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Capítulo 7: Discordâncias e

Mecanismos de aumento da resistência

Introdução à Ciência e Tecnologia dos Materiais


Cursos de Graduação em Engenharia

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1
Por que estudar?
 O conhecimento da natureza das discordâncias e do papel
que elas exercem na deformação plástica permite entender os
mecanismos utilizados para aumentar a resistência e para
endurecer os metais e as suas ligas.

 Isto permite projetar e adaptar as propriedades mecânicas


dos materiais para alcançar o desempenho desejado.

 Cabe destacar que as discordâncias são responsáveis pela


ductilidade dos metais.

 Além disso, a presença de discordâncias também influencia as


propriedades eletrônicas e ópticas dos materiais.
Tensão

LRT Estricção

Resistência à fratura Fratura

Tensão de escoamento

Estricção

Coeficiente angular = módulo


Fratura de elasticidade

Deformação
Deformação Deformação plástica plástica não-
elástica uniforme uniforme

Deformação
Deformação Deformação plástica
elástica

Deformação total

Forma de um corpo de prova de material dúctil em vários estágios do ensaio

2
Introdução
Relembrando...

 Existem 2 regimes de deformação: elástico e plástico;

 Resistência e dureza: medidas da resistência do material


à deformação plástica (irreversível);

 Nos sólidos cristalinos, a deformação envolve, na


maioria das vezes, o movimento das discordâncias.

Introdução
 Os primeiros estudos dos materiais levaram ao cálculo das

resistências teóricas de cristais perfeitos, através das forças de

ligação entre os átomos. Contudo, na prática, a resistência medida

apresentava um valor inferior ao teórico (nos metais, este valor é

103-104 vezes menor do que a resistência teórica).

 1930: Foi postulado que essa diferença se deve à existência de

defeitos lineares na estrutura cristalina dos materiais, as

discordâncias. Contudo, tais defeitos só foram observados

diretamente em 1950, com o auxílio de um microscópio eletrônico.

3
Conceitos básicos

 Tipos de discordâncias:

a) Discordância em aresta

b) Discordância em espiral

c) Discordância mista

Conceitos básicos
Discordância em aresta (cunha)

 Semiplano extra de átomos,


que causa uma distorção
localizada da rede cristalina ao
longo de sua extremidade.

 A aresta deste plano define a


linha de discordância.

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Conceitos básicos
Discordância em espiral (hélice)

 Resultado de uma distorção


provocada por uma tensão
cisalhante aplicada.

 A linha de discordância passa


pelo centro de uma rampa de
plano de átomos em espiral.

Conceitos básicos
Discordância mista
Vista superior

Representação
esquemática de uma
discordância que possui
características em aresta,
espiral e mista.

5
Conceitos básicos

Discordâncias em uma amostra de alumínio ligeiramente deformada,


observada por microscopia eletrônica de transmissão (MET). As células
estão relativamente livres de discordância, mas estão separadas por
paredes com uma alta densidade de discordâncias.

Conceitos básicos

A deformação plástica macroscópica corresponde

à deformação permanente que resulta do

movimento de um grande número de

discordâncias (escorregamento), em resposta à

aplicação de uma tensão de cisalhamento.

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Conceitos básicos
 Os materiais podem ser solicitados por tensões de
compressão, tração ou de cisalhamento.

 Como a maioria dos metais são menos resistentes ao


cisalhamento que à tração e compressão e como estes
últimos podem ser decompostos em componentes de
cisalhamento, pode-se dizer que os metais se
deformam pelo cisalhamento plástico ou pelo
escorregamento de um plano cristalino em relação ao
outro.

Conceitos básicos

 Apesar de uma tensão aplicada poder ser


de tração ou de compressão, existem
componentes de cisalhamento em todas a
direções, exceto nas direções paralelas e
perpendiculares à direção da tensão.

Representação esquemática mostrando as tensões normal


(σ’) e cisalhante (τ’) que atuam em um plano orientado
segundo um ângulo θ em relação ao plano tomado
perpendicularmente à direção ao longo da qual é aplicada
uma tensão puramente de tração (σ).

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Conceitos básicos

 Escorregamento: processo segundo o qual uma

deformação plástica é produzida pelo movimento de

uma discordância, em resposta à aplicação de uma

tensão cisalhante.

 Plano de escorregamento: plano cristalográfico ao

longo do qual a discordância passa.

Conceitos básicos
Uma discordância em aresta se move em resposta à
aplicação de uma tensão de cisalhamento perpendicular à sua
linha. Ao final do processo, esse semiplano extra pode emergir na
superfície do cristal, formando uma aresta que possui a largura
de uma distância atômica.

