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2
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
EDITORES
Wagner Paris
Ulysses Cecato
Maickel Martins Danielce
Gracielle Caroline Mari
Maringá, PR
2015
3
Copyright © 2015 para os autores
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo mecânico,
eletrônico, reprográfico etc., sem a autorização, por escrito, dos autores.
Todos os direitos reservados desta edição 2015 para Nova Sthampa Gráfica e Editora
O conteúdo do texto de cada capítulo, são de inteira responsabilidade do(s) autor(es).
Normalização textual e de referências:
Capa - arte final: Gracielle Caroline Mari
Diagramação e Impressão: Nova Sthampa Gráfica e Editoral Ltda.
Imagens/fotografias: fornecidas pelos autores
Fonte: Goudy Old Style
Tiragem - versão impressa:
Realização
UTFPR- Dois Vizinhos, no período de 19 a 22 de agosto de 2015.
NEPRU- Núcleo de Ensino e Pesquisa em Ruminantes
PET-Zootecnia | PET-Produção Leiteira
Apoio Cons. Reg. de Medicina Veterin. e Zootecnia – CRMVZ
Fundação Agrisus – Agricultura Sustentável Associação dos Engenheiros Agrônomos de Pato Branco
Terra Desenvolvimento Agropecuário e INTTEGRA Conselho Regional de Engenharia – CREA
Conselho Nacional Pesquisa - Cnpq Sociedade Rural Vale do Iguaçu
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
COORDENADOR DO SIMPAPASTO
Prof. Dr. Wagner Paris
COMISSÃO ORGANIZADORA
Prof. Dr. Wagner Paris
Prof. Dr. Ulysses Cecato
Prof. Dr. Luis Fernando Glassenap de Menezes
Prof. Dr. André Soares Brugnara
Prof. Dr. Fernando Kuss
Prof. Dr. Douglas Sampaio Henrique
Prof. Dra. Emylin Midori Maeda
Prof. Dra. Magali Floriano da Silveira
Zootecnista Maickel Martins Danielce
COMISSÃO TÉCNICO-CIENTIFÍCA
Prof. Dra. Emylin Midori Maeda
Prof. Dra. Magali Floriano da Silveira
Prof. Dr. Wagner Paris
Prof. Dr. Fernando Kuss
Prof. Dr. Douglas Sampaio Henrique
Prof. Dr. Luis Fernando Glassenap de Menezes
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COORDENAÇÃODO DE EVENTOS
Gean Rodrigo Schmitz
Eduardo Felipe Lazarotto
Douglas Kleiton Barbosa
ENTIDADES PROMOTORAS
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Dois Vizinhos
NEPRU- Núcleo de Ensino e Pesquisa em Ruminantes
PET-Zootecnia
PET-Produção Leiteira
Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UTFPR
Programa de Pós-Graduação em Agronomia da UTFPR
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Universidade Norte do Paraná (UNOPAR)
Universidade Estadual Júlio de Mesquita (UNESP/Araçatuba)
AGRADECIMENTOS
A Comissão Organizadora agradece a todos os palestrantes, moder-
adores, Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus Dois
Vizinhos, Instituições públicas e privadas, e demais pessoas que
envidaram esforços para a realização deste Simpósio.
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
SUMÁRIO
PREFÁCIO................................................................................................. 09
7
ESTRATÉGIAS DE USO DE FORRAGENS CONSERVADAS EM
SISTEMA DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO......................................177
Clóves Cabreira Jobim; Valter Harry Bumbieris Júnior
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
prefácio
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
1. INTRODUÇÃO
1 Zootecnista, MSc, Terra Desenvolvimento Agropecuário, Rua Bernardino de Campos, 612 CEP 87030-160 Maringá,
PR. Correio eletrônico: antonio@terradesenvolvimento.com.br
11
e empreender. Considera-se que o conceito clássico compreende uma série
de funções que buscam o LUCRO como objetivo final, ou seja, gerir o
processo pelo custo com maior benefício para obter o melhor resultado.
Falconi (2013) ilustra, de forma direta, que gestão o processo de se
estabelecer metas e trabalhar para que sejam conquistadas.
2. O MÉTODO GERENCIAL
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
2.1.1 Pessoas
2.1.2 Processos
2.1.3 Recursos
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climáticas, qualidade do solo, topografia, ambiente pastoril, ambiente
agrícola, infraestrutura de produção e acesso.
Avalição da localização e amplitude, é o ponto de partida para
estudo dos recursos da propriedade. Sua localização, além de influenciar o
valor, pode oferecer maior ou menor vantagem competitiva. Proximidade
ou distância de armazéns, silos e secadores, bem como quantidade de
frigoríficos compõem as características comerciais do negócio. Da mesma
forma o entendimento da atividade pecuária regional se faz necessário
para o correto posicionamento sobre as ofertas de reposição e/ou clientes
para bezerros e touros.
Após o entendimento de aonde a fazenda está inserida, voltamos
o olhar para os recursos internos. Para que o planejamento estratégico
seja corretamente elaborado o perfeito conhecimento das amplitudes se
faz necessário. O levantamento das áreas da propriedade deve ser feito na
unidade de medida hectare, evitando-se alqueires, “alqueirões”, tarefas e
outros.
Infra estrutura de produção: O levantamento de benfeitorias
tem como principal função informar o gestor sobre as ferramentas
estruturais disponíveis e suas condições. A avaliação do estado geral de
conservação, funcionalidade, organização e limpeza das instalações como
currais, barracões, casas, depósitos e outros auxilia tanto na decisão de
investimentos e manutenção quanto expressa como a fazenda se posiciona
em relação aos cuidados da infra- estrutura.
Parque de Máquinas: O parque de máquinas na empresa
agropecuária deve apresentar objetivo claro de utilização. Ajustes quanto
ao seu dimensionamento e utilização são frequentes já que os mesmos
compõem, através de manutenção, reparos, combustíveis e lubrificantes
etc., elevado nível de desembolso no plano de contas da empresa pecuária.
Normalmente se observa subutilização do maquinário, gerando entre
outros, acréscimo na composição do custo da @ produzida.
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
2.1.4 Finanças
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seguido pelos indicadores de rentabilidade.
2.1.5 Custos
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
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Figura 3 – Estrutura básica dos processos de planejamento pecuário
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
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A elaboração do fluxo de caixa mensal previsto para os 12 meses
subsequentes, a predição do balanço sintético dos 13 aos 24 meses e
25 aos 36 compões as ações inicias do planejamento financeiros. O
estabelecimento de pró-labores, dividendos, tomadas e pagamentos de
financiamentos devem compor o fluxo de caixa previsto.
2.2.4 Equipe
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
não consegue ver o produto final. Com isso, trabalha apenas para ganhar
algum dinheiro para pagar as contas e chegar ao próximo mês. Quando
o colaborador enxerga dentro de si qual é o propósito daquilo que está
fazendo, sua atitude muda, seu desempenho melhora e ele se torna mais
produtivo. Ao contrário do exemplo citado da indústria, o colaborador
da fazenda sabe o que produz, por outro lado, nem sempre sabe se seu
desempenho está além ou aquém do esperado.
Todas as questões ligadas a equipe, sua motivação e comprome
timento, desenvolvimento, são de responsabilidade do líder. Ele deve
educar, orientar e estimular as pessoas a persistirem na busca de melhores
resultados mesmo num ambiente de desafios riscos e incertezas (Macedo
et al., 2007).
Em síntese, as ações direcionadas aos planejamento de
desenvolvimento dos recursos humanos na fazenda são:
1. Fim do paternalismo e estabelecimento da relação de direitos
e deveres;
2. Definição e execução dos treinamentos periódicos (3 ao ano);
3. Incentivo na participação das decisões táticas e operacionais.
4. Criação do regimento interno e código de conduta da fazenda;
5. Estabelecimento de metas individuais e premiação pelo seu
cumprimento;
6. Uniformização e atualização no uso de EPI’s;
7. Estabelecimento de rotinas de comunicação e feedbacks
periódicos;
Com as etapas de planejamento encerradas, segue-se a execução.
Bossidy e Jaram (2005) defendem que estabelecer uma cultura voltada para
a execução é um trabalho difícil, mas perde-la é fácil. Destacam também
que o fracasso das empresas estão mais ligados a falha na execução que
em estratégias equivocadas. Para que a execução ocorra adequadamente, o
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líder deve criar todas as condições para que o plano saia do papel e ocorra
como previsto.
Uma grande ferramenta para auxílio na execução é o método 5W
e 2H. Sua utilização pode garantir que a operação seja conduzida sem
nenhuma dúvida por parte das chefias e subordinados.
Os 5W correspondem às seguintes palavras do inglês: What (o
quê), Who (quem), When (quando), Where (onde) e finalmente Why (por
quê). Os 2H fazem a referência de How (como) e How Much (quanto).
Desta forma estarão claros todos os parâmetros da execução.
Para tornar mais simples e tangível o processo de planejamento a
seguinte sequência de questões deve ser respondida:
1. Qual é a expectativa de resultado financeiro por ano?
2. Qual deve ser o faturamento e a margem para que o resultado
seja obtido?
3. Qual modelo de operação proporciona este faturamento e
margem?
4. No modelo definido quantos animais serão abatidos por ano?
5. Qual será o rebanho médio?
6. Qual será a lotação, o ganho médio diário e a taxa de desmame
da fazenda?
7. Quais procedimentos de manejo e estratégias atendem os
índices acima descrito?
8. Quais são os riscos oferecidos por estas estratégias e quais as
respostas para mitiga-los?
9. Quais etapas a fazenda deve passar para conquistar estes
objetivos?
10. Quais habilidades a equipe devem apresentar para que o
planejamento seja colocado em prática com maiores chances
de sucesso?
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
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escolha de um bom software, e sim uma equipe de campo bem treinada
para registrar as ocorrências.
É muito grande o volume de informações que podem ser
gerenciados numa atividade de corte. Sugerimos a fragmentação nas
seguintes frentes:
1. Informações Reprodutivas. Controla-se a fertilidade, a perda
pré parto, a taxa de desmame, a relação e peso desmame e o
intervalo entre partos.
2. Informações Produtivas. Neste momento são mensuradas
a mortalidade, taxa de lotação, consumo de minerais e
suplementos, ganho de peso, produção de @ por hectare, altura
média das pastagens e intervalo entre cortes, dentre outros.
3. Informações Climáticas. Chuva, temperatura e umidade do
ar, são as principais.
4. Informações Financeiras. A avaliação dos custos e resultados
compõe as etapas desta fase.
• Custos: cabeça e UA/mês, @ produzida, bezerro desmamado,
dentre outros.
• Resultados: Margem sobre a venda, resultado gerencial (lucro)
por hectare e por cabeça comercializada, rentabilidade sobre
capital de trabalho e capital total, dentre outros.
• Demais indicadores: Relação custeio x investimento, custo fixo
x custo variável, perfil ABC nos desembolsos, dentre outros.
5. Informações de equipe: Salário em relação a região, tempo
médio de contratação, rotatividade, qualidade de vida
e moradia, motivação, número de hectares e cabeças por
funcionário, dentre outros. Ao separar os dados nesses
tópicos, torna-se muito mais fácil a definição dos objetivos e
a determinação dos controles necessários ao gerenciamento
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
25
atuais da fazenda, se estabelecer aonde ela deve chegar, elaborar uma
estratégia exequível que respeite as condições técnicas e financeiras, treinar
e motivar a equipe para que a execução ocorra conforme o planejado. Todas
estas ações devem ser monitoradas de forma que os justes sejam feitos em
tempo para que sucesso seja alcançado e o aprendizado estabelecido.
REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS
JÚLIO, C.A.; A Arte da estratégia. 9.ed. Rio de janeiro: Elservier, 2005. 150p.
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
1. INTRODUÇÃO
1
Professor Associado do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
2
Estudante do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UFSM – Área de Forragicultura
3
Estudante do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UFSM – Área de Forragicultura
27
que atinge 27 edições, em 2015. Na região Sul do país, o SIMPAPASTO
se consolida como um evento que também resgata essa preocupação com
o estado da arte da produção animal a pasto. Uma avaliação dos temas
abordados deveria incluir muitos aspectos, desde o estabelecimento de
plantas forrageiras, a adubação até impactos econômicos nos sistemas
produtivos baseados em pastagens. Uma questão relevante que tem sido
abordada sob o tema “manejo” são os sistemas de utilização que nos termos
da Terminologia Internacional de Pastagens (Allen et al., 2011) incluem
“a manipulação do complexo solo-planta-animal do pasto na busca de
um resultado desejado”. Essa definição engloba todos os aspectos acima
descritos e já abordados nesses Simpósios, mas nossa contribuição será
focada no sistema de manejo, que incorpora os conceitos de arranjo do
sistema e o manejo do pastoreio, que é o foco central desse capítulo.
Entretanto, antes de avançar na temática proposta não podemos
deixar de mencionar que, atualmente, o manejo de pastagens deixou de ser
orientado apenas na produção secundária do sistema (o produto animal).
Atualmente esse conceito passou a incorporar um objetivo multifuncional
que engloba todo o ecossistema pastoril, envolvendo a produção da
pastagem, a eficiência de sua utilização e a sustentabilidade (econômica,
ecológica e social) (Lemaire et al., 2011).
Ainda que possa parecer muito meticulosa, a análise da terminologia
empregada nesse capítulo merece uma justificativa por parecer diferente
da proposta nos trabalhos de Allen et al. (2011) e seu correspondente
nacional (Pedreira et al., 2002). Em primeiro lugar entende-se que o termo
pastejo deva ser empregado para o conjunto de perfilhos que são afetados
por essa ação do animal, enquanto o termo pastoreio seja referente à ação
antrópica sobre a unidade de superfície pastoril manipulada pelo homem
(piquete, parcela, potreiro e outras denominações regionais). Por outro
lado, não podemos ignorar a definição etimológica que nossos léxicos
dão à palavra “lotação” (ato ou efeito de lotar, encher). A tradução para o
português por alguns pesquisadores nacionais do termo inglês “stocking”
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
2. Evolução de conceitos
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Figura 1 – Diagrama representando a evolução esperada do crescimento relativo e
do consumo relativo de forragem quando a produção é aumentada pela intensificação
(fertilidade do solo) ou reduzida pela “extensificação”. Trajetórias A→ B e A→ C
corresponderiam a pastoreio rotativo e contínuo, respectivamente. A inclinação 1:1
implica que a eficiência do uso da forragem seria mantida, enquanto a inclinação de A→
C corresponderia a uma diminuição nessa mesma eficiência (Adaptado de Lemaire &
Agnusdei, 2000).
30
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
3. Oferta de forragem
31
MS/ ha (Mott, 1984). Entretanto, o animal ajusta seu comportamento sob
pastejo de acordo com a oferta de forragem e sua distribuição espacial no
dossel. A interação entre o animal em pastejo e seu alimento foi estudada
por meio da disponibilidade de forragem e do seu consumo, com menor
ênfase para os mecanismos que regulam este processo (Demment et al.,
1987). Essa limitação demonstrou que embora a definição da oferta de
forragem melhorasse o nível de informação sobre o manejo da pastagem
ainda não permitia uma reprodução confiável dos resultados em sistemas
de produção, porque a oferta pode se expressar de diversas maneiras em
função da estrutura da pastagem.
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
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Figura 3 – Relação entre a massa de forragem a diferentes níveis do solo e o consumo
relativo para vacas leiteiras em pastoreio rotativo (126 médias de tratamentos de 40
experimentos) (adaptado de Delagarde et al., 2011).
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
4. Estrutura da pastagem
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animais (Fonseca et al., 2012). Os autores argumentam que quando um
animal pasteja, ele molda a estrutura espacial da vegetação e cria novas
condições; estas novas condições por sua vez, influenciam o processo de
pastejo. Isto é, a estrutura do dossel é concomitantemente uma causa e um
efeito no processo de pastejo.
A estrutura do dossel é uma característica central e determina
as respostas produtivas de plantas e animais na pastagem (Hodgson,
1985). Isso ocorre porque a estrutura tem relação direta com o tamanho,
qualidade e eficiência do aparato fotossintético da comunidade de plantas,
determinantes da produção de forragem, e com a forma como a forragem
é apresentada ao animal em pastejo, sua facilidade de colheita e consumo,
determinantes da produção animal. A estrutura da planta determina a
acessibilidade de partes da planta ao pastejo, portanto, influenciando os
dois componentes da taxa de ingestão: massa de bocado e taxa de bocados
(Spalinger & Hobbs, 1992). Por exemplo, os efeitos da arquitetura de planta
em massa de bocado, medido a uma pequena escala, são fortemente ligados
à desfolhação diferencial de espécies de plantas (Utsumi et al., 2009).
Embora os animais possam modificar seu comportamento ingestivo
para minimizar o efeito desfavorável das condições de alimentação, é
necessário criar estruturas de pasto que aumentem consumo de forragem
por unidade de tempo, para maximizar o uso de pastagem nos sistemas de
produção. A complexidade relativa à tomada de decisões para o manejo do
pastoreio levou a tentativas importantes, para desenvolver indicadores ou
ferramentas simples que os produtores possam aplicar na gestão do dia-a-
dia. Exemplos destes objetivos de manejo incluem o conceito de definição
de alturas pré e pós-pastejo.
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
1
Alturas referentes à entrada dos animais, em pastoreio rotativo ou altura média “ideal” nas manchas pastejadas,
em pastoreio contínuo. 4 Cultivares Coastcross e Tifton 85. Os números ², ³, 5, 6, 7 identificam as espécies e as
respectivas alturas de manejo.
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caso das perenes, alta cobertura de solo), com nível de adubação elevado
(especialmente N), o que pode dificultar a sua capacidade de replicação em
situações típicas de propriedades rurais. Embora a relação entre a altura
e o IAF ou a massa de forragem sejam elevadas, a densidade que é um
componente espacial da estrutura nem sempre apresenta o mesmo grau de
correlação (veja Figura 4).
De toda forma, ambos os critérios de manejo exigem um
monitoramento da altura dos pastos que pode ser uma tarefa
operacionalmente complexa para áreas maiores ou para produtores com
limitação de mão-de-obra disponível no sistema de produção (isso inclui
assessores técnicos ou colaboradores treinados).
Alternativa que tem sido avaliada em algumas espécies forrageiras
temperadas (C3) ou tropicais, subtropicais (C4) é a utilização/escolha
de critérios baseados na ecofisiologia das plantas. Destaca-se, pelo uso
corrente no Hemisfério Norte (em especial na Comunidade Européia),
a determinação do início da utilização de pastos, em pastoreio rotativo,
pela duração de vida foliar (DVF). A DVF é um indicador relacionado
com o “rendimento teto” das plantas forrageiras, a partir do qual o
acúmulo de tecidos foliares verdes é reduzido pelo aumento exponencial
da taxa de senescência. Esse critério é extremamente válido em sistemas
fortemente dependentes da produção de forragem conservada, a partir de
áreas pastoris, onde o acúmulo de forragem de boa qualidade é valorizado.
Para efeitos práticos se somam as temperaturas médias diárias até que seja
atingido o valor em graus-dia (GD) da DVF para determinada espécie e
se recomenda a utilização por corte ou pastoreio da parcela. Por exemplo,
o azevém perene (Lolium perenne) necessita o acúmulo de 330 GD para
atingir sua DVF (Lemaire & Chapmann, 1996).
Entretanto, o critério de uso da DVF foi baseado no uso de
gramíneas perenes C3, cuja taxa de emissão de perfilhos reprodutivos é
mais dependente do fotoperíodo e o valor nutricional se mantém mais
estável ao longo dos estádios de crescimento. Nas regiões subtropicais,
38
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
39
da DEF de cada espécie divididos pelas temperaturas médias mensais da
estação meteorológica do INMET de Maringá. Esses cálculos poderiam ser
feitos com os dados de qualquer outra estação, para uma média histórica ou
com os valores precisos do ano de utilização do pasto. A escolha da opção
dependeria do nível de informação disponível pelo produtor ou do técnico
que o assessora, mas facilitaria o planejamento da utilização dos pastos, em
comparação à necessidade de medidas de altura em cada piquete.
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
41
Figura 6 – Representação esquemática da sequencia de pastejos nos horizontes ao longo
dos períodos de ocupação de um piquete (adaptado de Baumont et al., 2004; Fonseca et
al., 2012).
