DESENVOLVIMENTO
NEUROPSICOMOTOR E
APRENDIZAGEM
CONTEXTUALIZANDO
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interpessoal, pertencimento grupal e outros), além de outras capacidades
inerentes aos seres humanos. Entende-se que o ser humano é constituído por
diversos fatores no que diz respeito ao seu desenvolvimento, e esses fatores
correspondem a uma integralidade composta por uma gama de informações que
parte de inúmeros estímulos em vários contextos nos quais o indivíduo está
inserido.
A psicomotricidade relacional também tem por objetivo construir um
processo do aprender focado no desenvolvimento com base nas relações e na
troca entre os indivíduos por meio da linguagem – do lúdico, no caso das crianças,
e no trabalho, em relação aos adultos. Essa possibilidade de relacionamento
interpessoal contribui para o crescimento dos indivíduos, de forma que cada
momento vivenciado possa cooperar para diversos avanços. Os profissionais de
Saúde ou Educação envolvidos nesse processo devem ter o entendimento de que
os valores investidos no ensino-aprendizagem não se limitam apenas a
capacidades intelectuais, ou à reprodução de um conhecimento decorado, mas a
considerar um indivíduo integral a ser desenvolvido, que precisa de atenção
voltada a cada detalhe de suas habilidades e inabilidades.
Quando se fala de movimento, de mover-se, da ação e do experienciar de
forma motora, fala-se de algo relacionado ao processo do aprender; a capacidade
motriz está diretamente ligada à aprendizagem, e isso acontece em diversos
contextos, como o escolar e o clínico. Nos primeiros passos de uma criança, ela
conhece o mundo e desenvolve suas capacidades cognitivas por meio do mover-
se – pegar um brinquedo, correr atrás do animal de estimação, andar com seus
cuidadores, e assim por diante. Dessa forma, entende-se que o principal objetivo
do profissional que atua como psicomotricista tem grande relação com o papel de
socialização, de maturidade intelectual e de desenvolvimento psicoafetivo de uma
criança, o que é fundamental quando se trata do aprender. Cada personagem que
se envolve no desenvolvimento do indivíduo representa um papel importante,
respondendo à necessidade de um olhar mais específico para que a criança, por
exemplo, cresça de forma saudável. Tal aprendizagem não é apenas papel da
escola ou das áreas pedagógicas, mas de todos os envolvidos (Vieira, 2014, p.
67).
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TEMA 2 – PSICOMOTRICIDADE E NEUROCIÊNCIAS
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mente humana em um viés biológico, o comportamento sempre tinha uma relação
muito próxima com esse contexto (Kandel, 2014, p. 5-6).
Entende-se que a compreensão do funcionamento de emoções,
afetividade, cognição, raciocínio e de outros processos traz um melhor
entendimento de como o funcionamento motor acontece, pois se trata de analisar
o homem em sua integralidade. O comportamento motor possui regulação e
coordenação biológicas que, por sua vez, têm investimento afetivo muito intenso
nos primeiros anos de vida; por outro lado, apresenta a necessidade de ser
compreendido por meio de um reforço social. Logo, a contribuição das
neurociências em relação ao comportamento humano possibilita enxergar uma
dimensão mais profunda dos processos psicológicos e sociais, correspondendo à
outra via que complementa o entendimento do aprender sobre a via motora.
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Existem diversas áreas do conhecimento que estudam a relação entre o
movimento e o comportamento, e uma delas, em específico, é uma área da
psicologia intitulada neuropsicologia, que tem por objeto de estudo as concepções
e análises da inter-relação entre o sistema nervoso e o comportamento. Toda e
qualquer estrutura do sistema nervoso tem uma interação direta com o
comportamento humano (falar, ouvir, ver, equilibrar-se, mover-se, entre outras).
O comportamento motor é apresentado sob diversas formas nessa relação,
pois há várias estruturas cerebrais envolvidas para provocar e produzir o
movimento desejado. Como já aprendemos em aulas anteriores, o movimento é
coordenado por micro e macroestruturas modais e multimodais. Vendo pela lente
da Neuropsicologia, o funcionamento do corpo humano se dá com base em inter-
relações de vários sistemas, áreas e estruturas do sistema nervoso. Há uma
central de atendimento localizada no sistema nervoso central (SNC) que recebe a
informação da chegada do estímulo. Há, também, um filtro que distribui a
informação da chegada desse estímulo para as áreas responsáveis e, em um
tempo muito rápido, um movimento pode ser executado, por exemplo. As
microestruturas, chamadas de neurônios sensoriais e motoneurônios, têm a
responsabilidades de receber o estímulo identificado pelas vias sensoriais e levá-
lo até o SNC, enquanto, no sentido inverso, os motoneurônios controlam a
execução do movimento, com ordem emitida pelo SNC. A função do motoneurônio
é a de continuamente contrair e relaxar o sistema musculoesquelético para a ação
do movimento (Gazzaniga et al., 2018, p. 77).
A neuropsicologia tem o objetivo de analisar os processos cognitivos e as
emoções em níveis neuroanatômico e neurofisiológico junto ao comportamento.
No caso da psicomotricidade, a neuropsicologia busca verificar a construção do
comportamento motor e as áreas envolvidas nesse processo, como, por exemplo,
o córtex pré-motor (coordenação e planejamento do movimento) e o córtex motor
(execução do movimento). É interessante realizar essa análise a fim de entender
que, além das questões sociais e de relacionamentos interpessoais, é importante
compreender como se dá a construção do movimento em nível biológico – nesse
caso, neuroanatômico e neurofisiológico. Quando o profissional tem uma ampla
gama de informações sobre o passo a passo das questões abordadas neste tema,
ele possui uma bagagem refinada para entender o indivíduo em sua integralidade,
compreendendo que o aluno pode apresentar dificuldade de expressar ações
motoras por motivos relacionais, e não por causas meramente sociais, mas com
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explicação biológica; o oposto também pode ser verdadeiro, pois uma falha em
uma estrutura biológica pode impactar o comportamento (Fuentes et al., 2014, p.
47-48).
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aprende novos comportamentos, novas ações etc. Caso haja uma falha nesse
desenvolvimento, o psicopedagogo pode criar possibilidades por meio de seus
exercícios e relacionar os processos de pensamento, aprendizagem e
comportamento motor. Após uma avaliação, que demanda uma técnica a ser
aplicada, possivelmente identifica-se a dificuldade no aprender, que pode ser
reeducada e contar com novas ações quanto ao processo do aprender.
Os distúrbios da aprendizagem são os mais diversos (defasagem
neurológica, emocional, cognitiva, que pode levar a um problema
neuropsicomotor, por exemplo). Nesse momento, o profissional que atua como
psicopedagogo pode utilizar suas ferramentas para avaliação do motivo da não
aprendizagem. Contudo, para entender o porquê, é importante compreender o
processo, a fim de reduzir ou remover o problema (Sobrinho, 2016, p. 81-82).
FINALIZANDO
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LEITURA COMPLEMENTAR
Saiba mais
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REFERÊNCIAS
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