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BASES-PROBLEMA 2

1.Descrever os músculos e suas ações na estabilidade e funcionalidade da coluna, por regiões( Cervical,
Torácica e Lombar);
Considerações Especiais para o Estudo das Ações Musculares dentro do Esqueleto Axial (torácica e lombar)

Para compreender as ações dos músculos localizados dentro do esqueleto axial, é necessário primeiramente considerar o
músculo tanto nas ativações unilaterais quanto bilaterais. A ativação bilateral geralmente produz uma flexão ou uma extensão
pura do esqueleto axial. Qualquer potencial para a flexão lateral ou para a rotação axial é neutralizada por forças em oposição
nos músculos contralaterais. A ativação unilateral, em contraste, tende a produzir flexão ou extensão do esqueleto axial, com
certa combinação da flexão lateral e rotação axial contralateral ou ipsilateral. (O termo flexão lateral do esqueleto axial implica
flexão lateral “ipsilateral” e, portanto, não é especificado deste modo ao longo deste capítulo.)

A ação de um músculo dentro do esqueleto axial depende, em parte, do grau relativo de fixação ou estabilização das inserções
do músculo. Como um exemplo, considere o efeito de uma contração de um membro do grupo eretor espinal – um músculo que
se insere tanto no tórax quanto na pelve. Com a pelve estabilizada, o músculo pode estender o tórax; com o tórax estabilizado, o
músculo pode gerar uma rotação (inclinação) anterior da pelve. (Ambos os movimentos ocorrem no plano sagital.) Se o tórax e a
pelve estiverem ambos livres para movimentarem-se, o músculo pode simultaneamente estender o tórax e inclinar
anteriormente a pelve. A menos que seja dito de outro modo, presume-se que a extremidade superior (cranial) de um músculo
é menos restrita e, portanto, possui maior liberdade de movimento, do que a sua contraparte inferior ou caudal.

Dependendo da posição do corpo, a gravidade pode auxiliar ou fazer uma resistência contra os movimentos do esqueleto axial.
Flexionar lentamente a cabeça a partir da posição anatômica (em pé), por exemplo, normalmente é controlada pela ativação
excêntrica dos músculos extensores do pescoço. A gravidade, neste caso, é o “flexor” primário da cabeça, enquanto os músculos
extensores controlam a velocidade e a amplitude da ação. A flexão rápida da cabeça, no entanto, requer um surto de ativação
concêntrica proveniente dos músculos flexores da cabeça, pois a velocidade desejada do movimento pode ser maior do que a
produzida pela ação isolada da gravidade. A menos que seja declarado de outro modo, presume-se que a ação de um músculo é
executada via uma contração concêntrica, rodando-se um segmento do corpo contra a gravidade ou contra alguma outra forma
de resistência externa.

Músculos do Tronco: Anatomia e Suas Ações Individuais

A seção seguinte descreve as relações entre a anatomia e a ação dos músculos do tronco. A musculatura é dividida em três
grupos: (1) músculos posteriores do tronco, (2) músculos anterolaterais do tronco e (3) músculos adicionais

GRUPO 1: MÚSCULOS DA PARTE POSTERIOR DO TRONCO (MÚSCULOS DO “DORSO”)

