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UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE FACULDADE DE

CIÊNCIAS ECONÔMICAS E EMPRESARIAIS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

CURSO DE ECONOMIA PÓS-LABOARAL

DISCIPLINA HISTORIA DE PENSAMENTO ECONOMICO

IIº Teste

Estudante: Docente:
o Arcenio Custódio Zunguza ○ Dr.

Escola Clássica
O pensamento dos economistas clássicos fundamenta-se, na liberdade individual e no
comportamento racional dos agentes econômicos e é geralmente chamada de
liberalismo econômico. Suas bases eram:
 Liberdade pessoal;
 Propriedade privada;
 Iniciativa individual;
 Interferência minima do estado.

Neste contexto para os clássicos ao estado caberia:


 Assegurar a liberdade individual e coletiva;
 Proteger os empreendimentos e os direitos de propriedade;
 Manter a ordem e a segurança dos cidadãos;
 Investir na educação, saúde e em certas obras públicas.

Para a escola clássica as forças do mercado livre e competitivo guiariam a produção, a


troca e a distribuição. Os clássicos enfatizavam a harmonia natural de interesses em uma
economia de mercado também assinalavam que todos os recursos econômicos como as
atividades econômicas contribuíam para a riqueza de uma nação.
No longo prazo, a economia clássica atendeu a toda a sociedade porque a aplicação de
suas teorias promovia o acumulo de capital e o crescimento econômico. Ela dava
respeitabilidade aos empresários, em um mundo que anteriormente tinha direcionado as
honras e a renda para a nobreza e os abastados. Os mercadores e os industriais
obtiveram um novo status e dignidade, como promotores da riqueza da nação, e os
empresários estavam seguros de que, ao procurar o lucro, estavam atendendo a
sociedade.
A economia clássica também racionalizava as praticas em que estava envolvida ao
transformar as pessoas em empreendedores. A concorrência era um fenômeno crescente,
e a confiança nela como a grande reguladora da economia era um ponto de vista
sustentável.
Escola Neoclássica
A essência do pensamento neoclássico também conhecido como marginalista pode ser
sintetizada em 10 pontos (Oser & Blanchfield, 1983, p. 207):
a) Raciocínio na margem: a decisão de produzir ou consumir vai depender do custo
ou benefício proporcionado pela última unidade;
b) Abordagem microeconômica: o indivíduo e a firma estão no centro da análise,
cada bem levado ao mercado é único ou homogêneo, possuindo um preço que
equilibra sua oferta com a demanda;
c) Método abstrato-dedutivo: abstração teórica, argumentação lógica e conclusão;
d) Concorrência pura nos mercados, sendo o monopólio uma exceção: muitos
vendedores e compradores concorrem no mercado por bens e serviços; as firmas
são pequenas e individualmente não conseguem influenciar o preço de equilíbrio
de mercado;
e) Ênfase na demanda como elemento crucial para determinar os preços, ao
contrário dos clássicos que enfocavam a oferta, ou custo de produção;
f) Teoria da utilidade: a utilidade que as pessoas têm no consumo dos bens,
determinada por seus gostos, influencia as quantidades demandadas de cada bem
e, então, seus preços;
g) Teoria do equilíbrio: as variáveis econômicas interagem e o sistema manifesta
uma tendência ao equilíbrio pelo jogo das livres forças de mercado;
h) Direitos de propriedade: cada proprietário recebe pela posse de um fator de
produção;
i) Racionalidade: as firmas e consumidores maximizam lucro ou satisfação e não
agem por impulso;
j) Laissez-faire, ou liberdade de mercado: toda e qualquer interferência nos
automatismos do mercado gera custos e reduz o bem-estar social.

Crise de 1929
História Geral
A Crise de 1929, ou Grande Depressão, foi o colapso do capitalismo e também do
liberalismo econômico. Ficou conhecida como uma crise de superprodução.
Desempregados em uma fila à espera de receber alimento em Nova Iorque, em 1930
Desempregados em uma fila à espera de receber alimento em Nova Iorque, em 1930
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A Crise de 1929, também conhecida como Grande Depressão, foi uma forte recessão
econômica que atingiu o capitalismo internacional no final da década de 1920. Marcou a
decadência do liberalismo econômico, naquele momento, e teve como causas a
superprodução e especulação financeira.

Acesse também: Fases do Capitalismo


Os Estados Unidos antes da crise econômica

Antes da crise de 1929 estourar, os Estados Unidos já ocupavam o posto de maior


economia do mundo. Antes mesmo da Primeira Guerra Mundial, a economia americana
já possuía índices que comprovavam essa supremacia, e os eventos da guerra só
acentuaram a posição de potência econômica internacional dos Estados Unidos.

Em virtude do rápido crescimento da economia americana após a guerra, a década de


1920 foi um período de grande euforia econômica, o qual ficou conhecido como
Roaring Twenties (traduzido para o português como Loucos Anos Vinte). Esse
momento da história americana ficou marcado principalmente pelo avanço do consumo
de mercadorias, consolidando o American way of life, o estilo de vida americano.

