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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO AO CURSO. 4
1.1 Importância do estudo dos solos 4
1.2 A mecânica dos solos, a geotecnia e disciplinas relacionadas. 4
1.3 Aplicações de campo da mecânica dos solos. 5
1.4 Desenvolvimento do curso. 5
5. LIMITES DE CONSISTÊNCIA. 32
5.1 Noções básicas 32
5.2 Estados de consistência. 32
5.3 Determinação dos limites de consistência. 33
5.4 Índices de consistência 36
5.5 Alguns conceitos importantes. 36
7. ÍNDICES FÍSICOS. 56
7.1 Introdução. 56
7.2 Relações entre volumes. 56
7.3 Relação entre pesos e volumes - pesos específicos ou entre massas e volumes -
massa específica. 56
7.4 Diagrama de fases. 58
2
7.5 Utilização do diagrama de fases para a determinação das relações entre os diversos
índices físicos. 59
7.6 Densidade relativa 59
7.7 Ensaios necessários para determinação dos índices físicos. 60
7.8 Valores típicos. 61
9. COMPACTAÇÃO. 84
9.1 Introdução 84
9.2 O emprego da compactação 84
9.3 Diferenças entre compactação e adensamento. 84
9.4 Ensaio de compactação 85
9.5 Curva de compactação. 85
9.6 Energia de compactação. 87
9.7 Influência da compactação na estrutura dos solos. 88
9.8 Influência do tipo de solo na curva de compactação 89
9.9 Escolha do valor de umidade para compactação em campo 89
9.10 Equipamentos de campo 90
9.11 Controle da compactação. 93
9.12 Índice de suporte Califórnia (CBR). 96
1. INTRODUÇÃO AO CURSO
Por ser o solo um material natural, cujo processo de formação não depende de forma
direta da intervenção humana, o seu estudo e o entendimento de seu comportamento
depende de uma série de conceitos desenvolvidos em ramos afins de conhecimento. A
mecânica dos solos é o estudo do comportamento de engenharia do solo quando este é
usado ou como material de construção ou como material de fundação. Ela é uma disciplina
relativamente jovem da engenharia civil, somente sistematizada e aceita como ciência em
1925, após trabalho publicado por Terzaghi (Terzaghi, 1925), que é conhecido, com todos os
méritos, como o pai da mecânica dos solos. Um entendimento dos princípios da mecânica
dos sólidos é essencial para o estudo da mecânica dos solos. O conhecimento e aplicação de
princípios de outras matérias básicas como física e química são também úteis no
entendimento desta disciplina. Por ser um material de origem natural, o processo de
formação do solo, o qual é estudado pela geologia, irá influenciar em muito no seu
comportamento. O solo, como veremos adiante, é um material trifásico, composto
basicamente de ar, água e partículas sólidas. A parte fluida do solo (ar e água) pode se
apresentar em repouso ou pode se movimentar pelos seus vazios mediante a existência de
determinadas forças. O movimento da fase fluida do solo é estudado com base em conceitos
desenvolvidos pela mecânica dos fluidos. Pode-se citar ainda algumas disciplinas, como a
física dos solos, ministrada em cursos de agronomia, como de grande importância no estudo
de uma mecânica dos solos mais avançada, denominada de mecânica dos solos não
saturados. Além disto, o estudo e o desenvolvimento da mecânica dos solos são fortemente
amparados em bases experimentais, a partir de ensaios de campo e laboratório.
A aplicação dos princípios da mecânica dos solos para o projeto e construção de
fundações é denominada de "engenharia de fundações". A engenharia geotécnica (ou
geotecnia) pode ser considerada como a junção da mecânica dos solos, da engenharia de
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Este curso de mecânica dos solos pode ter sua parte teórica dividida em duas partes:
uma parte envolvendo os tópicos origem e formação dos solos, textura e estrutura dos solos,
análise granulométrica, estudo das fases ar-água-partículas sólidas, limites de consistência,
índices físicos e classificação dos solos, onde uma primeira aproximação é feita com o tema
solos e uma segunda parte, envolvendo os tópicos tensões geostáticas e induzidas,
compactação, permeabilidade dos solos, compressibilidade dos solos, resistência ao
cisalhamento, estabilidade de taludes e empuxos de terra e estruturas de contenção, onde um
tratamento mais fundamentado na ótica da engenharia civil é dado aos solos.
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Quando mencionamos a palavra solo já nos vem a mente uma idéia intuitiva do que
se trata. No linguajar popular a palavra solo está intimamente relacionada com a palavra
terra, a qual poderia ser definida como material solto, natural da crosta terrestre onde
habitamos, utilizado como material de construção e de fundação das obras do homem. Uma
definição precisa e teoricamente sustentada do significado da palavra solo é contudo
bastante difícil, de modo que o termo solo adquire diferentes conotações a depender do
ramo do conhecimento humano que o emprega. Para a agronomia, o termo solo significa o
material relativamente fofo da crosta terrestre, consistindo de rochas decompostas e matéria
orgânica, o qual é capaz de sustentar a vida. Desta forma, os horizontes de solo para
agricultura possuem em geral pequena espessura. Para a geologia, o termo solo significa o
material inorgânico não consolidado proveniente da decomposição das rochas, o qual não
foi transportado do seu local de formação. Na engenharia, é conveniente definir como rocha
aquilo que é impossível escavar manualmente, que necessite de explosivo para seu
desmonte. Chamamos de solo, em engenharia, a rocha já decomposta ao ponto granular e
passível de ser escavada apenas com o auxílio de pás e picaretas ou escavadeiras.
A crosta terrestre é composta de vários tipos de elementos que se interligam e
formam minerais. Esses minerais poderão estar agregados como rochas ou solo. Todo solo
tem origem na desintegração e decomposição das rochas pela ação de agentes intempéricos
ou antrópicos. As partículas resultantes deste processo de intemperismo irão depender
fundamentalmente da composição da rocha matriz e do clima da região. Por ser o produto
da decomposição das rochas, o solo invariavelmente apresenta um maior índice de vazios
do que a rocha mãe, vazios estes ocupados por ar, água ou outro fluido de natureza diversa.
Devido ao seu pequeno índice de vazios e as fortes ligações existentes entre os minerais, as
rochas são coesas, enquanto que os solos são granulares. Os grãos de solo podem ainda estar
impregnados de matéria orgânica. Desta forma, podemos dizer que para a engenharia, solo é
um material granular composto de rocha decomposta, água, ar (ou outro fluido) e
eventualmente matéria orgânica, que pode ser escavado sem o auxílio de explosivos.
2.2. Intemperismo
uma rocha é geralmente formada de diferentes tipos de minerais, cada qual possuindo uma
constante de dilatação térmica diferente, o que faz a rocha deformar de maneira desigual em
seu interior, provocando o aparecimento de tensões internas que tendem a fraturá-la. Mesmo
rochas com uma uniformidade de componentes não têm uma arrumação que permita uma
expansão uniforme, pois grãos compridos deformam mais na direção de sua maior
dimensão, tendendo a gerar tensões internas e auxiliar no seu processo de desagregação.
Como vimos, todo solo provem de uma rocha pré-existente, mas dada a riqueza da
sua formação não é de se esperar do solo uma estagnação a partir de um certo ponto. Como
em tudo na natureza, o solo continua suas transformações, podendo inclusive voltar a ser
rocha. De forma simplificada, definiremos a seguir um esquema de transformações que vai
do magma ao solo sedimentar e volta ao magma (fig. 2.1).
No interior do Globo Terrestre, graças às elevadas pressões e temperaturas, os
elementos químicos que compõe as rochas se encontram em estado líqüido, formando o
magma (fig. 2.1 -6).
A camada sólida da Terra pode romper-se em pontos localizados e deixar escapar o
magma. Desta forma, haverá um resfriamento brusco do magma (fig. 2.1 linha 6-1), que se
transformará em rochas ígneas, nas quais não haverá tempo suficiente para o
desenvolvimento de estruturas cristalinas mais estáveis. O processo indicado pela linha 6-1
é denominado de extrusão vulcânica ou derrame e é responsável pela formação da rocha
ígnea denominada de basalto. A depender do tempo de resfriamento, o basalto pode mesmo
vir a apresentar uma estrutura vítrea. Quando o magma não chega à superfície terrestre, mas
ascende a pontos mais próximos à superfície, com menor temperatura e pressão, ocorre um
resfriamento mais lento (fig. 2.1 linha 6-7), o que permite a formação de estruturas
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maiores indicam uma formação mais lenta, característica das rochas plutônicas, e vice-
versa.
Uma vez exposta, (fig. 2.1-1), a rocha sofre a ação das intempéries e forma os solos
residuais (fig. 2.1-2), os quais podem ser transportados e depositados sobre outro solo de
qualquer espécie ou sobre uma rocha (fig. 2.1 linha 2-3), vindo a se tornar um solo
sedimentar. A contínua deposição de solos faz aumentar a pressão e a temperatura nas
camadas mais profundas, que terminam por ligarem seus grãos e formar as rochas
sedimentares (fig. 2.1 linha 3-4), este processo chama-se litificação ou diagênese.
As rochas sedimentares podem, da mesma maneira que as rochas ígneas, aflorarem à
superfície e reiniciar o processo de formação de solo ( fig. 2.1 linha 4-1), ou de forma
inversa, as deposições podem continuar e conseqüentemente prosseguir o aumento de
pressão e temperatura, o que irá levar a rocha sedimentar a mudar suas características
texturais e mineralógicas, a achatar os seus cristais de forma orientada transversalmente à
pressão e a aumentar a ligação entre os cristais (fig. 2.1 linha 4-5). O material que surge daí
tem características tão diversas da rocha original, que muda a sua designação e passa a se
chamar rocha metamórfica.
Naturalmente, a rocha metamórfica está sujeita a ser exposta (fig. 2.1 linha 5-1),
decomposta e formar solo. Se persistir o aumento de pressão e temperatura graças à
deposição de novas camadas de solo, a rocha fundirá e voltará à forma de magma (fig. 2.1
linha 5-6). Obviamente, todos esses processos. com exceção do vulcanismo e de alguns
transportes mais rápidos, ocorrem numa escala de tempo geológica, isto é, de milhares ou
milhões de anos.
As rochas metamórficas podem se originar também da transformação de rochas
ígneas por níveis de pressão e temperatura elevados. O Gnaisse, por exemplo, é muito
encontrado no Rio de Janeiro (RJ). Este tipo de rocha que constitui o Corcovado e o Pão de
Açúcar. A origem dessa rocha se dá da transformação granito. A fig. 2.2 ilustra o formato
achatado dos grãos de Gnaisse do Arpoador, no Rio de Janeiro
formada pela intemperização do calcário superficial, cujo teto é sustentado pelas colunas de
basalto nas laterais.
(a) (b)
Figura 2.3 – (a) Colunas hexagonais de basalto expostas na ilha de Staffa, na
Irlanda. (b) Caverna com teto de calcário e colunas de basalto, no mesmo local. (Despertai,
08/11/2005)
São solos que permanecem no local de decomposição da rocha. Para que eles
ocorram é necessário que a velocidade de decomposição da rocha seja maior do que a
velocidade de remoção do solo por agentes externos. A velocidade de decomposição
depende de vários fatores, entre os quais a temperatura, o regime de chuvas e a vegetação.
As condições existentes nas regiões tropicais são favoráveis a degradações mais rápidas da
rocha, razão pela qual há uma predominância de solos residuais nestas regiões (centro sul do
Brasil, por exemplo). Como a ação das intempéries se dá, em geral, de cima para baixo, as
camadas superiores são, via de regra, mais trabalhadas que as inferiores. Este fato nos
permite visualizar todo o processo evolutivo do solo, de modo que passamos de uma
condição de rocha sã, para profundidades maiores, até uma condição de solo residual
maduro, em superfície. A fig. 2.4 ilustra um perfil típico de solo residual.
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Solo maduro
Solo jovem
Deformabilidade
Resistência
Saprolito
Rocha alterada
Rocha sã
O solo residual jovem apresenta boa quantidade de material que pode ser
classificado como pedregulho (# > 4,8 mm). Geralmente são bastante irregulares quanto a
resistência mecânica, coloração, permeabilidade e compressibilidade, já que o processo de
transformação não se dá em igual intensidade em todos os pontos, comumente existindo
blocos da rocha no seu interior. Pode-se dizer também que nos horizontes de solo jovem e
saprolítico as sondagens a percussão a serem realizadas devem ser revestidas de muito
cuidado, haja vista que a presença de material pedregulhoso pode vir a danificar os
amostradores utilizados, vindo a mascarar os resultados obtidos.
Os solos maduros, mais próximos à superfície, são mais homogêneos e não
apresentam semelhanças com a rocha original. De uma forma geral, há um aumento da
resistência ao cisalhamento, da textura (granulometria) e da heterogeneidade do solo com a
profundidade, razão esta pela qual a realização de ensaios de laboratório em amostras de
solo residual jovem ou do horizonte saprolítico é bastante trabalhosa.
No Recôncavo Baiano é comum a ocorrência de solos residuais oriundos de rochas
sedimentares. Um perfil típico de solo do recôncavo Baiano é apresentado na fig. 2.5, sendo
constituído de camadas sucessivas de argila e areia, coerente com o material que foi
depositado no local. Merece uma atenção especial o solo formado pela decomposição da
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rocha sedimentar denominada de folhelho, muito comum no Recôncavo Baiano. Esta rocha,
quando decomposta, produz uma argila conhecida popularmente como "massapê", que tem
como mineral constituinte a montimorilonita, apresentando grande potencial de expansão na
presença de água. As constantes mudanças de umidade a que o solo está submetido
provocam variações de volume que geram sérios problemas nas construções (aterros ou
edificações) assentes sobre estes solos. A fig. 2.6 apresenta fotos que ilustram alguns dos
aspectos de um Folhelho/Massapê comumente encontrado em Pojuca, Região Metropolitana
de Salvador. Na fig. 2.6(a) pode-se notar o aspecto extremamente fraturado do folhelho
alterado enquanto na fig. 2.6(b) nota-se a existência de uma grande quantidade de trincas de
tração originadas pela secagem do solo ao ser exposto à atmosfera.
(a) (b)
Figura 2.6- Características do Folhelho/Massapê, encontrado em Pojuca-BA. (a) -
Folhelho alterado e (b) - Retração típica do solo ao sofrer secagem.