Os músculos do tronco posterior são organizados em três camadas: superficial, intermediária e profunda
Músculos nas Camadas Superficiais e Intermediárias do Dorso
Os músculos na camada superficial do dorso são apresentados no estudo do ombro (Cap. 5). Eles incluem o trapézio, o
latíssimo do dorso, o romboide, o elevador da escápula e o serrátil anterior. O trapézio e o latíssimo do dorso são os
mais superficiais, seguidos pelos mais profundos, o romboide e o elevador da escápula. O músculo serrátil anterior
está localizado mais lateralmente no tórax.
Em geral, a ativação bilateral dos músculos da camada superficial estende a região adjacente do esqueleto axial. No
entanto, a ativação unilateral flexiona lateralmente e, na maioria dos casos, roda axialmente a região. O trapézio médio
direito, por exemplo, auxilia na flexão lateral direita e na rotação axial esquerda da parte superior da região torácica.
Os músculos incluídos na camada intermediária do dorso são o serrátil posterior superior e o serrátil posterior inferior.
Eles estão localizados um pouco mais profundamente do que o romboide e o latíssimo do dorso. O serrátil posterior
superior e inferior são músculos finos que contribuem pouco para o movimento e a estabilidade do tronco. As suas
funções estão mais provavelmente relacionadas com o mecanismo da ventilação, e, portanto, são descritas no Capítulo
11.
Os músculos dentro das camadas superficiais e intermediárias do dorso são frequentemente denominados
“extrínsecos”, pois, a partir de uma perspectiva embriológica, eles originalmente estavam associados aos “brotos dos
membros” na frente, e apenas subsequentemente no seu desenvolvimento migraram dorsalmente para a sua posição
definitiva no dorso. Embora músculos como o elevador da escápula, o romboide e o serrátil anterior estejam
localizados no dorso, tecnicamente eles pertencem aos músculos dos membros superiores. Todos os músculos
extrínsecos do dorso, portanto, são inervados pelos ramos ventrais dos nervos espinais (i. e., o plexo braquial ou
nervos intercostais).

Músculos na Camada Profunda do Dorso

Os músculos na camada profunda do dorso são (1) o grupo eretor da coluna, (2) o grupo transversoespinal e (3) o
grupo segmentar curto (Tabela 10-2). A organização anatômica dos eretores da coluna e dos transversoespinais é
ilustrada na Figura 10-6.

Em geral, da superfície até as camadas mais profundas, as fibras dos músculos na camada profunda tornam-se
progressivamente mais curtas e mais anguladas. Um músculo dentro do grupo eretor espinal mais superficial pode
estender-se virtualmente por todo o comprimento da coluna vertebral. Em contraste, cada músculo no grupo mais
profundo, segmentar curto, cruza apenas uma articulação intervertebral.

Embora prevaleçam algumas exceções, os músculos na camada profunda do dorso são inervados segmentarmente
pelo ramo dorsal dos nervos espinais.132 Um músculo particularmente longo dentro do grupo eretor espinal, por
exemplo, é inervado por múltiplos ramos dorsais ao longo da medula espinal. Um músculo mais curto, como o
multífido, no entanto, é inervado por um único ramo dorsal.100

Embriologicamente, e diferentemente dos músculos nas extremidades e no tronco anterolateral, os músculos na


camada profunda do dorso mantiveram a sua localização original dorsalmente ao eixo neural. Por esta razão esses
músculos também foram denominados músculos “intrínsecos” ou “nativos” do dorso. Como regra geral, a maioria
dos músculos intrínsecos do dorso é inervada pelos ramos dorsais dos nervos espinais adjacentes.
Grupo Eretor Espinal

Os eretores espinais são um grupo muscular extenso e muito mal definido que corre ao longo de ambos os lados da
coluna vertebral, grosseiramente a uma mão de distância dos processos espinhosos (Fig. 10-7). A maioria destes está
localizada profundamente à camada posterior da fáscia toracolombar (Capítulo 9) e aos músculos das camadas
superficiais e intermediárias do dorso. Os eretores da coluna consistem nos músculos espinal, longuíssimo e
iliocostal. Cada músculo é adicionalmente subdividido topograficamente em três regiões, produzindo um total de
nove músculos nomeados. Os músculos individuais se superpõem e variam enormemente em comprimento e
tamanho.

A massa dos músculos eretores da coluna tem em comum a sua inserção em um amplo e espesso tendão comum,
localizado na região do sacro (Fig. 10-7). Esse tendão comum dá origem a três colunas verticais mal organizadas de
músculos: o espinal, o longuíssimo e o iliocostal.

Músculos Espinais: Os músculos espinais incluem o espinal torácico, o espinal cervical e o espinal da cabeça. Em
geral, esta coluna de músculo pequena e frequentemente indistinta provém da parte superior do tendão comum. O
músculo ascende inserindo-se nos processos espinhosos adjacentes da maior parte das vértebras torácicas ou, na
região cervical, do ligamento nucal. O espinal da cabeça, se presente, frequentemente mescla-se com o semiespinal
cervical.