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
43
10% na taxa instantânea, que poderia ser compensada por um pequeno
aumento no tempo diário de pastejo. No caso da pastagem de Tifton 85,
o aumento da remoção para 50% representaria uma redução de 35% na
taxa instantânea, o que dificilmente seria compensado pelo mecanismo de
aumentar o tempo total de pastejo.
Resultados semelhantes a esses foram observados por Delagarde et
al. (2011) avaliando 17 experimentos com rebanhos leiteiros e 42 médias de
tratamentos (26 com vacas em lactação) em pastagens perenes temperadas,
manejadas em pastoreio contínuo (Figura 8). Pode ser observada uma
redução da taxa de consumo instantânea de 22% quando a altura média
do dossel é reduzida de 25 para 15 cm, ou seja, o equivalente a uma
redução de 40% na altura média. A redução de 50% da altura (de 20 para
10 cm) representou uma redução de 45% da taxa de consumo relativo.
Os mesmos comentários caberiam quanto à compensação do consumo
total diário, que poderia ser viável no primeiro caso por um maior tempo
diário de pastejo. Entretanto, deve-se destacar que os reflexos na produção
animal serão menores por se tratarem de espécies forrageiras de maior
valor nutricional que as espécies tropicais avaliadas na Figura 7.
44
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
45
de uma vez, o que implica na utilização de um horizonte menos favorável à
ingestão de forragem (ver também Figura 6) e também um maior prejuizo
ao rebrote posterior do pasto.
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
lignificação, que ocorre tanto nas espécies de hábito ereto como prostradas
já citadas e outras forrageiras não elencadas nesse capítulo, podemos
concluir que intensidades de desfolha entre 40 e 50% da altura pré-
pastejo podem ser recomendadas. Essa indicação permite a oportunidade
de seletividade da forragem por garantir tanto uma oferta quanto uma
distribuição espacial (ou estrutura) do pasto não limitantes ao animal.
Um exemplo dessa recomendação pode ser observado em Ribeiro
Fº et al. (2009) que indicaram uma oferta de 40 kg de MS/vaca/dia em
pastagem de azevém que foi desfolhada a uma intensidade de 56% da
altura inicial. Os resultados de aumento da produção de leite em relação
a uma oferta menor e uma maior intensidade (73%) da altura inicial
comprovam o maior consumo de forragem (Tabela 3).
Entretanto, podemos observar que a maior qualidade da estrutura
oferecida que resulta em maior produção individual por vaca nem sempre
vai permitir uma maior produção por área, especialmente em pastagens de
alta qualidade como azevém, para a qual a redução na produção individual
das vacas foi de apenas 14% mesmo com a restrição do consumo (Ribeiro
Fº et al., 2009).
* Os valores foram estimados a partir dos dados dos autores e do intervalo de utilização da Tabela 2.
47
Comparação entre paradigmas atuais e passados
48
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALLEN, V.G. et al. An international terminology for grazing lands and grazing
animals. Grass and Forage Science, v. 66, p. 2-28, 2011.
49
BAUMONT, R. et al. A mechanistic model of intake and grazing behaviour in
sheep integrating sward architecture and animal decisions. Animal Feed
Science and Technology 112, 5–28, 2004.
DELAGARDE,R. et al. GrazeIn: a model of herbage intake and milk production for
grazing dairy cows. 2. Prediction of intake under rotational and continuously
stocked grazing management. Grass Forage Science, v.66, 45–60, 2011.
50
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
DIEHL et al. Forage yield and nutritive value of Elephant grass, Italian ryegrass
and spontaneous growing species mixed with forage peanut or red clover.
Ciência Rural, v. 44, p. 1845-1852, 2014.
51
MARASCHIN, G.E. Utilização, manejo e produtividade das pastagens nativas da
região sul do Brasil. In: Ciclo de palestras em produção e manejo de bovinos
de corte, 3, Porto Alegre, ULBRA. p.29-39. 1998.
52
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
53
54
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
1. INTRODUÇÃO
1
Dr. Professor Adjunto da Universidade Estadual Paulista da Faculdade de Medicina Veterinária, Araçatuba, SP.
2
Dr. Professor permanente do Programa de Pós-graduação em Zootecnia da UTFPR,Dois Vizinhos, PR. Pós dou-
torado na Universidade Mcgill no Canadá.
3
Dr. Professor Titular da Universidade Estadual de Maringá no Programa de Pós graduação em Zootecnia, Pós-Dou-
torado na Range Cattle Research & Education Center - Ona - University of Florida.
4
Dra. Professora Adjunta na Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR.
5
Dra. Professora Titular do programa de Mestrado em Saúde e Produção de Ruminantes da Universidade Norte
do Paraná (UNOPAR), Arapongas, PR.
55
bocado, o que leva a um aumento do número de bocados, resultando em
um tempo de pastejo mais prolongado.
As plantas forrageiras variam, naturalmente, quanto à estrutura
da vegetação, em função da arquitetura da planta, do estádio de
desenvolvimento, das condições edafoclimáticas e do manejo que lhes é
imposta. Uma das maneiras para melhorar a estrutura da pastagem que
vem sendo preconizado é a aplicação de fertilizantes, principalmente os
nitrogenados, pelo fato do nitrogênio promover um rápido crescimento da
planta, com maior produção e taxa de expansão foliar, proporcionando na
composição da planta, uma maior relação folha:haste, melhorando assim,
a qualidade da forragem.
A performance animal tem uma dependência direta sobre a
ingestão diária de forragem e uma dependência indireta, através dos
efeitos do processo de pastejo, sobre a composição da pastagem, estrutura
e produtividade da pastagem (Cosgrove, 1997).
Neste sentido, esta revisão tem o objetivo de relatar os aspectos
relacionados à estrutura da vegetação em pastagens e à qualidade da
forragem.
56
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
6
São agregados de estações alimentares separados de outros patches por uma pausa na sequência de pastejo, quando
o animal se reorienta para um novo local (Bailey et al. 1996).
57
Lascano, 1993; DOVE, 1996; Schininning & Parsons, 1996). A definição
dos elementos da estrutura tem sido motivo de vários estudos, mas a
variabilidade dos procedimentos técnicos em mensurá-los e descrevê-los,
em três dimensões, não estão prontamente disponíveis. A quantidade de
informação requerida para descrever, compreensivelmente, a estrutura da
vegetação tem sido um desafio.
58
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
7
Fase de crescimento da planta, quando está inicia a rebrota após o primeiro pastejo
59
Quanto aos resultados da adubação nitrogenada, o uso de 50kg
de N ha-1corte-1 promoveu aumento da densidade de matéria seca de
folhas verdes de ambos os cultivares, sem contudo, alterar a densidade
de perfilhos, evidenciando o efeito do fertilizante no alongamento dos
colmos, o que proporcionou melhor distribuição de folhas verdes nos
estratos superiores da vegetação.
Com relação aos aspectos de produção, teores de fibra e
proteína bruta e digestibilidade “in vitro” da matéria seca, comparando-
se os diferentes estratos da vegetação, o autor concluiu que os cultivares
colonião e tobiatã seriam melhor explorados se manejados ao redor de 35
dias, utilizando-se a adubação nitrogenada, sendo a vegetação colhida até
a altura mínima de 40 cm em relação ao nível do solo.
Ainda com relação à qualidade dos estratos, em capim Tanzãnia,
avaliado em quatro alturas de manejo (20, 40, 60 e 80cm), verificou-se
que os estratos inferiores apresentaram menor qualidade, devido à maior
densidade de matéria seca e menor densidade de folhas, acarretando em
maiores valores de FDA e FDN e menores teores de PB (Rego et al., 2001).
Segundo Stobbs (1977), o grau de utilização de forragem em
pastagem de capim-Gatton Panic variou de estrato para estrato da
vegetação, conforme a oferta de pasto. Nos estratos de 10-20, 20-30, 30-40
e acima de 40cm, observou-se a utilização de 14, 49, 46 e 56% da MS do
estrato, quando a oferta de pasto foi de 55kg de MS vaca-1dia-1 e, quando a
oferta de pasto foi 15kg de MS vaca-1dia-1, os percentuais foram 52, 82, 82
e 100%, respectivamente. Verifica-se, assim, que o nível de oferta de pasto
afeta a eficiência de sua utilização.
Moore et al. (1987) avaliaram a estrutura da vegetação de uma
pastagem consorciada de Hemarthria altissima e Aeschynomene americana,
em Gainesville, Flórida. Os autores avaliaram o perfil vertical da vegetação
a cada 10 cm, a altura do dossel, a produção de matéria seca, a densidade
da vegetação e a composição botânica. Além desses parâmetros, avaliaram
o comportamento ingestivo dos animais com fístula esofagiana, onde
60
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
61
estrato superior da vegetação. Os autores compararam os níveis de folhas
residuais pós-pastejo (FR) e observaram que a produção decresceu, dos
estratos inferiores para os superiores, nos níveis de FR médio e baixo. Os
autores concluem que a aplicação de 150kg de N ha-1 resultou em maiores
produções de matéria seca total e de folhas verdes, no estrato superior a
60 cm, apesar de não ter alterado a densidade. A manutenção de maior
quantidade de folhas residuais pós-pastejo permitiu maior concentração
de lâminas foliares no estrato superior da pastagem que, associada ao
maior teor de proteína, resultou numa forragem de melhor qualidade e de
fácil acesso para os animais.
Médias seguidas de letras idênticas, minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, não diferem entre
si (P < 0,05)
62
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
63
sugerem que a altura da pastagem deverá ser acima de 8 a 10 cm para máxima
produtividade (Cosgrove, 1997). Portanto, o peso do bocado é a variável
mais importante na determinação do consumo em pastejo e é aquela que é
mais influenciada pela estrutura da pastagem (Hodgson, 1985).
Nesta linha de pensamento, pesquisas subsequentes levaram a um
aprofundamento no conhecimento desta variável chave. Hodgson (1985)
propôs uma representação esquemática, em que o peso do bocado se
originaria aritmeticamente do produto entre o volume do bocado (VB) e a
densidade da forragem no estrato pastejado (DEP). O volume do bocado,
por sua vez, seria produto de sua área (AB) e de sua profundidade (PfB).
Teríamos portanto:
PB = VB x DEP
VB = AB x PfB
Para Hodgson et al. (1994) estas equações provêm uma firme base
conceitual para compreensão da influência das características da pastagem
no comportamento ingestivo de animais em pastejo. Recentemente, a
taxa de bocados foi redefinida como sendo função do tempo envolvido
na procura e localização do bocado (Laca & Demment, 1992) e na sua
manipulação (Newman et al., 1994). A Figura 1 apresenta a representação
esquemática das variáveis envolvidas no consumo diário de um ruminante
em pastejo, assumindo a ocorrência de apenas um movimento de apreensão
por bocado (Carvalho, 1997).
O modelo apresenta o consumo em duas dimensões temporais:
curto prazo (velocidade de ingestão) e longo prazo (consumo diário).
O estudo da velocidade de ingestão, também conhecida como taxa
de consumo instantânea, se relaciona diretamente com os efeitos da
estrutura da pastagem, estando o foco centrado no processo de ingestão
da forragem. Já, o consumo diário estaria na dependência, também, do
tempo de pastejo que é função de uma série de fatores, dentre os quais
a taxa de passagem e relação consumo/requerimento entre outros. O
64
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
65
Por sua vez, o tempo de procura inclui a movimentação do
animal ao longo do ambiente de pastejo e todos os processos sensoriais e
cognitivos envolvidos na decisão de se colher aquele bocado dentre vários
outros possíveis (Ungar, 1996). Segundo este autor, tais processos não
são de simples quantificação, pois engloba a questão de como o animal
percebe e se movimenta no ambiente de pastejo. A morfologia do aparelho
locomotor e o peso do animal são fatores importantes na determinação do
tempo de encontro com bocados potenciais (Shipley et al., 1996).
A manipulação do bocado compreenderia o ato de apreender
a forragem, trazendo-a para dentro da boca e cortando-a através de
movimentos de cabeça, lábios (ovinos e caprinos) e língua (bovinos),
além dos movimentos de mastigação e deglutição do bolo alimentar. Em
pastagens cujas qualidade e disponibilidade não são limitantes, assume-
se muitas vezes, que o tempo de procura possa ser insignificante, pois
o animal mastiga a forragem enquanto se movimenta de uma estação
alimentar para outra (Laca & Demment, 1992).
66
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
seja por uma resposta à estrutura da pastagem, seja por uma decisão
comportamental (Newman et al., 1994), passam, necessariamente, por
uma alteração na área ou profundidade do bocado. Daí a importância de
se compreender as relações entre a estrutura da pastagem e as dimensões
do bocado como ferramenta para se desenvolver modelos para predição do
peso do bocado (Laca et al., 1992).
Tanto a área do bocado quanto a profundidade são variáveis
cujas definições estão mais associadas à estrutura da pastagem do que as
medidas relacionadas ao animal. A profundidade do bocado corresponde
à diferença entre a altura inicial e à média da altura residual da mesma
unidade medida após o pastejo (Ungar, 1996). A área do bocado seria a área
total pastejada dividida pelo número de bocados observados (Ungar, 1996).
Vários estudos nas mais diversas condições concluíram que a
profundidade do bocado apresenta relação positiva com a altura da
pastagem e negativa em relação à densidade (Gordon & Lascano, 1993).
Experimentos em micro-pastagens construídos em pranchas (Black &
Kenney, 1984), leivas de pastagem oferecidas a animais em gaiolas (Gordon
et al., 1996), gaiolas de pastejo (Burlinson et al., 1991), perfilhos marcados
e quadrados marcados na pastagem (Edwards et al., 1995) indicam que,
quanto maior a altura da pastagem, maior a profundidade do bocado
de ovinos (Burlinson & Hodgson, 1985), bovinos (Mursan et al., 1989),
caprinos (Betteridge et al., 1994) e equinos (Hughes & Gallagher, 1993). De
acordo com Edwards et al. (1995), esta relação ocorre, independentemente,
do sistema de pastejo e de espécies morfologicamente contrastantes, como
o azevém perene e o trevo branco. Na grande maioria dos trabalhos, a
relação entre a profundidade do bocado e a altura da pastagem é descrita
linearmente, embora existam exceções onde esta relação é descrita de
forma assintótica (Mitchell et al., 1991; Laca et al., 1992). Muitos modelos
do comportamento ingestivo de ruminantes em pastejo assumem uma
relação assintótica entre a altura da pastagem e a profundidade do bocado
(Ungar & Noy-Meir, 1998; Parsons et al., 1994).
67
Cabe ressaltar, ainda, que estes resultados foram obtidos, em
sua grande maioria, com espécies temperadas, sendo que experimentos
a nível de dimensões de bocado com espécies tropicais são praticamente
inexistentes. O trabalho de Stobbs (1973) sugere que, ao contrário do que
acontece em pastagens temperadas, a densidade da pastagem parece ser
o principal componente da estrutura da pastagem a determinar a taxa
de consumo e não a altura, como ocorre com as pastagens temperadas
(Hodgson et al., 1994).
Segundo Hodgson et al. (1994), pouco ainda se conhece a respeito
de características morfológicas das plantas que possam controlar a relação
entre altura da pastagem e a profundidade do bocado. São contraditórios
os resultados que apontam o acúmulo concêntrico de camadas da bainha
(pseudocaule), como um agente físico limitante a bocados em maior
profundidade. No entanto, para pastagens com maior distribuição vertical
de folhas (espécies tropicais), hastes e material morto, mudanças na
densidade no horizonte vertical e componentes morfológicos das plantas
com maior força de tensão podem afetar, dificultando a severidade do
bocado (Cosgrove, 1997).
De uma forma geral, a área do bocado apresenta menor
sensibilidade às alterações na estrutura da pastagem (Hodgson et al.,
1994). Conforme Gordon & Lascano (1993), a área do bocado diminui
linearmente com a densidade da pastagem e aumenta de forma quadrática
com a sua altura. Esta última característica pode ter como explicação
as limitações anatômicas dos animais associadas às dimensões de suas
maxilas (Illius & Gordon, 1987). Mesmo atingindo uma assíntota, a área
do bocado nestas condições é, normalmente, maior que a área da boca dos
animais. Em bovinos isto seria esperado, uma vez que utilizam a língua
como um mecanismo de maximização da área do bocado. No entanto, a
área do bocado em ovinos, também, pode ser superior às dimensões de
sua boca em função de movimentos de cabeça horizontais, quando da
apreensão da forragem (Edwards et al., 1995).
68
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
69
distribuição horizontal.
Em outro experimento, Carvalho et al. (1998b) avaliaram a
profundidade do bocado de ovelhas em lactação em pastagens de Festuca
arundinacea e Dactylis glomerata marcando os perfilhos nos estádios
reprodutivo e vegetativo. Observaram uma relação linear e positiva entre
a profundidade do bocado e a altura das plantas, independente de seu
estádio fenológico e de sua espécie. Verificaram, também, que perfilhos
vegetativos, quando circundados por perfilhos reprodutivos, são pastejados
menos intensamente e, que as espécies foram pastejadas de forma idêntica,
quanto à profundidade do bocado, indicando assim, que a espécie é menos
importante que a altura na determinação da intensidade de pastejo.
Em pesquisa avaliando uma série de variáveis na estrutura da
pastagem que influenciam na formação do bocado e na taxa de ingestão
instântane dos bovinos, verificou-se que tanto em Brachiaria brizantha cv.
Marandu quanto em Panicum maximum cv. Tanzânia; a proporção e a massa
de folhas verdes foram consideradas determinantes na taxa de ingestão dos
animais (Rego et al., 2006a)
70
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
71
modificando sua composição química e a aceitabilidade de seus
componentes. Euclides et al. (1989) salientaram que a estrutura da
pastagem é fator importante na determinação da facilidade de apreensão
pelo animal. Em pastagem pouco densa, o animal encontra dificuldades em
atender a capacidade de consumo e que, qualquer redução na densidade
de forragem por unidade de área não pode ser compensada, aumentando-
se o número de unidades de área de forragem disponível.
Neste sentido, Allden & Whittaker (1970) constataram que
acima de 3.000 kgMS ha-1 o tempo de pastejo e a taxa de consumo foram
relativamente constantes. E, com a disponibilidade de 500 kg MS ha-1,
a taxa de consumo foi reduzida em quatro vezes e o tempo de pastejo
foi aumentado em duas vezes. Concluíram, também, que a diminuição
na quantidade de forragem pode não ser compensada pelo aumento no
tempo de pastejo.
Por sua vez, Bryant et al. (1970) relataram que a utilização de
pressão de pastejo, suficientemente intensa para limitar a disponibilidade,
causou redução no consumo e na qualidade da dieta.
Entretanto, não é apenas reduzindo a pressão de pastejo e
aumentando a disponibilidade de forragem que os melhores resultados
serão conseguidos. Stobbs (1973) observou que o perfil da pastagem não
deve ser visto como algo homogêneo e que, embora de menor produção
que as espécies de clima tropical, as espécies de clima temperado têm maior
densidade. Este autor citou densidades de 1600 a 4100 e de 140 a 2000 g/
m3 para pastagens de regiões temperadas e tropicais, respectivamente. O
mesmo, verificou que a possibilidade de se obter dieta de alta qualidade
pelo pastejo seletivo em pastagens tropicais pode ser sobrepujada pela
limitação no consumo total, em razão do pequeno tamanho do bocado e,
conseqüentemente, baixo consumo de nutrientes digestíveis por unidade
de tempo, ainda que, a disponibilidade esteja acima daquela que estabelece
o tamanho crítico de bocado.
Conceitualmente, se o animal tivesse condições de consumir o
72
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
73
foram responsáveis pela diminuição de digestibilidade da forragem.
Burns et al. (1989) demonstraram que a interação entre a forragem
disponível de uma pastagem e a resposta animal corresponde à dinâmica
da qualidade da forragem disponível e da dieta. A digestibilidade “in
vitro” da matéria orgânica (DIVMO) fornece apenas um valor médio da
pastagem que, geralmente, se reduz com o avanço da idade das plantas ou
com o aumento do nível de forragem disponível. Portanto, a DIVMO não
apresenta um valor real da dieta do animal.