Os solos sedimentares ou transportados são aqueles que foram levados ao seu local
atual por algum agente de transporte e lá depositados. As características dos solos
sedimentares são função do agente de transporte. Cada agente de transporte seleciona os
grãos que transporta com maior ou menor facilidade, além disto, durante o transporte, as
partículas de solo se desgastam e/ou quebram. Resulta daí um tipo diferente de solo para
cada tipo de transporte. Esta influência é tão marcante que a denominação dos solos
sedimentares é feita em função do agente de transporte predominante. Pode-se listar os
agentes de transporte, por ordem decrescente de seletividade, da seguinte forma:
Os agentes naturais citados acima não devem ser encarados apenas como agentes de
transporte, pois eles têm uma participação ativa no intemperismo e portanto na formação do
próprio solo, o que ocorre naturalmente antes do seu transporte.
O transporte pelo vento dá origem aos depósitos eólicos de solo. Em virtude do atrito
constante entre as partículas, os grãos de solo transportados pelo vento geralmente possuem
forma arredondada. A capacidade do vento de transportar e erodir é muito maior do que
possa parecer à primeira vista. Vários são os exemplos de construções e até cidades
soterradas parcial ou totalmente pelo vento, como foram os casos de Itaúnas - ES e Tutóia -
MA; os grãos mais finos do deserto do Saara atingem em grande escala a Inglaterra,
percorrendo uma distância de mais de 3000km!. Como a capacidade de transporte do vento
depende de sua velocidade, o solo é geralmente depositado em zonas de calmaria.
O transporte eólico é o mais seletivo tipo de transporte das partículas do solo. Se por
um lado grãos maiores e mais pesados não podem ser transportados, os solos finos, como as
argilas, têm seus grãos unidos pela coesão, formando torrões dificilmente levados pelo
vento. Esse efeito também ocorre em areias e siltes saturados (falsa coesão) o que faz da
linha de lençol freático (definida por um valor de pressão da água intersticial igual a
atmosférica) um limite para a atuação dos ventos.
Pode-se dizer portanto que a ação do transporte do vento se restringe ao caso das
areias finas ou silte. Por conta destas características, os solos eólicos possuem grãos de
aproximadamente mesmo diâmetro, apresentando uma curva granulométrica denominada
de uniforme. São exemplos de solos eólicos:
- As dunas
Vento
Mar
- Os solos Loéssicos
Formado por deposições sobre vegetais que ao se decomporem deixam seu molde no
maciço, o Loess é um solo bastante problemático para a engenharia, pois a despeito de uma
capacidade de formar paredões de altura fora do comum e inicialmente suportar grandes
esforços mecânicos, podem se romper completa e abruptamente devido ao umedecimento.
O Loess, comum na Europa oriental, geralmente contem grandes quantidades de cal,
responsável por sua grande resistência inicial. Quando umedecido, contudo, o cimento
calcáreo existente no solo pode ser dissolvido e solo entra em colapso.
São solos resultantes do transporte pela água e sua textura depende da velocidade da
água no momento da deposição, sendo freqüente a ocorrência de camadas de granulometrias
distintas, devidas às diversas épocas de deposição. O transporte pela água é bastante
semelhante ao transporte realizado pelo vento, porém algumas características importantes os
distinguem:
a) Viscosidade - por ser mais viscosa a água tem uma capacidade de transporte
maior, transportando grãos de tamanhos diversos.
b) Velocidade e Direção - ao contrário do vento que em um minuto pode soprar
com forças e direções bastante diferenciadas, a água têm seu roteiro mais estável;
suas variações de velocidade tem em geral um ciclo anual e as mudanças de
direção estão condicionadas ao próprio processo de desmonte e desgaste do
relevo.
c) Dimensão das Partículas - os solos aluvionares fluviais são, via de regra, mais
grossos que os eólicos, pois as partículas mais finas mantêm-se sempre em
suspensão e só se sedimentam quando existe um processo químico que as flocule
(isto é o que acontece no mar ou em alguns lagos).
d) Eliminação da Coesão - vimos que o vento não pode transportar os solos
argilosos devido a coesão entre os seus grãos. A presença de água em abundância
diminui este efeito; com isso somam-se as argilas ao universo de partículas
transportadas pela água.
- Solos pluviais
A água das chuvas pode ser retida em vegetais ou construções, podendo se evaporar
a partir daí. Ela pode se infiltrar no solo ou escoar sobre este e, neste caso, a vegetação
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rasteira funciona como elemento de fixação da parte superficial do solo ou como um tapete
impermeabilizador (para as gramíneas), sendo um importante elemento de proteção contra a
erosão.
A água que se infiltra pode carrear grãos finos através dos poros existentes nos solos
grossos, mas este transporte é raro e pouco volumoso, portanto de pouca relevância em
relação à erosão superficial. De muito maior importância é o solo que as águas das chuvas
levam ao escoar de pontos mais elevados no relevo aos vales. Os vales contém rios ou
riachos que serão alimentados não só da água que escoa das escarpas, como também de
matéria sólida.
- Solos fluviais
Os rios durante sua existência têm várias fases. Em áreas de formação geológicas
mais recentes, menos desgastadas, existem irregularidades topográficas muito grandes e por
isso os rios têm uma inclinação maior e conseqüentemente uma maior velocidade. Existem
vários fatores determinantes da capacidade de erosão e transporte dos rios, sendo a
velocidade a mais importante. Assim, os rios mais jovens transportam mais matéria sólida
do que os rios mais velhos.
Sabe-se que os rios não possuem a mesma idade em toda a sua extensão; quanto
mais distantes da nascente, menor a inclinação e a velocidade. As partículas de determinado
tamanho passam a ter peso suficiente para se decantar e permanecer naquele ponto, outras
menores só serão depositadas com velocidade também menor. O transporte fluvial pode ser
descrito sumariamente da seguinte forma:
a) Os rios desgastam o relevo em sua parte mais elevada e levam os solos para sua
parte mais baixa, existindo com o tempo uma tendência a planificação do leito. Rios mais
velhos têm portanto menor velocidade e transportam menos.
b) Cada tamanho de grão será depositado em um determinado ponto do rio,
correspondente a uma determinada velocidade, o que leva os solos fluviais a terem uma
certa uniformidade granulométrica. Solos muito finos, como as argilas, permanecerão em
suspensão até decantar em mares ou lagos com água em repouso.
- Solos marinhos
Os detritos são depositados nas áreas de degelo. Uma ampla gama de tamanho de
partículas é transportada, levando assim a formação de solos bastante heterogêneos que
possuem desde grandes blocos de rocha até materiais de granulometria fina.
Figura 2.9 – Figura ilustrativa da geologia da região da falha e da bacia do Recôncavo, Região Metropolitana de Salvador-BA. Modificado
de Penteado (1999), apud página da ANP 2003.
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Entende-se por textura o tamanho relativo e a distribuição das partículas sólidas que
formam os solos. O estudo da textura dos solos é realizado por intermédio do ensaio de
granulometria, do qual falaremos adiante. Pela sua textura os solos podem ser classificados em
dois grandes grupos: solos grossos (areia, pedregulho, matacão) e solos finos (silte e argila). Esta
divisão é fundamental no entendimento do comportamento dos solos, pois a depender do tamanho
predominante das suas partículas, as forças de campo influenciando em seu comportamento serão
gravitacionais (solos grossos) ou elétricas (solos finos). De uma forma geral, pode-se dizer que
quanto maior for a relação área/volume ou área/massa das partículas sólidas, maior será a
predominância das forças elétricas ou de superfície. Estas relações são inversamente
proporcionais ao tamanho das partículas, de modo que os solos finos apresentam uma
predominância das forças de superfície na influência do seu comportamento. Conforme relatado
anteriormente, o tipo de intemperismo influencia na textura e estrutura do solo. Pode-se dizer que
partículas com dimensões até cerca de 0,001mm são obtidas através do intemperismo físico, já as
partículas menores que 0,001mm provém do intemperismo químico.
- Solos Grossos
Nos solos grossos, por ser predominante a atuação de forças gravitacionais, resultando em
arranjos estruturais bastante simplificados, o comportamento mecânico e hidráulico está
principalmente condicionado a sua compacidade, que é uma medida de quão próximas estão as
partículas sólidas umas das outras, resultando em arranjos com maiores ou menores quantidades
de vazios. Os solos grossos possuem uma maior percentagem de partículas visíveis a olho nu (φ ≥
0,074 mm) e suas partículas têm formas arredondadas, poliédricas e angulosas.
. Pedregulhos:
São classificados como pedregulho as partículas de solo com dimensões maiores que
2,0mm (DNER, MIT) ou 2,0mm (ABNT). Os pedregulhos são encontrados em geral nas margens
dos rios, em depressões preenchidas por materiais transportados pelos rios ou até mesmo em uma
massa de solo residual (horizontes correspondentes ao solo residual jovem e ao saprolito).
. Areias:
As areias se distinguem pelo formato dos grãos que pode ser angular, sub angular e
arredondado, sendo este último uma característica das areias transportadas por rios ou pelo vento.
A forma dos grãos das areias está relacionada com a quantidade de transporte sofrido pelos
mesmos até o local de deposição. O transporte das partículas dos solos tende a arredondar as suas
arestas, de modo que quanto maior a distância de transporte, mais esféricas serão as partículas
resultantes. Classificamos como areia as partículas com dimensões entre 2,0mm e 0,074mm
(DNER), 2,0mm e 0,05mm (MIT) ou ainda 2,0mm e 0,06mm (ABNT).
O formato dos grãos de areia tem muita importância no seu comportamento mecânico,
pois determina como eles se encaixam e se entrosam, e, em contrapartida, como eles deslizam
entre si quando solicitados por forças externas. Por outro lado, como estas forças se transmitem
dentro do solo pelos pequenos contatos existentes entre as partículas, as de formato mais
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angulares, por possuírem em geral uma menor área de contato, são mais suscetíveis a se
quebrarem.
- Solos Finos
Quando as partículas que constituem o solo possuem dimensões menores que 0,074mm
(DNER), ou 0,06mm (ABNT), o solo é considerado fino e, neste caso, será classificado como
argila ou como silte.
Nos solos formados por partículas muito pequenas, as forças que intervêm no processo de
estruturação do solo são de caráter muito mais complexo e serão estudadas no item composição
mineralógica dos solos. Os solos finos possuem partículas com formas lamelares, fibrilares e
tubulares e é o mineral que determina a forma da partícula. As partículas de argila normalmente
apresentam uma ou duas direções em que o tamanho da partícula é bem superior àquele
apresentado em uma terceira direção. O comportamento dos solos finos é definido pelas forças de
superfície (moleculares, elétricas) e pela presença de água, a qual influi de maneira marcante nos
fenômenos de superfície dos argilo-minerais.
. Argilas:
. Siltes:
Apesar de serem classificados como solos finos, o comportamento dos siltes é governado
pelas mesmas forças dos solos grossos (forças gravitacionais), embora possuam alguma atividade.
Estes possuem granulação fina, pouca ou nenhuma plasticidade e baixa resistência quando seco.
A fig. 3.1 apresenta a escala granulométrica adotada pela ABNT (NBR 6502):
Areia
Pedra de
Argila Silte Fina Média Grossa Pedregulho mão
mm
0,002 0,06 0,20 0,60 2,0 60,0
Figura 3.1 - Escala granulométrica da ABNT NBR 6502 de 1995
Muitas vezes em campo temos a necessidade de uma identificação prévia do solo, sem que
o uso do aparato de laboratório esteja disponível. Esta classificação primária é extremamente
importante na definição (ou escolha) de ensaios de laboratório mais elaborados e pode ser obtida a
partir de alguns testes feitos rapidamente em uma amostra de solo. No processo de identificação
táctil visual de um solo utilizam-se freqüentemente os seguintes procedimentos (vide NBR 7250):
Tato: Esfrega-se uma porção do solo na mão. As areias são ásperas; as argilas parecem
com um pó quando secas e com sabão quando úmidas.
Plasticidade: Moldar bolinhas ou cilindros de solo úmido. As argilas são moldáveis
enquanto as areias e siltes não são moldáveis.
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Resistência do solo seco: As argilas são resistentes a pressão dos dedos enquanto os siltes
e areias não são.
Dispersão em água: Misturar uma porção de solo seco com água em uma proveta,
agitando-a. As areias depositam-se rapidamente, enquanto que as argilas turvam a suspensão e
demoram para sedimentar.
Impregnação: Esfregar uma pequena quantidade de solo úmido na palma de uma das
mãos. Colocar a mão embaixo de uma torneira aberta e observar a facilidade com que a palma da
mão fica limpa. Solos finos se impregnam e não saem da mão com facilidade.
Dilatância: O teste de dilatância permite obter uma informação sobre a velocidade de
movimentação da água dentro do solo. Para a realização do teste deve-se preparar uma amostra de
solo com cerca de 15mm de diâmetro e com teor de umidade que lhe garanta uma consistência
mole. O solo deve ser colocado sobre a palma de uma das mãos e distribuído uniformemente
sobre ela, de modo que não apareça uma lâmina d'água. O teste se inicia com um movimento
horizontal da mão, batendo vigorosamente a sua lateral contra a lateral da outra mão, diversas
vezes. Deve-se observar o aparecimento de uma lâmina d'água na superfície do solo e o tempo
para a ocorrência. Em seguida, a palma da mão deve ser curvada, de forma a exercer uma leve
compressão na amostra, observando-se o que poderá ocorrer à lâmina d' água, se existir, à
superfície da amostra. O aparecimento da lâmina d água durante a fase de vibração, bem como o
seu desaparecimento durante a compressão e o tempo necessário para que isto aconteça deve ser
comparado aos dados da tabela 3.1, para a classificação do solo.
Após realizados estes testes, classifica-se o solo de modo apropriado, de acordo com os
resultados obtidos (areia siltosa, argila arenosa, etc.). Os solos orgânicos são identificados em
separado, em função de sua cor e odor característicos.
Peneiramento: utilizado para a fração grossa do solo (grãos com até 0,074mm de
diâmetro equivalente), realiza-se pela passagem do solo por peneiras padronizadas e pesagem das
quantidades retidas em cada uma delas. Retira-se 50 a 100g da quantidade que passa na peneira
de #200 e prepara-se o material para a sedimentação.
Sedimentação: os solos muito finos, com granulometria inferior a 0,074mm, são tratados
de forma diferenciada, através do ensaio de sedimentação desenvolvido por Arthur Casagrande.
Este ensaio se baseia na Lei de Stokes, segundo a qual a velocidade de queda, V, de uma partícula
esférica, em um meio viscoso infinito, é proporcional ao quadrado do diâmetro da partícula.
Sendo assim, as menores partículas se sedimentam mais lentamente que as partículas maiores.