8
Conceitos básicos

Deslizamento de um plano de átomos sobre outro adjacente.

Conceitos básicos

 O movimento de uma discordância se dá de forma

discreta (pequenos deslocamentos por vez). O

movimento de um plano inteiro de uma vez exigiria uma

imensa quantidade de energia para ser realizado. Ou

seja, o material se deforma através do movimento das

discordâncias porque este é um processo

energeticamente favorável.

9
Conceitos básicos

Conceitos básicos

10
Conceitos básicos

Conceitos básicos

11
Conceitos básicos

Conceitos básicos

Movimento

paralelo à tensão

cisalhante

12
Conceitos básicos
O movimento de uma discordância espiral em
resposta à aplicação de uma tensão de
cisalhamento é perpendicular à direção da tensão.

Formação de
discordância por
cisalhamento.
(a) Discordância
em cunha.
(b) Discordância
helicoidal.
(c) Discordância
mista.

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Conceitos básicos
 Densidade de discordâncias (número de discordâncias):
- comprimento total de discordâncias/volume (mm/mm³);
- número de discordâncias/área (discordâncias/mm²).

Material Densidade de
discordâncias (mm-2)
Metais cuidadosamente solidificados 10³

Metais altamente deformados 109 - 1010


Metais recozidos 105 - 106
Cerâmicas 102 - 104
Monocristal de Si 0,1 - 1

Características das discordâncias

 Quando os metais são deformados plasticamente,

aproximadamente 5% da energia é retida internamente;

o restante é dissipado na forma de calor.

 A maior parte desta energia é armazenada como energia

de deformação associada às discordâncias

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Características das discordâncias

 Discordância em aresta: Existe uma Estas distorções da rede


distorção na rede cristalina ao redor do podem ser consideradas como
campos de deformação.
semiplano, onde são impostas
deformações de tração (região amarela) e
de compressão (região verde). Também
existem deformações de cisalhamento na
vizinhança da discordância. Esta
distorção tem sua magnitude reduzida
em função da distância radial a partir da
discordância.

 Discordância em espiral: as deformações da rede são puramente cisalhantes.

Características das discordâncias


 Durante a deformação plástica, o número de discordâncias
aumenta drasticamente. Uma fonte importante de novas
discordâncias são as discordâncias já existentes, que se
multiplicam.

 Defeitos cristalinos e irregularidades da superfície atuam


como concentradores de tensão e podem servir como sítios
para a formação de discordâncias durante a deformação.

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Características das discordâncias
 Durante a deformação plástica, o número de discordâncias
aumenta drasticamente. Uma fonte importante de novas
discordâncias são as discordâncias já existentes, que se
multiplicam.

 Defeitos cristalinos e irregularidades da superfície atuam


como concentradores de tensão e podem servir como sítios
para a formação de discordâncias durante a deformação.

A capacidade de deformação plástica de um material


dependerá dos seus mecanismos de multiplicação de
discordâncias e da facilidade do movimento das mesmas.

Sistemas de escorregamento
 As discordâncias não se movem com o mesmo grau de

facilidade em todos os planos e direções: existe um plano

preferencial e nesse plano existem direções específicas ao

longo das quais ocorre o escorregamento.

 Esta combinação entre o plano de escorregamento e a direção

de escorregamento é denominada sistema de

escorregamento.

16
Sistemas de escorregamento

 O sistema de escorregamento depende da estrutura cristalina

do material e é aquele onde a distorção da rede causada pelo

movimento da discordância é menor.

O movimento das discordâncias ocorre ao longo

dos planos e direções mais compactos.

Sistemas de escorregamento
 Exemplo: Na estrutura cristalina CFC, os planos da família
{111} e as direções da família <110> compõem o sistema de
escorregamento para esta estrutura.

17
Sistemas de escorregamento
 Exemplo: Na estrutura cristalina CFC, os planos da família
{111} e as direções da família <110> compõem o sistema de
escorregamento para esta estrutura.

Um dado plano de escorregamento pode


conter mais do que uma única direção de
escorregamento.

Sistemas de escorregamento

18
Sistemas de escorregamento

Os metais com estrutura CCC e CFC possuem número


relativamente grande de sistemas de escorregamento e, portanto,
são mais dúcteis do que os metais HC, que são frágeis.

Sistemas de escorregamento

Alguns sistemas de escorregamento para as estruturas CCC


e HC só podem se tornar operativos em temperaturas
elevadas.

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Condições para deformação plástica pelo
movimento das discordâncias

 1: Existência de tensões de cisalhamento acima de certo valor


mínimo.

 2: Alta densidade de discordâncias e existência de


mecanismos de multiplicação de discordâncias.

 3: Facilidade de movimento das discordâncias.

Deformação por maclação

20
Deformação por maclação
 Além do escorregamento, a deformação plástica em
alguns metais também pode ocorrer por maclação
(formação de maclas).

 Uma força de cisalhamento pode produzir


deslocamentos atômicos tal que em um dos lados
de um plano os átomos ficam localizados em
posição de imagem de espelho em relação aos
átomos no outro lado do plano.

Deformação por maclação


 A maclação ocorre em um plano cristalográfico definido e uma
direção específica, que depende da estrutura do cristal.

21
Deformação por maclação
ESCORREGAMENTO MACLAÇÃO

As maclas de deformação ocorrem em metais com estruturas cristalinas


CCC e HC, em baixas temperaturas e sob taxas de carregamento elevadas,
ou seja, condições em que o escorregamento é restringido.

Deformação por maclação


 A maclação é importante apenas para os materiais que tem

dificuldades para movimentar as discordâncias.

 A maclação pode colocar novos sistemas de escorregamento

em orientações que sejam favoráveis em relação ao eixo de

tensão, de tal forma que o processo de escorregamento possa

ocorrer.

22
Mecanismos de aumento da
resistência em metais

Mecanismos de aumento da
resistência em metais

 A habilidade de um metal se deformar plasticamente depende da

habilidade de as discordâncias se moverem.

 A resistência e a dureza estão relacionadas à facilidade pela qual a

deformação plástica pode ser induzida.

 Mecanismos de aumento da resistência baseiam-se na restrição

ou impedimento ao movimento das discordâncias.

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Mecanismos de aumento da
resistência em metais
 Serão discutidos a seguir os mecanismos de aumento da
resistência para metais monofásicos:

1 – Redução do tamanho de grão;

2 – Formação de solução sólida;

3 – Encruamento.

É possível controlar a resistência de um material


controlando o número e o tipo de imperfeições.

1 – Redução do tamanho de grão


 Durante a deformação plástica, o escorregamento (movimento
das discordâncias) deve ocorrer através do contorno, que atua
como uma barreira a este movimento.

24
1 – Redução do tamanho de grão

 Motivos pelos quais isto corre:

1 – Para passar de um grão para o outro, a discordância


terá que mudar a direção do seu movimento. Quanto
maior o grau de desorientação entre os grãos, mais
difícil isto será.

2 – A falta de orientação atômica em uma região do


contorno irá resulta em uma descontinuidade de
planos de escorregamento de um grão para outro.

1 – Redução do tamanho de grão


 Para contornos de alto
ângulo, as discordâncias
tendem a se acumular nos
contornos. Isto introduz
concentrações de tensão e
gera novas discordâncias
em grãos adjacentes.

Um material com granulação fina é mais duro e mais


resistente do que um material com granulação grosseira, pois
o primeiro possui maior área total de contornos de grão para
impedir o movimento das discordâncias.

25
1 – Redução do tamanho de grão
Tamanho de grão, d (mm)

Tensão de escoamento (MPa)

Tensão de escoamento (ksi)


d-1/2 (mm-1/2)

1 – Redução do tamanho de grão


 Considerações gerais:

- A diminuição do tamanho de grão também melhora a


tenacidade de muitas ligas.

- Os contornos de baixo ângulo não são eficazes em interferir


no processo de escorregamento.

- Contornos de macla e contornos entre fases também


bloqueiam o movimento das discordâncias.

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2 – Solução sólida

 Os metais com pureza elevada são quase sempre mais


deformáveis e menos resistentes do que as ligas compostas
pelo mesmo metal base.

 As ligas são mais resistentes do que os metais puros, porque


os átomos de impurezas impõem uma distorção na rede sobre
os átomos vizinhos. O campo de deformação das discordâncias
interage com estas regiões distorcidas pela introdução das
impurezas e, consequentemente, o movimento das
discordâncias é restringido.

ÁTOMO DE IMPUREZA ÁTOMO DE IMPUREZA


SUBSTITUCIONAL DE MENOR SUBSTITUCIONAL DE MAIOR
TAMANHO TAMANHO

Esses átomos de soluto tendem a se difundir e a se segregar ao redor das


discordâncias, a fim de reduzir a energia de deformação global.

27
Variação do (a) Limite de resistência à
tração, (b) Limite de escoamento e (c)
Ductilidade em função do teor de
níquel para ligas de cobre-níquel,
mostrando o aumento da resistência.

