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dos Sólidos
FLAMBAGEM ELÁSTICA
APRESENTAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você será capaz de:
Esta é uma afirmação que vale, no regime elástico, para peças tracionadas ou comprimi-
das na maioria dos casos analisados.
Tomemos, por exemplo, uma barra de aço tendo comprimento L = 100 cm e de seção
circular com diâmetro D = 1,6 cm.
A = πD2 /4 = 2 cm2
Nx max = σesc x A = 50kN/cm2 x.2 cm2= 100 kN
εx = (50 kN/ cm2) / 20.000 kN / cm2 = 2,5 x 10-3.
ATENÇÃO
Poderíamos concluir, erroneamente, que a força normal Nx max e a deformação εx terão valores
iguais tanto para a tração como para a compressão. Na realidade o valor da força normal
máxima, na compressão, é 7,87 vezes menor que o valor calculado acima.
TOME NOTA
Flambagem é definida como sendo o fenômeno pelo qual a barra comprimida assumi uma
configuração curva ocasionando uma situação de equilíbrio instável.
A situação de equilíbrio instável deve ser evitada sendo portanto criada uma nova condi-
ção limite de utilização da barra, além daquelas relacionadas com sua resistência e sua
deformação específica.
Flambagem Elástica 73
Flambagem de barras biarticuladas
Tomemos a barra de aço utilizada como exemplo, tendo comprimento L = 100 cm, de
seção circular com diâmetro D = 1,6 cm, e apliquemos a suas extremidades, consideran-
do-as como articulações, forças externas P, como mostrado na figura 1.
P P
Porém, a. partir de determinado valor da força P aplicada (Pcrit), a barra apresentará uma
curvatura lateral deixando.de ter um eixo reto como suposto inicialmente conforme figura
2.
Diremos, então, que neste momento a barra flambou ou que ela se encontra em situação
de flambagem lateral.
Pcrit Pcrit
Através do estudo da configuração curva assumida pela barra pode-se determinar o valor
da força Pcrit que produzirá a flambagem da peça.
TOME NOTA
A carga crítica ou carga de flambagem Pcrit é definida como sendo a carga limite a partir da
qual serão criadas condições para o aparecimento de flambagem em determinada barra.
No caso das barras biarticuladas, o valor da carga crítica é dado pela seguinte fórmula:
Em outras palavras Pcrit = Pflam não pode ultrapassar a carga que produz o escoamento
do material Caso Pcrit seja maior que Pesc. o material da barra escoará antes que a flam-
bagem ocorra.
74 Flambagem Elástica
IMPORTANTE
Momento de Inércia I
Os valores dos momentos de inércia dependem dos eixos de referência que consideramos.
Assim teremos dois momentos de inércia quando trabalharmos com o Sistema Cartesiano:
Iz e Iy. Para efeito de determinação da carga de flambagem adotaremos o menor dos dois
valores.
EXEMPLOS DE APLICAÇÃO
1. Uma barra biarticulada, de seção transversal circular, mostrada na Figura 3, está
submetida a uma força de compressão de 15 kN. Ela tem comprimento de 1500
mm, diâmetro de 25 mm, módulo de elasticidade igual a 210 GPa e tensão de esco-
amento σescoamento = 25 kN/cm2. .Determinar:
a. A força normal atuante.
b. A carga crítica.
c. A possibilidade de ocorrência de flambagem.
15 kN 15 kN 25 mm
Seção
1500 mm Transversal
Nx =-P = -15 kN
Pois, a barra sofre compressão.
b. A carga crítica
Da fórmula, temos:
Flambagem Elástica 75
Como:
E = 21 x 103 kN/cm2
I =(π x d4) /.64= 1,917 cm4
Lflam = L = 150 cm
Pflam = 17,66 kN.
Nx atuante Pflambagem
15 kN < 17,66 kN
A barra não flambará.
a. A carga crítica.
b. A possibilidade de ocorrência de flambagem.
