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EXORCISTAS
Introdução
Todos sabemos quão importante é hoje o papel dos leigos na Igreja. Há toda
uma rica eclesiologia da comunhão que foi desenvolvida pelo Concílio Vaticano II
até os dias de hoje. Prova disso é a Exortação Apostólica de Sua Santidade João
Paulo II Christifideles Laici onde, entre outras coisas, ele afirma:
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Exortação apostólica pós-sinodal de Sua Santidade Joao Paulo II, 30 de dezembro de 1988. (In
http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_30121988_christifideles-
laici.html) n, 20
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Nos Praenotanda do Ritual dos Exorcismos, encontramos quatro parágrafos
que contêm referências diretas ou indiretas ao papel dos leigos no Ministério do
Exorcismo: são os números 33, 34 b; 35.
Este item dos Praenotanda considera uma situação excepcional que não se
deve tornar habitual, isto é, que não haja um grupo de fiéis, por menor que seja,
durante a celebração do Ritual do Exorcismo. Considerada de fato a possibilidade de,
durante um Exorcismo, o demônio, através da pessoa possuída, manifestar reações
violentas, poderia se tornar necessário segurar a pessoa atormentada nos momentos
de maior agitação.
Além disso, o Exorcismo é um ato litúrgico da Igreja, que considera, como fato
normal, a presença e a participação de um grupo de fiéis, podendo até ser um grupo
pequeno. A Conferência Episcopal Italiana, nas notas de Apresentação da tradução
italiana do Ritual dos Exorcismos, afirma no n° 16:
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“Embora o Ritual do Exorcismo exija uma celebração confidencial, nunca é um
fato privado, mas é um evento que envolve toda a comunidade. O exorcista é, de
fato, um membro da comunidade que exerce esse ministério específico em nome
de Cristo e em nome da Igreja”.
O Exorcista também deve vigiar atentamente para que os fiéis leigos que o
assistem, antes ou depois do exorcismo, e no prazo de tempo entre um encontro e
outro, não se substituam a ele na direção espiritual do fiel possuído.
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II. O PERFIL DO AUXILIAR DO SACERDOTE EXORCISTA
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Christifideles Laici, n.34
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Além da vida de oração, é importante que o Auxiliar tenha um bom
conhecimento da própria fé cristã. A formação na fé, o ajudará a obter uma visão
cristã e católica da realidade, sobretudo numa área tão específica e delicada como o
Ministério do Exorcismo. Durante o Exorcismo – como bem sabemos – o demônio
tenta comprometer a fé dos presentes, para enfraquecer a oração deles ou fazer com
que a interrompam, ou então para insinuar dúvidas, por exemplo, sobre a relação
entre a bondade infinita de Deus e o sofrimento humano. O Exorcista deverá,
portanto, orientar o Auxiliar à leitura e meditação da Sagrada Escritura, ao estudo e
aprofundamento do catecismo e de bons livros de espiritualidade, de forma a ajudá-lo
a alcançar um progressivo e firme conhecimento da própria fé, dos principais meios
que a Igreja oferece para a santificação de seus membros e dos deveres de cristão.
Tudo isso vai “imunizar” o Auxiliar contra o risco de perturbação pelas palavras do
demônio, desconfiança, confusão ou até do perigo de cair em atitudes supersticiosas
ou numa concepção mágica que poderiam insinuar-se.
O Exorcista deve vigiar para que a presença dos Auxiliares, durante a execução
dos exorcismos, seja sempre caracterizada por humildade e discrição. Além disso, os
Auxiliares deverão ser bem instruídos em relação ao que podem e não podem fazer.
A docilidade dos Auxiliares diante de suas indicações ajudará o próprio Exorcista a
manter o recolhimento necessário durante a celebração de seu Ministério.
