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Ricardo Trevisan
Oferta e demanda
Os preços nem sempre decorrem do equilíbrio entre ofertantes e
demandantes, mas a tendência a este equilíbrio está presente em qualquer
estrutura de mercado, mesmo no monopólio. Parece estranho? Pense no
seguinte: se você é o único ofertante de algum produto, como energia elétrica
ou transporte coletivo, não significa que o consumidor vá comprá-lo, nem
que o fará sempre na mesma quantidade ou de forma independente em
relação ao preço. Se o preço sobe, o consumidor busca outras opções,
inclusive a restrição de consumo.
Como funciona o equilíbrio entre oferta e demanda? Por exemplo, o sorvete:
se o preço cair, a tendência é que mais pessoas consumam sorvete, e quem já
consumia o faça em quantidades maiores. Se o sorvete ficar mais caro, a
tendência é contrária. Ou seja, a demanda mantém uma relação inversa com o
preço. Quanto mais barato, mais demanda, quanto mais caro, menos
demanda.
A oferta funciona de forma exatamente oposta: se o preço do sorvete subir,
haverá mais interessados em vender, e a oferta aumenta. Se o preço cair,
alguns produtores vão preferir deixar de oferecer sorvetes para oferecer
outros produtos (como chocolate, por exemplo), e a oferta diminui. A oferta
mantém uma relação direta com o preço.
Modelo teórico clássico de oferta e demanda
Estrutura organizacional
A forma como a empresa se organiza internamente é consequência direta do
planejamento estratégico. Por este motivo, é necessário fazer uma
retrospectiva histórica para entender as estruturas, pois elas sempre foram
adicionadas e modificadas, nunca substituídas. É necessário entender este
desenvolvimento para reconhecer uma estrutura e seu estágio de
desenvolvimento e evitar um equívoco muito comum: olhar para uma
estrutura arcaica e confundi-la com uma contemporânea.
Os primeiros desenvolvimentos da administração clássica vieram no final do
século XIX com a Teoria da Administração de Negócios, de Henri Fayol.
Separavam, inicialmente a operação da gestão, ou seja, criaram uma parte
nova na estrutura empresarial que não estava diretamente ligada à produção.
A estrutura que surgiu com sua evolução foi a de separação da empresa por
funções, e cada função em um departamento (financeiro, projetos, operação,
etc.). Este é o modelo clássico, derivado da administração científica.
Após o experimento de Hawthorne, realizado entre 1924 e 1932 numa
divisão da Western Electric próxima a Chicago, ficou evidente que o ser
humano é um elemento muito mais complexo do que os modelos de gestão da
época estavam considerando. As pessoas teimavam em querer atenção, em
ser recompensadas e a formar grupos informais, fenômenos que hoje são
óbvios, mas que chocaram os administradores da época. Não tinham ainda
percebido mais do que pares de mãos para operar as máquinas (daí vem o
termo “mão-de-obra”). Apesar dos estudos de Hawthorne terem sido
divulgados e comentados entre os gestores da época, demorou para que
fossem efetivamente utilizados no planejamento da estrutura organizacional.
Depois da Segunda Guerra mundial, um biólogo austríaco chamado Karl
Bertalanffy começou a falar de sistemas abertos (no início ele estava falando
apenas de biologia), e se tornou um dos pais da Teoria Geral dos Sistemas.
Ele dizia que as leis da termodinâmica de sistemas fechados não se aplicavam
a sistemas abertos, como seres vivos. Era uma época em que os Estados
Unidos investiam pesado no Plano Marshall, injetando recursos financeiros
nos países europeus após a guerra para evitar um amplo espraiamento do
comunismo soviético na região. Junto com os recursos, foram os produtos e
empresas ianques para a Europa e a Ásia. Enfrentavam então uma situação
nova – a necessidade de adaptação, de rápida evolução e mutação
tecnológica, e de se comportar como sistemas abertos. As teorias de
Bertalanffy começaram a fazer sentido para a administração dessas empresas,
e todos os elementos passaram por reavaliações. Quando chegou a vez das
relações de trabalho, alguém se lembrou de Hawthorne. Surgiram os
primeiros planos de carreira e promoção, a pirâmide hierárquica das empresas
ficou mais clara e “escalável”. As grandes empresas cresceram ainda mais
com a separação de unidades de negócios e com a dupla subordinação.
Essa configuração funcionou bem enquanto Europa e Ásia eram mercados
cativos do capital norte-americano. Mas já nos anos 1960 este modelo
econômico começou a mostrar sinais de enfraquecimento (a conversibilidade
direta de dólar em ouro do acordo de Bretton Woods foi suspensa pelo
presidente Richard Nixon em 1971) e as indústrias europeias e japonesas
ganhavam espaço em seus mercados domésticos. Os eventos seguintes só
complicariam ainda mais a sobrevivência do modelo hierárquico com muitos
níveis intermediários, utilizados pelas empresas norte-americanas desde o
pós-guerra: o choque do petróleo em 1973 e o avanço dos modelos de
qualidade e eficiência japonesas deixaram evidente que o futuro seria mais
enxuto e direto. Os modelos japoneses foram então importados para as
indústrias americanas, e termos como Kaizen, Kanban, Qualidade Total e
Just-in-Time provocaram profundas alterações na estrutura das empresas
ocidentais nos anos 1980 e 1990. Os níveis intermediários foram reduzidos à
quase inexistência, os níveis inferiores ganharam autonomia e maior
responsabilidade, as células de trabalho do toyotismo foram adaptadas à
cultura norte-americana. Toda a célula, além de possuir grande autonomia,
era totalmente resposável por seu trabalho. Significa que não haveria
resposabilização individual – os colegas passaram a se fiscalizar mutuamente,
e os superiores perderam o emprego ou foram reintegrados ao processo
produtivo. Os sistemas asiáticos são enxutos e eficientes, mas ninguém diz
que são generosos ou humanistas. É assim que o presidente de uma empresa
japonesa lida diretamente com o chão de fábrica, sem intermediários.
O desenvolvimento da tecnologia da informação e das telecomunicações
deixou as relações de trabalho mais amplas e intensas, permitiu uma
flexibilidade muito maior e as estruturas ficaram mais virtuais, e menos
visuais. Ficou comum entrar numa empresa e não saber quem é superior a
quem. O deslocamento rápido de colaboradores entre diferentes projetos
ficou mais fácil e rápido, e surgiram as estruturas matriciais. A pirâmide
continua existindo, porém menos dominante, e os subordinados se
movimentam entre líderes de projetos com frequência, tendo um chefe
diferente a cada momento.
Repare que a grande maioria dos escritórios de arquitetura brasileiros só
chegou até este ponto. Mas só apresentei modelos criados até a década de
1990. E os poucos que chegaram até aqui foram os que conseguiram vencer o
desafio da descentralização, que não é simples para quem lida com
desenvolvimento de projetos autorais. Depois destes surgiram ainda os
modelos decorrentes de dificuldades encontradas na matricialidade, como o
Organograma Linear (onde as linhas da matriz são hierarquizadas para evitar
conflitos entre líderes por colaboradores), ou modelos que exigem alto grau
de conscientização, autonomia e responsabilização do colaborador, como as
estruturas neurais e o modelo Volvo. Estes últimos ainda são de difícil
implementação no ambiente brasileiro, principalmente por nossas
deficiências educacionais e arcaica legislação trabalhista.
Parte 2: marketing para serviços de arquitetura
A primeira coisa que muitos livros da área fazem é definir o que é marketing
(e o que não é), muito motivados pelo fato do termo ser mal empregado com
frequência. Não há dúvidas de que boa parte da culpa é da imprensa, a qual
costuma cristalizar equívocos nesta área. Marketing é muito mais que simples
propaganda e estímulos comerciais – estas são apenas algumas das inúmeras
ferramentas disponíveis. Interfere em questões estratégicas da empresa,
como onde se instalar geograficamente, que mercados atender (e quais não
atender), que tipo de produto desenvolver, como se organizar internamente,
como se articular em relação à cadeia de suprimentos e aos canais de
distribuição, desenvolver produtos (sejam estes caracterizados como bens ou
serviços), definir política de preços. Ou seja, está intimamente ligado ao
planejamento estratégico da empresa.
A função do marketing é otimizar as relações de troca no mercado, como uma
venda, por exemplo (lembrando que a definição de mercado é o lugar onde
ofertantes e demandantes se encontram). Ambos possuem margens de
negociação, mesmo que não saibam disso, e são influenciados por todos os
fatores que afetam qualquer ser humano. Possuem histórias de vida,
cresceram dentro de determinada cultura social e possuem condicionantes
singulares para a negociação. O marketing procura racionalizar e
compreender ao máximo as variáveis envolvidas na troca que pode se
estabelecer entre essas duas partes com o objetivo de favorecer o seu lado,
desde uma forma pontual até uma construção de relacionamento de longo
prazo. É mais ou menos como um namoro: começa com um estudo de
diferenciação no mercado, uma definição de posicionamento, o estudo de
possibilidades de vínculos, firmar um compromisso e o investir no esforço
contínuo de manter o vínculo com a outra parte por toda a vida.
As empresas encaram de diferentes formas como deve ser o esforço de
marketing para realizar seus negócios. A maioria dos escritórios de
arquitetura focam totalmente no produto: acreditam tanto na qualidade de
seus trabalhos anteriores que todos os esforços de marketing são para mostrar
um portfólio para seu público-alvo, e às vezes sem qualquer condução lógica
nessa apresentação. Veja os escritórios mais famosos na internet: são grandes
portfólios digitais. Talvez estejam deixando de lado o que o potencial cliente
realmente deseja e continuam oferecendo o que acreditam ser bom para seu
público, sem um significativo esforço de verificação da real efetividade deste
comportamento. Talvez um comportamento inofensivo, talvez um erro fatal.