Por outro lado, Costa et al. (1992) encontraram variação nos
teores de proteína bruta das frações folha, caule e material seco, em
cultivares de Panicum (Colonião e Tobiatã). De modo geral, os teores
de PB decresceram em função dos crescimentos e das idades de corte e
para uma mesma idade de corte no sentido dos estratos superiores para os
inferiores. Já, os teores de fibra bruta aumentaram em função das idades
de corte e, para uma mesma idade de corte, dos estratos superiores para os
inferiores. No entanto, os valores encontrados para a digestibilidade “in
vitro” da folhas verdes revelaram maiores valores do que colmos e material
seco, tendo as folhas dos estratos superiores apresentado até 20 unidades
percentuais a mais, quando comparadas às folhas dos estratos inferiores,
tanto na ausência, quanto na presença de adubação nitrogenada.
7. Altura da pastagem
74
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
75
pastejo influiu na estrutura e proporção dos componentes da pastagem, na
fixação de nitrogênio, nas partes da planta selecionada pelo animal e no
retorno de nitrogênio pela excreção.
A altura do resíduo após pastejo exerce um importante efeito
sobre a qualidade e composição botânica da pastagem. Forbes & Coleman
(1993) afirmam que o resíduo determina mudanças na estrutura da
pastagem, isto é, na participação dos componentes folha, colmo e material
morto e, como consequência, altera a qualidade da forragem disponível
para o pastejo do animal.
Dessa forma, a relação entre o resíduo de uma pastagem e a sua
qualidade pode ser visualizada, quando a pastagem é dividida dentro de
estratos (Canto, 1994). Os resultados de diversos experimentos mostram
que os estratos superiores das pastagens são, geralmente, mais digestíveis
que os estratos inferiores. Quanto às espécies tropicais, estas possuem
níveis inferiores a 50% de matéria orgânica digestível na porção basal
da pastagem e 70% nos estratos superiores, basicamente, formados, por
folhas (Mannetje & Ebersohn, 1980), enquanto que, em gramíneas de
inverno esta variação é menor.
Por outro lado, a imposição de diferentes pressões de pastejo
condiciona diferentes disponibilidades de matéria seca por hectare. A
proporção de material morto no resíduo varia em função da intensidade de
utilização da pastagem e da época do ano (Moojen, 1991). Nesse sentido,
Silva et al. (1994a) observaram em capim-elefante cv. Mott que diferentes
pressões de pastejo afetaram a disponibilidade e a distribuição espacial
da forragem. As maiores quantidades de matéria seca verde estavam nos
estratos de 20-40 e 40-60 cm nas pressões de pastejo de 12, 9 e 6 kg MS 100
kg PV-1 (Tabela 2). Por sua vez, as maiores quantidades de lâminas foliares
estavam nos estratos de 60-80 e > 80 cm na pressão baixa. Por sua vez, na
pressão alta, as maiores quantidades de lâminas estavam nos estratos de
40-60 e 60-80cm. Os autores concluíram que a pressão de pastejo baixa
resultou em maior densidade de forragem, maior quantidade de material
76
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
77
Há evidências de que a redução na altura das plantas,
correspondendo a um pastejo mais pesado, aumenta o teor de proteína
bruta da forragem produzida. Veiga (1994) observou em capim-elefante
anão redução no teor de PB tanto das folhas como do caule, à medida que,
a pressão de pastejo foi diminuída e o período de pastejo foi estendido.
Desse modo, Cecato et al. (1996) trabalharam com duas alturas
de corte, 20 e 40 cm, em oito genótipos de Panicum maximum, como o
Colonião, Tobiatã, Centenário, Mombaça, Tanzânia, KK8 e K429. Os
autores verificaram que o genótipo Tobiatã apresentou incremento de
13,31% de folhas no corte alto em relação ao corte baixo, durante o
período de verão. A altura de corte afetou apenas a produção de matéria
seca total por ocasião do inverno, onde o genótipo K249 produziu 43,72%
a mais, quando submetido ao corte a 40cm de altura.
Por sua vez, Bianchini (1998) comparou o efeito de quatro alturas
de manejo em pastagem de coast cross no desempenho com ovinos. As
alturas da forragem remanescente após o pastejo foram: T1= 4 a 7 cm, T2=
10 a 13 cm, T3= 16 a 19 cm e T4= 22 a 25 cm. A produção animal por área
foi de 460, 436, 254 e 264kg PV ha-1, para T1, T2, T3 e T4, respectivamente.
As duas maiores alturas de manejo mostraram redução na PB e DIVMS,
bem como, menor ganho de peso vivo por área, comparando com as
menores alturas. No entanto, o autor não correlacionou a densidade de
forragem com a disponibilidade de forragem (relação folha:caule).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
78
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
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88
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
1. INTRODUÇÃO
1
Zootecnista, DSc., Professor Adjunto – Grupo de Estudos em Biometeorologia (GEBIOMET) – Universidade
Tecnológica Federal do Paraná – Campus Dois Vizinhos (UTFPR – DV). E-mail: fredericovieira@utfpr.edu.br
89
microcomputadores, da robótica e microeletrônica. As medições passaram
a ser realizadas com o mínimo de intervenção humana. O pesquisador
ocupa-se na atualidade não tão somente com a execução das medições
à campo, mas com o planejamento, design e interpretação das análises.
O produtor rural de hoje é um gerenciador de informações, estas que
chegam a ele por inúmeras formas digitais e com velocidade em tempo
real. Por meio dos aplicativos, smartphones, tablets e ultrabooks, tudo isto
diante de conexões da internet cada vez mais rápidas, existe uma gama
de tecnologias, métodos numéricos e computacionalmente intensivos
que facilitam a acurácia das respostas multifatoriais. Aplicado aos
animais e agroecossistemas encontram-se uma gama variada de sensores
wireless, atuadores e controladores capazes de registrar sinais, armazenar
e interpretá-los. A partir daí, objetiva-se permitir decisões automatizadas
e precisa para melhorar o uso dos ambientes e proporcionar o equilíbrio
entre a sustentabilidade e lucratividade das atividades agrícolas.
No âmbito das pastagens e de sistemas de produção animal a pasto,
não poderia ser diferente. A partir do conceito da agricultura de precisão
surgiu a zootecnia de precisão, para que aplicado à forragicultura, o termo
evoluísse para a pecuária de precisão. Este último trata-se do estudo do
uso do solo, visando melhor aproveitamento em termos de qualidade
das pastagens e menor risco de degradação, bem como do entendimento
com maior acurácia quanto à procura dos animais pelo alimento pautado
em diferentes fatores, tais como a disponibilidade quantiqualitativa das
forragens, acesso à água, disponibilidade de sombra, inclinação do terreno,
dentre outros.
O entendimento deste universo da pecuária de precisão requer
a base teórica não só dos instrumentos, mas do objeto central de estudo
que é o animal e o meio em que vive, das espécies forrageiras e da
ciclagem de nutrientes nos diferentes agroecossistemas onde se encontram
inseridas. O uso dos instrumentos de precisão aplicados à produção de
pastagens demanda custos variáveis e investimentos tecnológicos nos
90
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
91
informações que incrementam a decisão nas etapas produtivas (LEWIS,
1998; SCHMOLDT, 2001; ZHANG et al., 2002; ADRIAN et al., 2005).
Atualmente, os estágios produtivos possuem forte demanda de
ações de rápido alcance, por se tratar de sistemas de natureza dinâmica,
de respostas complexas e não-lineares (MURASE, 2000). Além disso,
passou a ser prioridade o controle do uso de recursos que em outrora fora
utilizado em larga escala, todavia resultando em prejuízo por desperdício,
danos ambientais ou alterando negativamente a qualidade do produto
final. Como exemplo, o uso de pesticidas e adubos em culturas vegetais
passou a ser racionado visando atender de forma precisa as necessidades
das plantas e do solo. O mesmo pode ser estendido para as culturas
zootécnicas, quando se trata de controle ambiental, fornecimento preciso
de rações, identificação e ordenha robotizada (YULE et al., 1996; COX,
2002; FARKAS, 2005). Os mesmos autores afirmaram que devido à
gama de dados oriundos de fontes diversas, a integração espaço-temporal
possibilita não só a coleta destes dados, mas a análise conjunta e a predição
dos mesmos, principalmente em produção animal, utilizando sistemas de
georreferenciamento.
Assim, o conceito Agricultura de Precisão passa a ser definido como
o uso de técnicas e tecnologias avançadas que visam diminuir ou erradicar
perdas localizadas e elevar a produtividade agrícola. Sua característica
fundamental é o controle preciso da utilização de recursos (FIALHO,
1999). Trata-se de uma estratégia de manejo que lança mão da tecnologia
da informação para registrar e apresentar dados de diferentes origens,
resultando no processo facilitado de tomada de decisão (NATIONAL
RESEARCH COUNCIL, 1997). Muitas ferramentas de análise,
planejamento, representação, coleta, atuação e de predição de variáveis-
resposta são largamente aplicadas à agricultura moderna, de precisão.
Dentre elas, o uso de GIS (Geographical Information System), GPS (Global
Positioning System), sistemas de coleta de dados (data loggers), inteligência
artificial, eletrônica e sistemas de climatização.
92
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
Figura 1 – Modelo digital em relevo de uma parcela de solo (NEMÉNYI et al., 2003).
93
as parcelas no campo e com bastante detalhes. Todavia, gera um grande
banco de dados para o usuário. A alternativa para armazenar e manipular
estes dados é através do GIS, que possui uma interface computacional
e assim transfere os dados para a elaboração de mapas e outros tipos de
representações (NEMÉNYI et al., 2003).
94
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
95
artificiais, lógica fuzzy, algoritmos genéticos e algoritmos fotossintéticos
tem promovido respostas interessantes nos sistemas produtivos (MURASE,
2000). O mesmo autor afirmou que a aplicabilidade é crescente e o custo
de implantação sofre um decréscimo constante, à medida da investigação
de novas técnicas e sua inserção no meio rural.
A título de exemplificação das ferramentas acima mencionadas,
o funcionamento das redes neurais artificiais baseia-se no trabalho dos
neurônios biológicos e esta mimetização tem gerado resultados bastante
eficientes na solução de problemas complexos, como a predição de dados
não-lineares e padrões de comportamento. A entrada e saída de dados
dos sistemas produtivos são preditos nas análises múltiplas e paralelas das
redes (HASHIMOTO, 1997).
Dentre as várias aplicações na agricultura de precisão, Farkas
(2003) enumerou as mais importantes, a saber:
• Tecnologias em estufas (climatização, sistemas hidropônicos,
suprimento de nutrientes, dentre outros);
• Controle climático de instalações zootécnicas;
• Manejo com os animais (variáveis fisiológicas, eletrônica, manejo
nutricional e ordenhas robotizadas).
Porém, todas estes sistemas e tecnologias aplicadas à agricultura de
precisão foram expandidas para outros setores. Com destaque maior, os
sistemas de produção animal têm recebido diversos enfoques na pesquisa
de sistemas de informação. Desta forma, surgiu um novo conceito de
precisão no setor animal, de abordagem mais ampla neste estudo: a
Zootecnia de Precisão.
96
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
97
Figura 3 – Esquema geral das partes componentes da zootecnia de precisão no controle de
processos biológicos (WATHES et al., 2008).
98
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
99
precisão nas suas diferentes características, o termo se individualizou nesta
atividade, dando origem ao conceito de Pecuária de Precisão.
4. Pecuária de precisão
100
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
101
Figura 6 – Esquema de um sistema de pecuária de precisão (LACA, 2009b).
102
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
103
O monitoramento do rebanho na pastagem é uma atividade que
demanda o uso de tecnologias de precisão para tal mister. Dependendo do
tamanho da área, existe a dificuldade de monitorar o comportamento e
saúde animal, assim como a otimização do pastejo e detecção de problemas
(NADIMI et al., 2008). Em estudo preliminar na Suécia, Sant’Anna et
al. (2015) avaliaram o uso do espaço utilizados por bovinos, por meio
do uso do GIS. Utilizando um rebanho de 53 bovinos da raça Hereford,
um dos animais foi mantido com um colar GPS e cada ponto onde o
animal se encontrava era uma unidade amostral. Os autores encontraram
um padrão não aleatório e cíclico, em um padrão regular motivado por
diversos fatores, tais como a qualidade de forragem, quantidade, presença
de água, sombra, dentre outros (Figura 8). Com o uso desta ferramenta de
precisão, os autores concluíram que esta consiste em fonte promissora de
informação, com o intuito de delimitar as zonas de ocupação e os fatores
que determinam o uso da pastagem pelo gado.
Figura 8 – Mapa da área do estudo, sendo (A) a cobertura vegetal da área e (B) a distribuição
dos animais indicando o uso da área (SANT’ANNA et al., 2015).
104
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
105
com mais eficiência e com recursos limitados (inclusive naturais), a pecuária
de precisão possui enorme potencial de ação neste panorama da pecuária
mundial, ‘conectando’ a sustentabilidade com o lado economicamente
viável dos sistemas de produção à pasto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
106
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
107
NEMÉNYI, M et al. The role of GIS and GPS in precision farming. Computers
and Electronics in Agriculture, v.40, p.45-55, 2003.
WANG, N.; ZHANG, N.; WANG, M. Review: Wireless sensors in agriculture and
food industry – recent development and future perspective. Computers and
Electronics in Agriculture, v.50, p.1-14, 2006.
108
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
1. INTRODUÇÃO
1
Pós-doutorado Pennsylvania State University-USA, Departamento de Zootecnia, Universidade Estadual de Maringá.
109
em cada momento. Sem dúvidas, quando consideramos esses elementos,
fica claro a necessidade da obtenção constante de dados e suas análises.
Os sistemas de produção de leite a pasto são mais adequados
quando conduzidos e administrados por núcleos familiares, e alguns dos
benefícios tangíveis nesses sistemas são: redução nos custos de alimentação,
máquinas e manejo de dejetos; flexibilidade no desenho do sistema de
ordenha; flexibilidade na definição do sistema de pastejo; melhoria na
qualidade do pasto; melhoria na qualidade da água e dos recursos naturais;
aumento na gordura e proteína do leite; e a manutenção de vacas mais
limpas, o que tem reflexo direto sobre a saúde do rebanho.
Como em qualquer outro sistema produtivo, pelo menos quatro
perguntas chaves devem fazer parte de nossas decisões se pretendemos
obter sucesso. São elas: As adaptações e mudanças são tecnicamente
viáveis? As adaptações e mudanças são economicamente viáveis? São
sustentáveis? Elas trarão avanços sociais? Com certeza, se respondermos
sim a essas perguntas, nossas chances de sucesso serão muito maiores.
Os sistemas de produção agropecuários são dependentes de vários
fatores de produção, ou seja, os elementos que podem definir os limites
da produção. No caso dos sistemas de produção de leite a pasto são eles:
o solo; o clima; as plantas forrageiras; as vacas; o homem e os recursos
econômicos. Todas as tomadas de decisão deverão estar fundamentadas
no conhecimento desses fatores.
No caso específico da nutrição e alimentação de bovinos criados
a pasto, destacam-se três elementos: as plantas forrageiras; os suplementos
alimentares; e as vacas e suas exigências nutricionais.
110
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
111
com sucesso, produzindo forragem de alta qualidade em períodos críticos
do ano.
Mais recentemente, outra técnica que tem sido adotada com
frequência é a irrigação, pois atualmente temos muitas opções de sistemas.
Mas, destaca-se, que a adoção da irrigação deve passar por um minucioso
crivo técnico e econômico.
E finalmente, tendo informações sobre os pontos apresentados
acima, o sistema de produção deve ter um planejamento forrageiro anual,
sem o qual é praticamente impossível tomar qualquer decisão no sentido
de suprir os gargalos.
112
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
113
definido não pela produção da forragem (pasto), mas pela sua qualidade
(Tabela 2).
É importante destacar que as exigências nutricionais da vaca
leiteira, com uma determinada capacidade de produção, em uma dada
situação são sempre constantes, e a produção do animal será definida pelo
suprimento de nutrientes. O suprimento de nutrientes por sua vez será
definido pelo consumo e pela concentração dos mesmos nos alimentos
que compõem a dieta.
114
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
115
As estratégias para melhorar a conversão alimentar do rebanho,
independente do sistema de produção são: usar alimentos de alta
qualidade, aumentar o consumo diário de matéria seca pelas vacas, manter
o rúmen em bom funcionamento, minimizar os gargalos de produção de
forragem durante o ano, minimizar as perdas de alimento, minimizar as
perdas de energia.
116
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
117
Tabela 4: Resposta à quantidade de suplemento por vacas em lactação em
pasto de Brachiaria brizantha (kg leite/kg suplemento).
118
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
119
kg/kg concentrado = 1,5855 – 0,1104 * CC), e o consumo de concentrado
para maximizar o retorno por vaca também pode ser estimado (CO, kg/
vaca/dia = [1,5855 – [PC/PL]]/0,1104]; onde CO é o consumo ótimo e PC
e PL são os preços do concentrado e do leite).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARGO, F.; MULLER, L.D.; DELAHOY, J.E.; CASSIDY, T.W. Milk Response
to Concentrate Supplementation of High Producing Dairy Cows Grazing at
Two Pasture Allowances J. Dairy Sci., v.85, p.1777–1792, 2002.
120
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
HUTJENS, M. Dairy efficiency and dry matter intake. Proceedings 7th Western
Dairy Management Conference. March 9-11, Reno Nevada, USA, 2005.
121
STAKELUM, G. Herbage intake of grazing dairy cows. 1. Effect of autumn
supplementation with concentrates and herbage allowance on herbage
intake. Irish J. Agric. Res., v.25, p.31–40, 1986.
122
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
Pablo Chilibroste1
1. INTRODUCCIÓN
1
Ing. Agr. (PhD), Facultad de Agronomía – UdelaR - Departamento de Producción Animal y Pasturas – EEMAC
–Ruta 3 km 363, Paysandú – pchili@fagro.edu.uy
123
La implantación de la pradera como base de los sistemas pastoriles
de producción de leche se desarrolló en la década del 70 cambiando el
modelo productivo dominante en ese momento. Si bien está innovación
modificó fuertemente el diseño de los sistemas de producción de leche de
la época, fundamentalmente en su base forrajera, los trabajos desarrollados
en la Unidad de Lechería de INIA LE (Durán, 1996) jerarquizaban a
la producción de pasturas como la principal limitante para aumentar
el rendimiento de leche en Uruguay, estimándose valores máximos de
6500kg MS por hectárea año, para un ciclo de 4 años de producción.
Es en base a esta información que se delinearon ajustes en las rotaciones
forrajeras, estrategias de producción y suplementación del rodeo con el
objetivo de incrementar los niveles de producción por vaca y por hectárea
(Durán, 1996). A pesar del amplio reconocimiento con que cuenta la
pastura como el alimento de menor costo por kilogramo de materia seca,
proteína cruda o mega caloría de energía metabolizable, se dispone de
muy poca información en la que se cuantifique la producción y consumo
de forraje en los sistemas comerciales de producción de leche en Uruguay.
Estimaciones indirectas realizadas en sistemas lecheros, indican que en
el área de vaca masa de los sistemas con mejores indicadores técnicos, la
producción de forraje cosechado por los animales no superó los 3000-
3200kg MS (Chilibroste et al., 2003). Si bien existen estimaciones como
las recién mencionadas, es a partir de Chilibroste y Battegazore (2015) que
se realizaron estimaciones más precisas del consumo directo de forraje en
los sistemas lecheros y su relación con el proceso de intensificación.
En sistemas de base pastoril la carga es el principal factor que
determina la eficiencia del sistema impactando directamente en la
producción y utilización de forraje por parte de los animales (McMeekan
y Walshe, 1963; Baudracco et al., 2010) y en la eficiencia de conversión
del alimento en leche (Romera y Doole, 2014). No obstante, en Uruguay
la producción individual ha jugado un papel importante en el proceso
de intensificación (Duran y Lamanna, 2009; Chilibroste et al., 2012).
El consumo de forraje y la producción de leche por vaca se resienten
124
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
125
humano de leche en Uruguay es de los más altos a nivel internacional
(aprox. 250 litros por habitante por año) y que más del 65% de la leche
que se produce se exporta.
