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ASPECTOS LEGAIS DAS

INFORMAÇÕES DE ENFERMAGEM

Jaqueline B. Kuramoto
Informação,
Privacidade e
Confidencialidade
Em seus contatos diários com
pacientes, familiares e funcionários, o
profissional de enfermagem, como ser
humano e profissional, defronta-se com
problemas que não pode revelar e
outros que pode ou deve revelar. O que
revelar ou não? A quem revelar?
Privacidade - Aspectos Morais

Resolução CFM 1.359/92


Art. 2º - O sigilo profissional deve ser rigorosamente respeitado
em relação aos pacientes com AIDS; isso se aplica inclusive aos
casos em que o paciente deseja que sua condição não seja
revelada sequer aos familiares, persistindo a proibição de
quebra de sigilo mesmo após a morte do paciente.

Art. 3º - O médico que presta seus serviços a empresa está


proibido de revelar o diagnóstico de funcionário ou candidato a
emprego, inclusive ao empregador e à secção de pessoal da
empresa, cabendo-lhe informar, exclusivamente, quanto à
capacidade ou não de exercer determinada função.
Privacidade - Aspectos Legais
Constituição Federal - 1988
Art. 5o - Todos são iguais perante a lei (...)
X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação.

Código Penal Brasileiro - 1941


Violação do Segredo Profissional
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo,
de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou
profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa
Privacidade - Tipos de Informações
Públicas

Privadas

Íntimas

Segredos
O que é SEGREDO??

Dicionário Aurélio: “Aquilo que se quer


cuidadosamente ocultar ou se não deve dizer;
que não está divulgado; também conhecido
como sigilo”.

Dicionário Aurélio: “Segredo Profissional:


sigilo a que estão obrigadas certas pessoas no
exercício da sua profissão ou mister, tais como
advogados, médicos, confessores, etc..”.
TIPOS DE SEGREDO

Vários são os tipos de segredo, mas


podemos dividi-los em dois principais:
segredo natural e o profissional.

SEGREDO NATURAL – abrange o que se vem a


conhecer sem estar no exercício de um
profissão;

SEGREDO PROFISSIONAL – o que se vem a


saber exercendo uma atividade profissional.
Para os profissionais de enfermagem, o
conteúdo do segredo é tudo o que se refere
ao paciente, à família, aos funcionários e à
empresa, ao hospital ou campo de atividade.
O QUE DIZ O CÓDIGO DE ÉTICA DOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ?

Resolução nº. 311/2007

Capítulo II
Do Sigilo profissional

Art. 81 ao 85
O QUE DIZ O CÓDIGO DE ÉTICA DOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ?

Resolução nº. 311/2007

Capítulo II - Do Sigilo profissional

É DIREITO do profissional da enfermagem

Art. 81 - Abster-se de revelar informações


confidenciais de que tenha conhecimento em
razão de seu exercício profissional a pessoas ou
entidades que não estejam obrigadas ao sigilo
O QUE DIZ O CÓDIGO DE ÉTICA DOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ?

Resolução nº. 311/2007


Capítulo II - Do Sigilo profissional

Responsabilidade e deveres
Art. 82 - Manter segredo sobre fato sigiloso de
que tenha conhecimento em razão de sua
atividade profissional, exceto casos previstos
em lei, ordem judicial, ou com o consentimento
escrito da pessoa envolvida ou de ser
representante legal.
O QUE DIZ O CÓDIGO DE ÉTICA DOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ?

Resolução nº. 311/2007


Capítulo II - Do Sigilo profissional

Responsabilidade e deveres
Art. 82 -
§ 1º. Permanece o dever mesmo quando o fato
seja de conhecimento público e em caso de
falecimento da pessoa envolvida.
O QUE DIZ O CÓDIGO DE ÉTICA DOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ?

Resolução nº. 311/2007


Capítulo II - Do Sigilo profissional

Responsabilidade e deveres
Art. 82 -
§ 2º. Em atividade multiprofissional, o fato
sigiloso poderá ser revelado quando necessário
à prestação da assistência.
O QUE DIZ O CÓDIGO DE ÉTICA DOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ?

Resolução nº. 311/2007


Capítulo II - Do Sigilo profissional

Responsabilidade e deveres
Art. 82 -
§ 3º. O profissional de Enfermagem intimado
como testemunha deverá comparecer perante a
autoridade e, se for o caso, declarar seu
impedimento de revelar o segredo.
O QUE DIZ O CÓDIGO DE ÉTICA DOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ?

Resolução nº. 311/2007


Capítulo II - Do Sigilo profissional
Responsabilidade e deveres
Art. 82 -
§ 4º. O segredo profissional referente ao menor
de idade deverá ser mantido, mesmo quando a
revelação seja solicitada por pais ou
responsáveis, desde que o menor tenha
capacidade de discernimento, exceto nos caos
em que possa acarretar danos ou riscos
ao mesmo.
O QUE DIZ O CÓDIGO DE ÉTICA DOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ?

Resolução nº. 311/2007

Capítulo II - Do Sigilo profissional

Responsabilidade e deveres

Art. 83 - Orientar, na condição de Enfermeiro, a


equipe sob sua responsabilidade sobre o dever
do sigilo profissional.
O QUE DIZ O CÓDIGO DE ÉTICA DOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ?

Resolução nº. 311/2007


Capítulo II - Do Sigilo profissional

Proibições
Art. 84 - Franquear o acesso a informação e
documentos a pessoas que não estão
diretamente envolvidas na prestação da
assistência, exceto nos casos previstos na
legislação vigente ou por ordem judicial.
O QUE DIZ O CÓDIGO DE ÉTICA DOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ?

