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PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

Há pouca disponibilidade de material escrito sobre o briefing e sua importância para os projetos.
Escrever sobre briefing implica em abordar vários aspectos diferentes - e algumas vezes
embaraçosos - relacionados ao processo de desenvolvimento de produtos e serviços. O briefing
é uma etapa inicial desse processo, tendo influência durante todo o projeto. Envolve relações
entre o demandante do projeto e projetista, podendo abranger diversas áreas, diferentes visões,
recursos estratégicos, gerenciais e operacionais, e os processos de comunicação. Peter Phillips
aborda todas essas questões polêmicas neste livro.

O briefing é considerado pelo autor como parte do processo de desenvolvimento de produtos


e serviços, em busca de inovações ou melhorias das organizações.

Ao longo do livro são tratados os elementos que devem alimentar esse processo, as pessoas que
devem ser envolvidas na sua elaboração e o modo de construí-lo adequadamente.

Considera as peculiaridades de cada projeto, incluindo o ambiente comercial e competitivo, o


volume de recursos envolvido e a freqüência com que este é executado.

O autor alerta: este não é um processo prescrito e nem existem fórmulas prontas.

Muitos projetistas alegam que o briefing não é compatível com a natureza subjetiva e a
criatividade necessária ao design. Esses projetistas temem a perda de liberdade e da criatividade
com o uso de um briefing estruturado, além de acharem que a formalidade espanta os clientes.

Administradores alegam que não têm tempo e recursos para investir na sua preparação e que
tudo será resolvido numa conversa rápida com um bom projetista. De fato, o briefing poderá ser
abreviado ou dispensado em alguns projetos simples. Mas, em geral, proporcionará benefícios
inegáveis quando for bem elaborado.

A criatividade em design só tem valor quando gerar conceitos que resolvam o problema
proposto.

Isso começa pela compreensão e escolha da abordagem adequada em cada caso específico.

Além disso, muitos problemas relacionados ao projeto são tratados apenas quando surgem.

Essa abordagem emergencial dos problemas pode levar ao aumento dos custos e dilatação dos
prazos.

No processo de elaboração do briefing, todas as informações e decisões necessárias podem ser


planejadas, evitando-se as surpresas desagradáveis.

Com isso, pode-se evitar a perda de tempo e de recursos para refazer aquilo que saiu errado.
Estes costumam ser bem maiores que aqueles necessários para iniciar o projeto com boa
fundamentação.

O livro enfatiza os aspectos estratégicos do briefing, fazendo a intermediação planejada entre a


demanda e a ação. Insiste na necessidade de se chegar a um documento escrito, expondo seus
conteúdos básicos e a maneira de conduzir o projeto. Esse processo reflete a cultura da
organização e as experiências das pessoas envolvidas.

O autor usa uma linguagem clara, direta e concisa - afinal, escreve sobre briefing -
fundamentado em sua vivência profissional. A partir da sua prática, descreve vários problemas
que ocorrem durante o processo de "brifar" em sua área especifica do design: o design gráfico e
de embalagem. Apresenta suas opiniões e o encaminhamento das soluções, sem rodeios. As
situações e estudos de casos apresentados são análogos aos do nosso contexto e aos diversos
tipos de projetos em designo

Assim, este livro é recomendado para profissionais de todos os níveis organizacionais que
trabalhem com projetos, tanto projetistas como não-projetistas, incluindo os administradores e o
pessoal de marketing. Também constitui importante subsídio aos estudantes que se preparam
para entrar no mercado. Mesmo aqueles projetistas já experientes serão instigados a repensaras
suas práticas de trabalho e o trato com seus clientes. O autor prefere chamar esses clientes de
parceiros, recomendando que a construção do escopo do projeto deve ser compartilhada entre os
demandantes e executores do projeto.

O autor usa uma metáfora para dizer que o projetista não deve comportar-se como um motorista
de táxi: "Diga-me exatamente a onde você quer chegar e me pague que eu te deixarei no
destino". Raramente o projetista tem a sorte de receber um briefing completo e bem
direcionado, por escrito, indicando claramente o caminho a ser seguido e o ponto de chegada.
Quando isso não acontecer, o projetista deve discutir o briefing com os demandantes até sanar
todas as dúvidas. Essas dúvidas devem ser esclarecidas logo de início, antes que o projeto siga
por caminhos tortuosos. Por outro lado, seus serviços não podem ser tabelados como no
taxímetro, pois dependem das características de cada projeto e de seu respectivo contexto.

Phillips entende que as pessoas envolvidas em um projeto devem tratar o briefing como uma
combinação entre um plano de negócios e uma estratégia criativa de projeto. Em outra metáfora,
o autor argumenta que ele, como paciente de um tratamento médico, é a maior autoridade para
descrever o que está sentindo, e seu médico é a maior autoridade na solução do problema.
Assim, ambos são responsáveis pelo resultado do tratamento. Isso implica na troca de
informações significativas e confiança mútua. Tanto o solicitante como o desenvolvedor do
projeto devem entender que ambos fazem parte do mesmo problema. Este precisa ser analisado
e formulado de maneira compartilhada para que seus objetivos sejam atingidos de forma
convergente e satisfatória.

Enfim, o briefing pode constituir-se em importante ferramenta para que uma organização possa
atingir as suas metas estratégicas.

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