En el cuadro 1 se presenta la evolución del rodeo lechero del año
1985 a la fecha agrupados en ciclos quinquenales. Durante el período
considerado, el rodeo lechero total creció un 24% mientras que las VO
aumentaron un 68 % (aproximadamente un 24%; Cuadro 1) determinando
una mejora sostenida en la relación VO/VM. Desde el año 2005 a la fecha
la producción individual aumentó de 4073 a 4930 litros por vaca masa año
(DIEA, 2013), confirmando una tendencia que se ha observado a lo largo
del todo el período. En contraste, la superficie destinada a la producción
de leche ha disminuido más de un 20% en los últimos 20 años, ubicándose
en la actualidad en torno a las 800 mil hectáreas dedicadas a la explotación
lechera en forma especializada (DIEA, 2013).
126
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
127
del proceso de alimentación, como para el análisis y proyección de los
sistemas lecheros. Los detalles metodológicos de cómo opera el proyecto y
los principales resultados obtenidos durante la primera etapa (2010-2013),
han sido recientemente publicados (Chilibroste y Battegazore, 2015).
El proyecto está basado en el cálculo del Margen de Alimentación
(MA) mensual de cada sistema de producción. Un análisis de la base de
datos del Proyecto Costos de CONAPROLE demostró para una serie
importante de años (2002 – 2009) una alta asociación entre resultado
económico en el área de VM y el MA por vaca masa (R2 = 0.81; n= 512). La
información del proyecto costos muestra que en los sistemas especializados,
el resultado económico en el área de VM representan más del 80% del
resultado económico total de la empresa lechera y eso determinó que el PPC
se focalizará en un indicador con capacidad de predecir bien el resultado
económico en el área de VM. En el PPC se estableció una metodología
común para calcular el Margen de Alimentación por vaca y por hectárea.
La hipótesis es que el resultado acumulado de esta variable a lo largo del
año se correlacionará positivamente con el resultado económico de los
predios premisa. Esta hipótesis ha sido positivamente verificada durante
el período 2011-2013.
El acceso a la información se da a través de la página web de
Conaprole (www.eleche.com.uy) dónde cada productor/técnico asesor
accede con un código y un PIN personal a las matrículas autorizadas. Si
bien los criterios para el ingreso de información en el portal se encuentran
detallados en el “Manual del Usuario” disponible en la página web de
Conaprole, se detallan a continuación algunos ítems relevantes:
PB Leche: tanto la remisión como el precio de la leche es aportado
por CONAPROLE. El usuario debe ingresar la información de leche no
remitida.
Costos: el usuario debe ingresar la cantidad de VO y VS y dentro
de estas últimas la cantidad que fueron suplementadas. Sobre esta base de
animales se calcula el costo de alimentación.
128
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
129
3. Asignación de áreas
130
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
131
de cada alimento se calcula el consumo de energía, fibra y proteína en base
al mix específico de cada tambo y a los valores de composición química de
los alimentos recogidos en proyectos anteriores (ej. Chilibroste et al., 2003).
El cálculo del consumo de forraje se realiza en base a un balance
energético. En la primera etapa del proyecto no se contó con el valor de PV
del rodeo para cada tambo, por lo que se utilizó un PV promedio de 550kg.
En base a la producción de sólidos (grasa, proteína y lactosa) de las vacas
en ordeñe y del peso vivo (VO y VS) se realizó la estimación de la demanda
de energía para mantenimiento y producción en cada mes (NRC, 2001). La
diferencia entre la energía requerida y la efectivamente consumida en base a
reservas y concentrados, se asumió que corresponde a la energía aportada
por el forraje. El cálculo de consumo de MS de forraje por vaca cada mes
se realizó en base a la demanda de energía no cubierta por los suplementos
y a la concentración de energía de las pasturas a lo largo del año.
En el cuadro 2 se presenta información para una población de 391
matrículas monitoreadas durante los años 2011, 2012 y 2013. La población
se dividió en 4 categorías según nivel de productividad manteniendo un
equilibrio en la distribución del número de tambos y el tamaño promedio.
132
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
Figura 2 – Consumo de forraje, reservas y concentrados por vaca en ordeño (VO) según
nivel de productividad.
133
El consumo de forraje producido en el sistema (pastura + reservas) osciló
entre 12 y 13kg de MS por vaca en ordeñe y por día y en todos los casos
representó entre el 70 y el 75% de la MS total consumida.
En la figura 3 se presenta la misma información pero expresada
por hectárea de vaca masa, integrando de esta manera los consumos
individuales por vaca con los niveles de carga animal en cada nivel de
productividad.
Figura 3 – Consumo de forraje, reservas y concentrados por hectárea de vaca masa (VM)
según nivel de productividad.
134
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
135
CONCLUSIONES
BIBLIOGRAFÍA
136
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
DIEA, 2013. Estadísticas del sector lácteo 2013. Serie Trabajos Especiales Nro
324. MGAP. 47 pp, 2013
137
DURÁN, H. Y LA MANNA, A. Implicancias productivas, económicas y
ambientales de la intensificación de la producción de leche pastoril en
Uruguay. En: Simposio Efectos de la Agricultura, la Lechería y la Ganadería
en el Recurso Natural Suelo: Impactos y Propuestas, Montevideo, Uruguay.
Resúmenes expandidos. La Estanzuela: INIA. (Serie Actividades de Difusión;
587). pp. 81-84, 2009.
138
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
1. INTRODUÇÃO
1
Professor do departamento de Agronomia da UTFPR, Câmpus Pato Branco. soares@utfpr.edu.br
2
Aluno do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da UTFPR, Câmpus Pato Branco.
3
Aluno do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da UTFPR, Câmpus Pato Branco.
4
Professora do departamento de Agronomia da UTFPR, Câmpus Pato Branco.
5
Aluna da graduação em Agronomia da UTFPR, Câmpus Pato Branco.
139
custo de produção; melhor eficiência de uso dos recursos abióticos como
fertilizantes e radiação solar. Ocorre também menor custo na implantação
de pastagens, menor custo e maior facilidade na reforma e recuperação
de pastagens perenes, diminuição de vazios, sejam eles forrageiros, que
diminuem a produção animal e/ou aumentam o custo desta produção, ou
mesmo vazios de cultivos nas áreas, que causam perdas de solo, de água,
de sedimentos que carregam matéria orgânica e minerais e eutrofizam
os cursos d’água. A maior diversidade de atividades, incluindo fases de
pastagem, além de propiciar melhorias nas condições físicas, químicas
e biológicas do solo, diminuir o tempo de permanência das moléculas
dos defensivos no solo, traz segurança ao produtor frente às intempéries
climáticos e econômicos, grandes inimigos dos sistemas de monocultivo.
O uso mais intenso da terra, diminuindo os intervalos entre os cultivos, e
aproveitando o sinergismo entre eles, também traz vantagem no aumento
da produção de grãos, quando feito sobre áreas pastejadas anteriormente.
No entanto para se obter todas essas vantagens sob o aspecto ambiental,
produtivo e econômico, uma séria de procedimentos de manejos devem
ser adotados na propriedade de maneira efetiva, fazendo parte tanto da
prática como da filosofia do sistema, práticas como o uso da rotação de
culturas que busca aumentar a biodiversidade, da manutenção de uma
cobertura viva no solo a maior parte do tempo (isso significa reduzir ao
máximo o intervalo entre os cultivos, inclusive a tentativa de iniciar um
cultivo antes do anterior terminar, de forma concomitante, deve ser feita),
correção da fertilidade do solo para que os cultivos possam expressar boa
parte de seu potencial genético melhorado, uso de estruturas físicas de
conservação do solo, como terraços e semeadura de todos os cultivos
através do sistema de plantio direto.
140
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
141
já estará sendo implantada ou já deveria ter sido implantada. Quando o
produtor deixa o seu solo três meses sem nenhum cultivo, isso significa
um desperdício de aproximadamente 18000000 MJ/ha de energia solar.
Se houvesse vegetal transformando pelo menos parte dessa energia
(aproximadamente 50% dela é fotossinteticamente ativa) em energia
química, através da fotossíntese, e então produzir produtos de origem
vegetal para serem comercializados (grãos, feno, etc.) ou transformados em
produto animal pelo pastejo (leite, carne, couro, etc.), muitos benefícios
seriam alcançados em relação ao meio ambiente e à renda do produtor.
Considerando então que na região sul do Brasil, quase 9 milhões de ha
que ficam subutilizados durante o período frio do ano, está se perdendo
uma oportunidade incrível de geração de riqueza.
Com a adoção dos sistemas ILP de forma plena, sua consolidação
ocorre por um período de aproximadamente 10 anos, ou seja, todas as
vantagens que podem ser alcançadas precisam de um tempo mínimo
fazendo parte de um correto manejo. Uma vez consolidado o sistema
ILP mostra todo seu potencial sinérgico (sinergia é quando 2+2>4). E
neste momento alguns conceitos começam a se tornar obsoletos, como
por exemplo “plantas de cobertura de solo”. Através do cultivo dessas
plantas, nitrogênio pode ser fixado biologicamente ao solo. Elas ainda
são estruturadoras de solo, absorvedoras de nutrientes em maiores
profundidades (catch crop), controladoras de algumas pragas como o caso
da Crotalaria specetabilis no controle do nematóide Pratylenchus brachyurus.
Porém, na medida do possível, deve-se dar preferência aos cultivos que,
além de promover todos esses benefícios, possam ser comercializados
trazendo renda ao produtor. Outro conceito que passa a ser questionado
com a adoção da ILP é o uso de cobertura morta sobre o solo. O que se
procura neste sistema é que permaneça, a maior parte do ano, vegetais,
vivos, fazendo fotossíntese, numa linguagem ecológica, sequestrando
carbono da atmosfera e depositando no solo, e desencadeando uma série
de ciclos positivos causado pelo aumento da matéria orgânica sobre o solo.
Obviamente que, propriedades rurais que deixam solos descoberto, que
142
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
não usam ou não têm recurso para fertilização química, a ciência do uso
das plantas de cobertura segue sendo de extrema valia.
Neste momento cabe a pergunta: a intensificação da produção
nos sistemas ILP pode aumentar a produtividade das áreas sem que o
meio ambiente sofra as consequências? Prontamente, a resposta é sim.
Intensificação neste caso é sinônimo de sequestro de C e mitigação do
efeito estufa, melhoria da qualidade física, química e biológica do solo. Se
compararmos a ILP com o sistema de plantio convencional e também com
o sistema de monocultivo, fica de fácil percepção que os sistemas integrados
são muito mais promissores e sustentáveis, visto a protocooperação que
ocorre entre os componentes do sistema.
Se considerarmos uma pirâmide evolutiva do uso e manejo do solo,
na base dessa pirâmide teríamos o preparo do solo do modo convencional,
o qual envolve o revolvimento do solo a cada implantação de um cultivo,
que apesar de muito criticada atualmente, teve sua importância histórica
nas décadas de 60 e 70, era do Agrobusiness ou da revolução verde.
Em seguida, evoluímos para o preparo mínimo do solo, já com vistas à
diminuição de perdas de solo e de nutrientes, assoreamento de rios, etc.,
que o revolvimento excessivo do solo causava. Posteriormente, o plantio
direto. Grandes avanços nesta pirâmide podem ser observados quando
evoluímos para o sistema de cultivo de plantio direto, cujas premissas
são o não revolvimento, adoção de práticas de manejo do solo como uso
de terraços e semeadura em nível, e também rotação de culturas e de
princípios ativos de defensivos agrícolas. Por fim, no ápice da pirâmide
colocamos os sistemas ILP que, além de seguir a risca todas as premissas
do sistema de plantio direto, envolve a produção animal, considerando
adubação e manejo adequado do componente pastagem.
Por outro lado, os sistemas ILP são tão atuais quanto antigos,
os primeiros relatos de sistemas ILP podem ser visualizados na bíblia,
cerca de 9000 a.C. (Carvalho et al., 2014) e, no Brasil, desde a sua
colonização até o período de pós guerra provavelmente tenham sido os
143
sistemas mais difundidos. A diferença é que atualmente temos um lastro
de conhecimento científico que permite que as decisões sejam tomadas
embasadas em indicativos técnicos e de forma consciente, buscando de
fato as inúmeras vantagens da ILP.
Diversos modelos de ILP são utilizados pelo mundo, dependendo
das condições edafoclimáticas, logísticas e de interesse de cada produtor.
A título de sistematização os sistemas podem ser classificados dependendo
da associação entre:
1. Pastagem e lavoura: sistema de produção que integra agricultura e
pecuária em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área. Neste
são englobados, por exemplo, sistemas que o mesmo cultivo pode
ser pastejado e depois diferido para produção de grãos, no caso
dos cereais de duplo propósito (trigo que é pastejado por 20 dias,
aproximadamente, e depois se retira o gado para colher os grãos) ou
ainda, quando usamos a mesma estação de crescimento para o cultivo
consorciado da espécie forrageira em mistura com a espécie agrícola
(papuã junto com a cultura do milho, para que após a colheita do
milho os animais sejam imediatamente colocados na área, isso reduz
o vazio forrageiro de outono e os animais consomem partes de espigas
que por ventura tenham sido perdidas na colheita). Ainda dentro desta
categoria temos os dois grandes exemplos, um usado no sul do Brasil
que envolve forrageiras anuais de inverno e culturas de grãos como soja,
milho e feijão na estação quente e, o modelo usado no Brasil central,
de clima tropical, em que forrageiras perenes (Brachiaria ruziziensis
e Panicum maximum) são semeadas de forma intercalar às culturas,
para que após a colheita dos grãos, a pastagem seja aproveitada para
produção de gado de corte e formação de palhada para o plantio direto.
Forrageiras anuais de verão como o milheto também são recomendados
para forrageamento de outono e formação de palhada, especialmente
para sistemas de maior frequência, em que a lavoura é semeada todo
ano.
2. Pastagem e árvore (sistema silvipastoril): as árvores, por serem diferentes em
termos de funções ecológicas, localização de absorção de nutrientes, uso
da radiação, etc, em relação às planas de culturas e forrageiras, tornam
144
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
145
dilui os custos e promove uma renda antecipada, pois a agricultura de
árvores apresenta um retorno econômico em maior prazo. Este sistema
na prática é usado anteriormente ao silvipasoril, caso contrário não
haveria tantas vantagens se plantar árvores em áreas essencialmente
produtoras de grãos.
4. Pastagem, lavoura e árvore (sistema agrosilvipastoril): representa o maior
grau de complexidade, pois engloba todos os componentes do sistema
(Solo-lavoura-árvore-animal). Este tem sido visto como excelente
alternativa para a intensificação da produção e está em grande
expansão, principalmente no cerrado brasileiro, associando eucalipto,
arroz e soja, posteriormente, as Brachiarias.
146
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
147
pastejadas (McNaugton, 1983) e esse crescimento compensatório deve
ser explorado, na prática, para melhorar nossos solos;
5. Melhoria das condições físicas e biológicas do solo: devido a maior produção
de biomassa, biodiversidade, as plantas têm maior capacidade de
descompactar o solo devido ao seu agressivo crescimento radicular,
promovendo a abertura de poros, maior diâmetro e estabilidade de
agregados, que por sua vez promove maior velocidade de infiltração de
água e trocas gasosas. Embora o senso comum seja de que a presença dos
animais em pastejo nas áreas produtoras de grãos prejudique a física de
solo (aumento de densidade, resistência à penetração, diminuição da
macroporosidade) a maioria dos trabalhos científicos tem apontado que
só há deterioração da física de solo quando a pastagem é mal manejada
e mesmo assim, nem sempre se identifica relação entre as mudanças
físicas do solo com diminuição da produtividade das lavouras. Em
ILP ocorre maior massa microbiana e maior diversidade de gêneros e
espécies, bem como maior atividade microbiológica e menor tempo de
permanência das moléculas de princípios ativos no solo;
6. Redução dos custos de produção, tanto na fase lavoura como na fase
pastagem: como ocorre redução de incidência de pragas, doenças e
invasoras, ocorre menor necessidade de uso de defensivos agrícolas.
Os nutrientes como são utilizados com melhor eficiência, é possível
diminuir os níveis de fertilização. A implantação de pastagens, perenes
ou anuais fica de menor custo quando feita em ILP, assim como menor
custo para reformar e recuperar pastagens através de alguns anos de
cultivo agrícola. Outro aspecto ligado à redução de custo de produção
poderia ser mencionado ao uso de leguminosas fixadoras de nitrogênio
atmosférico em ILP. Forrageiras leguminosas anuais de inverno
(ervilhaca, serradela, trevos anuais), anuais de verão como feijão miúdo
(Vigna spp.), perenes de inverno (trevos perenes, cornichões, alfafa)
ou perenes de verão (amendoin forrageiro – Arachis pintoi, Stylozanthes
spp.) conseguem fixar quantidades apreciáveis de N ao solo (de 50 até
148
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
149
colocadas as premissas da ILP, sem as quais, ou uso parcial, não se obtém
todas as vantagens supracitadas (daí a necessidade de fazer um pacote
tecnológico) e resulta em divergências quanto à viabilidade da ILP. As
premissas são:
1. Não visualizar os cultivos de forma isolada: Uma possível menor
produtividade em alguma fase (cultivo) pode trazer muitos benefícios
a médio e longo prazo, uma pequena diminuição de produção de uma
das fases pode ser compensada pela produção da outra, tornando o
sistema mais produtivo e econômico. A adubação, por exemplo, muitas
vezes é aplicada na outra fase, por razões técnicas e econômicas, neste
caso a margem de lucro daquele cultivo que recebeu maior adubação, é
diminuída, mas compensada no próximo. Um exemplo seria aplicar o
adubo da lavoura na fase pastagem e cultivar a lavoura sem adubo.
2. Semeadura direta em todos os cultivos: Na maioria das propriedades
no Paraná, a semeadura de forrageiras anuais de inverno, sejam elas
para cobertura ou pastejo, é feita com o uso de grade niveladora,
desestruturando o solo e perdendo a oportunidade de experimentar de
forma plena os benefícios do sistema de plantio direto. Frequentemente
é comentado pelos produtores que, só não executam a semeadura direta
das forrageiras de inverno por não possuírem semeadoura adequada,
mesmo tendo outras maquinarias de alto custo. Parece não haver
priorização para a compra de um kit acessório ou de uma semeadoura
própria para essa operação.
3. Rotação de culturas ou biodiversidade: Nas últimas safras, no Paraná,
o milho tem perdido espaço para a soja pelo alto custo de produção,
mesmo na segunda safra. Da mesma forma, o planalto do Rio Grande
do Sul, tem cultivado muito pouco a cultura do milho, não só pelo
maior custo de produção em relação à soja, mas também pelo maior
risco de estiagem. Com a redução da área cultivada de milho ocorre
um retrocesso na agricultura do sul do Brasil, pois o milho melhora a
diversidade e tem maior capacidade de incorporar C ao sistema. Alguns
pesquisadores colocam, de maneira simplificada, que nos latossolos do
150
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
151
são questões econômicas, de preço de produto e custo de produção.
Isso tem levado o sul do Brasil a fazer quase que o monocultivo da soja.
Outro fator impeditivo seria a falta de organização da cadeia produtiva
de outras opções de cultivos, como cultivos para geração de fibra e
energia, produção de sementes de forrageiras, etc.
4. Correção do solo: a fertilização e a calagem devem ser consideradas
para que o sistema seja sustentável economicamente e ambientalmente.
Somente a partir disso é possível se obter altas produtividades de
biomassa e estimular a ciclagem de nutrientes. Na ILP a ciclagem deve
ser maximizada, para aumentar a eficiência de uso dos nutrientes. Para
maximizar a ciclagem dois conjuntos de manejos devem ser adotados,
o primeiro abrange medidas para evitar perdas (época de aplicação dos
fertilizantes, local de defecação dos animais, condições meteorológicas
e de dossel no momento da aplicação dos fertilizantes, etc) e outro
conjunto é para que o átomo de nutriente consiga dar mais “voltas”
no sistema solo-planta-animal e assim ele será usado pelas plantas e
animais mais vezes diminuindo a necessidade de maiores adubações e
aumentando a eficiência técnica e econômica no uso dos fertilizantes.