Músculos Longuíssimos: Os músculos longuíssimos incluem o longuíssimo torácico, o cervical e o da cabeça. Como
um grupo, esses músculos formam a maior e mais desenvolvida coluna do grupo eretor da coluna. As fibras do
longuíssimo torácico ascendem em forma de leque, a partir de um tendão comum, fixando-as principalmente na
extremidade posterior da maioria das costelas. No pescoço, o longuíssimo cervical angula-se ligeiramente no sentido
medial antes de se inserir ao tubérculo posterior dos processos transversos das vértebras cervicais (Fig. 10-7). O
longuíssimo da cabeça em contraste faz um trajeto ligeiramente lateralizado e insere-se na margem posterior do
processo mastoide do osso temporal. A angulação ligeiramente mais oblíqua da porção superior do longuíssimo da
cabeça e cervical sugere que esses músculos auxiliam na rotação axial ipsilateral da região craniocervical.

Músculos iliocostais: Os músculos iliocostais incluem o iliocostal lombar, o iliocostal torácico e o iliocostal cervical.
Este grupo ocupa a coluna mais lateral do eretor da coluna. O iliocostal lombar provém do tendão comum e faz um
trajeto para cima a fim de se inserir lateralmente ao ângulo das costelas inferiores. O iliocostal torácico continua
verticalmente para se inserir logo lateralmente ao ângulo das costelas médias e superiores. A partir deste ponto, o
iliocostal cervical continua cranial, ligeira e medialmente para se inserir aos tubérculos posteriores dos processos
transversos das vértebras mesocervicais, conjuntamente com o longuíssimo da cabeça.

Músculos Transversoespinais

Localizado imediatamente mais profundo aos músculos eretores da coluna está o grupo dos músculos
transversoespinais: os semiespinais, os multífidos e os rotadores. (Figs. 10-9 e 10-10). Os músculos semiespinais
estão localizados superficialmente; os multífidos, intermediariamente; e os rotadores, profundamente.

O nome transversoespinal refere-se às inserções gerais da maioria destes músculos (i. e., a partir dos processos
transversos de uma vértebra para os processos espinhosos de uma vértebra localizada mais superiormente). Com
poucas exceções, essas inserções alinham a maior parte das fibras musculares em uma direção cranial e medial.
Muitos dos músculos pertencentes ao grupo transversoespinal são morfologicamente similares, e variam
primariamente em comprimento e em número de junções intervertebrais que cada músculo cruza (Fig. 10-11).
Embora um pouco simplista, este conceito pode ajudar muito no aprendizado da anatomia geral e das ações desses
músculos.

Músculos semiespinais: Os músculos semiespinais consistem no semiespinal torácico, no semiespinal cervical e no


semiespinal da cabeça (Fig. 10-9). Em geral, cada músculo, ou grupo principal de fibras dentro de cada músculo,
cruza seis ou oito junções intervertebrais. O semiespinal torácico consiste em muitos fascículos musculares finos,
interconectados pelos tendões longos. As fibras musculares inserem-se a partir do processo transverso de T6 a T10
até os processos espinhosos de C6 a T4. O semiespinal cervical, muito mais espesso e mais desenvolvido do que o
semiespinal torácico, insere-se a partir dos processos transversos superiores torácicos até os processos espinhosos
de C2 a C5. As fibras musculares que se inserem aos processos espinhosos proeminentes do áxis (C2) são
particularmente bem desenvolvidas e servem como importantes estabilizadoras para os músculos suboccipitais

O semiespinal da cabeça localiza-se profundamente em relação aos músculos esplênio e trapézio. O músculo provém
primariamente dos processos transversos torácicos superiores. O músculo se espessa superiormente à medida que
se insere em uma região relativamente extensa no osso occipital, preenchendo uma grande área entre as linhas
nucais superior e inferior (Fig. 9-3). Os músculos semiespinal cervical e da cabeça são os maiores músculos que
atravessam a área posterior do pescoço. O seu grande tamanho e a direção das fibras quase vertical são
responsáveis pelo fato de que esses músculos proporcionam 35% a 40% do torque total de extensão da região
craniocervical. 145 Os músculos semiespinais da cabeça direito e esquerdo são facilmente palpáveis como cordões
espessos e redondos de cada lado da linha média da parte superior do pescoço, especialmente evidente em
lactantes, e em adultos magros e musculosos (Fig. 10-12)