O ensaio de sedimentação é realizado medindo-se a densidade de uma suspensão de solo
em água, no decorrer do tempo. A partir da medida da densidade da solução no tempo, calcula-se
a percentagem de partículas que ainda não sedimentaram e a velocidade de queda destas
partículas (a profundidade de medida da densidade é calculada em função da curva de calibração
do densímetro). Com o uso da lei de Stokes, pode-se inferir o diâmetro máximo das partículas
ainda em suspensão, de modo que com estes dados, a curva granulométrica é completada. A eq.
3.1 apresenta a lei de Stokes.
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γ S −γ W
V= ⋅ D 2 onde,
18 µ
γ S → peso específico médio das partículas do solo
γ W → peso específico do fluido (3.1)
µ → viscosidade do fluído
D → diâmetro das partículas
Deve-se notar que o diâmetro equivalente calculado empregando-se a eq. 3.1 corresponde
a apenas uma aproximação, à medida em que durante a realização do ensaio de sedimentação, as
seguintes ocorrências tendem a afastá-lo das condições ideais para as quais a lei de Stokes foi
formulada.
As partículas de solo não são esféricas (muito menos as partículas dos argilo-minerais que
têm forma placóide).
A coluna líquida possui tamanho definido.
O movimento de uma partícula interfere no movimento de outra.
As paredes do recipiente influenciam no movimento de queda das partículas.
O peso específico das partículas do solo é um valor médio.
O processo de leitura (inserção e retirada do densímetro) influencia no processo de queda
das partículas.
D10 - Diâmetro efetivo - Diâmetro eqüivalente da partícula para o qual temos 10% das
partículas passando (10% das partículas são mais finas que o diâmetro efetivo).
D30 e D60 - O mesmo que o diâmetro efetivo, para as percentagens de 30 e 60%,
respectivamente.
100
90
Porcentagem que passa (%)
80
Solo bem graduado (a)
70 (granulação contínua)
60
50
40
(a) Contínua
30 (b) Aberta Granulação uniforme (c)
(c) Uniforme (mal graduado)
20
10
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Granulação aberta (b)
Abertura da peneira (mm) (mal graduado)
Figura 3.2 - Representação de diferentes curvas granulométricas.
Coeficiente de uniformidade:
D60
Cu =
D10 (3.2)
Coeficiente de curvatura:
2
D30
Cc =
D60 x D10 (3.3)
A NBR- 6502 apresenta algumas regras práticas para designar os solos de acordo com a
sua curva granulométrica. A tabela 3.2 ilustra o resultado de ensaios de granulometria realizados
em três solos distintos. As regras apresentadas pela NBR-6502 serão então empregadas para
classificá-los, em caráter ilustrativo.
Tabela 3.2 - Exemplos de resultados de ensaios de granulometria para três solos distintos.
PERCENTAGEM QUE PASSA
# Abertura (mm) Solo 1 Solo 2 Solo 3
3" 76,2 98
1" 25,4 100 82
¾" 19,05 100 95 72
N° 4 4,8 98 88 61
N° 10 2,0 92 83 45
N° 40 0,42 84 62 20
N° 200 0,074 75 44 03
Argila ------ 44 21 00
Silte ------ 31 23 03
Areia ------ 17 39 42
Pedregulho ------ 08 17 53
Pedra ------ 00 00 02
Considerar a areia com partículas entre 0,074mm e 2,0mm.
Quando da ocorrência de mais de 10% de areia, silte ou argila adjetiva-se o solo com as frações
obtidas, vindo em primeiro lugar as frações com maiores percentagens.
Em caso de empate, adota-se a seguinte hierarquia: 1°) Argila; 2°) Areia e e 3°) Silte
No caso de percentagens menores do que 10% adjetiva-se o solo do seguinte modo, independente
da fração granulométrica considerada:
1 a 5% → com vestígios de
5 a 10% → com pouco
Para o caso de pedregulho com frações superiores a 10% adjetiva-se o solo do seguinte modo:
10 a 29% → com pedregulho
> 30% → com muito pedregulho
Denomina-se estrutura dos solos a maneira pela qual as partículas minerais de diferentes
tamanhos se arrumam para formá-lo. A estrutura de um solo possui um papel fundamental em seu
comportamento, seja em termos de resistência ao cisalhamento, compressibilidade ou
permeabilidade. Como os solos finos possuem o seu comportamento governado por forças
elétricas, enquanto os solos grossos têm na gravidade o seu principal fator de influência, a
estrutura dos solos finos ocorre em uma diversificação e complexidade muito maior do que a
estrutura dos solos grossos. De fato, sendo a gravidade o fator principal agindo na formação da
estrutura dos solos grossos, a estrutura destes solos difere, de solo para solo, somente no que se
refere ao seu grau de compacidade. No caso dos solos finos, devido a presença das forças de
superfície, arranjos estruturais bem mais elaborados são possíveis. A fig. 3.3 ilustra algumas
estruturas típicas de solos grossos e finos.
Areia compacta
Estrutura dispersa
Areia fofa
+
+
Placas individuais,
Estrutura floculada
Quando duas partículas de argila estão muito próximas, entre elas ocorrem forças de
atração e de repulsão. As forças de repulsão são devidas às cargas líqüidas negativas que elas
possuem e que ocorrem desde que as camadas duplas estejam em contato. As forças de atração
decorrem de forças de Van der Waals e de ligações secundárias que atraem materiais adjacentes.
Da combinação das forças de atração e de repulsão entre as partículas resulta a estrutura dos
solos, que se refere à disposição das partículas na massa de solo e as forças entre elas. Lambe
(1969) identificou dois tipos básicos de estrutura do solo, denominando-os de estrutura floculada,
quando os contatos se fazem entre faces e arestas das partículas sólidas, ainda que através da água
adsorvida, e de estrutura dispersa quando as partículas se posicionam paralelamente, face a face.
29
Os solos são formados a partir da desagregação de rochas por ações físicas e químicas do
intemperismo. As propriedades química e mineralógica das partículas dos solos assim formados
irão depender fundamentalmente da composição da rocha matriz e do clima da região. Estas
propriedades, por sua vez, irão influenciar de forma marcante o comportamento mecânico do
solo.
Os minerais são partículas sólidas inorgânicas que constituem as rochas e os solos, e que
possuem forma geométrica, composição química e estrutura própria e definidas. Eles podem ser
divididos em dois grandes grupos, a saber:
- Primários ⇒ Aqueles encontrados nos solos e que sobrevivem a transformação da rocha
(advêm portanto do intemperismo físico).
- Secundários ⇒ Os que foram formados durante a transformação da rocha em solo (ação
do intemperismo químico).
3.6.1. Solos Grossos - Areias e Pedregulhos
As partículas dos solos grossos, dentre as quais apresentam-se os pedregulhos, são
constituídas algumas vezes de agregações de minerais distintos, sendo mais comum, entretanto,
que as partículas sejam constituídas de um único mineral. Estes solos são formados, na sua maior
parte, por silicatos (90%) e apresentam também na sua composição óxidos, carbonatos e sulfatos.
Silicatos - feldspato, quartzo, mica, serpentina
Grupos Minerais Óxidos - hematita, magnetita, limonita
Carbonatos - calcita, dolomita
Sulfatos - gesso, anidrita
O quartzo, presente na maioria das rochas, é bastante estável, e em geral resiste bem ao
processo de transformação rocha-solo. Sua composição química é simples, SiO2, as partículas
são eqüidimensionais, como cubos ou esferas e ele apresenta baixa atividade superficial (devido
ao tamanho de seus grãos). Por conta disto, o quartzo é o componente principal na maioria dos
solos grossos (areias e pedregulhos)
Os solos finos possuem uma estrutura mais complexa e alguns fatores, como forças de
superfície, concentração de íons, ambiente de sedimentação, etc., podem intervir no seu
comportamento. As argilas possuem uma complexa constituição química e mineralógica, sendo
formadas por sílica no estado coloidal (SiO2) e sesquióxidos metálicos (R2O3), onde R = Al; Fe,
etc.
Os feldspatos são os minerais mais atacados pela natureza, dando origem aos argilo-
minerais, que constituem a fração mais fina dos solos, geralmente com diâmetro inferior a 2 µm.
Não só o reduzido tamanho, mas, principalmente, a constituição mineralógica faz com que estas
partículas tenham um comportamento extremamente diferenciado em relação ao dos grãos de silte
e areia.
O estudo da estrutura dos argilo-minerais pode ser facilitado "construindo-se" o argilo-
mineral a partir de unidades estruturais básicas. Este enfoque é puramente didático e não
representa necessariamente o método pelo qual o argilo-mineral é realmente formado na natureza.
Assim, as estruturas apresentadas neste capítulo são apenas idealizações. Um cristal típico de um
argilo-mineral é uma estrutura complexa similar ao arranjo estrutural aqui idealizado, mas
30
contendo usualmente substituições de íons e outras modificações estruturais que acabam por
formar novos tipos de argilo-minerais. As duas unidades estruturais básicas dos argilo-minerais
são os tetraedros de silício e os octaédros de alumínio (fig. 3.4). Os tetraedros de silício são
formados por quatro átomos de oxigênio eqüidistantes de um átomo de silício enquanto que os
octaédros de alumínio são formados por um átomo de alumínio no centro, envolvido por seis
átomos de oxigênio ou grupos de hidroxilas, OH-. A depender do modo como estas unidades
estruturais estão unidas entre si, podemos dividir os argilo-minerais em três grandes grupos.
Al
Si Si
Al o o
o
Si
Al
Si o
Si Al
Al
Si Si o
K Al o
Si Si o
Al Al Si o Al
Si
Si
Si
Al
Al
Si
Si
Si Al Si
Al Si
Como a união entre as camadas adjacentes dos argilo-minerais do tipo 1:1 (grupo da
caulinita) é bem mais forte do que aquela encontrada para os outros grupos, é de se esperar que
estes argilo-minerais resultem por alcançar tamanhos maiores do que aqueles alcançados pelos
argilo-minerais do grupo 2:1, o que ocorre na realidade: Enquanto um mineral típico de caulinita
possui dimensões em torno de 500 (espessura) x 1000 x 1000 (nm), um mineral de
montmorilonita possui dimensões em torno de 3x 500 x 500 (nm).
31
O solo é constituído de uma fase fluida (água e/ ou ar) e se uma fase sólida. A fase fluida
ocupa os vazios deixados pelas partículas sólidas.
Fase fluida composta em sua maior parte pela água, podendo conter solutos e outros
fluidos imiscíveis. Pode-se dizer que a água se apresenta de diferentes formas no solo, sendo
contudo extremamente difícil se isolar os estados em que a água se apresenta em seu interior. A
seguir são expressados os termos mais comumente utilizados para descrever os estados da água
no solo.
Preenche os vazios dos solos. Pode estar em equilíbrio hidrostático ou fluir sob a ação da
gravidade ou de outros gradientes de energia.
É a água que se encontra presa às partículas do solo por meio de forças capilares. Esta se
eleva pelos interstícios capilares formados pelas partículas sólidas, devido a ação das tensões
superficiais nos contatos ar-água-sólidos, oriundas a partir da superfície livre da água.
É uma película de água que adere às partículas dos solos finos devido a ação de forças
elétricas desbalanceadas na superfície dos argilo-minerais. Está submetida a grande pressões,
comportando-se como sólido na vizinhança da partícula de solo.
É a água presente na própria composição química das partículas sólidas. Não é retirada
utilizando-se os processos de secagem tradicionais. Ex: Montmorilonita (OH)4 Si2 Al4 O20 nH2 O
Água que o solo possui quando em equilíbrio com a umidade atmosférica e a temperatura
ambiente.
33
Quando tratamos com solos grossos (areias e pedregulhos com pequena quantidade ou
sem a presença de finos), o efeito da umidade nestes solos é freqüentemente negligenciado, na
medida em que a quantidade de água presente nos mesmos tem um efeito secundário em seu
comportamento. Pode se dizer, conforme aliás será visto no capítulo de classificação dos solos,
que podemos classificar os solos grossos utilizando-se somente a sua curva granulométrica, o seu
grau de compacidade e a forma de suas partículas. Por outro lado, o comportamento dos solos
finos ou coesivos irá depender de sua composição mineralógica, da sua umidade, de sua estrutura
e do seu grau de saturação. Em particular, a umidade dos solos finos tem sido considerada como
uma importante indicação do seu comportamento desde o início da mecânica dos solos.
Um solo argiloso pode se apresentar em um estado líquido, plástico, semi-sólido ou sólido,
a depender de sua umidade. A este estado físico do solo dá-se o nome de consistência. Os limites
inferiores e superiores de valor de umidade para cada estado do solo são denominados de limites
de consistência.
No estado plástico, o solo apresenta uma propriedade denominada de plasticidade,
caracterizada pela capacidade do solo se deformar sem apresentar ruptura ou trincas e sem
variação de volume.
A manifestação desta propriedade em um solo dependerá fundamentalmente dos seguintes
fatores:
Umidade: Existe uma faixa de umidade dentro da qual o solo se comporta de maneira
plástica. Valores de umidade inferiores aos valores contidos nesta faixa farão o solo se comportar
como semi-sólido ou sólido, enquanto que para maiores valores de umidade o solo se comportará
preferencialmente como líquido.
Estado Sólido - Dizemos que um solo está em um estado de consistência sólido quando o
seu volume "não varia" por variações em sua umidade.
34
Estado Semi - Sólido - O solo apresenta fraturas e se rompe ao ser trabalhado. O limite de
contração, wS, separa os estados de consistência sólido e semi-sólido.
Estado Plástico - Dizemos que um solo está em um estado plástico quando podemos
moldá-lo sem que o mesmo apresente fissuras ou variações volumétricas. O limite de plasticidade,
wP, separa os estados de consistência semi-sólido e plástico.
Estado Fluido - Denso (Líquido) - Quando o solo possui propriedades e aparência de
uma suspensão, não apresentando resistência ao cisalhamento. O limite de liquidez, w L, separa os
estados plástico e fluido.
É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado plástico para o estado fluido.
90
86
Teor de umidade, w (%)
82
N w (%)
78,7 53 70,11
35 75,20
78 28 75,91
22 81,07
18 83,26
12 86,32
74
25 78,70
70
10 100
Número de golpes (N)
Figura 5.2 - Determinação do limite de liquidez do solo.
É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado semi-sólido para o estado plástico.
definido assim como limite de plasticidade o valor médio dos teores de umidade determinados. A
fig. 5.3 ilustra a realização do ensaio para determinação do limite de plasticidade (vide NBR
7180).