Alta velocidade de ciclagem seria obtida através de manejos como,
promover todas as condições de alta produção vegetal nas forrageiras
(manutenção de um correto índice de área foliar, misturas de espécies
ou cultivares de diferentes ciclos, correta adubação, etc), usar forrageiras
de melhor valor nutricional e correto ajuste da carga animal sobre a
pastagem. No entanto, ciclagem, em última instância, seria a volta de
um nutriente ao ponto de partida, se a fertilidade do solo estiver muito
limitante ao desempenho dos cultivos, não é pela ciclagem que vai se
resolver isso, neste caso é necessária a entrada externa de nutrientes
(aquisição de fertilizantes químicos, orgânicos, fixação biológica de
nitrogênio em gramíneas e leguminosas).
5. Manejo adequado de pastagens: é primordial que se tenha o correto
manejo da carga animal das pastagens para que não haja prejuízo às
152
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
153
de C no solo, conforme demonstrado por várias pesquisas feitas no
Brasil e no exterior. Pois, o maior teor de C aumenta a capacidade do
solo quanto à deformação elástica em detrimento da plástica, ou seja,
o solo é comprimido e depois volta a situação original, sem alterar sua
densidade.
6. Manejo conservacionista da física de solo: A conservação do solo, e
principalmente da água, deve ser priorizado dentro dos sistemas ILP.
Dependendo da declividade do terreno, deve-se considerar, inclusive,
a implantação de terraços, prática mecânica que aliadas às praticas
culturais (Manejo de pastagem, plantio em nível, cultivo em faixas, etc.)
pode resultar na boa conservação do solo sem perdas por erosão.
7. Uso de genética animal e vegetal melhorados: Apesar de usar alguns
conceitos em comum, os sistemas ILP, aos quais nos referimos, diferem-
se dos sistemas de produção propagados através da agroecologia e
permacultura (Altieri, 1984; Gliesman, 2000), em que uma série de
outros princípios ecológicos são atendidos. A ILP dificilmente poderá
ser conduzida sem o uso de fontes solúveis de fertilizantes (embora a
construção de fertilidade do solo e aumento na ciclagem de nutrientes
para diminuir o uso de adubos seja uma realidade), ou materiais vegetal
e animal geneticamente superiores para produção, defensivos agrícolas,
como herbicidas, inseticidas, fungicidas e outros. Fica evidente então
que os sistemas ILP utilizam-se de toda tecnologia gerada pela agricultura
de escala (agronegócio), como por exemplo, o uso de genética vegetal e
animal melhorados.
154
Tabela 1: Exemplos de Planos de uso da terra em relação à frequência e biodiversidade empregadas. Esse plano
é feito para cada gleba da propriedade.
Pri/Ver= Primavera/Verão; Inv= Inverno; FRE= Frequência; BIO= Biodiversidade; A= alta; B= baixa; M= média.
155
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
2.2 Considerando as fases lavoura e pastagem: Quanto é possível
produzir por unidade de área?
156
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
estará com uma mais baixa relação C/N, não restringindo o aporte inicial
de nitrogênio necessário à cultura subsequente.
157
Tabela 3: Produtividade do milho semeado sobre dossel de azevém ou
azevém + ervilhaca, pastejado ou não pastejado, adubado (150
kg N/ha) ou não em cobertura.
Médias seguidas por letras diferentes são estatisticamente diferentes pelo teste Tukey
(P<0.05).
158
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
Médias seguidas por diferentes letras maiúsculas na mesma linha e diferentes letras
minúsculas na coluna são estatisticamente diferentes pelo teste Tukey (P<0.05).
159
que se obtém nessas alturas, já são quantidades de palhada satisfatórias para
manter o sistema de plantio direto. Se o produtor fizer um sobrepastejo,
além das inúmeras consequências negativas sobre os parâmetros de física
e biologia do solo e produção animal suprimida, especialmente em termos
de desempenho individual, terá uma diminuição da produção animal pela
redução do tempo de utilização, porque necessitará retirar os animais para
que a pastagem atinja um valor mínimo de massa de forragem residual, antes
do momento de ser dessecada, para manter o sistema de plantio direto.
Ou o produtor poderia optar por dessecar a pastagem com uma massa de
forragem residual baixa, porém, desta maneira estaria comprometendo o
sistema, devido ao aumento de plantas invasoras, falta de proteção de solo
contra chuva e perdas de solo e de água.
Ainda no trabalho de Carvalho et al. (2011), na média dos 10 anos
de experimento foi verificado que os maiores ganhos médio diário dos
animais, acima de 1kg/animal/dia foram obtidos na altura de dossel de
20cm ou mais de altura e a produção animal por hectare foi inversamente
relacionada com as alturas de manejo, variando de 498 a 167kg PV/ha no
10 e 40cm, respectivamente. No entanto os autores chamam atenção que
apesar das maiores produções nas menores alturas, devido a essas espécies
forrageiras, especialmente azevém, serem altamente tolerantes ao pastejo,
a qualidade da terminação das carcaças não são adequadas para atender as
exigências de mercado. Imaginemos a situação em que o produtor precisa
dessecar a área, pois a época recomendada de plantio da soja já está quase se
encerrando e os seus animais em terminação ainda estão longe do peso de
abate, isso traz a necessidade de um novo ciclo de terminação dos animais,
seja em confinamento ou em pastagens de verão, mas invariavelmente vai
aumentar o custo e diminuir o giro de capital.
Em relação à física de solo foi verificada maior resistência a
penetração no tratamento de menor altura pela maior carga animal e pelo
fato dos animais aumentarem 13,4 minutos de tempo de pastejo por dia,
caminharem 183 passos a mais por dia e um incremento de área impactada
pelos cascos em 0,47m²/ha para cada centímetro de diminuição de altura
160
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
161
Figura 1 – Produtividade média (com e sem pastejo) de grãos de milho (kg/ha) para as
doses de nitrogênio aplicadas na cultura (N-TV) nas doses aplicadas na pastagem (N-TI)
(A) e para as doses aplicadas na pastagem em relação às doses aplicadas na cultura (B) na
presença e ausência de pastejo (C e D).
162
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
Médias seguidas por letras diferentes são estatisticamente diferentes pelo teste Tukey
(P<0,05).
163
com soja, não há adubação nitrogenada no verão. Diversas variáveis estão
sendo avaliadas, relacionadas à química, física e mesofauna de solo, a
planta forrageira, a planta produtora de grãos e aos animais. Desde o início
do experimento, em 2012, foi verificada uma significativa interação entre
os dois fatores de manejo da pastagem para as variáveis de produtividade
de grãos, em que as maiores produtividades vêm sendo obtidas quando
a fertilização nitrogenada ocorre na pastagem e menor produtividade
quando a adubação nitrogenada é feita na lavoura, especialmente quando
essa é semeada nas áreas de menor intensidade de pastejo (Figura 3).
164
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
165
Tabela 6: Quantidade de nitrogênio absorvido pela pastagem de aveia
preta BRS 139 + azevém tetraploide Barjumbo e porcentagem
de recuperação de nitrogênio em função das alturas de dossel e
das estratégias de adubação nitrogenada.
AAP= alta altura do pasto; BAP= baixa altura do pasto; NP= nitrogênio aplicado na
pastagem; NG= nitrogênio aplicado na cultura de grãos.
Médias seguidas por letras diferentes são estatisticamente diferentes pelo teste Tukey
(P<0,05).
AAP= alta altura do pasto; BAP= baixa altura do pasto; NP= nitrogênio aplicado na
pastagem; NG= nitrogênio aplicado na cultura de grãos.
Médias seguidas por letras diferentes são estatisticamente diferentes pelo teste Tukey
(P<0,05).
166
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
AAP= alta altura do pasto; BAP= baixa altura do pasto; NP= nitrogênio aplicado na
pastagem; NG= nitrogênio aplicado na cultura de grãos.
Médias seguidas por letras diferentes são estatisticamente diferentes entre si pelo teste
Tukey (P<0,05).
167
sistemas de produção, os quais costumam dizer que esses sistemas não
foram feitos para a região onde estão inseridos, ou então dizem que esses
sistemas só dão certo nos projetos de pesquisa.
Na região sudoeste do Paraná, os produtores rurais estão inseridos
dentro de diferentes estratégias de uso da terra. Há produtores especializados
em produção de grãos, seja em sucessão ou rotação de cultivos e há os
produtores que fazem uso do sistema ILP. A tabela 9 ilustra algumas
simulações com dados reais, das estratégias de uso da terra empregadas na
região mencionada, bem como discute aspectos econômicos e sustentáveis
de tais estratégias.
Analisando a tabela 9 é possível perceber que a estratégia de uso
da terra que contempla sucessão de cultivos sem ILP, que abrange uma
boa parte das propriedades da região sudoeste do Paraná, figura entre
as menos rentáveis de todas as estratégias possíveis. Considerando uma
estratégia que contemple as premissas de um sistema ILP com grandes
chances de sucesso, ou seja, rotação de cultivos com produção animal,
a renda líquida do produtor está entre as maiores possíveis, além de
que nesse mesmo sistema, o acúmulo de carbono sobre o solo é um dos
maiores e a exportação de nutrientes uma das menores. Corroborando
ao mencionado acima, Silva et al. (2012), avaliaram a rentabilidade do
sistema ILP frente a outros sistemas e pela análise econômica concluíram
que o uso de ILP com recria de novilhas leiteiras em pastagens anuais
de inverno, em substituição ao sistema convencional com o cultivo de
cereais de inverno e plantas de cobertura de solo para o plantio direto é a
alternativa mais rentável para aos produtores.
Entretanto, uma questão pode vir à mente do produtor: Mas
qual fase do sistema eu devo priorizar para alcançar elevada renda líquida
de modo intensivo e sustentável? Fase pastagem, buscando maximizar a
produção animal, ou fase lavoura, procurando maximizar a produção de
grãos? A resposta é de fácil compreensão: Quando o produtor realiza o
manejo da pastagem corretamente, semeando com densidade de sementes
168
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
169
170
Tabela 9: Estratégias de uso da terra empregadas nas áreas agrícolas da região sudoeste do Paraná relacionadas
com respectiva Renda Líquida (R$/ha), Acúmulo de Carbono (kg/ha) e Exportação Total (kg/ha) de
Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K).
Suc. c/ cob. out= sucessão de cultivos com cobertura de outono; Rot. c/ cob. out.= rotação de cultivos com cobertura de outono; Rot. s/ cob. out.= rotação
de cultivos sem cobertura de outono; Suc. c/ cob. out/inv.= sucessão de cultivos com cobertura de outono/inverno; Rot. c/ cob. out/inv.= rotação de
cultivos com cobertura de outono/inverno; Suc. c/ past.= sucessão de cultivos com pastejo; Rot. c/ cob. out. e past.= rotação de cultivos com cobertura de
outono e pastejo; Rot. s/ cob. out. e past.= rotação de cultivos sem cobertura de outono e pastejo; cob= cobertura; past= pastejo
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
Para fazer com que o sistema ILP seja difundido é preciso que
este, quando implantado demonstre vantagens em detrimento de outros
sistemas, vantagens estas que não são somente financeiras, mas também
de conservação do sistema com o passar dos anos. Desta forma alguns
desafios podem ser pontuados, dentre eles podemos citar:
1. Disponibilidade de mão de obra: Quando dizemos que uma propriedade
vai se diversificar, vai aumentar a produtividade por área, é preciso a
compreensão de que isto vai resultar em maior demanda por mão de
obra. Nos dias de hoje este fato é visto como uma barreira por alguns
produtores, pois a contratação de mão de obra externa pode trazer um
custo muito alto para a atividade e a mão de obra familiar nem sempre
é suficiente para suprir este tipo de necessidade.
2. Disponibilidade de instalações específicas: As propriedades que não tem
em sua cadeia produtiva a produção animal, possuem instalações que
precisam ser ampliadas e/ou melhoradas para abrigar a nova atividade.
A produção de carne por exemplo, exige que a propriedade tenha
disponibilidade de mangueira para manejo dos animais, tronco com
balança, cercas etc. Assim como a atividade leiteira exige a presença de
instalações para ordenha e alimentação dos animais, enfim, diversas
são as adaptações ou ampliações que as estruturas presentes na
propriedade devem sofrer para que se torne possível abrigar animais.
Isto requer investimentos, muitas vezes vindos de outra atividade ou de
algum tipo de financiamento em um primeiro momento.
3. Viabilidade de investimento em áreas não mecanizadas: Grande parte das
propriedades agrícolas contém áreas com relevo mais acidentado e as
vezes pedregoso. Neste tipo de área é incomum existir investimentos
com adubação, implantação de espécies mais produtivas, em se
tratando de pastagens, mas se a produção animal estiver presente nesta
propriedade, investimentos nestas áreas menos produtivas se mostram
de extrema importância.
171
4. Entender a pesquisa como uma possibilidade viável: Este documento trouxe
anteriormente diversas possibilidades baseadas em dados de pesquisa.
Percebe-se na prática uma grande dificuldade de fazer com que a
pesquisa chegue ate o produtor rural, o que seria muito bom no sentido
de que a pesquisa só tem fundamento se ela puder ajudar de qualquer
forma nossos produtores a produzir mais e melhor. Porém de forma
geral os produtores tem uma espécie de “defesa” com o que diz respeito
a aplicar a pesquisa no campo. É necessário fazer os resultados de
pesquisa serem aplicados na prática, a exemplo disso temos a adubação
de sistema, uma visão diferenciada de adubação onde o solo é visto
como o beneficiário e não a cultura a ser implantada, considerando que
a adubação efetuada na pastagem possa ser aproveitada futuramente
pelas próximas culturas. Isto ainda tem sido visto como algo ainda não
praticável pelos produtores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
172
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
173
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
174
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
175
176
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
1. INTRODUÇÃO
1
Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (ccjobim@uem.br)
2
Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Londrina (jrbumbieris@uel.br)
177
condições climáticas adversas, principalmente com períodos prolongados
de seca, em várias regiões brasileiras. Esses pontos exigem maiores cuidados
no planejamento forrageiro e, em conseqüência, maiores investimentos na
produção de forragens conservadas.
Especialmente na bovinocultura leiteira, os animais não podem
prescindir da qualidade da forragem, durante todo o período de lactação
da vaca, sob pena de baixas produções e mesmo problemas reprodutivos.
Assim sendo, em sistemas de produção de leite a pasto, o uso de silagem
deve ser ponto relevante, uma vez que as pastagens apresentam distribuição
quantitativa e de qualidade bastante variável no ano.
No Brasil a produção de bovinos de corte, estimado pelo IBGE
(2014) em 208 milhões de cabeças, é basicamente em sistemas a pasto.
Poucos animais são terminados em sistemas de confinamento ou semi-
confinamento. Segundo a ABIEC (2015), as estimativas são do abate de
26.963.071 cabeças em 2014, sendo que somente 4,66 milhões foram
terminados em confinamento. É fato plenamente sabido que o desfrute do
rebanho bovino brasileiro é pequeno (entre 16 e 18% segundo Mezzadri,
2014), em razão de fatores como a qualidade e a capacidade de suporte
das pastagens. A taxa de desfrute mede a capacidade do rebanho em gerar
excedente, ou seja, representa a produção (em arrobas ou cabeças) em um
determinado espaço de tempo em relação ao rebanho inicial. Quanto
maior a taxa de desfrute, maior a produção interna do rebanho. Assim,
como a disponibilidade e a qualidade dos pastos tropicais apresentam
variação acentuada no decorrer do ano, é possível que este seja um dos
principais fatores responsáveis pelo baixo desfrute dos rebanhos brasileiros.
A qualidade e a quantidade da massa de forragem ofertada em vários dias
do ano, no qual os animais não têm seus requerimentos atendidos, tem
como conseqüência a baixa performance zootécnica do rebanho. Várias
são as opções para solucionar ou pelo menos amenizar esse problema.
Um planejamento forrageiro adequado deve contemplar uma ou mais
das possibilidades, de acordo com a logística da propriedade. Isso implica
desde a implantação de pastagens de inverno, quando possível, forragens
178
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
179
o manejo da pastagem para possibilitar a colheita e armazenagem da
forragem (feno ou silagem), sem que haja prejuízo para a produção de pasto
subseqüente. Ou seja, os cortes devem ser estratégicos em relação à época de
colheita, permitindo a recuperação do pasto para posterior uso em pastejo.
Na segunda opção (II), a produção da forragem conservada deve
seguir todos os princípios para se obter uma silagem ou feno de qualidade.
Além disso, devem ser observadas as informações previamente levantadas
no planejamento forrageiro, tais como: quantidade necessária de forragem
para suplementar os animais; qualidade da forragem em relação aos
requerimentos dos animais que consumirão este alimento; escolha da
espécie forrageira, dentre outros pontos.
180
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
181
de fenos durante o armazenamento são devidas ao alto conteúdo de água,
que está relacionado com crescimento de microrganismos. A redução
no valor nutritivo, primeiramente é devido à atividade microbiológica e
posteriormente pelo aquecimento, incluindo oxidação de carboidratos
não estruturais (Calixto Junior et al., 2007), ou mesmo complexação de
componentes carboidratos com moléculas protéicas. Nas tabelas abaixo
são apresentados alguns dados sobre a qualidade de feno de gramíneas.
Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem pelo teste Tukey 5%. Fonte:
Jobim et al.(2012).
182
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
183
conservação da silagem, evitando o surgimento de compostos que levem a
redução de consumo e, por conseqüência, baixo desempenho animal.
184
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
185
Tabela 4: Composição químico-bromatológica e características fermentati
vas de silagens de cereais de inverno
186
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
187
Para produção das silagens foram cultivados o milho híbrido
AG5011 (plantio em outubro de 2011) e o trigo cv. BRS Umbú (plantio
em abril de 2011). Foram avaliados os parâmetros determinação dos
custos das culturas de milho e de trigo, que corresponderam à produção
de matéria verde (MV) ensilável (kg ha-1), de matéria seca (MS) ensilável
(kg ha-1), de grãos (kg ha-1) e nutrientes digestíveis totais (NDT) ensilável
(kg ha-1). Sendo que na análise de custos foram considerados os custos de
estabelecimento e manejo da cultura e colheita para ensilagem.
No custo total de produção dos materiais originais (R$ ha-1), foram
considerados os insumos: sementes, fertilizante químico, herbicida para
dessecação, herbicida seletivo a cultura pós-emergente, óleo mineral,
inseticida e uréia. E na mecanização a pulverização, o corte, transporte da
forragem e compactação na ensilagem. A silagem de trigo proporcionou
uma menor produção de MV (22.771 contra 50.565kg ha-1 de MV), de
MS (9.564 contra 20.226kg ha-1), de grãos (3.329 contra 8.900kg ha-1) e
de NDT (5.834 contra 14.562kg ha-1 de NDT) em relação à silagem de
milho. Em conseqüência disso, a silagem de trigo apresentou maior custo
de produção da MV (74.00 contra 54.00 R$ t-1 de MV), de MS (176.19
contra 135.00 R$ t-1 de MS) e de NDT (288.83 contra 187.50 R$ t-1 de
NDT), comparativamente à silagem de milho. Embora de maior custo de
produção, a silagem de trigo permite maior capacidade de produção de
forragem na propriedade, com uso de áreas para cultivo no inverno. A
ensilagem do trigo é uma alternativa para proporcionar maior flexibilidade
na produção de volumoso em regiões, onde não há produção de silagem
do milho safrinha, ou haja oscilações climáticas e de mercado na cultura
do milho para silagem.
É fato sabido que na maioria das situações os custos com volumosos
são menores em relação aos custos de concentrados, mesmo que o
volumoso seja proveniente de silagens. No entanto, o custo de produção
de volumosos na forma de silagem pode ser bastante variável, dependendo
do sistema de produção e nível de tecnologia aplicado. Reis et al. (2011)
destacam que com o avanço das pesquisas na produção de silagem de
188
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
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4.1 Possibilidades para uso de forragens conservadas em sistemas de
Integração Lavoura Pecuária
190
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
191
em equipamentos e nas culturas destinadas a fenação, com produção de
forragem de qualidade muito boa.
Para potencializar a eficiência produtiva e alçar níveis de produção
economicamente viáveis dentro de uma economia de escala, a utilização
de forragens conservadas adquire caráter de importância como estratégia
de suplementação, seja por disponibilizar a forragem necessária para a
demanda, como pelo seu custo mais elevado, o que exige uma adequada
condução do processo, com o intuito de não inviabilizar a estratégia.
