro nós, sendo que
os mesmos são utilizados para se definir os carregamentos e as reações de apoio. Observa-se
que foi adotado um apoio de segundo gênero para o nó 1 e um apoio de primeiro gênero para
o nó 2. A Tabela 5.4 apresenta as coordenadas nodais e suas respectivas restrições, enquanto
a Tabela 5.5 apresenta os carregamentos nodais aplicados para cada situação ensaiada
experimentalmente. A Tabela 5.6, por sua vez, apresenta as definições utilizadas na definição
do modelo constitutivo.
Após a definição das propriedades dos materiais, das condições de contorno, dos estados de
carregamento e da malha de elementos finitos, partiu-se para a simulação computacional dos
painéis ensaiados por Xie (2009). A Tabela 5.7 procura apresentar a comparação dos
resultados obtidos por Xie (2009), bem como por meio de simulações, utilizando-se os
programas ATENA, Membrane e Vector2.
Tabela 5.7 - Resultados de fissuração e ruína para os painéis ensaiados por Xie (2009).
PL4 Experimental Membrane Vector2 ATENA
vfissuração 3,41 5,40 6,28 4,51
fx,fissuração -9,48 -15,08 -17,58 -11,43
vúltimo 4,81 4,82 6,28 4,51
fx,último -13,24 -13,59 -17,58 -11,43
PL1 Experimental Membrane Vector2 ATENA
vfissuração 3,84 4,29 4,61 3,72
fx,fissuração -7,69 -8,55 -9,22 -6,66
vúltimo 4,81 3,76 4,61 3,72
fx,último -8,66 -7,56 -9,22 -6,66
PL2 Experimental Membrane Vector2 ATENA
vfissuração 2,36 3,09 3,19 2,81
fx,fissuração -2,38 -3,12 -3,19 -2,51
vúltimo 3,21 3,09 3,19 2,81
fx,último -3,22 -3,12 -3,19 -2,51
PL5 Experimental Membrane Vector2 ATENA
vfissuração 1,747 2,71 2,64 -
fx,fissuração 0 0,00 0,00 -
vúltimo 3,21 2,71 2,64 1,94
fx,último 0 0,00 0,00 0,00
PL3 Experimental Membrane Vector2 ATENA
vfissuração 1,186 2,63 2,42 1,34
fx,fissuração 1,180 2,61 2,40 1,21
vúltimo 3,04 2,63 2,42 1,34
fx,último 3,05 2,61 2,40 1,21
PL6 Experimental Membrane Vector2 ATENA
vfissuração 0,754 2,05 2,04 -
fx,fissuração 2,35 6,16 6,18 -
vúltimo 2,47 2,05 2,04 1,90
fx,último 7,36 6,18 6,18 7,04
* Unidades em MPa.
Conforme pode-se observar pela Tabela 5.7, os programas Vector2 e ATENA não
conseguem obter uma carga de ruína inferior à carga que propiciou a fissuração, uma vez que
o carregamento é controlado. Nesse caso, assume-se que a carga que provocou fissuração é a
carga de ruína para os casos em que não pode ser obtida uma carga superior àquela que
provocou a fissuração. Observa-se que é dificil tomar os resultados após a fissuração, uma
vez que o painel deixa de apresentar tensões uniformes e diferentes valores aparecem nos nós
do elemento de malha adotado.
Verifica-se que o estado de tensão aplicado nos painéis é uniforme até a ocorrência da
fissuração. Após isso, observa-se uma modificação significativa nos níveis de tensão internos
ao elemento de malha. A Figura 5.25 procura apresentar o estado de tensão de cisalhamento
para o Painel PL4, para passos de carga antes e após a ocorrência da fissuração. Conforme
pode-se observar, a fissuração gera um estado de tensão não uniforme no elemento finito.
(a) (b)
Para algumas situações, foi possível obter a aplicação de carregamentos superiores àqueles
que provocaram a fissuração. No entanto, a interpretação dos resultados é dificultada, tendo-
se em vista a grande variação dos valores de tensão nos nós do elemento de malha, conforme
ilustra a Figura 5.25 (b). Essa situação demonstra o quanto é difícil a interpretação de
resultados provenientes de análises numéricas, especialmente no caso de painéis submetidos
a esforços membranais.
De acordo com Diaz (2007), uma das questões mais importantes para o desenvolvimento de
um modelo capaz de simular o comportamento do concreto se fundamenta na escolha
adequada das equações constitutivas. Conforme mencionado, o concreto armado apresenta um
comportamento resistente, extremamente complexo, não só pelo concreto, mas também pela
interação deste com as armaduras. Por esse motivo, a maioria dos modelos constitutivos
desenvolvidos até o presente momento possuem um forte embasamento experimental.
De acordo com Hsu (1993), as primeiras informações significativas em relação a esse mistério
foram fornecidas por Robinson e Demorieux em 1972. Os referidos pesquisadores
perceberam que um elemento de membrana em concreto armado, submetido a tensões de
cisalhamento puro, é na realidade o mesmo elemento estrutural submetido a tensões biaxiais
de tração e compressão para um ângulo de 45o.
Aparentemente, o erro cometido na aplicação “Analogia de Treliça” até o ano de 1972 estava
no fato de se considerar até então a relação tensão versus deformação do concreto à
compressão, a partir dos ensaios clássicos de corpos de prova cilíndricos, sem considerar o
Figura 6.1 – Equipamento “Shear Rig”, especialmente desenvolvido para o ensaio de elementos de
membrana em concreto armado.
Conforme pode-se observar pela Figura 6.1, o equipamento “Shear Rig” consiste de um
pórtico de aço com três barras rígidas e 37 macacos hidráulicos com 100 kN de capacidade à
tração. Basicamente, os corpos de prova são colocados com um ângulo de 45o em relação à
direção dos macacos. Em seguida, os painéis são tracionados ou comprimidos nas direções
vertical e horizontal. Dessa maneira, por meio da combinação das forças aplicadas nos
macacos, podem-se obter combinações de forças de cisalhamento, forças de tração e forças de
compressão atuando nos painéis (fx, fy e νxy). Essas forças são aplicadas incrementalmente e
registradas até que se obtenha a ruína dos painéis.
• nos ensaios, os valores de tensão aplicados (fx, fy e νxy) são conhecidos e registrados em
um Círculo de Mohr;
• para cada estágio de carregamento, as deformações médias são medidas em quatro
direções (εx, εy, ε1, ε2), de maneira que um Círculo de Mohr, exclusivo para deformações,
pode ser desenhado. Na realidade, apenas três deformações seriam necessárias para a
Figura 6.3 – Círculos de Mohr para tensões e deformações em elemento de concreto armado.
O procedimento anterior basicamente deu início ao MCFT proposto por Vecchio e Collins
(1986). Basicamente, observa-se que a obtenção da relação constitutiva do concreto,
incluindo-se o efeito de abrandamento, consiste na divisão adequada das forças a serem
resistidas pelo aço e pelo concreto em um elemento estrutural. A Figura 6.3 apresenta de
maneira simplificada os Círculos de Mohr, descritos no procedimento anterior.
A Tabela 6.1 apresenta uma série de ensaios realizados na Universidade de Toronto por
Collins et alli (1985), em que podem-se visualizar as características dos elementos ensaiados
e a solicitação aplicada. Basicamente foram ensaiados painéis quadrados de concreto armado
com 89 cm de largura e 7 cm de espessura, com resistência à compressão que variava entre 11
a 31 MPa. Na maioria dos casos o carregamento foi aplicado monotonicamente até se atingir
o esgotamento (esmagamento do concreto ou ruptura da armadura). No entanto, os elementos
PV4, PV5 e PV6 foram submetidos a ciclos de carga e descarga com valores inferiores
àqueles capazes de provocar a ruptura, para posteriormente se aplicar o carregamento de
esgotamento.
PV20 1:0:0 6,35 4,47 1,79 0,89 19,6 2,15 460 297 2,21 4,26
PV21 1:0:0 6,35 5,41 1,79 1,30 19,5 1,80 458 302 2,35 5,03
PV22 1:0:0 6,35 5,87 1,79 1,52 19,6 1,80 458 420 2,42 6,07
PV23 1:-0,39:-0,39 6,35 6,35 1,79 1,79 20,5 2,00 518 518 3,73 8,87
PV24 1:-0,83:-0,83 6,35 6,35 1,79 1,79 23,8 2,00 492 492 4,97 > 7,94
PV25 1:-0,69:-0,69 6,35 6,35 1,79 1,79 19,2 1,90 466 466 4,14 9,12
PV26 1:0:0 6,35 4,70 1,79 1,01 21,3 1,80 456 463 2,00 5,41
PV27 1:0:0 6,35 6,35 1,79 1,79 20,5 1,90 442 442 2,04 6,35
PV28 1:0,32:0,32 6,35 6,35 1,79 1,79 19,0 1,85 483 483 1,66 5,80
PV29 1:-0,29:-0,29 6,35 4,47 1,79 0,89 21,7 1,80 441 324 2,21 5,87
PV30 1:0:0 6,35 4,70 1,79 1,01 19,1 1,90 437 472 1,55 > 5,13
Observações: Painéis quadrados de 89 cm de largura e 7 cm de espessura, diâmetro máximo do agregado de 6 mm e
módulo de elasticidade das armaduras de 200 GPa.
Vecchio et alli (1994) ensaiaram elementos de membrana com concreto de alta resistência,
com resistência à compressão variando entre 43 a 72 MPa, conforme ilustra a Tabela 6.3.
Novamente foram ensaiadas placas quadradas com 89 cm de largura e 7 cm de espessura.
Basicamente, os elementos foram submetidos a solicitações monotônicas de cisalhamento
puro (PHS1, PHS2, PHS3, PHS8, PA1, PA2) e combinação cisalhamento-tração (PHS4,
PHS5, PHS10) e cisalhamento-compressão (PHS6, PHS7, PHS9).
Mais recentemente, Xie (2009) ensaiou seis painéis submetidos a diferentes combinações de
força axial e força cortante. A relação entre a força normal aplicada e a força cortante foi o
único parâmetro estudado e a quantidade de armaduras foi escolhida, de maneira a simular o
comportamento de vigas, isto é, a armadura longitudinal era bem mais expressiva que a
armadura transversal. A Tabela 6.5 apresenta um resumo dos resultados obtidos.
Além dos resultados apresentados, outros ensaios também foram realizados por outros
pesquisadores com o intuito de se obter o comportamento de elementos de concreto armado
ao cisalhamento. Tendo-se em vista o registro apenas dos resultados experimentais mais
expressivos, recomenda-se a leitura dos trabalhos de Yamaguchi et alli (1988), Andre (1987)
e Zhang e Hsu (1998) para a obtenção de resultados complementares.
Dentro desse panorama, o presente capítulo tem por objetivo analisar o comportamento de
elementos retangulares em concreto estrutural, submetidos no seu próprio plano à ação de
força cortante e força axial. Apesar de esses elementos, denominados de elementos de
membrana, serem utilizados para modelar os mais complexos tipos de estruturas, essa análise
não é tão trivial como aparenta a princípio.
Anos de prática profissional têm atestado que a formulação existente para a análise e
dimensionamento à flexão simples é praticamente consensual e apresenta uma boa
performance quando se procura confrontar resultados teóricos com resultados experimentais.
O mesmo não pode ser dito sobre as teorias existentes para o dimensionamento e
principalmente a análise de estruturas sujeitas à força cortante. Observa-se uma falta de
consenso quanto ao melhor modelo e com frequência discrepância entre as previsões dos
modelos teóricos e os resultados obtidos experimentalmente.
transmissão de compressão entre as faces de fissuras, entre outros efeitos, tornam o problema
extremamente complexo.
Figura 7.1 - Campo diagonal de tração, verificado em vigas metálicas após flambagem da alma.
Figura 7.2 - Viga em concreto armado, sujeita a momento, força normal e força cortante: (a) seção
transversal, (b) trajetórias das tensões principais de compressão, (c) deformações longitudinais, (d)
tensões de cisalhamento e (e) tensões longitudinais.