Multífidos: Os multífidos estão localizados logo mais abaixo dos músculos semiespinais. O plural “multífidos” indica
uma coleção de múltiplas fibras, em vez de um grupo de músculos individuais. Todos os multífidos compartilham
uma direção e um comprimento similar das fibras, e se estendem entre o sacro posterior e o áxis (C2).6,23,132 Em
geral, os multífidos originam-se no processo transverso de uma vértebra e inserem-se no processo espinhoso de
uma vértebra localizada duas ou quatro junções intervertebrais acima (Fig. 10-10, A).

Os multífidos são mais espessos e mais desenvolvidos na região lombossacra. (Consulte múltiplas inserções listadas
no Quadro 10-3.)100 As fibras superpostas dos multífidos preenchem grande parte do espaço côncavo formado
entre os processos espinhoso e transverso. Os multífidos proporcionam uma excelente fonte de torque de extensão
e estabilidade associada à base da coluna. Uma força excessiva nos multífidos lombares – desde uma contração ativa
ou um espasmo protetor – pode ser expressa clinicamente como uma lordose exagerada.

Rotadores: Os rotadores são os mais profundos músculos do grupo transversoespinal. Como os multífidos, os
rotadores consistem em um grande grupo de fibras musculares individuais. Embora os rotadores existam ao longo
de toda a coluna vertebral, eles são mais desenvolvidos na região torácica (Fig. 10-10 B). 132 Cada fibra insere-se
entre o processo transverso de uma vértebra, a lâmina e a base do processo espinhoso de uma vértebra localizado
uma ou duas junções intervertebrais acima. Por definição, o rotador curto envolve uma junção intervertebral e o
rotador longo envolve duas junções intervertebrais.
Grupo de Músculos Segmentares

Curtos O grupo de músculos segmentares curtos consiste nos músculos interespinais e intertransversais (Fig. 10-10).
(O plural “interespinais e intertransversais” frequentemente é empregado para descrever todos os membros dentro
de todo o grupo desses músculos). Eles se localizam profundamente ao grupo de músculos transversoespinais. O
nome “segmentares curtos” refere-se ao comprimento extremamente curto e à organização altamente segmentar
dos músculos. Cada músculo interespinal ou intertransversal cruza apenas uma única junção intervertebral. Esses
músculos são mais desenvolvidos na região cervical, onde o controle fino da cabeça e do pescoço é muito crítico.

Cada par de músculos interespinais está localizado de ambos os lados e frequentemente mescla-se com o ligamento
interespinoso correspondente. Os interespinais têm uma amplitude relativamente favorável e uma excelente
direção de fibra para produzir um torque de extensão. No entanto, a magnitude deste torque é relativamente
pequena, considerando-se o pequeno tamanho dos músculos e, portanto, o pequeno potencial de força.

Cada par direito e esquerdo dos músculos intertransversais está localizado entre os processos transversos
adjacentes. A anatomia dos intertransversais como um grupo é mais complexo do que a dos interespinais.132 Na
região cervical, por exemplo, cada músculo intertransversal é dividido em pequenos músculos anterior e posterior,
entre os quais passa o ramo ventral dos nervos espinais.

A contração unilateral dos intertransversais como um grupo flexiona lateralmente a coluna vertebral. Embora a
magnitude do torque de flexão lateral seja relativamente pequena comparada à dos outros grupos musculares, o
torque provavelmente proporciona uma fonte importante de estabilidade intervertebral.

Músculos da Região Craniocervical: Anatomia e Funções Individuais


As seções a seguir descrevem a anatomia e as ações individuais dos músculos que agem exclusivamente dentro da
região craniocervical. A musculatura é dividida em dois grupos: (1) músculos da parte anterolateral da região
craniocervical e (2) músculos da parte posterior da região craniocervical (Tabela 10-1).