Rolo de solo
Placa de vidro fosco
Se o solo fissurar com um diâmetro
superior a 3mm, então Controle,
W < WP 3mm
Se o solo fissurar com um diâmetro
inferior a 3mm, então Controle,
W > WP 3mm
É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado sólido para o estado semi-sólido.
V 1 (5.1)
w s = − x100
P s w
Uma vez conhecidos os limites de consistência de um solo, vários índices podem ser
definidos. A seguir, apresentaremos os mais utilizados.
IP = wL − wP (5.2)
IP = 0 → NÃO PLÁSTICO
1 < IP < 7 → POUCO PLÁSTICO
7 < IP < 15 → PLASTICIDADE MÉDIA
IP > 15 → MUITO PLÁSTICO
wL − w
IC =
IP (5.3)
RC
St =
R' C (5.4)
Segundo Skempton:
St < 1 → NÃO SENSÍVEIS
1 < St < 2 → BAIXA SENSIBILIDADE
2 < St < 4 → MÉDIA SENSIBILIDADE
4 < St < 8 → SENSÍVEIS
St > 8 → EXTRA - SENSÍVEIS
Quanto maior for o St, tem-se uma menor coesão, uma maior compressibilidade e uma
menor permeabilidade do solo.
IP
A=
% < 0.002mm (5.5)
800
700
Índice de plasticidade (%) 600
500
400
M ontmorilonita
300 4 < A < 8
200
100
0 Ilita
0,5 < A < 1,5
Fração argila (%)
Caulinita
0,3 < A < 0,5
Figura 5.4 - Variação do IP em função da fração argila para solos com diferentes argilo-
minerais.
40
Por serem constituídos de um material de origem natural, os depósitos de solo nunca são
estritamente homogêneos. Grandes variações nas suas propriedades e em seu comportamento são
comumente observadas. Pode-se dizer contudo, que depósitos de solo que exibem propriedades
básicas similares podem ser agrupados como classes, mediante o uso de critérios ou índices
apropriados. Um sistema de classificação dos solos deve agrupar os solos de acordo com suas
propriedades intrínsecas básicas. Do ponto de vista da engenharia, um sistema de classificação
pode ser baseado no potencial de um determinado solo para uso em bases de pavimentos,
fundações, ou como material de construção, por exemplo. Devido a natureza extremamente
variável do solo, contudo, é inevitável que em qualquer classificação ocorram casos onde é difícil
se enquadrar o solo em uma determinada e única categoria, em outras palavras, sempre vão existir
casos em que um determinado solo poderá ser classificado como pertencente a dois ou mais
grupos. Do mesmo modo, o mesmo solo pode mesmo ser colocado em grupos que pareçam
radicalmente diferentes, em diferentes sistemas de classificação.
Em vista disto, um sistema de classificação deve ser tomado como um guia preliminar
para a previsão do comportamento de engenharia do solo, a qual não pode ser realizada
utilizando-se somente sistemas de classificação. Testes para avaliação de importantes
características do solo devem sempre ser realizados, levando-se sempre em consideração o uso do
solo na obra, já que diferentes propriedades governam o comportamento do solo a depender de
sua finalidade. Assim, deve-se usar um sistema de classificação do solo, dentre outras coisas, para
se obter os dados necessários ao direcionamento de uma investigação mais minuciosa, quer seja
na engenharia, geoquímica, geologia ou outros ramos da ciência.
Neste capítulo serão apresentados os dois sistemas de classificação dos solos mais
difundidos no meio geotécnico, a saber, o Sistema Unificado de Classificação do Solos, SUCS
(ou “Unified Soil Classification System”, USCS) e o sistema de classificação dos solos proposto
pela AASHTO (“American Association of State Highway and Transportation Officials”). Deve-se
salientar, contudo, que estes dois sistemas de classificação foram desenvolvidos para classificar
solos de países de clima temperado, não apresentando resultados satisfatórios quando utilizados
na classificação de solos tropicais (principalmente aqueles de natureza laterítica), cuja gênese é
bastante diferenciada daquela dos solos para os quais estas classificações foram elaboradas. Por
conta disto, e devido a grande ocorrência de solos lateríticos nas regiões Sul e Sudeste do país,
recentemente foi elaborada uma classificação especialmente destinada a classificação de solos
tropicais. Esta classificação, brasileira, denominada de Classificação MCT, começou a se
desenvolver na década de 70, sendo apresentada oficialmente em 1980 (Nogami & Villibor,
1980). No item 6.3 é feita uma introdução à classificação MCT.
41
A) Solos Grossos
Os solos grossos são classificados como pedregulho ou areia. São classificados como
pedregulhos aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua fração grossa retida na peneira 4
(4,75mm) e como areias aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua fração grossa passando
na peneira 4. Cada grupo por sua vez é dividido em quatro subgrupos a depender de sua curva
granulométrica ou da natureza da fração fina eventualmente existente. São eles:
A.1 - Grupos GW e SW
Formados por um solo bem graduado com poucos finos. Em um solo bem graduado, os
grãos menores podem ficar nos espaços vazios deixados pelos grãos maiores, de modo que os
solos bem graduados tendem a apresentar altos valores de peso específico (ou menor quantidade
de vazios) e boas características de resistência e deformabilidade. A presença de finos nestes
grupos não deve produzir efeitos apreciáveis nas propriedades da fração grossa, nem interferir na
sua capacidade de drenagem, sendo fixada como no máximo 5% do solo, em relação ao seu peso
seco. O exame da curva granulométrica dos solos grossos se faz por meio dos coeficientes de
uniformidade (Cu) e curvatura (Cc), já apresentados anteriormente. Para que o solo seja
considerado bem graduado é necessário que seu coeficiente de uniformidade seja maior que 4, no
caso de pedregulhos, ou maior que 6, no caso de areias, e que o seu coeficiente de curvatura esteja
entre 1 e 3.
42
A.2 - Grupos GP e SP
Formados por solos mal graduados (curvas granulométricas uniformes ou abertas). Como
os subgrupos SW e GW, possuem no máximo 5% de partículas finas, material que passa na
peneira 200, mas suas curvas granulométricas não completam os requisitos de graduação
indicados para serem considerados como bem graduados. Dentro destes grupos estão
compreendidos as areias uniformes das dunas e os solos possuindo duas frações granulométricas
predominantes, provenientes da deposição pela água de rios em períodos alternados de cheia/seca.
A.3 - Grupos GM e SM
São classificados como pertencentes aos subgrupos GM e SM os solos grossos nos quais
existe uma quantidade de finos suficiente para afetar as suas propriedades de engenharia:
resistência ao cisalhamento, deformabilidade e permeabilidade. Convenciona-se a quantidade de
finos necessária para que isto ocorra em 12%, embora sabendo-se que a influência dos finos no
comportamento de um solo depende não somente da sua quantidade mas também da atividade do
argilo-mineral preponderante. Para os solos grossos possuindo mais do que 12% de finos, deve-se
realizar ensaios com vistas a determinação de seus limites de consistência w L e wP, utilizando-se
para isto a fração de solo que passa na peneira #40. Para que o solo seja classificado como GM ou
SM, a sua fração fina deve se situar abaixo da linha A da carta de plasticidade de Casagrande
(vide fig. 6.2).
A.4 - Grupos GC e SC
São classificados como GC e SC os solos grossos que atendem aos critérios especificados
no item A.3, mas cuja fração fina possui representação na carta de plasticidade acima da linha A.
Em outras palavras, são classificados como GC e SC os solos grossos possuindo mais que 12% de
finos com comportamento predominante de argila.
OBS: Os solos grossos possuindo percentagens de finos entre 5 e 12% devem possuir
nomenclaturas duplas, como GW-GM, SP-SC, etc., atribuídas de acordo com o especificado
anteriormente. De uma forma geral, sempre que um material não se encontra claramente dentro de
um grupo, devemos utilizar símbolos duplos, correspondentes a casos de fronteira. Ex: GW-SW
(material bem graduado com menos de 5% de finos e formado com fração de grossos com iguais
proporções de pedregulho e areia) ou GM-GC (solos grossos com mais do que 12% de finos cuja
representação na carta de plasticidade de Casagrande se situa muito próxima da linha A). A fig.
6.1 apresenta um fluxograma exibindo os passos básicos a serem seguidos na classificação de
solos grossos pelo Sistema Unificado.
43
SOLOS GROSSOS
Pedregulho (G). Mais que 50% da Areia (S). Menos que 50% da fração
fração grossa retido na # 4 (4.75mm) grossa retido na # 4 (4.75mm)
Menos que 5% Entre 5 e 12% Mais que Menos que 5% Entre 5 e 12% Mais que 12%
passam na # passam na # 12% passam passam na # passam na # passam na #
200 200 na # 200 200 200 200
GW GP GM GC SW SP SM SC
Nomes Nomes
duplos: duplos:
GW-GM SW-SM
Figura 6.1 - Classificação dos solos grossos pelo SUCS.
44
B) Solos Finos
Os solos finos são classificados como argila e silte. A classificação dos solos finos é
realizada tomando-se como base apenas os limites de plasticidade e liquidez do solo, plotados na
forma da carta de plasticidade de Casagrande. Em outras palavras, o conhecimento da curva
granulométrica de solos possuindo mais do que 50% de material passando na peneira 200 pouco
ou muito pouco acrescenta acerca das expectativas sobre suas propriedades de engenharia.
A Carta de plasticidade dos solos foi desenvolvida por A. Casagrande de modo a agrupar
os solos finos em diversos subgrupos, a depender de suas características de plasticidade.
Conforme é apresentado na fig. 6.2, a carta de plasticidade possui três divisores principais: A
linha A (de eq. IP = 0,73(wL – 20)) separa argilas (acima da linha) de siltes (abaixo da linha), a
linha B (wL = 50%) separa solos de baixa plasticidade (à esquerda da linha) dos de alta
plasticidade (à direita da linha) e a linha U (de eq. IP = 0,9(wL – 8) que é o limite superior da
classificação. Deste modo, os solos finos, que são divididos em quatro subgrupos (CL, CH, ML e
MH), são classificados de acordo com a sua posição em relação às linhas A e B, conforme
apresentado nos sub-itens seguintes.
60
Índice de Plasticidade (%)
50
40
Linha U
Linha A
IP = 0,90∙(W L 8) CH
IP = 0,73∙(W L 20)
30
20
CL MH
OH
10
ML OL
CL ML
ML
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Limite de Liquidez (%)
Figura 6.2 - Carta de plasticidade de Casagrande.
OBS: 1) Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe dentro da zona CL-ML devem
ter nomenclatura dupla. 2) Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe próximo à linha LL =
50 % devem ter nomenclatura dupla: (MH-ML ou CH-CL). 3) Solos cuja representação na carta de
plasticidade se situe próximo à linha A devem ter nomenclatura dupla: (MH-CH ou CL-ML). 4) As
argilas inorgânicas de média plasticidade possuem wL entre 30 e 50%.
B.1 - Grupos CL e CH
B.2 - Grupos ML e MH
B.3 - Grupos CL - ML
B.4 - Grupos OL e OH
(como a caulinita) tem seus pontos de representação na carta de plasticidade próximo à linha A
(parte superior à linha A), enquanto que solos possuindo argilo-minerais de alta atividade (como a
montmorilonita) tendem a ter seus pontos de representação na carta de plasticidade próximos à
linha U (parte imediatamente inferior à linha U).
e) Observações complementares
Apesar dos símbolos utilizados no SUCS serem de grande valia, eles não descrevem
completamente um depósito de solo. Em todos os solos deve-se acrescentar informações como
odor, cor e homogeneidade do material à classificação. Para o caso de solos grossos, informações
como a forma dos grãos, tipo de mineral predominante, graus de intemperismo ou compacidade,
presença ou não de finos são pertinentes. Para o caso dos solos finos, informações como a
umidade natural e consistência (natural e amolgada) devem ser sempre que possível ser
fornecidas. A Tabela 6.1 apresenta algumas informações sobre o comportamento esperado para os
diferentes grupos da classificação SUCS.
solo fino siltoso com até 64% de areia e pedregulho retidos na peneira nº 200. Os valores dos
índices do grupo vão de 1 a 8.
Os solos do grupo A-5 são semelhante ao que foi descrito no A-4, exceto que eles são,
geralmente, de caráter diatomáceo ou micáceo, com elevado limite de liquidez. Os valores dos
índices do grupo vão de 1 a 12.
O grupo A-6 corresponde aos solos argilosos, plásticos, tendo, geralmente, 75% ou mais de
material passando na peneira n º 200. O grupo inclui também misturas de solos finos argilosos,
podendo conter até 64% de areia e pedregulho retidos na peneira n º 200. Os solos deste grupo
comumente sofrem elevada mudança de volume entre os estados seco e úmido. Os valores dos
índices do grupo vão de 1 a 16, esses valores crescentes mostram o efeito combinado do aumento
dos índices de plasticidade e diminuição dos materiais grossos.
O Grupo A-7 engloba os solos argilosos e plásticos, que apresentam alto limite de liquidez
e estão sujeitos a elevada mudança de volume. Os valores dos índices do grupo vão de 1 a 20. O
grupo A-7 é subdividido em A-7-5 (materiais com índice de plasticidade moderado em relação ao
limite de liquidez) e A-7-6 (materiais com elevados índices de plasticidade em relação aos limites
de liquidez, estando sujeitos a elevadas mudanças de volume).
O índice de grupo é utilizado para auxiliar na classificação do solo. Ele é baseado na
performance de diversos solos, especialmente quando utilizados como subleitos. O índice de
grupo é determinado utilizando-se a eq. 6.1, apresentada adiante:
Usar o sistema de classificação da AASHTO não é difícil. Uma vez obtidos os dados
necessários, deve-se seguir os passos indicados na fig. 6.3 (a e b), da esquerda para a direita, e
encontrar o grupo correto por um processo de eliminação. O primeiro grupo à esquerda que
atenda as exigências especificadas é a classificação correta da AASHTO. A classificação
completa inclui o valor do índice de grupo (arredondado para o inteiro mais próximo),
apresentado em parênteses, à direita do símbolo da AASHTO. Ex: A-2-6(3), A-6(12), A-7-5(17),
etc.
Devido a sua ligação histórica com a classificação de solos para uso rodoviário, a
classificação da AASHTO é bastante utilizada na seleção de solos para uso como base, sub-bases
e sub-leitos de pavimentos.