Para qualquer seção 1-1, a intensidade e a direção das tensões principais de compressão e das
deformações principais de compressão variarão ao longo da altura da seção transversal
(Figura 7.2(c)). Para a face inferior, a inclinação das tensões será de 90o, enquanto para o topo
da seção a inclinação será mínima.
Para uma análise adequada, para cada ponto situado ao longo da altura da seção transversal,
três parâmetros precisam ser conhecidos. Esses parâmetros podem ser considerados, por
exemplo, como as deformações principais ε1 e ε2 e o ângulo θ. Adicionalmente, as relações
constitutivas do concreto e das armaduras também precisam ser conhecidas. Com esses
valores, pode-se calcular a tensão principal f2, assumindo-se que a tensão principal de tração
f1 seja nula. Assim, a tensão normal fcx e a tensão tangencial v são calculadas para todos os
pontos ao longo da altura da seção.
A tensão na armadura longitudinal (fs) pode ser calculada, a partir da deformação do aço (εsx),
assumindo-se que as armaduras suportarão apenas forças axiais. Dessa maneira, as
distribuições de tensões normais e cisalhantes ao longo da seção podem ser obtidas conforme
ilustram as Figuras 7.3 (d) e (e). Integrando-se essas tensões ao longo da seção e
Figura 7.4 - Equilíbrio entre tensão de tração nos estribos e tensão de compressão nas escoras.
A distribuição das deformações deve ser compatível com a geometria dos deslocamentos.
Dessa maneira, com a hipótese usual de que seções planas permanecerão planas, as
distribuições de ε1, ε2 e θ podem ser tais que a deformação longitudinal correspondente εx
varie linearmente ao longo da altura da seção transversal, conforme ilustrado na Figura 7.2
(c). Evidentemente, assumir valores de ε1, ε2 e θ, para obter tal distribuição linear de
deformações longitudinais, é tarefa extremamente difícil.
Figura 7.5 - Diagramas de momento fletor e força cortante para viga contínua sujeita a carregamento
uniformemente distribuído.
Caso não exista esforço axial aplicado sobre a seção transversal, o que é normalmente o caso
geral, a força de tração na armadura longitudinal deverá equilibrar Nv. Dessa maneira,
V
N v = Asl f l − =0
tg θ
V (Equação 7.4)
Nv = = Asl f l
tg θ
D V
f2 = =
( jd ). cos θ .bw ( jd ). cos θ .senθ .bw
V 1 (Equação 7.5)
f2 =
bw ( jd ) cos θ .sen θ
Observando-se que
1 sen 2θ + cos 2 θ senθ cos θ 1
= = + = tan θ +
cos θ .sen θ cos θ .sen θ cos θ senθ tan θ
Tem-se que
V 1 (Equação 7.6)
f2 = tan θ +
bw ( jd ) tan θ
Uma equação adicional de equilíbrio pode ser obtida, a partir da força de tração atuante nos
estribos com a projeção vertical da força de compressão atuante nas diagonais de concreto
comprimido. O equilíbrio vertical da Figura 7.4 exige que
Av f v = f 2 .sen 2θ .s.bw
Av f v (Equação 7.7)
= f 2 .sen θ .bw
2
s
Substituindo-se a Equação (7.5) na Equação (7.7), pode-se isolar a força cortante V, conforme
a seguir:
Av f v
= f 2 .sen θ .bw
2
s
Av f v V 1
= .sen 2θ .bw
s bw ( jd ) cos θ .sen θ
Av f v V .tgθ (Equação 7.8)
=
s ( jd )
f 2 , f l , f v = f (V , θ ) (Equação 7.9)
Logo, pela Equação (7.9) observa-se a existência de apenas três equações de equilíbrio para
quatro incógnitas. Ritter e Mörsch, por volta de 1900, já haviam comentado sobre a
dificuldade de se obter θ, a partir do equilíbrio e, por isso, sugeriram a utilização de um valor
constante de 45o, de maneira a facilitar o problema. Apesar de vários códigos adotarem por
comodidade a adoção de θ = 45o, diversos ensaios experimentais demonstraram que o ângulo
de inclinação das escoras pode variar entre 25 e 65o.
ε x − ε 2 ε1 − ε t ε1 − ε t ε x − ε t (Equação 7.10)
tan 2 θ = = = =
ε t − ε 2 ε1 − ε x ε t − ε 2 ε1 − ε x
A Equação (7.10) também pode ser escrita de maneira alternativa, objetivando facilitar o
cálculo da deformação transversal εt:
ε x + ε t = ε1 + ε 2
ε1 = ε x + ε t − ε 2 (Equação 7.12)
ε ε 2 (Equação 7.14)
f 2 = f 2 max 2 2' − 2'
εc εc
Em que
f c' (Equação 7.15)
f 2 max = ≤ f c'
0,34.ε 1
0,8 −
ε c'
7.6 Parcelas de contribuição do concreto e do aço para força cortante
Antes da "Compression Field Theory", acreditava-se que a força cortante era absorvida pelas
tensões principais de compressão (f2) e pelos tensões de tração atuantes nos estribos (fv).
Mitchell e Collins (1974) observaram que, antes da fissuração do concreto, o cisalhamento na
alma de uma viga é na realidade combatido igualmente pelas tensões principais de tração (f1)
e pelas tensões principais de compressão (f2), conforme ilustra a Figura 7.7. Após a
fissuração, o concreto não pode mais suportar tração (f1 = 0) e, somente a partir daí, a força
cortante passará a ser combatida pelos estribos e pelas tensões principais de compressão.
A capacidade de contribuição do concreto à força cortante tem sido tema de intensa discussão
no meio científico e acredita-se que o concreto possa contribuir, inclusive após a fissuração,
conforme será visto na "Modified Compression Field Theory" e no "Truss Softened Model".
V 1
f2 =
bw ( jd ) cos θ .sen θ
Por outro lado, isolando-se a força cortante da Equação (7.8), pode-se obter a parcela de
contribuição das armaduras transversais (estribos):
Av f v V .tgθ
=
s ( jd )
Av f v ( jd ) (Equação 7.17)
V = = Vs
s.tgθ
Para os casos usuais de estribos a 90o e ângulo de inclinação das escoras igual a 45o, tem-se:
Av f v ( jd ) (Equação 7.19)
Vs =
s
As equações anteriores podem ser comparadas com o Modelo de Cálculo I, proposto pela
NBR6118, de maneira a se entender melhor a proposta da norma brasileira. Na NBR6118, a
parcela de contribuição dos estribos é dada por
Fazendo-se uma analogia da Equação (7.20) com a Equação (7.19), conclui-se que j=0,9 na
norma brasileira. Assim, a parcela de contribuição do concreto à compressão (7.18) passará a
ser dada por
f ck (Equação 7.23)
α v = 1 − ( MPa )
250
Adotando-se concreto C20, para fins de comparação, observa-se que a resistência da diagonal
comprimida segundo a NBR6118 (2003) seria dada por
f
VRd 2 = 0,27.1 − ck . f cd .bw .d
250
20
VRd 2 = 0,27.1 − . f cd .bw .d
250
VRd 2 = 0,248. f cd .bw .d (Equação 7.24)
Igualando-se a Equação (7.22) com a Equação (7.24), observa-se que a máxima tensão de
compressão nas escoras, no caso do concreto C20, é dada por
Assim, observa-se que a norma brasileira adota limites muito rigorosos para a máxima tensão
de compressão atuantes nas escoras, sendo que esses valores são ainda mais afetados
conforme se aumenta a resistência à compressão do concreto. Nos países europeus, por
exemplo, é prática adotar f2,max ≈ 0,6.fck.
Para a viga protendida ilustrada na Figura 7.8, pede-se descrever o comportamento à força
cortante na seção de momento nulo (M = 0 kN.m), utilizando-se a "Compression Field
Theory".
Figura 7.8 - Viga retangular vazada e protendida a ser analisada, utilizando-se a "Compression Field
Theory".
Conforme pode-se observar, trata-se de uma viga retangular vazada, carregada de maneira que
o ponto de momento nulo ocorre no meio do vão intermediário. A referida viga apresenta
cobrimento de armadura igual a 1,3 cm para as faces laterais, enquanto a face superior e a face
inferior apresentam cobrimento de 2,5 cm. A resistência à compressão do concreto utilizado é
de 38,6 MPa, com a máxima deformação de pico em torno de 0,003.
A armação transversal da viga é constituída por estribos de 9,5 mm, espaçados a cada 15,2
cm, com aço de resistência ao escoamento de 367 MPa. As barras longitudinais são
constituídas por seis barras de 9,5 mm, distribuídas ao longo do perímetro, também com
resistência ao escoamento de 367 MPa. Também foram utilizados ter cabos na face superior e
três cabos na face inferior da viga. Cada um dos cabos é constituído por quatro fios de 7 mm,
com resistência ao escoamento de 1450 MPa e resistência à ruptura de 1680 MPa. O módulo
de elasticidade da armadura de protensão é de 197 GPa e a deformação aplicada é de 0,0054.
Deve-se observar que os valores informados diferem-se levemente do padrão brasileiro,
tendo-se em vista que o problema original foi concebido no sistema americano, conforme
pode-se observar no trabalho de Collins e Mitchel (1997).
Exemplo: ε1 = 0,004
Exemplo: θ = 25o
( jd ) = 61 − 2.(5,1) = 50,8 cm
A f ( jd )
V = v v
s.tgθ
( 2.0,71).36,7.(50,8)
V =
15,2.tg 25o
V = 374 kN
V 1
f2 = tan θ +
bw ( jd ) tan θ
bw = 30,5 − 15,2 = 15,3 cm
374 1
f2 = tan 25 +
o
15,3.(50,8) tan 25o
f 2 = 1,26 kN / cm 2 = 12,6 MPa
f c'
f 2 max = ≤ f c'
0,34.ε 1
0,8 −
ε c'
f c'
f 2 max = = 30,8 MPa ≤ f c'
0,34.0,004
0,8 −
( −0,003)
Como f2 = 12,5 MPa < f2,max = 26,08 MPa, a solução é possível. Caso f2 fosse maior do que
f2,max a solução não seria possível e, nesse caso, dever-se-ia retornar ao Passo 2 para escolha
de um ângulo θ maior, que por sua vez levaria à redução de f2.
ε 2 = ε ' c (1 − 1 − f 2 / f 2,max )
Observar que, se houvesse interesse no comportamento pós-pico, a outra raiz deveria ser
usada, isto é, ε 2 = ε ' c (1 + 1 − f 2 / f 2,max )
ε 1 + ε 2 . tan 2 θ
εt =
1 + tan 2 θ
0,004 + ( −0,69 x10 −3 ). tan 2 25o
εt =
1 + tan 2 25o
ε t = 3,16 x10 −3
ε1 = ε x + ε t − ε 2
ε x = ε1 + ε 2 − ε t
ε x = 0,15 x10 −3
f v = E s .ε t ≤ f vy
f v = 200 x103.3,16 x10 −3 = 632 MPa ≤ 367 MPa
f v = 367 MPa
Logo, a estimativa de que os estribos estariam escoando está correta. Se fv, calculado nesse
passo, fosse diferente do valor assumido no Passo 3, então dever-se-ia redefinir o valor de fv e
retornar ao Passo 4.
f l = E s .ε x ≤ f ly
f l = 30,0 MPa
ε p = ε x + ∆ε p
ε p = 5,55 x10 −3
f pl = E p .ε p ≤ f py
f pl = 1093 MPa
V
N = As . f l + Ap . f pl − − f c .( Ac − bw .( jd ))
tgθ
374
N = 4,26.30 + 9,26.109,3 − − 0.(1860,50 − 15,3.50,8)
tg 25o
N = 223 kN
ε ε 2
f c = f . 2 x' − x'
'
c
εc εc
Assim, foi assumido que o concreto fora da zona efetiva de cisalhamento, bw.jd, está sujeito
apenas a tensões longitudinais.