A Figura 10-23 serve como uma introdução às ações potenciais de muitos músculos na região craniocervical. A
ilustração apresenta músculos selecionados como flexores ou extensores ou flexores laterais direito ou esquerdo,
dependendo da sua inserção relativamente aos eixos de rotação ao longo das articulações atlanto-occipitais. Embora
a Figura 10-23 descreva apenas as ações musculares na articulação atlanto-occipital, a posição relativa dos músculos
proporciona um guia útil para compreensão das ações em outras articulações dentro da região craniocervical. Essa
Figura serve de referência para todas as seções a seguir.

MÚSCULOS DA REGIÃO CRANIOCERVICAL ANTEROLATERAL:


-Esternocleidomastóideo
-Escalenos(Anterior, médio e posterior)
-Longo do pescoço
-Longo da cabeça
-Reto anterior da cabeça
-Reto lateral da cabeça

Esternocleidomastóideo

O esternocleidomastóideo tipicamente é um músculo proeminente localizado superficialmente no aspecto anterior


do pescoço. Inferiormente o músculo insere-se através de duas cabeças: a medial (esternal) e a lateral (clavicular)
(Fig. 10-24). A partir dessa inserção, o músculo ascende obliquamente através do pescoço até o crânio,
especificamente entre o processo mastoide do osso temporal e a metade lateral da linha nucal superior.

Ao atuar unilateralmente, o esternocleidomastóideo é um flexor lateral e um rotador axial contralateral da região


craniocervical. Contraindo-se bilateralmente, um par de músculos esternocleidomastóideos pode flexionar ou
estender a região craniocervical, dependendo da área específica. Evidências a partir de uma incidência lateral de
uma coluna cervical em posição neutra, a linha de força do esternocleidomastóideo direito é direcionado através do
pescoço de forma oblíqua (Fig. 10-24, quadro). Abaixo aproximadamente de C3, o esternocleidomastóideo cruza
anteriormente aos eixos mediolateral de rotação; acima de C3, no entanto, o esternocleidomastóideo logo cruza
posteriormente os eixos mediolaterais de rotação. 145 Atuando em conjunto, os músculos esternocleidomastóideos
proporcionam um potente torque de flexão à coluna cervical medial e inferior e um torque de extensão mínimo à
região superior da coluna cervical, incluindo as articulações atlantoaxial e atlantooccipital.

Modelos computadorizados predizem que no plano sagital o potencial de torque das diferentes regiões do
esternocleidomastóideo é intensamente afetado pela postura inicial da região craniocervical. 145 Primariamente
pela modificação do braço de momento, a posição de flexão da coluna cervical medial e inferior, por exemplo, quase
que duplica o potencial de torque da flexão muscular nesta região. Isto se torna especialmente relevante em pessoas
com uma postura estabelecida com a cabeça projetada acentuadamente para a frente, denominada uma protração
da região craniocervical no Capítulo 9 (Fig. 9-47, A). Pelo fato de essa postura ter uma maior flexão na região cervical
medioinferior, pode perpetuar a biomecânica que causa a postura de cabeça projetada para a frente.

Escalenos

Os músculos escalenos inserem-se entre os tubérculos dos processos transversos das vértebras cervicais mediais e
inferiores, e nas duas primeiras costelas (Fig. 10-25). (Como nota de rodapé, a raiz grega ou latina da palavra
escaleno refere-se a um triângulo que tem três lados desiguais). As inserções específicas desses músculos são
listados no Apêndice III, Parte C. O plexo braquial faz um trajeto entre o escaleno anterior e o escaleno médio. A
hipertrofia, o espasmo ou a rigidez excessiva desses músculos podem comprimir o plexo braquial e causar distúrbios
motores e sensoriais na extremidade superior.
A função dos músculos escalenos depende de quais inserções esqueléticas estão mais fixas. Com a coluna cervical
bem estabilizada, os músculos escalenos elevam as costelas para ajudarem na inspiração durante a respiração.
Alternativamente, com as duas primeiras costelas bem estabilizadas, a contração dos músculos escalenos move a
coluna cervical.

Contraindo-se unilateralmente, os músculos escalenos flexionam lateralmente a coluna cervical. 29 O seu potencial
para a rotação axial é provavelmente limitado porque a linha de força do músculo quase que atravessa o eixo
vertical de rotação. Este tópico, no entanto, permanece controverso com pouca corroboração científica.
39,65,83,86,122 O único estudo rigoroso encontrado sobre este assunto concluiu que os escalenos têm uma função
de rotação ipsilateral modesta (5 graus), pelo menos quando ativados a partir da posição anatômica.32 Esta
conclusão, no entanto, é difícil de ser confirmada com base na inspeção casual de um modelo do esqueleto humano,
especialmente para o escaleno anterior. É necessário um maior esclarecimento sobre a função de rotação axial dos
três músculos escalenos. A sua função de rotação axial é provavelmente bastante dependente da postura da região
e, ainda mais importante, da posição inicial a partir da qual os músculos contraem-se. Parece que uma função
importante dos músculos escalenos é a sua capacidade de retornarem à região craniocervical para a sua posição
quase neutra a partir de uma posição completamente rodada. Esta função mais global e, talvez, primária pode deixar
de ser observada quando a posição neutra é utilizada como um ponto inicial para analisar a ação dos músculos.

Contraindo-se bilateralmente, os escalenos anterior e médio parecem ter um braço de momento limitado para
flexionar a coluna cervical, particularmente nas regiões inferiores. A atividade bilateral dos músculos está mais
provavelmente relacionada com a ventilação (conforme descrito previamente) e em prover uma estabilidade à
região cervical. As inserções cervicais de todos os três músculos escalenos dividem-se em vários fascículos
individuais (Fig. 10-25). Como um sistema de fios que estabilizam uma antena grande, os músculos escalenos
proporcionam uma excelente estabilidade bilateral e vertical às regiões medial e inferior da coluna. O controle fino
da região craniocervical superior é mais uma responsabilidade dos músculos mais curtos, mais especializados, como
o reto anterior da cabeça e os músculos suboccipitais (ver adiante)

Longo do Pescoço e Longo da Cabeça

O longo do pescoço e o longo da cabeça estão localizados profundamente às vísceras cervicais (traqueia e esôfago),
de ambos os lados da coluna cervical (Fig. 10-26). Esses músculos funcionam como um ligamento longitudinal
anterior dinâmico e proporcionam um elemento importante de estabilidade vertebral à região

O longo do pescoço consiste em múltiplos fascículos que aderem muito próximos às superfícies anteriores das três
vértebras torácicas e a todas as vértebras cervicais. Este músculo segmentado ascende pela região cervical através
de múltiplas inserções entre os corpos vertebrais, os tubérculos anteriores dos processos transversos e o arco
anterior do atlas. O longo do pescoço é o único músculo que se insere na sua totalidade na superfície anterior da
coluna vertebral. Comparado aos músculos escalenos e ao esternocleidomastóideo, o longo do pescoço é um
músculo relativamente fino. As fibras mais anteriores do longo do pescoço flexionam a região cervical. As fibras mais
laterais agem em conjunto com os músculos escalenos para estabilizar verticalmente a região.

O longo da cabeça provém dos tubérculos anteriores dos processos transversos das vértebras cervicais mediais e
inferiores e insere-se dentro da parte basilar do osso occipital (Fig. 10-23). A ação primária do longo da cabeça é
flexionar e estabilizar a região craniocervical superior. A flexão lateral é uma ação secundária.

Reto Anterior da Cabeça e Reto Lateral da Cabeça

O reto anterior da cabeça e o reto lateral da cabeça são dois músculos curtos provenientes dos processos
transversais alongados do atlas (C1) e inserem-se na superfície inferior do osso occipital (Fig. 10-26). O reto lateral da
cabeça insere-se lateralmente ao côndilo occipital; o reto anterior da cabeça, o menor dos retos, insere-se
imediatamente anterior ao côndilo occipital (Fig. 10-23).

As ações do reto anterior e do reto lateral da cabeça são limitadas à articulação atlanto-occipital; cada músculo
controla um dos dois graus de flexão da articulação (Cap. 9). O reto anterior da cabeça é um flexor e o reto lateral da
cabeça é um flexor lateral.

Conjunto 2: Músculos da Região craniocervical posterior


Os músculos da parte posterior da região craniocervical estão listados no Quadro 10-5. Eles são inervados pelos
ramos dorsais dos nervos espinais cervicais.

