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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA

VARA ÚNICA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA


COMARCA DE XXXX/XX
AÇÃO DE ALIMENTOS AVOENGOS C/C ALIMENTOS
PROVISÓRIOS
Luísa Dos Santos Bastos, menores impúberes,
representados por sua genitora, Maria Dos Santos, brasileira,
viúva, portadora da cédula de identidade nº xxxx inscrita no
CPF/MF sob o nº xxxx, residente e domiciliada à Rua xxxx, nº
xx, Bairro xxxx, cidade alfa, vêm, respeitosamente, à presença
de Vossa Excelência, por meio de seu advogado que este
subscreve, propor a presente AÇÃO DE ALIMENTOS
AVOENGOS C/C ALIMENTOS PROVISÓRIOS contra
Alice Bastos, brasileira, viúvo, aposentado, residente e
domiciliado à Rua xxxx, nº xx, Bairro xxxx, CEP: xxxx, cidade
xxxx, pelos fatos e argumentos a seguir expostos.
DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Os autores requerem, inicialmente, os benefícios da Justiça
Gratuita por serem pobres na forma da Lei, conforme
declaração de hipossuficiência em anexo. Não dispondo de
numerário suficiente para arcar com taxas, emolumentos,
depósitos judiciais, custas, honorários ou quaisquer outras
cobranças dessa natureza sem prejuízo de sua própria
subsistência e de sua família, os suplicantes requerem a
assistência da Defensoria Pública com fulcro na Lei
nº 1.060/50, acrescida das alterações estabelecidas pela Lei
nº 7.115/83, tudo consoante com o art. 5º, LXXIV,
da Constituição Federal.

DAS PRERROGATIVAS DA DEFENSORIA PÚBLICA


Por oportuno, é válido esclarecer que, por se tratar de parte
representada judicialmente pela Defensoria Pública Geral do
Estado, possui as prerrogativas do prazo em dobro e da
intimação pessoal do Defensor Público afeto à presente Vara,
consoante inteligência do art. 5º, caput, da Lei Complementar
Estadual N.º 06, de 28 de maio de 1997[1].
O parágrafo único do supramencionado dispositivo legal,
completa o mandamento acima esposado, ao dispor que a
atuação da Defensoria Pública dar-se-á em juízo
independentemente de procuração, ressalvados os casos para
os quais a lei exija poderes especiais.

DOS FATOS
A Sra. M. M. S. I, representante do autor neste ato, manteve
com o Sr. R. I. S, relacionamento amoroso que culminou com
o nascimento de 02 (dois) filhos, M. L. S nascida em XX de
maio de XXXX, L. M. I. S, nascido em XX de agosto de XXXX,
conforme certidões de nascimento em anexo.
Em 05 de dezembro de 2012, veio o Sr. R. I. S a falecer,
consoante cópia anexa da certidão de óbito, deixando os
infantes aos cuidados exclusivos da genitora.

A genitora dos requerentes se encontra atualmente em


dificuldades financeiras e não recebe qualquer tipo de ajuda
por parte da família do falecido companheiro, estando
necessitando de alimentos tanto para sua própria
sobrevivência quanto para a de seus filhos.

Atualmente, as crianças residem com a mãe no município de


XXXX. A genitora tem assumido a total e absoluta
responsabilidade do custeio e mantença dos filhos desde a
morte do pai das crianças.

Durante este tempo, a avó da genitora dos autores vem


suportando o pagamento das despesas. Embora seja
aposentada, a bisavó dos autores é portadora de doença
cardíaca, cuja enfermidade já compromete boa parte de sua
renda, que é praticamente toda destinada ao seu tratamento.
Insta salientar que a avó da genitora e bisavó dos autores em
razão de sua doença terá que se deslocar para outra cidade e
não poderá mais ajudar sua neta e bisnetos.

É cediço que as despesas para sobrevivência são inevitáveis e


incidem desde a alimentação ao lazer.

Inserir despesas
Frise-se, MM. Juiz, que em nada é digno viver sob a égide da
esmola alheia, mormente quando se há possibilidade de viver
com o mínimo de dignidade possível, já que o direito e a justiça
reconhecem à participação daqueles a quem a lei confere o
dever de sustento: os genitores, e na sua impossibilidade os
ascendentes.

De outra banda, o promovido é pessoa que goza de


possibilidade financeira de ajudar os netos, haja vista ser
aposentado, vendedor de pedras preciosas e ainda recebe
pensão por morte de sua esposa e não possuir maiores
despesas, pois não possui dependentes.

Veja então Excelência que resta demonstrado o trinômio


necessidade/possibilidade/proporcionalidade, de maneira a
não remanescer ao Douto Juízo, com o devido respeito ao
Princípio afeto ao Juiz, o da liberdade de convencimento
motivado, dúvidas quanto aos requisitos necessários à
concessão da pensão alimentícia.