150 kN 150 kN 12 cm
Seção
4000 mm 6 cm Transversal
a. A carga crítica
Da fórmula, temos:
76 Flambagem Elástica
Utilizaremos I = Iy., pois este é o menor valor entre os dois calculados. Assim:
b. Ocorrerá flambagem?
Como
Flambagem Elástica 77
Analisando a Fórmula de Euler. verificamos que a carga de flambagem depende do
momento de inércia I e também do comprimento Lflam .
λ = Lflam/ i
Quanto maior o índice λ , mais esbelta é a peça e maior é a probabilidade de que ela
flambe. Diremos que barras muito esbeltas flambam e que, ao contrário, barras robustas
não flambam.
RELEMBRE
O raio de giração i é calculado utilizando a fórmula:
i=
Observamos que teremos dois raios de giração dependendo do eixo considerado, mas utiliza-
remos o raio de giração correspondente ao menor momento de inércia.
EXEMPLOS DE APLICAÇÃO
Calcular os índices de esbeltez das três barras utilizadas nos exemplos anteriores.
BARRA 1
Lflam = 150cm
i= = = 0,625 cm
λ = Lflam/ i = 240
BARRA 2
Lflam = 400 cm
i= = = 1,732 cm
λ = Lflam/ i = 230,94
BARRA 3
Lflam = 120 cm
i= = = 2,5 cm
λ = Lflam/ i = 48
78 Flambagem Elástica
Comparando os índices de esbeltez das três barras
analisadas podemos deduzir que a barra 3 é uma
barra robusta pois seu índice λ = 48, confirmando a
conclusão de que a barra não flambará.
Tensão de Flambagem
Quando se estuda a possibilidade de ocorrência de flambagem, pode ser interessante se
trabalhar não com a carga crítica, mas com a tensão por ela produzida.
i2/(Lflam)2= λ2
Finalmente teremos que:
σflam = π2E/(λ)2
Podemos verificar que o índice de esbeltez afeta significativamente o valor da tensão
crítica que produz flambagem, confirmando que quanto mais esbelta a peça for, maior a
probabilidade que aconteça a flambagem.
Flambagem Elástica 79
EXEMPLOS DE APLICAÇÃO
Calcular as tensões de flambagem das barras utilizadas nos exemplos anteriores.
BARRA 1
σflam = π2E/(λ)2
E = módulo de elasticidade = 210 GPa = 21 x 103 kN/cm2
λ = 240
σflam = π2 x 21 x 103 kN/cm2/(240)2
σflam= 3,60 kN/cm2
Vamos conferir?
σflam = Pcrit /A
σflam = 17,66 kN/4,91 cm2
σflam = 3,6 kN/cm2
Ok
BARRA 2
σflam = π2E/(λ)2
E = módulo de elasticidade = 105 GPa = 10,5 x 103 kN/cm2
λ = 230,94
σflam = π2 x 10,5 x 103 kN/cm2/(230,94)2
σflam= 1,94 kN/cm2
Vamos conferir?
σflam = Pcrit /A
σflam = 139,9 kN/72 cm2
σflam = 1,94 kN/cm2
Ok
BARRA 3
σflam = π2E/(λ)2
E = módulo de elasticidade = 15 x 103 kN/cm2
λ = 48
σflam = π2 x 15 x 103 kN/cm2/(48)2
σflam= 64,26 kN/cm2
80 Flambagem Elástica
Vamos conferir?
σflam = Pcrit /A
σflam = 5.046,55 kN/78,5 cm2
σflam = 64,28 kN/cm2
Ok? Não!!!
A tensão de flambagem deve ser menor que a tensão
de escoamento do material para que as fórmulas sejam
válidas, ou seja, devemos sempre obedecer a condição:
Pflam < Pescoamento e consequentemente:
σflam < σescoamento
Percebemos, porém, que a formulação das equações utilizadas continuaria válida caso
aplicássemos um coeficiente K de correção aos comprimentos L. da barra.