Uma vez que a viga não estava sujeita a nenhuma carga axial, a resultante axial N deve ser
zero. Como o valor calculado não é zero, deve-se fazer uma nova estimativa de θ e repetir os
cálculos a partir do Passo 3. Aumentando-se o valor de θ, aumenta-se o valor de N. O
procedimento de tentativa e erro pode ser convenientemente programado computacionalmente
de maneira a facilitar o processo.
Dessa maneira, de cada valor de ε1, podem-se obter os respectivos valores para θ, εt , εx, f2,
f2,max, V e γxy. A Tabela 7.1 ilustra um resumo das previsões do comportamento força cortante
versus deformações de cisalhamento para viga analisada, utilizando-se a "Compression Field
Theory". Por outro lado, a Figura 7.9 ilustra o comportamento de maneira gráfica, objetivando
visualizar com maior detalhes o desenvolvimento das tensões e deformações.
Figura 7.9 - Curva força cortante versus deformações de cisalhamento para viga protendida analisada,
utilizando-se a "Compression Field Theory".
450
400
350
300
Força Cortante (kN)
250
200
150
100
50
0
0 2 4 6 8 10 12 14
Deformação de Cisalhamento (o/oo)
fl (8.7)
εl =
Es
ft (8.8)
εt =
Es
σr = 0 (8.9)
σd (8.10)
εd =
Ec
O modelo anterior pode ser refinado, caso a resistência à tração do concreto seja levada em
consideração na análise da seção fissurada. Quando a resistência à tração é assumida como
uma pequena constante, verificada logo após a fissuração do concreto, tem-se o chamado
“Modified Truss Model”. A relação constitutiva para o concreto sob compressão permanece
linear, conforme a Equação (8.10), e o valor de σr deixa de ser nulo e assume valor constante
definido no intervalo da Equação (8.11):
O “Simple Truss Model” e o “Modified Truss Model” são modelos válidos para o estágio em
que o elemento de membrana já experimentou fissuração. Para o caso em que o concreto
ainda não atingiu essa fase, convém-se utilizar o “Uncracked Elastic Elements”, cujas
relações constitutivas são apresentadas a seguir:
(8.12)
εd =
1
(σ d − µσ r )
Ec
(8.13)
εr =
1
(σ r − µσ d )
Ec
Em que µ representa o Coeficiente de Poisson, podendo ser assumido como igual a 0,20 para
o caso do concreto.
O problema de análise de elementos de membrana recai na busca pela maneira mais eficiente
de se resolver as nove equações, resultantes das condições de equilíbrio, compatibilidade e
leis constitutivas dos materiais. Expressando-se as equações básicas de equilíbrio (Equações
(8.1) a (8.3)) de maneira alternativa e levando-se em consideração que σr = 0, as tensões
atuantes nas armaduras e no concreto serão dadas pelas Equações (8.14) a (8.16):
σ l + τ lt cot α (8.14)
fl =
ρl
σ t + τ lt tan α (8.15)
ft =
ρt
− τ lt (8.16)
σd =
sen α.cos α
Substituindo-se as Equações (8.7), (8.8) e (8.9) nas equações anteriores, podem-se obter as
deformações nas armaduras longitudinais, transversais e no concreto, conforme ilustram as
Equações (8.17) a (8.19):
σ l + τ lt cot α (8.17)
εl =
ρ l .E s
σ t + τ lt tan α (8.18)
εt =
ρ t .E s
1 τ lt (8.19)
εd =
E c sen α.cos α
As Equações (8.17) a (8.19) ilustram que todas tensões e deformações atuantes nas
armaduras e no concreto são expressas em função de uma única variável desconhecida, α. De
acordo com Hsu (1993), essa variável pode ser determinada a partir da equação de
compatibilidade da Equação (8.20):
εl − εd (8.20)
tan 2 α =
εt − εd
σt σ (8.21)
ρ l (1 + ρ t n).tan 4 α + ρ l tan 3 α - l ρ t tan α - ρ t (1 + ρ t n) = 0
τ lt τ lt
Em que:
Es (8.22)
n=
Ec
A obtenção do ângulo α, a partir da Equação (8.21), pode ser feita de maneira mais efetiva,
utilizando-se um processo de tentativa e erro. Uma vez que o ângulo α é encontrado, as
tensões (σd , fl e ft) e as deformações (εd , εl e εt) nas escoras de concreto e nas armaduras
podem ser imediatamente obtidas a partir das Equações (8.14) a (8.19). As duas últimas
variáveis, γlt e εr, podem ser obtidas a partir da Equação (8.6) e da Equação (8.23)
apresentada a seguir:
ε r = εl + ε t − εd (8.23)
O problema de análise de elementos de membrana recai na busca pela maneira mais eficiente
de se resolver as nove equações, resultantes das condições de equilíbrio, compatibilidade e
leis constitutivas dos materiais. Expressando-se as equações básicas de equilíbrio (Equações
(8.1) a (8.3)) de maneira alternativa (Equações (8.14) a (8.16)), assumindo-se o escoamento
das armaduras (fl = fly e ft = fty ) e levando-se em consideração que σr = 0, as taxas de
armadura e a tensão de compressão atuante no concreto serão dadas pelas Equações (8.24) a
(8.26):
σ l + τ lt cot α (8.24)
ρl =
f ly
σ t + τ lt tan α (8.25)
ρt =
f ty
− τ lt (8.26)
σd =
sen α.cos α
Das relações constitutivas lineares assumidas para o aço e apresentadas anteriormente nas
Equações (8.7) e (8.8), tem-se
f ly (8.27)
εl =
Es
f ty (8.28)
εt =
Es
1 − τ lt (8.29)
εd =
E c sen α.cos α
Solução:
σt σ (8.21)
ρ l (1 + ρ t n).tan 4 α + ρ l tan 3 α - l ρ t tan α - ρ t (1 + ρ t n) = 0
τ lt τ lt
Levando-se em consideração que n = Es / Ec = 8,06 e que ρl = ρt, a Equação (8.21) pode ser
reduzida para a seguinte expressão:
A equação anterior pode ser facilmente resolvida por meio de um processo de tentativa e
erro, conforme ilustra a Tabela 8.1. Nessa tabela, o valor do ângulo α (primeira coluna) é
estimado e os valores de tan α (segunda coluna), tan3 α (terceira coluna) e tan4 α (quarta
Conforme pode-se observar pela Tabela 8.1, após seis ciclos de iteração, pode-se chegar a
um valor bastante preciso com a utilização de α = 52,46°. Observe-se que esse ângulo é
dobrado quando representado no Círculo de Mohr, conforme ilustra a Figura 8.1 (d). Para
esse ângulo α, as tensões são calculadas conforme a seguir:
− τ lt − 3,70
σd = = = −7,65 MPa
sen α.cos α sen 52,46.cos 52,46
A partir das tensões calculadas anteriormente, podem-se encontrar as tensões nas armaduras
e no concreto, calculadas conforme a seguir e representadas no Círculo de Mohr nas Figuras
8.1 (d) e (e):
− τ lt − 3,18
σd = = = −6,58 MPa
sen α.cos α sen 52,46.cos 52,46
σ d − 6,58
εd = = = −0,265x103
E c 24821
fl 413,68
εl = = = 2,068x103
E s 199947
ft 223,45
εt = = = 1,117x103
E s 199947
Conforme pode-se observar pela Figura 8.1, o ângulo α = 52,46°, verificado no escoamento
das armaduras longitudinais, será modificado para valores superiores, atingindo um valor
máximo α = 60,00° quando do escoamento das armaduras transversais. Esse ângulo final
pode ser facilmente demonstrado por meio da utilização do “Plasticity Truss Model”.
Figura 8.1 – Elemento de membrana analisado, utilizando-se o Mohr Compatibility Truss Model.
A proposta original do MCFT foi lançada por Vecchio e Collins (1982), a partir do ensaio de
30 painéis de concreto armado, submetidos a estados uniformes de deformação. A versão
definitiva da teoria foi publicada por Vecchio e Collins (1986) e desde então apenas
pequenas modificações foram implementadas no modelo original, conforme atesta o trabalho
de Collins e Mitchell (1987). Desde a versão final do modelo, vários outros pesquisadores
têm proposto modelos similares, entre eles, os modelos propostos por Hsu e Zhang (1997),
Zhang e Hsu (1998) e Kaufmann e Marti (1998).
De acordo com Bentz (2000), o MCFT é uma teoria geral para o comportamento carga
versus deformação de elementos bidimensionais de concreto armado fissurados submetidos a
cisalhamento. O comportamento do concreto sob compressão e tração foi confirmado através
de mais de 250 ensaios em equipamentos especialmente desenvolvidos para tal fim.
Equipamentos similares também foram construídos no Japão e nos Estados Unidos, de
maneira que foi possível confirmar a qualidade dos resultados obtidos pela teoria proposta.
tensões nas fissuras, a interface de cisalhamento entre fissuras e o efeito pino propiciado
pelas armaduras. Para que as tensões médias e as deformações médias possam ser
consideradas adequadas, o comportamento médio deve ser medido em distâncias que
incluam poucas fissuras.
De acordo com Bentz (2000), uma verificação explícita deve ser feita de maneira a se
penalizar a utilização de relações tensão-deformação médias, garantindo-se que as tensões
médias sejam compatíveis com a condição de fissuração do concreto. Esse processo,
denominado de “crack check”, é uma etapa crucial no MCFT. O processo de verificação
consiste basicamente na limitação da tensão principal de tração no concreto a um valor
limite, considerando-se a tensão de tração na armadura que atravessa a fissura e a habilidade
da superfície fissurada em transmitir tensões de cisalhamento.
Uma vez que o comportamento geral é baseado em relações médias, melhoradas com o
procedimento de “crack check”, o modelo não requer o cálculo explícito de efeitos
complementares, tais como: efeito pino, tensões de cisalhamento nas fissuras, tensão nas
armaduras nas pontas de fissuras, deformações pelo deslizamento das fissuras e tensões de
aderência. A simplicidade que se tem no modelo, tendo-se em vista a não consideração
explícita dos efeitos complexos mencionados anteriormente, é uma das grandes virtudes da
teoria proposta por Vecchio e Collins (1986).
Conforme será visto a seguir, esse modelo pode descrever completamente o comportamento
de um elemento de membrana em concreto armado, desde o início do carregamento até a
ruptura. Tal potencialidade é obtida pela adoção de relações constitutivas eficazes, para se
simular o comportamento do concreto fissurado, abrangendo-se desde carregamentos biaxiais
até estados de cisalhamento puro. Na sequência, são apresentadas as principais características
da referida teoria.
O elemento de membrana, apresentado na Figura 9.1 (a), representa uma pequena região de
uma estrutura em concreto armado. Para esse elemento, de espessura uniforme, admite-se
uma malha ortogonal de armaduras cujos eixos são coincidentes com o sistema cartesiano.
As cargas atuantes nas faces dos elementos são constituídas por tensões normais
uniformemente distribuídas (fx e fy) e tensões uniformes de cisalhamento (vxy). As
deformações dos elementos são assumidas de maneira que os eixos permaneçam paralelos e
planos, sendo que a deformada é definida pelas duas deformações normais (εx e εy) e pela
deformação de cisalhamento (γxy), conforme ilustra a Figura 9.1 (b).
(a) (b)
(Fonte: Vecchio e Collins (1986)).
• para cada estado de deformação só existe um único estado de tensão, sendo que casos
com histórico de carregamento não são tratados;
• tensões e deformações podem ser consideradas em termos de valores médios, quando
consideradas atuando em regiões suficientemente largas, de maneira a conter várias
fissuras;
Uma vez que assume-se que as armaduras são perfeitamente aderidas ao concreto, existe a
necessidade de que qualquer deformação experimentada pelo concreto seja simultaneamente
experimentada pelas armaduras. Assim, a deformação da armadura será idêntica à
deformação do concreto adjacente, conforme ilustram as Equações (9.1) e (9.2).