Consigna-se, pois, a pretensão dos requerentes em auferir


pensão alimentícia a ser paga por sua avó, ora promovida, a ser
cumprido na razão de 60% (sessenta por cento) do
salário mínimo vigente, o que corresponde a R$ XXXX,
00 (XXXX reais), sendo...
DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
O novel CÓDIGO CIVIL engendrou uma nova forma de
intervenção de terceiros no processo, em norma de caráter
flagrantemente heterotópico. Em seu art. 1.698,
o Codex prescreve a possibilidade de, na ação de alimentos,
chamar os avós a integrarem a lide, como forma de
complementar a obrigação alimentar do neto, não inteiramente
suportada pelo pai, v. G. Vejamos a literalidade do
dispositivo, verbis:
CC, Art. 1698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro
lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o
encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato;
sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas
devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e,
intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser
chamadas a integrar a lide.
A doutrina nacional recebeu o dispositivo como norma
alvissareira, de há muito esperado pelos operadores do Direito.
Merece transcrição preleção de MARIA HELENA DINIZ, em
seu Curso de Direito Civil, que pontifica:

“Nada obsta, havendo pluralidade de obrigados do mesmo grau


que se cumpra a obrigação alimentar por concurso entre
parentes, contribuindo cada um com a quota proporcional aos
seus haveres; se a ação de alimentos for intentada contra um
deles, os demais poderão ser chamados a integrar a lide (CC,
art. 1.698) para contribuir com sua parte, distribuindo-se a
dívida entre todos, Na sentença, o juiz rateará entre todos a
soma arbitrada e proporcional às possibilidades econômicas de
cada um, exceto aquele que se encontra financeiramente
incapacitado, e assim cada qual será responsável pela sua
parte. Se, por acaso, algum dos obrigados suportar o encargo,
satisfazendo, totalmente, o necessitado, não há o que se exigir
dos outros. Não há, portanto, solidariedade, por ser divisível a
obrigação.” (Curso de Direito Civil Brasileiro. 17ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2002, v. 5, p. 471)

Vem a calhar também o magistério do Professor Dr. ÁLVARO


VILLAÇA AZEVEDO, que preleciona, ad litteram:
"Com fundamento em decisao do Tribunal de Justiça de São
Paulo 12, Maria Berenice Dias acentua que ‘é necessário,
primeiro, buscar a obrigação alimentar do parente mais
próximo. Nada impede, no entanto, intentar ação
concomitante contra o pai e o avô. Constitui-se um
litisconsórcio passivo facultativo sucessivo. Ainda que não
disponha o autor de prova da impossibilidade do pai, o uso da
mesma demanda atende ao princípio da economia processual.
Na instrução é que, comprovada a ausência de condições do
genitor, evidenciada a impossibilidade de ele adimplir a
obrigação, será reconhecida a responsabilidade dos avós. A
cumulação da ação contra pais e avós tem a vantagem de
assegurar a obrigação desde a data da citação’.
Reforça seu raciocínio essa jurista, em seqüência, apoiando-se
em julgado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, que
assenta que ‘o fato de a lei fazer uso da palavra pais, no plural,
ao lhes atribuir os deveres decorrentes do poder familiar, não
quer dizer que está a se referir a ambos os pais, e sim a
qualquer dos pais. A denominada paternidade responsável
estendeu seus efeitos, alcançando os avós, que tendo
condições, podem ser chamados a completar o pensionamento
prestado pelo pai que não supre de modo satisfatório a
necessidade do alimentando’ (com fundamento em Fátima
Nancy Andrighi). ‘O STJ vem manifestando o entendimento de
que a responsabilidade dos avós não é apenas sucessiva, mas
complementar, podendo ser chamados a subsidiar a pensão
prestada pelo pai, que não supre de modo satisfatório a
necessidade dos alimentandos’.” (DIREITOS E DEVERES DOS
AVÓS (ALIMENTOS E VISITAÇÃO) - Publicada no Juris
Síntese nº 79 - SET/OUT de 2009)

A jurisprudência, a seu turno, segue a mesma senda, como


pode ser observado dos arestos abaixo transcritos, que
condicionam o acionamento dos progenitores tão somente à
prévia demonstração de incapacidade financeira, total ou
parcial, do genitor, que é primordialmente obrigado aos
alimentos:

ALIMENTOS – PAI – AVÓS – RESPONSABILIDADE


COMPLEMENTAR – É devido o arbitramento de alimentos
provisionais contra os avós do alimentando, a título de
complementação expressamente requerida, quando o pai alega
que não reúne condições suficientes para suportar o encargo. A
responsabilidade dos avós não é apenas sucessiva, mas,
também, complementar. Dá-se provimento ao recurso. (TJMG
– AC 1.0000.00.190591-8/000 (1) – 4ª CCiv – Rel. Des.
Almeida Melo – DJe 24.04.2001)

ALIMENTOS – CARÁTER SUBSIDIÁRIO DA OBRIGAÇÃO


AVOENGA – Ainda que a obrigação de prover o sustento dos
filhos é primordialmente dos genitores, é possível recorrer aos
avós se provada a incapacidade econômica do pai e da mãe.
Recurso improvido por maioria. (TJRS – AC 70004008892 –
7ª C. Cív. – Rel. Des. Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves
– DJRS 25.06.2002 – p. 08)