Ignorar deliberadamente o ponto de vista do mercado foi o comportamento da
indústria de chapéus. Todo mundo comprava chapéu, então uma empresa que
produzia bons exemplares deste tipo de produto apenas mostrava seus
modelos na vitrine, exibindo qualidade técnica e design de excelência. Mas
desapareceram do mercado. Todos os competidores, dos piores aos melhores.
Esqueceram de investir na manutenção do mercado.
Qualquer tipo de negócio depende de um conjunto coordenado de
planejamento e ações que identifiquem os segmentos de mercado, definam
corretamente seu público-alvo, desenvolvam produtos (bens ou serviços)
adequados, pratiquem preços viáveis que posicionem a empresa e a marca
corretamente, se comuniquem com o mercado de forma eficaz, e estejam
acessíveis a seu público. Ou seja, é um trabalho difícil.
A indústria de chapéus não desapareceu por problemas nos preços nem nas
características intrínsecas do produto. O problema foi que o mercado deixou
de perceber valor naquele bem. Valor e preço são conceitos muito diferentes,
apesar do uso incorreto das palavras. Nós utilizamos pouco (e mal) o termo
valor no Brasil. Um ótimo exemplo para entender o conceito é o caso do
vendedor de redes na praia. Observemos o comportamento de um desses
profissionais imaginando uma cena hipotética.
O vendedor se aproxima do cidadão de férias, o qual deseja paz e sossego e
que não tem a menor intenção de comprar uma rede. As redes são bonitas e
de boa qualidade. O vendedor oferece qualquer uma por um preço alto (quem
sabe?). Na primeira recusa, o preço abaixa, e o cidadão em férias começa a
ficar incomodado, pois não quer comprar rede, qualquer que seja o preço.
Mas o vendedor depende disso para sobreviver, insiste, e continua a baixar o
preço até, digamos, 20% do valor inicial. O cidadão diz que não quer
comprar rede, não tem onde utilizar, tentando se livrar logo da situação e
voltar o mais rápido possível a sua ocupação anterior: não fazer nada. O
vendedor fica nervoso (ou finge ficar), pois diz que não pode abaixar mais o
preço e vai embora. O vendedor não vai entender por que não vendeu a rede,
estava “num valor ótimo”.
Na verdade, o valor era péssimo. O preço podia ser baixo, mas o preço
sozinho não define o valor. A diferença é que o preço é aquele número na
etiqueta que diz quanto você tira do bolso para adquirir o produto. Valor é um
conceito mais amplo, ligado aos benefícios esperados com a aquisição. Tem
relação com a popularmente conhecida relação custo-benefício. Não adianta
baixar o preço da rede a níveis irrisórios se os benefícios percebidos não
existirem. Não adianta baixar o preço de um projeto de arquitetura se
seu potencial cliente não enxerga seus benefícios. Não ofereça seu
produto para o cliente errado.
Valor também pode ser entendido como aquilo pelo que o consumidor está
disposto a pagar. Se você está numa casa de praia com uma bela varanda, está
disposto a pagar um preço razoável por uma rede, os benefícios estão
evidentes. Aliás, sem a rede, os próprios benefícios da casa ficarão limitados
a partir do momento em que você se lembra da possibilidade de se deitar à
sombra da varanda.
Veja que há dois tipos diferentes de benefícios, e isto é muito evidente na
arquitetura. O primeiro conjunto é formado pelos benefícios objetivos,
decorrentes da função a ser desempenhada. Otimização de área construída,
boa relação de área útil em relação a circulações, soluções construtivas e
estruturais otimizadas são benefícios funcionais. Por outro lado, há alguns
benefícios desprovidos dessa objetividade mas que não são dispensados pelo
consumidor, como um bom design, a beleza de um edifício, uma lembrança,
uma fantasia, ou a visão de uma rede na varanda. São os benefícios
hedônicos.
Este pacote de benefícios é confrontado, na mente do consumidor, com os
custos envolvidos. Nem sempre este confronto é consciente, muitas vezes é
automatizado por “atalhos” (as chamadas heurísticas) que nossa mente
desenvolve. Os mais evidentes são os custos econômicos, o quanto pesa no
bolso. Mas estes custos estão longe de serem os únicos considerados.
Voltemos ao caso da rede: imagine-se na varanda desejando a tal rede que
você recusou do vendedor ontem. Agora os benefícios são vistos, e a
transação de compra é desejada. Mas voltar à praia e solicitar a rede ao
vendedor terá um custo maior que o econômico: ter que admitir que estava
errado. Este é um custo alto para o ser humano, o de ferir o próprio orgulho.
É uma modalidade de custo psíquico (o ser humano talvez aceite pagar mais
pela rede para outro vendedor para não enfrentar esse custo). Uma opção
alternativa é se deslocar para outra localidade em busca da tal rede (e torcer
para não topar com o vendedor conhecido), mas com isso seu reduzido tempo
de férias será consumido com uma atividade menos agradável. Algumas
pesquisas[1] mostram que os custos de tempo tem peso menor que os custos
econômicos na mente do consumidor. Mas isso não significa que sejam
desprezados, também estão na balança:
Mix de marketing
O bom gestor define ações desejáveis para a empresa sempre em mais de uma
frente – o esforço isolado não perdura. O conjunto dessas frentes é chamado
de composto (ou mix) de marketing. A composição mínima desse conjunto é
a dos chamados quatro “P”s: produto, preço, promoção e praça:
Ações sobre o produto: definição das características importantes
para um determinado mercado, os atributos essenciais para a
percepção dos benefícios de maior valor ao cliente alvo. Quais
atributos do projeto de arquitetura são mais valorizados pelo seu
mercado? Mais do que isso: que tipo de produto devo oferecer e
qual tipo não devo oferecer ao mercado?
Ações sobre preços: em que faixa de preços devo trabalhar para
transmitir uma mensagem adequada ao mercado alvo? Se o preço
for muito baixo, a mensagem é de corte de custos, qualidade
limitada, necessidade imediata de capital, agressividade
comercial. Se o preço for muito alto, o potencial cliente pode ver a
transação como irracional, pode sentir que não faz parte do
mercado daquela empresa, ver injustiça no negócio, ambição de
seus gestores, e assim por diante. E também vai comparar preços
com seu concorrente e colocar sua marca em uma determinada
posição em relação a outras empresas, marcas e conceitos. O
posicionamento da marca ocorre na mente do consumidor,
portanta ela deve ser seu objetivo.
Ações sobre promoção: são as movimentações ativas da empresa
no sentido de se apresentar ao mercado e associar a marca a
conceitos abstratos na mente do consumidor, como adjetivos, por
exemplo. A propaganda é uma ação de promoção, tenta associar
sabonete a carinho, seguros a proteção, serviços financeiros a
decisões inteligentes, etc. A forma mais popular é a inserção
comercial de TV, mas participar de uma determinada festa ou
almoço para divulgar seu escritório de arquitetura também é uma
ação de promoção. Quando um veículo qualquer, como uma
revista, fala sobre sua empresa sem seu controle sobre o que está
sendo dito, é chamada publicidade.
Ações de acesso ao consumidor: canais, ou a praça. Como o
mercado me encontra? Como me solicitar? Como me aproximo e
entrego o produto ao mercado? A prestação de serviços cria sérias
limitações aos canais, principalmente quando a entrega exige o
contato pessoal com alguém com poder de decisão na empresa,
caso comum na arquitetura. Há apenas duas opções para este
problema: a) limitar o crescimento vegetativo da empresa e
apostar em entrega de valor, diferenciação e posicionamento
premium da marca, ou b) delegar poder a colaboradores treinados
e estabelecer uma padronização mínima de condutas com
diretrizes claras e permanentemente reforçadas, o que permitiria o
crescimento vegetativo sem necessariamente abrir mão de um
posicionamento mais interessante da marca em busca de melhor
markup. O que é um melhor markup? É um retorno acima do
esperado para as empresas de arquitetura, considerando os custos
de oportunidade e riscos envolvidos.
Sabendo disso, fica claro que a empresa não conseguirá iniciar nada de
efetivo sem fazer uma reflexão com alguma profundidade sobre si própria e o
ambiente de nogócios em que se insere. Não há como delinear o tipo de
serviço a ser prestado se não houver um mercado minimamente identificado.
É impossível definir faixas de preços adequadas sem saber quem são os
concorrentes e os preços que praticam. E para saber quem são os
concorrentes, é necessário saber o que a empresa faz. E para quem quer fazer
aquilo, mesmo que seja apenas um recorte básico. Quanto melhor definido o
público, mais efetivas serão as ações de comunicação, ou seja, de promoção
dos produtos e da marca em si, e mais fácil será a aproximação com o
mercado. Este conjunto de identificações pode ser feito de várias formas e
recebe vários nomes, mas o mais comum é chamar isto de planejamento
estratégico.
O planejamento sempre parte de um diagnóstico, cuja qualidade define o que
vem a seguir. Ele deve identificar, no mínimo, alguns elementos básicos:
1. os principais valores da empresa (que são os valores das pessoas
que fazem a empresa). Ninguém age contra seus próprios valores
voluntariamente com facilidade. Os objetivos de longo prazo
convergem para a concretização dos valores pessoais.
2. o que a empresa faz concretamente, o que proporciona para o
mundo, o que produz, como e para quem. Ou seja, qual é o motivo
da empresa existir. E, mais importante, por que ela não deveria
deixar de existir.
3. os valores conduzem a desejos, idealizações a partir das
possibilidades e oportunidades concretas. Essa imagem deve
servir de inspiração a toda a equipe (imaginando que em geral
compartilham dos mesmos valores).