48
SOLOS GROSSOS
35% ou menos passando na # 200
Menos que 15% Menos que 25% Menos que 10% LL ≤ 40% LL ≥ 41% LL ≤ 40% LL ≥ 41%
passa na # 200. passa na # 200. passa na # 200.
Menos que 30% Menos que 50% Não plástico
passa na # 40. passa na # 40.
Menos que 50% IP < 6%
passa na # 10
IP < 6%
SOLOS SILTO-ARGILOSOS
35% ou mais passando na # 200
Silte Argila
IP ≤ 10% IP ≥ 11%
a) b)
Figura 6.4 – Perfis de solo em Jambeiro -SP: a) Laterítico; b) Saprolítico. (Marson,
2004).
limites de Atterberg são incapazes separar adequadamente solos tropicais para emprego em
pavimentação.
Em 1980, pesquisadores brasileiros (vide Nogami & Villibor 1980) apresentaram uma
metodologia para classificação e estudo das propriedades mecânicas e hidráulicas de solos
tropicais, Metodologia MCT (Miniatura – Compactado – Tropical). Neste trabalho será
apresentado apenas a parte referente a classificação de solos tropicais, em solos de
comportamento laterítico (L) e de comportamento não laterítico ou saprolítico (N), sendo que a
parte referente às propriedades mecânicas pode ser encontrada em Nogami & Villibor 1995. A
classificação se baseia nos resultados dos ensaios de compactação Mini-MCV e perda de massa
por imersão.
Ensaio de compactação: Este ensaio foi baseado no método proposto por Parsons (1976),
conhecido como MCV (Moisture Condition Value). O ensaio de compactação deve ser realizado
com 200g de material que passa na peneira 10 (2mm de abertura) em pelo menos cinco teores de
umidades diferentes. As 200g de material são colocadas num molde cilíndrico de 50 mm de
diâmetro e 130mm de altura (fig. 6.5) e um pistão distribui uniformemente a energia empregada,
compactando o solo em ambas as extremidades. O solo é compactado com um soquete de 2.270g
de massa, caindo de uma altura de 30,5cm. Após a aplicação de uma série de golpes efetua-se a
leitura da altura do corpo de prova, h(n), apenas para os golpes que correspondem à serie de
Parsons (1976): 1, 2, 3, 4, 6, 8, 16, 24, 32, 48, 64, 96, 128, 192, 256.
corrigido por um fator de acordo com a forma de massa desprendida durante a imersão. Segundo
Nogami & Villibor (1995), quando a porção do solo se desprende na forma de uma bolacha usa-
se um fator de correção de 0,50 para, já Vertamatti (1988) apresenta novos fatores de correção do
Pi, como mostra a fig. 6.8.
Figura 6.8 – Fator de correção do Pi proposto por Vertamatti (1988) em função da forma
desprendida.
e'= 3
20
d 100
Pi
(6.3)
Desde a elaboração da classificação MCT, esta vem passando por modificações nos
equipamentos utilizados, nos procedimentos de obtenção de seus parâmetros e na quantidade de
amostra utilizada. Todas as modificações são para torná-la mais simples e rápida, de modo que
seja usada com mais facilidade no meio rodoviário.
Em 1988, Vertamatti modificou o ábaco de classificação da MCT para levar em
consideração os solos sedimentares da região amazônica, ditos transicionais. Dessa forma, o novo
ábaco (fig. 6.11) passou a ser denominado MCT-M (modificado), dividindo o solos em onze
grupos, a saber: NA (areia não laterítica), NG` (solo argiloso não laterítico), NS`(solos siltoso não
laterítico), NS`(solo silto-argiloso não-laterítico), NS'G` (solo siltoso-argiloso não laterítico),
TA`(solo arenoso transicional), TA`G` (solo areno-argiloso transicional), TG` (solo argiloso
transcional), LA (areia laterítica), LA' (solo arenoso laterítico), LA`G`(solo areno-argiloso
laterítico), LG`(solo argiloso laterítico)
56
7. ÍNDICES FÍSICOS.
7.1. Introdução
Pesos Volumes
Zero Pa Ar Va
Vv
Pt Pw Água Vw Vt
Ps Sólido Vs
Massas Volumes
Zero Ma Ar Va
Vv
Mt Mw Água Vw Vt
Ms Sólido Vs
Onde: Va, Vw, Vs, Vv e Vt representam os volumes de ar, água, sólidos, de vazios e total
do solo, respectivamente. Ps, Pw, Pa e Pt São os pesos de sólidos, água, ar e total e Ms, Mw, Ma e
Mt são as respectivas massas de sólidos, água, ar e total.
Vv
n=
Vt (7.1)
Os vazios do solo podem estar apenas parcialmente ocupados por água. A relação entre o
volume de água e o volume dos vazios é definida como o grau de saturação, expresso em
percentagem e com variação de 0 a 100% (solo saturado).
58
Vw
Sr = (7.2)
Vv
O índice de vazios é definido como a relação entre o volume de vazios e o volume das
partículas sólidas, expresso em termos absolutos, podendo ser maior do que a unidade. Sua
variação é de 0 a ∞.
V
e= v (7.3)
Vs
O peso específico de um solo é a relação entre o seu peso total e o seu volume total,
incluindo-se aí o peso da água existente em seus vazios e o volume de vazios do solo. A massa
específica do solo possui definição semelhente ao peso específico, considerando-se agora a sua
massa.
Pt Mt
γ = , ρ= onde γ = ρ ⋅ g
Vt Vt (7.4)
O peso específico das partículas sólidas é obtido dividindo-se o peso das partículas sólidas
(não considerando-se o peso da água) pelo volume ocupado pelas partículas sólidas (sem a
consideração do volume ocupado pelos vazios do solo). É o maior valor de peso específico que
um solo pode ter, já que as outras duas fases que compõe o solo são menos densas que as
partículas sólidas.
Ps
γs =
Vs (7.5)
Ps
γd =
Vt (7.6)
É o peso específico do solo quando todos os seus vazios estão ocupados pela água. É
numericamente dado pelo peso das partículas sólidas dividido pelo volume total do solo.
59
Pt
γ sat = , quando, Sr = 1
Vt (7.7)
Neste caso, considera-se a existência do empuxo de água no solo. Logo, o peso específico
do solo submerso será equivalente ao o peso específico do solo menos o peso específico da água.
As relações entre pesos ou entre volumes, por serem admensionais, não serão modificadas
caso no lado direito da fig. 7.1, os volumes de água, ar e sólidos sejam divididos por um
determinado fator, conservado constante para todas as fases. Este fator pode ser escolhido, por
exemplo, para que o volume de sólidos se torne unitário (ou, em outras palavras, dividindo-se
todos os termos por Vs). Deste modo, utilizando-se as relações entre volumes e entre pesos e
volumes, definidas anteriormente, temos:
Pesos Volumes
γ w Sr e
⋅ e Sr e
1+e
γs
1
Figura 7.2 - Relações entre volumes e entre pesos e volumes adotando-se um volume de
sólidos unitário.
Uma outra forma de organizar as relações entre volumes e entre pesos e volumes em um
diagrama de fases seria adotando um volume total igual a 1. Neste caso teríamos:
Das figs. 7.2 e 7.3 e utilizando-se as definições dadas para o índice de vazios e a
porosidade tem-se:
e n
n= ou e =
1+ e 1− n (7.9)
60
Pesos Volumes
0
n
γ w Sr n Sr n 1
γ s (1-n)
1-n
Figura 7.3 - Relações entre volumes e entre pesos e volumes adotando-se um volume total
de solo unitário.
Com o uso das figs. 7.2 e 7.3, diversas relações podem ser facilmente definidas entre os
índices físicos. As eqs. 7.10 a 7.12 expressam algumas destas relações:
γ
γD =
1+ w (7.10)
γ S .w = γ w ⋅ Sr.e (7.11)
γ S + Sr.e ⋅ γ w
γ =
1+ e (7.12)
A umidade é definida como a relação entre o peso da água e o peso dos sólidos em uma
porção do solo, sendo expressa em percentagem. Pela análise da fig. 7.2 temos que:
Pw γ w ⋅ Sr ⋅ e
w= =
Ps γs (7.13)
Vw Sr ⋅ e
θ= = = Sr ⋅ n
Vt 1 + e (7.14)
OBS: Apesar de alguns índices físicos serem apresentados em percentagem, o cálculo das
relações entre eles deve ser feito utilizando-os na forma decimal. Todos os outros índices devem
estar em unidades compatíveis.
Conforme será discutido no transcorrer deste curso, por possuírem arranjos estruturais
bastante simplificados, os solos grossos (areias e pedregulhos com nenhuma ou pouca presença de
61
finos) podem ter o seu comportamento avaliado conforme a sua curva característica e a sua
densidade relativa Dr, definida conforme a eq. 7.15.
Há uma variedade grande de ensaios para a determinação de emin e γdmáx; todos eles
envolvem alguma forma de vibração. Para emax e γdmin, geralmente se adota a colocação do solo
secado previamente, em um recipiente, tomando-se todo cuidado para evitar qualquer tipo de
vibração. Os procedimentos para a execução de tais ensaios são padronizados em nosso País pelas
normas NBR 12004 e 12051, variando muito em diferentes partes do Globo, não havendo ainda
um consenso internacional sobre os mesmos. A densidade relativa é um índice adotado apenas na
caracterização dos SOLOS NÃO COESIVOS. A tabela 7.1 apresenta a classificação da
compacidade dos solos grossos em função de sua densidade relativa.
Notas importantes:
Umidade
Peso específico do solo (γ)
Peso específico das partículas sólidas (γs)
62
7.7.2.1. Em Laboratório
7.7.2.2. Em Campo
ÍNDICES FÍSICOS
n (%) e γd γ γsat
SOLOS kN / m3
Areia c / pedregulho 18 - 42 0.22 - 0.72 14 - 21 18 - 23 19 - 24
Areia Média a Grossa 25 - 45 0.33 - 0.82 13 - 18 16 - 21 18 - 21
Areia Fina e Uniforme 33 - 48 0.49 - 0.82 14 - 18 15 - 21 18 - 21
Silte 30 - 50 0.48 - 1.22 13 - 19 15 - 21 18 - 22
Argila 30 - 55 0.48 - 1.22 13 - 20 15 - 22 14 - 23
Sobre o peso específico das partículas, algumas observações necessitam ser mencionadas:
Segundo dados de Lambe e Whitman (1969), γs geralmente se encontra no intervalo de 22
a 29 kN/m3 é em função dos minerais constituintes do solo.
Solos orgânicos tendem a apresentar valores de γs menores que o convencional, enquanto
que solos ricos em minerais ferrosos tendem a apresentar γs > 30 kN/m3.
64
8.1. Introdução
F
= lim (8.1)
A 0
A
Mostra-se que o estado de tensão em qualquer plano passando por um ponto em um meio
contínuo é totalmente especificado pelas tensões atuantes em três planos mutuamente ortogonais,
passando no mesmo ponto. As componentes de tensão em cada plano formam o tensor de tensões
naquele ponto. Desta forma, o tensor de tensões é composto de nove componentes, formando uma
matriz simétrica. O produto do tensor de tensões pelo versor da normal do plano passando pelo
ponto considerado (vetor (n1;n2;n3) apresentado na fig. 8.1) fornece as componentes da tensão
atuando sobre o plano (componentes Px, Py e Pz do vetor P apresentado na fig. 8.1).
Apesar do solo constituir um sistema particulado, composto de três fases distintas, (água,
ar e partículas sólidas) e o conceito de tensão em um ponto advir da mecânica do contínuo, este
tem sido utilizado com sucesso na prática geotécnica. Além disso, boa parte dos problemas em
mecânica dos solos podem ser encarados como problemas de tensão ou deformação planos, de
modo que para estes casos o tensor de tensões apresentado na fig. 8.1 se torna mais simplificado,
podendo o estado de tensões em um ponto ser representado utilizando-se da construção gráfica do
círculo de Mohr.
65
Deve-se salientar contudo, que devido ao fato de o solo constituir um sistema particulado,
em cada ponto do maciço podem existir estados de tensões diferentes para cada uma de suas fases
componentes.
Por serem fluidos, não suportando tensões cisalhantes, as tensões existentes nas fases água
e ar do solo são sempre ortogonais ao plano passando pelo ponto considerado. Pode-se dizer
ainda, que na maioria dos casos, a pressão nos vazios de solo preenchidos por ar é igual à pressão
atmosférica (adotada geralmente como zero).
P x σ x τ xy τ xz n 1
P y = σ y τ yz ⋅ n 2
Px σ z n 3
P
n
O princípio das tensões efetivas - Postulado por Terzaghi, para o caso dos solos
saturados, o princípio das tensões efetivas é uma função da tensão total (soma das tensões nas
fases água e partículas sólidas) e da tensão neutra (denominada também de pressão neutra, é a
pressão existente na fase água do solo), que governa o comportamento do solo em termos de
deformação e resistência ao cisalhamento.
Mostra-se experimentalmente que, para o caso dos solos saturados, o que governa o
comportamento do solo em termos de resistência e deformabilidade é a diferença entre a tensão
total e a pressão neutra, denominada de tensão efetiva As tensões normais desenvolvidas em
qualquer plano num maciço terroso, serão suportadas, parte pelas partículas sólidas e parte pela
água (ver Fig 8.2). As tensões cisalhantes somente poderão ser suportadas pelas partículas sólidas,
já que os fluidos, por definição, não são capazes de suportar tensões cisalhantes de forma estática.
Nível do terreno, NT
Nível de água, NA
z
σz (σz- u) zw
σx u (σx -u)
Uma parcela da tensão normal age nos contatos inter-partículas e a outra parcela atua na
água existente nos vazios do solo. Assim, a tensão total num plano será a soma da tensão efetiva,
66
resultante das forças transmitidas pelas partículas, e da pressão neutra, dando origem a uma das
relações mais importantes da Mecânica dos Solos, proposta por Terzaghi:
Para visualizar um pouco melhor o efeito da água no solo imagine uma esponja colocada
dentro de um recipiente com água suficiente para encobri-la (a esponja se encontra totalmente
submersa). Se o nível de água for elevado no recipiente, a pressão total sobre a esponja aumenta,
mas a esponja não se deforma. Isto ocorre porque os acréscimos de tensão total são
contrabalançados por iguais acréscimos na tensão neutra, de modo que a tensão efetiva
permanece inalterada (vide eq. 8.2).
z=⋅z (8.3)
Onde:
u = γw ⋅ zw
(8.4)
67
Onde:
Uso do peso específico submerso - Caso o nível de água, apresentado na fig. 8.2,
estivesse localizado na superfície do terreno, o cálculo das tensões efetivas poderia ser
simplificado pelo uso do conceito de peso específico submerso, discutido no capítulo de índices
físicos. Neste caso, a tensão vertical total será dada por σz = γsat⋅z, enquanto que a pressão neutra
no mesmo ponto será u = γw⋅z. A tensão efetiva, correspondente à diferença entre estes dois
valores, será: σ'z = σz - u = γsat⋅z. - γw⋅z, o que faz com que tenhamos: σ'z= (γsat - γw)⋅z = γsub⋅z,
onde γsub é o peso específico submerso do solo.