Lflam = K L
Apresentamos abaixo uma tabela indicando o valor de Lflam para os tipos mais comuns de
barras, conforme figuras 5, 6 7 e 8.
P P P P
Figura 5 – Barra biarticulada (Tipo 1) Figura 7 – Barra engastada somente em uma extremidade (Tipo 3)
P P P P
Flambagem Elástica 81
Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4
Barra Biarticulada Barra Biengastada Barra com 1 Barra engastada e
engaste articulada
Lflam = L Lflam = 0,5 L Lflam = 2 L Lflam = 0,7 L
EXEMPLOS DE APLICAÇÃO
4. Um poste de seção quadrada (30cm x 30 cm) encontra-se engastado em sua base e
tem sua extremidade superior livre.
Considerando que o comprimento L = 600 cm e que o material apresenta um módulo de
elasticidade E = 2500 kN/cm2 pede-se calcular:
a. A carga crítica.
b. A tensão de flambagem.
a. A carga crítica
b. A tensão de flambagem
σflam = π2E/(λ)2
i= = = 8,66 cm
λ = Lflam/ i = 1200 / 8,66 = 138,57
σflam = π2 x 2500 /(138,57)2
σflam = 1,285 kN/cm2
Vamos conferir?
σflam = Pcrit /A
σflam = 1156,60kN / 900 cm2
σflam = 1,285 kN/cm2
OK
82 Flambagem Elástica
5. Uma viga metálica W 150 x 37,3 encontra-se engastada em suas extremidades.
Suas propriedades geométricas obtidas através da consulta a catálogo são:
A = 47,3 cm2
Iz = 2220 cm4 e iz = 6,85 cm
Iy = 707 cm4 e iy = 3,866 cm
Considerando que o comprimento L= 600 cm e que o material apresenta um módulo
de elasticidade E = 20.000 kN/cm2 e σesc = 35 kN/cm2 pede-se calcular:
a. A carga crítica.
b. A tensão de flambagem.
a. A carga crítica
b. A tensão de flambagem
σflam = π2E/(λ)2
i = 3,866 cm (escolheremos este por ser menor)
λ = Lflam/ i = 300 / 3,866 = 77,60
σflam = π2 x 20.000 /(77,6)2
σflam = 32,78 kN/cm2
Vamos conferir?
σflam = Pcrit /A
σflam = 1550,62 kN / 47,3 cm2
σflam = 32,78 kN/cm2
OK
Flambagem Elástica 83
Síntese
Neste módulo você aprendeu a verificar as tensões e forças normais que podem produ-
zir flambagem em barras de eixo reto. Aprendeu também a analisar em que condições
este importante fenômeno ocorre. Muito importante para o aprendizado é assimilar os
conceitos aprendidos com a realização dos mais diferentes tipos de exercícios. Porque
não começar agora? Estude o presente módulo, resolva os exercícios propostos e busque
aprimorar todos os conceitos aqui aprendidos.
Não esqueça, prezado(a) aluno(a): o conhecimento da Mecânica dos Sólidos será funda-
mental para o entendimento do comportamento das diversas peças estruturais que encon-
tramos na vida profissional.do engenheiro.
Referências
AMARAL, Otávio Campos do. Curso básico de resistência dos materiais. Belo Horizonte:
O. Campos do Amaral, 2002, xiv, 519p. ISBN 85-90264-81-5.
BEER, Ferdinand Pierre; JOHNSTON, E. Russell. Resistência dos materiais. 4. ed., Rio de
Janeiro: Makron Books: McGraw-Hill, c2006. 758p. ISBN 85-86804-83-5.
HIBBELER, R.C. Resistência dos materiais. 7. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
c2010,xiv, 637 p. ISBN: 978-85-7605-373-6.
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