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Com efeito, as informações contidas no Perfil Profissiográfico Previdenciário,

que a autora estava exposta aos agentes biológicos, haja vista que na
descrição das atividades por ela exercidas, ainda que a autora não tivesse
contato permanente com os pacientes como ocorre com as enfermeiras e
médicos, este contato havia de alguma forma, além do que as atividades eram
exercidas pelo complexo hospitalar, o que gera, por si só, contato com agentes
biológicos como vírus e bactérias, razão pela qual os referidos períodos
devem ser reconhecidos como especiais nos termos do item 2.1.3 dos Anexos
dos Decreto nºs 53.831/64 e 83.080/79, e 3.0.1 e do Anexo do Decreto nº
2.172/97.

PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO. ATIVIDADE SOB CONDIÇÕES


ESPECIAIS. EXPOSIÇÃO A AGENTES BIOLÓGICOS. HABITUALIDADE E
PERMANÊNCIA. ATIVIDADES EXERCIDAS EM PERÍODOS DIVERSOS, NA
VIGÊNCIA DE LEGISLAÇÕES DISTINTAS. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE.
ACÓRDÃO RECORRIDO QUE REPUTOU SATISFEITA A EXIGÊNCIA DE
HABITUALIDADE E PERMANÊNCIA, ATRAVÉS DO RISCO EFETIVO E
CONSTANTE DE CONTAMINAÇÃO. CONCEITO NÃO TRATADO NO
ARESTO INDICADO COMO PARADIGMA. DIVERGÊNCIA NÃO
DEMONSTRADA. INCIDENTE NÃO CONHECIDO. 1. O requerente interpôs
pedido de uniformização de jurisprudência impugnando acórdão da Turma
Regional de Uniformização da 4ª Região, que reconheceu o caráter especial de
atividade exercida com exposição a agentes biológicos, firmando a
interpretação de que, “para o enquadramento de tempo de serviço como
especial após o início da vigência da Lei n.º 9032/95, não é necessário que a
exposição a agentes biológicos ocorra durante a integralidade da jornada de
trabalho do segurado, bastando que haja efetivo e constante risco de
contaminação e de prejuízo à saúde do trabalhador, satisfazendo, assim, os
conceitos de habitualidade e permanência, analisados à luz das
particularidades do labor desempenhado”. 2. Alega o INSS que a interpretação
adotada pelo acórdão recorrido diverge da jurisprudência dominante desta
TNU, em acórdão paradigma no qual afirma ser “uníssono o entendimento de
que, para a caracterização da atividade como especial, não havia necessidade
de exposição permanente e habitual aos agentes biológicos até o início de
vigência da Lei 9.032/95, bastando o enquadramento da categoria profissional
nas relações constantes das normas que regiam a matéria”. 3. Consoante se
depreende da simples leitura dos trechos transcritos, não há divergência entre
os arestos comparados. Primeiro porque tratam de atividades exercidas em
períodos diversos, sujeitas a regramentos jurídicos distintos, sendo o acórdão
paradigma relativo a período de atividade especial anterior à Lei 9.032/95.
Apenas por inversão do raciocínio contido no julgado e projeção deste para
uma situação hipotética, em que o tempo fosse prestado após a Lei 9.032/95
(ao contrário do caso julgado no acórdão), é que se poderia chegar a um
paradigma de comparação válido. Em segundo lugar, mesmo que se tomasse
como paradigma a interpretação extraída mediante projeção para caso diverso
do que foi decidido no acórdão, ainda assim tal interpretação apenas afirmaria
genericamente a necessidade de exposição permanente e habitual, situação
cuja ocorrência foi reconhecida pelo acórdão recorrido, cuja ementa afirmou
textualmente a satisfação do conceito de permanência e habitualidade. 4. Na
realidade, a irresignação do recorrente em relação ao acórdão impugnado diz
respeito às definições de exposição e de permanência adotadas por este.
Porém, a conceituação do que se entende por exposição e por permanência
não foi objeto de discussão no acórdão desta TNU indicado como paradigma.
Logo, não há como presumir que o acórdão da TNU adotou conceito de
permanência diverso daquele adotado pelo acórdão recorrido, e que, portanto,
haja divergência entre eles. 5. Ademais, a identificação entre o conceito de
permanência com integralidade da jornada, constante na redação original do
regulamento da previdência – Decreto n. 3.048/99 (“Art. 65. Considera-se
tempo de trabalho, para efeito desta Subseção, os períodos correspondentes
ao exercício de atividade permanente e habitual (não ocasional nem
intermitente), durante a jornada integral, em cada vínculo trabalhista, sujeito a
condições especiais...”) já foi abandonada pela própria Previdência Social há
quase uma década, quando o Decreto nº 4.882/2003 deu nova redação ao
dispositivo, relacionando o conceito de permanência ao caráter indissociável da
exposição em relação à atividade, e não mais à integralidade da jornada (“Art.
65. Considera-se trabalho permanente, para efeito desta Subseção, aquele que
é exercido de forma não ocasional nem intermitente, no qual a exposição do
empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao agente nocivo seja
indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço”). 6. Divergência
não demonstrada. Incidente de uniformização de jurisprudência não conhecido.
(PEDILEF 00040738020104047254, JUIZ FEDERAL ANDRÉ CARVALHO
MONTEIRO, TNU, DOU 31/05/2013.)

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