4. A concretização natural dessas identificações é uma série de
objetivos claros e possíveis que guiem todos num mesmo sentido.
Além de coordenar o grupo para a harmonia de ações, o objetivo
dá subsídio para todas as decisões de prazos maiores que o
cotidiano, um comportamento que diferencia o concorrente em
termos de eficiência na utilização de recursos e leva a ganhos de
escala (portanto, de custos) que pode se tornar vantagem
competitiva suficiente para iniciar um movimento de
“desgarramento” de grupos homogêneos de competidores,
característica comum em mercados onde as empresas de
arquitetura atuam.
Concorrência
Um dos itens mais importantes do planejamento estratégico é a análise do
ambiente. Aliás, esta deveria ser feita antes de qualquer outra coisa, na fase
de estudo de viabilidade no plano de negócios (business plan), antes da
empresa ser criada. Uma das maiores vozes em estratégia, Michael Porter
afirma categoricamente que “a essência da formulação de uma estratégia
competitiva é relacionar uma companhia com seu meio ambiente” (PORTER,
1985, p.22).
Uma análise mínima deste problema deveria abranger pelo menos um
questionamento para mapear o ambiente, considerando também o
delineamento básico do mercado de interesse, de seus valores, visão e
missão. Com isso definido, os primeiros pontos a questionar seriam:
Quem são meus principais concorrentes, e o que eles fazem?
Quais são suas competências centrais?
Quais são suas deficiências?
Quais são seus prováveis movimentos futuros?
Por que os clientes deles os contratam, quais são os valores
percebidos?
Quais são as tendências deste mercado?
Quais são os fatores críticos de sucesso neste mercado?
Há barreiras à entrada neste mercado? São elevadas?
Que fatores produzidos pela sociedade ou governo poderão criar
oportunidades ou ameaças a este mercado?
Eu tenho as capacidades exigidas por este mercado? Se não tenho
hoje, tenho como adquiri-las ou desenvolvê-las? A que custo? Em
que prazo?
Estratégias competitivas
O estudo das estratégias competitivas foi uma continuação natural do estudo
de Michael Porter para as cinco forças que dirigem a concorrência,
desenvolvido pela Harvard Business School nos anos 1970, e apresentado
acima. Depois disso, muitos outros estudos e modelos surgiram e
adicionaram muitas perspectivas e nuances não apresentadas inicialmente –
mas em geral não contradizem, fundamentalmente, seus modelos.
Porter chamou as três de estratégias genéricas, pois cada realidade tem sua
complexidade e caracterização individual, não há uma divisão rígida e
padrões absolutos entre a forma como as empresas se colocam no mercado.
De certa forma, estas estratégias se apresentam nas estratégias dos escritórios
de arquitetura já aqui apresentados.
A primeira é a da liderança em custos totais, quando a empresa utiliza todas
as formas possíveis de reduzir custos e despesas em sua operação para poder
trabalhar com margens reduzidas, preços baixos, e obter lucro com o volume
de vendas elevado. Esta estratégia se popularizou junto com o conceito de
curva de experiência nos anos 1970, e depende de um rígido controle de
custos e de minimizar despesas indiretas que não tenham impacto imediato na
operação. É claro que há um limitador importante para os cortes, que é o
conjunto de exigências mínimas do consumidor. Trabalhando com preços
reduzidos dessa maneira, forma-se uma proteção contra as cinco forças:
Há uma vantagem clara e tangível sobre os concorrentes
estabelecidos: o preço baixo.
O poder dos fornecedores de formar preços pode ser (até certo
ponto) absorvido pelos baixos custos, e a alta participação de
mercado pode dar poder de barganha nesta negociação.
O poder dos compradores está limitado aos preços mais baixos de
mercado, portanto quem trabalha com preços reduzidos terá
menos problemas que os concorrentes em volume de vendas.
Os produtos substitutos terão preços de referência mais baixos
limitando sua viabilidade, o que pode dificultar sua inserção já na
etapa de desenvolvimento, caracterizada por investimentos sem
retornos imediatos.
Para entrar no mercado haverá maior exigência de eficiência
imediata, aspecto especialmente eficaz na defesa contra empresas
entrantes se os baixos custos vierem de economias de escala.
Exemplo: um escritório de arquitetura com altos volumes de
produção desestimula a formação de novos competidores sem
participação no mercado porque os momentos iniciais serão
marcados por volume baixo, custos padronizados e preços
restritos.
Diferenciação
Seu cliente não percebe seu escritório da mesma forma que percebe os
concorrentes. E a percepção humana é seletiva, observará prioritariamente
aspectos nos quais esteja interessada. Se você pensa em trocar de carro,
observará melhor os carros nas ruas. E se um modelo específico está em
estudo, será identificado com maior facilidade, porque o subconsciente
também se prepara para a busca (daí o motivo de se ter impressão que há um
número muito maior de veículos daquele modelo nas ruas).
O papel do gestor do escritório de arquitetura é trabalhar ativamente sobre os
atibutos da marca da empresa e direcionar a percepção do mercado de forma
a criar associações com conceitos simples. Esta é a mecânica da mente
humana, os conceitos únicos e individuais estão interligados, como numa
rede. Toda marca tenta criar um laço forte com algum conceito: carinho,
proteção, segurança, respeito, força, conforto, saúde, bem-estar, socialização,
popularidade, etc. Lembre-se de que a marca nem sempre é um produto, às
vezes é um conceito, uma pessoa, um partido político, uma forma de fazer
arquitetura...
Há três formas tradicionais de se obter diferenciação:
1. Com excelência operacional (a empresa tem desempenho na
produção e entrega). A FedEx se esforça em transmitir este
conceito ao mercado em suas campanhas. Um escritório de
arquitetura que entrega com qualidade e rapidez se destaca, e pode
cobrar um sobrepreço por isso.
2. Através da intimidade com o consumidor (o mercado se
identifica e conhece bem o produto). Os arquitetos costumam
fazer isso bem no relacionamento interpessoal com clientes,
mesmo com os corporativos. Mas são raros os casos de intimidade
do consumidor da empresa de arquitetura com o produto
(prestação de serviços) oferecida. Quando isso ocorre, caso de
alguns clientes corporativos para áreas comerciais, o escritório
pode ganhar até um defensor externo.
3. Quando há liderança em inovação. Infelizmente nossa
arquitetura não é lider global em inovação há algumas décadas,
apesar de haver inúmeros esforços dignos de menção
internacional. O argumento de que a inovação em arquitetura é
pulverizada e ocorre globalmente é válida, mas o número de
elementos de destaque na América Latina ainda é pequeno perto
de outras regiões do globo.
Todos esses itens precisam ser percebidos pelo consumidor como equivalente
ou superior ao do concorrente.
Posicionamento de marca
Diferenciação bem sucedida é aquela que conquista espaço para a marca na
mente do consumidor. Surge um posicionamento mental em relação às
marcas concorrentes. Significa que as pessoas que a conhecem estabelecem
um comparativo em relação a todo o resto, em diversos quesitos. É mais caro
ou mais barato, melhor ou pior, se preocupa ou não comigo, etc.
Há considerável margem de manobra para este posicionamento, de forma a
transmitir mensagens ao mercado. Um exemplo é o preço: uma forma de
comunicar que determinado produto é superior a outro é definir o patamar de
preço um pouco acima do concorrente. O mesmo costuma ser feito para
comunicar melhorias em linhas de produtos. Por outro lado, uma queda muito
acentuada de preços pode ser vista como redução de qualidade, motivo pelo
qual é raro acontecer. A intimidade entre preço e posicionamento é muito
grande. E o preço transmite mensagens.
A análise do ambiente competitivo para posicionamento parte de nove
perguntas[3]:
1. Quem somos?
2. Onde estamos? (Comparar com os objetivos de mercado)
3. O que estamos fazendo?
4. Quem são os melhores?
5. Por que eles são os melhores?
6. O que eles estão fazendo?
7. Qual a nossa proposta de valor para o cliente?
8. O que nos faz, no momento, diferentes?
9. O que nos fará diferentes no futuro?
Estas nove perguntas são um roteiro para meditar sobre o status da empresa
em seu mercado. É um bom início para o autoconhecimento e a descoberta de
caminhos possíveis. Sem conhecimento de si próprio e do ambiente não é
possível buscar um posicionamento. A mente do consumidor é muito
disputada, e quem não sabe quem é (ou onde está) dificilmente terá um lugar
por lá.
Filosofando um pouco mais, veja que as empresas sempre têm uma
predominância entre o comportamento introspectivo e o extrovertido. Aquela
que é introspectiva foca nos resultados da organização, raciocina em termos
de custo e preço: é a forma mais antiga de se comportar no mercado. Do
outro lado, as extrovertidas focam no cliente e no mercado, pensam em
termos de necessidades e valores. Custos e preços são consequências de algo
maior. Esta é uma perspectiva mais recente para a gestão de empresas, vem
da época em que empresas norte-americanas se internacionalizaram, nos anos
1970.
O conhecimento em administração é uma sucessão de camadas que se
sedimentam umas sobre as outras, sempre aproveitando a ciência acumulada
até então. A pequena evolução que acabamos de apresentar aparece na
metodologia de avaliação de desempenho desenvolvida por Robert Kaplan e
David Norton, da Harvard Business School e publicada em 1992, chamada
Balanced Scorecard (BSC). Uma forma de ver o BSC é uma leitura de
construção invertida da cadeia de valor. No início, as empresas se
preocupavam mais com o resultado financeiro, sem qualquer visão mais
ampla sobre o que o produzia. Depois, com o acirramento da concorrência,
começou a se preocupar com o mercado, com o que o consumidor valorizava
em seu produto a ponto de comprá-lo e gerar o resultado financeiro. Em
seguida, percebeu que os processos internos é que geravam o valor
procurado, passou a estudar e aprimorar sua organização interna. E mais
recentemente ficou claro que as empresas melhor posicionadas no mercado
são as que inovam e/ou possuem alto capital intelectual agregado a seus
processos. Ou seja, estamos descobrindo a pirâmide de cima para baixo,
encontrando o fundamental (as causas) depois das consequências.