 Influência da
diferença de
tamanho atômico
Tensão de escoamento (psi)

 Influência da
quantidade de
elemento de liga
adicionada

Efeitos de vários elementos


de liga sobre a resistência ao
escoamento do cobre.
Porcentagem de elemento de liga

28
3 - Encruamento
 O encruamento é o fenômeno segundo o qual um metal dúctil
se torna mais duro e mais resistente quando é deformado
plasticamente. Também é chamado de “endurecimento por
trabalho a frio”.

 Algumas vezes, torna-se conveniente expressar o grau de


deformação plástica como porcentagem de trabalho a frio
(%TF ou %CW):
Em relação à
temperatura
absoluta de
fusão

3 - Encruamento

 Demonstração do encruamento
no gráfico σxε:

1 - Inicialmente: metal com limite


de escoamento σy0 é deformado
até o ponto D;
2 - A tensão é removida e
reaplicada;
3 – Nova tensão de escoamento: σyi.

O metal ficou mais resistente, pois


σyi>σy0.

29
3 - Encruamento

Aumento da resistência pelo aumento da densidade de discordâncias –


Trabalho a frio ou encruamento.

3 - Encruamento

Influência do trabalho a
frio (CW) sobre o
comportamento tensão-
deformação de um aço
com baixo teor de
carbono. Estão
mostradas as curvas
para 0%CW, 4%CW e
24%CW.

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3 - Encruamento

(a) Aumento no limite de escoamento, (b) aumento no limite de resistência à tração


e (c) redução da ductilidade em função da porcentagem de trabalho a frio (cold
work) para o aço 1040 (1040 steel), latão (brass) e cobre (copper).

3 - Encruamento

 É possível prever as propriedades de um metal ou liga se nós

soubermos a quantidade de trabalho a frio a qual este foi

submetido durante o seu processamento.

 Quando desejamos selecionar um material para um

componente que requer certas propriedades mecânicas

mínimas, podemos projetar o processo de deformação.

31
3 - Encruamento

Conforme o metal é deformado, a densidade de

discordâncias aumenta drasticamente, devido à multiplicação

das discordâncias. Resultado: a distância de separação entre as

discordâncias diminui. Como consequência da interação entre

os campos destas discordâncias, o movimento de uma pode ser

dificultado pela presença da discordância vizinha.

3 - Encruamento

 Quanto maior for a porcentagem de trabalho a frio, maior será


a quantidade de discordâncias e maior será a resistência que
as próprias discordâncias impõem ao movimento das outras.
Consequentemente, maior será a tensão necessária para
deformar o metal.

 A presença de discordâncias aumenta a energia interna total


da estrutura. Desta forma, quanto maior for a porcentagem de
trabalho a frio, maior será o nível de energia total do material.

32
3 - Encruamento
 O encruamento nos metais causa alongamento preferencial
(textura) dos grãos na direção da tensão aplicada.

ESTADO INICIAL ESTADO


DEFORMADO

Considerações finais

33
Considerações finais
 As técnicas de aumento da resistência podem ser usadas em
conjunto com qualquer uma das demais.

 Os efeitos do aumento da resistência por redução do tamanho


de grão ou pelo encruamento podem ser eliminados ou
reduzidos mediante a um tratamento térmico de
recozimento.

 O aumento da resistência por solução sólida não é afetado por


nenhum tratamento térmico.

Recozimento: Recuperação,
Recristalização e Crescimento de grão

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Recozimento
 Alterações sofridas como consequência da deformação plástica:
aumento da densidade de discordâncias, encruamento e
modificação na forma dos grãos.

 Estas propriedades e estruturas podem ser revertidas aos seus


estados anteriores ao trabalho a frio mediante ao tratamento
térmico de recozimento
recozimento.

 A restauração das propriedades ocorre mediante a dois


processos que ocorrem em temperaturas elevadas:
recuperação e recristalização, que podem ser seguidas pelo
crescimento de grão.

Efeito do trabalho a frio sobre as propriedades de uma liga Cu-35%Zn e o efeito da temperatura de
recozimento sobre as propriedades da mesma liga contendo 75% de trabalho a frio.

35
1 - Recuperação
 Uma parte da energia de deformação armazenada é liberada
através do movimento das discordâncias (devido à difusão,
resultado da maior mobilidade dos átomos em temperaturas
elevadas).

 As propriedades físicas são recuperadas aos seus estados


originais. Ex: condutividade elétrica e térmica.

 Força motriz: redução da energia interna armazenada


durante o processo de trabalho a frio.

