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Sé Catedral do Funchal

Com a criação do bispado do Funchal em 1514, por bula passada pelo Papa Leão X,
a Igreja de Santa Maria - muitas vezes denominada Igreja Grande - foi elevada à
condição de Sé Catedral. Nesta época, ainda o templo de Santa Maria prosseguia as
suas obras, que se tinham iniciado em 1493. Os trabalhos foram acelerados a partir
de 1502, ano em que foi instituído um aumento sobre os impostos da produção
açucareira e vinícola. Para o incremento das obras contribuiu também o subsídio
atribuído por D. Manuel I, com vista à construção da cabeceira da igreja.
Em 1508, quando o Funchal foi elevado à categoria de cidade, já se celebravam
missas no templo. Contudo, o coruchéu da torre sineira e mais alguns detalhes só
vieram a ser finalizados cerca dos anos de 1517-1518. Pedro Anes foi o arquitecto
responsável por esta obra monumental.
Na cantaria central da fachada, contrastando com a alvura dos panos laterais
caiados, rasga-se um portal gótico formado por arquivoltas assentes em colunelos,
sobrepujado pelas armas de D. Manuel I. O andar superior apresenta-se marcado
por uma elegante rosácea gótica e terminado por empena triangular com remate de
pequena Cruz de Cristo. Recuada, sobressai na cabeceira uma alta torre sineira,
construída a partir de arcos plenos e rodeada de ameias. A torre é rematada por
pináculo em pirâmide quadrangular, revestida de azulejos que formam uma
composição de xadrez pouco usual, devido à utilização de azulejos lisos de quatro
cores, possivelmente de origem sevilhana.
O interior é formado por três naves, com a central de maior altura, divididas por
arcos quebrados que repousam em pilares com colunas adossadas. O corpo da
igreja é ainda marcado pela proeminência do transepto e do seu elevado arco de
cruzeiro.
O madeiramento da cobertura do corpo apresenta notável trabalho nos seus tectos
de alfarje - de influência mudéjar quinhentista -, combinando nos seus geométricos
desenhos a pintura da madeira dourada com incrustações de marfim.
Na capela-mor localiza-se o esplendoroso cadeiral marcado por um elegante dossel
rendilhado, tendo esculpido nos espaldares relevadas figuras sagradas, de grande
qualidade artística. Esta peça do gótico final é atribuída ao flamengo Olivier de
Gand. O retábulo-mor, um dos poucos retábulos quinhentistas que se encontra
intacto, mostra um elegante dossel de fino rendilhado cobrindo as tábuas pintadas
com cenas do Antigo e Novo Testamento, cuja autoria é atribuída ao Mestre da
Lourinhã.
Possui esta igreja uma excepcional cruz processional, oferecida por D. Manuel I.
Esta alfaia de culto em prata é considerada uma das obras-primas da ourivesaria
manuelina portuguesa.

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