São eles:

-Músculos esplênio (Esplênio cervical, Esplênio da cabeça)

-Músculos suboccipitais (Reto posterior maior da cabeça, reto posterior menor da cabeça, oblíquo superior da cabeça,
oblíquo inferior da cabeça)

Esplênio Cervical e da Cabeça

Os músculos esplênio cervical e da cabeça são um par de músculos longos e finos, nomeados pela sua semelhança a
uma bandagem (do grego splenion, bandagem) (Fig. 10-28). Como um par, os músculos esplênios provêm da metade
inferior do ligamento nucal e dos processos espinhosos de C7 a T6, um pouco mais profundo em relação ao músculo
trapézio. O esplênio da cabeça se insere posterior e profundamente em relação ao esternocleidomastóideo (Fig. 10-
23). O esplênio cervical insere-se nos tubérculos posteriores dos processos transversos de C1 a C3. Grande parte
desta inserção cervical é compartilhada com o músculo elevador da escápula.

Contraindo-se unilateralmente, os músculos esplênios realizam a flexão lateral e a rotação axial ipsilateral da cabeça
e da coluna cervical. Contraindo-se bilateralmente, os músculos esplênios estendem a região craniocervical superior.

Músculos Suboccipitais

Os músculos suboccipitais consistem em quatro músculos pareados localizados muito profundamente no pescoço,
imediatamente superficial às articulações atlanto-occipital e atlantoaxial (Fig. 10-29). Esses músculos relativamente
curtos, mas espessos inserem-se entre o atlas, o áxis e o osso occipital.

Os músculos suboccipitais não são facilmente palpáveis. Eles localizam-se profundamente em relação ao grupo de
músculos do trapézio superior, do grupo esplênio e do semiespinal da cabeça (Fig. 10-23). Em conjunção com os
retos anterior e lateral da cabeça, os músculos suboccipitais são dedicados a fornecer um controle preciso das
articulações atlanto-occipital e atlantoaxial. Este nível de controle é essencial para um melhor posicionamento dos
olhos, das orelhas e do nariz. Conforme indicado na Figura 10-30, cada músculo suboccipital (mais cada músculo reto
curto) possui um único nível de controle e dominância sobre as articulações da região craniocervical superior.

2.Examinar os movimentos realizados pelas diferentes regiões da coluna vertebral;

- A amplitude de movimento da coluna vertebral varia de acordo com a região e o indivíduo.