1 - Recuperação
 Durante a etapa de recuperação há
alguma redução do número de
discordâncias e são produzidas
configurações de discordâncias que
possuem baixa energia de deformação,
formando subgrãos com contornos de
baixo ângulo.

 Este processo de rearranjo das


discordâncias formando subgrãos é
chamado de poligonização.

36
2 - Recristalização
 Mesmo após a recuperação, a energia de deformação ainda é alta.

 A recristalização consiste na formação de um novo conjunto de grãos


equiaxiais (que possuem dimensões aproximadamente iguais em
todas as direções) e livres de deformação, a partir de cristais
previamente deformados.

 Propriedades mecânicas são recuperadas aos valores anteriores ao


trabalho a frio.

 Força motriz para o processo: diferença de energia entre as


energias internas do material deformado e não deformado.

2 - Recristalização
 Os novos grãos se formam como núcleos muito pequenos e
crescem até consumir por completo o material de origem,
através de processos que envolvem difusão em curto alcance.

Representação esquemática da recristalização. (a) Início da recristalização, (b)


30% de recristalização e (c) recristalização completa.

37
A recristalização depende do tempo!
↑Tempo↓Temperatura de recristalização

Legenda do slide anterior

 Vários estágios da recristalização e do crescimento do grão


no latão:

(a) Estrutura dos grãos trabalhados a frio (33%TF).


(b) Estágio inicial da recristalização, após aquecimento durante
3s a 580ºC.
(c) Substituição parcial dos grãos trabalhados a frio por grãos
recristalizados (4s a 480ºC).
(d) Recristalização completa (8s a 580ºC).
(e) Crescimento dos grãos após 15 min a 580ºC.
(f) Crescimento dos grãos após 10 min a 700ºC.

38
2 - Recristalização

 Temperatura de recristalização: temperatura na qual a


recristalização atinge seu término em 1h. Tipicamente, a
temperatura de recristalização encontra-se entre 1/3 e ½ da
temperatura absoluta de fusão de um metal ou liga.

 O encruamento melhora a taxa de recristalização, diminuindo


a temperatura de recristalização, ou seja, o processo ocorre
mais rapidamente. Há um grau de encruamento mínimo
crítico (2-20%) abaixo do qual não ocorre recristalização.

2 - Recristalização

Variação da temperatura de recristalização em função da porcentagem de


trabalho a frio para o ferro. Para deformações menores que a crítica, a
recristalização não irá ocorrer.

39
2 - Recristalização

3 – Crescimento do grão
 Após a recristalização, os grãos livres de deformação
continuarão a crescer se o metal for deixado a uma
temperatura elevada.

 O crescimento do grão independe da ocorrência da


recuperação e da recristalização, ou seja, pode ocorrer em
todos os materiais policristalinos submetidos a temperaturas
elevadas. ↑ temperatura ↑rapidez do crescimento do grão.

 Força motriz para o processo: redução da energia


associada aos contornos, que é menor quanto maior for o
tamanho de grão.

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3 – Crescimento do grão
Difusão atômica
através do
contorno  O crescimento dos grãos
ocorre através da
difusão de curto alcance
dos átomos de um lado
do contorno para o
outro.

 ↑temperatura ↑taxa de
crescimento, pois a
difusão é favorecida.

Direção do movimento
do contorno de grão

Revisão: Consequências do
encruamento
PROPRIEDADES
MICROESTRUTURA MECÂNICAS

Metal não
deformado

106-108 cm/cm3

Metal
severamente
encruado

~1012 cm/cm3

Grãos equiaxiais (mesmo Grãos alongados ao longo da


tamanho em todas as direções) direção de aplicação da
tensão.

Taxa de encruamento: expressa o quanto a resistência


mecânica se altera em função da deformação plástica aplicada.

41
Revisão: Recozimento

0,3-0,5 Tfusão

Revisão: Recozimento

Fatores que influenciam o processo:

 Grau de deformação a frio;

 Tempo: nucleação e crescimento;

 Temperatura;

 Tamanho de grão;

 Composição química do material.

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Referências

 Callister Jr, W.D. (2008) Ciência e Engenharia de Materiais: Uma


Introdução. 7a ed. Rio de Janeiro. LTC Editora. 705 p.

 Van Vlack, Lawrence H. Princípios de ciência dos materiais.


Tradução de Luiz Paulo Camargo Ferrão. São Paulo: Edgard Blücher,
2004. 427p.

 Askeland, D. R.; Fulay, P. P.; Wright, W. J. (2011) The science and


engineering of materials. 6ª ed. USA: Cengage Learning. 949 p.

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