Segundo Jaky (1956), o coeficiente de empuxo em repouso do solo pode ser estimado com
o uso da eq. 8.7, onde φ' é o ângulo de atrito interno efetivo do solo, apresentado em detalhes no
capítulo de resistência ao cisalhamento (volume II).
Apesar destas limitações, a simplicidade das soluções obtidas justifica o amplo emprego
desta teoria. Em análises mais avançadas, o método dos elementos finitos, incorporando modelos
de comportamento tensão - deformação mais realistas para os solos, tem sido freqüentemente
utilizado para a avaliação de tensões e deformações induzidas em uma massa de solo.
Distribuição Dist. Real
aproximada
A A
2
1
B B
(a)
(b)
Figura 8.4 - (a) Exemplo de distribuição de acréscimos de tensão vertical devido a um
carregamento na superfície do terreno e (b) isóbaras de acréscimo de tensões verticais para 20,
10, 5 e 2 kPa, considerando uma carga pontual de 100 kN (Boussinesq).
intensidade destas perturbações (ou os valores dos acréscimos de tensão induzidos na massa de
solo) diminuem bastante em profundidade e com o afastamento lateral, de modo que a influência,
do ponto de vista prático, destas cargas, é limitada a uma determinada região. Unindo-se os
pontos da massa de solo solicitados por tensões iguais, obtém-se superfícies de distribuição de
tensões denominadas isóbaras. Ao conjunto dessas isóbaras denomina-se de bulbo de tensões. Em
termos práticos, o conceito de bulbo de tensões é aplicado para a massa de solo delimitada pela
isóbara correspondente a 10% de carga aplicada à superfície do terreno (0,1q), de modo que na
área de solo externa a esta isóbara supõe-se ser negligenciável a influência do carregamento
imposto. A fig. 8.4(a) apresenta a distribuição de tensões verticais em um plano passando pelo
centro de uma área carregada circular de raio B e 8.4(b) os bulbos de tensões verticais obtidos
para 20, 10, 5, e 2 kPa, considerando uma carga pontual de 100 kN (eq. 8.10).
A distribuição de tensões nos solos pode ser estimada de forma expedita, admitindo-se que
as tensões se propagem uniformemente através da massa de solo segundo um dado ângulo de
espraiamento (por exemplo, 30° ou 45°) ou uma dada declividade (por exemplo, método 2:1).
Essa aproximação empírica baseia-se na suposição de que a área sobre a qual a carga atua
aumenta de uma forma sistemática com a profundidade, de modo que (σz=Q/A) decrescem com a
profundidade, como mostra a fig. 8.5.Para o caso da fig. 8.5, de uma sapata retangular, as tensões
induzidas na superfície do terreno são dadas por:
Q (8.8)
z z =0=
b o⋅l o
Na profundidade (z), a área da sapata aumenta de z/2 (para o método 2:1) ou z.tan φo
(espraiamento), para cada lado. Assim, a tensão nesta profundidade será estimada pela eq. 8.9:
Q (8.9)
z z=
bz⋅l z
Q lo z
σzo = Q
bo x lo bo
bo
Z φo 2
Q σz1 = Q lo + z
bz x l z 1
a bo a bo + z
a) Espraiamento segundo um ângulo φo b) Método 2:1
a
tan o = ⇒ a=z⋅tan o
z l z=l o 2⋅z⋅tano b z =bo 2⋅z⋅tan o
Figura 8.5 - Distribuição de tensão vertical com a profundidade, segundo um ângulo de
espraiamento (a) ou método 2:1 (b).
O ângulo de espraiamento (φo) é função do tipo de solo, com valores típicos de:
solos muito moles: φo < 40°
areias puras: φo ≅ 40° a 45°
71
As tensões dentro de uma massa de solo podem também ser estimadas empregando as
soluções obtidas a partir da teoria da elasticidade. Apesar das hipóteses adotadas nestas
formulações, seu emprego aos casos práticos é bastante freqüente, dada a sua simplicidade,
quando comparadas a outros tipos de análises mais elaboradas, como o emprego de técnicas de
discretização do contínuo. Por outro lado, pode-se dizer também que estas soluções apresentam
resultados bem mais próximos do real do que aqueles obtidos com o uso da solução simplificada,
apresentada no item anterior. Existem formulações para uma grande variedade de tipos de
carregamento. Serão apresentados aqui, apenas os casos mais freqüentes, sem nos preocuparmos
com o desenvolvimento matemático das equações resultantes.
Q
"Carga Pontual"
Onde:
Q = carga pontual
z = profundidade que vai da superfície do terreno (pto de
aplicação da carga) até a cota onde deseja-se calcular σz
r = distância horizontal do ponto de aplicação da carga até
r
onde atua σz
R = distância do ponto de aplicação da carga até onde atua σz
R z
∆σz
[{ } ]
3
τ zr Q 2⋅ Q (8.10)
z = 2⋅ = ⋅N B
z 2 2,5 z2
∆σr r
1
∆σθ z
Figura 8.7 - Carga concentrada aplicada na superfície do terreno - Solução de
Boussinesq.
0,50
0,45 Q
Boussinesq z= 2
N
z
0,40
3
0,35
2⋅
N B= 2 5
0,30 r
1 2
z
0,25
N
1
0,20
N W= 2 3
0,15 r
12⋅ 2
z
0,10
Westergaard
0,05
0,00
0,00 0,30 0,60 0,90 1,20 1,50 1,80 2,10 2,40 2,70 3,00
r/z
z/r
Figura 8.8 - Fatores de influência para tensões verticais devido a uma carga concentrada
(NB: Solução de Boussinesq e NW: Solução de Westergaard).
As tensões induzidas no ponto (A), por uma carga uniformemente distribuída ao longo de
uma linha (Y) na superfície do semi- espaço foram obtidas por Melan (fig. 8.9) e estão
apresentadas nas eqs. 8.11 a 8.13.
2q z3 (8.11)
z= ⋅
z 2x 2 2
2
2q x ⋅z (8.12)
x= ⋅
z 2x 2 2
2q z 2⋅x (8.13)
xz = ⋅
z 2x 2 2
Q/m
O'
dy
O X
φ
Z
x ∆σx
Y
A
Z
∆σ z
Em se tratando de uma placa retangular em que uma das dimensões é muito maior que a
outra, como por exemplo, no caso das sapatas corridas, os esforços introduzidos na massa de solo
podem ser calculados por meio da fórmula desenvolvida por Terzaghi & Carothers. A fig. 8.10
apresenta o esquema de carregamento e o ponto onde se está calculando o acréscimo de tensões.
Observar que a placa tem largura 2b e está carregada uniformemente com q. As tensões num
ponto A, situado a uma profundidade (z) e distante (x) do centro da placa são dadas pelas eqs.
8.14 a 8.16, com ângulo α dado em radianos.
q
z= ⋅ sen ⋅cos 2 (8.14)
74
q
x = ⋅−sen ⋅cos 2 (8.15)
q
xz = ⋅sen ⋅cos 2 (8.16)
Newmark (1935), integrou a equação de Melan (8.11) e obteve a equação para cálculo da
tensão vertical (σz) induzida no canto de uma área retangular uniformemente carregada. Para o
caso de uma área retangular de lados (x) e (y), uniformemente carregada (fig. 8.11), as tensões
verticais em um ponto situado numa profundidade (z), na mesma vertical de um dos vértices, é
dada pela eq. 8.17.
[ ]
2 2 1 /2
q 2⋅m⋅n⋅m n 1 m2n 22 2⋅m⋅n⋅m2n 211/ 2
z= ⋅ ⋅ arctan (8.17)
4 m2n 2m2⋅n 21 m2n 21 m2 n2−m2⋅n 21
onde:
q = carga por unidade de área, ou seja, σo
m = x /z
n = y /z
x, y = largura e comprimento da área uniformemente carregada.
75
retangular ABCD (fig. 8.13a), por exemplo, deve ser feito mediante aplicação da eq. 8.18, onde
Nσ corresponde à influência de quatro áreas retangulares iguais AMPN, ou seja, Nσ(P) = 4 Nσ
(AMPN).
Suponhamos agora, que desejamos encontrar as tensões verticais no ponto (A), a uma
profundidade z, produzida pela área carregada II (fig. 8.13b) . Para essa condição teremos que
fazer algumas construções auxiliares a fim de satisfazer as condições iniciais (acrescentar e
subtrair áreas). Para esse caso, o fator de influência (Nσ) será: Nσ(A) = Nσ(I+II+III+IV) - Nσ(I+III) -Nσ
(III+IV) + Nσ(III).
A M B
A
P I III
N
II IV
D C
(a) (b)
Figura 8.13 - Esquema para cálculo das tensões em qualquer ponto - Placa retangular
uniformemente carregada.
O cálculo das tensões induzidas por uma placa circular de raio r, uniformemente
carregada, foi resolvido por Love, a partir da integração da equação Boussinesq, para toda área
circular. Para pontos situados a uma profundidade z, abaixo do centro da placa de raio r, as
tensões induzidas podem ser estimadas pela eq. 8.19:
[ { } ]
1,5
1
z =q⋅ 1− 2
r
1
z
(8.19)
77
O gráfico da fig. 8.14 pode ser utilizado para o cálculo do fator de influência (ver eq. 8.18)
para o caso de um ponto cuja vertical esteja a uma distância x do centro da área circular. O fator
de influência é obtido em função das relações z/r e x/r, onde z é a profundidade, r é o raio da
placa carregada e x é a distância horizontal que vai do centro da placa ao ponto onde se deseja
calcular o acréscimo de tensão vertical. Observar que neste gráfico os fatores de influência são
expressos em porcentagem. Para obtenção dos valores de Nσ , para pontos quaisquer do terreno,
também pode-se utilizar a tabela 8.2. Vale acrescentar que quando tem-se x/r = 0, tem-se o
acréscimo de tensões induzida na vertical que passa pelo centro da placa circular carregada, cujo
valor deverá ser igual ao calculado com o emprego da eq. 8.19.
Tabela 8.2 - Fatores de influência para uma placa circular de raio r, carregada
x/r
z/r 0 0,25 0,50 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
0,25 0,986 0,983 0,964 0,460 0,015 0,002 0,000 0,000 0,000 0,000
0,50 0,911 0,895 0,840 0,418 0,060 0,010 0,003 0,000 0,000 0,000
0,75 0,784 0,762 0,691 0,374 0,105 0,025 0,010 0,002 0,000 0,000
1,00 0,646 0,625 0,560 0,335 0,125 0,043 0,016 0,007 0,003 0,000
1,25 0,524 0,508 0,455 0,295 0,135 0,057 0,023 0,010 0,005 0,001
1,50 0,424 0,413 0,374 0,256 0,137 0,064 0,029 0,013 0,007 0,002
1,75 0,346 0,336 0,309 0,223 0,135 0,071 0,037 0,018 0,009 0,004
2,00 0,284 0,277 0,258 0,194 0,127 0,073 0,041 0,022 0,012 0,006
2,5 0,200 0,196 0,186 0,150 0,109 0,073 0,044 0,028 0,017 0,011
3,0 0,146 0,143 0,137 0,117 0,091 0,066 0,045 0,031 0,022 0,015
4,0 0,087 0,086 0,083 0,076 0,061 0,052 0,041 0,031 0,024 0,018
5,0 0,057 0,057 0,056 0,052 0,045 0,039 0,033 0,027 0,022 0,018
7,0 0,030 0,030 0,029 0,028 0,026 0,024 0,021 0,019 0,016 0,015
10,00 0,015 0,015 0,014 0,014 0,013 0,013 0,013 0,012 0,012 0,011
78
A fig. 8.15 mostra uma distribuição linear de carga vertical aplicada sobre uma placa
retangular de comprimento infinito e largura 2b, com a carga variando de 0 a um valor q, ao longo
da largura. A tensão vertical induzida num dado ponto de coordenadas (x, z) é dada pela eq. 8.20:
z=
q x
⋅ ⋅−sen 2
2⋅ b (8.20)
2b
q
z
x
z
Figura 8.15 - Carregamento triangular de comprimento infinito.
Pode-se observar na fig. 8.17, que para b/z = 0, recai-se no caso de carregamento
triangular. Analogamente, através da aplicação do principio da superposição, computa -se a soma
ou a diferença dos efeitos das partes do aterro, conforme indicado para o ponto P da fig. 8.18.
= +
P
∆σz ∆σz (esq.) ∆σz(dir)
Figura 8.18 - Esquema para cálculo das tensões induzidas no ponto, para um aterro.
80
−2 /3
r
z
= 1−
z
q −1 (8.21)
atribuem-se valores à relação Δσz/q e calcula-se o raio r da placa necessária para produzir
o acréscimo de carga Δσz/q arbitrado a uma profundidade z (cujo valor é fixado pela escala a
partir da qual o gráfico foi construído) sob o centro da placa carregada com uma carga unitária;
b) Exemplificando:
Δσz/q = 0,8 ⇒ r/z = 1,387 ⇒ (r) σz = 0,8 = 1,387 x AB, sendo AB o seguimento de referência
(escala) adotado (fig. 8.19). Assim, a uma profundidade z = AB, o acréscimo de carga seria Δσz/q
= 0,8 se a área carregada fosse circular de raio r = 1,387 x AB.
c) Para outros valores de Δσz/q, obtém-se um conjunto de círculos concêntricos, tais que
os anéis circulares gerados representam parcelas dos acréscimos de tensões verticais. Por
exemplo, o acréscimo de tensão vertical devido ao espaço anelar compreendido entre os círculos
de (r) Δσz = 0,8 e (r) Δσz = 0,7 seria dado por Δσz = 0,8 - 0,7 = 0,1;
d) Cada espaço anelar é então dividido em um certo número de partes iguais (geralmente
20 setores), cada parte representando uma parcela de contribuição ao valor final do acréscimo de
tensão no solo devido a toda a área carregada. No exemplo, Nσ=Δσz/q devido a cada setor seria
dada por Δσz = 0,1/20 = 0,005.