Além do preço, já citado aqui, há várias ferramentas para levar a marca ao
posicionamento desejado: a comunicação com o mercado, a embalagem (para
bens físicos e alguns serviços), o relacionamento interpessoal com o cliente, a
ambientação, etc.
O posicionamento por si só não sobrevive por muito tempo se não for
reforçado por alguma comunicação com seu mercado. Se o nicho de seu
escritório é restrito a poucos clientes, há a vantagem da comunicação direta.
A comunicação tem como objetivos informar (educar o mercado sobre seu
produto), persuadir emocionalmente o cliente e manter a marca na lembrança
do público-alvo. Cartões de Natal e de aniversário, telefonemas e emails
cumprem parcialmente este papel. Mas a divulgação da marca a um público
maior tem também a função de proteger seu mercado atual, valorizando a
escolha de seu cliente frente a seus círculos de convivência, aos quais ele
presta contas.
E o setor de serviços tem dificuldades adicionais: não podemos estocar
serviços, portanto temos que nos calibrar constantemente para que a relação
entre oferta e demanda para nosso negócio esteja sempre adequada. Além
disso, a prestação de serviços costuma ser realizada de forma pessoal, o que
dificulta padronizações e controle de qualidade. Não há espaço para erros.
O setor de serviços é o que mais cresce no mundo. Só no Brasil já representa
mais da metade do PIB. Na Europa, esse índice passa de 65%. O nível de
automatização está em elevação rápida. A Inglaterra, por exemplo, possui um
centro de distribuição de 120.000m2 operado por apenas 120 funcionários
(um a cada 1.000m2). O que caracteriza os serviços é a intangibilidade do que
é ofertado. Não existe transferência de propriedade, mesmo que sua produção
esteja vinculada a um produto físico (caso dos serviços de arquitetura). Se
repararmos bem, todo produto (bem) ofertado ao mercado tem algum serviço
embutido, nem que seja apenas seleção e transporte da mercadoria.
Trabalhar com serviços no Brasil é especialmente complicado por diversos
motivos: produtividade baixa, nível educacional do trabalhador reduzido,
erros humanos frequentes, custos elevados de mão-de-obra, e por aí vai. Por
outro lado, estamos em evolução. O nível de automatização, por exemplo,
está melhorando (e com isso melhoram os indicadores de conformidade), e o
trabalhador urbano médio está buscando maior qualificação.
Outro ponto negativo é ainda inovarmos muito pouco, assim como nossos
vizinhos latinoamericanos. A inovação em serviços tem um propósito
bastante claro: captar as necessidades dos consumidores, pois a informação é
o bem mais precioso no mundo de hoje. Fazer pesquisa é caro, e poucos
produtos justificariam esse custo. Há outras possibilidades para o agente
econômico atento “captar” informação do ambiente. Por exemplo, se você
observar em gôndolas de supermercado a proporção que cada concorrente
ocupa das prateleiras, terá uma boa noção da fatia de mercado (market share)
de cada um. Outro exemplo é observar os anúncios veiculados em
determinado programa de televisão para inferir o público predominante que o
assiste. A informação amplia a probabilidade de “entrar em sintonia” com o
consumidor, entender seus hábitos, seus estilos de vida, seus desejos. Da
mesma forma, os arquitetos que observam bem o comportamento de seus
concorrentes conseguem obter boas informações com baixo custo.
A partir das informações sistematizadas e compiladas, a sensibilidade do
ofertante (entre outras coisas) definirá seu grau de sucesso. Steve Jobs provou
isso. A diferenciação da oferta é fundamental, porque o consumidor tende a
ver serviços de forma homogeneizada e tem dificuldade em comparar
serviços entre concorrentes. Em serviços, a comparação de preços é
frequente, e quase sempre levada em consideração no processo decisório.
Esta configuração de mercado tende a levar o mercado ao pior cenário
possível, de mercado concorrencial, sem diferenciação entre ofertantes, onde
seu produto é visto como commodity e a fórmula da baixa qualidade com
baixos preços predomina. Isso é ruim para todos: há empobrecimento
generalizado dos escritórios de arquitetura e do que é entregue ao cliente.
Outro complicador para os serviços em geral é o baixo custo das ações
implementadas para a diferenciação, são facilmente copiadas pelo
concorrente.
Preços
O preço é o único elemento do composto de marketing que produz receitas,
todos os demais são despesas. É também muito flexível e pode ser
modificado com rapidez. Portanto, espere este movimento de seus
concorrentes, pois eles o farão. Este é um dos maiores desafios da
administração de marketing, principalmente num mercado como o nosso, em
que os preços praticados pelos concorrentes não estão disponíveis para
consulta.
O consumidor recebe mensagens através do preço, principalmente sobre o
posicionamento da marca. Este tipo de informação, conjugada com a
qualidade percebida definirão a percepção de valor entregue. A correta
interpretação dos sinais é condição para a prática de preços nos patamares
adequados para a estratégia do escritório. O consumidor só pagará por um
determinado atributo mais caro se perceber valor suficiente nele.
Os manuais tradicionais entregues aos arquitetos levam a preços muito
orientados a custos. Levanta-se o custeio, soma-se o lucro e chegamos ao
preço. Isso não se faz há décadas, precisamos nos atualizar.
A conta a ser feita é exatamente oposta a essa: há uma faixa de preços aceita
pelo mercado. Dentro dela, selecionamos um patamar em função da estratégia
e do posicionamento desejado. Deste preço subtraímos o custeio para
verificar se o projeto é viável, ou seja, se o lucro mínimo exigido foi
atingido. Para isso servem os estudos de viabilidade, tão comuns e tão
desconhecidos entre nós arquitetos. Se o resultado apontar a inviabilidade,
estudamos possíveis reduções de custos e despesas.
Os preços podem ser fixados independentemente dos demais componentes do
mix de marketing, desde que de acordo com a estratégia do escritório e
mantendo a viabilidade de cada componente.
Além disso, como já foi dito, os serviços não são estocáveis. Precisam
sempre equacionar oferta e demanda para manter a produção em níveis
adequados. O preço é um bom instrumento para isso, desde que sua flutuação
não seja alta o suficiente para prejudicar a estratégia.
As principais estratégias da fixação de preços são as seguintes:
Maximizar o faturamento: fixar preços para aumentar o volume de
vendas, ganhar fatias de mercado ou ampliar o lucro no longo
prazo.
Maximizar crescimento de vendas: algumas vezes há ganho de
escala possível com ampliação do volume de vendas, reduzindo os
custos unitários.
Desnate do mercado (skimming): se você consegue oferecer algo
realmente novo, que seus concorrentes não podem imitar
imediatamente, será possível trabalhar o preço junto com a curva
de aprendizagem (uma função logarítmica), e oferecer aos
adotantes iniciais um preço elevado que cai com o tempo.
Novidades tecnológicas, como TV de plasma e Blu-Ray se
utilizam desta estratégia.
Liderança de qualidade com preços elevados: esse preço é
chamado premium. O cliente percebe qualidade o suficiente para
pagar um “prêmio” para obter o bem ou serviço. Essa estratégia é
muito utilizada em prestação de serviços, e funciona bem quando
o posicionamento e diferenciação são bem construídos.
Juros
Suponha que você tome R$100 emprestados a uma taxa de juros de 1% ao
mês. Ao final de um mês você deve 1 real de juros. Mas e ao final do
segundo mês? Vai depender de quem é seu credor. Se você tem 16 anos de
idade e foi seu avô quem te emprestou, ele provavelmente dirá que os juros
são de 2 reais, raciocinando numa progressão simples tendo sempre R$100
como base de cálculo. Esses são os juros simples, calculados de forma linear
(regra de três).
Por outro lado, se seu credor é o comerciante do bairro, provavelmente ele te
dirá que se você tivesse pago depois de 30 dias ele poderia ter emprestado
101 reais a outra pessoa a 1%, e poderia fazer isso todo mês, de forma a
aumentar a base de cálculo mês a mês. Esses são os juros compostos.
Os juros compostos são mais comuns de serem encontrados. As aplicações
financeiras, os contratos, os cálculos de dívidas, os financiamentos utilizam
este método. O motivo é simples: é mais coerente para períodos superiores a
uma unidade (se a taxa é ao mês, a unidade é um mês).
Se conseguimos definir uma taxa de juros (i) para calcular o valor de uma
dívida, conseguimos também transportar um valor no tempo com a mesma
taxa. Saberemos dizer quanto o valor de hoje significa no futuro e vice-versa.
O valor de determinado montante no dia de hoje é chamado de valor
presente (VP). Quando um determinado valor é considerado em tempo
futuro, é chamado de valor futuro (VF). Em regime de juros compostos os
valores podem ser transportados no tempo pela fórmula:
VF = VP ( 1 + i ) n
Essa equação é básica para a vida toda, para qualquer cidadão. Para comparar
opções financeiras, de qualquer natureza, traga todos os valores para o
mesmo tempo e depois faça a comparação. Compro à vista ou parcelado?
Compro agora ou espero? Quito a dívida agora? Troco de carro? Mudo de
aplicação? Faço previdência privada? Para tudo que envolva finanças e
tempo, use a fórmula. O difícil não é fazer a conta (qualquer planilha
eletrônica faz), e sim saber qual é a melhor taxa a ser utilizada. Discutiremos
esse assunto mais à frente.
Quando lidar com séries uniformes que tenham como resíduo um valor
futuro, divida o problema em duas partes e resolva um de cada vez. Você
obterá dois montantes trazidos a valor presente, um da série de pagamentos e
outro do resíduo. Neste momento eles podem ser somados onde os tempos
forem coincidentes – tomando o cuidado de observar se os valores são
positivos ou negativos. Esta é uma das formas utilizadas para se descobrir
quanto vale uma empresa – avaliação de empresas, ou valuation: estima-se o
fluxo de caixa dos próximos anos e adiciona-se o valor residual do
empreendimento. Parece fácil? Não é. Insisto: o difícil não é fazer a conta, é
saber definir a taxa.
Transportando a taxa
Eis uma situação comum: tenho a taxa ao ano, mas vou aplicar ao mês. Como
converter? Se você simplesmente dividir por 12 chegará a uma taxa errada.
Se você está pensando “não é possível, o banco faz isso com meu
financiamento”, está começando a entender o mundo das finanças. É claro
que seu agente financeiro sabe fazer essa conta, e muito bem. Foi por isso
que o governo obrigou toda instituição financeira a apresentar explicitamente
o Custo Efetivo Total – CET em todos os demonstrativos financeiros que
possam envolver conversão de taxas. Uma das práticas incorretas (mas
sempre utilizadas) de movimentação de valores no tempo é a do desconto de
recebíveis, que mistura o raciocínio dos juros simples com o de juros
compostos.
A forma correta (e honesta) de movimentar uma taxa no tempo é a seguinte:
(1 + iL)1 = (1 + iC)k
onde:
iL = taxa no prazo longo
iC = taxa no prazo curto
k = quantas vezes o prazo curto cabe dentro do longo ( L ÷ C )
Exemplo: converter 12% ao ano em taxa ao mês.
( 1 + 0,12 ) = ( 1 + i ) 12
1,12 (1 / 12) = ( 1 + i )
1,12 0,08333 = 1 + i
i = 1,009489 – 1
i = 0,9489% a.m.
Acredite, isso pode ser muito diferente de 1%! Só depende da magnitude de
valores ou de tempo envolvidos. Faça como exercício a acumulação de 12
meses cobrando 1%. O resultado final é bem diferente de 12%.
TIR e VPL
Atenção: não estamos agora falando de projetos de arquitetura. Cuidado com
a palavra projeto, aplica-se a qualquer empreendimento futuro com começo,
meio e fim – não é exclusividade de nossa profissão. Há projetos de vida,
projetos políticos, projetos de futuro... E não há peças gráficas neles. Mas
todos os projetos exigem retorno, seja emocional, hedônico, ambiental,
social, cultural, filosófico, científico ou até financeiro. Cuidaremos aqui
apenas do último item, o único que pode ser quantificado objetivamente (os
demais possuem alta carga de subjetividade).
A sugestão anteriormente colocada, de trazer tudo a um mesmo momento e
comparar continua válida, e é muito utilizada. Todos os encaixes são trazidos
a valor presente e somados, cujo resultado, o Valor Presente Líquido (VPL)
diz se o investimento é viável para aquela determinada taxa utilizada. A
principal vantagem do VPL é ser um valor nominal, um montante. Portanto,
diz a quantidade de riqueza criada para a empresa, ou seja, é de grande
interesse para os acionistas (proprietários). Por outro lado, sua maior
dificuldade é a necessidade de uma taxa arbitrada para seu cálculo (e a
definição de taxas é uma das atividades financeiras mais complexas e
incertas).
Uma solução muito utilizada para este problema é comparar dois
investimentos sem definir previamente a taxa. Um determinado investimento
terá um VPL diferente para cada taxa utilizada: alguns terão VPL positivo, e
outros, negativo. Portanto, para uma determinada taxa, haverá um VPL igual
a zero.
A taxa que traz valor futuro a valor presente de forma a produzir VPL igual a
zero é chamada Taxa Interna de Retorno (TIR).
Teoricamente, quanto maior esta taxa, maior o retorno obtido. E se estiver
acima da TMA, o projeto é considerado viável. O método para encontrar esta
taxa é simples e trabalhoso: tentativa e erro. Por sorte temos planilhas
eletrônicas e calculadoras financeiras que fazem esta conta instantaneamente
para nós.
VPL e TIR são os indicadores mais utilizados para a avaliação de um
investimento, grandes empresas utilizam ambos diariamente em seus estudos
de viabilidade. Mas eles podem estar errados.
A dificuldade do VPL em especificar uma taxa de desconto para fluxos
futuros transformaram a TIR no método mais popular (CHOW, 1991). Isso se
deve à conveniência da TIR, que além de não precisar da taxa de desconto,
permite ao gestor fazer um ranking com as melhores opções. Porém, a TIR
pode afetar negativamente algumas decisões devido a uma série de
propriedades ocultas, como a taxa de reinvestimento e análise da escala do
investimento.
A TIR assume que todos os fluxos podem ser reinvestidos pela própria taxa
de retorno do projeto. Porém, projetos com altas taxas de retorno não terão,
necessariamente, a oportunidade de reinvestir os fluxos com a mesma
rentabilidade. Imagine, por exemplo, um projeto que retorne 5% ao mês (de
acordo com a TIR), com retiradas mensais. Logo no primeiro mês em que
houver retirada, o investidor terá um montante na mão a ser reinvestido, e o
modelo de TIR pressupõe que esse reinvestimento obterá os mesmos 5% ao
mês (e isso pode não ser verdade).
A análise do VPL, nesse aspecto, traz um cenário mais realista de
reinvestimento. A TIR pode produzir um viés não intencional de privilegiar
projetos concentrados no curto prazo. Num exemplo qualquer, dois projetos
podem apresentar a mesma TIR, porém com VPLs diferentes. A diferença
vem das taxas de reinvestimento dos dois métodos. Quando movemos fluxos
intermediários pelos diferentes métodos, os números divergem entre os dois
resultados, porque um aplica a TIR como taxa de desconto, e o outro aplica
como custo de capital. Para evitar esse viés, o gestor deveria calcular seus
próprios parâmetros de qualidade.
A segunda característica da TIR é que, ao obter uma taxa de retorno de cada
projeto, o método ignora os tamanhos relativos de projetos mutuamente
excludentes. Isso ocorre porque os resultados estão apresentados em
porcentagens. Em contraste, o método do VPL leva em conta o tamanho do
projeto. Ignorar a escala pode levar a decisões equivocadas. É preciso
considerar as possibilidades de investimento de todo o capital.
Veja um exemplo que mostra um retorno bom (TIR=20%) para apenas 20%
do total a ser investido, que é de $500.000, enquanto há outra opção que dá
TIR=18% para 100% do capital. Quando os projetos são comparados num
cenário em que outras opções oferecem uma taxa de retorno de apenas 10%,
a opção de TIR=18% é mais interessante. O exemplo apresenta o rendimento
médio da opção em que TIR=20%:
Ou seja, a TIR global é de apenas 12%. Está provado que a outra opção, em
que TIR=18%, é mais interessante. O gestor deveria sempre calcular, além do
VPL, a TIR com pesos, chamada TIR modificada (TIR-M, ou M-TIR), que
considera também a taxa de reinvestimento. Nada mais é que a TIR, porém
considera também o reinvestimento das retiradas iniciais. Esta função está
disponível nas planilhas eletrônicas.
Mas isso tudo ainda não é suficiente. As técnicas comuns falham nas
estimativas de tempos e montantes de fluxos de caixa futuros, além da
escolha da taxa de desconto. Normalmente se compara novos investimentos
com a opção de não investir. Os gestores assumem que se o investimento não
for feito, o status quo permanece o mesmo. Mas isso não é válido num
ambiente competitivo, em que a falta de projetos pode provocar desvantagens
competitivas e ver o cliente optar pelo concorrente.
Outro problema reside em avaliar benefícios intangíveis que podem resultar
de investimentos financeiros. São tão importantes quanto os benefícios
identificáveis, mas muito mais difícil de quantificar. Os benefícios
intangíveis não deveriam ser considerados zero. Uma forma de incluir este
tipo de estudo no fluxo de caixa é conduzir uma análise de sensibilidade. Ao
invés de simplesmente rejeitar o projeto, o gestor poderia estimar o fluxo
anual necessário para que o investimento tenha VPL positivo ou TIR
aceitável.
Por fim, lembre-se também dos efeitos da inflação: fluxos de caixa nominais
associados a compromissos de longo prazo implicam que os gestores
deveriam explicitamente considerar os efeitos da inflação em todos os
componentes do fluxo do projeto. Esta é a principal diferença em relação ao
fluxo de caixa real, onde os termos estão em valor presente.
Há ainda outros indicadores para a qualidade do investimento. Um dos mais
simples é o chamado payback: em quanto tempo o valor investido retorna
para a empresa. Por exemplo, se um investimento de R$ 1.000 gerar retornos
mensais de R$ 200 durante 7 meses, seu payback é de 5 meses. Este
indicador sozinho não é suficiente para uma decisão segura, mas é de fácil
entendimento, portanto permite que pessoas com baixo nível de escolaridade
façam propostas com algum parâmetro mínimo. Nunca despreze sugestões
vindas de níveis operacionais, como as de pedreiros e pequenos empreiteiros.
Outro indicador interessante é uma ferramenta que permite comparar séries
com prazos diferentes, a chamada Série Uniforme Líquida – SUL. Há um
problema comum que exige este tipo de análise: a aquisição de equipamentos
de informática. Alguns computadores duram mais que outros, mas custam
mais caro. Como saber se o investimento vale a pena? Neste caso, a VPL ou a
TIR podem levar a decisões equivocadas. A VPL é frágil por não considerar
a proximidade do prazo para reposição do equipamento. A TIR pode cair na
armadilha da taxa presumida de reinvestimento, conforme apresentado antes.
A solução é levar ambas opções a um prazo que tenha um denominador
comum e, só então, calcular o Valor Presente (VP) de cada opção. Por
exemplo, se um computador dura três anos e o outro, cinco anos, estenda o
prazo de análise até 15 anos (denominador comum) e calcule o VP de cada
série para saber qual opção é realmente mais custosa.
Está tudo errado, mas muita gente segue este raciocínio, mesmo sendo
incorreto. Fazem uma conta mais comprida numa planilha eletrônica
bonitinha, mas repetem exatamente este equívoco. Vejamos o que aconteceu
com o pobre arquiteto do exemplo, considerando que o cliente aceitou o
preço, com centavos e tudo. Calculemos a tributação:
Ra = Rf + β (Rm – Rf)
Conceitos contábeis
A estrutura financeira de qualquer empresa segue uma lógica de partidas
dobradas divulgada em Veneza, no ano de 1494, pelo monge Luca Pacioli
(1445–1517) em sua obra Summa de Arithmetica, Geometria proportioni et
proportionalità. O método é tão racional e coerente que é usado até os dias
atuais por corporações do mundo todo. Mas Pacioli não foi o primeiro.
Quando publicou essa obra, a humanidade já havia desenvolvido padrões
eficazes de controle contábil e financeiro, com conceitos e usos consolidados.
Os egípcios já tinham um sistema bem desenvolvido por volta de 2000 a.C.
A inovação trazida por Luca Pacioli foi a partida dobrada, em que qualquer
evento que altere uma conta qualquer tem efeito inverso em outra conta. A
lógica é simples, consiste em individualizar contas para as origens e
alocações de recursos financeiros na empresa, e sempre que qualquer evento
altera uma delas, há um comportamento oposto em outra, refletindo o
equilíbrio financeiro natural da organização como um todo.
Muitos conceitos contábeis são amplamente aceitos e internacionalmente
padronizados com o objetivo de dar mesmo entendimento aos
pronunciamentos contábeis em diversas partes do mundo, inseridos em
culturas regionais diversas. O primeiro conceito fundamental a ser assimilado
é a coexistência de dois pontos de vista simultâneos: de um lado há uma
caracterização de como a empresa é financiada, de onde vêm os recursos, se
são de terceiros (passivos), ou colocados pelos próprios sócios (patrimônio
líquido). De outro lado, os investimentos, ou seja, como estes recursos se
materializam e se transformam em caixa, depósitos à vista, recebíveis
diversos, máquinas, equipamentos, investimentos financeiros, recursos
produtivos, estoques, projetos de longo prazo em andamento, e assim por
diante (ativos). O balanço patrimonial apresenta isso em seus
pronunciamentos contábeis, aquela sopa de numerinhos pequenos que
empresas de capital aberto publicam em jornais de grande circulação a cada
três meses e nós, simples mortais, usamos apenas para forrar a gaiola do
passarinho ou embrulhar vidro quebrado para nosso amigo lixeiro não
machucar a mão.
Mas o que o arquiteto tem a ver com isso? O que deveria ser observado numa
empresa menor que essas corporações, caso de qualquer organização da
arquitetura? É claro que o balanço patrimonial de nossas empresas é muito
mais simples, mas é crucial tê-lo em mente se você pretende ter uma
empresa que dure. A primeira reflexão que deve ser feita é sobre a
proporção entre dívidas (passivo) e capital próprio (patrimônio líquido) no
financiamento da empresa, a chamada estrutura de capital. É bastante
popular a crença de que o ideal para uma empresa é não ter dívidas para não
pagar juros e não correr riscos, mas isso não é bem verdade por alguns
motivos: primeiro, o capital próprio tem custo maior que os juros de
empréstimos porque a exigência de retorno por parte dos proprietários
(acionistas) é mais alta. Isso faz sentido, uma vez que eles correm riscos
muito maiores que os credores. Segundo, porque o pagamento de juros é
dedutível no imposto de renda, o que cria um benefício fiscal das dívidas.
Significaria isto que a empresa tem que se endividar para otimizar seu custo
de financiamento? Não é bem assim, porque muitas dívidas também trazem
muitos riscos, especialmente para um escritório de arquitetura pequeno ou
médio, onde dívidas trazem muitos riscos sem ganhos significativos. Além
disso, uma empresa em regime tributário de Lucro Presumido não obtém
qualquer vantagem com endividamento porque (em geral) não haverá
benefício fiscal de utilização de capital de terceiros. Há atualmente uma
grande discussão se existe uma estrutura ótima de capital para as empresas,
mas fato é que as maiores empresas do mundo possuem uma média de 12% a
16% de seu capital financiado por dívidas. Isto não é acaso.
Outra reflexão importante é a distribuição dos investimentos (ativo) entre
dois grupos, o de alta liquidez e o de baixa liquidez. Quanto mais fácil e
rapidamente um ativo puder ser convertido em dinheiro, mais líquido será.
Dinheiro em caixa, numa conta corrente em um banco ou em investimentos
de resgate rápido como poupança ou CDB são ativos de alta liquidez, que
reduzem os riscos da empresa, mas não produzem o retorno que deveriam.
Máquinas, equipamentos, veículos, pesquisas, marcas, patentes, utensílios,
mobiliário, imóveis são ativos de baixa liquidez que possuem maior risco,
mas são eles que produzem retorno. Quanto mais imobilizado o investimento
estiver, mais produtiva e lucrativa é a empresa, apesar de apresentar maior
risco. Jamais perca este trade-off de vista, ele está presente no cotidiano e
define a longevidade das empresas.
A curva resultante de um gráfico do trade-off mostra o comportamento das
disponibilidades líquidas da empresa, medida subtraindo dos ativos
circulantes (caixa, depósitos à vista em bancos, aplicações financeiras de
resgate rápido, contas a receber, estoques, etc.) os passivos circulantes
(dívidas de curto prazo, como fornecedores, títulos a pagar, despesas a pagar,
etc.). Esta diferença é chamada Capital Circulante Líquido (CCL):
CCL = Ativo circulante – Passivo circulante
Receita: 7.000
(-) Gastos: 6.500
Resultado: 500
Veja como é difícil imaginarmos uma forma de melhorar o resultado com tão
poucas informações. Seria muito diferente se os gastos estivessem bem
discriminados:
Receita: 7.000
(-) Custos: 2.000 (28,6%)
Resultado operacional: 5.000
(-) Despesas fixas: 4.500 (64,3%)
Resultado: 500
Receita: 14.000
(-) Custos: 4.000 (28,6%)
Resultado operacional: 10.000
(-) Despesas fixas: 4.500 (32,1%)
Resultado: 5.500
Veja também como as despesas fixas foram diluídas para 32,1%, metade da
situação anterior. Maior volume de vendas otimiza as despesas fixas. Se você
não separar custos das despesas, jamais perceberá isso.
Há também uma análise de risco que pode ser feita aqui. Uma empresa com
proporção alta de custos e despesas fixas em relação aos variáveis tem maior
risco, porque alterações no cenário macroeconômico (fora de seu controle)
pode reduzir a atividade econômica em seu segmento de atuação e provocar
queda rápida no volume. Os fixos são lentos e complicados para serem
reduzidos, e as empresas verão suas margens pressionadas neste período. O
mesmo ocorre no momento de recuperação econômica, quando a empresa
será lenta em ampliar sua capacidade produtiva e poderá perder espaço para
os concorrentes.
Os custos e despesas variáveis são mais rápidos de serem adquiridos ou
dispensados do que os fixos. Mas estes últimos têm também suas vantagens:
quando utilizados em escala costumam ser mais baratos por unidade
produzida que os variáveis. Além disso, em momentos de mercado muito
aquecido, os recursos variáveis podem não estar disponíveis imediatamente.
Isso acontece muito com a mão-de-obra, falando mais especificamente do
mercado de arquitetura.
Grau de Alavancagem Operacional (GAO) baixo não é necessariamente mau
sinal. Muito pelo contrário, indica maior utilização da capacidade instalada,
portanto a empresa trabalha com maior margem de segurança. E vice-versa.
Em outras palavras, reduza sua capacidade ou venda mais trabalhos.
Quando uma empresa está nesta última situação, qualquer venda que
contribua em valor acima do seu custo variável (daquela venda individual),
valerá a pena porque contribuirá para a manutenção dos fixos instalados,
desde que não afete as demais vendas. A melhor forma de entender é
observando as companhias aéreas: colocar um avião no ar tem muito mais
fixos do que variáveis. Se ele está lotado ou quase vazio, o custo do voo não
se altera muito. Portanto, cada poltrona vazia naquele voo tem um alto custo
fixo (combustível, estacionamentos, taxas aeroportuárias, despesas fixas da
empresa, etc.) e baixo custo variável (alimentação do passageiro e um ou
outro item de menor valor). Portanto, vale a pena fazer uma promoção
relâmpago e vender, na última hora, uma passagem que custaria 700 reais
por, digamos, 90 reais. Este valor, apesar de ser mais baixo, cobre os
variáveis e ajuda a pagar os fixos. E quem já comprou sua passagem antes
não tem como recuperar o preço pago (talvez nem fique sabendo da
promoção).
Custeio Baseado em Atividades - Activity Based Cost (ABC)
Uma das grandes questões da contabilidade de custos é o rateio dos custos e
despesas indiretos entre os produtos da empresa. Os indiretos são aqueles
que não são facilmente associados ao produto individual. Entenda produtos
como resultados do processo, seja bem ou serviço. A sensibilidade deste
assunto já foi tangenciada quando falamos de subsídio cruzado (veja a seção
Custo ou despesa?).