ε sx = ε cx = ε x Equação (9.1)
ε sy = ε cy = ε y Equação (9.2)
Se as três componentes de deformação εx, εy e γxy são conhecidas (Figura 9.2 (a)), então as
deformações em qualquer direção podem ser determinadas por geometria ou
simplificadamente com a utilização do Círculo de Mohr para deformações, conforme ilustra
a Figura 9.2 (b). Observar que o ângulo θ é paralelo às fissuras e segue o campo das tensões
principais de compressão no concreto.
Figura 9.2 – (a) Deformações médias em elemento fissurado e (b) Círculo de Mohr para deformações
médias.
(a) (b)
(Fonte: Vecchio e Collins (1986)).
Várias relações importantes podem ser obtidas, a partir do Círculo de Mohr para
deformações, conforme ilustram as Equações (9.3) a (9.5). Nessas equações ε 1 representa a
tensão principal de tração e ε 2 , a tensão principal de compressão no concreto.
2.(ε x − ε 2 )
γ xy = (9.3)
tan θ
ε x + ε y = ε1 + ε 2 (9.4)
ε x − ε 2 ε1 − ε y ε1 − ε y ε x − ε 2
tan 2 θ = = = = (9.5)
ε y − ε 2 ε1 − ε x ε y − ε 2 ε1 − ε x
As forças aplicadas ao elemento de membrana são resistidas pelo concreto e pelas armaduras,
conforme ilustra o diagrama de corpo livre da Figura 9.3 e as Equações (9.6) e (9.7), a
seguir:
Figura 9.3 – Diagrama de corpo livre de elemento de membrana em concreto armado.
∫A
f x dA = ∫ f cx dAc + ∫ f sx dAs
Ac As
(9.6)
∫A
f y dA = ∫ f cy dAc + ∫ f sy dAs
Ac As
(9.7)
f x = f cx + ρ sx . f sx (9.8)
f y = f cy + ρ sy . f sy (9.9)
ν xy = ν cx + ρ sx .ν sx (9.10)
ν xy = ν cy + ρ sy .ν sy (9.11)
de Mohr para tensões, ilustrado na Figura 9.4 (b), fornece as seguintes equações para o
problema:
ν cxy
f cx = f c1 − (9.12)
tan θ c
Figura 9.4 – (a) Tensões médias e principais em elemento fissurado e (b) Círculo de Mohr para tensões
médias.
(a) (b)
(Fonte: Vecchio e Collins (1986)).
As equações constitutivas são essenciais para se fazer a conexão entre as tensões médias e as
deformações médias tanto para o concreto quanto para as armaduras. Essas relações
constitutivas médias do tipo tensão-deformação podem ser significativamente diferentes
daquelas obtidas em ensaios simples, utilizando-se corpos de prova cilíndricos. Além disso,
as relações tensão-deformação médias para o concreto e para as armaduras não são
completamente independentes, embora isso seja assumido para se manter a simplicidade do
modelo.
A tensão normal nas armaduras é assumida como dependente apenas da deformação axial e
adicionalmente se assume que as armaduras não absorvam cisalhamento, ou seja,
ν sx = ν sy = 0 . A relação constitutiva, adotada para as armaduras, é baseada em um modelo
uniaxial bilinear, regido pelas Equações (9.15) e (9.16):
f sx = E s .ε x ≤ f yx (9.15)
f sy = E s .ε y ≤ f yy (9.16)
De acordo com Bentz (2000), o MCFT assume que o comportamento médio das barras de
aço possa ser aproximado pelo comportamento de uma barra de aço simples. Essa é uma
excelente hipótese somente antes da verificação do primeiro escoamento da armadura de
maneira localizada em uma fissura. Isso é pelo fato de que a armadura tende a escoar em uma
fissura pelo acréscimo de tensões de tração em regiões de concreto ainda não fissuradas. De
acordo com Bentz (2000), a tentativa de se modelar de forma adequada do comportamento
médio das armaduras é que leva à complexidade verificada nos outros modelos que fazem
frente ao MCFT.
Em relação ao concreto, assume-se que as direções das tensões principais e das deformações
principais sejam coincidentes, conforme ilustra a Equação (9.17). Vecchio e Collins (1986)
demonstraram que essas direções não são na verdade coincidentes, porém a simplificação
proposta é bastante razoável e facilita demasiadamente o problema.
θc = θ (9.17)
f c' ε ε2
2
f c2 = .2 2´ − ´
ε
(9.18)
0,8 + 170.ε 1 ε c c
De acordo com Bentz (2000), no MCFT assume-se que o concreto íntegro sob compressão
siga inicialmente o comportamento típico de uma curva tensão versus deformação típica de
um ensaio de compressão uniaxial de um corpo de prova cilíndrico. A relação tensão-
deformação, ilustrada na Equação (9.18), é uma parábola, que por sua vez é calculada em
função da deformação principal de compressão (ε2) e da deformação principal de tração (ε1).
A deformação principal de tração modela a perda de resistência à compressão quando o
concreto se encontra transversalmente fissurado (abrandamento do concreto fissurado
transversalmente).
f c1 = E c .ε 1 (9.19)
f c´
E c = 2.
ε c´ (9.20)
Após a fissuração, tem-se que ε 1 > ε cr e a Equação (9.21) é sugerida para se modelar o
problema.
f cr
f c1 = (9.21)
1 + 500.ε 1
De acordo com Bentz (2000), no MCFT assume-se que o concreto é capaz de desenvolver
toda sua capacidade de resistência previamente à fissuração. Após a fissuração, as tensões de
tração atuantes no concreto íntegro entre fissuras continuam a enrijecer a resposta do
concreto ("tension stiffening"), porém vão diminuindo gradualmente com o aumento das
deformações.
Na formulação original de Vecchio e Collins (1986), o termo ilustrado como 500.ε 1 era
dado por 200.ε 1 . A mudança do coeficiente de 200 para 500 foi sugerida por Collins e
Mitchell (1987), após analisar novos e numerosos resultados experimentais de elementos de
membrana.
A tensão de tração no concreto, por outro lado, será igual a zero em um ponto fissurado e terá
valor maior que a média em regiões contidas entre fissuras. Essas variações locais são
importantes, uma vez que a capacidade última de elementos carregados biaxialmente pode
ser controlada pela capacidade das armaduras transmitirem tração nos pontos de fissuração.
A Figura 9.5 (a) compara as tensões médias no elemento (Plano 1) com as tensões locais em
uma fissura (Plano 2). A direção crítica de fissuração é assumida como normal à direção da
deformação principal de compressão. Enquanto a tensão de cisalhamento média calculada no
Plano 1 é zero (em termos de tensões médias esse é um plano principal), a tensão de
cisalhamento local (Plano 2) pode ser diferente de zero (ver Figuras 9.5 (b) e (c),
respectivamente). Essas tensões de cisalhamento, νci podem estar acompanhadas de pequenas
tensões de compressão fci ao longo da fissura.
Figura 9.5 – a) Tensões aplicadas em um elemento fissurado, (b) tensões médias no Plano 1 e (c)
tensões locais no Plano 2.
Uma vez que as tensões externas aplicadas fx, fy e νxy são fixas, o conjunto de tensões
apresentado na Figura 9.5 (a) deve ser estaticamente equilibrado. Assumindo-se uma área
unitária tanto para o Plano 1 quanto para o Plano 2 e tendo-se em vista a necessidade de que
as tensões produzidas nas armaduras sejam iguais nas direções x e y, tem-se
O equilíbrio das Equações (9.24) e (9.25) pode ser satisfeito sem tensões de cisalhamento e
tensões de compressão na fissura apenas se
f sxcr ≤ f yx (9.27)
f sycr ≤ f yy (9.28)
O cálculo dos termos fsxcr e fsycr define o procedimento denominado como “crack check” no
MCFT. Observe que são definidas duas equações, uma para cada direção de armadura,
derivada como a soma das forças nas direções x e y localmente na fissura. Evidentemente, a
tensão limite nas armaduras em uma fissura deve ser inferior a algum limite, geralmente
dado pela tensão de escoamento das armaduras.
Assim, se a tensão média calculada em ambas as armaduras for alta, pode-se não obter a
satisfação da Equação (9.26). Nesse caso, o equilíbrio requererá tensões de cisalhamento na
fissura. Para a maioria dos concretos, a fissuração ocorrerá na interface entre a pasta de
cimento e os agregados. As fissuras resultantes podem transmitir cisalhamento por
intertravamento dos agregados, conforme ilustra a Figura 9.6.
Figura 9.6 – Transmissão de tensões de cisalhamento ao longo das fissuras pelo intertravamento dos
agregados.
0,18. f c´ (9.29)
ν ci ≤
0,31 + 24w/(a + 16)
w = ε 1 .sθ (9.30)
1 (9.31)
sθ =
senθ cosθ
+
s mx s my
s mx = 1,5.d x (9.32)
s my = 1,5.d x (9.33)
Assume-se que uma tensão de cisalhamento limite (νci) pode ser transmitida entre as faces de
uma fissura antes que a mesma comece a deslizar. Essa tensão limite de cisalhamento é
maior para concretos mais rígidos e agregados maiores. Com o aumento das aberturas de
fissuras, verifica-se um decréscimo na máxima capacidade de transmissão de cisalhamento
entre as faces da fissura. Deve-se observar que a tensão de cisalhamento na interface das
fissuras, vci, não é uma tensão média, mas sim uma tensão localizada.
Dessa maneira, quando da checagem das condições de tensão na superfície da fissura, uma
combinação entre tensões de cisalhamento (νci) e tensões normais de compressão (fci) devem
ser determinadas para a satisfazer as Equações (9.24) a (9.31). Se pelo escoamento da
armadura na fissura, uma solução não é possível, então a tensão média principal de
compressão (fc1) deve ser reduzida até que uma solução seja possível.
A Figura 9.7 procura apresentar de maneira reduzida as relações envolvidas no MCFT para o
caso bidimensional. O painel da esquerda apresenta as equações de equilíbrio, baseadas nas
equações do Círculo de Mohr para tensões. O painel intermediário apresenta as condições de
deformação, também resumidas através do Círculo de Mohr. Deve-se observar que no MCFT
o ângulo da tensão principal no concreto é tomado como igual ao ângulo da deformação
principal. O painel da direita ilustra as relações constitutivas para os materiais,
N = Nc + Ns (9.34)
Em que:
Figura 9.9 – Comportamento médio para (a) concreto e (b) armaduras submetidos à tração.
(a) (b)
(Fonte: Bentz (2000)).
Uma análise equivocada do problema pode produzir o diagrama tensão versus deformação,
apresentado na Figura 9.10 (a). Esse resultado é considerado inadequado, uma vez que as
forças carregadas pelo concreto e pelas armaduras foram somadas ao longo de todo o
processo de deformação do prisma, o que é particularmente incorreto.
Figura 9.10 – (a) Comportamento inadequado de deformação do prisma e (b) diagrama de corpo livre
na fissura para elemento unidimensional.
(a) (b)
(Fonte: Bentz (2000)).
Considere-se agora o diagrama de corpo livre ilustrado na Figura 9.10 (b), sendo que pelo
lado esquerdo são consideradas as relações médias utilizadas pelo MCFT e pelo lado direito
são consideradas tensões locais na fissura sem que haja a participação do concreto à tração.
Analisando-se o diagrama de corpo livre, fica evidente que pelo lado direito a tensão fsx deve
ser limitada pela tensão de escoamento das armaduras e que f1 = 0. A garantia de que a tensão
local na fissura não superará a tensão de escoamento do aço é basicamente o procedimento
denominado de “crack check” no MCFT. Utilizando-se a verificação de “crack check”, pode-
se chegar a um diagrama mais realista do comportamento tensão versus deformação do
elemento prismático de concreto armado submetido à tração, conforme ilustrado na Figura
9.11.
Figura 9.11 – Comportamento tensão versus deformação de prisma de concreto armado, considerando-
se o procedimento de “crack check”.
Para o caso bidimensional, o procedimento “crack check” torna-se um pouco mais complexo.
Primeiramente, uma verificação uniaxial deve ser feita em cada uma das direções das
armaduras, acompanhada de uma verificação adicional, objetivando-se responder se há
possibilidade de transmissão de cisalhamento na interface da fissura.
Basicamente, assume-se que a fissura não pode transmitir nenhuma tensão axial de tração.
Também assume-se que as direções das tensões principais possam rotacionar localmente na
fissura e, dessa maneira, o aparecimento de cisalhamento poderá ocorrer na interface da
fissura caso as condições de equilíbrio conduzam a essa condição. Implicitamente, assume-se
que o concreto está tentando manter a máxima capacidade de resistência à tração quanto
possível, sendo que esse valor máximo obedece à equação constitutiva de “tension stiffening”.
Conforme pode-se observar pela Figura 9.12, a tensão principal de compressão no concreto
(f2) é irrelevante para o equilíbrio. As tensões de importância na fissura são basicamente as
tensões locais nas armaduras (fsx-crack e fsy-crack), bem como o cisalhamento em potencial na
interface fissurada (vci). Como há três resultantes de tensão e apenas duas equações de
equilíbrio disponíveis, o problema pode apresentar mais de uma solução no que se refere ao
equilíbrio na fissura.
qualquer tensão de cisalhamento na fissura seja requerido. Uma vez que esse comportamento
está acontecendo apenas localmente na fissura, esse efeito não terá influência na resposta
global tensão versus deformação.
Somando-se as forças nas direções x e y da Figura 9.12, podem-se obter as equações que
garantem o procedimento “crack check” para o caso bidimensional. Seguindo-se os passos
indicados, pode-se garantir que a tensão na fissura não ultrapassará a tensão de escoamento
das armaduras nas direções x e y. Adicionalmente, pode-se garantir que a tensão de
cisalhamento na fissura será menor do que um limite máximo calculado em função da
abertura de fissura. O fluxograma de cálculo é apresentado a seguir:
Observe-se que as Equações (9.36) e (9.37) constituem o procedimento “crack check”, caso se
imponha na Equação (9.35) que fsx-crack = fyx = fyy;
e) calcula-se a máxima tensão de tração permitida para o equilíbrio nas direções x (f1c) e y
(f1d):
Tabela 9.1 – Tensão de cisalhamento máxima na fissura de acordo com Bentz (2000).
Tensão de
Condição Significado
Cisalhamento
f1cx = 0 e f1cy = 0 Escoamento Médio Biaxial vci = 0
Direção x dominante com escoamento da armadura na
f1cx > f1cy e f1cy < f1 vci = (f1 – f1cy).cot θ
fissura
Direção y dominante sem escoamento da armadura na
f1cx > f1cy e f1cy > f1 vci = 0
fissura
Direção x dominante com escoamento da armadura na
f1cx < f1cy e f1cx < f1 vci = (f1cx – f1).tan θ
fissura
Direção x dominante sem escoamento da armadura na
f1cx > f1cy e f1cx > f1 vci = 0
fissura
A técnica de solução proposta por Vecchio e Collins (1986) é um tanto quanto sofisticada e
requer o uso de estratégias apropriadas para a implementação numérica. Assim, será
apresentada na sequência uma estratégia para implementação do MCFT, tomando-se proveito
de matrizes apropriadas e técnicas numéricas, baseadas no Método da Rigidez Secante.
Maiores detalhes da implementação ora aqui apresentada podem ser encontrados nos
trabalhos de Vecchio (1989, 1990), Bentz (2000) e Hoogenboom e Voskamp (2004).
De acordo com Bentz (2000), uma das maneiras mais eficientes de se obter o estado de
deformação, a partir de um estado de tensão conhecido, é por meio do emprego do Método da
Rigidez Secante, em que qualquer curva tensão versus deformação pode ser representada pela
Equação (9.45). A Figura 9.13 procura ilustrar a definição de módulo secante e módulo
tangente para o concreto e para barras de aço, de acordo com Krpan (1974).
Figura 9.13 – Módulos secante e tangente para (a) concreto e (b) barras de aço.
(a) (b)
(Fonte: Bentz (2000)).
Basicamente, o vetor das deformações (ε) pode ser relacionado ao vetor das tensões (σ)
através da matriz D, definida como a Matriz de Rigidez Secante e apresentada na Equação
(9.46). Utilizando-se essa matriz, a solução para qualquer termo desconhecido pode
facilmente encontrada com grande estabilidade. Deve-se observar que a Matriz de Rigidez
Secante é simétrica e totalmente povoada.
[D]{ε } = {σ } (9.46)
{ε } = {ε x , ε y , γ xy } (9.47)
{σ } = {f x , f y , v xy } (9.48)
De acordo com Selby (1993), a Matriz de Rigidez Secante, apresentada na Equação (9.46), é
calculada em função das direções principais e posteriormente rotacionada para o sistema de
eixos cartesiano. A matriz é basicamente constituída por componentes pelo concreto [Dc] e
pelas armaduras [Ds], conforme ilustra a Equação (9.49):
Para a determinação da matriz [Dc], é necessário calcular a mesma nas direções principais e
depois rotacionar a mesma para o sistema cartesiano. Esse procedimento pode ser feito,
empregando-se a Equação (9.50):
A Matriz de Transformação [T] para o caso bidimensional é composta pelos seguintes termos,
descritos nas equações a seguir. Deve-se observar que a Matriz de Transformação é descrita
em função do ângulo θ, que é o ângulo principal de tensão e deformação para o concreto.
k 2 = − sen(π − θ ) (9.53)
l1 = sen(π − θ ) (9.54)
l 2 = cos(π − θ ) (9.55)
E c1 0 0
[Dc ] '
= 0 Ec 2 0 (9.56)
0 0 Gc12 .
E c1 = f 1 / ε 1 (9.57)
Ec2 = f 2 / ε 2 (9.58)
Uma vez que as armaduras são responsáveis somente pela absorção de força normal, a matriz
[Ds] total para as direções x e y será dada pela Equação (9.60):
ρ x .E sx 0 0 (9.60)
[ Ds ] = 0 ρ y .E sy 0
0 0 0
f sx (9.61)
E sx =
εx
f sy (9.62)
E sy =
εy
s mx = (2 / 3).(φ x / 3,6.ρ x )
s my = (2 / 3).(φ y / 3,6.ρ y )
ε xm 0
ε m = ε ym = 0
γ 0
xym
f1 = 0
f2 = 0
ε x = ε xm
ε y = ε ym
γ xy = γ yxm
f _ 1g = f1
f _ 2g = f 2
(ε y − ε x ) 2 + γ xy2
arad = (Raio do Círculo)
2
(ε x + ε y )
acen = (Centro do Círculo)
2
e_ 1a = arad + acen (Deformação Principal de Tração)
e _ 2 a = acen − arad (Deformação Principal de Compressão)
0,5.γ xy
θ a = arc tan
(ε y − ε x )
Se f _ 1g ≤ 0,0001 → Ec1 = Ec
Se f _ 1g > 0,0001 → E c1 = f _ 1g / ε _ 1a
Se f _ 2 g ≤ 0,0001 → E c 2 = E c
Se f _ 2 g > 0,0001 → E c 2 = f _ 2 g / ε _ 2 a
E c1 .E c 2
Gc12 =
E c1 + E c 2
E c1 0 0
[Dc ] = 0 Ec 2 0
0 0 Gc12 .
E sxi
E sx = min f yx
εx
E syi
E sy = min f yy
ε
y
ρ x .E sx 0 0
[ D s ] = 0 ρ y .E sy 0
0 0 0
ψ = 180 − θ a
[D ] = [T ]T [Dc ] [T ] + [ Ds ]
• Cálculo das Novas Deformações:
ε xm fx
−1
ε ym = [ D] f y
γ xym v xy
(ε ym − ε xm ) 2 + γ xym
2
rad =
2
(ε xm + ε ym )
cen =
2
e1 = rad + cen
e2 = cen − rad
0,5.γ xym
θ = arc tan
(ε ym − ε xm )
f sxa = E s .ε x ≤ f yx
f sya = E s .ε y ≤ f yy
fc
f 2,max, a =
0,8 + 170.ε 1
f
f 2 ,max ≥ 2, max, a
fc
ε ε
2
f 2 = f 2, max .2 2 − 2
ε c ε c
Se ε 1 < ε cr → f 1a = ε 1 .E c
f cr
Se ε 1 ≥ ε cr → f1a =
1 + 500.ε 1
1
s mθ =
senθ cosθ
+
s mx s my
w = ε 1 .s mθ
0,18. f c
ν ci ,max,a ≤
0,31 + 24w/(φa + 16)
f1cx = ρ x .( f yx − f sx )
f1cy = ρ y .( f yy − f sy )
f 1 = min( f 1a , f 1b , f 1c , f 1d )
f x f x _ new
Se Tol = f y − f y _ new < 0,00001 → Convergência Obtida (STOP)
v xy v xy ,new
f x f x _ new
Se Tol = f y − f y _ new > 0,00001 → Efetuar novo loop, assumindo:
v xy v xy ,new
ε x = ε xm
ε y = ε ym
γ xy = γ yxm
f _ 1g = f1
f _ 2g = f 2
Conforme mencionado, uma formulação que faz frente ao “Modified Compression Field
Theory (MCFT)" é o “Softened Truss Model (STM)”, proposto por Hsu (1993). O “Softened
Truss Model” é um avanço em relação ao “Mohr Compatibility Truss Model”, pela
introdução de relações constitutivas não-lineares dos materiais por meio de observações
experimentais, realizadas na Universidade de Houston.
De acordo com Hsu (1993), a relação tensão versus deformação do concreto deve apresentar
duas características. A primeira é a relação não -linear entre as tensões e as deformações. A
segunda característica, e talvez a mais importante, é o efeito de abrandamento no concreto
em compressão, ocasionado pela fissuração na direção perpendicular por tensões de tração.
Dessa maneira, um coeficiente de abrandamento (“softening coefficient”) deve ser
incorporado à relação constitutiva do concreto.
A seguir, apresentam-se as principais características de uma das teorias que fazem frente ao
"Modified Compression Field Theory". É de se observar, no entanto, que o fundamento dos
dois métodos são semelhantes, existindo apenas algumas diferenças em relação ao modelos
constitutivos. Deve-se observar novamente que, de maneira a manter a respeitar a notação
utilizada por HSU (1993), o ângulo θ (ângulo de inclinação da diagonal comprimida) foi
alterado para α.
ε εd
2
ε (10.7)
σ d = ζ . f ck .2. d − para d ≤ 1
ζε o ζε o ζε o
ε / ζε − 1 2 ε (10.8)
σ d = ζ . f ck .1 − d o
para d > 1
2 / ζ − 1 ζε o
0,9 (10.9)
ζ =
1 + 400.ε r
ε o = 0,002 (10.10)
0,00008
0, 4 (10.12)
σ r = f cr . para ε r > 0,00008
εr
f l = E s .ε l para ε l ≤ ε ly (10.15)
f t = E s .ε t para ε t ≤ ε ty (10.17)
Es
−ε y ε
1
εy
− fy
Na realidade, Hsu (1993) recomenda para o aço um co mportamento mais complexo em que é
definida uma espécie de escoamento aparente propici ada pela interação com o concreto. Na
realidade, o comportamento das armaduras, quando ci rcundadas por concreto, tende a ser um
pouco mais rígido. No entanto, de maneira a se faci litar a implementação do modelo, será
considerado no presente trabalho o comportamento si mples e isolado das barras de aço,
tendo-se em vista que os erros cometidos são pequen os.