A área carregada é desenhada em papel transparente e numa escala tal que o segmento
AB do gráfico (Fig. 8.19) seja igual à profundidade z de interesse;
Coloca-se o desenho em planta sobre o gráfico, de tal modo que a projeção do ponto
estudado (seja interno ou externo à área carregada) coincide com o centro do ábaco;
Conta-se o número de setores (unidades de influência, n) englobados pelo contorno da
área, estimando-se as frações correspondentes aos setores parcialmente envolvidos
A tensão vertical induzida no ponto considerado será dada por:
z=q⋅n⋅N (8.22)
onde:
Nσ = unidade de influência
n = número de fatores de influência
81
Figura 8.20 – Acréscimos de tensão em camadas estratificadas provocados por uma área
carregada circular de raio a.
Como visto acima, a rigidez das placas influi na distribuição de pressões em todo o solo.
Segundo Vargas (1977), só poderemos aplicar a equação de Boussinesq e as outras derivadas a
partir dessa, se tivermos tratando de placa flexível (pressão de contato uniforme), para que a
rigidez da estrutura não possa influir na distribuição das pressões de contato. Felizmente, para a
engenharia, isso ocorre na grande maioria dos casos. Pode-se dizer ainda que a influência da
forma da distribuição das pressões de contato é maior para profundidades relativas menores
(menores valores de z/r), perdendo intensidade à medida em que a profundidade aumenta.
A aplicação de cargas sobre uma massa de solo resulta em uma variação do seu volume, a
qual poderá ocorrer devido à compressibilidade da fase fluida (ar) ou por drenagem da água
intersticial. Ao deslocamento vertical resultante desta compressão do solo dá-se o nome de
recalque. A drenagem da água intersticial está intimamente associada à permeabilidade do solo;
assim, se uma camada de argila saturada for carregada local e rapidamente, a baixa
permeabilidade do solo retarda o processo da expulsão da água intersticial e, nestas condições
não-drenadas, a deformação do solo devido às cargas aplicadas ocorre a volume constante,
correspondendo a uma distorção elástica do meio. Os recalques associados a esta distorção são
designados recalques imediatos ou elásticos.
O recalque imediato (ρi) sob uma área transmitindo uma carga uniforme (q) à superfície de
um semi - espaço infinito, homogêneo, isotrópico e elástico linear, será dado por:
1− ν2
ρi = q . B. .Ι s
E (8.23)
onde (E, ν) são os parâmetros elásticos do solo; B: a menor dimensão da área carregada e
Is: o fator de influência, função da geometria e rigidez da área carregada e da posição do ponto
considerado em relação à mesma (valores dados na tabela 8.3).
84
De acordo com a eq. 8.26, o recalque imediato é diretamente proporcional à carga aplicada
e à largura da área carregada. No caso de depósitos homogêneos de argila saturada de grande
extensão, a hipótese de E assumir um valor constante é consistente e o uso da eq. 8.26 é melhor
justificado. No caso de areias, entretanto, o valor de E depende da pressão de confinamento
variando, portanto com a profundidade e ao longo das dimensões da área carregada. Devido a esta
variação de E, a relação 8.26 não se aplica a solos arenosos. Pode-se dizer também que mesmo
para os casos em que E é aproximadamente constante com a profundidade e o material é
relativamente homogêneo, a estimativa correta deste parâmetro constitui uma árdua tarefa, devido
ao comportamento altamente não linear do solo.
85
9. COMPACTAÇÃO.
9.1. Introdução
Entende-se por compactação o processo manual ou mecânico que visa reduzir o volume de
vazios do solo, melhorando as suas características de resistência, deformabilidade e
permeabilidade.
Muitas vezes, na prática da engenharia geotécnica, o solo de um determinado local não
apresenta as condições requeridas pela obra. Ele pode ser pouco resistente, muito compressível ou
apresentar características que deixam a desejar de um ponto de vista econômico. Pareceria
razoável em tais circunstâncias, simplesmente relocar obra. Deve-se notar contudo, que
considerações outras que não geotécnicas freqüentemente impõem a localização da estrutura e o
engenheiro é forçado a realizar o projeto com o solo que ele tem em mãos. Para resolver este
problema, uma possibilidade é adaptar a fundação da obra às condições geotécnicas do local.
Uma outra possibilidade é tentar melhorar as propriedades de engenharia do solo local.
Dependendo das circunstâncias, a segunda opção pode ser o melhor caminho a ser seguido.
Neste capítulo será apresentado um método de estabilização e melhoria do solo por vias
mecânicas, denominado de compactação. Deve-se ressaltar que existem diversos outros métodos
de estabilização dos solos, sendo alguns destes realizados pela mistura ou injeção de substâncias
químicas (misturas solo-cimento, "jet-ground", misturas solo-cal), ou pela incorporação no solo de
elementos estruturais, os quais têm por função conferir ao mesmo as características necessárias
para a execução da obra. Ex: solo reforçado, solo envelopado, terra armada, etc.
γ w ⋅ Sr
γd =
γ
w + w Sr
γs
(9.1)
Proctor Normal - 3 camadas
25 golpes
30 cm Peso
2,5 kg
5 cm
10,0 cm
12,7 cm Cilindro de
compactaçã
o
γd
γ dmax
o
ec
Ra
o s
m
m
o
Ra Sr = 100%
úm
id
o
Wot w
Figura 9.2 - Curva de Compactação típica
88
P.h.N .n
E= onde : (9.2)
V
P → Peso do Soquete (N)
h → Altura de Queda do Soquete (m)
N → Número de Golpes por Camada
n → Número de Camadas
V → Volume de solo compactado (m 3 )
E4
E3
Sr = 100%
E2
E1
E4 > E3 > E2 > E1 w
Figura 9.3 - Efeito da Energia de Compactação nas Curvas de Compactação obtidas para
um mesmo solo
A fig. 9.4 apresenta a influência da compactação na estrutura dos solos. Conforme se pode
observar desta figura, as estruturas formadas no lado seco da curva de compactação tendem a ser
do tipo floculada, enquanto que no lado úmido da curva de compactação formam-se solos com
estruturas predominantemente dispersas.
γd
co
se
o
R
m
Ra
am
o
E2
úm
id
o
Sr = 100%
Est. floculada
E1 Est. dispersa
E2 > E1 w
Figura 9.4 - Influência da compactação na estrutura dos solos.
Figura 9.5 – Foto ilustrativa de solo compactado com estrutura bastante orientada, fruto
do uso de altas energias e valores de umidade de compactação acima da ótima.
γd
(1) 1) Areia
2) Areia argilosa
3) Argila
(2)
(3)
w
Figura 9.6 - Influência do tipo de solo na curva de compactação.
uma agulha Proctor, em função de sua umidade de compactação. Conforme se pode observar
desta figura, quanto maior a umidade menor a resistência do solo.
Pode-se fazer então a seguinte indagação: Porque os solos não são compactados em campo
em valores de umidade inferiores ao valor ótimo? A resposta a esta pergunta se encontra na
palavra estável. Não basta que o solo adquira boas propriedades de resistência e deformação, elas
devem permanecer durante todo o tempo de vida útil da obra.
Figura 9.7 - Variação da resistência dos solos com o teor de umidade de compactação.
Modificado de Caputo (1981).
Conforme se pode notar da fig. 9.7, caso o solo fosse compactado no teor de umidade w1,
ele iria apresentar uma resistência bastante superior àquela obtida quando da compactação no teor
de umidade ótimo. Conforme também apresentado na fig. 9.7, contudo, este solo poderia vir a se
saturar em campo (em virtude de um período de fortes chuvas, por exemplo), vindo a alcançar o
valor de umidade w2, para o qual o valor de resistência apresentado pelo solo é praticamente nulo.
No caso de o solo ser compactado na umidade ótima, o valor de sua resistência cairia somente de
R para r, estando o mesmo ainda a apresentar características de resistência razoáveis.
9.10.1. Soquetes
Trata-se de um cilindro oco de aço, podendo ser preenchido por areia úmida ou água, a fim de
que seja aumentada a pressão aplicada. São usados em bases de estradas, em capeamentos e são
indicados para solos arenosos, pedregulhos e pedra britada, lançados em espessuras inferiores a
15cm.
Este tipo de rolo compacta bem camadas finas de 5 a 15cm com 4 a 5 passadas. Os rolos lisos
possuem pesos de 1 a 20t e freqüentemente são utilizados para o acabamento superficial das
camadas compactadas. Para a compactação de solos finos utilizam-se rolos com três rodas com
pesos em torno de 10t, para materiais de baixa plasticidade e 7t, para materiais de alta
plasticidade. A fig. 9.11 ilustra rolos compactadores do tipo liso. Os rolos lisos possuem certas
desvantagens como: Pequena área de contato. Em solos de pequena capacidade de suporte
afundam demasiadamente dificultando a tração. Necessidade de melhoria do entrosamento entre
camadas por escarificação (ver fig. 9.12)
Pode se usar rolos com cargas elevadas obtendo-se bons resultados. Nestes casos, muito
cuidado deve ser tomado no sentido de se evitar a ruptura do solo. A fig. 9.13 ilustra alguns tipos
de rolo pneumático existentes.
Para que se possa efetuar um bom controle da compactação do solo em campo, temos que
atentar para os seguintes aspectos:
tipo de solo
espessura da camada
entrosamento entre as camadas
número de passadas
tipo de equipamento
umidade do solo
grau de compactação alcançado
95
1) A espessura da camada lançada não deve exceder a 30cm, sendo que a espessura da
camada compactada deverá ser menor que 20cm.
2) Deve-se realizar a manutenção da umidade do solo o mais próximo possível da
umidade ótima.
3) Deve-se garantir a homogeneização do solo a ser lançado, tanto no que se refere à
umidade quanto ao material.
Cilindro de solo
compactado
Cravação do cilindro
amostrador
Figura 9.18 – Fotos ilustrativas de passos para a cravação de um cilindro de parede
rígida em uma camada de solo compactada.
Para a determinação do Índice de Suporte Califórnia teremos que passar por três fases
anteriores: a execução de um ensaio de compactação, na energia do Proctor Modificado, a
preparação dos corpos de prova, o ensaio de expansão e finalmente o ensaio de determinação do
Índice de Suporte Califórnia ou CBR ("California Bearing Ratio"), propriamente dito.
98
5cm
17,5 cm
5 cm (disco espaçador)
Figura 9.19 - Corpo de Prova para o Ensaio de Compactação
O solo a ser utilizado na compactação do corpo de prova deve passar pela malha de 19mm
(3/4") e ser moldado na umidade ótima determinada anteriormente.
pressão calculada
CBR= ⋅100 (9.4)
105
Com os valores obtidos dos três corpos de prova traça-se o gráfico apresentado na fig.
9.21. O valor do Índice de Suporte Califórnia é determinado como sendo igual ao valor
correspondente a 95% do γdmax determinado para a energia do Proctor Modificado. O valor de
Índice de Suporte Califórnia assim obtido é utilizado para avaliar as potencialidades do solo para
uso na construção de pavimentos flexíveis. A eq. 9.5, por exemplo, apresenta uma correlação
empírica utilizada para se estimar, a partir do I.S.C., o módulo de elasticidade do solo.
γd
55
26
95 % de γdmax
12
I.S.C I.S
.C
Figura 9.21 - Determinação do I.S.C.
101
10.1. Introdução
Qualquer projeto de engenharia, por mais modesto que seja, requer o conhecimento
adequado das características e propriedades dos solos onde a obra irá ser implantada. As
investigações de campo e laboratório requeridas para obter os dados necessários para responder a
essas questões são chamadas de exploração do subsolo ou investigação do subsolo.
10.2.1.1. Poços
10.2.1.2. Trincheiras
São valas escavadas mecanicamente por meio de escavadeiras. Permitem um exame visual
e contínuo do subsolo, segundo uma direção e permitem, também, coleta de amostras deformadas
e indeformadas.
O amostrador padrão ou amostrador Terzaghi-Peck, o único que deve ser usado no ensaio,
possui três partes, engate, corpo e sapata. É constituído de tubos metálicos de parede grossa com
corpo bipartido e ponta em forma de bisel (fig. 10.3). O engate tem dois orifícios laterais para
saída da água e ar e contém, interiormente, uma válvula constituída por esfera de aço inoxidável.
A fig. 10.4 mostra um corte do amostrador padrão indicando suas principais dimensões.
Figura 10.3- Amostrador padrão de parede grossa - vista. Apud Nogueira (1995)
Abertura
100 Trado concha
45 Ensaio
100
55 Abertura
martelo
75cm
Cabeça de 15cm
bater 15cm
15cm
revestimento
amostrador
Com a amostra colhida no amostrador e com o valor o SPT (soma dos número de golpes
para cravar os 30cm finais do amostrador) fazem-se a identificação e classificação do solo, de
acordo com a ABNT - NBR 7250/80, utilizando testes tácteis-visuais com a finalidade de definir
as características granulométricas, de plasticidade, presença acentuada de mica, matéria orgânica
e cores predominantes. De acordo com a norma acima, o nome dado ao solo não deverá conter
mais do que duas frações e sugere as cores: branco, cinza, preto, marrom, amarelo, vermelho,
roxo, azul e verde, podendo-se usar claro e escuro, para o máximo de duas cores e o termo
variegado quando não houver duas cores predominantes.
Com o valor do SPT obtido em cada metro, os solos são classificados, quanto a
compacidade (solos grossos) e consistência (solos finos), conforme mostram as Tabelas 10.1 e
10.2. Nestas tabelas também estão apresentados os valores estimados de ângulo de atrito,
densidade relativa e resistência de ponta do cone (vide item 10.2.2.1), (qc), para os solos arenosos
e estimativa da resistência a compressão simples (Su), para os solos argilosos.
Nº DOC.: 242/01
LOCAL: SONDAGEM: SP - 14
PEN ETRAÇÃO (GOLPES/30cm ) PERFIL GRÁFICO N ÍVEL COTA PROF. DA
2 1
0,00 1,30
1
2 3 Silte argiloso com areia fina e pedregulhos, marrom
3 2
2 avermelhado, mole a médio.
7 8 N 0,00 2,60
ã 3
3 4 Silte arenoso (areia fina e média), com pedregulhos,
o
variegado (vermelho), medianamente compacto a
10 11
4 e compacto.
5 4
n
18 22 c
5 o 0,00 5,00 5
6 n
Profundidade (m)
8
Silte argiloso com areia fina, variegado (róseo), rijo.