A forma com que os arquitetos costumam lidar com este problema decorre de
uma prática comum da construção civil: utilizar indicadores para direcionar
os custos, como definidores de pesos. Nas empresas de arquitetura, assim
como em consultorias e advocacias, a principal métrica de volume de
esforços de produção é o tempo de dedicação de cada colaborador. Esta
unidade de medida é a hora trabalhada por cada pessoa, expressa em
Homens-Hora (HH). Assim, os indiretos (ou os fixos) podem ser distribuídos
entre os vários trabalhos que a empresa realiza simultaneamente ponderando
esta distribuição pelo volume e valor de HH de cada conta (trabalho
contratado). Neste caso, as HH são chamadas direcionadoras de custo.
O ABC é útil para distribuir o custeio do overhead, termo convencionalmente
atribuído aos gastos de natureza predominantemente administrativa, como a
supervisão da equipe, por exemplo. Muita atenção a este item, costuma ser
fonte de vantagem competitiva na prestação de serviços técnicos, como os
nossos.
Método de cálculo
Agora que conhecemos a diferença entre custos, despesas e preços, é possível
apresentar um método de cálculo para o custeio sem confundi-lo com a
precificação. O máximo que o custeio faz é dar parâmetros ao preço, por
exemplo estabelecendo o preço mínimo. Mas lembre-se de que esta base
considera o projeto isoladamente. Quando vistos em conjunto, um projeto
pode vir a ser vendido abaixo de seu preço mínimo para promover outro com
margem ou lucro mais interessante – isso é o subsídio cruzado. Essa tática
deve ser usada com cautela e não se aproximar do dumping ou da venda
casada, que são práticas ilegais. Não é permitido vender um projeto a um
preço abaixo de seu custo individual, nem condicionar uma venda a outra.
No exemplo:
Pela regra de três, x está para 1 (100%), assim como 170.594,07 está para
0,85 (85%).
Portanto:
X = 170.594,07 ÷ 0,85 = 200.698,91
O cálculo do prazo
O ideal para os prazos seria ter um controle detalhado de alocação de cada
recurso por projeto, uma atividade muito custosa que dificilmente traria
benefício suficiente para justificá-la. Então, excluídos os casos especiais, o
que se faz é um cálculo simplificado, considerando que a pirâmide deste
projeto se aplica a qualquer outro.
O prazo em meses é estimado pela capacidade do escritório. A ociosidade
não precisa ser descontada aqui porque já majorou os prazos de cada projeto
(item 1.1 acima).
Este prazo deve ser ainda majorado pelo desvio da curva de evolução
planejada, também conhecida como curva pipeline. O ideal é que este desvio
seja zero, que o real seja exatamente o planejado. Mas imprevistos podem
acontecer, e há atrasos em relação à curva, que empurram a entrega final para
frente. Como exemplo, consideremos um desvio de 6%:
A primeira vez que uma tarefa é realizada toma mais tempo que a segunda. E
a segunda toma mais tempo que a terceira, mas com uma evolução menor. E
assim por diante, o tempo vai se reduzindo com o passar do tempo, mas a
redução é cada vez menor. Até chegar um ponto em que o ganho de tempo é
quase nulo, ou seja, há experiência acumulada na realização da tarefa.
O mesmo ocorre com o grau de conformidade com que é realizada. A
primeira vez traz muitos erros, a segunda tem bem menos erros, com grande
ganho. A terceira vez traz menos erros ainda, mas com ganho menor, e assim
por diante. Até um ponto em que o ganho em aperfeiçoamento é quase nulo.
Esta curva de aprendizado tem que ser lembrada no levantamento de
atividades (item 1.1 acima) e na composição dos prazos. Uma equipe jovem,
ou pouco entrosada, ou pouco experiente naquele tipo de trabalho, levará
mais tempo para realizar a tarefa. Talvez uma prancha que usualmente é
medida em 35 HH pode vir a ser realizada em 80 HH ou mais quando a
equipe tem algum tipo de inexperiência.
Gestão de pessoas da arquitetura
Há uma teoria corrente (até onde sabemos, empírica e não comprovada)
afirmando que a maioria dos arquitetos escolhe a carreira em busca de
realização pessoal, prazer no trabalho. Acho difícil encontrar quem tenha
escolhido esta profissão em busca de ascensão social, conquistas financeiras
ou poder. Talvez alguns arquitetos tenham uma dessas motivações, seguido a
profissão dos pais, ou tenha ainda outro motivo, mas certamente não
representam a maioria.
Mas se isso for mesmo verdade, por que há tantos arquitetos insatisfeitos?
Por que a rotatividade de pessoal em escritórios de arquitetura é tão alta? Por
que tantos arquitetos migram para outras carreiras ou áreas de atuação? Por
que os escritórios de arquitetura quase não crescem? E a principal questão:
por que as equipes de arquitetura são tão pouco fiéis a seus empregadores,
mudando de emprego com frequência inclusive por remuneração menor?
A resposta está no cérebro humano. Muitos arquitetos se esquecem disso,
mas seus colaboradores são tão humanos quanto os próprios arquitetos
titulares que têm seus sobrenomes estampados no nome da empresa.
Carregam consigo as belezas e as complexidades da condição humana. Têm
as mesmas necessidades, as mesmas angústias e, frequentemente, os mesmos
sonhos que seus chefes. Em uma empresa de prestação de serviços como os
de arquitetura, o principal ativo e fonte de vantagem competitiva é a equipe.
São pessoas. Portanto, goste você ou não, é essencial estudar um pouquinho
de psicologia social e do trabalho.
O comportamento das pessoas não é aleatório, existem estudos sistemáticos
sobre o assunto, cujos resultados têm alto grau de correlação com situações
reais. O líder de um escritório de arquitetura tem que se informar sobre o que
explica a produtividade humana, o absenteísmo, a rotatividade de pessoal
(turnover) e a satisfação com o trabalho.
Motivação
O que motiva o ser humano não é a recompensa financeira (sugiro pesquisar
vídeos de Dan Pink na internet sobre este assunto). Podem ser espantosos os
resultados de pesquisas sobre o assunto realizadas desde os anos 1950 até a
atualidade. Não é incomum trabalhadores trocarem de emprego para ganhar
menos, principalmente aqueles envolvidos com atividades cognitivas, como
os arquitetos. Isso deixa muita gente confusa. Inúmeras pesquisas mostram
que a motivação humana depende do ambiente em que a pessoa está inserida
– se o ambiente muda, a motivação também muda.
Só há uma pessoa capaz de criar motivação: ela própria. O máximo que se
pode fazer externamente é criar as condições para que seus potenciais
embriões se desenvolvam, nada mais. Quando o ser humano define uma meta
a ser perseguida, define também um determinado volume e intensidade de
esforços a serem alocados nessa missão.
Muitas pesquisas sobre o assunto se realizaram na década de 1950, em
especial nos EUA. Uma das pioneiras foi a de Abraham Maslow[8] chamada
Teoria da hierarquia das necessidades. Segundo Maslow, as necessidades
humanas podem ser hierarquizadas em cinco níveis, correspondentes a cinco
grupos. Diz que procuramos suprir tais necessidades respeitando tal
hierarquia. Do mais elementar ao mais elevado, as necessidades são divididas
nos seguintes grupos:
1. Fisiológicas: necessidade de matar a fome, a sede, de urinar, etc.
2. Segurança: necessidade de proteção à integridade física e
emocional
3. Associação: necessidade gregária, de fazer parte de um grupo, ser
aceito e reconhecido como membro
4. Estima: necessidade de reconhecimento pelo grupo das qualidades
individuais, seja por status, por atenção ou outra forma de
valorização e destaque
5. Auto-realização: necessidade de plenitude na utilização dos
potenciais individuais, crescimento e desenvolvimento individual
em níveis elevados
Todas as pessoas teriam as três, mas em diferentes níveis. Isso faria com que
cada pessoa se orientasse ao trabalho em função da sua necessidade
preponderante.
O trabalho de McClelland traz uma grande lição para os escritórios de
arquitetura, onde a realização pessoal é muito importante para o resultado
global. Cada arquiteto colaborador deveria ser um intenso realizador. Mas os
realizadores só serão produtivos se atenderem aos três níveis desta teoria, ou
seja, ter responsabilidade individual, receber feedback, e aceitar riscos
moderados.
Outras teorias, como a da Fixação de Objetivos de Edwin Locke (1960),
mostram que o feedback de desempenho pode ter efeitos impressionantes em
termos de resultados quando há fixação de objetivos desafiadores. Lembre-se
de que desafiador significa algo possível de ser atingido com forte empenho,
e que o indivíduo precisa acreditar em seu potencial de realizar a tarefa (auto-
eficácia).
Um conjunto mais recente de pesquisas identifica também as características
do trabalho que criam possíveis fontes de motivação[11]. São elas:
Variedade de habilidades exigidas nas atividades, o que permite
o uso de talentos e habilidades treinadas;
Identidade da tarefa, o grau em que o colaborador realiza a
totalidade de uma tarefa identificável;
Significância da tarefa, o grau de importância que aquilo tem
para a vida de outros;
Autonomia, o poder de decisão sobre o planejamento de seu
trabalho e procedimentos
Feedback, o quanto o funcionário obtém de informações sobre
seu próprio desempenho.
Programas de reconhecimento
Elogiar o trabalho de uma pessoa na frente de seus colegas tem poderoso
efeito motivacional. É simples e muito eficaz. Há inúmeros relatos de pessoas
com salários abaixo da média de mercado declarando não terem intenção de
deixar o emprego porque se sentem “valorizados”. Não estão falando de
valores financeiros, e mesmo assim não percebem redução nas recompensas
recebidas.
