Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A filosofia medieval está fortemente ligada à Igreja Católica, que nesse tempo exercia
grande influência sobre a sociedade. Por isso, a Igreja acreditava que a filosofia seria algo
ruim para seu " reinado" levando em consideração de que ela provoca o pensamento crítico e
as ações da Igreja passariam então a serem questionadas.
Sendo assim, desenvolveu-se a filosofia patrística, que era pregada pelos padres, sendo um
grande propulsor desse pensamento Santo Agostinho. Esse tipo de filosofia buscava resgatar
aqueles que eram contra a Igreja, mostrando-lhes que era possível conciliar fé e razão.
Esse tipo de filosofia pregava que a liberdade e o livre arbítrio deveriam ser pensados,
levando em consideração de que Deus era quem decidia todas as coisas. Tratava-se do
pensamento teocêntrico, onde Deus estava no centro do mundo.
Santo Agostinho, como propulsor dessa filosofia, acreditava que o amor era uma virtude,
livre de paixões e se manifestava como fraterno e também como um dom divino de Deus.
No que diz respeito ainda à fé e à razão, Abelardo propunha um novo modelo dialético como
algo imprescindível para justificar racionalmente a fé.
Paulo Sales
História da Filosofia Medieval 2
A essência de Deus é impossível de ser definida, pois ela não pode ser expressa. E não
pode ser expressa porque para isso Deus teria que ser uma substância, e Deus está fora de
todas as coisas que conhecemos e que possamos vir a conhecer. Para tentar explicar a trindade
da pessoa divina Abelardo usa como metáfora a gramática que diferencia quem fala, para
quem se fala e o que se fala. Na unidade divina as três pessoas podem ser uma só, pois é
possível falar de si a si mesmo. A primeira pessoa é também o fundamento das outras duas,
pois se não existir quem fala não existirá também o que se fala e a quem se fala.
Sobre as questões éticas Abelardo afirma que o pecado não é em si a ação física, mas
o elemento psicológico dessa ação, ou seja, o pecado é a intenção de pecar e não a ação.
Sentenças:
- A chave para encontrarmos a sabedoria é a interrogação permanente e regular.
- Escrever é um mal perigoso e contagioso.
- Não podemos acreditar em nada se antes não o entendermos.
- É ridículo pregar aos outros aquilo que nem nós nem os outros entendemos.
- Deus faz aquilo que quer, mas como só quer aquilo que é bom, Deus só faz o bem.
Na esteira das traduções que abalaram o Ocidente, encontrou-se a Isagoge, obra do filósofo
antigo Porfírio, onde ele expunha o problema dos universais em Aristóteles. Iniciava-se assim
um dos mais longos debates da história da filosofia.
Quando olhamos para duas maçãs, vemos algo de comum entre elas? Ou elas são
completamente diferentes? Há uma substância "maçã" separada delas, ou ela está em cada
uma das maçãs? Ou a substância "maçã" não existe de forma alguma? Perguntas desse tipo é
que dirigiram o debate dos universais.
Abelardo defendeu, contra alguns de seus colegas, a posição de que os universais não
eram nem estritamente coisas reais e nem simplesmente conceitos, mas ocupavam uma
posição intermediária entre a coisa concreta e a simples palavra.
O problema dos universais surgiu entre os filósofos gregos que acreditavam que existem
entidades independentes da mente que explicam as coisas particulares que são parecidas. Por
exemplo, uma maçã e o sangue são ambos vermelhos e portanto dividem um universal
("vermelhidão") que está presente nos dois e é real. Pedro Abelardo negou a existência real
dos universais e defendeu que a única coisa universal é o nome (por isso nominalismo). Para
os realistas extremados, e o mais destacado foi Guilherme de Champeaux, não haveria mais
do que um homem (essência de homem), e a distinção entre os indivíduos seria puramente
acidental. Os universais são ante rem, isto é, são anteriores às coisas individuais. Numa
segunda teoria Guilherme de Champeaux propõe que o universal é uma res não
Paulo Sales
História da Filosofia Medieval 2
essencialmente, mas só indiferentemente idêntica nos vários indivíduos. Esta segunda teoria é
conhecida como teoria da não-diferença ou indiferença (TND). Os indivíduos são “pessoais”,
isto é, são individualmente distintos, tanto pela sua matéria como pela sua forma.