Ainda de acordo com Hsu (1993), se uma estrutura es tá sujeita a cargas estáticas e a
deformação da estrutura não é relevante, então pode -se assumir com segurança o
comportamento bilinear simples das barras de aço e σr = 0. Basicamente, do ponto de vista
de resistência, o erro cometido com a hipótese não conservadora de comportamento simples
das barras de aço cancela o erro assumido com a hip ótese conservadora de que o concreto
não possa absorver tensões de tração. Nesse caso, a s deformações tenderão a ser
superestimadas, uma vez que o efeito de enrijecimen to das barras pelo concreto está sendo
negligenciado.
Por outro lado, o uso simultâneo do comportamento b ilinear do aço (Equações 10.15 a 10.18)
com o comportamento do concreto à tração (Equações 10.11 a 10.14) introduz um erro
conceitual. Esse tratamento conduz a um falso enrij ecimento do concreto, reduzindo
corretamente as deformações mas levando a um acrésc imo de resistência que não pode ser
garantido. Assim, caso não sejam implementadas as c urvas de comportamento do aço
enrijecidas pela aderência ao concreto, recomenda-s e que seja utilizado σr = 0.
O estado de tensão descrito pela tensões σl, σt e τlt , conforme ilustra a Figura 10.4, também
pode ser expresso em termos de três variáveis principais de tensão, nomeadamente σ1, S e
α2.
Figura 10.4 – Relação entre as tensões aplicadas e as tensões principais.
De acordo com Hsu (1993), quando um elemento está sujeito a um aumento de carregamento
proporcional entre as tensões σl, σt e τlt , a tensão principal σ1 sofre um aumento, enquanto as
variáveis S e α2 permanecem constantes. Dessa maneira, as tensões externas aplicadas σl, σt
e τlt podem ser definidas em função da tensão principal σ1, conforme a seguir:
σ l = ml .σ 1 (10.19)
σ t = mt .σ 1 (10.20)
τ lt = mlt .σ 1 (10.21)
O ângulo α pode ser finalmente eliminado, igualando-se os membros do lado esquerdo das
equações (10.31) e (10.32):
C = (σ r + ρ l f l ).(σ r + ρ t f t ) (10.37)
Para facilitar o procedimento iterativo que será apresentado adiante, convém definir a
deformação εl em função da tensão fl, bem como a deformação εt em função da tensão ft. A
deformação longitudinal εl pode ser exprimida em função da tensão fl, eliminando-se o
ângulo α das Equações (10.1) e (10.4). Da Equação (10.1), pode-se obter:
− σ l + σ r + ρl fl (10.39)
cos 2 α =
σr −σd
εl −εr (10.40)
cos 2 α =
εr −εd
εr −εd (10.41)
εl = εr + (σ l + σ r − ρ l f l )
σ r −σ d
εr −εd (10.42)
εl = εr + ( ml σ 1 + σ r − ρ l f l )
σ r −σ d
Da mesma forma, a deformação transversal εt pode ser exprimida em função da tensão ft,
eliminando-se o ângulo α das Equações (10.2) e (10.5). Da Equação (10.2), pode-se obter:
− σ t + σ r + ρt ft (10.43)
sen 2α =
σr −σd
−εt + εr (10.44)
sen 2α =
εr −εd
εr −εd (10.45)
εt = εr + (σ t − σ r − ρ t f t )
σ r −σ d
εr −εd (10.46)
εt = εr + ( mt σ 1 − σ r − ρ l f l )
σ r −σ d
Somando-se as Equações (10.4) e (10.5), pode-se ainda obter a deformação εr, conforme a
seguir:
εr = εl + εt − εd (10.47)
Finalmente, o ângulo α pode ainda ser obtido, a partir das Equações (10.4) e (10.5), e
possuirá o seguinte valor:
εl − εd (10.48)
tan 2 α =
εt − εd
Nos casos em que há aumento proporcional das tensões externas aplicadas (σl, σt e τlt),
costuma-se selecionar a variável εd , uma vez que a mesma varia monotonicamente desde
zero até um valor máximo, possibilitando-se assim traçar o comportamento completo da
estrutura em análise. Para que se possa resolver o problema de maneira iterativa, há
necessidade de se assumir os valores de εr e σ1 e num procedimento iterativo procura-se
fazer com que os valores assumidos se igualem ao valores calculados. Para resolver o
procedimento iterativo, aplica-se o fluxograma apresentado na Figura 10.5.
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VECCHIO, F. J.; COLLINS, M. P..“The Modified Compression Field Theory for Reinforced
Concrete Elements Subjected to Shear”. ACI Journal, v.83, n.22, p.219-231, 1986.
XIE, L.. “The Influence of Axial Load and Prestress on The Shear Strength of Web-Shear
Critical Reinforced Concrete Elements”. Phd Thesis, University of Toronto, 2009.
YAMAGUCHI, T; KOIKE, K; NAGANUMA, K.; TAKEDA, T.. “Pure Shear Loading Tests
on Reinforced Concrete Panels Part I: Outlines of Tests”. Proceedings, Japanese
Architectural Associations, Kanto Japan, oct, 1988.
ZHANG, L. X.; HSU, T.T.C.. “Behavior and Analysis of 100 MPa Concrete Membrane
Elements”. Journal of Structural Engineering, ASCE, v.124, n.1, pp.24-34, 1998.
APÊNDICE A
(Código MATLAB para o Dimensionamento de Elementos de Membrana)
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% %
% Dimensionamento de Elementos de Membrana em Concreto Estrutural %
% Versão iniciada em 25 de Fevereiro de 2009 por Rafael Alves de Souza %
% %
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%
% (##### Descrição dos Parâmetros #####)
%
% Nx = Força normal característica na direção x (kN/m);
% Ny = Força normal característica na direção y (kN/m);
% Nxy = Força de cisalhamento característica (kN/m);
% h = Espessura do painel (m);
% fck = Resistência característica do concreto à compressão (MPa);
% fcd = Resistência de cálculo do concreto à compressão (MPa);
% fyk = Resistência característica das armaduras à tração (MPa);
% fyd = Resistência de cálculo das armaduras à tração (MPa);
% gama_c = Coeficiente de minoração do concreto;
% gama_s = Coeficiente de minoração do aço;
% gama_f = Coeficiente de majoração dos carregamentos;
% Nxx = Força característica na armadura na direção x (kN/m);
% Nyy = Força característica na armadura na direção x (kN/m);
% Nc = Força característica no concreto (kN/m);
% fc_max = Máxima tensão de cálculo suportada pelo concreto (MPa);
% theta = ângulo de inclinação da escora (graus);
% As_x = Armadura necessária na direção x (cm2/m);
% As_y = Armadura necessária na direção y (cm2/m);
% As_min = Armadura mínima necessária (cm2/m);
% Es = Módulo de elasticidade das armaduras (MPa);
% Ec = Módulo de elasticidade do concreto (MPa);
% fcr = Tensão de fissuração do concreto à tração (MPa)
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%%%%%% Clear screen
clc
clear
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%%%%%% Dados de Entrada
Nx = -189.6;
Ny = -1498.8;
Nxy = 720;
h = 0.12;
fck = 30;
fyk = 500;
gama_c = 1.4;
gama_s = 1.15;
gama_f = 1.4;
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%%%%%% Levantamento dos Esforços
% Caso 1
% Asx e Asy Necessários
if Nx >= -abs (Nxy) && Ny >= -abs(Nxy)
Caso = 1;
theta = 45;
Nxx = Nx + abs(Nxy);
Nyy = Ny + abs(Nxy);
Nc = (-2*abs(Nxy));
fc_max = 0.6*(1 - fck/250)*(fck/gama_c);
end
% Caso 2
% Só Asy Necessário
if Nx < -abs (Nxy) && Ny >= ((Nxy)^(2))/(Nx)
Caso = 2;
theta = atand(-Nx/Nxy);
Nxx = 0;
Nyy = (Ny - (((Nxy)^2)/(Nx)));
Nc = (Nx + (((Nxy)^2)/(Nx)));
fc_max = 0.6*(1 - fck/250)*(fck/gama_c);
end
% Caso 3
% Só Asx Necessário
if Nx > (((Nxy)^2)/(Ny)) && Ny < -abs (Nxy)
Caso = 3;
theta = atand(-(Nxy/Ny));
Nxx = Nx - (((Nxy)^2)/Ny);
Nyy = 0;
Nc = (Ny + (((Nxy)^2)/(Ny)));
fc_max = 0.6*(1 - fck/250)*(fck/gama_c);
end
% Caso 4
% Asx e Asy Desnecessários
if Nx < -abs (Nxy) && Ny < ((Nxy)^(2))/(Nx)
Caso = 4;
theta = atand(-Nx/Nxy);
Nxx = 0;
Nyy = 0;
Nc1 = ((Nx + Ny)/2)- sqrt(((Nx - Ny)/2)^(2)+ ((Nxy)^(2)));
Nc2 = ((Nx + Ny)/2)+ sqrt(((Nx - Ny)/2)^(2)+ ((Nxy)^(2)));
Nc_list = [Nc1 Nc2];
Nc = min (Nc_list);
a = Nc2/Nc1;
k = (1 + 3.65*a)/((1+a)^2);
fc_max = 0.85*(1 - fck/250)*(fck/gama_c)*k;
end
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%%%%%% Dimensionamento das Armaduras
% Cálculo das Armaduras Mínimas
% Armadura Mínima Convencional
As_min1 = (0.15*h*100);
% Armadura Mínima Segundo Hoogenboom
Es = 210000;
Ec = 5600*(fck)^(1/2);
fcr = 0.33*sqrt(fck);
As_min2 = (((Ec*fcr)/(Ec*(fyk + fcr)- Es*fcr))*100)*h*100;
As_min_list = [As_min1 As_min2];
As_min = max(As_min_list);
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%%%%%% Tensão Atuante no Concreto CEB-FIP MC90
fc_d = abs((gama_f*Nc*0.001)/h);
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%%%%%% Impressão dos Resultados
fprintf ('********** DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS DE MEMBRANA
***********');
fprintf ('\n');
fprintf ('(((Software Desenvolvido por Rafael Alves de Souza, 2011)))');
fprintf ('\n');
fprintf ('\n');
fprintf
('*****************************************************************');
fprintf ('\n');
fprintf ('******************* Resumo dos Dados de Entrada
*****************');
fprintf ('\n');
fprintf
('*****************************************************************');
fprintf ('\n');
fprintf ('\n');
fprintf ('Força Nx (kN/m)= %2.2f \n', Nx);
fprintf ('Força Ny (kN/m)= %2.2f \n', Ny);
fprintf ('Força Nxy (kN/m)= %2.2f \n', Nxy);
fprintf ('Resistência Característica do Concreto à Compressão (MPa)= %2.2f
\n', fck);
fprintf ('Resistência Característica ao Escoamento das Armaduras (MPa)=
%2.2f \n', fyk);
fprintf ('Coeficiente de Minoração do Concreto = %2.2f \n', gama_c);
fprintf ('Coeficiente de Minoração do Aço = %2.2f \n', gama_s);
fprintf ('Coeficiente de Majoração das Ações = %2.2f \n', gama_f);
fprintf ('\n');
fprintf ('*************************************************************
*');
fprintf ('\n');
fprintf ('****************** Resultados do Dimensionamento
**************');
fprintf ('\n');
fprintf
('***************************************************************');
fprintf ('\n');
fprintf ('\n');
fprintf ('Caso de Carregamento = %2.0f \n', Caso);
fprintf ('Ângulo Theta (Graus)= %2.2f \n', theta);
fprintf ('Armadura Calculada na Direção X, Asx(cm2/m)= %2.2f \n', Asx);
fprintf ('Armadura Mínima na Direção X, As_min_x(cm2/m)= %2.2f \n',
As_min);
fprintf ('Armadura na Direção Y, Asy(cm2/m)= %2.2f \n', Asy);
fprintf ('Armadura Mínima na Direção Y, As_min(cm2/m)= %2.2f \n', As_min);
fprintf ('Tensão de Cálculo Atuante no Concreto, fc_d(MPa)= %2.2f \n',
fc_d);
fprintf ('Tensão Limite no Concreto, fc_max(MPa)= %2.2f \n', fc_max);
if fc_d >= fc_max
fprintf ('fc_d > fc_max, Risco de Ruptura por Compressão!!!');
else
fprintf ('fc_d < fc_max, Não Há Risco de Ruptura por Compressão!!!');
end
fprintf ('\n');
fprintf ('\n');
fprintf ('**************************************************************');
fprintf ('\n');
fprintf ('\n');
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
APÊNDICE B
(Código MATLAB para Análise com a Compression Field Theory)
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% %
% Análise de Elementos de Membrana em Concreto Estrutural %
% Modelo de Cálculo: Compression Field Theory %
% Versão iniciada em 25 de Fevereiro de 2009 por Rafael Alves de Souza %
% %
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%
clc % Limpa a tela de comando
clear % Remove todas as variáveis da área de trabalho
%
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%
% Input Data
%
rhox = 2.195/100; % Taxa de armadura na direção x
dx = 8; % Diâmetro das barras na direção x (mm)
fyx = 402; % Tensão de escoamento das barras na direção x (MPa)
Esxx = 200; % Módulo de elasticidade das barras na direção x (GPa)
rhoy = 2/100; % Taxa de armadura na direção y
dy = 8; % Diâmetro das barras na direção y (mm)
fyy = 403; % Tensão de escoamento das barras na direção y (MPa)
Esyy = 250; % Módulo de elasticidade das barras na direção y (GPa)
fcp = 21.8; % Resistência à compressão do concreto (MPa)
agg = 6; % Diâmetro máximo dos agregados (mm)
fx = 1; % Tensão normal na direção x (MPa)
fy = 2; % Tensão normal na direção y (MPa)
gxy = 1; % Tensão de cisalhamento no plano xy (MPa)
load_steps = 10; % Número de passos de carga
load_factor = 1; % Fator de carga
%
% Observação:
% O fator de carga deve ser menor do que o número de passo de carga!
%
% Inicialização das variáveis
%
i = 0; %
graph = [0.0000 0.0000];
graph_steel_x = [0.0000 0.0000];% Inicialização do gráfico da armadura x
graph_steel_y = [0.0000 0.0000];% Inicialização do gráfico da armadura y
smx = (2/3)*((dx)/(3.6*rhox)); % Distância média de fissuras na direção x
smy = (2/3)*((dy)/(3.6*rhoy)); % Distância média de fissuras na direção y
%
if fx == 0; % Evita problemas de processamento para variáveis nulas
fx = 0.000001;
end
%
if fy == 0; % Evita problemas de processamento para variáveis nulas
fy = 0.000001;
end
%
if gxy == 0; % Evita problemas de processamento para variáveis nulas
gxy = 0.00001;
end
%
% Propriedades do concreto calculadas a partir dos dados de entrada
%
ft = 0.33*sqrt(fcp); % Resistência à tração do concreto
Ec = ((2*(fcp))/0.002)/1000; % Módulo de elasticidade do concreto
ecr = ft/Ec; % Deformação limite à tração do concreto
%
for m = 1:load_steps
while abs(tol1)> 0.000001 & abs(tol2) > 0.0000001 & abs(tol3) > 0.0000001
n = i;
% Estado de Deformação
arad = sqrt(((ey - ex)^2) + (exy^2)) /2; % Raio do círculo para deformação
acen =(ex + ey)/ 2; % Centro do circulo para deformação
e_1a = acen + arad; % Deformação principal inicial na direção 1
e_2a = acen-arad; % Deformação principal inicial na direção 2
if abs(f_1g) == 0.0001
Ec_1 = 0.0000001;
end
f_1 = f_1a;
fprintf ('*********************************************************');
fprintf ('\n');
fprintf ('Passo de Carga Número = %2.2f \n', m);
fprintf ('Iteração Número = %2.2f \n', i);
fprintf ('SigmaX (MPa) = %2.2f \n', F(1));
fprintf ('SigmaY (MPa) = %2.2f \n', F(2));
fprintf ('TalXY (MPa) = %2.2f \n', F(3));
fprintf ('EpsilonX (mm/m) = %2.2f \n', ex);
fprintf ('EpsilonY (mm/m) = %2.2f \n', ey);
fprintf ('GamaXY (mm/m) = %2.2f \n', exy);
fprintf ('Theta (degrees) = %2.2f \n', theta);
fprintf ('Espaçamento entre fissuras (mm) = %2.2f \n', smth);
fprintf ('Abertura média de fissuras (mm) = %2.2f \n', w);
if fsx >= fyx
fprintf ('fsx (MPa) = %2.2f \n', fsx);
fprintf ('***Armadura Longitudinal em Escoamento!');
fprintf ('\n');
else
fprintf ('fsx (MPa) = %2.2f \n', fsx);
end
if fsy >= fyy
fprintf ('fsy (MPa) = %2.2f \n', fsy);
fprintf ('***Armadura Transversal em Escoamento!');
fprintf ('\n');
else
fprintf ('fsy (MPa) = %2.2f \n', fsy);
end
fprintf ('Tensão principal de tração f1 (MPa) = %2.2f \n', f_1g);
fprintf ('Tensão principal de compressão f2 (MPa) = %2.2f \n', f_2g);
graph (m+1,1)= F(3);
graph (m+1,2)= exy;
graph_crack (m+1,1)= F(3);
graph_crack (m+1,2)= w;
graph_steel_x (m+1,1)= gxy_new;
graph_steel_x (m+1,2)= fsx;
graph_steel_y (m+1,1)= gxy_new;
graph_steel_y (m+1,2)= fsy;
FR = F(3)/gxy;
fprintf ('Fator de segurança ao cisalhamento) = %2.2f \n', FR);
fprintf ('*********************************************************');
fprintf ('\n');
APÊNDICE C
(Código MATLAB para o Método Secante)
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% %
% Exemplo de Utilização do Método Secante %
% Relação Constitutiva do Concreto à Compressão %
% Versão iniciada em 25 de Fevereiro de 2009 por Rafael Alves de Souza %
% %
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
clear all
clc
hold all
% Initialização
clear x yy; % Limpeza de valores
dy = 30; % Inclinação Inicial (Módulo de Elasticidade, GPa)
x = sol_y/dy; % Solução Inicial
del_y = sol_y - eval(y); % Erro Inicial
tol = 0.001; % Tolerância
APÊNDICE D
(Dedução das Equações da Modified Compression Field Theory)
Seja o elemento em concreto armado fissurado apresentado na Figura D.1. Conforme pode-se
observar, podem ser deduzidas equações para as regiões entre fissuras (tensões médias, seção
1) e para as regiões na interface da fissuração (tensões locais, seção 2).
Figura D.1 - Elemento de membrana analisado com a Modified Compression Field Theory
∑F x =0
Asx
− f x ⋅ senθ − v ⋅ cos θ + f sx . ⋅ senθ + f 1 ⋅ senθ = 0
h
− f x ⋅ senθ − v ⋅ cos θ + f sx ⋅ ρ x ⋅ senθ + f1 ⋅ senθ = 0
ρ x ⋅ f sx = f x + v ⋅ cot θ − f 1 (1)
∑F y =0
Asy
− f y ⋅ cos θ − v ⋅ senθ + f sy . ⋅ cos θ + f 1 ⋅ cos θ = 0
h
− f y ⋅ cos θ − v ⋅ senθ + f sy .ρ y ⋅ cos θ + f 1 ⋅ cos θ = 0
ρ y ⋅ f sy = f y + v ⋅ tgθ − f 1 (2)
∑F y =0
v
f2 = − f1
cos θ ⋅ senθ
senθ cos θ sen ²θ + cos ²θ 1
Sabendo-se que tan θ + cot θ = + = = , tem-se que:
cos θ senθ senθ . cos θ senθ . cos θ
f 2 = v ⋅ (tan θ + cot θ ) − f 1 (3)
Enquanto a tensão média de cisalhamento é zero na Seção 1 (em termos de tensões médias
esse é um plano principal), na Seção 2 ocorrerá a tensão vci, que pode ser acompanhanda por
uma pequena compressão fci, normalmente tomada como zero. O equilíbrio leva às seguintes
equações:
∑F x =0
Asx
− f x ⋅ senθ − v ⋅ cos θ + f sxcr . ⋅ senθ − vci ⋅ cos θ = 0
h
− f x ⋅ senθ − v ⋅ cos θ + f sxcr .ρ x ⋅ senθ − vci ⋅ cos θ = 0
∑F y =0
Asy
− f y ⋅ cos θ − v ⋅ senθ + f sycr . ⋅ cos θ + vci ⋅ senθ = 0
h
− f y ⋅ cos θ − v ⋅ senθ + f sycr .ρ y ⋅ cos θ + vci ⋅ senθ = 0
3. Escoamento biaxial
ρ x ⋅ f sx = f x + v ⋅ cot θ − f 1
∴ f x = ρ x ⋅ f sx − v ⋅ cot θ + f 1 (6)
ρ y ⋅ f sy = f y + v ⋅ tgθ − f 1
∴ f y = ρ y ⋅ f sy − v ⋅ tgθ + f 1 (8)
Multiplicando-se a Equação (7) por sen²θ e a Equação (9) por cos²θ tem-se:
Como as tensões fsxcr e fsycr devem ser no máximo iguais as suas respectivas tensões de
escoamento, tem-se que:
f 1 ≤ ρ x ⋅ ( f sxcr − f sx ) ⋅ sen ²θ + ρ y ⋅ ( f sycr − f sy ) ⋅ cos ²θ (11.a)
0,18 ⋅ f 'c
v ci ≤ v ci ,max = (12) (Unidades em MPa e mm)
24 ⋅ w
0,31 +
a g + 16
w = ε 1 ⋅ s mθ
1
smθ =
senθ cos θ
+
smx smy
2 φx 2 φy
smx = ⋅ e smy = ⋅
3 3,6 ⋅ f x 3 3,6 ⋅ f y
Além disso, recorrendo-se às Equações (7) e (9), pode-se encontrar uma expressão
apropriada para vci. Multiplicando a Equação (7) por senθ.cosθ e a Equação (9) por
(-senθ.cosθ), tem-se:
ρ x ⋅ f sxcr ⋅ senθ ⋅ cosθ − ρ y ⋅ f sycr ⋅ senθ ⋅ cosθ = ρ x ⋅ f sx ⋅ senθ ⋅ cos θ − ρ y ⋅ f sy ⋅ senθ ⋅ cos θ + vci
A Equação (13) representa a máxima tensão de cisalhamento para que ocorra o escoamento
biaxial das armaduras. Por outro lado, a máxima tensão de cisalhamento pode ser obtida
graficamente a partir da figura a seguir:
f 1cx
.co
sθ.
n²θ
sen
θ
.se
θ
f 1cx
f 1cy
.co
sθ. f 1cx.senθ
se nθ
θ
f 1cy.cosθ
s²θ
. co
f 1cy
θ
f 1cx − f 1cy
v ci ,max,b = v ci, 2 = f 1cx − f 1cy ⋅ senθ ⋅ cos θ =
tan θ + cot θ
f 1 = ρ y ⋅ ( f sycr − f sy ) + v ci ⋅ tgθ
5. Resumo do crack-check
A tensão de tração no concreto ocorre entre fissuras e nessas fissuras ela cai a zero,
acontecendo portanto uma transferência desta tensão de tração para as armaduras. Desta
forma, as tensões nas armaduras aumentam nas fissuras e f1 fica limitado pela seguinte
expressão.
a) Cálculo de f1,a
f 1a = ε 1 ⋅ Ec se ε 1 < ε cr
f cr
f 1a = se ε 1 ≥ ε cr
1 + 500 ⋅ ε 1
b) Cálculo de f1,b
f 1b = f 1cx ⋅ sen ²θ + f 1cy ⋅ cos ²θ (Equação (11), condição de escoamento biaxial sem presença
de cisalhamento na fissura)
f 1cx = ρ x ⋅ ( f yx − f sx )
f 1cy ≤ ρ y ⋅ ( f yy − f sy )
c) Cálculo de f1,c
0,18 ⋅ f 'c
v ci ≤ v ci ,max =
24 ⋅ w
0,31 +
a g + 16
f 1c = f 1cx + min(vci ,max, a ; v ci ,max,b ) ⋅ cot θ (Equação (14), máxima tensão com escoamento em x
considerando cisalhamento)
d) Cálculo de f1,c
f 1d = f1cy + min(v ci ,max, a ; vci , max,b ) ⋅ tgθ ( Equação (15), máxima tensão com escoamento em y
considerando cisalhamento)
APÊNDICE E
(Código MATLAB para Análise com a Modified Compression Field
Theory)
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% %
% Análise de Elementos de Membrana em Concreto Estrutural %
% Modelo de Cálculo: Modified Compression Field Theory %
% Versão iniciada em 25 de Fevereiro de 2009 por Rafael Alves de Souza %
% %
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%
clc % Limpa a tela de comando
clear % Remove todas as variáveis da área de trabalho
%
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%
% Input Data
%
rhox = 2.195/100; % Taxa de armadura na direção x
dx = 8; % Diâmetro das barras na direção x (mm)
fyx = 402; % Tensão de escoamento das barras na direção x (MPa)
Esxx = 200; % Módulo de elasticidade das barras na direção x (GPa)
rhoy = 0; % Taxa de armadura na direção y
dy = 8; % Diâmetro das barras na direção y (mm)
fyy = 0; % Tensão de escoamento das barras na direção y (MPa)
Esyy = 0; % Módulo de elasticidade das barras na direção y (GPa)
fcp = 21.8; % Resistência à compressão do concreto (MPa)
agg = 6; % Diâmetro máximo dos agregados (mm)
fx = 3.1; % Tensão normal na direção x (MPa)
fy = 0; % Tensão normal na direção y (MPa)
gxy = 1; % Tensão de cisalhamento no plano xy (MPa)
load_steps = 100; % Número de passos de carga
load_factor = 10; % Fator de carga
%
% Observações:
% O fator de carga deve ser menor do que o número de passo de carga!
% Para passo de carga único definir load_steps = 1 e load_factor = 1
% O carregamento indicado será dividido pelo load_factor e serão dados
% incrementos com esse valor num número total de load_steps.
%
%
% Inicialização das variáveis
%
i = 0; %
graph = [0.0000 0.0000];
graph_steel_x = [0.0000 0.0000];% Inicialização do gráfico da armadura x
graph_steel_y = [0.0000 0.0000];% Inicialização do gráfico da armadura y
smx = (2/3)*((dx)/(3.6*rhox)); % Distância média de fissuras na direção x
smy = (2/3)*((dy)/(3.6*rhoy)); % Distância média de fissuras na direção y
%
if fx == 0; % Evita problemas de processamento para variáveis nulas
fx = 0.000001;
end
%
if fy == 0; % Evita problemas de processamento para variáveis nulas
fy = 0.000001;
end
%
if gxy == 0; % Evita problemas de processamento para variáveis nulas
gxy = 0.00001;
end
%
% Propriedades do concreto calculadas a partir dos dados de entrada
%
for m = 1:load_steps
while abs(tol1)> 0.000001 & abs(tol2) > 0.0000001 & abs(tol3) > 0.0000001
n = i;
% Estado de Deformação
arad = sqrt(((ey - ex)^2) + (exy^2)) /2; % Raio do círculo para deformação
acen =(ex + ey)/ 2; % Centro do circulo para deformação
e_1a = acen + arad; % Deformação principal inicial na direção 1
e_2a = acen-arad; % Deformação principal inicial na direção 2
f_1a = f1_c;
end
% vci max
vcimaxa = 0.18 * sqrt(fcp)/(0.3 + 24 * w /(agg + 16));
fprintf ('*********************************************************');
fprintf ('\n');
fprintf ('Passo de Carga Número = %2.2f \n', m);
fprintf ('Iteração Número = %2.2f \n', i);
fprintf ('SigmaX (MPa) = %2.2f \n', F(1));
fprintf ('SigmaY (MPa) = %2.2f \n', F(2));
fprintf ('TalXY (MPa) = %2.2f \n', F(3));
fprintf ('EpsilonX (mm/m) = %2.2f \n', ex);
fprintf ('EpsilonY (mm/m) = %2.2f \n', ey);
fprintf ('GamaXY (mm/m) = %2.2f \n', exy);
fprintf ('Theta (degrees) = %2.2f \n', theta);
fprintf ('Espaçamento entre fissuras (mm) = %2.2f \n', smth);
fprintf ('Abertura média de fissuras (mm) = %2.2f \n', w);
if fsx >= fyx
fprintf ('fsx (MPa) = %2.2f \n', fsx);
fprintf ('***Armadura Longitudinal em Escoamento!');
fprintf ('\n');
else
fprintf ('fsx (MPa) = %2.2f \n', fsx);
end
if fsy >= fyy
fprintf ('fsy (MPa) = %2.2f \n', fsy);
fprintf ('***Armadura Transversal em Escoamento!');
fprintf ('\n');
else
fprintf ('fsy (MPa) = %2.2f \n', fsy);
end
fprintf ('Tensão principal de tração f1 (MPa) = %2.2f \n', f_1g);
fprintf ('Tensão principal de compressão f2 (MPa) = %2.2f \n', f_2g);
graph (m+1,1)= F(3);
graph (m+1,2)= exy;
graph_crack (m+1,1)= F(3);
graph_crack (m+1,2)= w;
graph_steel_x (m+1,1)= gxy_new;
graph_steel_x (m+1,2)= fsx;
graph_steel_y (m+1,1)= gxy_new;
graph_steel_y (m+1,2)= fsy;
FR = F(3)/gxy;
fprintf ('Fator de segurança ao cisalhamento) = %2.2f \n', FR);
fprintf ('*********************************************************');
fprintf ('\n');
APÊNDICE F
(Código MATLAB para Análise com o Softened Truss Model)
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% %
% Análise de Elementos de Membrana em Concreto Estrutural %
% Modelo de Cálculo: Softened Truss Model %
% Versão iniciada em 25 de Fevereiro de 2009 por Rafael Alves de Souza %
% %
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%
% Limpeza das Variáveis do Sistema
clc
clear
%
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%
% Parâmetros de Entrada Definidos pelo Usuário
%
sigmal = 2.13;
sigmat = -2.13;
tallt = 3.70;
fck = 27.57;
fyk = 413.685;
Es = 199947.961;
rol = 1.033;
rot = 1.033;
%
% sigmal -- Tensão normal atuante na direção longitudinal ou x (MPa);
% sigmat -- Tensão normal atuante na direção transversal ou y (MPa);
% tallt -- Tensão de cisalhamento atuante no plano xy (MPa);
% fck -- Resistência à compressão do concreto (MPa);
% fyk -- Resistência à tração das armaduras (MPa);
% Es -- Módulo de elasticidade das armaduras (MPa)
% rol -- Taxa de armadura na direção longitudinal ou x (%);
% rot -- Taxa de armadura transversal ou na direção y (%);
%
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%
% Definição dos Parâmetros Complementares
%
% sigma1 -- Maior tensão principal (sempre positiva e em tração)
% sigma2 -- Menor tensão principal (pode ser positiva ou negativa);
% S -- Relação entre a menor e a maior tensão principal (positivo quando
% sigma 2 é tração e negativa quando sigma2 é compressão)
% alfa2 -- Ângulo entre a direção da menor tensão principal e o eixo
% longitudinal
% ml -- Coeficiente para a tensão normal longitudinal;
% mt -- Coeficiente para a tensão normal transversal;
% mlt -- Coeficiente para a tensão cisalhante;
% ed -- Deformação de compressão na direção d (Assumido);
% er -- Deformação de tração na direção r (Assumido);
% qsi -- Coeficiente de abrandamento do concreto;
% eo -- Deformação de compressão de pico (geralmente 0.002);
% sigmad -- Tensão de compressão no concreto na direção d;
% sigmar -- Tensão de tração no concreto na direção r;
% Ec -- Módulo de elasticidade do concreto;
% fcr -- Tensão de fissuração do concreto;
% fl -- Tensão normal atuante na armadura longitudinal;
% ft -- Tensão normal atuante na armadura transversal;
% el -- Deformação normal da armadura longitudinal;
% et -- Deformação normal da armadura transversal;
% alfa -- Ângulo de inclinação entre as direções l e d directions
% gamalt -- Deformação de cisalhamento no plano lt;
%
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%
% Início do Processamento
% Cálculo das Tensões Principais
%
sigma1 = ((sigmal + sigmat)/2) + sqrt((((sigmal - sigmat)/2)^2) +
((tallt)^2));
sigma2 = ((sigmal + sigmat)/2) - sqrt((((sigmal - sigmat)/2)^2) +
((tallt)^2));
S = sigma2/sigma1;
%
% Cálculo do Ângulo Alfa2
if sigmal == sigmat
alfa2 = acotd ((0.00000001)/(2*tallt));
else
alfa2 = acotd ((-sigmal + sigmat)/(2*tallt));
end
%
% Cálculo dos Coeficientes m
ml = sigmal/sigma1;
mt = sigmat/sigma1;
mlt = tallt/sigma1;
%
% Impressão dos Dados de Entrada e Resultados Iniciais
fprintf ('\n');
fprintf ('***Análise de Elementos de Membrana em Concreto Estrutural***
\n');
fprintf ('***Modelo de Cálculo: Softened Truss Model (STM)*** \n');
fprintf ('***Código implementado por Prof. Dr. Rafael Alves de Souza***
\n');
fprintf ('\n');
fprintf ('###Dados de Entrada \n');
fprintf ('Tensão Longitudinal (MPa) = %2.2f \n', sigmal);
fprintf ('Tensão Transversal (MPa) = %2.2f \n', sigmat);
fprintf ('Tensão de Cisalhamento (MPa) = %2.2f \n', tallt);
fprintf ('Resistência à Compressão do Concreto (MPa) = %2.2f \n', fck);
fprintf ('Resistência à Tração das Armaduras (MPa) = %2.2f \n', fyk);
fprintf ('Módulo de Elasticidade das Armaduras (MPa) = %2.2f \n', Es);
fprintf ('Taxa de Armadura Longitudinal = %2.2f \n', rol);
fprintf ('Taxa de Armadura Transversal = %2.2f \n', rot);
fprintf ('\n');
fprintf ('###Tensões Principais \n');
fprintf ('sigma1 = %2.2f \n', sigma1);
fprintf ('sigma2 = %2.2f \n', sigma2);
fprintf ('S = %2.2f \n', S);
fprintf ('alfa2 = %2.2f \n', alfa2);
fprintf ('\n');
fprintf ('###Coeficientes m \n');
fprintf ('ml = %2.2f \n', ml);
fprintf ('mt = %2.2f \n', mt);
fprintf ('mlt = %2.2f \n',mlt);
fprintf ('\n');
%
% Inicialização dos Vetores Gráficos
j = 1;
graph_gama = [0.0000 0.0000];
graph_tal = [0.0000 0.0000];
graph_steel_x = [0.0000 0.0000];
graph_steel_y = [0.0000 0.0000];
%
tol_t = 1;
branch = 0.1;
sigma1_calculated = sigma1_assumed;
sigma1_assumed = sigma1_calculated;
er = ernovo;
else
et = et_2;
end
% Cálculo de er
ernovo = el + et - ed;
% Conferência de Sigma1
en = fyk/Es;
if el <= en;
fl = Es*el;
else
fl = fyk;
end
if et <= en;
ft = Es*et;
else
ft = fyk;
end
subplot(2,2,3);
C = graph_tal(:,1);
D = graph_steel_y(:,2);
grid on;
line(C,D,'color','r','linewidth',2);
xlabel ('Tensão Tangencial (MPa)');
ylabel ('Tensão na Armadura - Direção Y (MPa)');
title ('\bfDiagrama Tensão Tangencial Versus Tensão na Armadura da Direção
y');