O avanço da economia americana tornou o país responsável pela produção de 42% de


todas as mercadorias feitas no mundo. A nação também era a maior credora do mundo e
emprestava vultuosas somas de dinheiro para as nações europeias em processo de
reconstrução (após a Primeira Guerra). No quesito importação, os Estados Unidos eram
responsáveis por comprar 40% das matérias-primas vendidas pelas quinze nações mais
comerciais do mundo.
Mapa Mental: Crise de 1929

Mapa Mental: Crise de 29

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Essa euforia econômica refletia-se na população a partir de um consumismo acelerado,


levando as pessoas a comprarem carros e artigos eletrodomésticos de maneira
desenfreada. Esse consumismo ancorava-se, em parte, na expansão do crédito que
acontecia no país sem nenhum tipo de regulação ou intervenção estatal. A expansão do
crédito também cumpria importante papel no financiamento de diferentes atividades
econômicas.

Com esse quadro, os Estados Unidos viviam um momento de pleno emprego e rápido
crescimento industrial. Entre 1923 e 1929, os Estados Unidos possuíam uma taxa média
de desemprego de 4%, a produção de automóveis no país aumentou 33%, o número de
indústrias instaladas no país aumentou por volta de 10% e o faturamento do comércio
quintuplicou.

Por causa do boom econômico e da onda de euforia, as pessoas passaram a investir de


maneira intensa no mercado financeiro, disparando a especulação monetária. Durante a
década de 1920, os investimentos nas ações das empresas na bolsa de valores de Nova
Iorque tiveram saltos consideráveis.

O sentido de especulação financeira aqui está relacionado com pessoas que compravam
ações na bolsa, esperando que estas se valorizassem para logo em seguidas revendê-las.
Esse processo fazia com que os valores das ações aumentassem – pois havia muitos
compradores – e criava uma falsa sensação de prosperidade. A continuidade desse falso
cenário de prosperidade financeira e a superprodução resultaram na quebra da economia
americana.
Quebra da bolsa de Nova Iorque

Toda essa prosperidade estava amparada em bases extremamente frágeis. O crédito


desregulado e o crescimento da especulação financeira criaram uma bolha de falsa
prosperidade que estava à beira do precipício. A sociedade tornou-se incapaz de
perceber o que estava prestes a acontecer. Esse processo foi explicado por Hobsbawm
da seguinte maneira:

O que acontecia, como muitas vezes acontece nos booms de mercados livres, era que,
com os salários ficando para trás, os lucros cresceram desproporcionalmente, e os
prósperos obtiveram uma fatia maior do bolo nacional. Mas como a demanda da massa
não podia acompanhar a produtividade em rápido crescimento do sistema industrial nos
grandes dias de Henry Ford, o resultado foi superprodução e especulação. Isso, por sua
vez, provocou o colapso1.

A questão salarial que foi mencionada no trecho acima é muito importante para
entendermos uma das facetas da crise: a superprodução. Na década de 1920, a indústria
dos Estados Unidos expandiu-se e a produtividade do trabalhador aumentou. Esse
aumento na produção, no entanto, não foi acompanhado de aumentos salariais, pois os
salários permaneceram estagnados. Assim, o mercado não tive condições de absorver a
quantidade de mercadorias que eram produzidas (nem o mercado americano nem outros
países conseguiam absorver essas mercadorias). Isso abalou a esperança de rápida
prosperidade de muitos que tinham ações de empresas americanas.

Milhares de pessoas resolveram vender as suas ações no dia 24 de outubro de 1929, no


que ficou conhecido como Quinta-feira Negra. Nesse dia, mais de 12 milhões de ações
foram colocadas à venda, o que deixou o mercado em pânico. Essa situação se estendeu
por dias e na segunda, dia 28, mais 33 milhões de ações foram colocadas à venda.
Imediatamente o valor das ações despencou, e bilhões de dólares desapareceram. A
economia americana quebrou.
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Consequências da Crise de 1929

Os efeitos da crise para a economia dos Estados Unidos foram imediatos e espalharam-
se pelo país como um efeito dominó. O período mais crítico foi de 1929 a 1933; logo
após, os efeitos da crise foram enfraquecendo-se, principalmente por causa da
intervenção do Estado na economia com o New Deal (Novo Acordo).
Leia também: O programa de recuperação econômico aplicado durante a Grande
Depressão

Separamos abaixo alguns dados que evidenciam o impacto da crise na economia dos
Estados Unidos:

PIB nominal dos Estados Unidos caiu aproximadamente 50%

O desemprego disparou e alcançou 27% (era 4% antes da crise)

Importações caíram 70%

Exportações caíram 50%

Diminuíram em 90% os empréstimos internacionais

Produção industrial caiu, no mínimo, 1/3

Produção de automóveis foi reduzida em 50%

Salário médio na indústria caiu 50%

Falência de milhares de empresas e bancos

Milhares de pessoas perderam instantaneamente todo seu patrimônio, uma vez que ele
estava investido em valores da especulação que haviam desaparecido com a quebra da
bolsa. Os efeitos da crise espalharam-se pelo mundo, por isso, a economia de diversos
países entrou em recessão, e o desemprego disparou mundo afora.