Os critérios para a classificação de argumentos ontológicos não são exatos e nem amplamente
aceitos, mas eles geralmente partem da definição de Deus e chegam à conclusão de que a sua
existência é necessária e certa. Esse tipo de argumento parte de um raciocínio unicamente a
priori e faz pouca ou nenhuma referência a posteriori, de cunho empírico.
O argumento ontológico para provar a existência de Deus, criado por Santo Anselmo, visava
prova-la de uma forma a priori, passando do simples conceito de Deus à sua existência.
Anselmo definiu Deus como sendo a maior coisa que a mente humana pode conceber e
defendeu que, se o maior ser possível existe na imaginação, ele também deve existir na
realidade. Ele colocou em seu argumento que uma das características de tal ser, o maior e
menor que se pode imaginar, é a existência.
Paulo Sales
História da Filosofia Medieval 2
Para Avicena “todo o ser enquanto tal é necessário”. Se algo não é necessário em relação a si
mesmo, necessita que seja possível em relação a si mesmo e necessário em relação a uma
coisa diferente. Para Avicena a propriedade essencial “do que é possível” é justamente essa, a
exigência necessária de outra coisa que a faça existir “em ato”. Segundo ele, “a existência em
ato é necessária”. Quando algo passa a existir em ato, recebe também a necessidade, na
medida que só veio a ser por razão de uma outra causa. Esse é um dos argumentos antológicos
defendidos por Avicena para provar a existência de Deus. Esse ser é necessário para a
existência de todos os outros entes, portanto, “sua essência, implica a existência”. Esse
argumento da necessidade do ser elimina radicalmente a contingência do ser defendida pela
tradição escolástica cristã, “interessada em manter a liberdade da criação”, mostrando um
forte contraste entre a tradição cristã e a teoria da necessidade do ser.
É reconhecido em Alberto Magno o primeiro esforço de estabelecer uma fronteira clara entra
a investigação filosofia e a teologia. O conhecimento filosófico utiliza-se apenas da razão
enquanto a fé ultrapassa os domínios da razão. A investigação filosófica tem por ferramenta
os princípios fornecidos pela razão, dessa forma, sua luz é puramente natural; “já a teologia
pode recorrer também a princípios que excedem os princípios naturais da razão e que nos são
acessíveis somente mediante a revelação; tais princípios nos são “infusos” por certa luz
sobrenatural, a luz da fé (lumen fidei)”.
Deus se revela ao homem de duas maneiras. A primeira é de forma geral e é essa revelação
que recebem os filósofos. A segunda maneira é uma revelação superior que nos leva à
intuição do sobrenatural. A Teologia tem por base a segunda revelação. Na primeira revelação
aparecem as verdades da razão, na segunda revelação aparecem as verdades da fé.
Toda a teoria desenvolvida por Tomás de Aquino acerca das relações entre fé e razão parte do
pressuposto segundo o qual não existe uma única via de acesso à verdade. É a esse acesso à
verdade, compreendido como intelecção, isto é, como adequação do intelecto às coisas que
Tomás entende por conhecimento. Assim, ele desenvolve uma diferenciação entre tipos de
verdade que não se refere ao objeto inteligido, mas à natureza da intelecção: quando o
intelecto aceita uma verdade deduzida, a partir de determinado princípio pela evidência com
que este princípio se apresenta, fala-se em conhecimento racional; quando aceita a uma
verdade pela fiabilidade que se deve a Deus, na medida em que ele conhece perfeitamente a si
e a todas as outras coisas, fala-se em fé.
À razão, ele atribui o conhecimento certo da existência de Deus e de alguns de seus atributos.
À fé, ele atribui o conhecimento de verdades referentes à substância mesma de Deus. É assim
Paulo Sales
História da Filosofia Medieval 2
Paulo Sales