O aperfeiçoamento dos sistemas de produção de leite e carne com
uso de silagens alternativas também pode minimizar os custos de produção
de volumosos, viabilizando de forma satisfatória a atividade pecuária.
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194
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
1. INTRODUÇÃO
1
Professor Dr. Universidade Tecnológica Federal do Paraná
195
como a consorciação com outras espécies, especialmente leguminosas,
poderia minimizar a utilização de adubos nitrogenados e contribuir para
equilibrar a dieta dos animais.
A associação de gramíneas com leguminosas tropicais vem
sendo um desafio para produtores e pesquisadores, pois mesmo tendo
uma boa condição de estabelecimento, as diferenças entre as espécies
podem determinar a dominância da gramínea. Pesquisas abordando as
consorciações vêm sendo desenvolvidas, principalmente nas últimas
duas décadas, mostrando a necessidade de se viabilizar sistemas mais
sustentáveis de produção de forragem, ultrapassando o caráter regional
das pesquisas, porém, ainda são escassas. Particularmente, para a região
Sul do Brasil, questiona-se o estabelecimento e o desenvolvimento das
leguminosas tropicais singulares e em consórcio, em função das baixas
temperaturas na estação fria e do potencial produtivo das gramíneas no
período estival, tendo relação direta com a perenidade de leguminosas e
contribuição na dieta dos animais.
196
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
gramínea utilizada?
– A inclusão de percentuais crescentes de área ocupada, consequentemente
de mudas ou densidade de semeadura da leguminosa altera a produção
de massa de forragem total das pastagens?
– A formação da pastagem é prejudicada pelo maior aparecimento de
espécies de crescimento espontâneo, quando oportunizados maiores
percentuais de leguminosa na implantação dos pastos?
– A participação da leguminosa altera o valor nutritivo do pasto?
– O valor nutritivo dos componentes estruturais das gramíneas é alterado
pelo maior participação de leguminosas no massa de forragem da
pastagem?
Podem-se utilizar métodos de estabelecimento de leguminosas
de estação quente e fria, no momento da implantação da pastagem
(semeadura/plantio de mudas), ou fazê-la em pastagens de gramíneas
previamente estabelecidas.
Neste sentido, uma das estratégias mais usadas na região Sul
do País é a sobressemeadura, que consiste na utilização de uma técnica
simples de semeadura de gramíneas e leguminosas de clima temperado
(estação fria), sobre espécies tropicais perenes no período hibernal.
No inverno os capins tropicais possuem baixa produção, devido
às baixas temperaturas, geadas cumulativas e pouca luminosidade.
Em consequência, a produtividade animal também cai. Assim, a
sobressemeadura contribui para reduzir o uso de concentrados nessa época
do ano. Uma vez que as espécies sobressemeadas, em especial leguminosas
(trevo branco, trevo vermelho, trevo vesiculoso e ervilhaca) são forragens
de alta qualidade.
Ao considerar a substituição do uso do concentrado e de forragens
conservadas, essa prática reduz os custos de produção. Porém o preço da
semente das leguminosas aumenta o custo de produção do pasto. A técnica
diminui as áreas de plantio dos alimentos volumosos, pois utiliza o mesmo
197
espaço do capim tropical. Essa é também uma vantagem ambiental, já que
o produtor não precisa avançar sobre áreas preservadas com matas, nem
usar herbicidas.
No Sul do Brasil, a recomendação para realizar a sobressemeadura
está nos meses de maio e junho, época em que os capins tropicais
praticamente cessam seu crescimento. A semeadura pode ser feita a lanço,
com posterior roçada das espécies tropicais. Pode ser realizada uma roçada
prévia ou um superpastejo antecedendo a semeadura a lanço com posterior
gradagem de nivelamento (cultivo mínimo), soltura de animais visando a
incorporação da semente ao solo, ou ainda pode-se usar semeadoras de
plantio direto, distribuindo a semente em linhas.
Por se tratar de sementes pequenas, duras e com necessidade de
quebra de dormência (principalmente trevos), pode-se fornecer a semente
junto com o concentrado dos animais, com isso, as sementes germinarão
após a defecação, para tal é importante a permanência dos animais na área
a ser sobressemeada.
Outra estratégia que visa viabilizar as leguminosas no sistema
pastoril é a semeadura/plantio em faixas, esta consiste em inserir faixas
de leguminosas junto às ares estabelecidas com gramíneas tropicais. Faz-se
a semeadura após preparo convencional da faixa ou preparo mínimo do
solo. Para espécies com ressemeadura natural (trevo branco), o objetivo é
que o animal consuma as sementes das leguminosas e distribua em toda a
área através das fezes, e, em contrapartida o sistema agressivo de cobertura
do solo das gramíneas, normalmente estoloníferas, possa invadir a faixa de
cultivo implantada com a leguminosa.
Essa estratégia também pode ser usada para o estabelecimento das
leguminosas de estação quente, em especial quando se tratam de espécies
estoloníferas ou rizomatosas. Essas faixas de leguminosas sobre a pastagem
de gramínea tendem a misturar-se com o passar do tempo.
Quando a pastagem base (gramínea) é formadora de touceiras como
198
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
199
médio foi abaixo dos 15% de amendoim forrageiro na massa de forragem
total, mesmo no maior nível de área implantada com a leguminosa.
200
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
201
de avaliação.
Segundo Mertens (1994), o conhecimento do valor nutritivo
de pastos de gramíneas consorciadas com leguminosas e adubadas
com N é fundamental para a caracterização do pasto disponibilizado,
podendo, assim, estabelecer sua relação com o consumo e o desempenho
animal. Lenzi et al. (2009) estudando o consórcio entre Coastcross-1 e
amendoim forrageiro sob níveis de adubação nitrogenada em Paranavaí
– PR, verificaram teores de FDN de 45% para a leguminosa, abaixo dos
encontrados por Carulla et al. (1991) na Colômbia, que verificaram nas
folhas de Arachis pintoi valores de 50% de FDN. No entanto, existem poucos
trabalhos que demonstram os benefícios que ocorrem em um sistema de
consórcio entre gramíneas e leguminosas com utilização limitada de N.
202
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
Letras distintas maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas diferem entre si pelo teste
de Tukey a 5% de significância (P<0,05). Ns= não significativo.
203
Figura 1 – Equações de regressão para massa de forragem disponível da interação entre
percentual de área implantada com amendoim forrageiro e estações de corte em pastagens
do gênero Cynodon ao longo de dois anos agrícolas. Dois Vizinhos – PR, 2013.
204
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
Dados não analisados estatisticamente. AAF= área implantada com amendoim forrageiro.
205
o consórcio entre Coastcross-1 e amendoim forrageiro, verificaram baixa
participação da leguminosa, variando de 2,0 a 8,0% na massa de forragem,
com maiores valores na pastagem consorciada sem adubação nitrogenada
e em especial nos estratos inferiores e intermediários. Em mesmo local,
Ribeiro et al. (2012), conduzindo trabalho similar, observaram de 6,0 a
9,0% de participação do amendoim forrageiro na massa de forragem total.
Em trabalho desenvolvido na Depressão Central do Rio Grande do Sul,
no período de outubro a abril, Azevedo Júnior et al. (2013) verificaram
em média 25,5% de amendoim forrageiro na entrelinha de pastagens
consorciadas com capim elefante estabelecido em linhas afastadas a cada 4
metros. Maiores produções no final do verão (1.111kg ha-1 de MS) e início
de outono (1.282kg ha-1 de MS), foram verificadas por Steinwandter et
al. (2009), em Santa Maria – RS, podendo estender-se, dependendo da
ocorrência das primeiras geadas.
Em consórcio de amendoim forrageiro com capim Massai, Andrade
et al. (2006), também verificaram que a participação da leguminosa
aumentou ao longo do estudo, encontrando para o último trimestre de
avaliação participação de 23,5% da MS das pastagens mantidas com dossel
mais baixo e mais aberto.
A maior presença da leguminosa pode propiciar melhor
desempenho zootécnico, desde que, se confirme essa maior participação
também na dieta dos animais, podendo ainda contribuir com a produção
de massa das gramíneas por meio da fixação biológica de N, tanto em
associações com as bactérias do gênero Rhizobium como pela decomposição
do material morto e senescente.
As pastagens são a principal fonte de nutrientes para os rebanhos,
sendo a forma mais prática e econômica de alimentação (Souza et al.,
2005). No entanto, a condição básica para produzir leite sustentado com
base no pasto passa pela otimização do sistema de produção, operando
com um custo mais baixo.
206
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
207
anos agrícolas, com médias acima de 25,0% para PB (Tabela 3). Em Capão
do Leão - RS, Nascimento et al. (2010), estudando doses de P e K ao longo
de intervalos de cortes distintos, verificaram resultado similar ao presente
estudo, observando 24,4% de PB no amendoim forrageiro cv. Alqueire
com intervalo de corte de 21 dias.
Letras distintas minúsculas nas linhas diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
significância (P<0,05). Ns = não significativo (P<0,05)
208
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
Coastcross-1 Tifton 85
76,5
75,0
75,0
73,5
73,5
72,0
70,5
70,5
69,0
69,0
67,5
67,5
66,0 Verão/2012 y = 73,06 - 0,0375x r²adj=0,77
Verão/2012 y = 71,27 - 0,0515x r²adj=0,86
66,0 Outono/2012 y = 74,48 - 0,0747x r²adj=0,93
Outono/2012 y = 71,82 - 0,0638x r²adj=0,93
64,5 Primavera/2012 y = 73,60 - 0,0692x r²adj=0,93
Primavera/2012 y = 72,71 - 0,0748x r²adj=0,98
64,5 Verão/2013 y = 76,20 - 0,0814x r²adj=0,96
Verão/2013 y = 74,44 - 0,0680x r²adj=0,64
63,0 Outono/2013 y = 73,57 - 0,1055x r²adj=0,62
Outono/2013 y = 74,77 - 0,1277x r²adj=0,73
63,0
0,0 0,0
0 25 50 75 0 25 50 75
Área implantada com amendoim forrageiro (%) Área implantada com amendoim forrageiro (%)
209
CONSIDERAÇÕES FINAIS
210
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
211
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forragem de pastagem de coastcross consorciada com amendoim forrageiro.
Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.62, n.3, p.645-
653, 2010.
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solo y associado con Arachis pintoi o Desmodium ovalifolium. Pasturas tropicales,
v. 18, n. 1, p. 2-12. 1996.
212
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Brasileira de Saúde e Produção Animal. v.10, n.3, p.513-524, 2009.
214
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Efeitos da Irrigação e Adubação Nitrogenada sobre a Massa de Forragem de
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215
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acúmulo de forragem em pastagem de Cynodon dactylon cv. Coastcross em
diferentes estações de crescimento. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.6,
p.1891-1896, 2005.
216
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
1. INTRODUÇÃO
1
Prof. Assistente Doutor do Dep. Zootecnia, UNESP, Jaboticabal, SP.
2
Doutorando do Curso de Pós-graduação em Zootecnia, UNESP, Jaboticabal, SP.
3
Doutorando do Curso de Pós-graduação em Zootecnia, UNESP, Jaboticabal, SP.
4
Pós-doutorando do Dep. Zootecnia. Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV/ UNESP), Jaboticabal, SP.
5
Pós-doutorando do Dep. Zootecnia. Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV/ UNESP), Jaboticabal, SP.
6
Doutorando do Curso de Pós-graduação em Zootecnia, UNESP, Jaboticabal, SP.
7
Pós-doutorando do Dep. Zootecnia. Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV/ UNESP), Jaboticabal, SP.
8
Prof. Assistente Doutor do Dep. Zootecnia, UNESP, Jaboticabal, SP.
217
Na pecuária, o CH4 é produzido principalmente pela fermentação
entérica. Durante a digestão dos bovinos, parte da energia ingerida é
perdida na forma de CH4. O percentual perdido varia de acordo com
a dieta do animal e quantidade de fibra ingerida (Johnson & Johnson,
1995). Quando os animais são mantidos em pastagens, o IPCC (2006)
preconiza que 6% da energia total ingerida deverá ser convertida em CH4
pelas bactérias metanogênicas do rúmen e, 4% quando em confinamento
ingerindo alta quantidade de grãos. A pecuária ainda contribui para a
emissão de CH4 através das fezes excretadas pelos bovinos. Junto com as
fezes frescas são excretadas bactérias metanogênicas possibilitando uma
produção de CH4 pelas excretas. A emissão anual de CH4 pelas fezes
segundo o IPCC (2006) é de 1kg por animal adulto.
O N2O é um gás produzido durante os processos de nitrificação e
desnitrificação, os quais são regulados pela quantidade de N disponível,
umidade, temperatura, pH, potencial redox do solo e C-lábil (De Morais
et al., 2013). Grandes quantidades de N são retornadas para o solo através
da excreção dos animais e também pela fertilização nitrogenada das
pastagens. Parte deste N é diretamente emitido na forma de N2O, outra
parte é volatilizada ou lixiviada contribuindo indiretamente para emissão
de N2O. O Brasil é carente de estudos que quantificaram a emissão por
fonte e por região de N2O pela pecuária bovina.
O CO2 é emitido principalmente pela mudança no uso da terra
como conversão de floresta em pastagens, pastagem em agricultura,
agricultura em floresta, etc. A respiração do solo tanto autotrófica como
heterotrófica envolve processos químicos, físicos e biológicos. Fatores
bióticos e abióticos, como o suplemento de substrato, temperatura,
umidade, O, N, textura e pH afetam a produção de CO2 (Luo & Zhou,
2006). O ciclo do carbono depende do balanço de CO2 emitido e
assimilado através da fotossíntese (Conant, 2010). O CO2 assimilado pode
vir a ser estocar carbono na vegetação, raízes e no solo.
O presente trabalho tem como objetivo abordar temas relacionados
218
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
219
2004). Estudos realizados por Johnson &Johnson (1995) e McAllister et
al. (1996) revelaram que a emissão de CH4 proveniente da fermentação
ruminal depende principalmente do tipo de animal, nível de consumo
de alimentos, tipo de carboidratos presentes na dieta, processamento
da forragem, adição de lipídeos no rúmen, suprimento de minerais,
manipulação da microflora ruminal e da digestibilidade dos alimentos.
Por essas razões, alguns estudos indicam que para haver redução das
emissões de CH4 pela pecuária deve se adotar medidas que refletem na
melhor eficiência produtiva do sistema.
Moss & Givens (2002) citam que o desempenho mais elevado
dos animais pode reduzir a emissão de CH4 em função da redução no
número de animais no sistema de produção, considerando ainda que,
em criações que visam produção de carne, aumento no desempenho dos
animais resulta em menor permanência do animal no sistema, reduzindo
a produção do gás durante o ciclo de vida.
Existem muitas técnicas para quantificar a emissão individual ou
em grupo de CH4 ruminal. Mais recentemente, foi desenvolvida uma nova
Técnica do gás traçador SF6 para medição de campo do metano ruminal
em bovinos, utilizando um gás traçador inerte, o hexafluoreto de enxofre
(SF6), sem as limitações encontradas em outras técnicas, o que possibilita
realizar as aferições com animais em situação normal de pastejo. O
sistema GreenFeedTM (C-Lock, Rapid City, South Dakota, USA), proposto
recentemente como um novo método para estimar a produção metano
entérico em animais livres em pastejo com menor custo comparado com
as técnicas do gás traçador SF6 e as câmaras respirométricas. O GreenFeed
monitora quantitativamente as emissões por animal, enquanto este visita
frequentemente o sistema para receber uma recompensa alimentar várias
vezes ao dia, e resultados obtidos por Zimmerman et al. (2013) mostram
que as emissões obtidas com o sistemas foram consistentes, repetíveis e,
em geral, comparáveis com as taxas de emissão de metano estimada pela
técnica do SF6, que foi descrita por Johnson et al. (1994), e está sendo
220
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
utilizada em muitos países, como citado por Berndt et al. (2014), inclusive
no Brasil (Pedreira et al., 2009, Cota et al., 2014).
Estudos vêm sendo realizados com intuito de avaliar o efeito do
consumo alimentar residual (CAR) na mitigação do metano entérico, e
animais com CAR negativo, mais eficientes, consomem menor quantidade
de alimento para um determinado ganho de peso e consequentemente
emitem menos metano (Nkrumah et al., 2006). Esses estudos indicam
que a identificação e seleção de animais mais eficientes contribuem para
a diminuição das emissões de CH4, pois o consumo de MS está altamente
relacionado com a emissão desse gás. (Hegarty et al., 2007; Fitzsimons et
al., 2013).
Neste sentido, foram realizados estudos com a parceria UNESP
(Jaboticabal, SP) e IZ (Sertãozinho, SP), para avaliação da produção de
metano entérico de bovinos em confinamento e pastagem. Foram utilizados
47 animais para avaliações de desempenho e produção de metano. Oliveira
(2014) verificou diferença de 5,6% (Tabela 1) na produção de CH4 entérico
(gdia-1) detectados entre animais de baixo e alto CAR no confinamento.
A autora atribuiu essa diferença ao menor CMS nos animais baixo CAR,
semelhante aos resultados verificados por Herd et al. (2002) e Okine et al.
(2003). Os valores de produção de CH4 (35,5 a 39,1kg CH4ano-1) indicados
na Tabela 4, foram inferiores as estimativas descritas por Cederberg et al.
(2009) de 47 a 56kg CH4 ano-1 em bovinos jovens no Brasil e pelo IPCC
(2006) que estimaram emissão média de 49kg CH4 ano-1 para bovinos
jovens na América Latina. Por outro lado, neste estudo não foi observada
diferença na produção de metano entérico (g CH4 dia-1 e kg CH4 ano-1) em
animais baixo e alto CAR mantidos em pastagem. Os dados de emissão de
CH4 (g CH4 dia-1) foram menores (99,5 e 97,2g CH4 dia-1) que os dados
apresentados por Pedreira et al. (2009) em novilhas mantidas em pastos de
Brachiaria brazantha cv. Marandu não adubados (179,2g CH4 dia-1).
221
Tabela 1. Produção de metano (CH4) entérico e eficiência alimentar de
bovinos Nelore de baixo e alto consumo alimentar residual
(CAR) em confinamento e pastagem.
1
Ganho médio diário; 2Consumo de matéria seca. Adaptado de Oliveira (2014).
222
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
223
perdido na forma de N2O, respectivamente. Já nas fezes 0,11% e 0,16% do
N aplicado foi perdido na forma de N2O, nestas estações. Este trabalho
sugere que o inventário de GEE superestima as emissões de N2O. Estudo
semelhante realizado na UNESP de Jaboticabal revelou no entanto, fatores
de emissão direta de N2O de 2,34%, 4,26% e 3,96% na estação chuvosa
e 3,00%, 1,35% e 1,59% na estação seca, respectivamente, para fezes,
urina e fezes + urine. O fator de emissão ponderado considerado foi de
2,61%, 3,04% e 2,97% para as fezes, urina e fezes + urina respectivamente,
sugerindo que o inventário nacional subestima as emissões de N2O. Dado
o extenso território brasileiro e a grande diversidade de biomas no País, os
estudos publicados sugerem a necessidade de fatores de emissão localizados
e a desagregação do fator de emissão por tipo de excretas com vistas a
aprimorar a acurácia do inventário nacional de emissão de GEE bem
como auxiliar os estudos específicos que utilizam os fatores de emissão.
O IPCC (2006) preconiza que 20% do N das excretas depositadas
por bovinos em pastagens serão volatilizadas na forma de NH3 para
a atmosfera. Destes 1,0% serão posteriormente convertidos em N2O
contribuindo para o aquecimento global. Lessa et al. (2014) mediram a
volatilização de N quantificando 23.6% e 20.8% na estação chuvosa e
seca pela urina e 2,5% e 4,3% na estação chuvosa e seca pelas fezes. O
valor ponderado por Lessa et al. (2014) foi de 16%. Os autores também
mediram a volatilização de amônia por excretas bovinas depositadas em
pastagens. Eles verificaram que a perda de N por volatilização não diferiu
por estação sendo volatilizado 6,7%, 9,6% e 8,5% do N aplicado através
das fezes, urina e fezes + urine, respectivamente. Os estudos brasileiros
apontam para uma possível superestimação do inventário ao utilizar o
fator default de 20% preconizado pelo guia do IPPC (2006).
Outra forma de emissão indireta de N2O é através da lixiviação
do nitrato. O guia do IPCC (2006) preconiza que 0,75% do N será em
algum momento, convertido em N2O contribuindo para o aquecimento
global. O IPCC (2006) preconiza ainda que, do total de N depositado em
224
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
225
2.3 Emissão de CO2 pelo solo
226
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
227
a 2,94 µmol de CO2 m-2 s-1 nas primeiras três semanas de março de 2011
também contribuiu para a redução da emissão de CO2 no outono de
2011, indicando que o excesso de água neste período limitou a produção
e transporte do gás no solo. Segundo Varella et al. (2004) quando mais de
30% do espaço poroso do solo está preenchido com água ocorre esta relação
inversa entre emissão de CO2 e umidade do solo. Esta relação negativa
também foi relatado por Epron et al. (2006). Como consequência dessa
variação sazonal, a contribuição relativa de cada estação climática para a
emissão total de CO2 no período estudado foi em média de 38,8, 25,7,
15,6, e 19,9% para o verão, outono, inverno e primavera, respectivamente.
Em relação às alturas de pastejo avaliadas, diferenças significativas na
emissão de CO2 do solo foram observadas em algumas estações e em
somente 34% dos dias avaliados. No entanto, a emissão de CO2 sempre
diminuiu com o aumento da altura do pasto quando o efeito da altura do
pasto foi significativo, resultando em diferenças acumuladas significativas
entre alturas de pastagem (Tabela 2). Quando uma área de pastagem é
submetida a diferentes intensidades de pastejo ocorrem modificações nas
quantitativas e qualitativas nas plantas, afetando a produção fotossintética
e atividade biológica geral da pastagem. Diversos fatores podem estar
relacionados a esta variação na emissão de CO2. Entretanto, em Brito et al.
(2015) a temperatura do solo teve um efeito preponderante na emissão de
CO2 entre alturas de pastagem, sendo apontado como um dos responsáveis
pelas diferenças na emissão total no período estudado.
228
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
1
Contraste polinomial ortogonal: L (efeito linear), ***(P < 0.001), não significativo
(NS).2Emissão total no período de 25 de janeiro de 2011 a 25 de janeiro de 2012 (365
dias).3Emissão total no período de 25 de janeiro de 2012 a 25 de janeiro de 2013 (366 dias).
Adaptado de Brito et al. (2015).
229
Tabela 3: Emissão de CO2 do solo (mínima, média, máxima) (µmol CO2
m-2 s-1) de pastos sob diferentes intensidades de manejo nas
estações climáticas do ano.
230
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
231
de 20 a 30 toneladas de matéria seca por hectare ao ano de resíduos aéreos
(Rezende et al., 1999), e em grandeza semelhante de resíduos subterrâneos
(Trujillo et al., 2006), justifica a capacidade das pastagens produtivas, com
reservas estáveis de nitrogênio (N), em manter estoques de C no solo em
níveis superiores ou semelhantes aos observados em solos sob vegetação
nativa (Tarré et al., 2001; Fisher et al., 2007). Rosa et al. (2014) em estudo
sobre o estoque de C nos solos sob pastagens cultivadas em diferentes
profundidades, verificaram que a pastagem melhorada apresenta valor mais
elevado de C do solo do que a pastagem degradada. Os dados comprovam,
segundo os autores, que uma pastagem bem manejada consegue reter no
solo (na profundidade de 0-30 cm) 15% a mais de C do que uma pastagem
degradada, ressaltando a importância do manejo das pastagens como
forma de retirar C da atmosfera e armazenar no solo.
232
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
233
resíduos que irão formar a serapilheira, entre eles destacam-se o clima,
o solo, as características genéticas da espécie, a idade e a densidade de
plantas (Soares, 2008).
A transformação da serapilheira em matéria orgânica do solo é
controlada por três fatores principais: clima, qualidade da serapilheira
(quanto aos constituintes: lignina, C, nitrogênio (N) entre outros) e a
natureza e abundância dos organismos decompositores (Coûteaux et al.,
1995). Mas, para que ocorra aumento dos teores de matéria orgânica do
solo a deposição de resíduos deverá ser maior que a decomposição de
resíduos vegetais. Esse balanço tem relação estreita com a produtividade
primária e com o manejo da pastagem, especialmente com os aspectos que
afetam a eficiência de utilização da forragem como o manejo do pastejo,
sistema de lotação e pressão de pastejo (Dubeux Jr. et al., 2004).
Em estudo sobre a produtividade de três cultivares de Brachiaria
sob duas ofertas de forragem (7 e 14%), Santos et al.(2006) observaram que
em épocas de abundância de chuvas as gramíneas cresceram rápido, que
a forragem verde em oferta foi abundante e por isso o número de bovinos
por hectare foi maior. Nesta situação, material senescente depositado como
serapilheira foi menor e com rápida taxa de decomposição. Em épocas de
seca, a falta de água aumentou a taxa de senescência e o consumo animal
foi menor, gerando uma quantidade maior de serapilheira no chão, com
decomposição mais lenta. Segundo os autores a baixa pressão de pastejo
ainda permitiu aos animais selecionar as partes mais palatáveis, gerando
mais material senescente, o que culminou em maior taxa de deposição de
serapilheira.
Liu et al. (2011a) observaram em pastos de Cynodon spp cv. Tifton
85 manejados sob alturas de pastejo (8, 16 e 24cm) e níveis de adubação
(50, 150 e 250kg N ha-1 ano-1) aumento na massa de serapilheira existente
e na taxa de deposição de serapilheira com o aumento da altura, porém os
autores não observaram resposta dessas variáveis aos níveis de adubação
utilizados. Embora se esperasse que houvesse resposta da adubação
234
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
nitrogenada uma vez que esta pode de forma indireta, aumentar a produção
primária da pastagem e, consequentemente, a deposição de resíduos
orgânicos (Dubeux et al., 2012). Porém Liu et al. (2011b) observaram
aumento na taxa de decomposição à medida que aumentou o nível de
adubação. Nesse caso, a adubação promoveu mudanças na composição
química da serapilheira alterando a velocidade de degradação (Dubeux Jr.
et al., 2006a,b).
Boddey et al.(2004) observaram redução na deposição de
serapilheira de Brachiaria humidicola com o aumento na taxa de lotação
durante a estação de crescimento. Apolinário et al.(2013) observou o
mesmo comportamento em Brachiaria decumbens. Segundo Boddey et
al. (2004) a massa de serapilheira pode ser um importante indicador da
sustentabilidade da pastagem e o decréscimo na massa de serapilheira é
frequentemente associado com pastagens super-pastejadas. Nesse sentido,
a escolha de um manejo que não cause superpastejo seria importante,
pois, a redução na produção primária das pastagens com o processo de
degradação, significa menor entrada de resíduos no sistema, incluindo-se
aí os de parte aérea e raízes, o que acaba por diminuir as reservas de C do
solo (Jantalia et al., 2006). Além disso, diminui a entrada de nutrientes no
sistema, pois outra função comum à serapilheira é a de fornecer nutrientes
às plantas, já que muitas pastagens não recebem adubação.
Nesse sentido, diversos trabalhos desenvolvidos em Jaboticabal,
SP (Tabela 4), estudaram as mudanças na composição química da
serapilheira ao longo do tempo (256 dias), em pastagens manejadas sob
alturas de pastejo (Azenha, 2014) ou sob índices de área foliar residual
(Raposo, 2013). Os autores não observaram influência do manejo das
pastagens sobre as mudanças na composição química da serapilheira, mas
observaram mudanças na composição química do material ao longo do
tempo, indicando que as mudanças na composição química da serapilheira
nestes pastos foram governadas por fatores ambientais do que pelo manejo
do pasto corroborando Coûteaux et al. (1995). Os autores observaram
235
haver uma concentração dos nutrientes no material remanescente e que
ao final do período estudado os tratamentos atingiram a relação C:N que
permite mineralização de N e disponibilização deste para as plantas.
236
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
237
residual deixa a planta em equilíbrio quanto à fotossíntese e respiração, o
novo crescimento é mantido com o produto proveniente da fotossíntese
(Cecato et al., 2001).
Em trabalho com Panicum maximum cv. Mombaça, Gomide et
al. (2002) verificaram que a desfolha reduziu os teores de CNE da base
do colmo e que a desfolha total comprometeu o crescimento e o teor de
CNE das raízes. De acordo com os autores, os resultados demonstram
que a restrição inicial de assimilados da fotossíntese provocada pela
desfolha total, compromete o crescimento radicular. Nos tratamentos sem
desfolhas ou com remoção parcial das folhas, a fotossíntese em andamento
permitiu o transporte mais precoce para as raízes ou possibilitou que elas
dependessem menos das reservas orgânicas.
Carvalho et al. (2001) avaliando cultivares de Cynodon spp. em
diferentes alturas de pasto de 5, 10, 15 e 20 cm observaram maiores valores
de CNE na base do colmo no cultivar Tifton-85 seguido pelo Florakirk e
Coastcross. Nas raízes o padrão foi semelhante, com conteúdos de 0,173,
0,106 e 0,073 kgm-2, respectivamente. Os autores observaram que maiores
massas de raízes determinaram maiores quantidades de CNE e que mesmo
os tratamentos de desfolhas mais intensas não diminuíram a massa de
raízes.
O grau de atividade vegetal também depende de variáveis como
luminosidade, temperatura e umidade caracterizadas pelas estações do
ano, onde na primavera e no verão, com climas mais quentes, a produção
vegetal é favorecida, ou seja, ocorre maior absorção de CO2 e no outono,
com a morte dos vegetais e o ataque por bactérias, existe maior liberação de
CO2 (Pacheco & Helene, 1990). Assim, segundo os autores, a fotossíntese
e a respiração tanto dos vegetais como dos solos são os dois processos
principais pelos quais passam os fluxos de C entre atmosfera e a biosfera.
Trabalhos desenvolvidos na UNESP (Jaboticabal, SP)avaliaram
os efeitos de intensidades de pastejo geradas por diferentes ofertas de
forragem na massa de raízes e parte aérea e nos teores de CNE e N em duas
238
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, comparando estações, não diferem
entre si de acordo com o teste de F, para períodos (P < 0,05). (Janusckiewcz,2012).
239
Tabela 6: Massa, teores de carboidratos não estruturais (CNE) e nitrogênio
(N) da parte aérea e das raízes de pastos de Brachiaria brizantha
cv. Marandu manejados sob diferentes alturas de pastejo nas
diferentes estações do ano em Jaboticabal, SP.
(Azenha, 2014).
240
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
241
na mitigação de GEE na pecuária, além promover substancial melhoria na
qualidade do solo e do sistema com um todo.
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
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252
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
Vanderley Porfírio-da-Silva1
1. INTRODUÇÃO
1
Eng. Agr. Dr. Pesquisador em Sistemas Agrossilvipastoris, Embrapa Florestas, vanderley.porfirio@embrapa.br.
253
e a minimização das interações negativas. Assim, alguns conceitos e
fundamentos precisam ser conhecidos, e referenciados nas condições da
região ou em condições similares.
Os componentes árvore, pasto e animal devem ser considerados
integrantes do sistema, desde o planejamento do empreendimento,
requerendo mudanças de postura e novas ações, alterando costumes e
tradições (Dantas, 1994) dos setores produtivos envolvidos (técnicos,
produtores e empresários).
O planejamento de um sistema silvipastoris deve, sempre que
possível, prever e permitir uma transitoriedade amena, ou seja, enquanto
o componente arbóreo não puder suportar carga animal, a área será
utilizada para cultivos anuais. É o caso, por exemplo, da reforma de
pasto ou implantação de pastagens com plantio de árvores em terraços
ou em curvas de nível; enquanto as árvores crescem, o solo é submetido
a adubações e cultivos de ciclo anual. Existem, no entanto, casos onde
o produtor necessita dispor imediatamente da área para o gado, então
a instalação do sistema silvipastoril tem sido feita com proteção das
mudas das espécies florestais até o momento em que as árvores possam
prescindir da proteção contra o assédio dos animais.
O termo silvipastoril sumariza práticas envolvidas na integração
de árvores com forrageiras para pastejo na mesma área por meio da
manutenção de árvores previamente existentes, pelo plantio de árvores,
ou pela condução de árvores que emergem naturalmente em meio a
pastagem.
254
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
255
estreita2, para controlar o escorrimento superficial das águas das chuvas,
foram construídos em curvas de nível espaçados a cada 20 metros. Sobre
os terraços foram plantadas as árvores de grevílea (Grevillea robusta) a cada
2,5 metros para, ao crescerem, constituírem os quebra-ventos e, entre os
terraços, as mudas de café e nas entre-linhas do cafezal os cultivos anuais
de feijão. Dois anos depois, em 1980, a área foi atingida por geada (as
árvores ainda pequenas não proviam proteção contra os ventos) o que
determinou a morte do cafezal e a mudança de uso da terra para pastagem.
Foi plantada a grama-estrela (Cynodon plectostachyus) na primavera daquele
ano. O que parecia um absurdo para muitos, foi se mostrando viável, a
pastagem cresceu sem problemas e os pequenos terraços aguentaram
satisfatoriamente, fato posteriormente atribuído à presença das árvores
promovendo a estabilidade dos terraços pelo travamento da massa de solo
pelo entrelaçamento das suas raízes (Porfírio-da-Silva, 1994), corroborando
com autores como Young (1989) sobre o papel das árvores na conservação
do solo.
2
Base estreita com oito passadas de arado de disco tracionado por trator de pneus.
256
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
257
rotineiros sobre sistemas silvipastoris. Para superar tal quadro, foi conduzido
um projeto (MP4) para implantar unidades de referência tecnológica
(URT) nas diferentes condições regionais do Paraná (Adequação…, 2004),
e proporcionar que maior núme ro de extensionistas tenha a segurança
técnica para a difusão da arborização de pastagens, bem como para o
questionamento da tecnologia (constituindo assim uma estratégia para a
realimentação da pesquisa). O projeto foi conduzido no período de 2004
a 2007 alcançando 16 outros municípios.
Assim, 16 novas unidades de referência tecnológica, em diferentes
regiões do Paraná foram implantadas em propriedades rurais. Atualmente
a existência dessas novas URTs exercem também o “efeito-vizinhança”,
promovendo a adoção da tecnologia em outras 27 propriedades rurais
espalhadas naqueles municípios e em municípios vizinhos.
Como resultante de sua implementação no Paraná, foi replicado
mediante cursos de capacitação de técnicos para a implementação de
unidades nos Estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul
e Mato Grosso do Sul para profissionais da extensão rural, por meio de
projetos3 em parceria com instituições daqueles Estados.
Atualmente o Paraná acumula experiências e as áreas mais antigas
sobre a arborização de pastagens, bem como, foi a Unidade da Federação
que protagonizou os primeiros eventos técnico-científicos sobre o tema
silvipastoril. Em maio de 1994, foi realizado o Seminário Regional Sobre
Sistema Silvipastoril (Emater, 1994), foi o primeiro do gênero no país,
no mesmo ano o Centro Nacional de Pesquisa de Floresta (CNPF) da
Embrapa realizou o Seminário sobre Sistemas Agroflorestais na Região
3
Projeto “Linha Direta com o Extensionista”, liderado pela Embrapa Florestas em parceria com a Emater-RS,
Emater-PR e Epagri-SC.
Projeto PAC-ILPF liderado pela Embrapa Transferência de Tecnologias em parceria com diversas outras unidades
da Embrapa, instituições estaduais de pesquisa e extensão rural e proprietários rurais.
Projeto “Agenda-Comum” com a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento do Parana/Emater-PR
Projeto “Adequação ambiental de propriedade pecuárias”, liderado pela Embrapa Pecuária Sudeste em parceria
com a Embrapa Florestas, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios -APTA, Coordenadoria de Assistência
Tecnica Integral-CATI e Prefeituras Municipais.
258
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
259
Embora a produtividade média de 2,533 litros/vaca/ano seja
superior à média nacional (1.416 litros/vaca/ano) (SEAB, 2014), a
produtividade está abaixo de seu potencial técnico, o que decorre de vários
problemas adversos, entre os quais, de acordo com vários autores, estão os
efeitos climáticos (e.g.: Tonello, 2011). Os problemas adversos da pecuária
leiteira no Paraná vão desde a escala reduzida de produção, passando
por questões de padrão genético adequado, alimentação (produção de
forragem), ambiência (bem-estar animal), qualidade (intrínseca e extrínseca
ao leite) e de capacidade gerencial.
Aspectos como a produção de forragem e bem-estar animal são
influenciadas pelo microclima local com reflexos no desempenho animal.
O fator climático impõe, isolado ou combinado com outros, estruturais e
sociais principalmente, um certo grau de estresse aos animais, mensuráveis
pelos resultados das disfunções na homeotermia (Naãs, 1989; Silva 2008).
Como a eficiência do desempenho (produtivo e/ou reprodutivo) também
depende do funcionamento homeotérmico, suas disfunções podem
acarretar prejuízos (Hafez, 1973; Hardy, 1981; Naãs, 1989; Müller, 1989;
Ferreira et al., 2006; Silva 2008).
As principais regiões da pecuária paranaense estão sob condições
de regime térmico que variam, desde as de clima subtropical com geadas
severas no outono – inverno, até as condições de clima quente/muito
quente durante a primavera – verão, com temperaturas superiores a
30ºC. Assim, o clima, que durante as estações mais quentes do ano,
proporciona altas produções de forragens de boa qualidade capaz de
suportar produção de leite de 10 a 12 litros/vaca/dia sem suplementação,
impõe uma condição de estresse térmico que pode reduzir a ingestão da
forragem, o que é mais prejudicial em sistemas de produção a pasto. Nas
estações frias do ano, as pastagens tropicais deixam de crescer ou mesmo
podem ter seu ciclo encerrado pelo frio. Forrageiras tropicais praticamente
deixam de produzir matéria seca quando a temperatura do ar ser torna
menor do que 10ºC (Larcher, 2000) a influência negativa da temperatura
260
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
261
silvipastoris depende do material genético empregado (árvores, forrageiras
e gado), da adequação destes ao sítio (ambiente edafoclimático), do
arranjo espacial das árvores e das práticas de manejo utilizados, quer seja
para o componente arbóreo, forrageiro e animal. Por exemplo, Della
Cruz (2007), ao analisar sete propriedades rurais com sistema silvipastoril
nos municípios de Cianorte, PR e Tapejara, PR, concluiu que a espécie
Eucalyptus grandis era mais favorável ao rendimento silvipastoril do que
o Eucalyptus camaldulensis como consequência do maior incremento de
madeira do E.grandis.
Na comparação entre monocultivos de eucalipto e sistema
silvipastoril, aos quatro anos de idade, o sistema silvipastoril orientado
para a produção de toras (424 árvoresha-1), apresentava o incremento
médio anual (IMA) de 33,2 m³/ha/ano, enquanto que o IMA do mesmo
clone (E.urophylla x E.grandis) em monocultivo (1.111 árvores/ha) foi de
43,5 m³/ha/ano. Em termos de biomassa o sistema com 1.111 arvores/
ha foi mais produtivo; porém, em termos de volume por árvore, o
sistema com 424 árvores/ha foi o mais produtivo com 0,313 m³/árvore
versus 0,156 m³/árvore do sistema com 1.111 árvore/ha (Medeiros, não
publicado). Sistemas silvipastoris, aos 19 e 20 anos de idade na Região
Noroeste do Paraná, foram avaliados por Radomski & Ribaski (2011)
quanto à sua produção de madeira serrada, os autores concluíram que
nos sistemas avaliados, a receita adicional da madeira serrada de grevílea
(Grevillea robusta) mais a lenha, produzida pelo aproveitamento integral
das 95 árvores existentes por hectare, alcançaria cerca de R$ 840,00/ha/
ano; para a madeira de eucalipto (Corymbia citriodora), 222 árvores/ha, a
receita adicional para a venda de toras em pé seria de , aproximadamente,
R$1.200,00/ha/ano. Mas que, se as toras fossem transformadas em
madeira serrada na propriedade, ocorreria um ganho de cerca de 400%.
Porfirio-da-Silva & Mazuchowski (1999), ao descreverem um
sistema silvipastoril com grevíleas aos 14 anos, na Região Noroeste do
Paraná, registram a presença de 128 árvores por hectare, produtividade de
262
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
11,5 arrobas de peso vivo por hectare/ano, 122 m³/ha de madeira de toras
em pé e 118,8 mst de lenha, o que representava um incremento total bruto
de cerca de R$420,00/ha/ano.