AGRAVO DE INSTRUMENTO – ALIMENTOS – OBRIGAÇÃO


AVOENGA – MANUTENÇÃO – Não é preciso esgotar todas as
possibilidades de obter recursos do pai antes de ajuizar pedido
de alimentos contra os avós. A impossibilidade do genitor pode
ser comprovada ao longo da instrução. A fixação de alimentos
provisórios em desfavor dos avós requer verossimilhança, que
está presente no caso dos autos. Negaram provimento ao
agravo. (TJRS – Ag 70012910402 – 8ª CCiv – Rel. Des. Rui
Portanova – J 23.02.2006)

Portanto, fixada a premissa – na lei, doutrina e jurisprudência


– da possibilidade de intervenção dos avós na lide de
alimentos, como obrigados a prestar alimentos, é de se analisar
os requisitos necessários à sua quantificação e possibilidade de
concessão de provimento de urgência.

DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS


Nesta oportunidade, necessária se faz a fixação de alimentos
provisionais devidos pelo demandado, no percentual de 30%
(trinta por cento) de dois salários mínimos vigente, o
que corresponde a R$ XXXX, 00 (XXXX reais), já que não
é razoável admitir que as despesas vitais dos filhos sejam
suportadas, exclusivamente, pela genitora, que ora representa
a criança neste pleito.
Os alimentos provisórios pleiteados na presente ação têm como
objetivo promover o sustento dos filhos na pendência da lide.
Tal pedido encontra-se previsto no art. 4º da Lei N.º 5.478/68,
que dispõe sobre a ação de alimentos, senão vejamos:

Art. 4º. Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo


alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o
credor expressamente declarar que deles não necessita.

No caso sub examine, resta translúcida a necessidade de


fixação de tal provisão legal, face à dificuldade financeira
enfrentada pela genitora dos menores, o que fatalmente resvala
na manutenção das crianças.
Registre-se a precisa lição da atual doutrina de Maria Berenice
Dias, que, citando Silvio Rodrigues e Carlos Alberto Bittar,
assim preconiza:

“Talvez se possa dizer que o primeiro direito fundamental do


ser humano é o de sobreviver. E este, com certeza, é o maior
compromisso do Estado: garantir a vida dos cidadãos. Assim, é
o Estado o primeiro a ter obrigação de prestar alimentos aos
seus cidadãos e aos entes da família, na pessoa de cada um que
integra. (…) Mas infelizmente o Estado não tem condições de
socorrer a todos, por isso transforma a solidariedade familiar
em dever alimentar. Este é um dos efeitos que decorrem da
relação de parentesco”. [2]

Isto posto, com o objetivo de propiciar ao menor requerente


proteção jurisdicional aos meios à sua mantença digna durante
o curso do processo, solicitam-se alimentos provisórios, nos
termos da pensão alimentícia requerida alhures.

DO PEDIDO
Ante o exposto, requer:

1. A concessão dos benefícios da JUSTIÇA GRATUITA


postulada inicialmente;

2. A fixação de alimentos provisórios, no percentual de 30%


(trinta por cento) de dois salários mínimos vigente, o
que corresponde a R$ XXXX, 00 (XXXX reais), a serem
pagos pela demandada à mãe das crianças, mediante depósito
em conta bancária a ser aberta com esse propósito;
3. A expedição de ofício a instituição bancária oficial para
abertura de conta em nome da genitora do alimentando, onde
será depositada a pensão;
4. A expedição de ofício ao Instituto Nacional da Seguridade
Social – INSS, a fim de que sejam efetuados os descontos
relativos à pensão aqui fixada;

5. A citação da alimentante, sob pena de decretação da revelia,


para que tome ciência da ação, assim como da decisão
interlocutória de fixação dos alimentos provisórios,
notificando-a, ainda, da audiência de que trata o artigo 5º da
Lei 5.478/68;

6. Seja de tudo ouvido o membro do Ministério Público;

7. Seja julgado, ao final, procedente o pedido de alimentos e


que, consequentemente, seja condenada a promovida ao
pagamento de alimentos definitivos no valor mensal de 30%
(trinta por cento) de dois salários mínimos vigente, o
que corresponde a R$ XXXX, 00 (XXXX reais), a serem
pagos pela demandada à mãe das crianças, mediante depósito
em conta bancária a ser aberta com esse propósito;
8. A condenação da demandada no pagamento das verbas de
sucumbência, isto é, custas processuais e honorárias
advocatícios, estes na base de 20% (vinte por cento) sobre o
valor da condenação, os quais deverão ser revertidos à
DEFENSORIA PÚBLICA – GERAL DO ESTADO DO CEARA
(Banco do Brasil – AgêncianºXXXX– Conta nº XXXX); tudo
de conformidade com a Lei n.º 1.146/87.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


Direito permitido, depoimento pessoal da alimentante sob
pena de confissão, especialmente juntada atual e posterior de
documentos, perícias, vistorias e demais meios probatórios que
se fizerem necessários ao andamento e julgamento do feito,
tudo, de logo, requerido.

Dá à causa o valor de R$ XXXX (12x XXXX Reais).


Termos em que,

Pedem deferimento.
Cidade - Estado, data.

Nome do Advogado

OAB Nº xxx

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