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Nome: Jonathan Lima Barboza Data: 26/11/2021

Período: 2º Professor: João Freire

O Cristianismo se organiza

O autor conta como o cristianismo passou de uma transformação de uma seita


desunida pneumatico-espiritual e carismática até a religião do império, grande parte dos
acontecimentos se deram no terceiro século da era Cristã e explica como e porque tal
transformação ocorreu, em sua análise o autor enxerga o motivo em três importantes
acontecimentos, formulação da estrutura hierárquica, formulação de credos que
resumem princípios do que se deve crer para ser cristão e identificação de um cânon de
escritura. Nenhum desses começou de fato no século III mas foi ali que ficou mais
claro.

A morte dos apóstolos gerou uma crise na igreja pois era consenso que os
apóstolos tinham autoridade para ensinar, corrigir e dirimir disputas internas, nesse
ponto a igreja precisava encontrar uma forma de governar sem os apóstolos e impedir o
surgimento de seitas e heresias que surgiam no século 2, sem a estrutura organizacional
qualquer pessoa com carisma poderia corromper ensinamentos cristãos. Além disso a
perseguição levou a igreja a se perguntar quem falaria em nome dos cristãos em cada
região, quem negociaria com o procônsul romano em seu território e ao fim da
perseguição quais cristãos teriam licença para voltar aos cargos de liderança, com a
queda de alguns bispos nesse período a igreja foi forçada a criar uma hierarquia forte e
para isso foi feito uma reunião de bispos que foi chamada de “Sínodos”.

Papel dos Bispos

No inicio da historia da igreja, cada congregação tinha 1 ou mais presbíteros que


dirigiam os próprios assuntos e a maior igreja selecionava um dos presbíteros para ser
bispo, ou seja, um super-presbítero, conforme a igreja crescia em congregações o bispo
da igreja mãe se tornava bispo de todas as demais congregações, nesse ponto eles
ficaram tão grandes e importantes que tinham a prerrogativa de decidir quem era cristão
e quem era herege ou pecador ficando assim fora do alcance do perdão, os bispos
também ganharam poderes de excomungar pessoas. Esse processo representou um
avanço quântico na eclesiológica formal e hierárquica e as conseqüências dessa
clericalização foi que os bispos no mais alto da escala, uma vez eleito, tinha autoridade
praticamente incontestável, um sumo-sacerdote, descendente dos apóstolos e abaixo
tinha clerigos de vários tipos que eram governados por um conjunto de "leis canonicas".

A medida que a igreja se tornou mais clerical, os leigos foram perdendo


funções, era comum naquele tempo que eles dirigissem batismos e cultos porém se
tornou raro.
Portanto no inicio do seculo III o cristianismo era uma total desorganização, o
bispo de Ornélio roma alegava supremacia mas nenhum outro reconhecia legitimidade
dessa reinvidicação. Com esses e outros problemas internos como prerrogativas diversas
surgiram os Sínodos, que eram uma reunião de um grupo de bispos para tomar decisões
importantes, teve inicio no século II afim de examinar o movimento montanista, o
resultado foi a expulsão desta igreja e seus seguidores, após esse houve outro em
Antioqua em 268 onde o bispo Paulo Samosato foi excomungado por pregar contra a
trindade, para ele isso atrapalhava o monoteismo, ele colocava Jesus como um homem
acima dos outros e adotado por Deus, ou seja, um grande Profeta, sua deposição foi uma
grande vitória para a igreja e para o evangelho.

No fim do século III a clericalização estava quase completa, embora existissem


grupos cismaticos a grande igreja emergia cada vez mais evidente, só faltavam um bispo
supremo pra governar sobre outros bispos e um imperador que o apoiasse.

Regras da fé

Naquela época não haviam bíblias aceitas por unanimidade, então para declarar
um ensino ou bispo como herege como foi com Paulo Samosato eles recorriam a
leituras um tanto simbólica e alegórica, na ausência de um cânon de escrituras
consideradas realmente cristãs eles apelavam para tradição amorfa.

Afim de saber o que era tradição, um teólogo definiu que era "O que todas as
pessoas de todos os lugares acreditam, naturalmente isso não é comum", a regra era
aplicada a somente os verdadeiros crentes em Cristo e isso causou várias falhas como
por exemplo como saber quem é realmente um cristão?

