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Fraturamento

Mecanismos de fraturamento

O regime de deformação é denominado rúptil (frágil)


quando a rocha sofre ruptura. O fraturamento ocorre por
deslizamento e fricção no contato de grãos, rotação e
quebramento do grão.
Mecanismos de deformação rúptil:
• fluxo granular
• fluxo cataclástico

O fluxo granular ocorre em rochas porosas e sedimentos inconsolidados. O fluxo


cataclástico ocorre durante a deformação de sedimentos consolidados
Cataclase é um processo mecânico que envolve
fraturamento e trituramento, incluindo rotação e
deslizamento por fricção no contato de grãos

fraturamento intragranular (restrito ao grão) e fraturamento


intergranular (continuidade entre diferentes grãos)
Tipos de fratura

Fratura é qualquer descontinuidade


planar/sub-planar resultante da ação
de tensões externas (tectônicas) ou
internas (residual, térmica)

Modo de fraturamento
• cisalhamento (fratura conjugada)
• extensão (junta)
• contração (estilólito)
fraturas conjugadas
σ1 > σ2 > σ3 (cisalhamento)

juntas ortogonais

estilólitos

orientação dos vários tipos de fratura com


respeito as direções principais de tensão
Deformação experimental
O cilindro de rocha (specimen) é encaixado em
uma camisa metálica (copper jacket). Um
fluido é bombeado em torno da amostra de
teste para fornecer uma pressão confinante
Deformação experimental
Diferentes tipos de experimento
• compressão axial (tensão vertical > pressão confinante)
• extensão axial (pressão confinante > tensão vertical)
• extensão uniaxial (tração)
Deformação experimental: resultados

síntese de diferentes experimentos


Deformação experimental: resultados

tensão diferencial vs. deformação (encurtamento) em calcário sob compressão


triaxial submetido a diferentes valores de pressão confinante (MPa)
Deformação experimental: resultados

transição rúptil-dúctil em calcário em função da pressão confinante e temperatura


Deformação experimental: resultados
teste de carga em laboratório

σ1 σ1

σ2 = σ3

microfraturas
volume volume aumenta
coalescem
diminui (microfraturamento)
(ruptura)
Critérios de ruptura: equação de Coulomb

Charles Augustin de Coulomb


Critérios de ruptura: equação de Coulomb

𝝈c 𝝈1 𝝈1-𝝈c 𝝈s
40 540 500 MPa 500

150 800 650 MPa


400 1400 1000 Mpa
𝝈n
500 1000 1500

usamos 𝝈1 e 𝝈c (=𝝈2) para plotar


os círculos de Mohr em sequência …

… diâmetro = 𝝈1 - 𝝈c
… centro = (𝝈1 + 𝝈2) / 2
Critérios de ruptura: equação de Coulomb
𝝈s = C + 𝝁 𝝈n
𝝈s 𝝓
500

C
𝝈n
500 1000 1500

C – coesão (tensão crítica de cisalhamento)


𝝓 - ângulo de atrito (fricção)
𝝁 - coeficiente de atrito (=tan 𝝓)
Critérios de ruptura: equação de Coulomb

rocha c (MPa)  graus


granito 0,31 0,64 33
gabro 0,38 0,66 33
traquito 0,41 0,68 34
arenito 0,28 0,51 27

Alguns valores de coesão (C) e coeficiente de atrito (𝝁)


(Jaeger and Cook, 1969
Critérios de ruptura: Mohr-Coulomb

CC - critério de Coulomb

CG - critério de Griffith
Critérios de ruptura: Mohr-Coulomb
Exercício
Na tabela abaixo estão registrados os resultados de quatro ensaios de ruptura
de um calcário (valores em MPa)

pressão esforço na
experimento
confinante (𝝈c) ruptura (𝝈1)

1 14 87

2 42 164

3 70 242

4 99 321

a) Determine a envoltória de ruptura e o coeficiente de atrito


b) Calcule o coeficiente de atrito e o ângulo () que s2 faz com o plano de ruptura)
c) Escreva e equação que caracteriza o comportamento mecânico desse calcário
Envelope de ruptura de Griffith
Envelope de ruptura de Griffith