- A coluna vertebral realiza movimentos de flexão e extensão no plano sagital, lateralização à direita e lateralização à
esquerda no plano coronal e rotação ou circundução no plano longitudinal.
A mobilidade da coluna vertebral decorre principalmente da compressibilidade e elasticidade dos discos
intervertebrais. A coluna vertebral faz movimentos de flexão, extensão, flexão e extensão laterais, e rotação (torção).
A flexão da coluna vertebral para a direita ou esquerda a partir da posição neutra (ereta) é a flexão lateral; o retorno à
postura ereta a partir de uma posição de flexão lateral é a extensão lateral.
A amplitude de movimento da coluna vertebral é limitada por:
- Espessura, elasticidade e compressibilidade dos discos intervertebrais;
- Formato e orientação das articulações dos processos articulares;
- Tensão das cápsulas articulares das articulações dos processos articulares;
- Resistência dos músculos e ligamentos do dorso (p. ex., os ligamentos amarelos e o ligamento longitudinal
posterior);
- Fixação à caixa torácica;
- Volume de tecido adjacente.
Os movimentos não são produzidos exclusivamente pelos músculos do dorso. Eles são auxiliados pela gravidade e
pela ação dos músculos anterolaterais do abdome. Os movimentos entre vértebras adjacentes ocorrem nos núcleos
pulposos resilientes dos discos intervertebrais (que atuam como eixo de movimento) e nas articulações dos processos
articulares.
A orientação das articulações dos processos articulares permite alguns movimentos e restringe outros. Com exceção
talvez de C I–C II, nunca há movimento isolado em um único segmento da coluna. Embora os movimentos entre
vértebras adjacentes sejam relativamente pequenos, sobretudo na região torácica, a soma de todos os pequenos
movimentos produz considerável amplitude de movimento da coluna vertebral como um todo (p. ex., ao fletir o corpo
para tocar o chão). Os movimentos da coluna vertebral são mais livres nas regiões cervical e lombar do que nas outras
partes. A flexão, a extensão, a flexão lateral e a rotação do pescoço são mais livres porque:
- Os discos intervertebrais, embora sejam finos em relação à maioria dos outros discos, são espessos em relação ao
tamanho dos corpos vertebrais nesse nível;
- As faces articulares das articulações dos processos articulares são relativamente grandes e os planos articulares são
quase horizontais;
- As cápsulas articulares das articulações dos processos articulares são frouxas;
- O pescoço é relativamente delgado (com menor volume de tecidos moles adjacente em comparação com o tronco).
A flexão da coluna vertebral é máxima na região cervical. Os planos articulares sagitais da região lombar conduzem à
flexão e extensão. A extensão da coluna vertebral é mais acentuada na região lombar e geralmente tem maior
amplitude do que a flexão; entretanto, nessa região os processos articulares entrelaçados impedem a rotação. A região
lombar, como a cervical, tem discos intervertebrais grandes em relação ao tamanho dos corpos vertebrais. A flexão
lateral da coluna vertebral é máxima nas regiões cervical e lombar.
A região torácica, em contrapartida, tem discos intervertebrais finos em relação ao tamanho dos corpos vertebrais.
Essa parte da coluna vertebral também tem relativa estabilidade porque está unida ao esterno pelas costelas e
cartilagens costais. Nesse local, os planos articulares estão no arco centralizado no corpo vertebral, permitindo rotação
na região torácica. A rotação da parte superior do tronco, associada à rotação permitida na região cervical e àquela nas
articulações
Atlantoaxiais, possibilita a torção do esqueleto axial que ocorre quando se olha para trás sobre o ombro. No entanto, a
flexão na região torácica é limitada, inclusive a flexão lateral.
- Flexão e extensão, ambas no plano mediano. Basicamente há flexão e extensão nas regiões cervical e lombar; Flexão
lateral (para a direita ou esquerda em um plano frontal), também ocorrendo principalmente nas regiões cervical e
lombar; Rotação em torno de um eixo longitudinal, que ocorre basicamente nas articulações craniovertebrais
(aumentadas pela região cervical) e na região torácica.
• Existem dois tipos de contração, a concêntrica e a excêntrica. De uma forma simplificada, na contração
concêntrica o músculo acelera um movimento e na excêntrica o freia. Imagine-se dobrando o cotovelo segurando um
peso (exercício de bíceps). Na subida a ação muscular do bíceps é concêntrica e na descida, para que ela aconteça de
forma lenta e controlada, o bíceps se contrai de maneira excêntrica. Sem a ação excêntrica o braço “cairia” sem
nenhum controle, e por isso esse tipo de contração é importante, pois ela dá o ajuste aos movimentos do corpo.
• Biomecânica é a disciplina que descreve a operação do sistema musculoesquelético e possui importante
aplicação no estudo funcional da coluna vertebral. A cinemática descreve as amplitudes e os padrões de movimento da
coluna vertebral e a cinética estuda as forças que causam e resistem a esses movimentos. Somente movimentos
limitados são possíveis entre vértebras adjacentes, mas a soma desses movimentos confere considerável amplitude de
mobilidade na coluna vertebral como um todo. Movimentos de flexão, extensão, lateralização, rotação e circundação
são todos possíveis, sendo essas ações de maior amplitude nos segmentos cervical e lombar que no torácico. Isso
ocorre porque os discos intervertebrais cervicais e lombares apresentam maior espessura, não sofrem o efeito de
contenção da caixa torácica, seus processos espinhosos são mais curtos e seus processos articulares apresentam forma
e arranjo espacial diferente dos torácicos. A flexão é o mais pronunciado movimento da coluna vertebral.

3. Relacionar o caso do problema ao modelo de funcionalidade preconizadoS pela OMS/CIF. ( domínios da


CIF- atividade, participação, fatores pessoais e ambientais, diagnóstico clínico, funções e estruturas).

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