O efeito esperado ocorre quando a indicação vem dos próprios colegas de
trabalho e se a premiação tiver algum significado para o premiado. Se uma
placa na parede com a foto da pessoa cumprir este papel, é usada com
sucesso. Mas dificilmente seria o suficiente para profissionais de alta
capacidade cognitiva e elevado grau de exigência, caso da maioria dos
arquitetos.
Envolvimento
Esta é uma técnica simples e eficaz, mas desconheço empresas de arquitetura
que a utilizem. O motivo é simples: exige alto grau de delegação por parte do
gestor. Imagine passar para sua equipe apenas a data de entrega de um
projeto e deixá-los à vontade para desenvolvê-lo. Sem discutir se a solução
projetual obtida seria adequada do ponto de vista do gestor, fato é que a
equipe certamente se sentiria muito motivada para comparecer ao trabalho no
dia seguinte e “vestiriam a camisa” da empresa espontaneamente, porque
haveria a sensação de pertencimento mútuo, um forte vínculo entre cada
pessoa, a equipe e a empresa.
Permitir que o empregado participe efetivamente do planejamento da
empresa é uma ferramenta interessante, mesmo que esteja limitado a algum
aspecto, como planejamento de qualidade, de produção, etc. Quanto mais
estratégica a participação, maior o poder motivacional.
Dar grande autonomia ao empregado é uma técnica muito conhecida no
mundo corporativo desde os anos 1990, e ficou conhecida como
empowerment. Porém, dar autonomia aos empregados não é do feitio de
arquitetos autorais. E muitos gestores de nosso meio possuem esta auto-
imagem ou o sonho de um dia virem a sê-lo, graças a nosso modelo de
currículo dos cursos de graduação.
O grupo de trabalho
O ser humano, assim como outros animais que vivem em sociedade, tem o
costume de adotar comportamentos em grupo diferentes dos observados em
indivíduos isolados. O grupo não é necessariamente o formal ou visível,
como os arquitetos do departamento X do escritório Y. Podem ser informais,
como os colaboradores (arquitetos ou não) do escritório Y que possuam uma
afinidade entre eles difícil de ser definida, mas que é mutuamente
reconhecida.
Há muita literatura e conhecimento acumulado sobre a forma com que nos
comportamos em grupos de trabalho, e a principal constatação foi a
existência de algumas variáveis estruturando nossas ações: os papéis, as
normas, o status, o tamanho do grupo e seu nível de coesão[15].
Nossos códigos de conduta, sejam explícitos ou implícitos, dizem quais os
comportamentos esperados do indivíduo, como a função de um ator em uma
peça de teatro. Em cada ambiente (casa, trabalho, lazer, religião, etc.) temos
um “papel”, com determinados comportamentos esperados, e este pacote de
diretrizes muda quando mudamos de ambiente (cenário) e varia de acordo
com a cultura em que o indivíduo se insere.
Cada um desses grupos, em seu determinado cenário define suas próprias
normas, que podem não se aplicar a nenhum outro cenário. Diferente dos
papéis, as normas estabelecem os padrões aceitáveis de comportamento
aplicáveis aos membros daquele determinado grupo. São os limites de sua
atuação, não o que se espera do indivíduo.
Internamente, o grupo de hierarquiza e divide funções entre seus membros.
Com isso, surgem posições sociais internas, atribuídas a membros unitários
ou a subgrupos. Estas posições criam status diferente para estas pessoas a
partir de três origens: o poder que conseguem exercer sobre outros membros,
a capacidade de entregar contribuições relevantes para as metas coletivas e
características pessoais que o colocam em posição diferenciada[16].
A dinâmica do grupo é muito influenciada por seu tamanho: grupos menores
tendem a ser mais ágeis e versáteis que grupos maiores. Por outro lado, os
grupos maiores costumam ser mais eficazes em realizar tarefas complexas.
Um comportamento curioso e recorrente é a tendência do ser humano a se
esforçar menos quando trabalha em grupo comparativamente ao seu esforço
quando a tarefa é uma atribuição individual. Isso foi chamado de Social
Loafing[17]. Assim, a produtividade total do grupo não é exatamente a soma
das produtividades individuais de seus componetes (costuma ser menor). Por
outro lado, a qualidade da resposta coletiva tende a ser muito mais rica e de
melhor qualidade que a individual, além de tomarem melhores decisões.
Portanto, cada caso deve ser analisado à parte, pois nem todos os problemas
exigem a resolução em grupo, muitos serão melhor resolvidos
individualmente.
Por fim, a produtividade do grupo está relacionada à intensidade da força de
agregação entre os membros do grupo, sua coesão. A produtividade alta
depende, além da coesão elevada, de normas internas de desempenho
também altas.
O ideal para um grupo é ter a capacidade de produzir de forma coordenada,
harmoniosa, de forma que o resultado coletivo seja superior à soma simples
das produtividades individuais de seus membros. Este tipo de grupo é
chamado de equipe. Nesta forma, o objetivo é o desempenho coletivo, e não
apenas a troca de informações. A resposabilidade individual permanece, mas
surge também a coletiva. Ou seja, numa eventual falha da equipe, todos
responderão pelo que houve. Isso faz com que os membros se supervisionem
mutuamente. A Toyota fez isso com sucesso, conseguiu abrir mão dos
supervisores de fábrica, baixou os custos com aumento de qualidade e
redução de retrabalho. É um dos principais pontos do downsizing toyotista.
Se a composição da equipe for planejada de forma a haver distribuição de
habilidades, evitando sobreposição excessiva, o resultado é otimizado. É
muito mais produtivo uma equipe multidisciplinar porque cada membro sente
a responsabilidade de sua disciplina sobre suas costas e há redução do Social
Loafing. Se você for o único arquiteto da equipe, certamente ficará muito
mais atento às questões relativas à sua área de atuação, e o mesmo vale para
os demais.
Liderança
Há outro elemento definidor da produtividade da equipe, decorrente da
capacidade de uma única pessoa influenciar a todos melhorando os índices de
atingimento de metas. Essa pessoa é o líder, que pode não estar em nível
hierárquico superior aos demais. A liderança é construída a partir da
confiança, e esta se manifesta através de três caminhos: pela intimidação,
pelo conhecimento ou pela identificação[18].
A primeira modalidade, decorrente da intimidação é a mais frágil de todas,
pois é construída sobre o medo da punição. Qualquer inconsistência
percebida na relação a enfraquece, como a percepção de falta ou excesso de
punição. Mas é a modalidade mais comum em relações em fase inicial, como
com um chefe novo ou com uma pessoa indicada por um amigo.
A segunda modalidade, baseada no conhecimento, vem de um precedente de
interações que permite ambas as partes fazerem previsões para o
comportamento futuro da outra pessoa. Neste caso, ao contrário da confiança
baseada na intimidação, um comportamento inconsistente não
necessariamente quebra a relação. A violação pode ser aceita, e o
relacionamento continuar. É o tipo de relação mais comum entre executivos e
subordinados que trabalham juntos há mais tempo.
A terceira forma de confiança é a mais forte de todas, pois envolve vínculos
emocionais: é aquela baseada na identificação, onde uma parte consegue
compreender e, eventualmente pode até substituir e agir em nome da outra. A
lealdade é inquestionável, e não haverá mais necessidade de monitoramento.
É o vínculo ideal a ser procurado nos candidatos em processos sucessórios.
A confiança fortalecida aumenta a coesão do grupo, diz que as pessoas
podem contar umas com as outras. Em situações adversas, alguém sempre
virá em seu auxílio. Pessoas confiantes e com boa auto-estima são mais
propensas a criar ambientes de confiança mútua, e vice-versa. Assim como
empresas em fase de crescimento, onde há frequentes promoções, podem dar
falsas impressões de confiança porque mais pessoas recebem mais poder e
responsabilidades. O ideal, nesse caso é construir a relação de confiança
gradualmente, pois uma inversão rápida de cenário não criará a sensação de
traição. A situação contrária também ocorre, quando a empresa está
reduzindo seu quadro de pessoal as relações de confiança mais sólidas podem
ser ameaçadas, e o líder tem que ser totalmente transparente durante o
processo para evitar maiores danos.
Referências bibliográficas
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hanshake. Negotiation journal, out. 1992, pp. 365-377.
[1] Sobre este assunto, recomendo Okada e Hoch, Spending time versus spending money. Vide
referências bibliográficas.
[2]
“Escala”, como usada aqui, não se refere à magnitude quantitativa registrada na CAT, e sim ao
elevado volume de produção eventualmente exigido a entrada num determinado mercado.
[3]Repare que este diagnóstico vem ao encontro do que Michael Porter também propõe para a análise
da concorrência (vide Análise da concorrência: as cinco forças de Porter).
[4]
O cheque também é outro meio de pagamento alternativo ao papel-moeda, mas vem caindo em
desuso.
[5]
Apuração contábil interna, paralela à feita pela consultoria contábil legal.
[6] Considere aqui que as despesas estão dentro dos custos também, apenas para facilitar o
entendimento do preço.
[7]Overhead é um termo amplamente usado para despesas indiretas a serem monitoradas e mantidas
dentro de limites saudáveis.
[8] Maslow, 1954.
[9] McGregor, 1960
[10] Herzberg, 1959
[11] Robbins, 2005, p.143
[12] Robbins, 2005:54
[13]
Robbins, 2005:64
[14] Ford, 1979:49.
[15] Robbins, 2005: 189.
[16] Feldman, 2001:464-5.
[17]Comer, 1995: 647-667. Costuma ser traduzido como “folga social”, apesar de me agradar mais o
termo “esforço mínimo” para este tipo de situação. É o mesmo princípio que os economistas usam para
explicar o free rider (caronista).
[18] Shapiro, Sheppard, Cheraskin, 1992: 365-377.