Alan Griffith, engenheiro


aeronáutico inglês, identificou uma
importante discrepância entre
teoria e experimentos no regime
de ruptura sob tração (σn < 0)
1893 - 1963
Envelope de Griffith
𝝈s2 + 4T𝝈n - 4T2 = 0

para 𝝈n ≤ 0

T – resistência crítica à tração

Quando 𝝈n = 0
𝝈s = 2T (= C)
Quando 𝝈s = 0
𝝈n = T
Envelope de Griffith - Coulomb
é possível combinar as equações de Griffith e Coulomb de modo a ter uma noção
mais aproximada do fraturamento das rochas

𝝈s = 2T - 𝝁 𝝈n

μ, coef. de atrito (= 0,6 para vários


tipos de rocha sob compressão)

T (= C /2), coesão
Envelope de Griffith - Coulomb
Envelope de Griffith - Coulomb
Efeitos da anisotropia e fluidos no
fraturamento
Coesão praticamente nula em rochas pré-fraturadas (Lei de Byerlee)
Efeitos da anisotropia e fluidos no
fraturamento
A Lei de Byerlee descreve como fraturas são
preferencialmente reativadas e como a coesão aumenta
com a profundidade na Terra
Exercício
Duas amostras de dolomito foram investigadas quanto a resistência ao
cisalhamento. As propriedades mecânicas da primeira amostra, um dolomito
maciço, podem ser descritas pela equação 𝝈s = 50MPa + 0,9 𝝈n.

a) Com uma pressão confinante de 100 MPa, calcule o valor de 𝝈1 e o ângulo


com que o plano de fratura faz com 𝝈1 (vertical) no momento da ruptura.

Esse mesmo dolomito, agora contendo fraturas internas, foi submetido às


mesmas condições de carga. Essa amostra, contudo apresenta uma coesão nula
e um coeficiente de fricção (𝝁) de 0,7.

b) Determine que fraturas serão reativadas e quais permanecerão e estáveis


Exercício Dolomito maciço 𝝈s = 50MPa + 0,9 𝝈n

C = 50 MPa
𝝈s 𝝁 = tan 𝝓 𕒂 𝝓 = arctan 0,9 = 42°

200

100

2𝝷
𝝈n
𝝈m 500
100 300 700

𝝈c = 100 MPa
𝝈1 = 750 MPa
𝝈m = 425 MPa
Exercício Dolomito fraturado

C = 0 MPa
𝝈s 𝝁 = tan 𝝓 𕒂 𝝓 = arctan 0,7 = 35°

𝝈c = 100 MPa
200 𝝈1 = 750 MPa
𝝈m = 425 MPa
100

𝝈n
𝝈m
100 300 500 700

fraturas nesse campo de


orientações são reativadas
Efeitos da anisotropia e fluidos no
fraturamento
depende da orientação da anisotropia…
Efeitos da anisotropia e fluidos no
fraturamento
Efeito da pressão dos fluidos

A pressão da fase fluida (se presente nos poros da


rocha) age para neutralizar a componente da tensão
normal na superfície de contato dos grãos

Tensão efetiva, σ
σ = σ - Pf

No espaço de Mohr-Coulomb

σs = C + (σn - Pf) tan θ


Efeitos da anisotropia e fluidos no
fraturamento
Efeito da pressão dos fluidos

No espaço de Mohr-Coulomb
σs = C + (σn - Pf) tan θ
Exercício
As propriedades mecânicas de um arenito podem ser descritas pela equação
𝝈s = 150MPa + 0,7 𝝈n

Sabendo que a tensão diferencial (𝝈1-𝝈2) é igual a tensão média (200 MPa)
construa o círculo de Mohr e responda:

a) Qual o valor da pressão de fluidos necessário para fraturar o arenito.

b) Descreva o tipo de fratura e o ângulo que ela faz com 𝝈1 (vertical)

c) Qual o estado de tensão requerido para produzir uma fratura


extensional (𝝈s ≈ 0) no arenito

obs: assuma que as propriedades mecânicas no campo da tração são dadas


pela equação de Griffith
Arenito
𝝈s = 150MPa + 0,7 𝝈n

C = 150 MPa
𝝈s
𝝁 = tan 𝝓 𕒂 𝝓 = arctan 0,7 = 35°

𝝈m = (𝝈1 + 𝝈2) / 2
200

100

Pf
𝝈n
𝝈m
-100 100 300 500

C=2T

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