O tempo necessário para o retorno do investimento na produção
florestal madeireira é apontado como o principal inconveniente,
principalmente para as pequenas propriedades rurais. Os sistemas
silvipastoris constituem uma alternativa para incorporar a atividade
florestal ao empreendimento rural, utilizando as vantagens econômicas
que cada um tem em separado, ou seja, o rápido retorno das atividades da
pecuária e as características favoráveis do mercado de produtos florestais.
Além da produção de produtos das árvores, a melhoria do
ambiente pelas árvores, proporcionando sombra por exemplo, poderia
incrementar a produção das vacas leiteiras (Carvalho, 1991) ou impedir o
decréscimo de produção de leite nos meses mais quentes do ano (Mota, et
al.1997; Klosowski et al., 2002; Tonello, 2011). A disposição adequada de
árvores na pastagem, além de proporcionar conforto animal (dispondo-o
a pastar mesmo em horários mais quentes), pode estimular a exploração
intensiva de leite e/ou carne a pasto para aproveitar o potencial das
espécies forrageiras tropicais ao favorecer o crescimento e a qualidade
dessas espécies (Paciullo et al. 2007; Paciullo et al., 2008; Carvalho &
Botrel, 2002; Carvalho et al., 1994). Mais, para a pecuária de corte calcada
em cruzamentos “industriais” de raças zebuínas e européias, é fundamental
a proteção contra o estresse térmico calórico.
É necessário catalisar a adoção de sistemas silvipastoris na pecuária
paranaense, principalmente na pecuária de leite que está concentrada em
estabelecimentos de até 100 hectares (onde se concentram 83% das vacas
ordenhadas no Paraná) que constituem 90% do total de estabelecimentos
existentes e representam o grande contingente de pessoas vinculadas ao
meio rural.
A cadeia produtiva do leite tem necessidade de identificar e
desenvolver oportunidades de mercado, bem como de desenvolver
263
opções em sistemas de produção integrados e de integração de atividades
à atividade leiteira na propriedade rural (Bortoleto et al., 1997), o que
pode ser contemplado pela adoção de sistemas silvipastoris. A tendência
de mercados para produtos ambientalmente adequados abre uma
oportunidade para a produção de leite a pasto, em um sistema capaz de
contribuir para a fixação de gás carbônico (CO2), com menor emissão de
óxido nitroso (N2O), além de ser capaz de mitigar a emissão de gás metano
(CH4) pelos ruminantes, todos importantes gases componentes do “efeito
estufa”, fatos que podem compor elementos de marketing para o leite (e
seus derivados) produzido em tal condição.
A arborização de pastagens no Paraná pode ter sua adoção
fundamentada, argumentada, em diversos objetivos, variando da
conservação do solo, melhoria das condições ambientais (proteção
contra geadas, ventos frios, granizo, tempestades, altas temperaturas...) e,
portanto, melhoria da saúde dos animais e proteção das pastagens, até a
disponibilidade de madeira na propriedade para diferentes usos, a renda
adicional em madeiras comerciais e, inclusive, o aspecto cênico (manejo
de paisagem).
Tanto o leite, a carne, o couro, quanto a madeira produzida nesse
sistema de uso da terra, atendem melhor aos princípios preconizados pelos
mecanismos da Certificação de Produtos e de suas cadeias de custódia,
considerando tanto aspectos ambientais como sociais e econômicos
envolvidos em seus produtos e derivados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
264
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
265
paranaense, brasileiro, de fora: as dos produtos ambientalmente adequados.
Especialmente agora quando se prepara para tornar-se uma área livre de
aftosa sem vacinação.
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272
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
1. Introdução
1
Engenheiro Agrônomo, Professor Titular do Dep. de Zootecnia e Des. Rural, LETA – Lab. de Etologia Aplicada
e Bem-estar Animal, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
2
Médico veterinário, LETA – Lab. de Etologia Aplicada e Bem-estar Animal, Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
273
valorizadoras de alimentos” (Domingues, 1960). A publicação de Ruth
Harrison fez com que o Parlamento da Grã-Bretanha criasse um comitê
formado por agriculturalistas para investigar suas denúncias, o qual emitiu
um parecer, chamado Relatório Brambell (1965), onde foram estabelecidas
as cinco liberdades mínimas aos animais (Brambell, 1965): virar-se; cuidar-
se corporalmente; levantar-se; deitar-se; estirar seus membros. A partir
de então, houve uma mudança de concepção e a visão mecanicista deu
lugar a uma versão moderna onde o animal é entendido enquanto uma
“entidade psicológica” (Hurnik, 1992) e, portanto, induzir um animal
a um sofrimento calculado ou desnecessário tornou-se eticamente
reprovável (Fraser, 1985). Estudos na área de etologia têm sido cada vez
mais desenvolvidos para auxiliar a responder cientificamente às questões
bioéticas. Tais estudos indicam que os animais respondem, sentem dor,
reagem a angústia e ao sofrimento, tem preferências e, por tudo isso, a
União Europeia oficializou o reconhecimento da senciência nos animais,
no Tratado de Amsterdã (1997).
Mais tarde, as cinco liberdades do Comitê Brambell foram
aprimoradas. Os animais então deviam ser livres: de fome e sede; de
medo e estresse; de desconforto; de dor; machucado ou doença; e livres
para expressar seus comportamentos naturais (FAWC, 1979). Podemos
considerar que bovinos em pastagem são livres para expressar seus
comportamentos naturais, dentre os quais talvez o mais importante:
pastoreio (Kilgour, 2012). Esse comportamento, o pastoreio, de relevância
evolutiva óbvia, é negligenciado em sistemas de produção confinados.
Entretanto, estar a pasto e deixar os animais livres para pastar garante
apenas um dos aspectos relativos a seu bem-estar. É preciso, então, garantir
as demais quatro “liberdades”.
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
275
pontos críticos para o bem-estar dos animais em pastagem, os mecanismos
de adaptação do animal e as possíveis soluções para cada ponto.
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
277
Essa amplitude também ocorre em função de variáveis do animal, do
ambiente e da pastagem.
Os animais se locomovem voluntariamente em resposta a
demandas por recursos como alimento, água, companhia, abrigo e demais
recursos. Além disso, conforme o sistema de produção, eles são forçados a
se movimentarem para a sala de ordenha ou para outras áreas de pastagem.
Quanto maior a distância que os animais precisarem percorrer, maior
será o impacto sobre seu bem-estar e sobre a produtividade. As distâncias
percorridas diariamente em busca de pasto, água e sal, que podem ser
desde 0.9 km em pastoreio rotativo até 24 km em sistemas extensivos sob
condições de seca (Broom & Fraser, 2007), aumentam o risco de problemas
de casco (Phillips, 2002) e implicam em importantes perdas de energia.
Já foi demonstrado que a localização da água e a qualidade da forragem
têm uma influência mais significativa na distância percorrida por vacas do
que a quantidade de alimento, período de lactação e condição corporal
(Broom & Fraser, 2007).
278
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
279
Tabela 2: Características da pastagem e a resposta do comportamento de
pastoreio do animal.
4. Parasitismo
280
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
281
(Alves, 2004). São conhecidos também Nematóides entomopatogênicos -
NEPs – que, em testes in vitro, demonstram uma eficácia superior a 90% no
tratamento contra carrapatos (Carvalho, 2008). É importante, portanto,
que se institua um manejo agroecológico, que permita o retorno de uma
cadeia trófica natural, tendendo ao equilíbrio da biota presente no solo,
pastagens e animais.
A principal medida de controle estratégico deve ser instituída
através de técnicas de manejo. O pastoreio rotativo evita que os animais
fiquem constantemente expostos aos parasitas e períodos de 30 a 45 dias
de pastos livres de animais podem eliminar até 80% de larvas de helmintos.
Visando o controle do carrapato, 60 dias de descanso da pastagem seria
um prazo viável para reduzir a sobrevivência larval (Veríssimo, 2013). As
larvas podem morrer por exaustão de suas reservas energéticas ou por
dessecação, portanto, além do descanso do pasto, o pastoreio a fundo é
outra medida para eliminar as fases de vida livre dos parasitos, através dos
raios solares.
A longo prazo, o uso de genótipos bovinos resistentes, o adequado
manejo de pastagens em rotação de sítios de pastoreio e a presença de
predadores naturais como a garça-carrapateira, são os métodos de
controle mais indicados e sustentáveis. A seleção de genes de resistência
deve ser considerada dentre os mecanismos de adaptação dos animais,
além da rejeição inata de pastoreio na bosta. Deve-se evitar controle com
agrotóxicos que podem levar ao desenvolvimento de populações resistentes,
contaminação ambiental e do alimento e morte dos predadores naturais
dos parasitos. O método de controle integrado inclui: genética, manejo
das pastagens e uso de repelentes. Uso de produtos químicos é indicado
somente em casos de infestação severa.
282
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
283
é dependente da raça sendo que, das raças leiteiras com origem em climas
temperados, a Holandês é menos tolerante ao calor do que a Jersey. Isso
porque a superfície relativa de exposição corporal (área de exposição
corporal por massa) é maior em raças menores, que por isso trocam mais
calor por unidade de massa corporal.
Dentre as táticas comportamentais para manter a homeostase
térmica, os animais inicialmente tentam resolver através da orientação de
seus corpos, como esconder suas faces ou voltar as costas para a direção
de ventos frios. Em altas temperaturas, eles podem entrar em açudes, rios
e até bebedouros, diminuir o comportamento de pastoreio e procurar por
sombra. As raças europeias ficam preferencialmente no sol em temperaturas
médias de 23ºC, mas procuram a sombra quando a temperatura está acima
de 28ºC. Bovinos em florestas tropicais e áreas equatoriais sentem maior
necessidade de sombra do que aqueles que vivem em áreas semi-áridas
onde a pluviosidade é baixa e sombra limitada. Uma estratégia natural
dos animais é ficar mais horas na sombra durante os dias muito quentes e
compensar essas horas pastando à noite (Phillips, 2002).
Embora a grande maioria dos bovinos brasileiros sejam criados
em condições tropicais ou subtropicais, onde geralmente a preocupação
maior é com o calor e excesso de radiação solar, há situações em nosso
país em que os animais podem sofrer com frio severo. As raças europeias
podem adaptar-se a temperaturas tão baixas quanto 20 ou 30 graus Celsius
negativos, desde que tenham adequada nutrição (Tarr, 2007). Em algumas
regiões do sul do Brasil, as temperaturas podem chegar próximo a zero
durante o inverno, e se os animais não tiverem uma boa condição corporal
poderão sofrer com o frio, especialmente se forem zebuínos ou suas cruzas.
Nessas regiões, mesmo o gado europeu aclimatado busca o mato durante o
inverno, em busca de abrigo e alimento. O provimento de boa alimentação
e abrigo garante o bem-estar dos bovinos no inverno do sul do Brasil.
Como o estresse calórico resulta principalmente da exposição
direta a radiação solar, a forma mais lógica de se reduzir esse estresse é
284
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
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6. ÁGUA: tão óbvia e tão esquecida
286
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
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7. Mistura mineral
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
8. Predação
289
predadores; uso de currais de confinamento noturno; cercamento de
áreas com cercas elétricas; delimitação de áreas protegidas.
3) Introdução de animais protetores: animais vigias (como cães pastores e
jumentos) no rebanho; introdução de raças nativas, como o Pantaneiro
do Brasil, que possuem hábitos defensivos semelhantes aos bufalinos, e
a introdução destes também no rebanho bovino, ajudam na proteção,
devido ao comportamento de defesa em manada característico da
espécie.
4) Mecanismo de compensação para ressarcir os fazendeiros pelas perdas
causadas pela predação, de forma a estimular os proprietários de
fazendas de gado a tolerar a presença dos felinos em suas terras. Outras
iniciativas, como o fomento ao turismo, a produção de carne orgânica e a
bonificação aos pecuaristas que proíbem a caça e mantém a diversidade
de populações silvestres, também são medidas conservacionistas de
minimizar os efeitos da predação.
A predação em menor escala ocorre também em outras regiões do
Brasil, como é o caso do leão baio (Puma concolor), também conhecido por
puma, no sul do país. Em geral os predadores são animais extremamente
tímidos, e que somente em último caso se aventuram para caçar nos
rebanhos manejados por humanos. As mesmas recomendações acima se
aplicam ao puma. Na verdade, o predador de “duas pernas”, o abigeatário,
em geral produz muito mais dano do que os animais silvestres. Em geral,
a criação implica numa redução significativa da predação, se comparamos
com a situação de vida selvagem dos animais presas, e com os bovinos não
é diferente.
9. Relação humano-animal
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
Figura1 – Distância de fuga das vacas em relação ao tratador neutro ou aversivo, nos dias 0
e 14 do experimento, e 180 dias após, mesmo sem reforço (Hötzel et al., 2005).
291
dos manejadores melhoram o comportamento (Hemsworth, 2003)
e aumentam a produtividade de vacas leiteiras (Hanna et al, 2009). O
relaxamento e conforto da vaca leiteira é condição fundamental para
a ação da ocitocina na liberação do leite durante a ordenha através do
mecanismo neuro-hormonal de ejeção do leite. Vacas estressadas e com
medo tem a atividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal intensificada,
resultando em aumento do cortisol; e também ativação do sistema nervoso
simpático, que resulta em aumento nas concentrações de adrenalina e dos
batimentos cardíacos (Hemsworth, 2003). Vacas tratadas aversivamente na
sala de ordenha defecam mais durante a ordenha do que vacas tratadas de
forma gentil (Seabrook).
Porém, questões culturais e desconhecimento do comportamento
animal muitas vezes são fatores impeditivos para se estabelecer uma
relação positiva, por isso, é necessário que os manejadores tenham
habilidade e conhecimento sobre a espécie que estão trabalhando. Por
exemplo, bovinos preferem caminhar a uma velocidade entre 0.6 e 1.0
m/s e dentro dessa “zona de conforto” ocorre um menor custo energético
e acima dessa velocidade a eficiência energética diminui (Phillips, 2002).
É importante que os manejadores tenham ciência disso e conduzam os
animais de maneira tranquila, sem uso de cães, respeitando esse tempo de
deslocamento, o que diminuirá tanto o esforço dos manejadores quanto
dos animais.
O desenho das instalações tem importante efeito no
comportamento dos animais e seu bem-estar (Grandin, 1993). Como já
comentado, o desenho do bebedouro é importante e afeta o consumo de
água. As cercas devem evitar o uso de arame farpado, mais cara e com risco
de ferimento aos animais. A cerca elétrica não machuca, e impõe uma
barreira psicológica ao animal. A sala de ordenha, atendidas as exigências
sanitárias – piso de concreto, paredes de azulejo, evitar cantos, deve evitar
a presença de degraus ou rampas fortes; deve ser aberta ao Norte (no
hemisfério sul) para a entrada do sol, e fechada ao sul. Os materiais mais
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
293
tranquilidade ao grupo, evitando disputas frequentes. Obedecendo a uma
ordem hierárquica há menos gasto de energia e injúrias entre os animais,
pois os animais tendem a evitar confrontos com indivíduos sabidamente
mais fortes. Os animais que estão no topo da ordem hierárquica são
chamados de dominantes, seguidos pelos intermediários e por fim, os
subordinados. A posição mais alta na hierarquia é chamada de “alfa”,
identificada pela primeira letra do alfabeto grego “α”, já a posição mais
inferior da hierarquia social é identificada pela última letra do alfabeto
grego, “Ω” – ômega.
O estabelecimento da hierarquia varia conforme a espécie. Em
bovinos esse processo é rápido e com poucos contatos físicos (Bouissou,
1972). Em 49 grupos de 4 novilhas, todas as relações de dominância se
estabeleceram durante a primeira hora. Apenas 10.2% (30/294) dessas
relações foram revertidas durante a segunda hora e até o segundo dia.
Vacas dominantes apresentaram níveis mais altos de cortisol (9:92 vs
2:98) do que subordinadas (P>0,01) (Plusquellec, Bouissou & Le Pape,
2001), o que pode estar relacionado a um temperamento mais agressivo.
A hierarquia social tem certa flexibilidade, e é muito mais o resultado
de interações do que atributos físicos dos animais. Entretanto podemos
considerar como principais fatores do animal determinando sua posição
hierárquica o peso, o tamanho, a idade, presença de chifres, experiência
prévia e temperamento (Bouissou et al., 2001).
Se os recursos são limitados, os animais dominantes terão
prioridade ao alimento, à água, à reprodução e à fuga de predadores. Por
outro lado, os animais subordinados podem ser levados a severa restrição
desses recursos, comendo e bebendo bem menos e em situações esporádicas,
não participando da reprodução e ainda tendo maiores chances de serem
vitimas de predação. Na criação animal, além de terem seu bem-estar
comprometido, haverá reflexos na produtividade, na reprodução e na
saúde dos animais subordinados. Os efeitos da dominância social estão
presentes em todas as relações entre os animais, e por isso consideramos
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
295
era de telha, não houve diferença entre tempo de uso da sombra por
subordinadas ou dominantes, apenas uma tendência, quando a oferta
era de 1,5m2/animal, em favor das dominantes (Machado Filho et al.,
2012). O número de interações agonísticas, por sua vez, foi maior em
ambos tipos de cobertura quando a oferta era menor (P<0,05). Resultados
similares foram encontrados numa situação de restrição de acesso a água,
onde vacas secas frequentaram o bebedouro dia sim, dia não, mas vacas
em lactação (categoria mais exigente em relação à água) disputaram o
bebedouro diariamente, mesmo sendo subordinadas (Hötzel et al., 2003).
Nessa situação, também houve um esforço maior das vacas subordinadas
lactantes para ter acesso ao recurso, ou seja, a água.
296
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
297
Assim, fêmeas dominantes teriam mais chance de que suas crias também
fossem dominantes e investiriam em filhos machos. As subordinadas,
por seu turno, investiriam em fêmeas que, independente de sua posição
hierárquica deixariam descendentes. Testamos essa hipótese em vacas
leiteiras, que num estudo em 4 rebanhos foi confirmada (Tabela 4).
298
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
299
menor o grupo social (Machado, 2009). Essa segurança do ambiente social
influencia o bem-estar dos bovinos em pastoreio.
Como seres sencientes, os animais são capazes de vivenciar emoções
positivas e negativas. As emoções positivas podem ser manifestadas através
de expressões definidas e aferidas qualitativamente como relaxadas,
calmas, sociáveis, brincalhonas entre outras. Essas expressões apresentam
correlação com os eventos de lambidas (Rousing & Wemelsfelder, 2006).
É de extrema importância para o bem-estar dos bovinos que eles possam
estabelecer essas relações sócio-afetivas. Vacas que são reagrupadas com
frequência (semanalmente) desistem de estabelecer laços sociais a partir da
décima segunda semana (Faeverick et al., 2006), esse fato possui impacto
profundo no estado psicológico de um indivíduo de uma espécie gregária
e social.
Na prática, o bem-estar de bovinos em pastoreio deve ser avaliado
não apenas pelos eventos negativos de interações agonísticas e suas
consequências fisiológicas e psicológicas. Deve-se considerar a relevância
das relações sócio-positivas na avaliação no nível de bem-estar animal e no
planejamento dos sistemas de criação de bovinos. O bem-estar de um animal
será o resultado do conjunto de suas experiências positivas e negativas.
300
III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
301
Manejo sanitário inadequado como a não vacinação e não
realização periódica de exames diagnósticos e eliminação de animais
positivos, quando necessário, podem elevar sua prevalência e, com isso,
ampliar as perdas. Além das medidas de manejo sanitário adequadas,
as instalações devem prover condições de conforto aos animais, sendo
livres de umidade excessiva, disporem de insolação, limpas e higienizadas
periodicamente para que o ingresso de doenças seja evitado. Animais
livres de doenças, inclusive as que não se manifestam clinicamente, terão
melhores condições de bem-estar e de enfrentar outros desafios ligados a
seu bem-estar.
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III SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO
considerações finais
303
fatores envolvidos e os mecanismos de adaptação, para que se formulem
estratégias de manejo baseadas nos fatores predisponentes e suas causas e
nos mecanismos de adaptação animal.
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