Para organizar a questão alguns bispos organizaram e formalizaram uma formula


batismal antiga usada nas igrejas de Roma que veio a ser conhecido por credo
apostólico ou antigamente conhecido como credo romano, fato é que a igreja católica e
ortodoxa aceitou o credo como forma de afiliação na igreja, isso excluiu da comunhão
os gnósticos e hereges o que foi positivo para a igreja porém no longo prazo o credo
apostólico se tornou pequeno demais e os bispos viram a necessidade de tratar de
questões menores que o credo romano não atendiam, isso foi possível através do credo
de Nicéia, ou niceno_constantinopolitano que tratou dos pormenores que o credo
anterior deixou para traz, ele estava focado na doutrina trinitária implícita nas escrituras
e serviu até mesmo aos reformadores protestantes que adotaram os credos, que
antecederam ao cânon.

Com isso as igrejas católicas e ortodoxas ainda hoje enfatizam que a tradição é
superior ao cânon, pois através da tradição é que o cânon foi gerado, isso não quer dizer
que eles subordinam a verdade da escritura a outra coisa que não seja Deus, as tradições
apostólicas tinham prioridade no cânon.

Desenvolvimento do cânon
O surgimento do cânon é controverso e não é possível tratar de todos os
pormenores no texto, qualquer tentativa de remontar a história será criticado por pessoas
comprometidas com versões diferentes.

O cânon hebraico, embora existissem outros escritos judeus era relativamente


fixo e claro, foi utilizado por Jesus e os apóstolos, após a queda no ano 70 o partido dos
fariseus, que dominava a religião da época, reformulou o judaísmo para que pudessem
existir de forma ilimitada durante a diáspora, os rabinos se reuniram em 90 no concilio
de Jamnia e definiram o cânon em vinte dois livros desde o pentateuco aos profetas
menores, a bíblia Cristã subdividiu alguns livros e teve um total de 39 livros individuais
com base na bíblia hebraica. A bíblia grega(Septuaginta) acrescentou alguns livros
históricos como Malaquias e Macabeus, era usada por todos os primeiros pais da igreja,
Paulo e os apóstolos, sendo assim podemos dizer que o cânon Judaico foi validado.

Na época de Clemente de Roma e dos pais apostólicos as cartas e evangelhos


dos apóstolos foram reunidos e chamados de "os Profetas e os Apóstolos" e eram
referidos e autorizados e eram tratados como um critério e norma de verdade para a fé.

A primeira pessoa a tentar organizar uma bíblia Cristã foi o herege Marcião, que
era contemporâneo da igreja de montano e tinha praticas consideradas gnósticas, ele
considerava que a igreja precisava de reformas e pôs isso em pratica, tentando promover
o verdadeiro ensino de Jesus ele achou por bem remover todos os vestígios da fé
hebraica, inclusive a bíblia hebraica e seu Deus, Iavé, ele considerava que o Deus no
antigo testamento era mau e não merecia adoração e via nos escritos apostólicos um
cristianismo livre de vestígios judaicos, foi o primeiro a tentar limitar o cânon,
apresentou o evangelho de Lucas e dez epistolas de Paulo e assim mesmo, editados,
ganhou vários adeptos rapidamente porém foi atacado pelos pais e bispos da igreja
incluindo Tertuliano e Irineu.

Como forma de retaliação a igreja se uniu na tentativa semi-oficial de criar um


cânon correto, embora não definitiva, contribuiu para o pensamento cristão, o
historiador eclesiástico von Campenhausen resumiu o princípio profético apostólico da
seguinte maneira, “Qualquer obra que entrasse no cânon tinha que ser produto do
cristianismo primitivo e ser amplamente usada como guia útil para ensinar e viver o
cristianismo”.

Tertuliano, Irineu e Origines seguiam essa linha e tinham poucas discrepâncias


entre si, no geral entre os livros de Hebreus, 1 e 2Pedro, Judas, 3João, Apocalipse,
Tiago e o Didaquê, O pastor de Hérnias e a Epístola de Barnabé, chegou-se ao consenso
de que todos os escritos da primeira lista de Hebreus a Tiago seriam incluídos pelo seu
amplo uso e sua ligação com os apóstolos, Judas foi aceito pela tradição amplamente
aceita de que era irmão de Jesus. Os escritos de Didaquê à Epístola de Barnabé foram
rejeitados por falta de qualidade profético-apostolica e ligação com o cristianismo
primitivo.
A ultima lista que vai de Mateus a Apocalipse foi criada por Atanásio, Bispo de
Alexandria em 367, nela não era incluso nada de novo e era aceita pelos demais, foram
convocados dois sínodos em Hipona 393 e em Cartago 397 onde se chegou ao
consenso.

A partir dai a igreja tinha uma bíblia, a tradição e regras e crescia fortemente no
império faltando somente o poder politico para impor a ortodoxia aos cismáticos e
hereges que alegavam ser cristãos, esse poder veio com Constantino porém o maior
problema doutrinário ainda viria nos séculos seguintes com a controvérsia da trindade.

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