Resolução nº. 311/2007

Capítulo II - Do Sigilo profissional

Proibições

Art. 85 - Divulgar ou fazer referência a casos,


situações ou fatos de forma que os envolvidos
possam ser identificados.
DE QUE MANEIRA É POSSÍVEL
REVELAR UM SEGREDO ?

REVELAÇÃO DIRETA – quando são


publicados o conteúdo e o nome da pessoa
a quem pertence o segredo

REVELAÇÃO INDIRETA – a partir do


momento em que são oferecidos indícios
para que outros identifiquem, a coisa
secreta e seu dono.
QUANDO O SEGREDO PODE
SER ROMPIDO ?

A quebra do sigilo pode-se dar por


meio do:

consentimento do próprio paciente ou de


seu representante legal,
Privacidade - Aspectos Éticos

Tipo de Acesso Característica Dever


Informação Provável Associada Associado

Públicas Todos Publicidade Nenhum

Privadas Alguns Privacidade Confidencialidade

Íntimas Poucos Intimidade Confidencialidade

Segredos Ninguém Segredo Não Revelação


ou sigilo
Privacidade - Aspectos Éticos
A preservação das informações do paciente é
um dever essencial para todo profissional que
atua na área da saúde.

Privacidade Confidencialidade
É a limitação do acesso às É a garantia da
informações de uma dada preservação das
pessoa, ao acesso à própria informações dadas em
pessoa, à sua intimidade, confiança e a proteção
anonimato, sigilo, contra a sua revelação
afastamento ou solidão. não autorizada
É a liberdade de não ser
observado sem autorização.
O PRONTUÁRIO

Entende-se por prontuário médico


não apenas o registro da anamnese
do paciente, mas todo acervo
documental padronizado, organizado e
conciso, referente ao registro dos
cuidados médicos prestados, assim
como aos documentos pertinentes a
essa assistência.
O PRONTUÁRIO

Consta de exame clínico do paciente,


suas fichas de ocorrências e de
prescrição terapêutica, os relatórios da
enfermagem, da anestesia e da cirurgia,
a ficha do registro dos resultados de
exames complementares e, até mesmo,
cópias de solicitação e de resultado de
exames complementares
O PRONTUÁRIO

Constituem um verdadeiro dossiê que


tanto serve para a análise da evolução
da doença, como para fins estatísticos
que alimentam a memória do serviço e
como defesa do profissional, caso ele
venha ser responsabilizado por algum
resultado atípico ou indesejado
O PRONTUÁRIO

Pensar sempre em possíveis


complicações de ordem técnica, ética ou
jurídica que possam eventualmente
ocorrer, quando o prontuário seria um
elemento de valor probante fundamental
nas contestações sobre possíveis
irregularidades.
O PRONTUÁRIO

Um dos deveres de conduta mais


cobrados pelos que avaliam um
procedimento médico é o dever de
informar e, dentre esses, o mais arguido
é o do registro dos prontuários.
Conselho Regional de Medicina do Estado de
São Paulo – CREMESP
Resolução n.º 70/95

Criou a Comissão de Revisão de


Prontuários Médicos, de caráter
obrigatório, nas Unidades de Saúde
onde se presta assistência médica de
sua jurisdição, com tempo de mandato e
processo de escolha de seus membros
consignados no Regimento Interno do
Corpo Clínico da instituição hospitalar
A QUEM PERTENCE O PRONTUÁRIO?

Antes pensava-se que ele pertencia ao


médico assistente ou à instituição para a
qual ele prestava seus serviços. Mesmo
sendo o médico, indubitavelmente, o
autor intelectual do dossiê por ele
recolhido, é claro que este documento
pertence ao paciente naquilo que é mais
essencial: nas informações contidas.
A QUEM PERTENCE O PRONTUÁRIO?

É de propriedade do paciente a
disponibilidade permanente das
informações que possam ser objeto da
sua necessidade de ordem pública ou
privada. Mas o médico e a instituição
têm o direito de guarda.
ACESSO AO PRONTUÁRIO

Não existe nenhum dispositivo ético ou


jurídico que determine ao médico ou ao diretor
clínico de uma instituição de saúde entregar
os originais do prontuário, de fichas de
ocorrências ou de observação clínica a quem
quer que seja, autoridade ou não, porque
“ninguém está obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
PARECER-CONSULTA
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
CFM n.º 02/94

Ficou estabelecido que as instituições de


saúde não estão obrigadas a enviar,
mesmo por empréstimo, os prontuários aos
seus contratantes públicos ou privados.
PARECER-CONSULTA
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
CFM n.º 05/96

“O diretor clínico não pode liberar cópia de


prontuários de paciente para Conselhos de
Saúde, porém tem o dever de apurar
quaisquer fatos comunicados, dando-lhes
conhecimento de suas providências, sob
pena de responsabilidade ética ou
mesmo criminal”.
TRANSFERÊNCIA DO PRONTUÁRIO

O fornecimento de cópia do prontuário, de


uma instituição para outra, deverá ser
expressamente autorizada pelo paciente ou
seu representante legal. A dispensa da
autorização acima somente se justificaria
em situações de inequívoco benefício ao
paciente e em que, concomitantemente,
este não possa manifestar livremente sua
vontade.Parecer aprovado na 2713ª sessão
plenária, realizada em 8/1/2002.

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