A situação era tão crítica que o desemprego alcançou níveis altíssimos nos seguintes
países:

Grã-Bretanha: 23%
Bélgica: 23%

Suécia: 24%

Áustria: 29%

Noruega: 31%

Dinamarca: 32%

Alemanha: 44%

A maioria desses países teve dificuldade em reduzir esses índices mesmo após 1933.
Vale dizer também que esses dados nos dão uma pista do motivo pelo qual o fascismo e
os ideais de extrema-direita tiveram tanta repercussão nos quadros políticos da Europa
durante a década de 1930. Ao todo, o comércio internacional foi reduzido em
aproximadamente 1/3.
1. Diga quais as contribuições de J. M. keynes na economia.

Quando a doutrina clássica não se mostrava suficiente diante de novos fatos


econômicos, surgiu o economista inglês John Maynard Keynes que, com suas obras,
promoveu uma revolução na doutrina econômica, opondo-se, principalmente, ao
marxismo e ao classicismo. Substituindo os estudos clássicos por uma nova maneira da
raciocinar na economia, além de fazer uma análise econômica restabelecedora do
contato com a realidade.
Seus objetivos eram de, principalmente, explicar as flutuações econômicas ou
flutuações de mercado e o desemprego generalizado, ou seja, o estudo do desemprego
em uma economia de mercado, sua causa e sua cura.
Opondo-se ao pensamento marxista, Keynes acreditava que o capitalismo poderia ser
mantido, desde que fossem feitas reformas significativas, já que o capitalismo houvera
se mostrado incompatível com a manutenção do pleno emprego e da estabilidade
econômica. Recebendo, portanto, muitas críticas dos socialistas no que se refere ao
aumento da inflação, ao estabelecimento da uma lei única de consumo, ignorando as
diferenças de classes. E, por outro lado, algumas de suas ideias foram agregadas ao
pensamento socialista, como por exemplo, a política do pleno emprego e a do
direcionamento dos investimentos.
Keynes defendia a intervenção moderada do Estado. Afirmava que não havia razão para
o socialismo do Estado, pois não seria a posse dos meios de produção que resolveria os
problemas sociais, ao Estado compete incentivar o aumento dos meios de produção e a
boa remuneração de seus detentores.
Roy Harrod acreditava que Keynes tinha três talentos que poucos economistas possuem.
Primeiramente a lógica, para assim poder ter se transformado num grande especialista
na teoria pura da Economia. Dominar a técnica de escrever lúcida e convincentemente.
E, por fim, possuir um senso realista de como as coisas se realizarão na prática.
Suas obras estimularam o desenvolvimento de estudos não só no campo econômico,
mas também nas áreas da contabilidade e da estatística. Na evolução do pensamento
econômico, até agora, não houve nenhuma obra que provocasse tanto impacto quanto a
Teoria Geral do Emprego, do juro e da moeda de Keynes.
O ponto em que Keynes se baseou para contestar os clássicos é que o trabalhador
prefere sempre trabalhar a não trabalhar e que está interessado sobretudo em manter os
seus salários nominais, o que significa que está sujeito ao fenômeno que chamou de
“ilusão monetária”. A rigidez do salário nominal decorre da resistência dos
trabalhadores em aceitar reduções de seu salário nominal vis- à -vis aos trabalhadores de
outro ramo industrial, porque percebem que a sua situação relativa sofreu uma
deterioração. Já este não é o caso do salário real porque a sua queda afeta por igual
todos os trabalhadores, a não ser quando essa queda for excessivamente grande.
Keynes achava que os trabalhadores, ao agirem dessa forma, revelaram-se mais
razoáveis que os próprios economistas clássicos, que jogavam a culpa do desemprego
nos ombros dos trabalhadores pela sua recusa em aceitarem reduções no seu salário
nominal. À essa altura, Keynes só tinha dois caminhos a seguir: ou explicava o salário
real e, a partir daí, determinava o nível de emprego; ou explicava primeiro o nível de
emprego para depois chegar ao salário real (Macedo, 1982). Keynes escolheu o segundo
caminho. Para ele, não são os trabalhadores que controlam o emprego, mas sim a
demanda efetiva. Dessa maneira, a diminuição dos salários nominais não constitui
estratégia eficaz para aumentar o emprego, uma vez que a manipulação da demanda
representava uma política muito mais inteligente. Nesse aspecto, Keynes literalmente
vira “de pernas para o ar” a estrutura clássica: “o emprego não é elevado pela redução
dos salários reais, … o que sucede é o inverso, os salários reais caem porque o emprego
foi elevado mediante um aumento da procura” Portanto, os contratos entre patrões e
empregados só determinam os salários nominais; enquanto que os salários reais – para
Keynes – são determinados por outras forças, isto é, aquelas relacionadas com a
demanda agregada e o emprego.

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