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ambiente onde está sendo realizado o Exorcismo, se não houver uma razão que
justifique tal movimento. Às vezes, os Auxiliares tiram do bolso Crucifixos,
Rosários, medalhas ou imagens sagradas, mostrando-as ao possuído, ou até encostam
tais objetos no corpo da pessoa possuída; outros ainda impõem as mãos no corpo do
possuído, arbitrariamente... Todas essas atitudes devem ser evitadas. É um
protagonismo às vezes sem querer que, porém, não oferece nenhuma ajuda para a
libertação. Já aconteceu que algum Auxiliar interrompesse o Exorcista para lhe
mostrar algo não necessário ou urgente... Se o Auxiliar precisar falar algo, exceto o
que for extremamente urgente, deverá esperar o fim do Exorcismo, quando as pessoas
já foram embora.
Todas essas indicações são indispensáveis, quer para evitar confusão, quer por
respeito do fiel que estiver recebendo o Ministério da Igreja e também para evitar
distrações ao próprio Exorcista, que precisa manter o recolhimento e a concentração
para desempenhar, da melhor forma, a sua tarefa.
4. Discrição e confidencialidade
A discrição deve ser ainda mais rigorosa, quando as pessoas que recebem o
Exorcismo forem mulheres. A tal propósito, há uma sábia recomendação, ainda hoje
válida e atual, no n° 19 dos Praenotanda do Ritual Romanum.
“Ao exorcizar uma mulher, sempre deverá contar com pessoas de costumes
honestos, que segurem a (fiel) possuída enquanto estiver perturbada pelo
demônio; essas pessoas deverão ser muito pacientes, chegadas, se possível,
parentes; deverão manter sempre o decoro (bom nome), e o Exorcista deverá
vigiar para não dizer ou fazer algo que a si mesmo ou aos outros possa despertar
maus pensamentos”3.
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«Mulierem exorcizans, Semper secum habeat honestas personas, quae obsessam teneant, dum exagitatur a
daemonio; quae quidem personae sint patienti, si fieri potest, cognatione proximae; atque honestatis memor Exorcista
caveat, ne quid dicat, vel faciat, quod sibi, aut aliis occasio ese possit pravae cogitationis»
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“Durante a celebração do exorcismo, e também antes dessa celebração; e
concluído o exorcismo, nem o exorcista nem os presentes divulguem
qualquer notícia a seu respeito, mas observem a devida discrição”.
5. Espirito prático
6. Disponibilidade
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oportunidades de interagir com ele, é por isso que sugerimos, concluindo, as
seguintes recomendações:
2. Comunhão espiritual
3. Liberdade interior
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Christifideles Laici, 23
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Tal liberdade interior impedirá ao Exorcista de “vincular-se” ao Auxiliar
inclusive quando, objetivamente, Deus lhe oferecer dons especiais de conhecimento
da alma ou de carisma. Esses dons têm por objetivo ajudar as pessoas, mas devem ser
submetidos a um atento discernimento pela Igreja, para verificar se são autênticos e
se são de fato úteis ao serviço do Ministério do Exorcismo. Entretanto, o Sacerdote
Exorcista deverá permanecer sempre, interiormente libero. Infelizmente há
Sacerdotes Exorcistas que chegaram ao ponto de não agir sem antes terem consultado
uma ou outra pessoa que ele considera dotada desses supostos dons extraordinários. É
preciso que os Exorcistas estudem com grande atenção a diferença entre carismáticos
e sensitivos, pois vários Exorcistas, sem se dar conta, foram ajudados ou estão sendo
ajudados por pessoas que na realidade são médiuns. No caso do carismático, trata-se
de uma pessoa que recebeu um dom do Espírito Santo; no segundo caso, do sensitivo,
trata-se, ao contrário, de uma pessoa que tem faculdades que vem de um espírito
maligno, precisamente um poder mediúnico, que o diabo às vezes comunica a alguns,
sem que eles nem saibam, ou a outros, por terem se tornado seus seguidores. Esse
poder, no entanto, nunca é infalível, e o que é pior, sempre tem um fim destrutivo,
tanto para a pessoa que o pratica, quanto para aqueles que se valem da colaboração
dos que teriam tal poder. Neste Ministério, a prudência e o senso comum devem
andar sempre de mãos dadas. Se o Exorcista cometer erros, poderá causar graves
prejuízos, por isso torna-se necessária a máxima responsabilidade.
CONCLUSÃO
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