13 16
8
9
9
15 15
9
10 10
12 13
10
11 11
0,00 10,60
15 15
12 11
12 Silte argiloso com areia fina e pedregulhos,
variegado (róseo e vermelho), rijo a duro. (Alteração
14 15 de rocha).
13 12
13
23 27
14
13
14
26 28 15
0 10 20 30 40 14
15 0,00
N1 e N2 (SPT) 14,45
29 31
15
16
19 Proprietário
20
ENGº. RESPONSÁVEL: / /
até a sua estabilização, efetuando-se leituras a cada 5 minutos, durante 30 minutos. As leituras são
efetuadas utilizando um pêndulo ou pio elétrico. Sempre que houver paralisação dos serviços,
antes do reinicio é conveniente uma verificação da posição do nível d'água.
10.2.1.7. Amostragem
amostra foi submetida ao mínimo de perturbação possível, pois qualquer método amostragem
sempre produz uma modificação no estado de tensão o qual está submetido essa amostra. As
amostras indeformadas são usadas na execução de ensaios de laboratório para obtenção dos
parâmetros de resistência ao cisalhamento e compressibilidade do solo. Podem ser obtidas por
meio de blocos indeformados ou por meio de amostradores de parede fina.
A amostragem por meio de blocos é, geralmente, realizada na superfície do terreno, em
taludes ou no interior de um poço, acima do nível de água. A retirada de um bloco de solo
prismático indeformado segue esquema apresentado na fig. 10.9. O molde metálico (30x30cm) é
cravado no solo e efetua-se a escavação em torno e na base do mesmo, até separar o bloco do
maciço. Após a retirada do bloco, aplica-se uma fina camada de parafina, recobrindo-o com um
tecido poroso (tela, estopa), e em seguida aplica-se uma nova camada de parafina. Essas
operações tem o objetivo de preservar a umidade e a estrutura do bloco. Os blocos devem ser
devidamente identificados e colocados em caixas contendo serragem para serem enviados para o
laboratório, onde devem ser mantidos em câmara úmida até a utilização.
di − d p
Fi = < 1 a 3%
dp
(10.1)
Relação de áreas: para minimizar a perturbação estrutural do solo, a parede do tubo não
deve ser grossa, não devendo também ser muito fina, para que, não ocorra flambagem ou
amassamento do tubo durante a cravação. Para satisfazer essas exigências deve se ter uma relação
de áreas, dado pela eq. 10.2, com valor inferior a 10%. Nesta equação, d e corresponde ao diâmetro
externo do amostrador.
2 2
de − d i
Ra = 2
<10 %
di (10.2)
amostra ser considerada como indeformada a percentagem de recuperação, dada pela eq. 10.3,
deve estar entre 95 e 100%. Na eq. 10.3, H é o comprimento cravado do amostrador e L
corresponde ao comprimento da amostra.
L (10.3)
R= ⋅100
H
di
dp
de
Existem diversos tipos de amostradores de parede fina (shelby, pistão, sueco, Deninson,
etc), sendo cada um deles indicado para uma determinada condição e tipo de solo. Os
amostradores mais usuais são descritos a seguir:
b) Amostrador de Pistão: é indicado para solos coesivos muito moles, siltes argilosos e
areias. O amostrador é constituído de um pistão ou êmbolo que corre dentro do tubo de parede
fina melhorando bastante as condições de amostragem, atingindo com facilidade 100% de
recuperação da amostra (comprimento da amostra igual ao comprimento cravado do amostrador),
mesmo em solos de difícil amostragem. A fig. 10.12 apresenta o amostrador de pistão.
O papel alumínio reduz o atrito entre a amostra e as paredes do tubo permitindo a obtenção
de amostras com vários comprimentos. Esse amostrador permite uma sondagem contínua do
subsolo.
O ensaio de CPT permite medidas quase contínuas da resistência de ponta e lateral devido
à cravação de um penetrômetro no solo, as quais, por correlações, permitem identificar o tipo de
solo, destacando a uniformidade e continuidade das camadas. Permite, também, determinar os
parâmetros de resistência ao cisalhamento e a capacidade de carga dos materiais investigados. É
um ensaio de custo relativamente baixo, rápido de ser executado, sendo portanto, indicado para a
prospecção de grandes áreas. Apresenta como desvantagens a não obtenção de amostras para
inspeção visual, a não penetração em camadas muito densas e com presença de pedregulhos e
matacões, as quais podem tornar os resultados extremamente variáveis e causar problemas
operacionais como deflexão das hastes e estragos na ponteira.
O equipamento para execução do ensaio de CPT consta de um cone de aço, móvel, com
um ângulo no vértice de 60° e área transversal de 10cm 2. O cone é acionado por hastes metálicas,
as quais transmitem o esforço estático de cravação produzido por macacos hidráulicos ou por
engrenagens que acionam duas cremalheiras (hastes dentadas). O movimento de subida e descida
são obtidos por intermédio das engrenagens movimentadas por sarillhos manuais (fig. 10.15). A
pressão de cravação é obtida por manômetros ou anéis dinamométricos, sendo geralmente
utilizados dois manômetros, um para altas pressões e outro para baixas pressões. O equipamento
tem normalmente uma capacidade de 10 toneladas.
Figura 10.15 - Equipamento para ensaio de CPT, com medição hidráulica e vista do cone
de penetração (Begeman).
O ensaio consiste em cravar o cone solidário a uma haste e medir o esforço de necessário à
penetração. São feitas medidas de resistência de ponta e total. Com o penetrômetro na cota de
ensaio, crava-se 4cm da ponta por meio uma haste interna. Em seguida, a luva (camisa) e a ponta
são cravados, numa extensão de aproximadamente 4cm, medindo-se a força usada para obtenção
da resistência total, ponta mais atrito lateral, desenvolvido ao longo do comprimento do cone (fig.
10.16a). Novamente, o penetrômetro é colocado na posição inicial, e as operações são
117
sucessivamente repetidas. A resistência lateral (ql) é obtida pela diferença entre a resistência total
e a de ponta (qc). A velocidade de cravação do cone deverá ser constante e da ordem de 2cm/seg.
A cada 4cm de profundidade, portanto, podem-se ter valores das resistências lateral e de ponta
que, lançados em um gráfico versus a profundidade toma o aspecto da fig. 10.17.
(a) (b)
Figura 10.16 - (a) Ensaio de CPT, cone de Begeman. (b) Esquema de cone elétrico
Os resultados do ensaio de cone, isto é as relações entre resistência de ponta (qc) e razão
de atrito (atrito lateral /resistência de ponta) permitem obter a classificação dos tipos de solos
encontrados, através do gráfico da fig. 10.18, apresentado por Schermertmann.
Os dados permitem obter, ainda, boas indicações das propriedades do solo, ângulo de atrito
interno de areias, e coesão e consistência das argilas. Foi Meyerhof (1956) quem inicialmente
propôs uma correlação do tipo qc = nN, entre a resistência de ponta (qc) e N número de golpes
para cravar 30cm finais do SPT. O autor acima sugeriu para as areias um n = 4. Com base nesta
relação foi elaborado o gráfico da fig. 10.19 que estabelece as características de resistência ao
cisalhamento e de deformabilidade de areias e argilas em função dos resultados do SPT e da
resistência de ponta do CPT. Entre as experiências brasileiras menciona-se a desenvolvida por
engenheiros do grupo “estaca franki”, que com base em grande número de ensaios, chegaram aos
valores de qc/N, apresentados na Tabela 10.5.
Hoje os ensaios de CPT são realizados tendo as medidas de resistência lateral e de ponta
feitas de forma automatizada. Isto permite, além de uma maior facilidade no armazenamento e
tratamento dos dados, uma execução mais contínua do ensaio. Também outras medidas estão
sendo acrescentadas ao ensaio, como medidas de pressão neutra, que permitem estimar
parâmetros hidráulicos e de adensamento dos solos estudados. Mais recentemente ainda, sondas
CPT vêm sendo dotadas de equipamentos para medir a resistividade do solo, sendo os dados
obtidos utilizados no diagnóstico de áreas contaminadas (vide fig. 10.16b).
O ensaio consiste em cravar a palheta e em medir o torque necessário para cisalhar o solo,
segundo uma superfície cilíndrica de ruptura, que se desenvolve no entorno da palheta, quando se
aplica ao aparelho um movimento de rotação. A instalação da palheta na cota de ensaio pode ser
feita ou por cravação estática ou utilizando furos abertos a trado e/ou por circulação de água. No
caso de cravação estática, é necessário que não haja camadas resistentes sobrejacentes à argila a
ser ensaiada e que a palheta seja munida de uma sapata de proteção durante a cravação. Tanto o
processo de cravação da sapata, quanto o de perfuração devem ser paralisados a 50cm acima da
cota de ensaio, a fim de evitar o amolgamento do terreno a ser ensaiado. A partir daí, desce apenas
a palheta de realização do ensaio. Com a palheta na posição desejada, deve-se girar a manivela a
uma velocidade constante de 6°/min, fazendo-se as leituras da deformação no anel dinamométrico
de meio em meio minuto, até atingir o momento máximo. Em seguida deve-se soltar a mesa e
girar a manivela, rapidamente, com um mínimo de 10 rotações a fim de amolgar a argila e em
seguida é feito novo ensaio para medir a resistência amolgada da argila e com isto, determinar a
sensibilidade da argila (resistência da argila indeformada/ resistência da argila amolgada),
conforme já apresentado no item 5.5, desta apostila.
Para o cálculo da resistência não drenada da argila deve-se adotar as seguintes hipóteses:
Drenagem impedida: ensaio rápido;
Ausência de amolgamento do solo, em virtude do processo de cravação da palheta;
121
6 T
cu = .
7 πD3 (10.7)
Diversos fatores podem afetar os resultados obtidos com o “vane test”, dentre eles
destacam-se a velocidade de rotação diferente da estipulada, não homogeneidade da camada de
argila, as hipóteses de superfície cilíndrica de ruptura e distribuição de tensões uniforme se
afastando das condições reais. Na realidade, a superfície de ruptura obtida em um ensaio de
palheta não é cilíndrica, pois acredita-se que as zonas próximas à palheta podem estar sujeitas a
tensões mais altas, com concentração nas extremidades das aletas, provocando, portanto, uma
ruptura progressiva. A presença de pedregulhos, conchas ou areias, podem afetar fortemente os
resultados, acarretando valores mais elevados da resistência ou danificando a palheta. Valores
mais baixos que os reais são possíveis em argilas moles amolgadas devido ao processo de
cravação.
Este ensaio é usado para determinação "in situ" do módulo de elasticidade e da resistência
ao cisalhamento de solos e rochas, sendo originalmente desenvolvido na França pelo engenheiro
Menard.
O ensaio pressiométrico consiste em efetuar uma prova de carga horizontal no terreno,
graças a uma sonda que se introduz por um furo de sondagem de mesmo diâmetro e realizado
previamente com grande cuidado para não modificar-se as características do solo.
O equipamento destinado a execução do ensaio, chamado pressiômetro, é constituído por
três partes: sonda, unidade de controle de medida pressão - volume e tubulações de conexão (fig.
10.21). A sonda pressiométrica é constituída por uma célula central ou de medida e duas células
extremas, chamadas de células guardas, cuja finalidade é estabelecer um campo de tensões radiais
122
p 2 − p1
Ep = 2,66.(v o + v m ).
v 2 − v1 (10.8)
A Tabela 10.6 indica a ordem de grandeza entre valores de Ep e PL dos principais tipos de
solo.
Ao passar uma corrente elétrica (I) através dos eletrodos A e B, e medir a diferença de
potencial (∆V) criada entre os eletrodos M e N, obtém-se a resistividade através da fórmula:
125
∆V
ρa=K
I (10.9)
A resistividade (ρ) pode ser definida como sendo a maior ou menor facilidade com que
uma corrente elétrica se propaga por um material. Os valores de resistividade são afetados pela
presença de água, pela natureza dos sais dissolvidos e pela porosidade total do meio. Os
resultados são tratados com o auxílio de um software.
A técnica sísmica do cross-hole, ou transmissão direta entre furos, tem como principal
objetivo a medida, em profundidade, das velocidades de propagação das ondas de compressão (p)
e cisalhante (s) de um furo de sondagem equipado com um martelo, a outro equipado com um
geofone (GIACHETI, 1991).
As velocidades das ondas de compressão e cisalhante são determinadas através da medida
do tempo requerido para o impacto percorrer a massa de solo e ser captado pelo geofone colocado
a uma distância, em geral não excedente a 8 metros da fonte. Assim, a partir da obtenção das
velocidades de propagação das ondas e do peso específico do solo é possível estimar os módulos
cisalhante e de deformabilidade, segundo as formulações abaixo:
G = VS2 γ (10.11)
E = 2VS2 γ (1 + ν ) (10.12)
ν =
(V − 2 V )
2
C
2
S
2(V − V )
2 2
C S (10.13)
onde:
G = módulo cisalhante dinâmico (MPa)
E = módulo de deformabilidade dinâmico (MPa)
ν = coeficiente de Poisson
Vs = velocidade de propagação da onda cisalhante (m/s)
Vp = velocidade de propagação da onda de compressão (m/s)
γ = peso específico médio do solo (kN/m3)
A técnica de GPR vem sendo utilizada nos últimos anos com maior ênfase na identificação
de patologias em estruturas de concreto armado, localização de estruturas enterradas, diagnóstico
de áreas contaminadas, monitorização, levantamento de perfis geotécnicos, etc. O ensaio consiste
emissão de um pulso de onda eletromagnética, de forma e duração conhecidos, e do
acompanhamento do retorno destes pulsos à antena receptora. Sempre que o meio muda as suas
propriedades eletromagnéticas, há reflexões e refrações do pulso de onda emitido que indicam
126
esta mudança. Embora o ensaio seja pontual, a execução de uma série de ensaios com um
determinado espaçamento, segundo um determinado alinhamento, permite traçar perfis ou cortes
do objeto em estudo, que se juntos poderão a vir a formar imagens tridimensionais da área
estudada. A figura 10.24 ilustra um modelo de equipamento de GPR, evidenciando-se a CPU para
recebimento e tratamento preliminar dos dados e a antena de 1Ghz, a antena de maior resolução
utilizada na técnica. A figura 10.25 ilustra resultados típicos da técnica quando utilizada com a
antena de 1 Ghz em uma laje de concreto.
(a) (b)
Figura 10.24 – Equipamento de GPR. (a) Antena de 1 Ghz e (b) CPU para aquisição dos
dados.
Figura 10.25 – Resultados obtidos a partir da técnica de GPR aplicada a uma laje de
concreto.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA