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(ii) relativamente ao controlo de processos gramaticais, pelo facto de o → “o(s) estudante(s)” é o Sujeito
Sujeito ser o controlador da concordância verbal.
Identificação do Sujeito oracional
O Português admite sujeitos sem realização lexical em frases finitas. Estes podem
ser: O constituinte com a função sintática de Sujeito pode ser substituído por uma forma
tónica neutra do pronome demonstrativo (isso / isto / aquilo), em posição pré-
(a) Sujeitos argumentais: verbal.
(1) [ [–] Sei [que [–] pensaste em mim]]. (8)a. [Correr 10 km sem ficar cansado]SUJ é impossível.
b. É impossível [correr 10 km sem ficar cansado]SUJ.
c. [Isso]SUJ é impossível.
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→ “correr 10 km sem ficar cansado” é o Sujeito (15) Os estudantes leram [os livros de Sintaxe] na Biblioteca durante as férias.
(16) Os estudantes prometeram [requisitar os livros de Sintaxe].
PREDICADO
Identificação do Objeto Direto nominal
O Predicado sintático é o constituinte formado pelo verbo e pelos seus
complementos, podendo ainda incluir modificadores. Pode-se substituir o constituinte com a função sintática de Objeto Direto pela forma
acusativa do pronome pessoal.
(9) Os estudantes [leram os livros de Sintaxe na Biblioteca durante as férias]PRED.
(17)a. Os estudantes leram [os livros de Sintaxe]OD na Biblioteca durante as férias.
Identificação do Predicado: b. Os estudantes leram-nosOD na Biblioteca durante as férias.
(i) O Predicado constitui a resposta a uma interrogativa da forma: SUJEITO fez o quê? → “os livros de Sintaxe” é o Objeto Direto
/ O que aconteceu a SUJEITO? / O que se passa com SUJEITO?.
Identificação do Objeto Direto oracional
(10) P: Os estudantes fizeram o quê?
R: Leram os livros de Sintaxe na Biblioteca durante as férias. (a) O Objeto Direto pode substituir-se pelo demonstrativo isso / isto / aquilo em
posição pós-verbal
→ “leram os livros de Sintaxe na Biblioteca durante as férias” é o Predicado
(18)a. Os estudantes prometeram requisitar os livros de Sintaxe.
(11) O Pedro adoeceu no final do semestre. b. Os estudantes prometeram isso.
(22) A Maria telefonou-lhe. Pode substituir-se o constituinte com a função sintática de Predicativo de Sujeito
pelo clítico demonstrativo invariável –o.
→ “ao rapaz que conheceu na Faculdade” é o Objeto Indireto
(28) A Maria é simpática e a Ana também o é.
(23) A Maria emprestou-lhe os apontamentos das aulas. o = “simpática”
→ “ao rapaz que conheceu na Faculdade” é o Objeto Indireto → “simpática” é o Predicativo do Sujeito
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A oração pequena que inclui o Predicativo do Objeto Direto pode ser substituída por Subclasses de verbos instransitivos
uma oração subordinada completiva. O predicador não verbal da oração subordinada
completiva corresponde ao Predicativo do Objeto Direto da frase inicial. (a) Verbos inergativos – Selecionam um argumento externo, que ocorre como
Sujeito
(34) Os estudantes acharam [que o novo aluno era muito simpático].
(38) Ontem, o bebé tossiu.
→ “muito simpático” é o Predicativo do Objeto Direto (b) Verbos inacusativos – Selecionam um argumento interno, que ocorre como
Sujeito
(35) Os estudantes consideraram [que o exame era fácil].
(39) Ontem, o bebé caiu.
→ “fácil” é o Predicativo do Objeto Direto
Notas:
2. Tipologia de verbos com base nas funções sintáticas dos argumentos
Embora os verbos inacusativos selecionem um SN argumento interno, esse tem a função de
Sujeito. Este facto deve-se a uma propriedade específica desta subclasse de verbos.
Os verbos não ocorrem todos nos mesmos contextos – não exigem o mesmo número
de complementos e estes não pertencem às mesmas categorias, com as mesmas Os restantes verbos que selecionam um complemento SN permitem que esse SN seja
substituído por um pronome acusativo:
funções sintáticas. Estas diferenças levam à consideração da existência de diferentes
subclasses de verbos. Neste guião, consideraremos as seguintes subclasses: verbos (40) O Pedro requisitou os livros. → O Pedro requisitou-os.
(41) A Ana contemplou as casinhas brancas da aldeia. → A Ana contemplou-as.
principais/plenos, verbos copulativos.
Podemos, então, partir da seguinte generalização: Quando um verbo seleciona um SN como
2.1. VERBOS PRINCIPAIS/PLENOS complemento, atribui a esse SN o caso acusativo, o que faz com que esse SN possa ser
substituído por um pronome com a forma acusativa.
São o núcleo semântico da frase em que ocorrem, pelo que correspondem a
Cada SN que ocorre numa frase tem de receber um caso, embora este caso só seja visível
predicadores. São, então, núcleos lexicais associados a propriedades semânticas e
quando o SN é realizado através de um pronome. Assim:
sintáticas.
(a) na posição de Sujeito, o SN recebe o caso nominativo; por essa razão, esse SN pode ser
● Verbos impessoais substituído por um pronome nominativo
Só admitem sujeito nulo (ou, em certas variedades, um pronome expletivo), uma vez (42) O Pedro requisitou os livros. → Ele requisitou os livros.
que o sujeito não é referencial. Por este motivo, são invariavelmente usados na 3ª (b) na posição de complemento do verbo, o SN recebe o caso acusativo, como já vimos
pessoa do singular. (c) na posição de complemento da preposição a (ou seja, dentro de um SP iniciado por esta
preposição), o SN recebe o caso dativo; por essa razão, esse SN pode ser substituído por um
(36)a. Choveu muito esta noite. pronome dativo
b. EleEXPL choveu como já há muito não chovia.
(43) O Pedro entregou os livros aos colegas. → O Pedro entregou-lhes os livros.
(37)a. Havia muitas pessoas no cinema. Voltando aos verbos inacusativos, o que estes têm de específico é que, apesar de
b. EleEXPL há cada coisa! selecionarem um SN (o seu argumento interno), não lhe atribuem o caso acusativo (daí, a
designação “inacusativos”). Este facto pode ser comprovado pela impossibilidade de o SN ser
● Verbos intransitivos realizado através de um pronome acusativo:
O único argumento que selecionam ocorre como Sujeito. (44)a. O bebé caiu.
b. *Caiu-o.
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Em frases com verbos inacusativos, o SN que os verbos selecionam só pode ser realizado Subclasses de verbos transitivos
através do pronome nominativo:
(a) Verbos transitivos diretos – Selecionam um complemento com a função sintática
(45) Ele caiu.
de Objeto Direto.
Isto acontece porque, como os verbos inacusativos não atribuem caso acusativo ao SN que
selecionam, o SN move-se para a posição de Sujeito, para aí receber o caso nominativo. (50)a. O João lavou as calças de ganga.
b. O João lavou-as.
Assim, uma frase com um verbo inacusativo tem uma representação inicial como a seguinte:
(46) F (51)a. O João detesta que o acordem cedo.
SN SV b. O João detesta isso.
V SN
(b) Verbos transitivos indiretos – Selecionam um complemento com a função
caiu sintática de Objeto Indireto ou de Oblíquo.
o bebé
Em (46), o SN “o bebé”, sendo um argumento interno do verbo inacusativo cair, é Com Objeto Indireto
representado em posição pós-verbal. Mas como, nessa posição, não recebe caso acusativo,
move-se para a posição de Sujeito, deixando um vestígio na posição onde estava: (52)a. O trabalho dos estudantes agradou ao professor.
(47) F b. O trabalho dos estudantes agradou-lhe.
SN SV
Com Oblíquo
V SN
o bebéi caiu [vi] (53)a. Os estudantes assistiram à conferência.
Na posição de Sujeito, o SN já recebe caso: o caso nominativo. A prova disso é o facto de ser b. *Os estudantes assistiram-lhe.
possível a sua realização através de um pronome na forma nominativa, como vimos em (45).
Este movimento não ocorre nas frases com verbos inergativos, uma vez que estes selecionam (c) Verbos transitivos diretos e indiretos (ou ditransitivos)
um argumento externo, logo, o SN que ocorre nestas construções é representado sempre na
posição de Sujeito, onde recebe o caso nominativo:
Selecionam dois complementos: o primeiro com a função sintática de Objeto Direto
(48) O bebé tossiu. → Ele tossiu. e o segundo com a função sintática de Objeto Indireto ou de Oblíquo.
● Verbos transitivos
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Com Objeto Direto e Oblíquo (60) F
SN SV
(55)a. O João pôs os livros na estante. V OP
acharam SN SA
b. O João pô-los na estante. os convidados
c. *O João pôs-lhe os livros. A
o João amável
(d) Verbos transitivos predicativos
Na posição de Sujeito de uma oração pequena, o SN nunca recebe caso. Mas uma
característica dos verbos transitivos predicativos é o facto de atribuírem o caso acusativo ao
Selecionam um complemento que integra o Objeto Direto e o Predicativo do Objeto Sujeito da oração pequena, a qual é o seu complemento. Por essa razão, esse SN pode ser
Direto. Esse complemento tem uma natureza oracional, sendo um domínio de realizado por um pronome na forma acusativa:
predicação: é uma oração pequena (ou reduzida). (61) Os convidados acharam-no amável.
(62) O Pedro considera-a um objeto útil.
(56)a. Os convidados acharam [o João amável].
b. Os convidados acharam isso. 2.2. VERBOS COPULATIVOS
c. Os convidados acharam que o João era amável.
Não impõem qualquer restrição sobre os traços semânticos da expressão que ocorre
(57)a. O Pedro considera [a bússola um objeto útil]. como Sujeito. Selecionam um único argumento interno, que contém um núcleo
b. O Pedro considera isso.
predicativo: esse argumento é uma oração pequena (ou reduzida).
c. O Pedro considera que a bússola é um objeto útil.
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Para representar esta relação de predicação, considera-se que as frases com verbos
copulativos têm uma estrutura inicial como a seguinte:
(65) F
SN SV
V OP
SN SA
é
A
o João simpático
No entanto, como já foi referido, um SN na posição de Sujeito de uma oração pequena não
recebe caso. Então, para receber caso, o SN move-se da posição de Sujeito da oração
pequena para a posição de Sujeito da frase, onde recebe o caso nominativo. Assim, a frase
tem a seguinte estrutura final:
(66) F
SN SV
V OP
SN SA
o Joãoi é [vi]
A
simpático
A prova de que o SN recebe o caso nominativo é o facto de poder ser realizado por um
pronome na forma nominativa:
(67) Ele é simpático.
Leitura aconselhada: