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Cristandades

10 sintomas de que seu cristianismo está doente

12 livros que moldaram o Cristianismo Contemporâneo

A Evolução da Bíblia: da boca de Deus até as cabeceiras dos motéis.

Por Rev. Obito para o movimento Jesus Freak

Apocatástase: A salvação é obrigatória

Bíblia para Bêbados: O Jogo de Bar

Jesus Freak

Como não dormir na missa

Jesus Freak

Cristozofrenia: Perca a Cabeça. Ponha a de Cristo no Lugar

Jesus Freak

Cronologia da Formação Bíblica

A evolução da bíblia século a século

Deus não existe

P. Caio Fábio

Homossexualidade na Bíblia - Alegres como Jesus

Jesus é um bom negócio: Guia Rápido para abrir uma Igreja

Jesus Freak

Manifesto Jesus Freak


O Bom Travesti de Jesus

Rubem Alves

O Diabo é a sua Mãe!

Jesus Freak

O Evangelho Segundo os Infiéis

Jesus Freak

O Evangelho é confiável?

O Grande Inquisidor

Fiodor Dostoiévski

O Jogo da Bíblia

O que a Bíblia diz sobre o aborto?

Uma visão realmente cristã

Os Santos Mais Estranhos de Todos os Tempos

10 sintomas de que seu cristianismo está doente

Eu Acredito!O Novo Testamento está cheio de passagens que nos monstram que a fé pode descambar
em fanatismo. Veja por exemplo que Cristo nos alerta para um sem número de pessoas que se julgam
cristãs por seus atos, mas trazem os corações vazios.

Em Mateus 7:22-23 lemos: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu
nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E
então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.” e
em Lucas 6:42 temos o sábio conselho: “Como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro
que está no teu olho, não atentando tu mesmo na trave que está no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a
trave do teu olho, e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.”

Estes são apenas alguns dos inúmeros alertas que recebemos da Bíblia de que o Cristianismo real não se
encontra neste ou naquele Templo, Igreja ou seita e sim na maneira como vivemos as leis trazidas por
Cristo para nós. Não como a fé fanática contra a qual Joçao nos alerta em I Jo 4:1, mas como está em seu
evangelho Jo 4.24: Em verdade e em espírito.

Por isso, se você apresenta um ou mais de um dos seguintes sintomas, acautela-te:

10 - Você vigorosamente nega e desdenha a existência de milhares de deuses de outras religiões, mas
sente-se ultrajado quando alguém faz pouco da existência do seu.

9 - Você se sente ofendido, diminuido e desumanisado quando os cientistas dizem que as pessoas
evoluíram de outras formas de vida e que teríamos parentesco direto com outros simeos, mas não vê
problema com uma interpretação da bíblia que diz que fomos feitos da lama e que para a lama
voltaremos.

8 - Você rí dos politeístas, mas não tem problemas em acreditar em uma Trindade Divina.

7 - Você fica indignado quando ouve as atrocidades atribuídas a Allah no Alcorão, mas sequer pisca
quando ouve sobre como os cristãos mataram na história ou com os episódios de de atrocidades
descritos no antigo testamento.

6 - Você ri da crença hindu de deuses humanóides, da visão Nórdica de Valhalla e da narrativa grega de
deuses dormindo com mulheres, mas não tem problemas em acreditar que o Espírito Santo engravidou
uma virgem e que ela deu a luz a um homem-deus que foi morto, ressuscitou e subiu aos céus por sua
causa.

5 - Você não perde a chance de expor pequenas falhas em cada novo processo ou teoria científica
desenvolvidos ou de desdenhar o método que usam para datar evidências da antigüidade, mas não acha
nada errado acreditar nas datas deixadas por homens de tribos da Idade do Bronze que afirmavam que o
mundo surgiu poucas gerações antes deles.

4 - Você acredita que toda a população deste planeta com exceção daqueles que compartilham a mesma
crença que você - e é claro, excluindo as seitas rivais – passarão a eternidade em um Inferno de
sofrimento infinito. E ainda considera sua religião a mais “tolerante”, “amorosa” e “humilde” de todas.

3 - Enquanto a ciência moderna, a história, a geologia, a biologia e a física falham em convencê-lo de


qualquer coisa, um sujeito rolando no chão e falando em "línguas" que ninguém compreende basta
como evidência para provar que o cristianismo e tudo o que ele defende é verdadeiro.

2 - Você define 0.01% como um "alto índice de sucesso" quando se trata de respostas a orações. Uma
forte evidência de que rezar funciona e de que além de te ouvir pacientemente, Deus também intervém
a seu favor graças a suas preces. E atribui os 99.99% fracasso restantes à Inefabilidade de divina.

1 - Seus conhecimentos sobre a Bíblia, metafísica cristã e história da igreja são muito mais esparcos do
que o de muitos ateístas, agnósticos e céticos, e mesmo assim considera-se um Cristão.

12 livros que moldaram o Cristianismo Contemporâneo

livros.jpgVerdade seja dita, na cultura popular hoje a imagem do cristão é a de um ser bem intencionado
e ignorante sem qualquer senso crítico. Um "Mr. Flanders" supersticioso, cabeça-fechada, alienado, e
parado no tempo que nada tem a acrescentar. Contudo devemos lembrar que a figura do 'cristão' é uma
figura que muda e se transforma no decorrer da história. De maltrapilhos e pedintes à reis abastados dos
sacro-impérios; de escravos jogados aos leões de Roma aos severos mestres da Inquisição.

No século XX a subcultura cristã cresceu ainda mais como um movimento de massas, especialmente com
a ascensão do tele-evangelismo e o surgimentos dos templos relâmpagos. Isso causou duas coisas com a
imagem do cristianismo contemporâneo:

I. Fez com que a imagem dos cristãos se tornasse a de ignorantes que fazem tudo por um pouco de
consolo espiritual e conforto material
II. Deu as igrejas a imagem de máquinas de fazer dinheiro.

Mas de certa forma isso foi bom também, pois mostrou deu a oportunidade para muitas pessoas de
provarem que a metafísica Cristã continua única e que sua ética continua tão revolucionária quando nos
seus primeiros dias. Este novo surgimento do Cristianismo de massas deu margem para o surgimento de
uma contra-cultura Cristã, digna dos primeiros portadores da Palavra, aqueles que independente dos
costumes criados ou pregados traziam não apenas aquilo que foi dito por Cristo, mas também a
criatividade e a sabedoria que emanavam dele. Isso se transformou em uma explosão testemunhada por
todos na segunda metade do século XX.

Bandas como o U2, Pod, Cranberries e Creed, entre outras, emergiram de um background cristão e são
amplamente celebrados, inclusive por muitos dos que criticam o cristianismo. Teólogos como Paul Tillich
tiveram a coragem de rever alguns conceitos importantes e apontar o dedo de volta para a cara dos
filósofos existencialistas e hoje muitos crentes falam abertamente sobre sexo, arte e filosofia, tornando o
Cristianismo uma das religiões mais inclusivas e atuante do mainstream cultural do ocidente.

Por estes motivos, celebramos abaixo os 12 Livros mais importantes na história recente do cristianismo.
Eles são testemunhas solitárias que se erguem contra o estereótipo do crente tapado, mostrando que o
Cristianismo não se resume a ternos, bíblia debaixo do braço e cabelos e saias longas. A lista é
parcialmente baseada numa classificação feita pela revista Christianity Today em 2004. Sempre que
possível será indicado a Editora que trouxe o livro em questão para a língua portuguesa, e um link para
entrar em contato direto com ela caso deseje adquirir algum deles:

12 - Cristianismo Criativo

F. F. Bruce

W4 Editora
O livro que abre a lista é um tapa na cara da imensa maioria dos "artistas cristãos'. Ele demonstra como a
produção artística e cultural entre os cristãos se tornou uma enorme prisão criativa e conclama pela
necessidade de tornar a arte produzida pelos discipulos de Jesus algo realmente relevante para a
sociedade.

11 - Em Seus Passos Que Faria Jesus?

Charles M. Sheldon

Editora: HAGNOS

O que aconteceria se os cristãos de uma igreja em uma certa cidade se comprometessem durante um
ano inteiro a não fazer nada sem antes perguntar? Que faria Jesus em meu lugar? É esta a situação
apresentada por este livro. Seguir os passos de Jesus que trouxe muita alegria a inúmeros cristãos, mas
também causou incompreensão, conflito e sofrimento para alguns. Afinal, tal decisão significava uma
total dedicação de bens materiais, talentos e carreiras pelo amor a Cristo.

10 - Uma vida com propósitos

Rick Warren

Ed. Vida

Muitas vezes o dia a dia no trabalho, o culto pessoal e a comunhão na igreja parecem três coisas
separadas. Este livro se propõe a ser uma ferramenta útil em tornar uma a vida do cristão na criação de
um relacionamento mais intimo com Deus, seu próximo e com a Igreja que freqüenta.

9 - Cordeiros que Rugem

Robert Briner

W4 Editora

De volta ao início dos anos 90, quando ser "engajado" não estava na moda, "Cordeiros que Rugem"
promoveu uma explosão criativa sem precedentes que livrou de vez incontáveis cantores evangélicos dos
guetos mentais das suas próprias igrejas.
8 - O Ato Conjugal

Ed. Betânia

Tim and Beverly LaHaye

Um manual explícito de como os casais podem se satisfazer sexualmente. Na lista por mostrar que o
cristão não precisa se envergonhar para falar de seu amor sexual e que ele também pode (e deve) se
divertir.

7 - Maravilhosa Graça

Philip Yancey

Ed. Vida

Deus ama o criminoso condenado a pena de morte tanto quanto o cobrador de impostos do tempo de
Jesus. Deus perdoa o cônjuge infiel? O racista? O corruptor de crianças? Este livro abriu as portas de
muitas igrejas. "A Graça vem sem custo nenhum e para pessoas que não a merecem. Eu sou uma dessas
pessoas."

6 - Cristianismo Básico

John Stott

Ed. Vida Nova

Nas palavras de John Stott: Eles se opõem a qualquer coisa que aparente institucionalismo. Eles
detestam o status quo e seus benefícios estabelecidos. E rejeitam a igreja - não sem certa razão - porque
a consideram como irremediavelmente corrupta por esses males. Porém o que eles rejeitaram é a igreja
contemporânea, não Jesus Cristo.

5 - Evangelismo explosivo

D. James Kennedy
Ed. JUERP

Mais do que qualquer outro livro, considerando que as "Quatro Leis Espirituais" é apenas um folheto,
esta obra deu aos crentes uma maneira sistemática de compartilhar sua fé. Ele fez a pergunta que criou a
abordagem mais conhecida na pregação contemporânea: "Se você fosse morrer hoje, você teria a
certeza de ir para o céu?

4 - Cristãos Ricos em um Mundo com fome

Ronald J. Sider

Este é o único livro desta lista que não tem edição em português ainda. Talvez porque aqui a histórica
"opção pelos pobres" encabeçada pela esquerda cristã, já tenha dito o mesmo de maneira mais prática e
direta. Jesus sempre esteve do lado dos miseráveis, tanto na pregação quanto na assistência. Sider
lembra sem papas nas línguas que negligenciar isso é negligenciar o evangelho em si.

3 - O Deus que intervém

Francis A. Schaeffer

Ed. Cultura Cristã

Este livro e seus volumes seguintes começaram algo extremamente necessário: tornou a história
intelectual da humanidade uma parte vital da visão de mundo evangélico. O livro abriu o mundo da arte
de vanguarda e da filosofia moderna para uma subcultura (a cristandade) até então ignorante de ambos.

2 - A Bíblia Viva

Kenneth N. Taylor

Ed. Mundo Cristão

Uma das primeiras bíblias na linguagem de hoje. Após anos de escuridão milhares de pessoas
entenderam o que quer dizer por exemplo: "A criança de peito brincará sobre a toca da áspide e o já
desmamado meterá a mão na cova do basilisco." Mais do que qualquer coisa este trabalho começou
uma verdadeira mania leiga pelo sentido primeiro por trás das palavras das escrituras .
1 - Cristianismo Puro e Simples

C. S. Lewis

Martins Fontes

Talvez o livro mais influênte entre os evangêlicos nos últimos 100 anos. Qualquer um que tenha lido este
livro, não precisa de qualquer explicação do porque C.S Lewis, (Sim, é o autor de Crônicas de Narnia) é
considerado um dos maiores apologistas cristãos de nossa era.

A Evolução da Bíblia: da boca de Deus até as cabeceiras dos motéis.

god-bible.jpgNota desta segunda edição, corrigida e ampliada.

O objetivo desta revisão foi o de deixar o texto mais completo. Corrigir erros. Deixar a leitura mais fluída.
O texto que você tem em mãos nasceu de um projeto desenvolvido pela Morte Súbita Inc. em parceria
com o Jesus Freak para se criar um texto que desenvolvesse não apenas a história da Bíblia de sua
origem aos dias de hoje, mas uma pesquisa com bases em achados arqueológicos e estudos modernos
sobre como ela se desenvolveu através da história.

Para dar corpo a este texto resolvemos criar uma forma diferente de organizar os tópicos a serem
pesquisados e desenvolvidos. No ano de 2008 pegamos crianças de escolas religiosas e deixamos que
elas fizessem perguntas sobre a Bíblia, que pudessem matar a curiosidade que tivessem sobre
determinados assuntos. Então organizamos as perguntas e fomos respondendo.

O texto acabou ficando longo e foi colocado no ar assim que as perguntas haviam sido respondidas, mas
algumas informações acabaram ficando de fora, então o organizador deste texto resolveu acrescentar
alguns dados. Além disso por ter sido originado de perguntas feitas por pessoas diferentes, num
processo aleatório o texto acabou ficando meio “truncado” quando se passava de um tópico para o
outro, surgiu então a idéia de tentar, mudando a ordem de algumas perguntas e rearrumando a
informação das respostas, dar um pouco mais de ritmo para sua leitura.
Depois de algumas reuniões os membros do projeto acharam interessante também expor a forma como
o texto foi formado nem que fosse apenas como um adendo divertido, mas com o tempo perceberam
que as curiosidades das crianças eram interessantes pois mostravam que muitas questões que pessoas
podem ter já em idade adulta são as mesmas que surgem em suas mentes quando ainda são crianças e
seja por falta de material de pesquisa, de liberdade em casa, na escola ou no templo/igreja que
frequenta, seja por pura preguiça de ir atrás de uma resposta permanecem por anos. É engraçado notar
como a “inocência” da infância vira a “ignorância” adulta. Assim as perguntas, que no dia em que foram
sendo feitas já eram respondidas, foram aqui reorganizadas e o texto adaptado a elas de forma a não
ficar repetitivo ou com assuntos parecendo apenas soltos. Assim a entrevista original foi, com alguma
liberdade, refeita aqui mas mantendo o espírito das questões originais.

E por fim, o texto foi montado em blocos separados e reunidos alguns foram revisados, outros não,
então aproveitamos para revisar e corrigir vários dos erros que passaram desapercebidos na primeira
edição deste texto. Se você já o leu e desejar relê-lo encontrará novas informações e um formato um
pouco diferente das que já existiam. Se está lendo a primeira vez então tem a sorte de já ter em mãos
um texto melhorado e mais amplo em suas respostas.

Introdução

Por séculos, a Bíblia tem sido, no ocidente, a autoridade máxima sobre diversos assuntos. A Palavra
Divina capturada em papel, a vontade de Deus nua e crua. Argumente com algum religioso
abrahâmico[1] que a Bíblia pode ter sido um bom livro, mas que mexeram tanto nela que do original só
resta o nome e você consegue presenciar uma experiência em miniatura da formação de tornados bem
na sua frente.

De fato, argumentar qualquer coisa sobre o que foi feito ou não com a Bíblia acaba se tornando um
exercício de especulação ou simplesmente do bom e velho cinismo. De um lado uns a defendem com
unhas e dentes, de outro atiram paus e pedras sem mirar nem ver onde acertam. Para ambos os lados a
conversa se torna um simples ato de gritar e se fazer ouvir e ambos saem tão convencidos de suas
certezas quanto quando começaram.

Então ao invés de assumir qualquer um dos lados - "sim, é possível uma entidade supra humana inspirar
outros de forma que registrem suas impressões em papel" ou "grande parte do que existe na Bíblia não
passava de folclore, poesia e leis de uma época, que foram divinizadas como forma de se controlar um
povo" - vamos simplesmente fazer uma listagem de fatos sobre ela para nos entreter e nos ajudar a tirar
nossas conclusões.

Antes de mais nada é importante deixar claro que a própria Bíblia, historicamente, teve um propósito
muito diferente do que tem hoje em dia. Quando foi criada, seu objetivo era o de garantir que o povo
fosse fiel a Deus e a si mesmo. Nos primórdios das formações de nações ou sociedades era muito dificil
que um mesmo povo tivesse um mesmo consenso sobre um único assunto e a inexistência de
“universidades” ou centros de estudo oficiais sobre um determinado assunto acabava criando muito
disse que disse e visões pessoais sobre este assunto. E dai surge a vontade desse povo espalhado de ter
a certeza não apenas de estar adorando ou sendo gratos a Deus da maneira correta, mas de também
terem a mesma visão sobre Deus. Deus teria sido o responsável por tudo o que existia? Havia algo antes
de Deus? Deus era Pai, Mãe ou ambos ou nenhum? Se aquele era o povo escolhido porque tanta
perseguição e miséria? Deus era o responsável pelas coisas boas e más? O que esperar d’Ele? Para
responder a isso começaram a ser reunidos pedaços de textos, tradições orais, histórias sobre o povo e
então foram organizados e colocados em pergaminhos e tábuas, não como forma de instituir uma
palavra de Deus, mas apenas como uma tentativa individual de estarem sendo fiéis à própria crença. E
assim ocorre o nascimento deste livro que até hoje tem grande influência sobre o mundo, seja positivo
ou negativo, não como uma rótulo mas como uma preocupação de que essa fidelidade fosse transmitida
a outros e a futuras gerações. Apenas eras após seu surgimento o povo encontrou nela a expressão da
vontade e a presença real de uma Palavra Santa.

Não podemos negar a influência que esse poder descoberto com o tempo deu para aqueles que foram
proclamados ou se proclamaram a si mesmos os herdeiros do direito de interpretar o seu conteúdo. Mas
o objetivo deste texto não é apontar dedos ou simplesmente mostrar como um registro de uma vontade
se tornou uma ferramenta e sim acompanhar o desenvolvimento do livro baseado em fatos concretos
que temos à disposição hoje em mãos.

Como este texto foi organizado? Foram reunidas 17 crianças com idades entre 8 e 14 anos,
frequentadoras de colégios religiosos, católicos e protestantes, e a cada uma foi dada a oportunidade de
escrever em uma folha de papel 3 perguntas que teriam sobre a Bíblia. Estas perguntas então foram
organizadas de forma cronológica, algumas foram mudadas levemente de forma a terem uma resposta
mais ampla e outras ainda foram fundidas pois eram perguntas semelhantes feitas apenas utilizandon-se
palavras diferentes. O resultado desta entrevista é o texto que se segue.
1- O que é a Bíblia

Bíblia (do grego βίβλια, plural de βίβλιον, transl. bíblion, "rolo" ou "livro") é o texto religioso central do
judaísmo e do cristianismo.

2- A Bíblia sempre foi a Bíblia? Ela é o livro mais antigo do mundo?

Respondendo a primeira questão:

Na verdade não. No início era conhecida como Tanakh ou Tanach (em hebraico ‫)תנ״ך‬, pelos Judeus.
O seu conteúdo é equivalente ao do Antigo Testamento, mas seus textos estão organizados de
forma diferente e são apresentados em outra ordem.

O nome Tanakh é formado pelas sílabas iniciais dos três livros que a formam:

- A Torá (‫)תורה‬, também chamado ‫( חומש‬Chumash, isto é "Os cinco") refere-se aos cinco livros
conhecidos como Pentateuco, o mais importante dos livros do judaísmo.

- Neviim (‫" )נביאים‬Profetas"

- Kethuvim (‫" )כתובים‬os Escritos"

O Tanach é às vezes chamado de Mikrá (‫)מקרא‬

É importante ter em mente que a Bíblia como existe hoje é um livro cristão, ou seja, surgiu
como algo que avoluiu do judaísmo. O ponto mais importante disso é que para o judaísmo os
textos sagrados são aqueles que ficaram conhecidos para os não judeus como o Antigo
Testamento. O Novo Testamento é uma coleção de textos, ou livros, exclusivamente cristãos,
surgiram depois do advento do cristianismo. Muitos estudiosos e religiosos hoje inclusive estão
trocando os termos Antigo e Novo Testamento por Primeiro e Segundo Testamento para não
tornar irrelevante ou ultrapassado os textos judaicos, que fazem parte da primeira parte da
Bíblia. Com o tempo o cristianismo, na sua vontade de se tornar uma religião independente do
judaísmo, acabou atacando suas raízes se tornando muitas vezes anti-semita e este é um
sentimento que aos poucos alguns cristãos vem tentando corrigir.

Quanto à segunda questão podemos dividí-la em duas para responder melhor:

2.1 A Bíblia é o livro mais antigo existente?

2.2 A Bíblia é o livro religioso mais antigo existente?

Em ambos os casos a resposta é não. O livro mais antigo que se tem notícias hoje é o I-Ching.
Apesar das várias lendas que circulam a respeito de sua criação em algum momento da
antiguidade os trigramas e hexagramas que formaram o seu conteúdo foram compilados
tábuas de bambu entre os anos 3000 e 2000 antes da era Cristã (a.C. ou a.e.C.).

No caso de o livro religioso mais antigo ou mesmo o texto religioso mais antigo temos que ter
em mente que o Judaísmo, a religião que começou a compilar e escrever os primeiros textos
da Bíblia, não é a religião mais antiga, desde os primóridos da raça humana as pessoas tinham
religiões, as mais antigas sendo classificadas como xamanismo, mas mesmo as mais
modernas como o zoroastrismo ou o hinduísmo são bem mais antigas e já tinham seus textos
sagrados respectivos.

3- E a Tanakh sempre foi a Tanakh? Ela é a versão mais antiga da Bíblia?

O nome Tanakh, ou seja a divisão refletida pelo acrônimo Tanakh está registrada em
documentos do período do Segundo Templo (515 a.C. a 70 depois da era Cristã, ou d.C.) e na
literatura rabínica (A Mishná e a Tosefta - compiladas a partir de materiais anteriores ao ano
200 d.C. - são as primeiras obras existentes da literatura rabínica, e a literatura rabínica já era
desenvolvida por rabinos, ou seja por líderes religiosos, portanto o judaísmo já existia como
religião estabelecida nesta época). Durante aquele período, entretando, o acrônimo Tanakh não
era usado, sendo que o termo apropriado era Mikra ("Leitura"). Este termo continua sendo
usado em nossos dias, junto com Tanakh, em referência as escrituras hebraicas.

No hebraico moderno, o uso do termo Mikra dá um tom mais formal do que o termo Tanakh.

De acordo com a tradição judaica, o Tanakh consiste de vinte e quatro livros. A Torah possui
cinco livros, o Nevi'im oito livros e o Ketuvim onze.

Então o registro mais antigo dos textos já organizados na forma que temos hoje no Antigo
Testamento data do século VI a.C.

4 - Mas espere ai. A Bíblia não vem desde a antiguidade? Mesmo não sendo o livro mais antigo
ela não tem milhares e milhares de anos de idade?

Então, ai as coisas começam a ficam interessantes. Quando falamos da Bíblia temos que
separar a tradição oral e o documento escrito. A tradição oral judaica é muito antiga, mas no
que diz respeito a material sólido existente, letras registradas no papel (ou pergaminho ou
papiro ou metal) o que temos é um pouco mais recente.

Para entender vamos recorrer à tradição que cerca a Bíblia. A primeira pessoa que
supostamente começou a colocar o texto no papel. De acordo com a própria Bíblia, foi Moisés.
Mas muita coisa que está escrita nela aconteceu muito antes de Moisés, e ai já temos o
primeiro impacto que a tradição oral tem no texto. Muita coisa lá foi passada de pessoa para
pessoa, algumas provavelmente já escritas e registradas, mas tudo foi juntado e compilado
depois de Moisés.

O primeiro registro bíblico da passagem de uma tradição oral para uma escrita, ou seja a
primeira vez que a própria Bíblia cita a escrita da tradição do povo, surge no livro do Êxodo
quando Deus diz para Moisés que se prepare para receber "as tábuas de pedra, a lei e os
mandamentos que escrevi para os ensinar" (Ex 24:12). Então antes da lei e dos mandamentos
de Deus não havia um livro religioso oficial dos Judeus. E mesmo assim na Torá fica claro que
não estão presentes todos os comandos e leis de Deus, ou seja muito da tradiçào oral não foi
registrada como um texto sagrado. Um exemplo claro é o Shabat. Apesar de estar presente nos
Dez Mandamento - tradição escrita - não existem detalhes de como fazer isso. Deus fala a
Moisés que guarde o Shabat: "Santificai o dia de sábado, como ordenei a vossos pais”
(Jeremias 17:22), mas não existe um relato dessas ordenanças, pelos textos contidos na Bíblia
não existem as instruções de como guardar o sábado, mais para frente no texto existem
amostras do que se podia fazer ou não, mas quando o texto foi registrado apenas se guardou o
“santificar o sábado”. Outro exemplo está em Deuteronômio quando Deus diz para Moisés que
"poderás degolar do teu gado e do teu rebanho ... como te ordenei" (Deuteronomio 12:21) mas
não existe um registro escrito na própria Bíblia que explique de que maneira isto deveria ser
feito.

Assim vamos que mesmo que tenha surgido um registro escrito das leis muita coisa ficou de
fora dele ainda, era uma tradição oral que foi mantida até muito depois.

E essa ausência de registros faz parte da cultura religiosa, como já afirmou o Rabino Aryeh
Kaplan, "Visto que a Torá Escrita mostra-se primariamente incompleta a menos que
complementada pela tradição oral...".

Assim vemos que mesmo com a escrita a tradição oral sempre foi muito forte, e permanece
assim até hoje.

5 - Mas não foi Moisés que escreveu a Torá? Essa parte não é tão antiga quanto ele? Qual o
texto mais antigo da Tanakh?

De acordo com os cálculos de Jerónimo de Stridon, Moisés teria vivido entre 1592 a.C. e 1472
a.C., então se foi ele mesmo que escreveu a Torá ela teria que datar desta época. Mas embora
a tradição reze que o pentateuco, os cinco livros de Moisés (Gênesis, Êxodo, Levítico,
Números e Deuteronômio) sejam os livros mais antigos, como evidência, o pedaço de
documento mais antigo encontrado até hoje datam de 100 a.C.

Em 1947 foram encontrados em uma caverna de Q'umran os textos bíblicos mais antigos. O
livro bíblico mais antigo que se tem notícias hoje de existir é o Livro de Isaías, um rolo de
pergaminho de 7 metros datado do ano 100 a.C.. O Livro de Isaías, com mais de dois mil anos
de idade, é uma prova única da autenticidade da tradição da Sagrada Escritura, pois o seu
texto concorda com a redação das Bíblias atuais.

Ou trocando a ordem, o Livro de Isaías que temos hoje nas Bíblias é o mesmo que usavam em
100 a.C.

Antes desta descoberta os manuscritos mais antigos existentes datavam principalmente do


século III e IV.

Além deste, o documento mais antigo com um trecho apenas da Bíblia é uma passagem de um
dos livros de Samuel, escrito em torno de 225 a.C. então como evidência real o trecho bíblico
mais antigo nos chegou direto do século III a.C. e o livro bíblico mais antigo do século I a.C.

Agora isso não significa que esses textos tenham surgido nessa época. As descobertas de
Q’umran mostram bem que um documento existente não prova que tenha sido o primeiro,
graças ao manuscritos encontrados vimos que documentos com mais de 700 anos de idade
surgiram daqueles que eram os textos mais antigos. Pergaminhos podem ser resistentes mas
eles se perdem e assim evidências valiosas dos txtos se perdem com eles. E isto pode ser um
problema.

Já que os textos em parte se baseavam em uma tradição oral, como podemos ter certeza de
que o que foi registrado era ainda uma descrição fiel dos ocorridos, ou uma cópia exata dos
fatos?

Antes de mais nada vamos imaginar que os escritores originais acreditavam em Deus e
acreditavam que estavam registrando a Sua Vontade e a história de Seu povo. Imaginem o zelo
de uma pessoa que deseja registrar um texto que está chegando a ela diretamente do criador.
E mais, ela ainda tem o peso de ter que passar isso de forma que não existam erros ou dúvidas
para as gerações presentes e futuras. Voltando para a Torá esse zelo aparece na passagem
em que antes de morrer Moisés revisa a tradição passada por Deus que não havia sido
registrada para esclarecer qualquer ponto que pudesse dar margens à dúvida ou interpretação:
"Além do Jordão, na terra de Moab, começou Moisés a explicar esta Lei” (Deuteronômio 1:5).
Mas veja que não existem registros ainda destas explicações, a preocupação não era registrar,
mas passar adiante.

Ainda existe outro ponto interessante que é a resistência do próprio Deus de se registrar tudo o
que se passasse. Sem querer ser leviano, era algo como: Passei os registros que impostavam
ser registrados, agora obedeçam, não percam tempo escrevendo qualquer coisa que Eu diga!
Em Eclesiastes 12:12 lemos: "Escuta ainda, filho meu: escrever livros é tarefa sem fim, e muito
estudo esgota a carne”. Ou em Oséias 8:12: "Se tivesse escrito a maioria de minha Torá,
[Israel] seria contado igual a estranhos", onde vemos a tradição como algo que deveria
permanecer dentre o povo e não ser acessível ou passada para estranhos.

Assim temos uma relutância entre começar um registro da Vontade Divina, gravando-a para o
futuro. Mas esse registro aconteceu, ao menos em parte. Para ver qual o impacto disso na
acuidade do registro vamos fazer um exercício: imagine que Deus passou uma importante lei
para o seu bisavô, que por sua vez a passou para seu pai, seu pai para você e você decide
registrá-la para que não se perca. Você tem como saber que está registrando exatamente o
que foi passado para seu antepassado não tão distante?

Claro que podemos afirmar que se algo é repetido diariamente ele permanece íntegro. Mas
temos casos quotidianos que mostram que não é bem assim que a coisa funciona. Uma
expressão muito conhecida hoje é "cor de burro quando foge", mas ela acaba sendo aplicada
em inúmeras situações que implicariam significados diversos. Estudando a origem da frase
vemos que ela não se referia a uma mudança na coloração do asinino quando ele bate em
retirada, e sim a um ditado que originalmente era: "corro de burro quando foge". Um burro é um
animal dócil, quando ele se irrita e sai correndo se torna um animal perigoso, a expressão
significaria algo como: "quando a situação fica preta eu não perco tempo: dou no pé!".

Vemos ai um caso de tradição oral que perde o sentido com o tempo e o uso. Um exemplo de
outra tradição oral que não perde o sentido simplesmente mas muda de sentido completamente
quando registrada é a famosa: "Quem tem boca, vai a Roma". Se consultarmos o Dicionário de
Máximas, Adágios e Provérbios, de Jayme Rebelo Hespanha (1936), a Grande Enciclopédia
Portuguesa e Brasileira (1948), o Grande Dicionário da Língua Portuguesa de António de
Morais Silva (1949 a 1959), o Livro dos Provérbios Portugueses, da Editorial Presença (1999) e
Dicionário de Provérbios, Adágios, Ditados, Máximas, Aforismos e Frases Feitas, da Porto
Editora (2000) podemos atestar que este provérbio está registrado há muito tempo já, desde
1936 pelo menos, e que ainda existem variantes dele: «Quem tem língua vai a Roma»; «Quem
língua tem a Roma vai e de Roma vem»; «Quem tem língua a Roma vai e vem».

Em cima disso existem estudos sobre o significado dele, como por exemplo:

" A frase «Quem tem boca vai a Roma» traduz a notoriedade da Cidade Eterna, mas também a
verdade de que quem sabe perguntar consegue chegar seja onde for (literal e figuradamente),
consegue obter os conhecimentos de que precisa para se orientar. As palavras-chave aqui são
três: boca, vai e Roma. A boca significa a capacidade de falar, de perguntar, de comunicar; o
verbo ir tem que ver com o percurso, a caminhada, significando passar de um lugar a outro,
deslocar-se, mas também evoluir, progredir; Roma fora, aquando do Império Romano, a capital,
a cidade mais importante do mundo conhecido dos europeus, mas uma cidade que ficava
longe, sob o ponto de vista dos mais remotos territórios que constituíam o vasto império, e, por
outro lado, esta é a cidade cabeça da Igreja Católica, traduz a própria Igreja, o seu governo, o
papado, significando para os católicos o que de melhor existe e que se procura alcançar.
Chegar a Roma poderá ser difícil, mas quem tem a capacidade de falar ultrapassará os
obstáculos e alcançará o que pretende: conseguirá chegar longe, até conseguirá chegar a
Roma.

Roma entrou no adagiário por causa da sua importância, do seu valor, do seu mérito, e não por
aspectos negativos: «Roma locuta est» (= «Roma falou»: se Roma falou, o que ela disse deve
ser seguido pelos católicos); «Roma locuta, causa finita» (= «Roma falou, a causa acabou»);
«Roma e Pavia não se fizeram num dia»; «Em Roma, sê romano»; «Todos os caminhos vão
dar a Roma», «O que vai aqui não vai em Roma»."

Agora se passarmos algum tempo lendo livros protestantes encontramos uma versão diferente
deste adágio dizendo: Quem tem boca vaia (do verbo vaiar) Roma. Vamos nos lembrar agora
que os protestantes se tornaram protestantes por protestar contra a Santa Sé Católica,
personificada por Roma, como vimos no estudo acima. A origem do adágio não tinha como
objetivo mostrar que com vontade chegamos ou conseguimos o que quisermos mas como
crítica contra a corrupção do Clero.

Existe algum debate sobre qual o adágio original, mas isso serve apenas para mostrar como a
tradição oral pode sofrer mutações nos significados de seus ensinamentos e como depois de
registrados eles se tornam uma base que pode ser falha. Imagine que existisse no Novo
Testamento uma passagem dizendo como Jesus, durante a Santa Ceia havia dito aos
apóstolos que quem tem boca vai a Roma. E imagine que recentemente se encontrasse um
pergaminho datado do século I com a mesma passagem contendo a variante "vaia Roma".
Como poderíamos ter certeza do que o Messias disse naquela noite?

Claro que nesses dois casos podemos dizer que são expressões populares que não podem ser
comparadas a um ensinamento religioso passado por Deus aos Homens, mas podemos ver um
outro caso onde algo semelhante ocorre.

Elvis Aaron Presley foi um homem admirado por muitos, em alguns casos essa admiração
beirava a histeria e a mania. Ele nasceu em 1935 e morreu em 1977, mas se tornou febre só
após os anos 1950 quando começa a sua carreira profissional.

O interessante de pensarmos em Elvis, é que este período em que virou uma febra cheio de
fãs é bem recente, dos anos 1950 para os dias de hoje não transcorreram nem 60 anos. E em
parte deste período ele esteve vivo ainda. No auge de sua carreira as pessoas desejavam por
cada detalhe sobre sua vida que pudessem por as mãos e assim a mídia supria essas pessoas
com tudo que pudesse imaginar, relatos de conhecidos e do próprio Elvis, entrevistas
registradas, filmes, etc... Uma das manias de Elvis que ficou registrada era seu gosto por um
sanduíche que ficou conhecido como Sanduíche de Elvis. É raro encontrar um fã que não
tenha ouvido falar dele e muitos já o experimentaram, mas ai existe um problema interessante:
não existe uma receita oficial aceita. As maiores biografias do Rei registram essa iguaria,
dando também a receita, mas as receitas são diferentes.

O sanduíche era simples, Elvis morreu há pouco mais de 30 anos, três décadas, haviam
cozinheiros, amigos, familiares, mas parece que cada um se lembra do sanduíche de maneira
diferente. Alguns diziam que consistia de pão de forma, bananas fritas, manteiga de amendoim
e bacon. Outros que não havia bacon, existem aqueles que dizem que havia sorvete, outros
geléia.

Isto pode parecer uma comparação boba, mas não é. Se em três décadas uma simples receita
de sanduíche se perde, por ficar apenas no boca a boca, imagine textos passados por Deus
que ficaram no boca a boca por séculos antes de serem registrados?

Um último exemplo é talvez mais simples. Pare agora para cantar o hino nacional do Brasil.
Então escreva numa folha de papel. Depois pare 5 pessoas na rua, de forma aleatória e peça
para elas cantarem, anote a letra ou grave, e depois compare com a sua, veja se o hino que é
cantado em escolas, jogos de futebol e pronunciamentos da república é passado oralmente da
mesma forma por todas as pessoas.

Então embora a tradição oral seja tão antiga quanto um povo, essa tradição pode muitas vezes
mudar desde quando foi formulada e repassada a primeira vez até finalmente ser registrada.

Portanto mesmo que Moisés tenha começado a registrar os textos da Bíblia não temos como
saber o quanto eles se aproximam da tradição original que os criou. Assim temos que nos ater
ainda aos textos mais antigos encontrados e compará-los com os textos que temos hoje para
se ter uma idéia de a quanto tempo um texto como o que temos hoje é usado.

6 – Deixando a tradição oral de lado então, quando foi que os textos que compõe a Tanakh
foram escritos originalmente?

Como vimos, a Tanakh é composta por três divisões: Torá, Neviim e Kethuvim.

A tradição judaica mais antiga defende que a Torá existe desde antes da criação do mundo e
foi usada como um plano mestre do Criador para construir o mundo a humanidade e
principalmente o povo judeu. No entanto, a Torá como conhecemos teria sido entregue por
Deus a Moisés (que como vimos teria vivido entre 1592 a.C. e 1472 a.C.), quando o povo de
Israel, após sair do cativeiro no Egito, peregrinou em direção à terra de Canaã.

Então aqui, culturalmente, teríamos uma primeira data. Apesar do mundo - de acordo com a
Bíblia - ter sido criado milênios antes do cativeiro – precisamente 6000 antes de Cristo, de
acordo com a tradição da época – ela teria sida recebida pelos humanos através de Moisés.
Então – culturalmente – até o livro do Êxodo a Tanakh não circulava por ai. Portanto a Bíblia
mais antiga, ainda culturalmente falando, deveria datar do séc. XVI a.C. A ênfase no
culturalmente é: de acordo com o senso comum esta seria uma data, apesar da falta de
evidências físicas para provar ou desmentir essa data.

Então, existem os que defendem que , ainda que a essência da Torá tenha sido trazida por
Moisés, a compilação do texto final foi executada por outras pessoas, já que os textos tratam
de assuntos que incluem a morte do próprio Moisés, tornando difícil para ele escrever sobre
isso.

De acordo com Jan Astruc, pioneiro na sistematização do estudo do desenvolvimento da Torá,


a mesma é constituída por três fontes básicas, denominadas jeovista, eloísta e código
sacerdotal, e mais algumas outras fontes além destas três. Deixando claro que, quando se fala
destas fontes, ele não se refere a autores isolados mas sim a escolas literárias.

Um estudo sobre a história do antigo povo de Israel mostra que, apesar de tudo, não havia uma
unidade de doutrina e desconhecia-se uma lei escrita até os dias de Josias (16º rei de Judá,
reinou durante o período de 640 a.C. a 609 a.C.). As fontes jeovista e eloísta teriam sua forma
plenamente desenvolvida no período dos reinos divididos entre Judá e Israel (onde surgiria
também a versão conhecida como Pentateuco Samaritano). O livro de Deuteronômio só viria a
surgir no reinado de Josias (621 a.C.). A Torá como conhecemos viria a ser terminada nos
tempos de Esdras, onde as diversas versões seriam finalmente fundidas. Vemos então o início
de práticas que eram desconhecidas da maioria dos antigos israelitas, e que só seriam aceitas
como mandamentos na época do Segundo Templo (de 515 a.C. a 70 d.C.) como a Brit milá,
Pessach e Sucót por exemplo.

Então datar a Tanakh se torna complicado, pois apesar de ter condições de existir desde o
século XVI a.C. - a época de Moisés - culturalmente o povo Judeu só teria condições de ter o
livro nas mãos da forma que temos hoje depois do século VI a.C.

7 - E quando juntaram todos esses textos em um único volume?

Aproximadamente no século VI d.C. um grupo de escribas judeus recebeu a missão de reunir


os textos inspirados por Deus que eram utilizados pela comunidade hebraica em um único
escrito. Este grupo foi batizado de Escola de Massorá - o termo "massorá" provém do hebraico
"mesorah" (‫ מסורה‬ou ‫ )מסורת‬e indica "tradição".

Os "massoretas" escreveram a Bíblia de Massorá, examinando e comparando todos os


manuscritos bíblicos conhecidos à época. O resultado deste trabalho ficou conhecido
posteriormente como o "Texto Massorético".

Então na nossa linha do tempo a versão original do texto do Antigo Testamento da Bíblia, a
Tanakh, se conclui finalmente no século VI d.C. 2200 anos depois de Moisés,
aproximadamente.

8 - E então a Tanakh virou a Bíblia? O Antigo Testamento só ficou pronto depois de Cristo,
depois do Novo Testamento?

Não, nada disso. O Texto Massorético foi extremamente importante porque deu uma unidade
que não existia ainda nos textos judaicos. Apesar de ter sido escrito e compilado apenas no
século VI, haviam já outras versões do Antigo Testamento circulando e muitas pessoas dão a
elas mais importância do que a do Texto Massorético.
As outras versões existentes antes eram o Pentateuco Samaritano, que vimos lá atrás, e a
Septuaginta.

9 - Preciso perguntar?

Não, não precisa.

O Pentateuco samaritano ou Torá samaritana é o nome que se dá à Torá usada pelos judeus
samaritanos.

Os Samaritanos são um pequeno grupo étnico-religioso aparentado aos judeus que habita nas
cidades de Holon e Nablus situadas em Israel e na Cisjordânia respectivamente. Designam-se
a si próprios como Shamerim o que significa "os observantes" (da Lei). Os samaritanos
recusam o restante dos livros do Tanakh, aceitando apenas sua Torá como livro inspirado.

O Pentateuco samaritano está escrito no alfabeto Samaritano, que é diferente do hebraico e


era a forma de escrita usada antes do cativeiro babilônico (cerca de 597-586 a.C). Além da
linguagem diferente existem outras discrepâncias entre o Texto Massorético e a Torá
Samaritana. Um exemplo é que na versão Samaritanda dos 10 mandamentos Deus comanda o
povo que construa o altar no Monte Gerizim.

Agora temos que ter em mente que o Pentateuco Samaritano ficou conhecido mundialmente
quando Pietro della Valle trouxe de Damasco em 1616 uma cópia do texto.

Mesmo assim essa versão do Texto Samaritano não é absoluta. Em Q'umran foram
encontrados fragmentos de textos da Torá que combinam com o Texto Massorético e são
diferentes do texto samaritano, como por exemplo não trazer nenhuma referência ao Monte
Gerizim. Ou seja existem diferentes versões deste texto.

Já a Versão dos Setenta, ou Septuaginta Grega, é como ficou conhecida a tradução grega do
Antigo Testamento, elaborada entre os séculos IV e II a.C., feita em Alexandria, no Egito. O seu
nome surgiu da lenda que dizia que essa tradução foi o resultado milagroso do trabalho de 70
(em alguns casos se citam 72) eruditos judeus que pretende exprimir que não só o texto, mas
também a tradução, havia sido inspirada por Deus. De acordo com a dita lenda, cada sábio foi
confinado a um aposento e não poderia ter contato com nenhum dos outros, para que não
influenciassem um na tradução do outro, no final todas as traduções eram idênticas - vale notar
que não existe hoje registro ou evidências arqueológicas dessas 70 ou 72 traduções originais.
A Septuaginta Grega é a mais antiga versão do Antigo Testamento que conhecemos. A sua
grande importância provém também do fato de ter sido essa a versão da Bíblia utilizada entre
os cristãos desde que surgiram e a que é citada em grande parte do Novo Testamento. Então é
importante ter em mente que grande parte das menções que o Novo Testamento faz do Antigo
Testamento são tiradas não do texto original, mas da tradução que fizeram do original para o
grego.

Da Septuaginta Grega fazem parte, além da Bíblia Hebraica, a Tanakh, os Livros


Deuterocanônicos (aceitos como canônicos apenas pela Igreja Católica) e alguns escritos
apócrifos (não aceitos como inspirados por Deus por nenhuma das religiões cristãs ocidentais).

10 - E finalmente temos a Bíblia...

Ainda não.

Preste atenção que até o momento todas essas versões que vimos do Texto da Lei, dos livros
dos Profetas e dos Escritos eram usadas por Judeus. Não haviam cristãos ainda no mundo,
mesmo o texto massorético do século VI d.C. ainda diz respeito aos judeus, foi compilado por
judeus para os judeus. E para entender o surgimento do que os cristãos chamam de Bíblia
temos que entender o que era o cristianismo, e não estamos falando de Jesus.

Os Judeus sempre se dividiram em vários grupos e todos eles, em um determinado momento,


esperavam a vinda do Messias para unir o povo sob a Lei de Deus e trazer consigo um período
de paz. O advento do Cristianismo foi a divulgação que de esse Messias teria finalmente
chegado, na figura de Jesus, e então através de Cristo o povo teria uma nova aliança com
Deus.

Mas a importância histórica disso não foi a maneira como o povo enxergava Cristo - se era ou
não o messias judeu - e sim a mudança que ele trouxe para a fé judaica. Os primeiros cristãos,
ou seja, as primeiras pessoas que pregavam a filosofia de Cristo e que a seguiam, eram todos
judeus, a briga começou quando alguns deles começaram a defender que, como a mensagem
de Cristo era para todos, os gentios - não judeus - poderiam compartilhar a mesma fé,
deixando de lado alguns costumes judaicos, como por exemplo a circuncisão. Veja que a
circuncisão foi usada por Abrahão para mostrar que estava a serviço de Deus, desde então
todo Judeu deveria ser circuncidado; imagine o que era então para muitos dos cristãos judeus,
terem que aceitar que pessoas que não faziam parte da crença judaica e que não obedeciam a
certos costumes judeus fossem aceitas em seu grupo, um grupo formado por judeus que
seguiam o messias do judaismo.

Isso criou a necessidade de um material para divulgar a crença judaica - não havia novo
testamento ainda - para os novos convertidos, que não eram judeus, para eles se
familiarizarem com as leis e a vontade divina, com o seu Deus, etc. Apesar do Judaísmo não
ser a religião mais antiga, até hoje muitos afirmam que ela foi a religião monoteísta mais antiga,
então os novos convertidos ao judaísmo cristão tinham que conhecer essa filosofia e essa
religião antes de qualquer coisa já que Jesus não pregava uma nova religião, Jesus pregava o
judaísmo, com algumas mudanças.

Quando o cristianismo começou a se espalhar pelo Império Romano, ou seja, quando o


judaísmo começou a crescer e a divuldar a mensagem de que o Messias havia chegado e
trazido com ele novas Leis de Deus, surgiu um novo público para a fé, não apenas os gentios
que viviam na região do oriente médio, mas também os romanos, e assim nasceu uma nova
necessidade de se traduzir os escritos sagrados para os cristãos que não liam nem grego nem
hebraico.

Essa tradução surgiu no século I e foram realizadas por tradutores informais. Ficou conhecida
como a Vetus Latina. Podemos dizer que ela foi a primeira versão da Tanakh para cristãos e
mesmo assim não era carregada debaixo do braço para cima e para baixo; era usada como
forma de catequese, para se criar uma base comum para todos: "se querem se beneficiar da
salvação e das boas novas trazidas pelo Messias, estes textos são o mínimo que vocês tem
que conhecer!" foi nesta época que a Tanakh começou a ser compartilhada com não judeus e
deixou de ser um texto exclusivo da religião judaica. Um ponto importante para se ter em mente
aqui é grande parte dos novos convertidos eram analfabetos, os textos eram lidos para eles,
que absorviam a mensagem e tentavam viver de acordo com ela, em encontros grupais a
mensagem era repetida e dúvidas tiradas. Ninguém levava para casa a cópia de um texto para
ficar lendo.

11 - Então a primeira Bíblia Cristã surgiu no século I?

Não da forma como temos a Bíblia hoje. A Vetus Latina não era uma bíblia ainda. Como
dissemos ela foi feita por tradutores informais, isso significa que pedaços dos textos antigos,
tanto os judaicos quanto os gregos eram traduzidos de acordo com a necessidade. Assim ela
não era uma Bíblia Latina. Ela era mais uma gambiarra para poder mostrar ao povo que não
estava familiarizado com os textos Judeus a religião e então ter um texto que eles pudessem
compreender e usar como base quando se convertessem. E mesmo assim suas primeiras
versões não traziam os textos conhecidos como o Novo Testamento. Eles só surgiram nos
séculos seguintes. E ainda não era um livro fechado, eram traduções avulsas de pedaços
separados da Tanakh, muitas vezes nem eram os livros inteiros, mas os fragmentos que
pareciam ser importantes, que foram sendo distribuídos e usados e só com o tempo foi
crescendo e recebendo os livros que temos hoje do Novo Testamento.

Os textos da Vetus Latina chegaram até nós através de vários códices.

Os códices (ou codex, da palavra em latim que significa "livro", "bloco de madeira") eram os
manuscritos gravados em madeira, em geral do período da era antiga tardia até a Idade Média.
Manuscritos do Novo Mundo foram escritos por volta do século XVI.

O códice é um avanço do rolo de pergaminho e gradativamente substituiu este último como


suporte da escrita. O códice, por sua vez, foi substituído pelo livro impresso.

Os códices mais conhecidos da Vetus Latina são:

Códice Bobienus (K) - séc. IV. É um manuscrito africano em Unçais. Contém fragmentos dos
Evangelhos de Marcos e Mateus;

Códice Vercellensis (a) - Séc. IV. Texto em Unçais. Contém todos os quatro Evangelhos;

Códice Bezae (q) - Séc. V. É um manuscrito bilingüe, com o Grego no verso e o Latim na
frente. Contém os quatro Evangelhos, Atos e 3 João;

Códice Monacensis 13 (q) - Séc. VI-VII. Texto em Unçais. Contém os quatro Evangelhos;
Palimpsest 53 (s) - Séc. VI. Conhecido também como Bobiensis ou Vindobonensis. Texto em
meio unçal. Contém fragmentos dos Atos e as 14 Cartas Católicas.

Os textos da Vetus Latina organizados como um único livro foram encontrados em manuscritos
tardios, datados do séc. XIII. Muitas das versões nem chegaram a ser consideradas
autorizadas como traduções bíblicas que poderiam ser usadas por toda igreja – veja que nesta
época já havia uma igreja cristã regulamentando que textos podiam e não podiam ser usados.
A estas traduções precedentes, muitos estudiosos adicionam freqüentemente citações das
passagens bíblicas que aparecem nos escritos dos Pais da igreja Latina.

Mas para se ter uma idéia da bagunça que era, mesmo com a boa vontade dos primeiros
tradutores era inevitável que diferentes traduções acabassem ficando diferentes entre si.
Depois de comparar a leitura de Lucas 24,4-5 nos manuscritos da Vetus Latina, Bruce Metzger
contou "não menos que 27 variações!". Agora imaginem os pais da igreja com esses textos uns
diferentes dos outros pregando o cristianismo sem uma base ainda para qual era a versão
correta do texto.

Os livros bíblicos reunidos no conjunto de manuscritos disponíveis da Vetus Latina são:

VETUS TESTAMENTUM

Genesis

Exodus

Leviticus

Numeri

Deuteronomium

Josue

Judicum (Juízes)

Ruth

1-4 Regum (1 e 2 Reis (1 e 2 Samuel) e 3 e 4 Reis (1 e 2 Reis))

1-2 Paralipomenon (Paralipômenos ou Crônicas)

Esdras
Nehemias

3-4 Esdras

Tobit

Judith

Hester

Job

Psalmi (Salmos)

Proverbia

Ecclesiastes

Canticum Canticorum

Sapientia (Sabedoria de Salomão)

Sirach, Ecclesiasticus (Sabedoria de Sirac ou Eclesiástico).

Esaias (Isaías)

Jeremias (Lamentationes, Baruch)

Daniel

XII Prophetae (Doze Profetas)

I-II Macchabaeorum (1 e 2 Macabeus).

NOVUM TESTAMENTUM

Matthaeus

Marcus

Lucas

Johannes

Actus Apostolorum

Ad Romanos

Ad Corinthios I
Ad Corinthios II

Galatas

Ad Ephesios

Ad Philippenses

Colossenses

Ad Thessalonicenses

Timotheum

Ad Titum

Philemonem

Hebraeos

Epistulae Catholicae (1 e 2 Pedro; 1, 2 e 3 João; Tiago e Judas)

Apocalypsis Johannes

Mas esses livros foram surgindo com o tempo assim no século I a maioria destes textos ainda
não existia e eles ainda não estavam juntos em um único livros. Muitas comunidades usavam
apenas alguns deles. Se você pegar uma bíblia moderna vai ver que alguns desses textos
antigos nem constam mais hoje como livros canônicos.

12 - E a Bíblia que existe hoje veio da Vetus Latina?

Não.

Como vimos, o texto "definitivo" - entre aspas porque ainda não é aceito por todo como
unânime - do judaísmo, surgiu no século VI d.C., a versão destinada para cristãos ainda levou
mais algum tempo para surgir.

No século IV d.C. Dâmaso (hoje conhecido como São Dâmaso ou ainda como Papa Dâmaso I)
pediu que Jerônimo (conhecido como São Jerônimo, o padroeiro dos bibliotecários e das
secretárias), criasse uma versão autorizada da Bíblia na língua latina. A idéia era parar com a
enormidade de textos avulsos que surgiam, traduzidos por pessoas diferentes conforme a
necessidade individual e criassem um texto padrão, que pudesse ser usado por todos, e assim
eles saberiam que um cristão da África havia recebido exatamente a mesma doutrina de um
cristão da Espanha, por exemplo, acabando assim com variações de um mesmo texto.

Jerônimo então reviu a Septuaginta grega e os textos da Vetus Latina e decidiu que a melhor
coisa a fazer era jogar tudo for a e começar a criar o texto oficial da Bíblia Cristã a partir do
zero. Este trabalho ele batiza de Vulgata. O nome vem da frase "versio vulgata", isto é "versão
dos vulgares", e foi escrito em um latim cotidiano, que era a forma antiga de se dizer: "escrito
em um latim atual e popular".

Até então a igreja[2] usava textos na língua grega, foi inclusive nesta língua que se escreveu
todo o Novo Testamento, incluindo a Carta aos Romanos, de Paulo, bem como muitos escritos
cristãos nos séculos seguintes.

A Vulgata foi produzida para ser mais exata e mais fácil de compreender do que suas
predecessoras. Foi a primeira, e por séculos a única, versão da Bíblia que possuiu os textos do
Velho Testamento traduzidos diretamente do hebraico e não da versão grega (a Septuaginta).
No Novo Testamento, Jerônimo selecionou e revisou textos. Ele inicialmente não considerou
canônicos os sete livros, chamados por católicos e ortodoxos, de deuterocanônicos. Porém,
trabalhos posteriores mostram sua mudança de conceito, pelo menos a respeito dos livros de
Judite, Sabedoria de Salomão e o Eclesiástico (ou Sabedoria de Sirac), conforme atestamos
em suas últimas cartas a Rufino.

13 - Perai, Jerônimo não considerou como canônico alguns livros? Mas quem decidia o que era
canônico ou não? E o que é canônico?

Vamos começar de trás para frente.

Um cânone ou cânon normalmente se caracteriza como um conjunto de regras (ou,


frequentemente, como um conjunto de modelos) sobre um determinado assunto, em geral
ligado ao mundo das artes e da arquitetura. A canonização é a sistematização deste conjunto
de modelos. Cânone, em hebraico é qenéh e no grego kanóni, têm o significado de "régua" ou
"cana (de medir)", no sentido de um catálogo.

O Cânone Bíblico designa o inventário ou lista de escritos ou livros considerados pelas religiões
cristãs como tendo evidências de Inspiração Divina.

Quanto a quem decidia se um livro era canônico ou não é uma história interessante. Vamos
responder juntamente com as próximas questões.

14 - Bom, então com a criação da Vulgata nós temos uma Bíblia, ou ainda não?

Glória aos Céus! Agora sim.

A Vulgata se tornou a primeira versão fechada da Bíblia, com todos os textos que temos hoje.
Mesmo assim ela ainda passou por alguns ajustes que levaram mais alguns séculos.
Finalmente entre os anos de 1545 e 1563 a igreja católica realizou seu 19º concílio ecumênico,
também conhecido como o Concílio de Trento. Ele foi convocado pelo Papa Paulo III para
assegurar a unidade da fé (sagrada escritura histórica) e a disciplina eclesiástica. O concílio
tem este nome em referência à cidade de Trento, onde transcorreu, e nele foi estabelecido um
texto único para a Vulgata, a partir de vários manuscritos existentes, e oficializado como a
Bíblia oficial da Igreja. Esta Bíblia ficou conhecida como Vulgata Clementina.

Após o Concílio Vaticano II, por determinação de Paulo VI, foi realizada uma revisão da
Vulgata, sobretudo para uso litúrgico. Esta revisão, terminada em 1975, e promulgada pelo
Papa João Paulo II em 25 de abril de 1979, é denominada Nova Vulgata, estabelecendo esta
como a nova Bíblia oficial da Igreja Católica.

15 - Mas a Bíblia só passou a existir desta forma no século XVI, ou no século XX?

Não extamente. Existem alguns fatos que devem ser levados em consideração quando falamos
de o texto final e definitivo da Bíblia. Existe um processo por trás que durou séculos e que está
em andamento até hoje.

Por exemplo, se levarmos em conta os textos sagrados em si, a Bíblia levou 1600 anos para
ser escrita. Já que teoricamente ela começou a ser registrada na época de Moisés (cerca de
1500 a.C.) e terminou com o evangelho de João (cerca de 96 d.C.). Essa é a datação cultural
dos textos.
Mesmo assim na época do evangelho de João, no final do século I d.C., não havia unidade
nos textos. Para se ter idéia, os textos só passaram a ser conhecidos como Bíblia com
Jerônimo (cerca de 347d.C. - 419/420 d.C.), que chamou pela primeira vez ao conjunto dos
livros do Antigo Testamento e Novo Testamento de "Biblioteca Divina". "Bíblia”, inclusive, é uma
palavra que não aparece na Bíblia. Ela vem do termo grego biblos, por causa da cidade fenícia
de Biblos, um importante centro produtor de rolos de papiro usados para fazer livros. Com o
tempo, a palavra biblos passou a significar “livro”. Biblia é a forma plural (“livros”).

Então a primeira Bíblia oficial foi organizada, compilada e preparada pela igreja católica nos
séculos IV e V d.C. como já vimos.

Mas antes de Jerônimo por a mão na massa tiveram que decidir quais dos textos existentes
fariam parte da Bíblia, afinal além dos textos que temos hoje haviam dezenas, mesmo
centenas de outros que circulavam na época.

E agora voltamos à pergunta 13: quem decidia que livros fariam parte da Bíblia?

Sempre houve uma preocupação muito grande de se ter as informações corretas sobre Deus e
sobre as maneiras corretas de seguir suas leis e mandamentos, de honrá-lo e adorá-lo. Como
dissemos lá na introdução, a Bíblia nasceu de uma necessidade dos povos de se manterem
fiéis à fé, não como livro de regras a ser instituído a todos os povos. No início queriam apenas
juntar os textos que julgavam pertinentes e sinceros em relação à fé. Assim durante a história
muitos estudiosos, religiosos se reuniram e estudaram para analisar que textos eram de fato
textos enviados por Deus ou eram textos sérios e quais seriam invenções ou simplesmente
opiniões de outros religiosos e escritores.

Hoje muitas pessoas acreditam que o primeiro trabalho sério de se decidir quais seriam os
textos aceitos pelos cristãos e que fariam parte da Bíblia foi o Concilio de Nicéia, realizado em
325 d.C., vinte e dois anos antes de Jerônimos começar seu trabalho. Embora algumas obras
afirmem que no Concílio de Nicéia discutiu-se quais evangelhos fariam parte da Bíblia, quando
pegamos os documentos que existem hoje sobre esta reunião não há menção de que esse
assunto estivesse em pauta, nem nas informações dos historiadores do Concílio, nem nas Atas
do Concílio que chegaram a nós em três fragmentos: o Símbolo dos apóstolos, os cânones, e o
decreto senoidal.
No ano de 150 d.C. Marcião, um cristão muito influente na época, propôs uma lista dos livros
que deveriam fazer parte do conjunto de livros religiosos do cristianismo. Nesta lista ele
considerou apenas o Evangelho de Lucas e as cartas paulinas como textos inspirados. Essa
lista ficou conhecida como o Cânone de Marcião.

No ano de 1740 foi publicado o Cânone Muratori - também conhecido por fragmento
muratoriano ou fragmento de Muratori - descoberto na Biblioteca Ambrosiana de Milão por
Ludovico Antonio Muratori (1672 – 1750). Apesar de ser consensual datar o manuscrito como
sendo do século VII, ele é cópia de um texto mais antigo, datado como tendo sido escrito por
volta do ano 170, já que nele existem menções ao Pastor de Hermas e ao papado de Pio I,
morto em 157.

Na lista figuram os nomes dos livros que o autor, desconhecido até os dias de hoje,
considerava admissíveis junto com alguns comentários. A lista está escrita em latim e encontra-
se incompleta, daí ser chamada de fragmento.

Os livros canônicos mencionados no Cânone Muratori são aproximadamente os mesmos que


se encontram hoje na Bíblia com algumas variações. O Cânone de Muraori aceita quatro
evangelhos, dos quais dois são o Evangelho de Lucas e o Evangelho de João, não se
conhecendo os outros dois, pois falta o princípio do manuscrito, onde estariam os nomes dos
dois primeiros. A lista segue com os Atos dos Apóstolos e com 13 epístolas de Paulo de Tarso
(não menciona a Epístola aos Hebreus). O autor considera falsificações as epístolas
supostamente escritas por Paulo aos laodiceanos e a escrita aos alexandrinos. Nele só se
mencionam duas epístolas de João, sem as descrever. Figura também no fragmento o
Apocalipse de Pedro, ainda que com certas reservas ("o qual alguns dos nossos não permitem
que seja lido na Igreja").

O Livro da Sabedoria do Antigo Testamento também é citado como sendo canônico.

No Cânone de Muratori está escrito:

"...aos quais esteve presente e assim o fez. O terceiro livro do Evangelho é o de Lucas. Este
Lucas ‘médico que depois da ascensão de Cristo foi levado por Paulo em suas viagens’
escreveu sob seu nome as coisas que ouviu, uma vez que não chegou a conhecer o Senhor
pessoalmente, e assim, a medida que tomava conhecimento, começou sua narrativa a partir do
nascimento de João. O quarto Evangelho é o de João, um dos discípulos.
Questionado por seus condiscípulos e bispos, disse: ‘Andai comigo durante três dias a partir de
hoje e que cada um de nós conte aos demais aquilo que lhe for revelado’. Naquela mesma
noite foi revelado a André, um dos apóstolos, que, de conformidade com todos, João escrevera
em seu nome.

Assim, ainda que pareça que ensinem coisas distintas nestes distintos Evangelhos, a fé dos
fiéis não difere, já que o mesmo Espírito inspira para que todos se contentem sobre o
nascimento, paixão e ressurreição [de Cristo], assim como sua permanência com os discípulos
e sobre suas duas vindas ´ depreciada e humilde na primeira (que já ocorreu) e gloriosa, com
magnífico poder, na segunda (que ainda ocorrerá).

Portanto, o que há de estranho que João freqüentemente afirme cada coisa em suas epístolas
dizendo: ‘O que vimos com nossos olhos e ouvimos com nossos ouvidos e nossas mãos
tocaram, isto o escrevemos’? Com isso, professa ser testemunha, não apenas do que viu e
ouviu, mas também escritor de todas as maravilhas do Senhor.

Os Atos foram escritos em um só livro. Lucas narra ao bom Teófilo aquilo que se sucedeu em
sua presença, ainda que fale bem por alto da paixão de Pedro e da viagem que Paulo realizou
de Roma até a Espanha.

Quanto às epístolas de Paulo, por causa do lugar ou pela ocasião em que foram escritas elas
mesmas o dizem àqueles que querem entender: em primeiro lugar, a dos Coríntios, proibindo a
heresia do cisma; depois, a dos Gálatas, que trata da circuncisão; aos Romanos escreveu mais
extensamente, demonstrando que as Escrituras têm como princípio o próprio Cristo.

Não precisamos discutir sobre cada uma delas, já que o mesmo bem - aventurado apóstolo
Paulo escreveu somente a sete igrejas, como fizera o seu predecessor João, nesta ordem: a
primeira, aos Coríntios; a segunda, aos Efésios; a terceira, aos Filipenses; a quarta, aos
Colossenses; a quinta, aos Gálatas; a sexta, aos Tessalonicenses; e a sétima, aos Romanos.

E, ainda que escreva duas vezes aos Coríntios e aos Tessalonicenses, para sua correção,
reconhece - se que existe apenas uma Igreja difundida por toda a terra, pois da mesma forma
João, no Apocalipse, ainda que escreva a sete igrejas, está falando para todas. Além disso, são
tidas como sagradas uma [epístola] a Filemon, uma a Tito e duas a Timóteo; ainda que sejam
filhas de um afeto e amor pessoal, servem à honra da Igreja Católica e à ordenação da
disciplina eclesiástica. Correm também uma carta aos Laodicenses e outra aos Alexandrinos,
atribuídas [falsamente] a Paulo, mas que servem para favorecer a heresia de Marcião, e muitos
outros escritos que não podem ser recebidos pela Igreja Católica porque não convém misturar
o fel com o mel.

Entre os escritos católicos, se contam uma epístola de Judas e duas do referido João, além da
Sabedoria escrita por amigos de Salomão em honra do mesmo. Quanto aos apocalipses,
recebemos dois: o de João e o de Pedro; mas, quanto a este último, alguns dos nossos não
querem que seja lido na Igreja. Recentemente, em nossos dias, Hermas escreveu em Roma 'O
Pastor', sendo que o seu irmão, Pio, ocupa a cátedra de Bispo da Igreja de Roma.

É, então, conveniente que seja lido, ainda que não publicamente ao povo da Igreja, nem aos
Profetas ´ cujo número já está completo , nem aos Apóstolos ´ por ter terminado o seu tempo.
De Arsênio, Valentino e Melcíades não recebemos absolutamente nada; estes também
escreveram um novo livro de Salmos para Marcião, juntamente com Basíledes da Ásia..."

Então já na época haviam dúvidas a que textos eram de fato inspirados pelo Espírito de Deus e
quais eram criações - sinceras ou não - de homens.

E como faziam para decidir?

Até hoje existem pessoas que tem um certo recentimento desses primeiros cristãos, que dizem
que uma pessoa não teria como decidir que texto seria inspirado por Deus, diretamente ou via
Espirito Santo, ainda mais porque os textos já existiam e estavam circulando, não haveria um
modo seguro de se saber se o autor estava cumprindo a Vontade Deus ou simplesmente
escrevendo o que achava ser correto. E assim se cria uma visão de que o caso foi resolvido
através de puro dogmatismo e abuso de autoridade.

Existem estudiosos que citam Irineu (205 d.C.) afirmando que:

“O evangelho é a coluna da igreja, a igreja está espalhada por todo o mundo, o mundo tem
quatro regiões, e convém, portanto, que haja também quatro Evangelhos… O Evangelho é o
sopro do vento divino da vida para os homens, e pois, como há quatro ventos cardiais, daí a
necessidade de quatro Evangelhos… O Verbo criador do Universo reina e brilha sobre os
querubins, os querubins têm quatro formas, e eis porque o Verbo nos obsequiou com quatro
Evangelhos.”

Ainda existem outras lendas e histórias de como se escolheram os textos como conta a obra
Libelus Synddicus, de um autor anônimo: “estando os bispos em oração, os Evangelhos
inspirados foram por si colocar-se em um altar…”

Outras lendas contam como todos os textos existentes foram colocados sobre um altar e
aqueles que não eram inspirados caíram ou como uma pomba atravessou o vitral da igreja,
durante o concilio de Nicéia e pousou no ombro de cada bispo e cochichou ao seu ouvido quais
eram os livros inspirados.

Bem, como vimos o Concilio de Nicéia tem uma fama enorme em relação à escolha de que
livros eram ou não inspirados, mas não existe um registro do evento que fale sobre o assunto,
e já haviam listas, como o cânone Muratori onde os livros já eram escolhidos.

Isso sem contar que muitas destas afirmações mostram um certo descontentamento com a
Instituição da Igreja Católica mas deixa de lado um pequeno detalhe: os livros sagrados
judaicos da Bíblia, o Antigo Testamento, também foram criados a partir de livros aceitos e não
aceitos, eles também foram peneirados. O mesmo trabalho de catalogação de um cânone
oficial foi realizado pelos judeus, então este processo de identificar quais livros eram sagrados
para fazer parte ou não da Bíblia não foi um trabalho unicamente cristão.

Em relação à Bíblia sabemos hoje que o bispo de Alexandria Anastásio, no ano de 367, propôs
uma lista de livros inspirados. Essa lista foi posteriormente defendida no Concilio de Hipona,
em 398, e a lista de Anastásio acabou sendo aprovada pelos bispos. Isso 50 anos depois de
Jerônimo ter começado seu trabalho de criar a Vulgata.

E para se criar o concenso de que livros seriam aceitos foram criados uma série de critérios
que deveriam ser observados, não apenas em ralação a textos cristãos mas a textos judaicos
também. Nesta época a igreja já começava a se organizar e mesmo havendo vários grupos
que possuíam textos próprios a idéia era começar a criar um corpo oficial de textos,
literalmente um cânon. Assim os critérios adotados foram:

a) O livro deveria conferir identidade religiosa ao povo judeu e cristão.


b) O livro não poderia ser escrito em grego – isso em relação aos livros do Antigo Testamento.

c) Ainda em relação ao Antigo Testamento, o livro deveria ter sido escrito durante a época que
vai de Moisés a Esdras.

d) Deveria ter sido catalogado na lista de Flávio Josefo, o historiador judeu.

e) O livro não deveria “manchar a mão”.

E finalmente dois critérios que refletiam muito bem o período histórico onde já haviam sinais do
surgimento da igreja:

f) O livro não poderia ter origem em grupos de oposição ao pensamento dominante.

g) Deveria ser usado por muitas comunidades. Quanto maior fosse a aceitação de um livro,
maior era a indicação que era um livro inspirado.

Se um texto passasse por esse crivo ele finalmente deveria ser reconhecido como

h) inspirado pelo Espírito Santo.

Assim para um texto passar pelo crivo religioso e ser aceito ele deveria primar pela consciência
de que o povo judeu era o povo eleito, mantendo vivo essa fé como símbolo da indentidade
nacional, também deveria professar a fé em Jesus crucificado, morto e principalmente
ressuscitado. Se o texto fazia parte do Antigo Testamento deveria ter sido escrito originalmente
em hebraico (com pequenas excessões onde o original se apresentava em aramaico) e deveria
ter sido compilado até o século V a.C. na época de Esdras. Ele teria que ter estado presente
nos escritos de Flávio Josefo e não poderia ter origem em grupos considerados subversivos.
Por exemplo no Antigo Testamento temos o caso dos dois livros dos Macabeus, que era um
dos grupos de judeus que lutava contra o império romano e desejava reestabelecer o judaísmo,
eles eram inimigos dos Fariseus, que eram aqueles judeus que formavam o grupo religioso
judaico que conduzia a religião judaica e que foi responsável pela criação do cânone judaico de
Jâmnia. Assim os textos sobre os Macabeus não foram considerados inspirados pelos Judeus.
Já no Novo Testamento os textos de origens gnósticas, que iam contra os grupos cristãos que
estavam se tornando dominantes, foram descartados como fraudes. Deveria ser considerado
um Best-Seller da época e aprovado por aquelas que eram consideradas as pessoas mais
religiosas e ligadas a Deus.
Uma curiosidade sobre o critério e) é que nunca ficou muito claro o que os judeus queriam
dizer com “manchar as mãos”. Se acreditavam que um livro impuro fosse uma aberração tão
grande que mancharia aquele que o tocasse ou se havia o costume de algumas pessoas
alterarem textos antigos escrevendo passagens novas e a tinta fresca seria a responsável pela
mácula na mão daquele que o lesse.

Assim com o tempo os livros foram sendo aceitos e descartados da compilação final que existe
hoje.

Além disso a Bíblia sempre foi apresentada como um longo texto corrido, ela foi dividida em
capítulos apenas no século XIII d.C. (entre 1234 e 1242), pelo teólogo Stephen Langhton,
então Bispo de Canterbury, na Inglaterra, e professor da Universidade de Paris, na França. Foi
apenas nos séculos IX e X d.C. que estudiosos Judeus dividiram o Antigo Testamento em
versículos. O Novo Testamento recebeu a divisão em versículos no ano de 1551, o responsável
foi um impressor francês chamado Robert d´Etiénne.

Até boa parte do século XVI, as Bíblias eram publicadas somente com os capítulos. Foi assim,
por exemplo, com a Bíblia que Lutero traduziu para o Alemão, por volta de 1530. A primeira
Bíblia a ser publicada incluindo integralmente a divisão de capítulos e versículos foi a Bíblia de
Genebra, lançada em 1560, na Suíça.

E mesmo assim nem todas as Bíblias traziam os mesmos textos.

16 - Como assim? Com todo esse trabalho de escolher textos que eram ou não inspirados
existiam Bíblias diferentes?

Sim.

Apesar da antiguidade dos livros bíblicos, os manuscritos mais antigos que possuímos datam a
maior parte dos séculos III e IV d.C.. Tais manuscritos são o resultado do trabalho de copistas
(escribas) que, durante séculos, foram fazendo cópias dos textos, de modo a serem
transmitidos às gerações seguintes. Por causa desse processo manual e artesanal o texto
bíblico, obviamente, está sujeito a erros e modificações, involuntários ou voluntários, dos
copistas. E isso acaba se traduzindo na coexistência, para um mesmo trecho bíblico, de várias
versões que, embora não afetem grandemente o conteúdo, suscitam diversas leituras e
interpretações dum mesmo texto.

Por causa disso criou-se o que ficou conhecido como Crítica Textual, que é o trabalho
desenvolvido por especialistas que se dedicam a comparar as diversas versões e a selecioná-
las. O resultado deste trabalho são os Textos-Padrão.

Ou seja, existe um esforço para se descobrir quais as formas originais dos textos que temos
hoje, e quais deles estariam mais próximos da forma como foram concebidos originalmente.

A grande fonte hebraica para o Antigo Testamento é o Texto Massorético, que como já vimos,
foi fechada no século VI d.C.

Esses processos de cópia e produções de Bíblias combinados com as várias igrejas que se
formaram depois do surgimento do cristianismo serviram para que várias versões da Bíblia
sobrevivessem até os dias de hoje, cada uma com características próprias.

17 - Mas com o estabelecimento do cristianismo não houve um consenso sobre que textos
fariam parte da Bíblia e que versões de cada texto era aceita?

Infelizmente não.

E para isso vamos voltar ao conceito de Cânone Bíblico e um pouco antes para o conceito de
“cânone” judaico.

Segundo a literatura judaica Esdras, na qualidade de escriba e sacerdote, presidiu um conselho


formado por 120 membros chamado Grande Sinagoga, que teria selecionado e preservado os
rolos sagrados. Alguns acreditam que foi ai que o Cânone das Escrituras do Antigo Testamento
foi fixado (Esdras 7:10,14). Entretanto esta tese é desacreditada pela crítica moderna. Os
estudiosos concordam que foi essa mesma entidade que reorganizou a vida religiosa nacional
dos repatriados e, mais tarde, deu origem ao Supremo Tribunal Judaico, denominado Sinédrio.

Curiosamente os Saduceus e os Samaritanos só aceitavam como canônicos os cinco livros de


Moisés. Por esta razão, os especialistas especulam que Esdras tenha reunido apenas o
Pentateuco, isto é, os cinco livros de Moisés.

O prólogo da versão grega do Eclesiástico, datado em 130 a.C. parece já confirmar a suspeita
dos estudiosos modernos. Com efeito nele lemos: "Pela Lei, pelos Profetas e por outros
escritores que os sucederam, recebemos inúmeros ensinamentos importantes (...) Foi assim
que após entregar-se particularmente ao estudo atento da Lei, dos Profetas e dos outros
Escritos, transmitidos por nossos antepassados [...]".

Nota-se que o cânon indicado neste escrito considera canônicos livros posteriores ao tempo
dos profetas.

O Cânone Hebraico de 39 livros, só foi realmente fixado no Concílio de Jâmnia - criado para
procurar um rumo para o judaísmo, após a destruição do Templo de Jerusalém, no ano 70 d.C -
em 90 d.C.. Mesmo assim estudiosos como Leonard Rost garantem que tais decisões
demoraram muito para serem aceitas e até hoje não tiveram aceitação em algumas
comunidades judaicas como é o caso dos judeus do Egito.

Neste concílio os participantes decidiram considerar como textos canônicos do judaísmo


apenas os que existiam em língua hebraica e que remontassem ao tempo do profeta Esdras,
rejeitando todos os outros livros e demais escritos, considerando-os como apócrifos, ou seja,
não tendo evidências de inspiração por Deus e fonte de fé. Houve muitos debates acerca da
aprovação de certos livros, como Ester e Cântico dos Cânticos, conforme registro da Mishiná.

Apesar da crítica moderna afirmar que vários livros que constam no Cânon Hebraico são
posteriores ao tempo de Esdras (como é o caso do Livro de Daniel), os estudiosos explicam
que os Fariseus não dispunham do método científico que existe hoje para se datar uma obra,
ou mesmo para se atribuir a ela um autor. De qualquer forma, os critérios por eles adotados
excluíram os livros deuterocanônicos do Cânon Hebraico.

Para não confundir: o Concilio de Jâmnia (ano 90 d.C.) decidiu quais os livros que fariam parte
do cânon. Os Massoretas, século VI, decidiram qual a forma correta dos textos que haviam
sido selecionados.

Já do lado dos cristãos, temos que ter em mente que no início não havia uma igreja organizada
como hoje e desde o tempo de Jesus, entre seus discípulos, sempre existiram controvérsias
doutrinárias e disciplinares, como se vê em At 15, 1-5. Havia grupos em Roma, no Oriente e
norte da África que, sob influência helenística, zoroastrista e de convicções pessoais, queriam
adaptar a doutrina de Jesus às suas idéias. Tais foram os grupos dissidentes ou heréticos
fundados por Donato, a gnose de Marcião (o "Primogênito de Satanás"), Montanus, Nestório,
Paulo de Samósata e Valentinus entre outros. Os escritos de Tertuliano contra os heréticos e o
"Contra as heresias" de Ireneu foram respostas às heresias. O Concílio de Nicéia foi
convocado pelo imperador Constantino devido a disputas em torno da natureza de Jesus "não
criado, consubstancial ao Pai". Na Santíssima Trindade, as três pessoas têm a mesma
natureza, ou seja, a divina.

Então apesar do Antigo Testamento já ter uma aceitação mais ou menos geral de que textos
eram inspirados e quais não eram, o Novo Testamento ainda não possuía unidade. Mesmo
com tentativas como a do Cânone Muratori, 170 d.C., o Novo Testamento ainda era um Deus
nos Acuda, já que as pessoas ainda não tinham nem muita certeza sobre o que era o
Cristianismo.

A partir de 325, algumas verdades do Cristianismo foram estabelecidas como dogma através
de cânones promulgados por vários concílios, como o de Nicéia.

Desde Jesus Cristo (Jo 17,21) passando por todos os apóstolos, especialmente Paulo, existe
um impulso para estabelecer unidade no cristianismo. A primeira forma de demonstração desse
impulso foi a manutenção da unidade em torno de Pedro. Se há um só Deus, que se revelou
em Jesus Cristo, que fundou Sua única Igreja (Mt 16,18) e se Jesus Cristo mesmo diz que Ele
é o Caminho, a Verdade e a Vida, não podem existir outras verdades verdadeiras. Uma das
linhas que foi condenada como heresia eram as que divergiam da afirmação de que Cristo era
totalmente divino e totalmente humano e que as três pessoas da Trindade são iguais e eternas.
Este dogma (Um só Deus em Três Pessoas = Três pessoas e uma só natureza divina assim
como existem bilhões de pessoas e uma só natureza humana) só foi estabelecido depois que
Ário, um celebrado professor do cristianismo - e também mártir - o desafiou.

E assim, muitos textos que poderiam fazer parte da Bíblia foram banidos, por serem
considerados heréticos.

Assim não apenas os textos finais foram escolhidos, mas também a forma que o cristianismo
dominante teria também. Escolhendo-se textos que mostrassem certos aspectos de jesus e
descartassem outros.
E ai voltamos ao cíclo vicioso da falta de gráficas, porque uma vez definidos os textos que
fariam parte da Bíblia Cristã, eles estavam sujeitos à manipulação por parte dos copistas (seja
essa manipulação causada por erro sincero ou pela maldade no coração do homem).

E como vimos, mesmo com a tentativa de Jerônimo de criar um texto único, muitos textos e
livros ainda não haviam sido aprovados mesmo cinco décadas depois que ele começou o
trabalho. Assim haviam algumas variantes dos mesmos textos.

Haviam também grupos que não estando ligados à igreja continuavam a usar textos próprios
ou versões próprias de textos existentes, assim quando era o momento de se apontar que
versão era a original não haviam uma base para se ter certeza.

18 - Então além do Antigos Testamento, e dos livros do Novo Testamento, haviam outros livros
e textos religiosos circulando por ai?

Sim, tecnicamente esses livros receberam dois nomes: Deuterocanônicos e Apócrifos.

O termo "deuterocanônico" é formado pela raiz grega deutero (segundo) e canônico (que faz
parte do Cânon, isto é do conjunto de livros considerados inspirados e normativos por uma
religião ou igreja). Assim, o termo é aplicado a livros e partes de livros bíblicos que só num
segundo tempo foram considerados como canônicos.

O adjetivo "deuterocanônico" é originalmente aplicado a estes textos pelos cristãos, que depois
de um tempo passaram a encará-los como inspirados e fazendo parte integrante da Bíblia.

O fato de muitas pessoas, cristãs ou não, não os considerarem inspirados, eles ainda são
obras muito importantes tanto para a fé cristã quanto para historiadores. Hoje eles são
considerados patrimônios históricos da fé, pois refletem e fizeram parte das crenças cristãs ao
longo da história.

São deuterocanônicos os seguintes livros bíblicos:


- Tobias

- Judite

- I Macabeus e II Macabeus

- Sabedoria

- Eclesiástico (também chamado Sirácide ou Ben Sirá )

- Baruc

Fora os livros deuterocanônicos podemos também encontrar fragmentos deuterocanônicas


dentro de livros canônicos como:

- adições em Ester.

- adições em Daniel - especificamente os episódios da Casta Susana e de Bel e o dragão.

Estes livros eram já conhecidos pelos cristãos, que os citavam e utilizavam. Os estudiosos
encontraram citações destes livros nas obras de Ireneu, Justino, Agostinho, Jerônimo, Basílio
Magno, Ambrósio e muitos outros. E ainda haviam aqueles que julgavam esses textos como
sendo somente eclesiásticos, isto é, não eram canônicos porém também não eram contrários à
Fé. Foi o caso de Melitão, Rufino, Atanásio e outros. Como podemos ver o assunto não era
pacífico, e houve bastante discórdia sobre o tema.

Jerônimo inicialmente negou a canonicidade dos deuterocanônicos. Porém, os estudiosos


encontraram uma mudança posterior de sua opinião em suas cartas escritas a Rufino e a
Paulino, Bispo de Nola.

Mas no fim das contas esta discórdia parece ter sido resolvida ou então não influenciou o
parecer comum da igreja antiga.

Nenhum Concílio da igreja primitiva recusou a canonicidade destes livros, muito pelo contrário.
Foram declarados canônicos nos Concílios regionais de Roma (382 d.C, dando origem ao
Cânon Damaseno), Hipona I (cânon 36, 393 d.C), Cartago III (cânon 47, 397 d.C), IV (cânon
24, 417 d.C), Trullo (cânon 2, 692).

Um documento conhecido como Decreto Gelasiano (496 d.C) também confirma a canonicidade
dos deuterocanônicos.

Mas isso não significa que todos os cristãos, fossem apenas seguidores da fé ou os sacerdotes
de comunidades, aceitassem isso. Com a formação de uma igreja se destacando de outros
grupos menores essa aceitação acontecia entre os cristãos católicos apostólicos romanos.

A aceitação comum dos deuterocanônicos como livros sagrados fica ainda mais clara ao
encontrarmos os textos presentes nas primeiras versões Bíblicas, como a Vetus Latina e a
Vulgata. Na época, no Oriente, a Septuaginta foi adotada como a versão oficial do Antigo
Testamento.

Os livros deuterocanônicos foram escritos entre Malaquias e Mateus, ou seja, numa época em
que segundo o historiador judeu Flávio Josefo, cessara por completo a revelação divina.
Entretanto segundo os Evangelhos a revelação do Antigo Testamento durou até João Batista
(cf. Mt 11,12-13 e Lc 16,16). Essa já começava a se mostrar a futura divisão que aconteceria
entre o judaismo e o recém criado cristianismo.

Os textos deuterocanônicos chegaram até nós apenas em grego (alguns escritos originalmente
nessa língua, outros traduzidos duma versão hebraica, que se perdeu), fazendo parte da
Septuaginta. Tais textos não se encontram na Tanakh.

É importante dizer que também no Novo Testamento existem livros deuterocanônicos. São
eles:

- Tiago

- Hebreus

- Apocalipse

- 2 Pedro

- 2 e 3 João.
Assim como os livros deuterocanônicos do Antigo Testamento, estes também tiveram sua
canonicidade contestada por muitos séculos.

E mesmo depois deste tempo todo ainda não havia consenso. Martinho Lutero, o reformista da
Igreja Católica e pai do Protestantismo, chegou até mesmo não considerar canônicos Hebreus,
Tiago, Judas e Apocalipse, que na sua tradução da Bíblia para o Alemão deixou-os num
apêndice sem numeração de páginas. Depois os demais reformadores decidiram que estes
livros deveriam voltar à Bíblia, pela larga utilização nas comunidades cristãs, mas não fizeram o
mesmo com os deuterocanônicos do AT.

No início do séc. XV, um grupo dissidente da Igreja Copta (também chamados de Monofisistas),
conhecidos como Jacobitas questionaram muitos dos concensos cristãos da época, inclusive o
Cânon Alexandrino. Em 1441, O Concílio Ecumênico de Florença, através da Bula Cantate
Domino (4/2/1442) reafirma o caráter canônico do Cânon Alexandrino.

Com a Reforma Protestante, Lutero volta a questionar o caráter canônico dos


Deuterocanônicos negando inclusive seu caráter eclesiástico, pois para ele estes livros eram
contrários à Fé. Em 1545, é convocado o Concílio de Trento, que novamente afirma o caráter
canônico do Cânon Alexandrino.

No início não houve consenso entre os Protestantes sobre o Cânon do Antigo Testamento. O
Rei Jaime I da Inglaterra, responsável pela famosa tradução KJV (King James Version),
defendia que os Deuterocanônicos deveriam continuar constando nas Bíblias Protestantes.
Praticamente na mesma época surgiu uma tradução conhecida como Bíblia de Geneva ou
Genebra, que caracterizava os Deuterocanônicos como apócrifos.

Somente após a "Confissão de fé de Westminster" (séc. XVII), protestantes ingleses que eram
influenciados pelo calvinismo e puritanismo removeram das suas listas os livros
deuterocanônicos, passando a adotar como lista de composição do Antigo Testamento o Cânon
Hebraico conforme instituído no Concílio de Jâmnia. Princípios desta confissão foram
espalhando-se por várias denominações e seu conteúdo funcionou como resposta ao concílio
de Trento. Então novamente os textos do Antigo Testamento que não eram aprovados pelos
Judeus foram retirados da Sagrada Escritura.
Até hoje existem muitos cristãos protestantes que chamam os deuterocanônicos de apócrifod,
alegando que os textos trazem muitos erros, como por exemplo erros geográficos, e por
acreditar que muitos fatos narrados neles não se concretizaram, eles chegam mesmo e
remover os textos de suas Bíblias e dizem que não são textos inspirados. Outro argumento
apontado é de que foram escritos no período intertestamentário (período de 400 anos
compreendidos entre o novo e o velho testamento), ou seja em um período que segundo os
teólogos reformadores Deus não teria levantado nenhum profeta. Este período também ficou
conhecido como "silêncio profético", e isso faz com que não reconheçam estes livros como
fazendo parte da palavra de Deus.

Então se formos tentar colocar ordem nesta bagunça:

Os deuterocanônicos já faziam parte da vida dos judeus através Septuaginta, dos judeus
cristãos através da Vetus Latina e da Vulgata. A primeira Bíblia impressa da história, conhecida
como a Bíblia de Gutenberg (1450-1455) também já continha os livros deuterocanônicos do
Antigo Testamento. Eles estavam presentes mesmo nas primeiras versões protestantes como a
KJV (King James Version).

Já os Apócrifos, do grego Apokruphoi, secreto, separado ou excluído, eram conhecidos como


Livros Pseudo-canônicos. O termo "apócrifo" foi cunhado por Jerônimo, no quinto século, para
designar basicamente antigos documentos judaicos escritos no período entre o último livro das
escrituras judaicas, Malaquias, e a vinda de Jesus Cristo. São livros considerados não
inspirados e portanto não entraram no Cânon.

No cristianismo ocidental atual existem vários livros considerados apócrifos; nos sínodos
realizados ao longo da história esses livros foram banidos do canon, outros obtiveram uma
reconsideração e retornaram à condição de Sagrados.

O número dos livros apócrifos é maior que o da Bíblia canônica. É possível contabilizar 113
deles, 52 em relação ao Antigo Testamento e 61 em relação ao Novo. A tradição conservou
outras listas dos livros apócrifos, nas quais constam um número maior ou menor de livros. A
seguir, alguns desses escritos segundo suas categorias.

Evangelhos:
- de Maria Madalena

- de Tomé

- Filipe

- Árabe da Infância de Jesus

- do Pseudo-Tomé

- de Tiago

- Morte e Assunção de Maria

- Judas Iscariotes

Atos:

- de Pedro

- Tecla e Paulo

- Dos doze apóstolos

- de Pilatos

Epístolas:

- de Pilatos a Herodes

- de Pilatos a Tibério

- dos apóstolos

- de Pedro a Filipe

- Paulo aos Laodicenses

- Terceira epístola aos Coríntios

- de Aristeu
Apocalipses:

- de Tiago

- de João

- de Estevão

- de Pedro

- de Elias

- de Esdras

- de Baruc

- de Sofonias

Testamentos:

- de Abraão

- de Isaac

- de Jacó

- dos 12 Patriarcas

- de Moisés

- de Salomão

- de Jó

Outros:

- A filha de Pedro

- Descida de Cristo aos Infernos

- Declaração de José de Arimatéia


- Vida de Adão e Eva

- Jubileus

- 1,2 e 3 Henoque

- Salmos de Salomão

- Oráculos Sibilinos

E isso para citar alguns. E todos esses textos de uma forma ou de outra passaram por aquele
crivo do qual falamos anteriormente sendo banidos para sempre ou então ficando em cima do
muro, aparecendo e sendo retirados e voltando a aparecer nas escrituras.

19 - Mas a Bíblia é uma zona!

Sim, mas só se você parar para pensar a respeito.

Vamos tentar criar aqui duas linhas do tempo, a primeira a cultural que representa como a
Bíblia teria sido desenvolvida de acordo com a história que ela mesma conta:

A Bíblia como a que você compra hoje em uma loja foi escrita por um período de 1500/1600
anos, por cerca de 40 pessoas diferentes com profissões, origens culturais e classes sociais
diferentes. Para quase todos os Judeus e Cristãos ela é a Palavra de Deus, ou seja, muito mais
do que simplesmente um livro.

Ela teria sido escrita da época de Moisés entre 1592 a.C. e 1472 a.C. aproximadamente, até o
último livro, o Apocalipse de São João, datado de cerca de 96 d.C., tendo passado por um
período sem registros inspirados por Deus, o "silêncio profético", que separou a época do
Antigo Testamento (Judeus) do Novo Testamento (Cristãos), esse período foi de
aproximadamente 400 anos.

Então lá pelo ano de 96 d.C. a Bíblia com textos de mais de 1600 anos de tradição estaria, em
tese, pronta para circular e ser reproduzida integralmente até os dias de hoje para se chegar na
sua mão.
Agora uma pausa para os cínicos de plantãos ou aqueles simplesmente confusos até agora
antes de nos aventurarmos a montar nossa segunda linha do tempo, a criada a partir de
registros e evidências históricas, arqueológicas e culturais. Nós estamos passando por uma
revisão ortográfica que está definindo a nova regra da escrita da língua portuguesa. Um
exemplo é a palavra Bem-Vindo sendo atualizada para Benvindo.

Se no ano de 2500 fossem realizar um estudo de capachos de portas para se publicar um


desses livros de mesa de centro que algumas pessoas gostam tanto, eles teriam várias fotos
de capachos dizendo SEJA BEM-VINDO anteriores a 2009 e várias fotos com capachos
dizendo SEJA BENVINDO posteriores a esta data. Mesmo hoje em dia com a midia que temos
e a pressão social de aceitar mudanças, podemos apostar que pelos próximos anos ainda
serão produzidos muitos capachos com os dizeres BEM-VINDO, ou seja a forma que o texto foi
escrito no capacho não é indicativo de que ele date de antes de 2009 ou depois de 2009.

Vamos dizer que lá pelo ano de 2050 surjam os puristas que defendem que se as pessoas
cultas se reunem e decidem que BENVINDO é a melhor forma de se escrever algo então é
porque deve ser seguido, pode ser que surja uma lei do INMETRO que defina que os capachos
só poderão chegar no mercado caso tenham a grafia correta do termo. Ai podemos chamar
esta manifestação de o primeiro Concílio de BENVINDO.

Acontece que isso acaba influenciando os maiores centros comerciais, cidades afastadas ou
fabricantes de capacho que não ligam para a lei podem continuar com a sua grafia errada e
assim teríamos os primeiros hereges - sejam conscientes (eu não vou comprar uma máquina
nova que imprima a palavra nova), sejam os inocentes (mudou a palavra? eu não sabia).

Agora temos que levar em conta também outro fator, os capachos que tinham a grafia
BENVINDO antes da mudança da norma ortográfica, ou seja, aqueles que já estavam errados
antes do errado virar certo.

Só ai já teríamos problemas, 400 anos depois, de datar um capacho, simplesmente pela grafia
de uma palavra, ele poderia ser anterior à data do Concílio de BENVINDO, poderia ser
posterior, poderia ser um erro mais antigo ou poderia ser um capacho com a escrita antiga
"gambiarrado" para apresentar a nova sem ter que mudar as máquinas, com um M deformado
e o espaço entre as palavras coberto por um desenhinho qualquer.
Como isso se aplica à Bíblia?

Só porque um texto foi tomado como correto no século VI d.C. não significa que ele já não
existisse 1600 anos antes, assim como um texto que começou a aparecer em determinado
século não existisse com uma circulação muito mais restrita antes. Da mesma forma dois
textos diferentes não querem dizer automaticamente manipulação maldosa. O fato de não
termos hoje em mãos um original não significa que ele nunca tenha existido, e um texto que só
se tornou oficial em um ano X não era sem valor antes. Pense que a palavra e o conceito Bem-
Vindo existiam antes da correção ortográfica e provavelmente antes de inventarem a escrita e a
registrarem pela primeira vez.

Vamos ver então como fica a história da Bíblia em termos de registros históricos:

640 a.C - Data em que se criou uma unidade doutrinária necessária para o reconhecimento da
lei escrita.

287 - 247 a.C. - Criação da Septuaginta

225 a.C. - Trecho bíblico mais antigo: passagem de um dos livros de Samuel.

100 a.C. - O texto mais antigo conhecido da Bíblia: Livro de Isaías

0-100 d.C. - Vetus Latina & suposta época da composição do Novo Testamento

90 d.C. - Concilio de Jâmnia decidiu quais os livros que fariam parte do cânon judaico (Antigo
Testamento)

125 d.C. - Texto mais antigo do Novo Testamento: fragmentos do evangelho de João, incluindo
a pergunta de Pilatos a Jesus: “Você é o rei dos judeus?”

325 d.C. - Canonização do Novo Testamento


404 d.C. - Jerônimo completa a Vulgata.

500-600 d.C. - Texto Massorético (Antigo Testamento)

500 d.C. - A Bíblia começa a ser traduzida para mais de 500 línguas diferentes.

600 d.C. - Cria-se a Lei que determina que a Bíblia apenas pode ser copiada e distribuída em
Latim.

995 d.C. - Surgem novas traduções anglo saxônicas da Bíblia do Novo Testamento.

1384 d.C. - Wycliffe se torna a primeira pessoa a se criar uma versão completa da Bíblia em
Inglês (era uma versão manuscrita).

1455 d.C. - Gutenberg cria a primeira Máquina de Impressão e a partir de então as bíblias
podem ser produzidas em massa. Até então todas as versões eram manuscritas.

1560 d.C. - Bíblia de Genebra

1611 d.C. - Surgimento da versão da Bíblia do Rei James.

1753 d.C. - Primeira publicação de uma Bíblia em Português.

1844 d.C. - Sociedade Bíblica Internacional traduz a Bíblia para os últimos idiomas vivos que
restavam.

1885 d.C. - Os livros considerados apócrifos são removidos das versões impressas das Bíblias
Protestantes.

1898 d.C. - Os Gideões Internacionais levam a Bíblia para as prisões, escolas e favelas, hoje
qualquer quarto de hotel ou motel americano possui uma versão desta Bíblia.

1993 d.C. - Biblegateway.com é o primeiro site a colocar a Bíblia na internet com ferramenta de
busca e diversas traduções sincronisadas.

20 - Mas existem muitas diferenças entre as Bíblias que circulam por ai hoje?

Novamente a resposta é positiva, e não apenas entre as Bíblias mas entre as Bíblias e os
textos originais.

Tenha em mente que este texto não tem como objetivo julgar se a Bíblia é um livro sagrado ou
uma arma de manipulação popular e sim estudar fatos que estejam relacionados com ela.

Como já vimos, mesmo os textos em hebraico da Tanakh possuem algumas diferenças, como
no caso do pentateuco samaritano e outros que existiam. A que se devem estas diferenças?
Não há como dizer.

Um grande ressentimento moderno contra a Igreja Católica afirma que todos foram causados
como forma de garantir que a igreja tivesse poder e riquezas, e mesmo que este seja o caso
em alguns momentos, não existe como provar isso - não que houve ou não manipulação, mas
que ela foi realizada com este ou aquele objetivo específico. Muitas pessoas dizem que a igreja
adotou o celibato dos padres, por exemplo, como forma de impedir que eles tivessem família e
assim suas posses acumuladas em vida retornassem à igreja. Mas será que isto é verdade? Se
pensarmos que tanto o judaísmo quanto o cristianismo sempre possuíram grupos ascetas, que
renunciavam a existência mundana em prol da vida espiritual, chegando a casos extremos
como monges que se flagelavam, castrações e outras, podemos ver que muitos dos primeiros
cristãos eram adeptos do celibato, assim como vários grupos dentro do judaísmo como os
Essênios, por exemplo, e que quando a igreja foi fundada e o cristianismo foi adotado como
religião oficial de Roma o celibato já era um costume que mesmo que não obrigatório, era
muito comum, não apenas para aqueles que pregavam o cristianismo mas também para
aqueles que o tinham como religião pessoal. Então mesmo que afirmemos que a igreja tomou
proveito disto não podemos afirmar com certeza que ela oficializou e incentivou este hábito
motivada simplesmente pela cobiça assim como não temos como negar que este hábito
também foi muito lucrativo para ela.

Assim, não vamos apontar dedos tentando imaginar que diferenças bíblicas foram criadas por
quem e por que motivos, mas vamos apontar algumas delas para mostrar que mesmo que a
Bíblia seja tomada como um livro absoluto, os textos impressos em suas páginas não o são.

Vamos começar levantando algumas mudanças que já ocorreram nas origens de seus textos.

Originalmente foram utilizados três idiomas diferentes na escrita dos diversos livros da Bíblia: o
hebraico, o grego e o aramaico. Em hebraico foi escrito todo o Antigo Testamento, com
excepção dos livros chamados deuterocanônicos e de alguns capítulos do livro de Daniel, que
foram redigidos em aramaico. Em grego, além dos já referidos livros deuterocanônicos do
Antigo Testamento, foram escritos praticamente todos os livros do Novo Testamento. Segundo
a tradição cristã, o Evangelho de Mateus teria sido primeiramente escrito em hebraico, visto
que a forma de escrever tinha como objetivo alcançar os judeus.

O hebraico utilizado na Bíblia não é todo igual. Encontramos em alguns livros o hebraico
clássico (por ex. livros de Samuel e Reis), em outros um hebraico mais rudimentar e em outros
ainda, nomeadamente os últimos a serem escritos, um hebraico elaborado, com termos novos
e influência de outras línguas circunvizinhas. O grego do Novo Testamento, apesar das
diferenças de estilo entre os livros, corresponde ao chamado grego koiné (isto é, o grego
"comum" ou "vulgar", por oposição ao grego clássico), o segundo idioma mais falado no
Império Romano.

Precisamos então nos lembrar de que a Tanakh foi traduzida do hebraico (as diferentes formas
de hebraico que foram compiladas por séculos) para o grego na criação da Septuaginta, termos
primitivos, rebuscados, simples e de uso diário foram passados para uma forma corrente de
grego, um mesmo estilo de grego do princípio ao fim e então essa versão assim como a
hebraica foram traduzidas para o latim da Vetus Latina. Com Jerônimo a Septuaginta é deixada
de lado e ele pega todos os textos antigos - com suas variantes linguísticas - e são novamentes
traduzidos para um latim de um único estilo, mas isso não fez com que as versões da Vetus
Latina fossem recolhidas do mercado, elas existiam de forma paralela e quando o cristianismo
se espalha surgem novas traduções para línguas locais, essas traduções não vinham de um
único documento oficial, mas dos textos que cada um tinha em mãos. Então enquanto uma
versão Romena pudesse vir do Latim de Jerônimo, uma versão alemã poderia vir do grego da
Septuaginta e um texto espanhol ter vindo de um dos muitos livros da Vetus.
Embora a mensagem geral destes textos fossem a mesma muitas coisas surgiam, eram
adaptadas ou simplesmente mudavam.

Vejam um exemplo: pegando-se o texto da Tanakh de Oséias que usamos na questão quatro:

Oséias 8:12: "Se tivesse escrito a maioria de minha Torá, [Israel] seria contado igual a
estranhos"

Vamos comparar com uma tradução atual da versão Almeida da Bíblia Corrigida e Revisada
Fiel de 1994:

Oséias 8:12: "Escrevi-lhe as grandezas da minha lei, porém essas são estimadas como coisa
estranha"

Com a versão da Sociedade Bíblica Britânica:

Oséias 8:12: "Embora eu lhe escreva a minha lei em miríades de preceitos, estes são tidos
como coisa estranha"

Dentre as versões cristãs não existe muita diferença no significado, mas veja a diferença entre
a passagem judaica e a passagem cristã. Numa o recado é para o povo escolhido, na outra o
recado é para todos os não cristãos, independentes da origem do cristão em questão. Não há
porque segregar o conhecimento apenas aos judeus, mas ele deve ser aberto aos que
acreditam e aos que não acreditam.

Qual das duas versões você acha que deve ser mantida hoje? E quando for pensar nisso,
pense que esta é a Palavra de Deus, e por isso deveria ser passada adiante de forma mais fiel
o possível.

Outro caso que acontece não é apenas mudar o público alvo de determinada passagem, mas
de se criar novas figuras na história. Vamos prestar atenção em uma que talvez tenha se
tornado a mais célebre de todas: o diabo!

O Diabo se tornou, acidentalmente ou não, uma das figuras centrais da religião hoje em dia,
mas ele não esteve sempre presente na Bíblia.

Um dos nomes atribuídos ao diabo é Lúcifer, mas este nome não existe nos textos originais. A
primeira vez que este nome é citado é no livro de Isaías quando Deus protege seu povo
destruindo o orgulho de seu inimigo. Em Isaías 14:13 surge a frase: "Como caíste do céu, ó
Lúcifer, filho da alva!". No original a expressão utilizada não era o nome Lúcifer e sim helel bem
shahar, que significa aquele que brilha. Quando traduziram esta passagem para o grego o
termo foi traduzido por um que era conhecido dos gregos: eosphorus; e então para o latim
Lucifer. Agora Lucifer era a tradução literal para "aquele que brilha" - lux, lucis = luz; ferre =
carregar; Lucifer = o portador da luz. Ao mesmo tempo este era o título dado ao planeta Vênus,
a estrela da manhã, que brilhava em pleno dia. Desta forma, apenas por causa de traduções o
termo helel - aquele que brilha - se torna eosphorus grego - o portador do archote - pois era o
termo mais próximo de aquele que brilha, e então para Lucifer em latim que era o termo mais
próximo nesta linguagem, só que lúcifer é o nome da estrela da manhã, Vênus, a estrela da
alvorada.

Entretanto o nome de "Estrela d'alva", ou Lúcifer, foi interpretado como sendo o nome de
Satanás antes de sua queda do Paraíso. Segundo esta interpretação Lúcifer e seus anjos
caíram por sua própria escolha, o motivo teria sido o orgulho, representado pela tentativa de se
equipararem a Deus. Desejavam colocar sua própria vontade no lugar da vontade de Deus. E
isto era considerado como a base do pecado em todos os níveis. Aos poucos, estas idéias
começaram a se transformar na base dos ensinamentos tradicionais sobre o Diabo.

Mas se este trecho não fala do Diabo, fala do que? De acordo com os textos originais podemos
supor que trata-se de uma interpretação errônea do seguinte trecho de Isaías que fala da
"morte do rei da Babilônia" Nabucodonosor (Nebukadneççar em hebraico), que recebeu a
maldição suprema da privação da sepultura:

«Como caíste do céu,

ó estrela dálva, filho da aurora!

Como foste atirado à terra,


vencedor da nações!

E, no entanto, dizias no teu coração:

'Hei de subir até o céu,

acima das estrelas de Deus colocarei o meu trono,

estabelecer-me-ei na montanha da Assembléia,

nos confins do norte.

Subirei acima das nuvens, tornar-me-ei semelhante ao Altíssimo.'

E, contudo foste precipitado ao Xeol,

nas profundezas do abismo".

Os que te vêem fitam os olhos em ti,

e te observam com toda atenção, perguntando:

"Porventura é este o homem que fazia tremer a terra,

que abalava reinos?"»

(Isaías 14, 12-15)

Isaías compara a queda do rei Nabucodonosor à Lúcifer! A queda do rei seria semelhante à
queda da estrela da manhã - planeta Vênus no céu - ou seja, uma queda muito rápida.

E assim o diabo ganha o nome de Estrela da Manhã e Lúcifer, o que é irônico se pensarmos
que este nome também é dado para Jesus no Apocalipse de São João 22:16: " Eu, Jesus,
enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas a favor das igrejas. Eu sou a raiz e a geração
de Davi, a resplandecente estrela da manhã."

O mesmo podemos dizer sobre o nome Satã. Satã surge nos textos hebraicos originais como
um adjetivo e não como um nome. Satã significa Adversário, mas não necessariamente o
Adversário de Deus. Por exemplo a passagem 1Samuel 29:4, sobre o que pedem os príncipes
filisteus a Davi, surge em algumas versões da Bíblia como: "Não se volte contra nós no
combate", mas no texto hebraico original está "Não se torne satã (inimigo) nosso no combate".
Davi aplica o termo satã aos homens que se opõem à vontade de Deus tentando o rei para que
mate o benjaminita que o injuriou. Satã significa a oposição humana a Deus.
Outro exemplo é o livro de Jó 1:6, que se refere a um dos filhos de Deus que se apresenta
diante do trono. O nome que lhe é dado é Satã. O nome comum representa o cargo de acusar
e também a adversidade, a inimizade, a oposição que é permitida ou sancionada por Deus.

O próprio termo Diabo surge de uma tradução. O Livro da Sabedoria foi escrito em grego e não
temos como saber qual seria a palavra escolhida pelo autor se o tivesse escrito em hebraico. O
autor utiliza a palavra grega diábolos, termo usado na Septuaginta como tradução da palavra
hebraica Satã: "É por inveja do Diabo que a morte entrou no mundo" (Sb 2,24).

Assim, no Antigo Testamento Satã não representa um ser que possamos considerar um
demônio no sentido cultural cristão de um ser sobre-humano e perverso. O nome Satã, ou
Satanás, no Antigo Testamento personifica a inimizade, dificuldade, contradição. A palavra satã,
na sua forma verbal, stn em hebraico, aparece seis vezes no Antigo Testamento (Zc 3,1; Sl
38,21; Sl 71,13; Sl 109,4; Sl 120,29). Poderia ser traduzida por "satanizar". A Septuaginta
geralmente traduz o verbo stn por endiabállo, em grego; caluniar nas línguas vernáculas (e o
substantivo satã, a Septuaginta geralmente o traduz por diábolos, que significa caluniador). A
Bíblia de Jerusalém geralmente traduz por acusar.

E por causa dessas traduções se cria uma figura Mitológica do demônio.

Hoje é praticamente impossível se separar o Maligno do cristianismo, os protestantes são a


prova viva disso. E agora essas traduções ajudam a incorporar novas culturas e hoje não
apenas demônios, mas também encostos atormentam aqueles que escolhem trilhar o caminho
apontado por Cristo.

Para não nos estendermos muito mais neste assunto vamos dar mais dois exemplos rápidos
de como uma tradução pode mudar um texto original, seja de maneira sutil e inofensiva ou de
uma forma mais agressiva.

Em Mateus 3:4 lemos que Jesus afirmou que: "E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um
camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus."

Apenas neste trecho encontramos dois problemas com tradutores do grego para outras
línguas.
Apesar de ser uma mensagem clara de que a humildade, e não a cobiça, é o caminho que leva
a Deus esta passagem ficou muito exagerada.

Por um lado temos a palavra camelo. Além do animal existia outro camelo que os gregos
conheciam, que era uma corda muito grossa utilizada por pescadores. Assim poderíamos
entender que é mais fácil se passar uma corda grossa por um buraco de agulha do que um rico
entrar nos céus. Apesar de ser uma idéia que de cara exclui automaticamente os ricos, sejam
quem forem ou seja lá qual foi o método de se conseguir suas riquezas entrar no céu, fica uma
metáfora menos exagerada. Agora temos que ter em mente que muitos patriarcas tiveram
muitos bens, assim como reis e juízes, e eles com certeza devem ter entrado no céu, um
exemplo é Abrahão. Mesmo das pessoas que conviviam com Cristo haviam aquelas ricas, o
próprio José de Arimatéia, que cedeu a tumba onde Cristo ressuscitou, era rico; apenas se
imaginarmos que mesmo tendo vivido com Cristo, respeitado tanto o Homem quanto sua
mensagem, ele tenha sido deixado de fora do reino dos céus, temos que concluir que essa
passagem é muito extrema. Jesus estaria dizendo que a riqueza é um grande mal, não importa
de onde ela veio?

Podemos responder isso com o segundo problema de tradução, a palavra agulha. A agulha
além do utensilho de costura é o nome dado às pequenas portas das cidades fortificadas para
passagem dos animais das caravanas, utilizadas à noite depois que é dado o toque de
recolher. Eram também utilizadas nos tempos de guerra, através das quais podia-se fazer o
transporte de armas e comida. Essas agulhas são muito presentes ainda hoje nas muralhas da
cidade antiga de Jerusalém.

Camelos com carga eram proibidos de passar por essas portinholas para evitar o comercio e o
barulho durante o sono dos cidadãos. Além disso existe outro costume interessante, pelas
portas principais das cidades eram comum que se passassem em sua maioria os mais bem
quistos, ilustres e visitantes nobres. Pela agulha passavam os trabalhadores, o proletariado e
os mercadores. Era como o elevador social e o elevador de serviço nos prédios hoje em dia.
Além disso, mesmo durante o dia era realmente difícil se passar um camelo por elas. Era
necessário bater no camelo e fazê-lo abaixar e na maioria dos casos, tirar a carga dele para
passá-lo. Os camelos de grande porte, raramente passavam. Mas mesmo assim alguns
passavam.

Desta forma temos dois fatores culturais, a corda dos pescadores - camelo - e as portinholas
nos muros - agulhas - que deveriam ser levadas em conta no momento de se traduzir um texto
como este.
A idéia de um animal passando por um buraco de agulha nos mostra que Jesus disse que
ninguém rico entraria no reinos dos Céus. Isso poderia ser usado para mostrar que uma
pessoa que aceite Deus deve se livrar de seus bens materiais. Já uma tradução que levasse
em conta os costumes gregos e judaicos poderia levar em conta que a riqueza não é o que
impede alguém de entrar no reino dos céus, mas aquilo que foi o motivo da riqueza - o trabalho
ou a cobiça?

Por si só, a tradução deste trecho tem uma interpretação que muda de forma sutil um conceito
que pode, por um efeito de bola de neve mudar a mensagem original.

Outro caso interessante de tradução é a famosa passagem da crucificação em que Jesus


pergunta a Deus porque foi abandonado.

Em Mateus 27:45 e em Marcos 15:34 está registrado que depois de crucificado, Jesus, quando
se aproximava a nona hora bradou/exclamou em voz alta: "Meu Deus, meu Deus, por que me
abandonaste?"

Esta é uma exclamação curiosa que confunde várias pessoas. Como Jesus na cruz poderia ter
sido abandonado por Deus.

Algumas pessoas dizem que neste momento Cristo não estava perguntando a Deus porque
havia sido abandonado e sim estava recitando os salmos, já que o Salmo 22:1 - Salmo de Davi
para o músico-mor, sobre Aijelete Hashahar - se inicia com a frase: "Meu Deus, meu Deus, por
que me abandonastes?"

Este é um caso interessante da Bíblia, já que o Novo Testamento foi escrito quase todo em
grego, mas contém palavras e frases que foram transliteradas do hebraico diretamente para o
grego. Então a palavra ‫יקתנב ש‬é transliterada para σαβαχθανι. Assim em Mateus temos: "Eli!
Eli! lamma sabachthani" e em Marcos: "Eloi! Eloi! lamma sabachthani”. Em ambos os casos a
palavra sabachthani tem o significado de abandonastes.

Agora eis o caso que surge quando olhamos para algumas outras bíblias, como a versão
espanhola de Casiodoro de Reina, de 1569 impressa na América onde a palavra que Jesus usa
é sabachtani e não sabachthani. Antes de prosseguir vamos nos lembrar do Texto Massorético
e sua importância.

O alfabeto hebraico não possiu vogais. Por isso a letra Beth pode ter as cinco pronúncias Ba,
Be, Bi, Bo e Bu dependendo da palavra em que encontra. É como se em português a palavra
"Belo" fosse escrita Bl, apenas o B e o L. Se a pessoa está escrevendo sobre uma pessoa e
lemos que a achavam Bl podemos deduzir que ela era considerada bela, mas e se pegamos
apenas Bl e deixamos escrita no meio de uma folha de papel? Está escrito ali Belo, Bela, Bala,
Balé, Bolo, Bula, etc? Não temos como saber. Por isso foram criados os sinais massoréricos,
eram sinais utilizados pelos massoretas para saber se a letra B tinha som de Ba ou de Be. Os
sinais massoréticos são uma série de pontos e traços que podem estar embaixo, no meio ou
em cima de cada letra e o objetivo era registrar uma palavra da forma que havia sido
pronunciada. Só ai temos um problema novamente, isso faz com que tradições antigas
dependam da tradição oral.

Imagine agora a seguinte cena, um patriarca recebe de Deus a mensagem de que devemos
nos amar uns aos outros. Essa tradição vai sendo transmitida oralmente, até o momento em
que a colocam no papel, usando um alfabeto onde não existem diferenças claras entre a
pronúncia das palavras. Agora imagine que dois judeus, um que conhece a tradição e outro que
não conhece recebam a tarefa de pintar nos muros a mensagem de Deus, e dão para cada um
uma parte da cidade para que espalhem o recado.

Um deles pega seu balde e tinta e sai escrevendo nos muros: Deus mandou que nos
amássemos uns aos outros. O outro escreve nos muros: Deus mandou que nos amassemos
uns aos outros. Você percebe a diferença que as duas mensagens possuem? De um lado da
cidade as pessoas declarariam o amor, do outro sairiam se amassando.

E ai voltamos ao trecho da crucificação. Jesus dá o seu brado, estava cercado por Judeus, eles
levam o recado adiante e o transmitem. Apesar dos evangelhos terem sido escritos
originalmente em grego os termos eram judeus, tanto que as palavras de Cristo vem escritas
no original e então lhe oferecem a tradução. Acontece que os manuscritos gregos trazem a
transcrição: "Li’Li LMH ShBHhTh-NI", ou seja “sabachthani”, que tem como tradução
"glorificas", e não "abandonastes". E assim por um erro mínimo, a compreensão da pronuncia
de uma palavra ao invés do brado "Deus! Deus! O quanto me glorificas!" temos "Deus! Deus!
Por que me abandonastes?".

Pensando nos dois brados, qual parece o mais lógico por ter sido dado por Jesus, que sabia
que seria crucificado, que sabia que Judas o delataria, que pediu para Judas na última ceia
para ir fazer o que devia, que quando surgiram os soldados romanos procurando por Cristo se
adiantou a todos e disse "Sou eu!" mesmo antes de ter sido apontado por Judas, que quando
teve várias chances de evitar seu destino na frente de cada juiz e governante romano que o
interrogou permaneceu calado? Bem a realidade nem sempre segue o que julgamos ser lógico,
mas temos ai outro exemplo de como uma simples tradução pode influenciar um texto que
deveria ser um registro exato criando sentidos tão diferentes para uma mesma passagem.

Assim cada nova versão que surgia e era usada como base para novas cópias, sejam manuais
ou impressas geravam bíblias com textos trazendo algumas diferenças, em uma Jesus se
lamenta em outra exalta Deus. E muitas dessas diferenças estão presentes até hoje.

21 - Mas não existe hoje uma Bíblia que seja aceita como a mais fiel aos textos originais, tipo
uma Bíblia aceita por todos como a mais correta?

Não, a palavra de Deus recebeu várias versões durante a sua publicação e não apenas isso,
diferentes grupos cristãos tem diferentes Bíblias oficiais.

Para se ter uma idéia a igreja primitiva, formada pelos primeiros seguidores da mensagem de
Cristo começou a apresentar mudanças na crença original desde o século V. Nos dias de hoje
existem dezenas, se não centenas, de variações do cristianismo e cada um com diferenças
fundamentais entre si.

Vamos olhar uma breve linha do tempo da igreja para entender um pouco essas variantes.

Com o Concílio de Efeso em 431 uma vertente se solidifica, os Noestorianos, que entre outras
coisas acreditavam que Cristo era formado por duas pessoas distintas, uma humana e outra
divina, dois entes completos e independentes. Essa doutrina surgiu na Antióquia e influenciou a
Síria, ela foi proposta pelo monge Nestório por causa das disputas cristológicas que surgiram
nos séculos III, IV e V. No Concílio de Éfeso criou-se uma disputa centrada fundamentalmente
em torno do título com o qual se devia referir a Maria, se somente cristotokos (mãe de Cristo, a
dizer, de Jesus humano e mortal), como defendiam os nestorianos, ou de theotokos (mãe de
Deus, ou seja, também do Logos divino), como defendiam os partidários de Cirilo. Resolveu-se
adotar como verdade de fé a doutrina proposta por Cirilo, concedendo a Maria o título de Mãe
de Deus e os nestorianos foram considerados hereges.
Até hoje é possível encontrar nestorianos, que se propagaram pela Ásia Central, chegando até
a China e que durante algum tempo influenciaram os mongóis. Atualmente subsistem as igrejas
nestorianas (conhecidas, de uma forma geral, como Igreja Assíria do Oriente) na Índia e no
Iraque, Irã, China e nos Estados Unidos, além de alguns outros lugares onde haja migrado
comunidades cristãs dos países citados. A Igreja Assíria do Oriente teve um papel fundamental
na conservação de antigos textos gregos que foram traduzidos para o siríaco (um ramo do
arameu). Mais tarde foram traduzidos para o árabe e no século XIII para o latim. Além da Igreja
Assíria do Oriente, existem atualmente várias denominações cristãs que são também
fortemente influenciadas pelo nestorianismo. Exemplos destas denominações, que foram
fundadas muito após a igreja Assíria, são os anabatistas, os cristadelfianos e os rosacrucianos.

Em 451 com o Concílio de Calcedônia surgiram as igrejas não-calcedonianas - também


conhecidas como antigas igrejas orientais. Elas surgiram por se recusarar a aceitar a doutrina
das "duas naturezas de Cristo" (ou união hipostática), decretada pelo Concílio de Calcedônia e
aceitada pelos católicos e ortodoxos. São acusadas de serem monofisita apesar de se
recusarem a aceitar esta classificação se descrevendo como miafisitas. Isto porque as Igrejas
não-calcedonianas também acham que o monofisismo é herético.

Para equilibrar as doutrinas antitéticas do monofisismo e da união hipostática (ambas também


não aceitas pelos ortodoxos orientais), estas Igrejas defendem que em Jesus há a parte
humana e a parte divina, mas que estas duas partes se unem para formar uma única e
unificada Natureza de Cristo. Eles acreditam que uma união completa e natural das Naturezas
Divina e Humana em uma só Natureza é autoevidente, de maneira a alcançar a salvação divina
da humanidade, em oposição à crença na união hipostática (onde as Naturezas Humana e
Divina não estão misturadas, porém também não estão separadas) promovida pelas atuais
Igrejas Católica e Ortodoxa, esta crença defendida pelos não-calcedonianos chama-se
miafisismo.

Atualmente, existem cerca de 79 milhões de ortodoxos não-calcedonianos que são


organizados em seis Igrejas nacionais autocéfalas e em várias Igrejas autônomas associadas
às Igrejas autocéfalas:

- Igreja Apostólica Armênia;

- Igreja Ortodoxa Síria;

- Igreja Ortodoxa Copta ou Alexandrina (egípcia ou etíope);


- Igreja Ortodoxa Etíope;

- Igreja Ortodoxa Indiana;

- Igreja Ortodoxa Eritréia

Apesar de serem autocéfalas, isto é, independentes umas das outras, estas Igrejas estão ainda
em comunhão total entre si, partilhando as mesmas crenças e doutrinas cristãs.

No século XI acontece aquilo que ficou conhecido como o Grande Cisma do Oriente, que
causou a separação entre a Igreja Católica Romana e a Igreja Católica Ortodoxa.

As tensões entre as duas igrejas datam no mínimo da divisão do Império Romano em oriental e
ocidental e a transferência da capital da cidade de Roma para Constantinopla no século IV.

Uma diferença crescente de pontos de vista entre as duas igrejas foi causada pela ocupação
do oeste pelos invasores bárbaros, enquanto o leste permaneceu herdeiro do mundo clássico.
Enquanto a cultura ocidental se foi paulatinamente transformada pela influência de povos como
os germanos, o Oriente permaneceu ligado à tradição da cristandade helenística. Era a
chamada Igreja de tradição e rito grego. Isto foi exacerbado quando os papas passaram a
apoiar o Sacro Império Romano no oeste, em detrimento do Império Bizantino no leste,
especialmente no tempo de Carlos Magno. Havia também disputas doutrinárias e acordos
sobre a natureza da autoridade papal.

A igreja de Constantinopla respeitou a posição de Roma como a capital original do império,


além disso existia a oposição do Ocidente em relação ao cesaropapismo bizantino, isto é, a
subordinação da igreja oriental a um chefe secular, como acontecia na igreja de Bizâncio.

Uma ruptura grave ocorreu de 456 a 867, tocada pelo patriarca Fócio que sabia que contribuía
para aumentar o distanciamento entre gregos e latinos e usou a questão do filioque - uma
expressão latina que significa "e do Filho", que foi acrescentada pela igreja Católica Romana
ao credo para explicitar que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho enquanto a Igreja
Ortodoxa entende que o Espírito Santo procedeu apenas do Pai - como ponto de discórdia,
condenando a sua inclusão no Credo da Cristandade ocidental e lançou contra ela a acusação
de heresia. Além disso ela desconsidera a liderança papal.
Aqui vai uma lista das jurisdições que formam a igreja Ortodoxa:

- Patriarcado de Constantinopla

- Patriarcado de Alexandria

- Patriarcado de Antioquia

- Patriarcado de Jerusalém

- Patriarcado de Moscou

- Patriarcado da Geórgia

- Patriarcado da Sérvia

- Patriarcado da Roménia

- Patriarcado da Bulgária

- Igreja Ortodoxa de Chipre

- Igreja Ortodoxa Grega

- Igreja da Albânia

- Igreja da Sérvia

- Igreja Ortodoxa da Polónia

- Igreja das terras Checo-eslovacas

- Igreja Ortodoxa na América

- Igreja do Sinai

- Igreja da Finlândia

- Igreja da Ucrânia

- Igreja do Japão

- Igreja da China

- Igreja de Portugal

Já no século XVI acontece a Reforma Protestante, um movimento reformista cristão iniciado no


século XVI por Martinho Lutero, que, através da publicação de suas 95 teses, protestou contra
diversos pontos da doutrina da Igreja Católica, propondo uma reforma no catolicismo. Os
princípios fundamentais da Reforma Protestante são conhecidos como os Cinco Solas:

1 - Sola fide: conhecida como Doutrina da justificação pela Fé, que afirma que é
exclusivamente baseado na Graça de Deus, através somente da fé daquele que crê, por causa
da obra redentora do Senhor Jesus Cristo, que são perdoadas as transgressões da Lei de
Deus.

2 - Sola scriptura: significa "somente a escritura", é o principio no qual a Bíblia tem primazia
ante a Tradição legada pelo magistério quando os princípios doutrinários entre estas e aquelas
forem conflitantes. Na Reforma, não se rejeita a Tradição, ela continua a ser usada como
legitimadora para qualquer assunto omitido pela Bíblia.

3 - Solus Christus: a "salvação somente por Cristo". Os protestantes caracterizavam os dogmas


relativos ao Papa como representante de Cristo e chefe da Igreja sobre a terra, o conceito de
mérito por obras e a idéia católica de um tesouro vindouro por causa das boas obras, como
uma negação de que Cristo é o único mediador entre Deus e os homens.

4 - Sola gratia: "Somente a Graça". A doutrina da salvação da Igreja Católica Romana seria
uma mistura de confiança na graça de Deus e confiança no mérito de suas próprias obras, já a
posição reformada é a de que a salvação é inteiramente condicionada a ação da graça de
Deus, ou seja, só a graça através da regeneração unicamente promovida pelo Espírito Santo,
em conjuto com a obra redentora de Jesus Cristo.

5 - Soli Deo gloria: "Glória somente a Deus", é o princípio segundo o qual toda a glória é devida
a Deus por si só, uma vez que salvação é efetuada exclusivamente através de sua vontade e
ação. Não só o dom da expiação de Jesus na cruz, mas também o dom da fé, criada no
coração do crente pelo Espírito Santo. Os reformadores acreditavam que os seres humanos -
mesmo santos canonizados pela Igreja Católica Romana, os papas, e as autoridades
eclesiástica - não eram dignos da glória que lhes foi atribuída.

Lutero foi apoiado por vários religiosos e governantes europeus provocando uma revolução
religiosa, iniciada na Alemanha, e estendendo-se pela Suíça, França, Países Baixos, Reino
Unido, Escandinávia e algumas partes do Leste europeu, principalmente os Países Bálticos e a
Hungria. A resposta da Igreja Católica Romana foi o movimento conhecido como Contra-
Reforma ou Reforma Católica, iniciada no Concílio de Trento.
O resultado da Reforma Protestante foi a divisão da chamada Igreja do Ocidente entre os
católicos romanos e os reformados ou protestantes, originando o Protestantismo.

Foi por causa da reforma que surgiram outros grupos como:

- Os Anabatistas

- Pentecostais

- Adventistas

- Batistas

- Calvinistas

- Presbiterianos

- Congregacionalistas

- Puritanos Separatistas

- Metodistas

- Luteranos

- Pietistas

- Anglicanos

E cada uma com uma visão próprio da Mensagem de Deus e a meneira de utilizá-la. Por
exemplo para os católicos a Bíblia é a fonte de fé, mas devia ser interpretada pelos padres da
Igreja, a tradição Católica também é uma fonte de fé, assim como o Magistério da Igreja. Para
os Calvinistas a Bíblia é a única fonte de fé e deve ser examinada por qualquer um livremente.
Já para os Anglicanos a Bíblia é a fonte principal de fé mas deve ser interpretada pela Igreja
(tradição) e então ela pode ser examinada livremente.

Além desses grupos principais cristãos durante a história surgiram outros grupos cristãos
também:
Os Restauracionistas: que usam doutrinas surgidas após a Reforma Protestante cujas bases
derrogam as de todas as outras tradições cristãs, basicamente tendo como ponto em comum
apenas a crença em Jesus Cristo. A maioria deles não se considera propriamente "protestante"
ou "evangélico" por possuirem grandes divergências teológicas. Nesta categoria estão
enquadradas a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a Igreja Adventista do
Sétimo Dia e as Testemunhas de Jeová, entre outras denominações. Quanto às Testemunhas
de Jeová, embora afirmem ser cristãs, também não se consideram parte do protestantismo. As
Testemunhas aceitam a Jesus como criatura, de natureza divina, seu líder e resgatador,
rejeitando, no entanto a crença na Trindade e ensinando que Cristo é o filho do único Deus,
Jeová, não crendo que Jesus é Deus.

O Cristianismo esotérico: que é a parte mística do cristianismo, e compreende as escolas


cristãs de mistérios e sincretismo religioso. A este ramo pertence o Gnosticismo que é uma
crença com raízes anteriores ao próprio cristianismo e que tem características da ciência
egípcia e da filosofia grega. O Rosacrucianismo também se enquadra nessa vertente sendo
uma ciência oculta cristã que ressalta as boas ações por meio da fraternidade.

O Espiritismo: que algumas vezes é contestado como sendo uma vertente do cristianismo. Os
espíritas não acreditam que uma pessoa ou ser, como Jesus Cristo, pode redimir "os pecados"
de uma outra, contudo para a maior parte dos adeptos do espiritismo a obra de Allan Kardec
constitui uma nova forma de cristianismo, ou então um resgate do cristianismo primitivo, que
não inclui os dogmas adicionados pela Igreja Católica em seus diversos Concílios. Inclusive,
um dos seus livros fundantes é denominado de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Esse livro
apresenta uma reinterpretação de aspectos da filosofia e moral cristã, crendo em parte na
Bíblia Sagrada.

O Rastafarianismo: também conhecido como movimento rastafári ou Rastafar-I (rastafarai) é


um movimento religioso que surgiu na Jamaica entre a classe trabalhadora e camponeses
negros em meados dos anos 20, iniciado por uma interpretação da profecia bíblica.

Como vimos cada um desses grupos, apesar de terem crenças cristãs em comum, possuem
muitas divergências em crenças fundamentais, como a natureza de Cristo, o poder dado por
Cristo a seus apóstolos, a fundação de uma igreja, etc... e isso acaba afetando a maneira como
interpretam a Bíblia, os livros da Bíblia que são aceitos como realmente inspirados por Deus e
a maneira como passam a Bíblia adiante.

E isso chega a afetar inclusive os textos de livros da Bíblia que são aceitos por todos. Para se
ter idéia, alguns grupos acreditam que a Bíblia deveria ser não apenas passada a diante, mas
ser atualizada com termos novos e atuais, um bom exemplo disso é a Bíblia Viva, editada no
Brasil pela Editora Mundo Cristão. Ela foi considerada uma das traduções mais bem sucedidas
do século XX pela revista Christianity Today. Kenneth N. Taylor ao invés de traduzir palavra por
palavra resolveu traduzir "conceito por conceito". Para ele não fazia sentido um texto como: "A
criança de peito brincará sobre a toca da áspide e o já desmamado meterá a mão na cova do
basilisco" e assim temos o trecho nesta Bíblia hoje como: "Criancinhas brincarão perto de
cobras e não serão picadas, mesmo que enfiem a mão nas suas covas".

Assim, mesmo a Vulgata de Jerônimo, que já buscava unificar os textos sagrados, acaba sendo
traduzida e adaptada para termos correntes e locais, assim em 500 d.C. já haviam mais de 500
traduções diferentes. E lembre-se ainda das versões da Vetus Latina e da Septuaginta que
surgiam e eram usadas.

Assim cada grupo novo que surgia não apenas encorajava mudanças nos textos aceitos - os
católicos tem em sua versão da Bíblia os Deuterocanônicos, os protestantes não, os gnósticos
usam os textos apócrifos, alguns grupos, mesmo Cristãos, rejeitam o Novo Testamento, outros
rejeitam o antigo Testamento já que Cristo veio trazer uma nova aliança e a antiga não era mais
necessária.

Para se ter uma idéia do quanto essas traduções afetaram a Bíblia, Thomas Linacre depois de
ler os evangelhos em grego e os comparar com a versão da Vulgata em 1490, disse: “Ou isto
(o texto grego original) não é o Evangelho... ou nós não somos cristãos”. Mostrando a
corrupção das traduções para o Latim. De novo, isso não se devia exatamente a um plano da
igreja de manipular a Bíblia, mas à maneira com que a Bíblia atravessava as eras. Quando os
antigos copistas reproduziam os livros, reescreveendo-os integralmente à mão eles deixavam
notas de rodapé sempre que percebiam que haviam cometido algum erro, principalmente no
caso de terem omitido uma palavra ou mesmo uma linha do texto original. Quando escribas de
um período posterior começavam a copiar essas cópias muitas vezes deixavam essas notas de
rodapé de lado, não corrigiam o texto do livro (seria um pecado enorme um mero copista incluir
em uma reprodução algum texto que não estivesse no original) e também deixavam de lado as
notas que apontavam os erros que eram percebidos durante o processo de reprodução.

A primeira versão em inglês da Bíblia foi feita por John Wycliffe em 1380, ele era um professor
de Oxford, um estudioso e teólogo. Wycliffe era conhecido também por se opor aos
ensinamentos da igreja, os quais ele acreditava serem exatamente o oposto daqueles
pregados pela Bíblia. Com a ajuda de seus seguidores, chamados de Lollardes, e de seu
assitente Purvey, associados a inúmeros copistas ele conseguiu produzir dúzias do manuscrito
em inglês. Eles foram traduzidos direto das Vulgatas em latim, que eram as únicas fontes da
Bíblia disponíveis na época. O Papa ficou tão furioso com essa ousadia que 44 anos após a
morte de Wycliffe mandou desenterrar seus ossos, esmagá-los, então moê-los para atirar o que
restasse deles no rio.

Ainda no século XV surge uma versão Hussita da Bíblia e em 1478 uma versão em catalã
escrita com o dialeto de Valência. Todas elas versões proibidas pela igreja católica.

Em 1496 John Colet decide traduzir partes do Novo Testamento do Grego para o inglês para
repassá-las a seus alunos e mais tarde para os freqüentadores da Catedral de São Paulo em
Londres. Nesta época as pessoas tinham tamanha ânsia em ouvir a Palavra do Senhor em sua
língua nativa – já que eram muito poucos os que entendiam Latim – que em seis meses o
público que entrava na Igreja para ouvir a missa ultrapassava as 20.000 pessoas e um número
igual se acotovelava do lado de fora tentando entrar, comparando com os dias de hoje apenas
200 pessoas costumam estar na igreja presente para o culto e a grande maioria é composta
por turistas.

Em 1516 a Froben Press publicou uma versão em grego do Novo Testamento editado por
Desiderius Erasmus, que reconstruiu o texto grego recombinando vários manuscritos bizantinos
com traduções do texto da Vulgata, do latim para o grego novamente, quando os textos que
tinha em mãos não estavam completos. Essa sua versão da Bíblia possuiu 4 edições
posteriores. A publicação de Erasmus foi a primeira versão das escrituras que não derivava da
Vulgata que surgia em mil anos e a primeira tradução dos originais a ser impressa. Além disso
o alerta dado por sua versão do Novo Testamento era o de o quanto a Vulgata havia se
afastado dos textos originais e daí a importância de uma versão da Bíblia que fosse traduzida
do hebraico original e do grego original.

Em 1530 surge a primeira versão francesa, traduzida por Lefèvre d´Étaples e publicada na
Antuérpia. Em 1531 aparece a Bíblia Froschauer, conhecida também como a Bíblia de Zurique,
traduzida por Huldrych Zwingli, contendo mais de 200 ilustrações (as traduções de porções de
textos Bíblicos traduzidos para o alemão mais antigas existentes hoje datam dos anos 311 a
380, e foram feitas direto do grego).

Com a reforma protestante começaram a surgir as principais diferenças de tradução e de


apresentação da Bíblia. Lutero e companhia já defendiam a livre consulta há pelo menos 60
anos. Mas vale uma ressalva aqui. Inicialmente a proposta não era que qualquer pessoa
pegasse o livro e fundasse sua própria igreja, mas sim tirar o poder da interpretação como
sendo uma exclusividade do sacerdócio católico e passá-la também ao clero alemão. A idéia
era que a Bíblia poderia ser compreendida por qualquer pessoa com estudo e não apenas
pelos membros do clero romano. Seis décadas foram mais do que o suficiente para o primado
de Pedro se organizar na chamada Contra Reforma.

O jogo de poder agora estava entre o Papa e as monarquias nacionais. Cada país possuía seu
próprio intelectual protestante que fazia a parte de autoridade erudita enquanto os seus
respectivos reis acumulavam o poder político. A sociedade passou por grandes mudanças e o
mesmo aconteceu com nosso livro sagrado. Em 1560 muitos destes líderes protestantes
estavam refugiados na Suíça se escondendo dos olhares severos dos inquisidores. Juntos,
criaram a primeira "Bíblia de Estudos" que serviria de modelo para quase todas as bíblias
impressas posteriormente.

Bíblia de Genebra foi a primeira edição onde a hoje consagrada divisão em versículos foi
usada. Foi um salto de gigante na evolução pedagógica da Bíblia pois permitiu uma notação de
referências precisas de onde encontrar esta ou aquela passagem. A partir dai o sermão da
montanha não estaria "em algum lugar do livro de Matheus" mas sim precisamente em Mt 5:1 ~
7:29. Além disso a Bíblia de Genebra trouxe outras inovações importantes como suas
incontáveis notas de rodapé contendo a visão protestante dos textos antigos e a primeira lista
de referências cruzadas de que se tem notícia. Com estas ferramenta novas relações puderam
ser feitas entre os vários livros já pertencentes ao Canon, e isso fortaleceu o protestantismo
como movimento social. O resultado disso foram Bíblias onde a tradução fidedigna deu lugar a
uma cristalização do cristianismo dominante de hoje. Diversas palavras que sequer poderiam
ter sido usadas na época em que os livros foram escritos foram adicionadas ao livro sagrado:
homossexualismo, espiritismo e médiuns são alguns dos exemplos.

Este novo movimento de reformulações da Bíblia, não apenas traduzindo-as para as línguas
nativas dos diferentes países, mas também de buscar traduções mais coerentes e fiéis aos
textos originais deu origem a inúmeras novos livros. Uma versão polonesa conhecida como
Bíblia Brzeska é publicada em 1563.

Após a Bíblia de Genebra houve a necessidade de uma nova versão da Bíblia, que não
atacasse de maneira tão veemente a igreja enquanto instituição e assim publicaram a Bíblia
dos Bispos (Bishop's Bible), que apesar de ter tido alguma aceitação, nunca foi páreo para a
Bíblia de Geneva em termos de aceitação popular.

Em 1584 tanto o Novo quanto o Antigo Testamento foram traduzidos para o Esloveno pelo
teólogo protestante Jurij Dalmatin, tornando os Eslovenos a décima segunda nação a ter uma
Bíblia completa em sua própria língua.

Com essas versões em inglês da Bíblia, a própria Igreja Católica desistiu, em 1582, da regra de
só haverem Bíblias em latim e assim deram início à preparação de uma versão oficial da Bíblia
aprovada pela igreja católica em Inglês – a primeira tradução oficial das Escrituras Sagradas,
um projeto compatível com a criação da Vulgata por Jerônimo mais de mil anos antes. Assim,
tendo como base o texto corrupto em latim, eles criaram a versão que ficou conhecida como O
Novo Testamento de Rhemes. Seguido pela Publicação do Antigo Testamento de Douay. A
Bíblia resultante ficou conhecida como a versão Doway/Rhemes.

Em 1589 o Dr. William Fulke, de Cambridge, publicou o livro conhecido como a Refutação de
Fulke, no qual colocava em colunas paralelas passagens da Bíblia dos Bispos e da Versão
Rhemes, para mostrar como a Bíblia Católica continha textos cujas traduções estavam erradas,
baseadas num latim que por si só já continha muitos erros.

Neste período morre a Rainha Elizabeth da Inglaterra e James I ocupa seu lugar no trono. O
clero protestante então declara ao rei o seu desejo de uma nova tradução da Bíblia para
substituir a Bíblia dos Bispos, impressa em 1568. Eles sabiam que a Bíblia de Geneva havia
consquistado o povo inglês, mas queriam uma versão da Bíblia que fosse tão bem construida,
com o mesmo cuidado e esmero, mas sem as notas de rodapé controversas - como as que
afirmavam que o papa era o anticristo e outras semelhantes - ou seja, queriam uma bíblia para
o povo com referências para as escrituras mas apenas com significados de palavras e um guia
de referências cruzadas, nada que atacasse a igreja e seus membros.

Assim surge a Bíblia do Rei James, impressa pela primeira vez em 1611, que ficou conhecida
como "a tradução para acabar com todas as traduções". A Bíblia do Rei James levou mais de
duas décadas para se tornar mais popular do que a versão da Bíblia de Genebra e isso se
tornou algo que pode ser visto como uma das grandes ironias da história, já que muitas igrejas
protestantes de hoje fazem uso da Bíblia do Rei James afirmando que ela é a única tradução
dos textos sagrados para inglês considerada legítima, mas ela nem é uma tradução
protestante! Ela foi impressa para competir com a Bíblia protestante, a Bíblia de Geneva, e foi
encomendada e desenvolvida por autoridades que não gostavam dos Protestantes, que os
perseguiam e matavam-nos, a Igreja Anglicana.

E a partir do século XVII os jesuítas se tornam responsáveis pela tradução da Palavra em


inúmeras línguas do Novo Mundo.
Agora voltando os olhos para nossa língua, os primeiros registros de trechos da Bíblia para o
portugês remontam ao final do século XIII, um trabalho creditado a Dom Dinis. Mas o principal
responsável pela tradução de toda a Bíblia para o português foi João Ferreira de Almeida que
iniciou o trabalho em 1644, quando contava com 16 anos, e prosseguiu até sua morte, em
1691, tendo traduzido todo o Novo Testamento e grande parte do Antigo Testamento, as partes
que faltaram foram posteriormente traduzidas pelo pastor presbiteriano Jacob Akker, tendo sido
publicada pela primeira vez em 1753 depois de alguns tropeços. Já no ano 2000 a Sociedade
Bíblica Internacional editou O Livro, uma tradução dos dialetos europeus e foi concluída a Nova
Versão Internacional.

Estes três trabalhos de tradução para o português ilustram bem como a revisão e constante
tradução, mesmo que de uma fonte original podem criar diferenças básicas num texto, vejamos
o exemplo do trecho João 3:16:

Tradução João Ferreira de Almeida

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo
aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

Tradução O Livro

Deus amou tanto o mundo que deu o seu único Filho para que todo aquele que nele crê não se
perca espiritualmente, mas tenha a vida eterna.

Tradução NVI

Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer
não pereça, mas tenha a vida eterna.

Vale notar que tanto a tradução d’O Livro e da NVI foram realizadas pela mesma editora, a
International Bible Society.

Outro exemplo é a versão da Bíblia das Testemunhas de Jeová, onde quase todas as palavras
que se referem a Deus como Senhor, Deus, Criador, Pai, etc, foram substituídas pelo nome
Jeová, foram mais de 7000 alterações no texto. A idéia é mostrar que se existem 7000
menções ao nome Jeová este é realmente o nome de Deus. O problema é que nos textos
originais da Bíblia esse nome não aparece uma única vez, ele seria uma adaptação da palavra
JHVH que surge na Tanakh, essa mesma palavra que quando provida de vogais também
orgina outros nomes como Javé, Iavé, etc. Nem é preciso dizer que essa mudança é
considerada por muitos como uma mutilação da Palavra de Deus, mas para os Testemunhas
essa mudança é o texto correto e o aceito.

Assim podemos ver que de fato não existe uma versão aceita universal, uma tradução "correta"
ou um concenso geral. Em determinadas épocas surgiam aqueles que pegavam para si o
trabalho de traduzir, adaptar ou reorganizar os textos, e muitos desses trabalhos eram
clandestinos e depois aceitos pelo público geral, por esse motivo acabaram se criando versões
muito sólidas e muito difundidas, mas diferentes entre si.

22 - Mas então a Palavra de Deus é um samba do crioulo doido! Não é mais simples voltarem
aos textos mais antigos e originais e tentarem chegar a um concenso, para que a Palavra seja
universal e haja uma única Bíblia como os judeus e os cristãos originais queriam?

Veja, ai esbarramos no problema da Fé e da Crença. É indiscutível que todas essas pessoas


citadas acima acreditavam e acreditam em Deus. Desde Judeus até Rastafaris, passando por
Mórmons, Espíritas e muitos outros. E por mais cínicos que tentemos ser não podemos afirmar
que todos os que se envolvem com a Bíblia apenas querem enriquecer e controlar as massas.
Mas a coisa complica quando uma crença específica acha que a maneira dela é a única
correta, a única verdade que leva a este Deus.

Hoje achamos que as inquisições caçavam bruxos e feiticeiras e que as guerras religiosas
buscavam os pagãos e pessoas que cuspiam na cruz. Mas isto não é verdade, não
completamente. Essa máquina de busca, apreensão e destruição era o resultado de diferentes
grupos cristãos brigando entre si. Se um grupo achava que Cristo era um profeta, mas não era
Deus encarnado, o pessoal que acreditava na história do Deus encarnado se ofendia e ia tirar
satisfações. Invariavelmente o grupo mais forte falava mais alto e para se manter no caminho
daquilo que julgavam ser a verdade estavam dispostos a exterminar quem julgassem estar
trazendo a discórdia e a mentira para o próprio meio. Grupos Cristãos que tinham uma visão
diferente do grupo principal e eram mais fracos (tinham menor número de seguidores e menos
recursos para atacar ou se defender) eram chamados de hereges, recebiam a chance de abrir
mão da própria crença e adotar uma nova. A maioria nem sonhava com isso, já que o
Cristianismo ainda tem o diferencial de atrair pessoas com um gosto para se tornarem mártires,
acreditando que morrer pela própria fé apenas consolida esta fé como sendo a mais real de
todas. E assim grupos cristãos inteiros foram erradicados por outros grupos cristãos. Este é
mais ou menos o resumo da história para a formação do que na Idade Média se tornou o
Cristianismo aceito, ou heterogêneo e que depois com a reforma e as divisões da igreja voltou
a ser um cristianismo plural.
E até hoje existe uma rixa acirrada entre os grupos existentes. Protestantes chutam santas
católicas. Anglicanos criticam protestantes mas dizem que os católicos exageram na sua
vontade de dominar o mundo. Católicos dizem que todos tem boa vontade mas estão errados.
E no fundo o que parece é que se esquecem do Deus em que acreditam para discutir quem
tem o melhor carro e o mapa correto para chegar no Paraíso.

E isso cria um impasse. Um grupo já com tradição não vai ceder sua crença para aceitar uma
nova corrigida é o mesmo que assumir que por tanto tempo ele esteve meio que no caminho
errado. E um católico dificilmente aceitaria se colocar no mesmo nível de um Testemunha de
Jeová (seja lá qual for esse nível, se é que ele existe) e um protestante diria que só aceitaria
uma mesma crença se os católicos parassem com essa besteira de Papa e de Santos e Nossa
Senhora.

Assim dificilmente surgiria uma versão nova e original aceita por todos, ironicamente, talvez,
uma versão assim seria aceita mais por céticos, estudiosos e simpatizantes do que pelos
religiosos.

E isso porque não falamos de outro ponto interessante que dificulta a criação de uma versão
única do texto.

Quando falamos em Jesuítas desbravando o mundo e levando a palavra de Cristo, muitos


imaginam caravelas, índios e negros contrabandeados, fogueiras e colonizadores. Mas a
verdade é que o processo de cristianização está a pleno vapor hoje em dia e parece que cada
grupo cristão aceitou o desafio não apenas de levar a Palavra de Deus para todos, mas de
levar a sua própria versão da Palavra de Deus.

Vejamos três exemplo que fogem da imagem que temos dos principais grupos cristãos -
católicos e protestantes.

As Testemunhas de Jeová possuem adeptos em mais de 236 países e territórios autônomos,


com mais de sete milhões e trezentos mil participantes. Segundo o anuário das Testemunhas
de jeová de 2010 nos últimos dez anos mais de dois milhões e setecentos mil pessoas foram
batizadas nesta crença em particular, uma média de cinco mil pessoas por dia. Além dessas
pessoas, atire a primeira pedra aquele que nunca acordou num domingo de manhã com uma
dupla de terno tocando a campainha com uma bíblia debaixo do braço, ou pelo menos que não
conhece alguém que passou por isso.

E todas essas pessoas, junto com os simpatizantes da crença - que em 2009 foram
contabilizados na casa dos dezoito milhões de pessoas - acabam aceitando a versão das
Testemunhas da Bíblia.

Além deles existe uma organização, formada em 1899, conhecida como Gideons International
(os Gideões Internacionais) que decidiram distribuir a Palavra para o mundo todo, para que
todos tivessem acesso, a ideia original foi a de traduzir a bíblia para 80 línguas e atingir pelo
menos 190 países, muitos deles já possuíam a bíblia em sua língua nativa, mas mesmo assim
se fizeram novas traduções para se distribuir. Assim os Gideões começaram a distribuir bíblias
de graça e com isso conseguiram, por exemplo, que nos Estados Unidos cada quarto de hotel
ou motel tivesse uma bíblia em seu criado mudo - as pessoas que já assistiram Missão
Impossível com Tom Cruise devem se lembrar do momento em que ele precisa de uma bíblia e
simplesmente abre uma gaveta e lá está ela. Além disso eles tem o trabalho de distribuir suas
versões da Bíblia em hospitais, asilos, prisões, exército e em escolas – que ironicamente são
lugares onde as pessoas em sua maioria preferiam não estar.

Até o ano de 2007 mais de um bilhão e quintentos milhões de Biblías haviam sido distribuídas
por eles. Cada uma, a versão dos Gideões do texto sagrado, antigamente a tradução da Bíblia
do Rei James e hoje em dia a tradução da Nova Bíblia do Rei James.

Outro grupo são os Mórmons, também cohecidos como a Igreja de Jesus Cristo dos Últimos
Dias, que surgiram na década de 1830. Em 2007 a igreja registrou o número de treze milhões e
quinhentos mil de mebros ao redor do mundo, com mais de um milhão aqui no Brasil. Os
Mórmons além da Bíblia seguem o livro conhecido como "O Livro de Mórmon, um outro
testamento de Jesus Cristo", que segundo a igreja, é um volume de escrituras sagradas com
um propósito semelhante ao da Bíblia e da teologia e é considerado por seus membros como a
pedra fundamental de sua religião. É uma história de comunicação de Deus com os antigos
habitantes das Américas. A história começa 600 anos a.C, quando Deus ordenou que um
profeta chamado Leí deixasse Jerusalém com sua família e rumassem todos para uma terra da
Promessa: As Américas. Depois de Leí, o Senhor chamou outros profetas, como Néfi, Mosias,
Helamã, entre outros. Mórmon foi um desses profetas.

A religião cresce e também há pregação, como os Testemunhas de Jeová.


Assim temos grupos espalhando milhões de versões da Palavra por ano, e isso cria um quadro
onde de um lado existem pessoas já familiarizadas com a Bíblia – ou ao menos a versão aceita
por sua crença – e de outro pessoas que não estão tão familiarizadas com a bíblia. E a base
que a grande maioria das pessoas que entram em contato com todos esses evangelistas e
catequisadores tem é de que:

1- Existe um Deus.

2- Essas pessoas estão distribuindo a Bíblia, que é a Palavra de Deus.

Dificilmente saberiam que aquela é uma das versões e que existem outras, muitas vezes com
textos muito diferentes e significados que chegam a ser opostos uns aos outros.

Desta forma não só é dificil a aceitação de uma Biblia única como a cada dia mais e mais
versões diferentes são divulgadas e com a sinceridade daquele que a distribui de ser a única
Palavra correta.

E ainda existe uma questão interessante aqui: e quem pode julgar que versão está correta ou
não? Da mesma forma que Deus e o Espírito Santo divulgaram a Palavra a primeira vez, como
julgar que diferentes versões não foram inspiradas pela mesma fonte? Deus descansou no
sétimo dia ou se aposentou da empresa que Ele criou e caiu fora dela? É difícil afirmar, se é
que não é impossível. Assim se acreditamos que a Bíblia é de fato a Palavra, como podemos
julgar qual delas é a correta ou mesmo se alguma delas pode ser apontada como uma versão
errada?

23 - E essa loucura não vai acabar?

Vejamos. Por um lado temos cada dia mais acesso a informações que deveriam servir como
base para corrigir erros históricos das coisas, a Bíblia seria uma delas. Com o material que
existe hoje, desde os famosos textos do Mar Morto a grupos de arqueologia bíblica, deveriam
haver meios de tornar a Bíblia em si mais factível, mais alinhada com fatos que já foram
comprovados. Mas de novo isso provavelmente interessaria apenas a estudiosos e curiosos.
Existem hoje cristãos que apresentam uma curiosidade digna da afirmação de Cristo: “E
conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Mesmo assim são indivíduos e grupos
pequenos, não tem o tamanho ou a influência necessária para se cria ruma nova versão das
Escrituras ou talvez nem tenham a vontade de mudar as escrituras, apenas aprender os novos
fatos.

Por outro lado cristãos e judeus tem um histórico de quando mais apanharem em nome da
própria crença parece que mais certeza eles tem de estarem no caminho certo, então negar
mesmo as evidências pode dar um ar de "não importam o que digam, minha crença é tão
correta que eu não abro mão dela nem para o que aparenta ser o bom senso".

Então não dá para dizer exatamente se essa zona vai continuar ou se a tendência é que todas
essas pessoas comecem a buscar não apenas um livro impresso, mas a verdade comprovada
por trás deste livro. Como dissemos no começo deste texto, originalmente o objetivo da Bíblia
era que as pessoas se mantivessem fieis a Deus e seus Mandamentos e Leis, mas com o
tempo a Bíblia se tornou um rótulo e hoje esse rótulo é defendido com unhas e dentes.

Mas acreditamos ser possível supor algumas probabilidades sobre o que seria o futuro da
Bíblia.

Como vimos os grupos principais de Cristãos ainda esperam a segunda vinda de Cristo, alguns
grupos não tão famosos acreditam que ele já voltou e existem aqueles que não acreditam que
ele voltará. Assim, mesmo que existam por ai livros de novos profetas e novas palavras da
segunda vinda de Cristo, no mainstream os profetas estão quietos há milênios e o Messias não
retornou.

Umas das possibilidades é que surjam novos grupos cristãos e novas versões da Bíblia.
Existem sempre aqueles que buscam os textos o mais próximos do original o possível. Bíblias
multilingues com os originais em hebraico e grego são populares, o problema óbvio disso é que
dificilmente a grande parte dos religiosos tem acesso a essas línguas e isso torna essas bíblias
curiosidades. Existem versões ainda com quatro linguas e cinco linguas. Hebraico, Grego,
Latim (inglês) e português. Mas de novo a grande maioria acaba contando apenas com a
coluna em português (ou na sua língua natal) para ler o texto, já que hebraico e grego não
possuem nem mesmo as mesmas letras que o alfabeto latino.

A tendência é que essas Bíblias acabem se aperfeiçoando trazendo pequenos glossários para
tirar a dúvida de termos ambiguos ou mesmo apontando a direção certa em termos culturais e
históricos de quando os textos foram escritos. Mas essas edições costumam ser caras, não dá
para apostar que se tornem populares comparadas as bíblias distribuídas de graça.
Então a questão não se foca tanto na acuidade do texto em si, mas na popularidade daqueles
que divulgam tais textos e na acessibilidade que eles tem, quanto mais baratos melhor, se
estiverem disponíveis de graça, Amém. Existe a chance de surgirem grupos cristãos que
tentem se aproximar mais das formas primitivas e originais dos textos e então trazê-los para o
presente, mas eles só se tornariam maioria caso sua popularidade fosse maior do que a dos
cristãos "concorrentes". Então o futuro da Bíblia estaria ligado de novo a mensageiros e não à
Palavra em si.

A internet talvez ajude a popularizar para um grupo grande novas versões e uma outra
possibilidade é o surgimento de "meta" bíblias, ou seja, textos que sejam interpretados por
indivíduos não ligados à igreja e assim vários interessados podem julgar que textos teriam mais
coerência, mas de novo isso fugiria a uma unidade e acabaria estando preso à erudição de
cada pessoa que poderia julgar que mesmo que tal versão fosse de alguém famoso ela tem
passagens estranhas que são melhores ser deixadas de lado.

Talvez uma resposta que apontasse a uma direção certa seria a que o movimento Jesus Freak
prega em seu manifesto, uma forma de cristianismo não presa em palavras, mas no exemplo
deixado por Cristo, claro que isso não afetaria muito a Bíblia e suas variantes, apenas a relação
de cada um com o texto.

Manifesto Jesus Freak

1 - Nós propomos que, seguindo o exemplo de Jesus Cristo, não nos deixemos limitar pela
religião. Os primeiros inimigos de Cristo foram os altos sacerdotes do Templo. O primeiro amigo
de Cristo foi um louco que gritava no deserto.

2 - Nós propomos que as Escrituras são a mais alta autoridade cristã. Portanto devemos nos
esforçar para compreendê-las muito mais do que nos esforçamos para aceitar a forma que
nossos ancestrais a compreenderam. O mundo dos homens muda a cada instante. O mundo
de Deus permanece o mesmo para sempre.

3 - Nós propomos que cada cristão tenha o mesmo credo essencial de Paulo de Tarso,
Francisco de Assis, Martinho Lutero, William J. Seymour, Martin Luther King e ainda assim
sejam livres para expressar sua fé de sua própria maneira especial, assim como o fez cada um
destes cinco homens.

4 - Nós propomos que ninguém tem o direito de dizer quem que uma pessoa não será salva em
Cristo, uma vez que a hora cabe ao Pai e a salvação cabe ao Filho. Assim, ainda que o
próximo viva em escândalo você não deve se escandalizar.

5 - Nós propomos que os livros de orações sejam deixados de lado por um tempo. Talvez seja
difícil usufruir de nossa liberdade de expressão em um primeiro momento, mas seremos
recompensados com uma relação mais intima e próxima com Deus. Por muito tempo temos
usado de maneira pobre o nosso missal. É hora de orarmos mais e irmos menos à missa.

6 - Nós propomos que devemos nos preservar um pouco dos hinários e livros de salmos. Eles
são lindíssimos, mas nossa mente precisa respirar e perceber que está vivendo em uma época
nova e radiante. Devemos compor novas músicas com novas letras, que sejam atuais e de
acordo com nossa época. Não existe nenhum problema em cantar as glórias antigas, mas há
uma infinidade de glórias novas aguardando e clamando para serem cantadas.

7 - Nós propomos nos libertarmos da arquitetura do passado criando novos espaços para
nossos cultos. Derrubemos as igrejas e templos para não haver mais a separação entre irmãs
e irmãos, entre crentes e ateus, entre humanos e resto da criação. Chamemos de volta a todo
aquele que expulsamos de nossas igrejas: os infieis e os piores pecadores! A Casa de Deus
não é uma casa de desespero. Chamemos todos de volta, ainda que continuem pecando para
sempre.

8 - Nós propomos que descubramos como os avanços tecnológicos de nossa época podem ser
usados para a glória de Deus. “Frutificai e multiplicai-vos” nunca foi um desejo ligado única e
exclusivamente ao sexo. “Eis que saiu o semeador a semear” nunca foi restrito as praças
públicas. Deus nos presenteou com tecnologias que nossos antepassados sequer sonharam
poder existir. Está na hora de aceitarmos essa graça e fazer bom uso dela. Vamos organizar
oficinas e mostrar como a arte e a ciência podem fazer parte de nossas festas e nossos
exercicios de contemplação.

9 - Nós propomos o uso do intercâmbio cultural para enriquecer nossa literatura litúrgica com
materiais até então ignorados por nossos cultos tradicionais. Há uma abundância de sabedoria
e beleza nos textos considerados apócrifos pela igreja medieval, nas escrituras sagradas de
outras crenças e mesmo na poesia secular que podem e devem ser usados em nossa liturgia
para atingirmos um propósito estético superior ao atual.

10 - Nós propomos que em um mundo dominado pela mídia onde o uso da imagem supera o
do texto, os cristãos devam fazer uso das figuras mais fortes, corajosas e chocantes possíveis.
O cinema, a televisão e mesmo intervenções urbanas devem ser usados. Não há lógica em
mostrar o caminho, a verdade e a vida usando imagens piegas, meia luz e baixa resolução.

Notas:

[1] Abrahâmico faz referência a crenças que se originaram da revelação divina de Abrahão
como o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo.

[2] Aqui Igreja tem a conotação de igreja primitiva, uma igreja não organizada, eram grupos de
pessoas que seguiam a mesma crença mas sem uma instituição formada ainda.

Por Rev. Obito para o movimento Jesus Freak

Apocatástase: A salvação é obrigatória

Cada templo e religião alega saber quem está condenado ao inferno e quem vai para o céu. Na maioria
das vezes a receita é muito simples, para o inferno vão todos aqueles que discordam de mim enquanto o
céu é reservado para aqueles que dividem comigo as mesmas crenças. Muito diferente do que o próprio
Jesus deixou que se registrasse em João 12;47-48; "Se alguém ouvir minhas palavras e não crer, eu não o
julgo, pois, não vim para julgar o mundo, mas para salvar o mundo. Quem me rejeitar, já tem quem o
julgue; a palavra que tenho pregado essa o julgará no último dia." Este conceito simples é a essencia no
Novo Testamento, e ele se traduz na boa notícia que é: Sabe o que você precisa fazer para ser salvo e
viver uma vida abundante, tanto aqui quanto ao lado de Deus? ABSOLUTAMENTE NADA!

Quase a totalidade das igrejas na ânsia de angariar membros e dinheiro para seus clubes sociais,
acabaram esquecendo-se de anunciar de modo suficientemente claro o fato de que não existem pré-
requisitos para ganhar a graça de Deus. Não há nada que você possa fazer porque Jesus já fez todo o
trabalho sujo para você.

Você pode ser um assassino, o pior dos criminosos, pode ter batido na mãe e quebrado cada um dos dez
mandamentos e ainda assim irá para o céu, alcançará o paraíso e a eternidade na glória e alegria de
Deus. A Apocatástase é o nome dado a restauração final de todas as coisas em sua unidade absoluta com
Deus. A apocatástase representa a redenção e salvação final de todos os seres, inclusive os que habitam
o inferno. É, assim, um evento posterior ao próprio apocalipse.

A apocatástase sintetiza o poder do Logos ou Verbo encarnado, ou seja, o próprio Cristo como poder
redentor e salvador que não conhece limite algum.

Você duvida? Então vejamos alguns fatos muito claros na Biblia:

A - SOMOS TODOS UNS MERDAS. Segundo a Biblia TODOS os homens são pecadores. Romanos 3:23 diz
"Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus." Essa mensagem de que todas as pessoas são
pecadoras é amplamente repetida nas Escrituras, tanto no Velho quanto no Novo Testamento. Isso
significa que você não é nada diferente de um estuprador e nada melhor do que é um pedófilo. Mas por
favor, não entenda isso da maneira errada; isso não quer dizer que você não faz nada direito e que
deveria estar apodrecendo em alguma cela nalgum lugar afastado, isso significa tão somente que
ninguém no mundo, absolutamente NINGUÉM NO MUNDO, e isto inclui você, faz todo o bem que
poderia fazer. Isso é um fato.

B - ESTAMOS NA MERDA. Já que somos todos imperfeitos não podemos nos salvar. Ninguém pode salvar
a si mesmo, se você pensa o contrario além de ser um merda e estar na merda é burro! Jesus deixou
esse fato bem claro em Mateus 5:48, quando disse: "Portanto, sede vós perfeitos, como perfeito é o
vosso Pai celeste." Agora, se todos precisamos ser perfeitos aos olhos de Deus, como alguém poderá ir
ao céu se a Bíblia declara diversas vezes que TODOS são pecadores? Quem em sã consciência se declara
perfeito como Deus? A conseqüência disso é que não importa o quanto você reze, quanta caridade
pratique, quantos rituais conheça ou quantas reuniões da sua igreja você assista. Aos olhos de Deus você
continuará onde está agora. Talvez conheça mais gente e se ocupe nos fins de semana, mas continuará
na mesma situação de imperfeição.

Basicamente os pontos A e B são um resumo do Antigo Testamento. Em outras palavras Deus nos deu
uma infinidade de mandamentos que deveríamos seguir para sermos perfeitos a seus olhos, mas que
ninguém consegue obedecer de fato. Mas se estamos na merda e somos uns merdas, quem poderá nos
salvar? Como evitar o destino reservado para todos os pecadores? É ai que entra o segredo da Nova
Aliança.

A Boa Notícia (e este é o significado literal da palavra "evangelho") é que quando Jesus morreu na cruz
ele pagou todos os nossos erros no nosso lugar. O evangelho é bem claro ao dizer que Jesus morreu
como um sacrifício substituto pelos nossos pecados e que assim conquistou vida eterna no céu como um
Dom Gratuito! (Romanos 5:8, Romanos 5:19, Timóteo 1:15, Timóteo 4:10, Lucas 2:11, Tito 3:3-7).

E ele fez isso por todos nós, este é o maior presente de Cristo para você. Você pode ser branco ou negro.
Homem ou mulher. Judeu ou muçulmano. Isso vale para cristãos de qualquer uma das igrejas ou para
criminosos de todas as espécies. Em Romanos 6:23 está escrito: "Porque o salário do pecado é a morte,
mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor." E em João 4:42 lemos: “E
diziam à mulher: Já não é pelo teu dito que nós cremos; porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos
que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo.”

O apóstolo Paulo escreveu a Timóteo: "Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao pleno
conhecimento da verdade" (ITim 2,4). TODOS SE SALVEM. Esta é a vontade de Deus. Deus não quer que
apenas os membros fiéis desta ou daquela seita sejam redimidos. Ele quer todo mundo. E tudo o que
Deus quer ele consegue. Negar este fato é negar sua onipotência e sua própria condição como Criador e
Senhor do Universo.

A vida eterna é um dom gratuito de Deus, por meio do sacrifício de Jesus na cruz. Você não pode
comprar a vida eterna, e com certeza mesmo que pudesse não a mereceria – já que você é um merda –
mas Deus, sabendo disso, a oferece DE GRAÇA. Em Efésios 2:8-9, Paulo reitera este ensinamento que a
vida eterna com Deus é um dom gratuito para todos: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto
não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se vanglorie."

Este plano universal de salvação divide um espaço igualmente importante com os ensinamentos da ética
revolucionária nos escritos dos apóstolos e é necessária uma boa dose de má-fe para negar os fatos. Em
João 1:29 está escrito "'Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado mundo!" Oras, em
absolutamente todos os contextos a palavra "mundo" é usada para se referir a totalidade da existência,
obviamente 'mundo' não significa apenas a palestina, os eleitos ou a igreja. Quando foi crucificado ele
rasgou o veu do Templo, terminando assim com a distinção entre o Judaísmo e qualquer outra religião.
Ao acabar com o Templo ele deixa claro que a salvação é para todos, em Romanos 5:10 está escrito:
“Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais,
tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida”. Mais para frente o apóstolo usa a mesma
palavra ao escreve: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu filho Únigênito, para que
todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Então alguém pergunta: E se eu não crer?

Em Marcos 16:16 essa preocupação se reafirma: "Quem crer e for batizado será salvo, quem não crer
não será salvo." Isso absolutamente não representa qualquer problema e em especial não deveria ser
motivo de acusações entre os crentes de diferentes opiniões. Isso deixa apenas as pessoas com uma
escolha em mãos, uma liberdade que por ser dada por Deus não pode ser retirada pelos caprichos desta
ou daquela religião: você pode escolher receber esse dom gratuíto, que já lhe foi garantido, AGORA, pela
fé ou pode esperar MORRER para recebê-lo. Ou seja, basta SABER DE FATO que já está salvo, isso não
quer dizer ter fé no que igrejas e pastores e templos pregam, isto quer dizer já assumir que está salvo e
ponto. Você não precisa de sinais, de confirmações de nada, Atos dos Apóstolos 16:31: “E eles disseram:
Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa.” e Romanos 8:24: “Porque em esperança fomos
salvos. Ora a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará?”

Se não fosse isso como o amor de Deus poderia coexistir com as milhares de pessoas que nasceram e
morreram antes de cristo ou aquelas que nasceram em outras religiões ou regiões sem a notícia da
salvação ainda em vida? Simples assim! Você é livre para fazer o que quiser e acreditar no que quiser,
mas se confiar sua vida a Jesus Cristo desde já, tomará imediatamente consciência de que está de fato
salvo e que portanto você não é mais um servo de Deus, você se tornou seu filho ou filha. E como filho
de Deus será herdeiro legítimo para tomar posse de todas as benção que Deus lhe tem reservado.

Em Efésios 2:encontramos: “Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com
Cristo (pela graça sois salvos)”. Este é o poder da Fé. "Ora a fé é a certeza de coisas que se esperam, a
convicção de fatos que se não vêem" - Hebreus 11:1. Agora surge o momento de falarmos de fé real, não
a fé de plástico vendida em igrejas pela módica quantia de 10% do seu salário. Quando falamos em fé,
não estamos falando do adesivo de para-choques “ora que melhora!”, estamos falando da fé de sermos
redimos de quaisquer erro que tenhamos cometido ou que venhamos a cometer. Jesus nunca vendeu
aspirinas para sanar nossas dores de cabeça, nem nunca nos vendeu um empréstimo com juros menores
para pagarmos nosso carro ou quitarmos a dívida de nossa casa. Nós vivemos nossas vidas de acordo
com nossos erros e acertos. Quando recebemos o dom do livre arbítrio com ele ganhamos a
responsabilidade por nossos atos. O que fazemos com nossas vidas diz respeito a nós, tratar Jesus como
um super-herói que nos salvará nos momentos de perigo ou Deus como um juiz de testes que iniciará a
experiência sempre que der errado é um ainocência que beira a ignorância. A fé em Cristo não garante
que passaremos no vestibular ou que encontraremos uma pessoa para passar o resto da vida ou mesmo
que nossa empresa prosperará. A fé em Cristo não é uma certeza infundada de que na hora H nossos
problemas serão resolvidos ou que alguém nos tirará da forca. Significa apenas que somos puros, limpos,
que somos responsáveis por toda e qualquer coisa que façamos agora e que independente do que isso
for, nós temos a graça de Deus: “Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue,
seremos por ele salvos da ira.” Romanos 5:9. Quem tem uma vida mesquinha tem preocupações
mesquinhas. A Salvação é tudo, menos mesquinha.

A salvação de Deus através de Cristo nos ensina que podemos viver sem culpa. Pra que serve a culpa? Se
sentir culpado é o mesmo que afirmar que Jesus não fez seu serviço direito, que sua morte foi meia
boca: "apenas para o povo daquela época!" - Besteira, o dom de Deus é ETERNO, para todo o tempo e
além do tempo.

Nenhum sacerdote, padre ou pastor poderá estar diante de Deus na eternidade e se vangloriar de ter
"comprado" sua entrada no céu. Ao contrário, todas as pessoas no céu estarão ali somente porque Jesus
obteve esse direito, com sua morte em nosso lugar na cruz. Em vez de punir os pecados individuais de
cada pessoa, Deus acumulou esses pecados sobre Jesus (Isaías 53:2-12) quando ele estava sofrendo.

Por isso em João 3:17 o versículo se completa: "Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para
que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele". E o mundo, meu amigo, inclui você –
quer você queira ou não!

Bíblia para Bêbados: O Jogo de Bar

Jesus BebaçoNo esforço de encorajar a leitura da Bíblia o movimento Jesus Freak decidiu uní-la com uma
das práticas mais populares de todos os tempos: encher a cara. As Escrituras Sagradas por si só são
repletas de eventos surpreendentes, engraçados e espantosos, mas os grupos de estudos e as escolas
dominicais conseguiram fazer ela parecer uma chatice. Confira agora como algumas artimanhas podem
tornar a leitura conjunta da Bíblia tão divertida quanto um porre.

Junte alguns amigos, leve uma ou mais Bíblias e comece a ler um capítulo em voz alta e siga as regras
abaixo. Recomendamos o Novo Testamento para começar. Sem dúvida, qualquer bebida alcoólica pode
ser usada, mas o vinho certamente trará uma ambientação mais bíblica ao jogo.
As Regras Básicas

O Jogo Bíblia para Bêbados tem apenas 4 regras simples:

1 - Regra do Gole

Os jogadores devem dar um gole sempre que um destes eventos acontecer:

Um nome próprio (lugar ou pessoa) for citado pela primeira vez

Alguém ou alguma coisa for abençoada

Alguém ou alguma coisa for amaldiçoada

Acontecer um Milagre.

Episódios de Morte.

Episódios de Volta da Morte

Episódios de Sexo.

2 - Combo da Trindade

Sempre que as palavras 'Jesus', 'SENHOR' ou 'Espírito Santo' aparecer três goles grandes devem ser
dados.

3- Desafio do Léxico
Sempre que uma palavra difícil aparecer (basílisco, iniquidade, etc...) um jogador pode desafiar o outro.
Se o desafiado não souber o significado deve terminar seu copo. Se souber, o desafiador deve fazer isso.
Dica: algumas versões, como a Tradução Almeida, possue mais palavras difíceis do que outras.

4 - Eventos Bônus

Termine o copo sempre que um destes eventos acontecer:

Jesus der uma resposta legendária aos Fariseus.

Davi matar alguém

Um Profeta fugir ou chorar

Ocorrer um terremoto ou sinais no céu

Paulo ficar falando em círculos depois de ter terminado o assunto

Pedro fizer merda.

Alguém fizer pouco de Deus e suas obras.

Encerramento: Desafio do Pai Nosso

A Bíblia é grande demais, então é provável que a noite termine antes dela. A qualquer momento o jogo
pode ser encerrado com o desafio do Pai Nosso. Nele a oração ensinada por Jesus em 'Lucas 11.2-4' deve
ser dita de cabeça sem ajuda da leitura por cada um dos jogadores. Cada vez que alguém errar, todos os
demais devem beber um novo copo.

Jesus Freak
Como não dormir na missa

TapDancingJesus.gifSó existe uma forma de uma pessoa normal não pegar no sono durante uma missa
soleme: mudá-la completamente.

O movimento Jesus Freak alegra-se em trabalhar incansavelmente na ruptura da lógica centralizadora


que tem regido o cristianismo desde a Idade Média. Esta centralização é reforçada diariamente em
diversos templos de diversas dominações nos quais os rituais são dirigidos por uma elite sacerdotal com
diferentes graus de interação com o público, mas ainda assim, dividido sempre entre leigos e sacerdotes.
Talvez essa divisão possuísse certa coerência na época de Arão no antigo testamento (Números 3:10).
Porém, torna-se uma ideia completamente estapafúrdia para a nova aliança, onde segundo I Pedro 4:16
todo aquele que se chama cristão é honrado como sacerdote.

Uma vez que os morcegos das tradições humanas eclipsam o Sol da verdade é necessário que algumas
dessas tradições sejam revisadas ou mesmo abolidas. Caso contrário o cristianismo estará fadado ao
sono profundo e aos jogos de poder que podemos ver hoje em seus templos. É por este motivo os Jesus
Freaks incentivam a retomada dos verdadeiros valores cristãos de fraternidade deixando para trás o
centralismo e o fanatismo que não apenas foram condenados por Jesus Cristo em sua época como agem
hoje como ervas daninhas sufocando o crescimento de um espírito espontâneo de conhecimento e
adoração.

Nós propomos que o culto cristão seja revolucionário:

Roteiro Rápido

1 - Ação de graças

2 - Leitura

3 - Comentários

4 - Oração

5 - Comunhão
6 - Bençãos

Roteiro Detalhado

0 - Preparação

Um momento musical pode preceder o culto (ver artigo 'Transliturgia: Todas as músicas são sagradas').
Deve-se evitar uma disposição no formato altar ou palco. Todos os participantes são absolutamente
iguais. Recomenda-se uma mesa ou um circulo no chão. Não é preciso uma grande congregação ou
mesmo um templo físico para organizar uma reunião. Um grupo com pelo menos 2 corações sinceros é
tão digna da presença de Deus quanto um showmissa em uma catedral. Não recomendamos grupos com
mais de 12 pessoas para preservar a organização do culto. Em casos de é comum que entre os Freaks
uma divisão em dois novos grupos, estimulando assim o crescimento do movimento.

1 - Ação de Graças

Cientes da presença divina, o grupo inicia a missa com as ações de graças. Uma pessoa de cada vez deve
esforçar-se em divulgar aos irmãos presentes algo em sua vida pelo que sinta-se grata. Saúde,
amor,prosperidade, sexo com a vizinha, não importa o que for, deve ser compartilhado nesse momento
com a comunidade em sincera alegria. Todos os presentes podem expressar-se, mas quem quiser se
calar agora também pode fazer isso. Lembre-se, são todos irmãos, não há do que se envergonhar.

2 - Leitura

Esse é o momento em que se inicia a leitura das escrituras sagradas. Esse momento exige um cuidado
especial, para evitar a manipulação política e ideológica dos muitos pelos poucos. Desta forma, o
aleatório é muito bem vindo. Recomendamos alguns mecanismos de sorteio como dados ou papéis
fechados em sacolas que possam decidir o texto e livro a ser lido e quem o lerá. É sensato não prolongar
muito a leitura, portanto devem ser lidas apenas porções pequenas mas coesas dos textos que
contemplem um ou mais ensinamentos. O Movimento Jesus Freak não faz diferenças entre Livros
Canônicos ou Apócrifos deixando o coração de cada um ser o filtro da verdade.
3 - Observações

Após a leitura todos terão a oportunidade de deixar seu testemunho sobre o texto em questão. Os
interessados devem manifestar-se levantando uma das mãos ou emitindo algum outro sinal durante a
leitura. Este é o belo momento de compartilhar e deixar de lado a contenda. Ninguém deve ser criticado
ou julgado pelo que disser, por isso não haverá réplica sobre comentários. Exemplificando: Se um ateu
achar que um versículo lido é um indício da inexistência de Deus e expressar-se assim, os demais
deverão exercitar a tolerância e o amor cristão em silêncio.

4 - Oração

Para criar uma harmonia no grupo após eventuais tensões nos comentários todos devem fazer uma
oração ou no se preferir aguardar em silêncio. Alguns grupos podem optar por um Pai Nosso em
unissono, outros podem escolher que esta é a hora de um fervor multi-línguas no qual, ao mesmo
tempo, todos farão suas próprias orações outro grupo ainda pode achar mais apropriado que cada um
faça sua oração em voz baixa ou apenas com os pensamentos. Mesmo queo grupo tenha uma prática
definida para esta hora, a liberdade de cada um deve ser honrada e cada um pode honrar, pedir reclamar
conforme suas próprias crenças ou permanecer em silêncio. Todos devem aguardar até a última oração
terminar. Um momento musical pode estar presente nessa etapa e recomendamos que não pare antes
do último participante parar de falar.

5 - Comunhão

Tira-se a sorte agora para a decisão de quem presidirá a comunhão. Ela pode ser feita com qualquer
alimento e bebida que agradar. O sortudo exibe ambos para os presentes e anuncia que a bebida é o
sangue derramado por Cristo e que o alimento é a carne entregue em sacrifício. Após isso todos devem
saborear com alegria a eucaristia, fazendo isso em memória D'ELE.

6 - Bençãos

A última etapa é iniciada com um minuto de silêncio que segue a comunhão. Após o término do silêncio,
outro participante é escolhido randomicamente para fazer abençoar todos os demais. Não importa a
forma, mas sim que seja feita em nome de Jesus. Quem não quiser receber benção nenhuma, porque
por exemplo não acredita em nada da Bíblia, pode cruzar os braços em sinal de negação se desejar. Estas
pessoas devem sempre ser convidadas mas nunca coagidas a nada. As pessoas que desejarem uma
benção específica (saúde, vida pessoal, etc...) deverão dizer o motivo em voz alta e em seguida a
receberão.

Conclusão

Uso de escolhas randomicas, embora não seja incomum não é uma novidade moderna. Quando Judas
morreu ous apóstolos tiveram que escolher uma nova pessoa para ficar em seu lugar entre os 12. Veja
em Atos 1:26 como eles decidiram isso. Eles sabiam que Deus conhece o coração de todos e pediu que
indicasse o escolhido, lançando a sorte em seguida. Toda aleatoridade é guiada por Deus. Mesmo no
antigo testamento, Exodo 28:30, lemos sobre o Urim e Tumim, que embora de natureza misteriosa
indicam ter uma funcão semelhante a uma moeda de cara e coroa.

Sabemos que nossa proposta de missa pode desagradar a muitas pessoas, especialmente aquelas
doutrinadas pelas antigas tradições e as interessadas em manter seu rebanho sob controle. De fato,
muitas pessoas acreditam que não estão prontas para o tipo de liberdade que o evangelho oferece. Mas
caso estas diretrizes lhe causem estranhamento não se incomode, continue no seu culto. Não somos o
tipo de cristãos que obrigam as pessoas a fazerem o que elas não querem.

Jesus Freak

Cristozofrenia: Perca a Cabeça. Ponha a de Cristo no Lugar

Louco como JesusImagine que você percebe que quer ir ao banheiro. Na verdade você não apenas quer,
você precisa MUITO ir ao banheiro. No meio do seu sufoco você entra em um bar, o primeiro que
aparece, e pergunta onde fica a porcelana. O atendente, percebendo que você não vai consumir nada,
mas de bom humor aponta para uma portinha nos fundos. O que você faz?
A) Agradece, entra correndo, atravessa a porta e lá dentro se alivia.

B) Agradece, entra correndo, senta na frente da porta e fica lá no chão sentado esperando o tempo
passar.

Antes de responder leia novamente as duas opções com calma porque em um primeiro momento ambas
parecem ser exatamente a mesma coisa. Não são.

Jesus veio para a terra, ele conheceu gente, ensinou, fez milagres, falou de Deus, do reino dos Céus,
prometeu o paraíso para um ladrão, morreu, voltou, andou por ai mais um pouco. Mais do que
esperança, ele trouxe uma promessa para um mundo que estava atolado na merda. É como se ele
dissesse: "Gente, isso aqui deveria ser simples e fácil! Até as pombas sabem viver bem, e vocês
complicam tudo!" (Mateus 6:26) e outras coisas do gênero. Ele ensinou que tanto os cobradores quanto
as dividas devem ser perdoados. Disse para não ter as pessoas como inimigos, mas para abraçar aqueles
que lhe perseguem, e se no processo tomar uma bolacha, oferecer ainda a outra face. Mas ele também
amaldiçoava árvores (Marcos 11:13), chicoteava camelôs (João 2:13-16) e rasgava dinheiro (Lucas 20:25).

O motivo que levava Jesus a fazer e dizer essas coisas era simples. Jesus era completamente maluco.
Louco, pinel, lélé da cuca, e não apenas isso, mas tinha uma loucura contagiante e queria todo mundo a
ser loucos como ele. Se você está se sentindo ofendido com essa afirmacão ótimo, continue lendo, mas
se quiser ir ao banheiro se segure mais um pouco, não pense nas águas do Jordão fluindo.

Para a razão do mundo, todo cristão é louco, e Jesus é o rei do hospício. Ele não joga pelas regras da
natureza, mas trapaceia elas o tempo todo. Ele perverte a Lei da Selva e ensina leões a conviverem com
cordeiros. Ele perverte a Lei do Forte e ensina que ser grande é ser pequeno (Mateus 18:1-4) e servir é
governar (Mateus 23:11). Em Coríntios lemos que a loucura de de Deus é mais sábia do que a sabedoria
dos homens, e Jesus nos mostra o caminho exato para chegarmos lá, ele nos diz: Eu sou o caminho, e a
verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. (João 14:6)

E aqui entra a resposta para a pergunta que fizemos acima. Se você precisa de alívio sente no trono. Se
você se sentar na porta, tudo o que vai conseguir é dor de barriga, uma bexiga descolada e uma sujeira
das grandes. Se Jesus diz eu sou o CAMINHO, a VERDADE, a VIDA e que ninguém, NINGUÉM vai ao Pai se
não for através dele, por que então as pessoas criam igrejas e templos e ficam só repetindo o que ele
disse e contemplando sua imagem ao invés de seguir o caminho, a verdade e a vida que ele nos
mostrou? Por que as pessoas ficam adorando a porta, mas não o lugar ao qual ela leva?

Cristo estava cercado de macacos, sempre esteve, sempre estará. Na verdade ele gostava tanto de nosso
polegar opositor que fez a si mesmo como um macaco e viveu entre macacos e foi morto por macacos
que o pregaram em uma árvore, bem ao estilo símeo. Ele sentiu e experimentou a vida macaca em toda
sua plenitude. Ele sentiu fome (Lucas 4:2), sentiu sono (Lucas 8:23), cansaço (João 4:6) e tristeza (Mateus
26:37). A Bíblia não diz, mas provavelmente ele sentiu tesão, dor de barriga e provavelmente coçou o
saco de vez em quando também - aquela região era quente pra dedéu e a roupa devia ficar colando o
tempo todo.

E ele sabia o que é ser um macaco como eu e você, por isso tentou ser específico e simples ao extremo.
Ele sabia que iria apontar para a lua e, ao invés de olhar para a lua, seus seguidores ficariam olhando
para o seu dedo. Jesus então fez um sermão simples e direto onde explicou tudo o que fariam de errado
em nome dele.

Sobre os templos evangélicos e igrejas barulhentas que seriam criadas, ele disse:

"E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às
esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens." (Mateus 6:5)

Sobre procurar se vestir bem ele disse:

"Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida,[...] quanto ao vosso corpo, pelo que
haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?"

Sobre o povo que perturba os outros nas praças ou visitando todo domingo para empurrar sua versão da
bíblia goela abaixo:

"E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó
dos vossos pés." (Mateus 10:14)

Sobre as pessoas que ainda pedissem dinheiro para qualquer projeto ligado à divulgação da palavra:

"de graça recebestes, de graça dai." (Mateus 10:8)

E ainda sobre os futuros pastores, apóstolos, profetas e religiosos, padres e bispos ele disse:

"Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não
expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente:
Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade." (Mateus 7:22-23)

Jesus, falando pausadamente e sem palavras difíceis, simplesmente disse para que todo mundo apenas
vivesse a própria vida (João 10.10), não incomodasse aos outros(João 8:7), não julgasse (Mateus 7:1),
não se julgasse melhor (Mateus 18:1-4) e não usasse Deus como forma de ganhar o dinheiro do
cafezinho (Mateus 10:7-10). E hoje vimos no que deu. Não porque todos os macacos, como eu e você,
sejamos gananciosos e oportunistas, somos simplesmente burros e limitados. Mas a intenção de Jesus
era nos libertar. Jesus sempre soube que onde não há ordem não há opressão. Ele veio não para trazer
uma nova ordem, mas para acabar com qualquer tipo de ordem existente (Mateus 10:18-22 e 10:34),
não nos trazer a sabedoria, mas nos inflamar com a loucura de Deus, assim como ele era inflamado.

E agora, você se levantará para usar a privada, ou continuará sentado na frente da porta do banheiro
atrapalhando as outras pessoas que querem usar as instalações que nos foram prometidas? Jesus não é
apenas o atendente que apontou para a porta do banheiro. Jesus é o banheiro.

I. Perdendo Nossa Cabeça

Não Alimente Dogmas, Eles São Prejudiciais


Jesus é nossa autoestrada para o paraíso. É o caminho reto e rápido para o reino dos céus. Mas quando
os macacos viram aquela estrada tão bem pavimentada construíram pedágios por toda ela e exigiam
alguns cachos de banana de qualquer um que tentasse usá-la. Estes pedágios são cobrados pelas
instituições religiosas (Não confunda com a Igreja: a comunhão universal de todos os santos). Estas
instituições, seja católica, ortodoxa, protestante, ou seja lá qual for a denominação que criem para se
rotular, se auto-intitularam relações públicas de Cristo na terra, os porta vozes do porta voz de Deus,e
convenhamos, todos tem feito um péssimo trabalho. Pense nas críticas que ouviu contra a religião, ou
nas críticas que você mesmo tem em relação à religião, e pare para refletir se o que é ruim é a religião ou
a religião institucionalizada. Quem é contra o sexo? A religião ou a religião institucionalizada? Quem é
contra a liberdade? A religião ou a religião institucionalizada? Quem quer regularizar a diversão? A
religião ou a religião institucionalizada? Quem quer o seu dinheiro? A sua submissão? O seu
arrependimento?

Cristo transformava água em vinho, e não o contrário. Cristo mandava cada um cuidar da própria vida e
não ficar tentando tomar conta da vida dos outros. Cristo fazia demônios entrarem em porcos, e não
achava ruim quando alguma mulher passava óleo nos pés dele e espalhava usando os cabelos. Assim a
primeira coisa que você tem que tirar da cabeça são os dogmas.

Mas Jesus sabia que os macacos adoram dogmas tanto quanto gostam de banana e de se esfregar uns
nos outros. Toda sociedade constituida têm ou inventa seus próprios dogmas. Somos viciados em
certezas. Ao ponto de que se não tivermos certeza de nada vamos inventar algumas nas quais acreditar,
é o famoso "até que se prove o contrário...". Estes dogmas tem sido usados para manter estruturas de
poder por toda a história registrada e por aquela documentada através da tradição oral. Jesus sabia disso
e assim nos deu um dogma no qual acreditar. Não um dogma qualquer, mas um dogma que é um "anti-
dogma" capaz de nos salvar dos demais. O "Grande dogma" para acabar com todos os outros dogmas
para sempre. A saber: Jesus morreu para pagar por seus erros. Quais erros? Todos eles. Não importa o
quão devassa ou podre seja a sua vida, você está salvo, perdoado e livre dos pecados. Jesus foi
humilhado, jogado de um lado par ao outro, torturado, humilhado de novo e finalmente pregado em
uma cruz pra garantir isso. Você quer ter certeza de alguma coisa? Tenha certeza que você é livre.

Livre de tudo o que tentam empurrar para você como sendo aquilo que Deus quer. Procure na Bíblia
uma condenação a se apaixonar, seja por pessoas do sexo oposto ou do mesmo sexo que você, a assistir
televisão, a praticar sexo antes do casamento. Cristo disse: "ame ao próximo como eu vos amei", e foi
um amor que o levou a ser torturado e morto. Amor não é algo sutil e que pode ser escondido, Jesus nos
amava tanto que suava sangue, ama a todos da mesma forma intensa e insana. Esse amor às vezes
contagia os cristãos e os leva a querer fazer algo em retorno. Nada pode pagar um amor superdotado
como o de Jesus, mas podemos ao menos declarar nossa gratidão. Isso tem sido feito desde aquela
época em Jerusalém através do batismo.
Um balde de água fria.

O sentido original do batismo era a compreensão desta lavagem que Deus proporcionou a humanidade.
Se você não foi batizado ainda, peça para um amigo cristão (qualquer cristão) derramar um pouco de
água na sua cabeça e declarar que você está redimido em nome de Jesus. O ritual externo não é tão
importante quanto o sentido interno que este ato tiver para você. O lance aqui é se livrar de toda culpa
que nos impede de sermos como Cristo foi e de nos aproximarmos de Deus como ele se aproximou. E a
culpa não é como piolho que sai da sua cabeça ao ser lavada, ela existe dentro da sua cabeça e para tirar
ela você precisa perder a cabeça e colocar a cabeça de Cristo no lugar. Lembre-se que já fomos todos
lavados do pecado com a morte dele na cruz, assim o batismo não tem nada a ver com pecado, é
simplesmente uma forma de você aceitar que não tem mais culpas.

É impossivel amar Jesus na mesma medida que ele nos ama. O batismo é só uma forma tosca de
expressar isso publicamente. É como aqueles cartões mal feitos do dia das mães, são tão baratos que
com o dinheiro deles não conseguiríamos nem pagar o lanche do recreio quando mais tudo o que as
mães fizeram e fazem por nós. Mas elas gostam de recebê-los mesmo assim.

Abra Sua Mente

Jesus nunca criou grupos de exclusão. Ele não dizia: apenas curem os justos! Ele dizia que Deus faz
chover sobre os justos e os injustos! Ele não falava para julgarmos quem era justo ou injusto, ele falava
para não julgarmos e ponto final. Jesus abraçava leprosos, curava gente à distância sem nem querer
saber quem eram e o que faziam e ainda falava pra pessoas que putas também eram gente.

Ele pregava para pessoas de outras religiões, batia-papo com os guardas do Império que oprimia seu
povo e não baixava a cabeça para o que os sacerdotes diziam que era certo. Você sabe o que é um
Samaritano? Hoje "samaritano" é sinônimo de boa gente, boa pessoa. Na época de Jesus um samaritano
era alguém para ser ignorado e desprezado. Mas Jesus conversava e ensinava eles. Ele amou tanto os
samararitanos que mudou o sentido da palavra! Faça como ele, experimente culturas diferentes.
Coexista com todos. Se Deus criou tudo, ele criou os budistas, os israelitas, os mulçumanos, os ateus e
mesmo as stripers. Quando vemos um jardim com flores de várias cores damos glória a Deus, mas
quando vemos um jardim com pessoas de várias cores amaldiçoamos as flores! Siga o exemplo de Cristo,
conviva com todas culturas e veja como Deus é grandioso em sua diversidade, e como através de Sua
diversidade conseguimos vê-Lo de forma mais completa.

Just say Wow!

Da mesma forma Jesus chamava sacerdotes de ateus hipócritas, pessoas que lucram com a fé eram
açoitadas. Ele não engolia cargos criados pelos homens, ele adorava a liberdade criada por Deus. Faça o
mesmo. Extravase toda a sua frustração com a maneira bizarra que as pessoas andam pregando a fé do
amor, lembre-se "amar ao próximo e perdoar seus inimigos" não significa ser um idiota.

Era considerado pecado se trabalhar no Sábado. Jesus trabalhou. Era errado questionar as autoridades
religiosas. Jesus questionou. Era considerado impureza andar entre doentes. Jesus andou. Ele sabia
quebrar as regras do livro. Tente fazer o mesmo. Pegue sua Bíblia e a queime. Acha que vai ser
castigado? Atrairá a fúria de Deus para você? Jesus não andava com a Torah debaixo do braço. Ele nunca
disse que o homem deve se alimentar da palavra impressa no papel encadernado em couro, mas das
palavras que saem da boca de Deus, e as palavras que saem da boca de Deus falam direto ao coração de
cada um, não apenas aos olhos dos alfabetizados. Queime ou jogue fora sua Bíblia e veja como se sente.
Lembre-se: Moisés pode ter trazido a Lei escrita em pedra, mas Jesus escrevia na areia (joão 8:8). Você
acha que Pedro, Paulo ou qualquer outro apóstolo tinha uma Bíblia nas suas pastinhas? De forma
nenhuma, eles nem tinham pastinhas. Jesus foi específico ao dizer que "Nada leveis convosco para o
caminho, nem bordões, nem alforje, nem pão, nem dinheiro, nem tenhais duas túnicas." (Lucas 9:3). Se
na hora de se livrar do seu livro você se sentir estranho, não se preocupe, são as amarras se partindo,
você pode achar que queimar a bíblia ou jogá-la fora é loucura, e espere só para ver, isso não chega
perto das loucuras que você ainda vai cometer, quando terminar você estará caminhando sobre as águas
de alegria. Uma bíblia de papel pode ser queimada, mas não a palavra no coração. Pois é ela que queima
tudo o que toca.

Seja Herege e abrace a Heresia

Heresia é por definição "qualquer doutrina contrária àquela aceita como oficial". Para entender melhor
vamos dar um exemplo mais claro. Onde Cristo nasceu e viveu, o Judaismo era a doutrina oficial,
entregue por Deus para os homens diretamente via Moisés. Assim, ir contra a religião que havia sido
entregue aos homens era heresia. Se ao invés de apedrejar uma mulher adúltera você condenasse
aqueles que queriam levar a cabo a Lei de Deus, você era um herege. Se você desrespeitasse um dia que
era reservado apenas a orações, você é herege. Se você falasse, "pare de acreditar em Deus por causa
dos milagres d'Ele, acredite em Deus porque você está de barriga cheia", é um herege.
Jesus fez tudo isso, e muito mais. Ele chegou a um ponto de parar de tentar fazer os sacerdotes seguirem
a lógica dele a passou apenas a dar respostas rápidas e malacas, apenas para se tocarem de como eram
idiotas. No fim Jesus rasgou o véu do Templo mais sagrado. Como Jesus, pare de respeitar a fé alheia, e
respeite aquilo que Deus fala em seu coração. Respeito é algo que deve ser conquistado, não dado de
graça só porque alguém te diz que ele ou ela é a sua ligação com Deus. Se a pessoa que disser isso não
for o próprio Cristo, então você não deve nada a ela, nem à obra que ela ergueu.

Quando falarem que por exemplo Homossexualismo é pecado, lembre às pessoas que Jesus teve dois
pais. Quando falarem que sexo antes do casamento é errado diga que quem disse isso foi Paulo de Tarso
e ele deixou claro que essa era a opinião dele, não de Deus. Quando falarem que você precisa ir orar na
igreja porque está se desviando, diga que Cristo desprezava quem vai pra igreja orar, que depois você faz
isso como ele fazia, no seu quarto, sem ficar se exibindo para os outros. (Mateus 6:5-15)

Higienize-se

Da mesma forma que você já se livrou da sua Bíblia, pare de ir ao seu culto ou à sua igreja. Evite também
ir a comícios políticos ou a "encontros de estudo" organizados pelos líderes religiosos. Um pouco de
isolamento pode fazer muito bem de vez em quando. Considere que mesmo Jesus ficou quarenta dias
isolado no deserto para poder esclarecer as ideias antes de começar seu ministério.

A religião institucionalizada são responsáveis por grande parte da merda que a liberdade de hoje se
tornou, mas não é a única. Se você não sabe tomar conta de si mesmo, aprenda. Não espere que os
outros façam isso por você. Se não sabe pensar sozinho é melhor não pensar nada, com certeza sofrerá
menos prejuízo do que se sair pedindo para os outros pensarem por você. Marque um encontro com
Cristo e passe um tempo em silêncio com ele. Se preciso jogue seus livros doutrinários fora ou os
distribua para os mendigos se aquecerem Melhor ainda passe uma noite com os mendigos, longe das
influências do mundo que te cercam e te controlam. Lembre-se que faculdades e escolas devemo um
objetivo, caso esteja estudando apenas por um diploma desista e compre um supositório. Pare de
repetir o que vem sendo dito há séculos e milênios e comece a dizer coisas novas, era o que Jesus fazia.

Abrace o inimigo
Quando Jesus estava jejuando no deserto e o diabo apareceu, o que ele fez? Saiu correndo? Ficou
gritando TE EXPULSO EM NOME DE DEUS? Ele ficou gritando: MENTIRAAAAAAAAAAAAAAAAA! pra tudo
o que o diabo dizia? Não. Ele saiu para passear com ele e ouvir o que ele tinha a dizer.

Ele vencia as tentações em vez de fingir que elas não existiam. Se você acredita que o cirstianismo é a
única maneira de se ter acesso à Palavra de Deus, lembre-se do que disse Jesus: "Na casa de meu Pai há
muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar." ele não disse: Na casa
de meu Pai há um único e enorme cômodo homogênio!

Se a verdade absoluta fosse tão importante, teríamos algumas partes da Bíblia falando dela. E temos!
Mas vejamos qual é a a bordagem do Cordeiro de Deus:

"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." João 8:32. Ou seja, se a sua verdade está te
escravizando, tornando você menor e mais fechado, então não é a Verdade da qual ele falava. A Verdade
de Cristo era era ele mesmo (João 6:47, 8:58, 10:7, 17:17). Ele é aquele grande dogma que falamos
acima e que realmente liberta.

Toda a crença forte em algo possui um crença oposta, que é tão forte e verdadeira. Isso é o resultado do
dualismo em que nossa mente existe. E isso não acontece apenas com religião. Fale de socialismo a um
capitalista, fale de gnose a um agnóstico. Fale de fé com um pseudo ateu. Se toda força cria uma força
oposta de igual intensidade, então a sua crença, seja religiosa, política, sexual, ou do tipo que for, vai ser
falha. No momento que você começa a enxergar Deus naquilo que se opõe à sua crença, vai descobrir a
besteira que é achar que tudo tem um oposto. Homossexualismo é errado? Os mulçumanos deturpam a
palavra? Stephen Hakiwns quer desviar todos os filhos do caminho de Deus? Aquela menina é
vagabunda e invejosa?

Temos a tendência de dividir as pessoas entre amigos e inimigos. Em cada momento da história
arranjamos uma boa desculpa: Romanos versus Bárbaros; Padres versus Bruxas; Templários versus
Mouros. Jesus ensinou que isso é uma grande bobagem. Na época dele todo mundo já "amava seus
amigos e odiava seus inimigos." (Mateus 5:43-44). Mas ele ensinou que devemos fazer o bem até aos
que nos odeiam e perseguem.

Pense no seguinte: se Deus nos ama, por que permite o sofrimento no mundo? Se sua crença é idiota e
falha pode argumentar que o sofrimento serve para nos fazer crescer, ou que o sofrimento será
recompensado de forma a não nos incomodar mais no paraíso, ou mesmo que Deus como todo bom pai
que dá o livre arbítrio aos filhos não gosta de vê-los sofrer, mas também não impede que eles exerçam o
livre arbítrio, apenas os consola no final das contas.

Se livre de uma mente lógica e dualista. Por que Deus permite que exista o sofrimento? Quem disse que
existe o sofrimento. Se levar um choque cada vez que você coloca o dedo na tomada te incomoda e
causa dor, pare de por o dedo na tomada e falar que a culpa é do eletricista ou que ele não existe, pois
se existisse teria feito uma tomada que solta algodão doce e não correntes de elétrons.

Conheça Suas Necessidades

Deus criou seu corpo como criou. Foi ele que decidiu que o anus ficaria na altura do pênis e que nossos
braços seriam suficientemente compridos para tocar em nossa genitália. Quando ele criou o primeiro
casal ele NUNCA disse: isso pode fazer, aquilo não. A boca não foi criada para isso. POR MIM, EVA, ESSA
POSIÇÃO ME OFENDE, PARE COM ISSO E NÃO FAÇA NUNCA MAIS! Ele fez as pessoas e as deixou para
crescer e multiplicar, não deixou o guia moral de como exatamente crescer e se multiplicar.

Deus vê tudo, presente passado e futuro. Como vimos com José no egito, com Daniel, Ezequiel e João e
todos os profetas, Deus dava dicas do futuro, se Ele achasse inseminação artificial algo pavoroso teria
dito: não deitarás tua semente num copinho para ser aproveitada posteriormente. Se achasse que sexo
anal era errado teria feito o ânus quadrado e com dentes ou deixaria bem claro nas escrituras, sem que
os teólogos tivessem que distorcer tanto a palavra, para achar alguma menção que pudesse ser usada
para se passar essa mensagem. Se achasse que rock seria ofensivo a Ele mesmo, teria criado um
universo onde guitarras elétricas não poderiam ser concebidas, como no nosso universo é impossível ser
concebido um bispo Edir Macedo com um corpo de Gisele Bunchen com três pernas tortas. Se nudez
fosse algo feio Deus não perguntaria para Adão e Eva: por que estão escondendo esses peitinhos? Ele
teria criado eles e dado um guarda roupas na sequência.

Tudo o que o seu corpo precisa, ele precisa porque foi criado assim. Seu apetite, sua fome, seu desejo,
suas aspirações, seu ódio, seu descontentamento. Jesus viveu de forma plena, pregando o respeito, mas
nunca a submissão, e nem por isso foi um degenerado ou um pervertido, ele sabia do que gostava e fazia
isso sem peso na consciência.

Saiba o que você precisa e corra atrás, e se não tiver como obter busque alternativas para satisfazer e
canalizar essas emoções e desejos e apetites, não de reprimi-los ainda mais.

Não Sinta Medo

A culpa é como um parasita alienígena ao corpo. Isso é tão verdade que sempre que você faz algo que
geralmente gera a culpa e tenta ignorá-la, sofre uma onda de medo como mecanismo de defesa para
impedir que você vá longe demais sem se entregar. Mais do que isso, é como um virus que se espalha
contaminando as pessoas. E a coisa piora: as pessoas não culpam apenas a si mesmas, mas fazem
questão de culparem umas as outras. Damos uma topada do dedo e se houver alguém próximo o
bastante de nós, sentimos vontade de culpa-la por isso. "Olha o que você me fez fazer!". É o nosso
mantra natural.

Tente queimar sua Bíblia e diga que não sente o frio no estômago. Mande o pastor ir catar coquinho e
tente se virar para sair sem a sensação de que um sapato voador está rumando para sua nuca. Se você
não se culpar, sem dúvida alguém fará isso por você.

Se a culpa é como uma doença, Jesus é a cura. Viver como Jesus é dar a cara a tapa, receber o tapa e
oferecer a outra face para um tapa ainda maior e não baixar a cabeça nunca. Se deixar a sanidade dos
homens para trás é dificil, encarar uma vida como a de Cristo para chegar a Deus é mais difícil ainda, mas
até ai, se isso fosse fácil não precisaríamos de Cristo aqui na terra para servir de exemplo. Sempre que o
medo começar a se manisfestar lembre-se das palavras do maluco beleza por excelência: "Bem-
aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-
aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós
por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim
perseguiram os profetas que foram antes de vós."(Mateus 5:10-12)

Tenha em mente que o cominho para a glória e a iluminação da Loucura de Cristo não é um caminho
fácil ou confortável. Você não pode ser louco e são e racional ao mesmo tempo. Judas ouviu os
sacerdotes, tentou deixar a loucura para trás porque se incomodava com ela. Ele era muito racional.
Achava que a libertação dos judeus só seria conseguida por uma oposição direta contra os romanos. Ele
aceitou o dinheiro, para financiar sua lógica, teve uma crise, largou o dinheiro e então acabou se
matando. Não tem preço, conforto, razão que possam com a insanidade daquele que acalmava
tempestades quando queria atravessar o lago.
Parte II: Colocando a cabeça de Cristo no lugar

Deus nos fez à sua imagem e semelhança. Cada ser humano tem o potencial de Deus dentro de si, a
fagulha divina, por assim dizer. Cristo relembrou as palavras do salmista (Salmos 82:6) e disse "Não está
escrito na vossa lei: 'Eu disse: Sois deuses?'" (João 10:34). Ele nos mostrou como transformar esse
potencial em uma chama sem controle que não responde a ninguém senão ao Altíssimo. Colocar a
cabeça de Cristo no lugar da sua é justamente aprender como atingir essa iluminação, como fazer essa
chama que existe dentro de você se tornar uma estrela dançarina, como uma vontade de potência a se
materializar.

Existem duas maneiras de enlouquecermos: uma lenta e gradual e a outra repentina. A maneira lente a
gradual é aquela em que você descobre que se Deus criou tudo, está em tudo: da galáxia mais radiante
ao macaco mais ignorante. No processo de perder a sua cabeça você segue este caminho gradual. A
outra forma é simplesmente se iluminar de uma hora para outra.

Pense no seguinte:

A) Pode Deus criar uma pedra tão pesada que nem mesmo Ele possa erquê-la?

B) Se Deus sabe tudo o que você vai fazer, então existe mesmo o livre arbítrio ou todos os seus passos já
foram dados?

C) Se Deus é bom por que prendi minha língua na máquina de escrever?

Cristo vivia em ligação direta com Deus - que é a maneira que Deus gostaria que cada um de nós
vivêssemos - portanto ele saberia responder a essas três questões ao mesmo tempo que dividiria dois
Big Macs para todo o acampamento do Movimento dos Sem Terra, e sem desviar os olhos do que estava
fazendo.

A única maneira de você tentar compreender as respostas para essas questões é deixando a lógica dos
macacos para trás e colocando a cabeça de Cristo no lugar da sua. Enlouqueça. Veja a Verdade - ao invés
de tentar compreendê-la. E a Verdade o Libertará.

Até agora vimos como perder nossa cabeça. Se livre de suas certezas, medite/ore mais, em silêncio e
sem a companhia de ninguém. Aprenda a ouvir o silêncio. Dê valor para uma mente vazia, não para um
cabeça oca. Aprenda a enxergar a estrela que mostraria o local do nascimento do Cristo, como os sábios
do oriente fizeram, e verá que ela paira sobre a sua cabeça.

Você pode fazer isso deixando o Espírito Santo agir sobre você. Quando os apóstolos foram visitados
pelo Espírito Santo após a a crucificação e começaram a falar em várias línguas desconhecidas as pessoas
acharam que eles estavam bêbados (Atos 2:13). Um irmão, durante um encontro freak ponderando
sobre a primeira questão disse:

"Pensei: carregar pedra é característico de quem é incapaz, tipo escravos, operários e diretores de
multinacionais. Quem tem que carregar pedra é porque não pode mudar ela de lugar sem ter que
carregá-la. Então a pergunta real é: 'Deus pode limitar a si mesmo para fazer o que um macaco faz?' E a
resposta é sim. O cristianismo conta que ele fez exatamente isso. Deus se fez macaco para mostrar que
os macacos podem ser campeões. Deus se fez fraco, incapaz de carregar uma cruz (Mateus 27:32) e nem
por isso deixou de ser Deus, que podia erguer o universo com a pedra e a cruz que estava em cima dessa
pedra junto com ele. Então ele SIM, pode criar uma pedra que não pode carregar. E logo depois pode
SIM carregá-la."

Isso faz sentido para você? Não deveria, isso não tem sentido, tem loucura.

Hoje o twitter se tornou uma febre mundial. Trancreva seus pensamentos e experiências em até 140
caracteres. Essa idéia pode ser fantástica, mas está defasada em pelo menos 3 séculos. Os mestres zen
perceberam que é impossível tentar compreender algo que você ainda não compreende usando a sua
mente naquele momento. Se fosse possível você já teria compreendido e não precisaria perguntar para
o mestre. Ou seja usar uma lógica que você compreenda não serve de ponte para te levar ao que julga
incompreensível. Uma vez perguntaram a um mestre zen o que era Buda, ele respondeu: "cinco libras de
linho"! Você consegue compreender essa resposta? Jesus conseguiria, rindo da piada e respondendo
outra ainda melhor, e ambos ririam juntos.

Esses atalhos para a iluminação são os koans zens, frases ou respostas curtas para perguntas, que
aparentemente tão sem sentido e que só podem à iluminação caso a pessoa medite cobre ele até
desligar sua razão tosca e expandir sua mente para além dos limites do comum - ou a chatice da sua vida
de volta, sem custos adicionais. É como o gosto de uma lingua que se autosaboreia. Pense em duas mãos
batendo palmas. Agora pense no som que faz apenas uma mão batendo palma.

Durante o seu processo de buscar a loucura você pode praticar um exercício rápido para dar um curto
circuito no seu sistema lógico e se aproximar da Cristozofrenia em flashes. Imagine que você caminha em
um lugar desconhecido em uma noite escura de tempestade. De repente, um relâmpago rasga o céu,
iluminando tudo por um segundo, permitindo que naquele segundo você se localize e saiba em que
direção seguir antes da escuridão engolfar a tudo novamente e você continue seguindo pelo caminho
até a próxima iluminação repentina. Mather Luther King Jr. esse freak dos anos sessenta disse certa vez:
"Suba o Primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas de o primeiro
passo.". Na cultura do movimento freak estes relâmpagos ganharam o nome de 'Freakoans'. Prazer em
conhecê-lo.

Jesus usava parábolas para tentar fazer os macacos de Jerusalém entenderem suas mensagens. Vá para
uma missa e vai ver que até hoje a mensagem não foi entendida. C.S Lewis, um dos freaks mais bizarros
do século XX uma vez disse: "O que não é eterno está fora de moda". Concordando com isso, o
movimento Jesus Freak, tentando atualizar essa forma de levar as pessoas à iluminação insana, deixou as
parábolas de lado, por serem muito longas e às vezes chatas e depois de um tempo quem as está
ouvindo nem se lembra mais da pergunta que fez, e as substituiu por Freakoans.

Outro irmão freak diante da segunda questão teve como resposta: "Da mesma forma que o que você
come hoje influencia no que cagou ontem!"

Refletindo sobre o assunto ele escreveu:

"Se Deus é onipresente então não existe para Ele distinção entre presente, passado e futuro, apenas
existe o Ser. Assim, ele saber o que você vai fazer amanhã afeta o seu livre arbítrio tanto quando aquilo
que ele sabe que você fez ONTEM! Assim a onipresença de Deus não afeta o livre arbítrio de maneira
nenhuma"

Faz sentido? É bom que não.


Frekoans são ferramentas que tem como único objetivo desligar o macaco que existe em você, desligar a
lógica, o raciocínio, o senso comum - e tudo o mais que foi criado com o único objetivo de te fazer criar
uma solução pra pegar uma banana dentro de uma fogueira sem se queimar - e te conectar diretamente,
fisiologicamente e neurologicamente a Deus.

Sobre a terceira pergunta uma irmã que não bate bem da cabeça respondeu:

"Acreditar em Deus é acreditar no caráter de Deus. Se você está na pior, se está gravemente doente, sem
um puto no bolso, isso não é por acaso. Você acha que quando um deficiente mental morre a alma dele
continua deficiente mental? É claro que não. E talvez todos nós sejamos doentes mentais e só
enxergaremos com clareza depois que formos para o outro lado. Até lá não podemos dizer com certeza o
que é bom e o que é mal para nós. Qualquer reclamação com Deus é um ato ridículo de arrogância, é
como dizer que sua mãe é pior do que Hitler porque ela te obriga a comer brócolis. Talvez sua vida seja
muito melhor com a língua presa na máquina de escrever, já que tudo o que você fez a sua vida toda,
seus pais fizeram a vida deles toda e os pais de seus pais fizeram a vida deles toda, resultaram no ponto
presente em que você se encontra com a língua presa"

Nada coerente.

Para exemplificar ainda mais, vamos simular agora os Freakoans em ação. Veja uma conversa sem
Freakoan, com um macaco de um lado e um macaco de outro:

Macaco1: Se Deus existe, por que ele não cura amputados?

Macaco2: Mas ele cura amputados, estrelas do mar e lagartixas regeneram partes amputadas.

M1: Não estou falando de animais, mas de pessoas que oram para ele pedindo para que o membro
cresça novamente.

M2: Mas por que apenas as pessoas que oram deveriam ter os membros curados e regenerados? E as
que rezam?

M1: Você sabe do que estou falando. Se Deus existe, ele deveria curar amputados.

M2: Mas se uma pessoa pára de ter uma vida saudável apenas porque perdeu um braço ou uma perna,
ela não precisa de Deus, precisa de um psicanalista. A vida deveria ser mais do que apenas um braço ou
uma perna.

M1: Isso não vem ao caso. Se Deus regenerasse uma perna, todos saberiam que ele existe, e a dúvida
terminaria.

M2: Jesus e os apóstolos ressuscitavam pessoas, isso é curar a morte, na época que aconteceu ninguém
levou a sério, hoje chamam isso de conto de fadas, porque acha que se Ele curasse amputados hoje,
amanhã as pessoas seriam diferentes?

M1: Então por que Deus simplesmente não aparece, ou faz algo que tire a dúvida de todos? Ele não é
Todo-Poderoso?

... conversa vai ao infinito e ninguém sairá com uma resposta, ninguém crescerá mentalmente,
filosoficamente ou espiritualmente e não haverá satisfação na conversa.

Veja agora uma conversa com Freakoan, com um macaco de um lado e um macaco de outro:

Conversa 1

Macaco1: Se Deus existe, por que ele não cura amputados?

Macaco2: O sol do meio-dia não faz sombra!


M1: ???

M1: Viu? Dá respostas idiotas porque não consegue responder esse absurdo!

M2 segue sua vida, M1 segue sua vida, a conversa tem fim e os dois ganharam com isso.

Conversa 2

Macaco1: Se Deus existe, por que ele não cura amputados?

Macaco2: O sol do meio-dia não faz sombra!

M1: ???

M1: !!!

M1: ?!

Cristozofrênico: HAHAHAHAHAHAHAHAHA, MAS É CLARO! COMO NINGUÉM PENSOU NISSO ANTES?


HAHAHAHAHAHAHA

A conversa tem fim e os dois ganharam com isso.

Agora que você já pegou a idéia, segue uma lista de questões comuns entre as pessoas e Freakoans com
a resposta para elas. Medite de verdade sobre eles e veja o que acende dentro de sua cabeça:
1ª Se Deus é imutável, porque ele precisou “mudar as regras” enviando-se Jesus na Terra?

Freakoan: Falar com clareza não é problema da língua.

2ª Por que um Deus todo-poderoso teve que se tornar carne para poder se sacrificar em seu próprio
nome, de modo a livrar sua criação de sua própria ira? Será que Deus, em sua sabedoria infinita, não
teria uma solução menos primitiva?

Freakoan: Muitas vezes, para um computador voltar a funcionar, basta desligá-lo e religá-lo.

3ª Se tudo é “parte do plano de Deus”, como dizem os crentes, então Deus planejou todas as desgraças,
todas as catástrofes e todos os nossos pecados e não precisamos sentir culpa por nada nem fazer nada
para corrigir as coisas?

Freakoan: Se você devolver este livro após a data de devolução, será multado. Se você não devolver este
livro após a data de devolução, será multado.

4ª Por que os teístas dizem que eu preciso vasculhar todos os lugares do universo e não achá-lo para
dizer que Deus não existe, se eu só precisaria não encontrá-lo em apenas um lugar, visto que é
onipresente?

Freakoan: Por que não?

5ª Cristãos dizem que se um bebê morrer, ele vai para o céu. Por quê então são tão contrários ao aborto,
se isso privaria todas as crianças de irem para o Inferno?

Freakoan: A morte só mora onde reina a sombra do coração humano.


6ª Como Deus pode ter emoções (ciúme, raiva, tristeza, amor) se ele é onipotente, onisciente e
onipresente? Emoções são uma reação, mas como Deus pode reagir a algo que ele já sabia que iria
acontecer e até planejou?

Freakoan: Qual o som do silêncio?

7ª Por que Deus permite que uma criança nasça se ele já sabe que ela vai para o inferno? Onde está seu
amor infinito?

Freakoan: Dizer que não existem cristãos não é o mesmo que dizer que não existe cristianismo.

8ª Por que a Bíblia não fala nada sobre dinossauros?

Freakoan: No jardim, uma margarida.

9ª Por Quê Deus Não Cura Os Amputados?

Freakoan: O sol do meio-dia não faz sombra!

10ª Por quê há tanta gente no nosso mundo Morrendo De Fome?

Freakoan: Nenhum caminho leva a lugar nenhum.

11ª Por que Deus ordena a morte de tantas pessoas inocentes na Bíblia?

Freakoan: As palmeiras existem dentro ou fora de sua mente?


12ª Por que coisas ruins acontecem com pessoas boas?

Freakoan: Sua pergunta já traz, em si, a resposta.

13ª Por que nenhum dos milagres de jesus na bíblia deixou alguma evidência?

Freakoan: Pedras que rolam não criam limo.

14ª Como explicamos o fato de Jesus nunca ter aparecido de fato para você ?

Freakoan: Cem palavras não valem mais do que uma única imagem, mas após ver o professor, aquela
olhada nunca valerá mais do que cem palavras. Seu nariz erguido, ia alto. Mas ele era cego, afinal de
contas.

15ª Por que os cristãos se divorciam na mesma proporção daqueles que não são cristãos?

Freakoan: Por que a Igreja é contra astrologia se Jesus era de capricórnio?

16ª Se Deus é onipotente e todo-poderoso, por que levou seis dias para criar tudo? Não poderia ter feito
tudo simplesmente aparecer de uma vez?

Freakoan: Se nada existe, de onde veio esta questão?

17ª Como Noé consegui colocar os milhões e milhões de espécies que existem no planeta, aos pares,
dentro de uma arca?
Freakoan: E morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará.

18ª Se Noé colocou todos os animais dentro da arca por 40 dias e 40 noites, como é que os pinguins
conseguiram ir do monte Ararate até o pólo do planeta, e como os Kolalas saíram de lá para chegar à
Austrália sem eucaliptos para irem se alimentando no caminho?

Freakoan: Os últimos serão os primeiros, e os primeiros, os últimos.

19ª Deus que ser adorado e seguidos por todos, e quem se recusar será queimado no inferno
eternamente. Isso não define Deus como um tirano megalomaníaco?

Freakoan: Qual era a tua natureza original, antes dos teus pais terem nascido?

20ª Se no princípio havia apenas Deus e Ele criou tudo o que há, porque Ele criaria anjos com a
propensão de desafiá-Lo?

Freakoan: O caminho passa por fora da cerca.

21ª Se Deus criou tudo, por que Ele criou AIDS, ebola, antrax, a peste negra, etc? Isso é parte do plano
de Deus?

Freakoan: Todo dia é um bom dia.

22ª Por que Deus responde as preces de um trabalhador de classe média, consegue ajudá-lo a conseguir
um emprego e a dar um bom estudo para sua família, mas se recusa a responder as preces das pessoas
que sofrem por doença, de fome e que vivem abaixo do nível da miséria?

Freakoan: Um cipreste no jardim.


23ª Se o Cristianismo é a única religião verdadeira, então por que encontramos praticantes de outras
religiões se sentindo plenos e satisfeitos com suas próprias crenças?

Freakoan: O homem observa a flor, a flor sorri.

24ª Se Deus existe porque as pessoas fazem sofrer umas as outras?

Freakoan - Por que vocês fazem isso?

Criando Freakoans

Jesus Freak é um movimento individual, não acredita em igrejas ou templos, como era na época em que
Jesus saiu pregando sua loucura e contagiando as pessoas com seu amor. Não espere encontrar um
templo com um Freak que irá responder as suas perguntas, essa pessoas deve ser você mesmo, ou você
mesma. Assim vejamos agora alguns exemplos de como você pode criar o seu Freakoan caso surjam
novas dúvidas.

Exemplo 1: Ore a Deus pedindo entendimento. Em seguida lei a a Bíblia. Medite sobre a resposta que
teve.

Exemplo 2: Sempre que a dúvida surgir, pergunte para a primeira pessoa da rua com quem cruzar aquilo
que complica sua cabeça. Tome como freakoan a primeira coisa que ela responder, agradeça e dê um
real para ela dizendo: Jesus paga um pau pra você! Medite sobre a resposta que teve.

Exemplo 3: Pegue revistas, livros ou a sua própria Bíblia antes de queimá-la e recorte aleatoriamente
frases, palavras ou imagens. Quando tiver uns 50 ou 60 recortes, coloque em um saco ou numa caixa.
Sempre que surgir uma dúvida relaxe, esvazie a mente e diga: "encara essa agora Jesus!", e tire um papel
do saco/caixa. Medite sobre a resposta.

Exemplo 4: Apenas medite sobre a resposta.

Por fim, um último aviso. De forma alguma deixe estes Freakoans se tornarem respostas decoradas a
questões que você não entende. Uma mesma questão pode ser respondida por 300 Freakoans
diferentes, lembre-se, eles não devem ter lógica. Tão pouco faça com que seja apenas uma forma de
fugir das perguntas. Algumas perguntas são elas mesmas freakoans, por exemplo: "Quem é minha mãe?
E quem são meus irmãos? " Marcos 3:33. Aprenda a deixar o Espírito Santo falar por você, e não busque
sentido. Você acha que depois de 40 dias meditando sem comer debaixo de uma árvore Jesus ancontrou
alguma resposta que fizesse sentido? E mesmo assim ele deixou o Diabo puto, resmungando coisas sem
sentido, para trás. Ore por isso. Nós estaremos no outro galho, da grande árvore da vida, comendo uma
banana, orando por você.

Jesus Freak

Cronologia da Formação Bíblica

A005914.jpgAo contrário do que possam pensar num primeiro momento a Bíblia não desceu dos céus
carregada por anjos. Ela é fruto do trabalho e centenas, senão milhares de pessoas que a escreveram,
definiram, copiaram, traduziram, editaram, formataram e distribuiram até chegar nos formatos que hoje
conhecemos. Confira essa evoluçao século a século.

SÉCULO 10 A.C

Tradições orais javistas e eloistas.


Surgem os primeiros escritos.

SÉCULO 9 A.C

Com a monarquia de Israel, o Rei Davi estabelece primeiro canon judaico (Genesis e Exodus) unificando
as tradições do sul e do norte

SÉCULO 4 A.C

Esdras reestrutura o judaismo e forma a versão final da Torah e dos Profetas

SÉCULO 3 A.C

Os judeus de Alexandria produzem a Septuaginta, uma coleção de manuscritos contendo a tradução


grega do que hoje conhecemos como a Bíblia Ortodoxa contento todo o antigo testamento usado pelos
católicos mais sete livros.

Traduções em aramaico da Septuaginta se espalham pela Judéia, na Samária e Galiléia


SÉCULO 1

Os autores do novo testamento terminam de ser escritos.

Samaritanos consideram apenas o Pentateuco como sagrado

Sabemos pelos manuscritos do mar morto que os judeus essenios liam Isaias e o Apocalipse de Lamech

O Sinédrio de Jamnia define que o canon: o manuscrito deve ter sido escrito na Palestina, em Hebraico,
anterior a Esdras e de acordo com a doutrina dos fariseus. Estes critérios eliminam o que hoje
conhecemos como deuterocanonicos mas também Ester, Daniel e Cântico dos Cânticos

O historiador judeu Flávio Josefo descreve em Contra Apião descreve o canone dos fariseus

SÉCULO 2

Marcião, gnóstico, defende que os cristãos deveriam usar apenas o Evangelho de Lucas e as cartas de
Paulo. Como reação Irineu, bispo de Lião (Lucas+Paulo) estabelece pela primeira vez os 4 evangelhos.

Concílio de Nicéia provavelmente canoniza os 4 evangelhos e as cartas paulinas

O fragmento de Muratori fala de quatro evangelhos e cita os de Lucas e João, os Atos, e as cartas de João
e Paulo (com exceção de Hebreus). Também cita Sabedoria de Salomão e Apocalipse de Pedro.
SÉCULO 3

Explosão de novos manuscritos apócrifos.

SÉCULO 4

A carta de Atanásio, bispo de Alexandria, define os livros do novo testamento como hoje conhecemos.
Seus critérios são que deveriam ser escritos por apostolos (considerando Paulo um apóstolo) e serem
tradicionalmente usado pelas igrejas. Fica de fora a Antilegomena.

Concílio de Hipona promulga a lista dos livros da Bíblia Católica.

Não temos nessa época ainda um livro, nem mesmo livros separados, mas a chamada Vetus Latina, uma
coleção de pergaminhos com cópias feitas de cópias dos textos históricos.

SÉCULO 5

O Midrash Rabbah define o Cânone Judaico como composto de 24 livros que se agrupam em 3
conjuntos: A Lei , Profetas e Escritos.

Jerônimo organiza e traduz os manuscritos da vetus Latina e cria Vulgata, a primeira bíblia como um livro
só. Na época o latim era bem difundido, e quem sabia ler, sabia ler latim. Essa tradução é feita direto do
hebraico, grego e aramaico e inaugura a traição de separar o Antigo e o Novo Testamento. Ao perceber a
diferença entre o canonê alexandrino do palestino ele opta por separar sete de seus livros no final do
antigo testamento sob o título de apócrifos. Jeronimo é também o primeiro a chamar esta coleção de
bíblioteca divina, mais tarde biblia.

SÉCULO 6

A Escola de Massorá define o Texto Massorético: coleção de livros considerados sagrados para o
judaísmo moderno, bem como sua forma correta de leitura.

SÉCULO7

As passagens do Alcorão corroboram a bíblia como livro sagrado.

SÉCULO 9

Cirilo inventa o alfabeto cirillico para poder escrever o novo testamento para os povos eslavos.
SÉCULO10

Os quatro evangelhos são traduzidos na Saxônia

SÉCULO 12

Papa Inocêncio III proibe traduções não autorizadas da bíblia.

SÉCULO 13

1250 - Bible moralisée, primeira bíblia com ilustrações

1280 - Biblia alfonsina traduz a Vulgata é traduzida de forma autorizada para o espanhol.

1297 - A Bible historiale em francês é a primeira Bíblia de Estudos (com comentários e cronologia)

SÉCULO 14

1360 - Vulgata é traduzida de forma autorizada para o Checo


1377 - Vulgata é traduzida de forma autorizada para o francês, Bible de Charles V

1382 - John Wycliffe traduz a Vulgata para o inglês. Acusada heretica pelo bispo de Londres passa a
circular ilegalmente.

SÉCULO 15

1455 - Gutemberg faz a primeira impressão da Vulgata e acaba a era dos copistas.

1466 - Bíblia de Mentelin primeira da Vulgata no vernaculo alemão

1471 - Bibbia del Malermi traduz a da Vulgata para o italiano

SÉCULO 16

1516 - Erasmo de Roterdão compila o Textus Receptus, uma compilação do novo testamento baseada
em mais de 5000 manuscritos bizantinos que seria a base para quase todas as traduções protestantes
seguintes.

1522 - Lutero faz sua tradução direto hebraico e grego para o alemão. Inicialmente coloca os apocrifos
(junto com Ester) em um apêncide no AT e as cartas de João e o apocalipse em um apêndice do NT.
1522 - Bíblia de Tyndale, traduz o novo testamento para o inglês. Apesar de ter a obra condenada
tornou-se a primeira impressão em massa dos evangelhos.

1540 - O Concílio de Trento estabelece a Vulgata Clementina. Unificando todas as variações existentes da
Vulgata.

1570 - Após a Morte de Lutero os luteranos removem os apêndices do AT e retornam os livros do NT

1576 - Devido a Inquisição um grupo de teólogos protestantes se refugiam na Suiça onde produzem a
Biblia de Genebra, uma revisão do novo testamento de Tyndale e uma nova tradução dos escritos
hebraicos. É a primeira bíblia com separação por versículos, introduções por capítulos, referências
cruzadas, mapas e tabelas.

SÉCULO 17

1611 - Para combater a popularidade a Bíblia de Genebra, repleta de comentários calvinistas, Rei James,
anglicano. encomenda a produção de uma nova tradução para o inglês e para isso mobiliza uma
comissão de 54 estudiosos.

1666 - King James Bible passa a remover os apocrifos de suas edições

SÉCULO 19

1804 - É fundada a ‘Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira’ com a missão de tornar a Bíblia acessível a
todos os povos. Traduções se intensificam.
1866 - Bíblia francesa é a primeira a ser vertida ao braille

1898 - Eberhard Nestle publica o ‘Novum Testamentum Graece’ utiizando o método da crítica textual e
os Textos Minoritários anteriores ao Textus Receptus. Por seu rigor científico passa a ser o texto base de
muitas traduções mais recentes da Bíblia.

1899 - Fundado os Gideões internacionais dedicados a distribuição de Bíblias, nos prisões, hotéis,
motéis, escolas, hospitais, repartições públicas, militares, aeronaves e navios.

SÉCULO 20

1945 - A Sociedade Bíblica Internacional tornasse a Sociedade Bíblica Unida presente agora em 200
paises e territórios e dedicada a tradução, edição e distribuição da Bíblia e sempre que preciso
alfabetização.

1946 - É fundada a “Sociedades Bíblias Unidas” pela união de 146 Sociedades Bíblicas ao redor do
mundo Tradução, edição, distribuição e alfabetização.

1950 - King James Bible vira primera biblia em audio na voz de Alexander Scourby

1969 - Apolo 14 leva a bíblia a lua em microfilme.

1970 - A Traduction œcuménique de la Bible é a primeira tradução ecumenica. Comissão


interdisciplinares de mais de 100 especialistas,, incluindo judeus, católicos, protestantes e ortodoxos.
1975 - Após o Concílio Vaticano II revisa a tradução da Vulgata Clementina e publica a Nova Vulgata
como a Bíblia oficial da Igreja Católica

1993 - Biblegateway.com é o primeiro site a colocar a Bíblia na internet com ferramenta de busca e
diversas traduções sincronisadas e ligações de hipertexto.

SÉCULO 21

2008 - Lançado o YouVersion, aplicativo que permite consulta de varias traduções, incluindo versões em
audio, com recursos de notas compartilhadas e estudos em rede.

2009 - Al Jazeera expõe o Bagram Bible Program ao público

2025 - Previsão da Wycliffe Global Alliance para ter projetos de tradução da Bíblia para todos os idiomas
falados atualmente.

A evolução da bíblia século a século

Deus não existe

Olho de Deus“God does not exist. He is being itself beyond essence and existence.Therefore to argue
that God exists is to deny him.” - Paul Tillich,

Deus não existe. Ele é Ele mesmo pra além de toda essência e existência. Portanto, argüir acerca da
existência de Deus é o mesmo que negá-Lo.
Deus não existe. Ele é. Eu existo. Pois existir não é algo que seja pertinente ao que É. Existir é o que se
deriva do que sendo, É de si e por si mesmo.

Deus não existe. O que existe tem começo. Deus nunca começou. Deus nunca surgiu. Nunca houve algo
dentro do que Deus tenha aparecido.

Deus não existe. Se Deus existisse, Ele não seria Deus, mas apenas um ser na existência.

Se Deus existisse, Ele teria que ter aparecido dentro de algo, de alguma coisa, e, portanto, essa coisa
dentro da qual Deus teria surgido, seria a Coisa-Deus de deus.

Existem apenas as coisas que antes não existiam. Existir surge da não existência. Deus, porém, nunca
existiu, pois Ele é.

Sim, dizer que Deus existe no sentido de que Ele é alguém a ser afirmado como existente, é a própria
negação de Deus. Pois, se alguém diz que Deus existe, por tal afirmação, afirma Deus, e, por tal razão, o
nega; posto que Deus não tem que ser afirmado, mas apenas crido.

Deus É, e, portanto, não existe. Existe o Cosmos. Existem as galáxias. Existem todos os entes energéticos.
Existem anjos. Existem animais e toda sorte de vida e anima vivente. Existem vegetais, peixes, e
organismos de toda sorte. Existem as partículas atômicas e as subatômicas. Existe o homem. Etc. Mas
Deus não existe. Posto que se Deus existisse dentro da Existência, Ele seria parte dela, e não o Seu
Criador.

Um Criador que existisse em Algo, seria apenas um engenheiro Universal e um mestre de obras cósmico.
Nada, além disso. Com muito poder. Porém, nada além de um Zeus Maior.

Assim, quando se diz que Deus está morto, não se diz blasfêmia quando se o diz com a consciência acima
expressa por mim; pois, nesse caso, quem morreu não foi Deus, mas o “Deus existente” criado pelos
homens. Tal Deus morreu como conceito. Entretanto, tal Deus nunca morreu De Fato, pois, como fato,
nunca existiu — exceto na mente de seus criadores.

Assim, o exercício teológico, seja ele qual for, quando tenta estudar Deus e explicar Deus, tratando-o
como existente, o nega; posto que diz que Deus existe, fazendo Dele um algo, um ente, uma criatura de
nada e nem ninguém, mas que também veio a existir dentro de Algo que pré-existia a Ele, e, portanto,
trata-se de Algo – Deus sobre o tal Deus que existe.

A Escritura não oferece argumentos acerca da existência de Deus. Jesus tampouco tentou qualquer coisa
do gênero. Tanto Jesus quanto a Escritura apenas afirmam a fé em Deus, e tal afirmação é do homem e
para o homem — não para Deus —; pois se fosse para Deus, o homem seria o Deus de Deus, posto a
existência de Deus dependeria da afirmação e do reconhecimento humano. Tal Deus nem é e nem
existe; exceto na mente de seus criadores.

Deus não existe. O que existe pertence ao mundo das coisas que existem OU não existem. Deus, porém,
não pertence a nada, e, em relação a Ele, nada é relação.

Defender a existência de Deus é ridículo. Sim, tal defesa apenas põe Deus entre os objetos de estudo.
Por isto, dizer: “Deus existe e eu provo” — é não só estupidez e burrice; mas é, sem que se o queira,
parte da profissão de fé que nega Deus; pois se tal Deus existe, e alguém prova isto, aquele que
apresenta a prova, faz a si mesmo alguém de quem Deus depende pra existir… e ou ser.

O que “existe”, pertence à categoria das que coisas que são porque estão. Deus, porém, não está; posto
que Ele É.

Ser e estar não são a mesma coisa, como o são na língua inglesa. O que existe pertence ao que é apenas
porque está. Deus, entretanto, não está porque Ele É.

“E quem direi que me enviou?” — perguntou Moisés. “Dize-lhes: Eu sou me enviou a vós outros!” —
disse Ele.

Desse modo, Deus não diz “Eu Estou”, mas sim “Eu Sou”. Ora, um Deus que está, não é, mas passou a ser.
Porém o Deus que É, mas não está; não pertence ao mundo das coisas verificáveis; posto que Aquele
que É, não está; pois se estivesse, seria —, mas não Seria Aquele de Quem procedem todas as
existências, sendo Ele apenas um ele, e não Ele; e, por tal razão, fazendo parte das coisas que existem —
mas sem poder dizer Eu Sou!

Jesus também falou da sutileza do ser em relação ao estar. Quando indagado acerca da ressurreição
pelos saduceus (que não criam em nada que não fosse tangível), Ele respondeu: “Não lestes o que está
escrito? Eu sou o Deus de Abraão, eu sou o Deus de Isaque, eu sou o Deus de Jacó. Portanto, Ele é Deus
de vivos, e não de mortos; pois para Ele todos vivem”. Assim, os que vivem para sempre são os que são
em Deus, e não os que estão existindo. A vida eterna não é existir pra sempre, mas ser em Deus.

Assim, para viver eternamente eu tenho que entrar na dissolvência da existência, a fim de poder
mergulhar naquilo que está pra além do que existe; posto que É.

A morte pertence à existência. A vida, porém, se vincula ao que não existe, pois, de fato É.

O que existe carrega vida, mas não é vida. A vida, paradoxalmente, não pertence ao que é existente, mas
sim ao que É.

Quando falo de vida, refiro-me não às cadeias de natureza biológica que constituem a vida dentro da
existência. Mas, ao contrario, ao falar em vida, refiro-me ao que é para além da existência constatável.

Portanto, Paul Tillich tem razão quando diz: “God does not exist. He is being itself beyond essence and
existence. Therefore to argue that God exists is to deny him”.

Ora, usando uma gíria de hoje, eu diria: Tillich tem razão quando diz: “Deus não existe!” — pois é isto
que hoje se diz quando algo está pra além da existência: “Meu Deus! Esse cara não existe!”. Assim é com
Deus: Não existe! Pois é de-mais!

Um beijo pra você!


Ame-o, e nunca o deixe!

Nele, que não existe, pois É,

P. Caio Fábio

Homossexualidade na Bíblia - Alegres como Jesus

Jesus ama os gaysTalvez em nenhum lugar gays e lesbicas sofram mais preconceito do que dentro das
igrejas de hoje. Quão diferente não é essa postura do exemplo dado por Cristo que falava com
samaritanos e jantava junto dos publicanos colocando o amor pelos homens antes de qualquer
preconceito. Quão triste ele não ficaria ao saber que hoje as próprias escrituras cristãs são usadas para
reforçar este tipo de discriminação. A homofobia presente hoje nas igrejas não está só indo contra o que
Jesus ensinou, mas está também fechando as portas da cristandade para uma parcela da população a
quem o amor cristão foi negado. O objetivo deste artigo é deixar claro de uma vez por todas que a
homofobia não possui bases bíblicas seguras e que é fruto da tentativa capenga dos líderes religiosos em
controlar seus próprios preconceitos.

Em última instância, a fé pessoal de um cristão não deveria depender da aprovação de qualquer igreja,
padre ou pastor, mas sim ser firmemente baseada nas palavras e ensinamentos de Jesus Cristo. Privados
de uma participação plena gays e lésbicas passam a encarar a religião como um inimigo que deve ser
combatido, criando um círculo vicioso de ódio que sequer deveria existir. Uma análise aprofundada da
bíblia revelará que o evangelho foi deixado para todos e que de não diz nada do que os fanáticos
gostariam que ela dissesse sobre a homossexualidade.

Entendendo a Bíblia de uma nova maneira

Existem três coisas muito importantes de se ter em mente ao ler a bíblia:

Primeiro, sempre considere o contexto. Para entender qualquer passagem da bíblia é necessário
primeiro entender o cenário e contexto no qual cada passagem foi escrita. Quem está falando para
quem. Qual a intenção daquela frase. Em qual cultura ela está imersa? No caso das escrituras o contexto
cultural e social varia enormemente de livro para livro. Por exemplo, quando a Bíblia diz que Deus
ordenou que a humanidade deveria 'crescer e multiplicar' lembre-se entre outras coisas que isso foi
dirigido a Israel, uma diminuta nação nômade do deserto cercada de inimigos. Eles precisavam
'multiplicar' para sobreviver e futuramente levar a palavra de Deus para o mundo. O mesmo vale para
quem determinado texto é endereçado, a Bíblia tem textos dirigidos especificamente a sacerdotes, à
pessoa comum, a pessoas casadas, a pais, etc. Não podemos tirar um trecho de uma mensagem e,
tirando-o do contexto, aplicá-lo à população geral, isso apenas serve como uma forma de controle, não
de divulgação da Palavra de Deus.

Em segundo lugar não se esqueça que a Bíblia começou como uma tradição oral e que foi escrita em
línguas antiquíssimas (primeiramente hebraico no antigo testamento e grego no novo testamento) por
muitos e muitos séculos. Somente depois é que ela foi copiada e recopiada das linguagens originais e
traduzidas para outras línguas como o latim, o inglês e o português. Qualquer pessoa que fale ou leia
mais de uma língua sabe que toda tradução carrega sempre uma boa parcela de interpretação e
julgamento pessoal. Estas interpretações seguramente foram feitas sob a tutela de uns poucos
interessados em poder por muitos e muitos séculos e ainda que vivêssemos em um mundo de boas
intenções, tradutores e copistas são sempre humanos e portanto suscetíveis ao erro.

Em terceiro lugar temos que ter em mente que no momento em que os livros avulsos usados na época
foram reunidos na Bíblia, a instituição religiosa se firmou, colocando junto com os sermões e leituras a
política que desejavam instaurar, como se ao reforçar uma idéia deles (sacerdotes e imperadores) junto
com o texto sagrado, esta idéia se tornasse sagrada também. Vejam por exemplo que mesmo antes da
difusão do cristianismo, já havia uma legislação romana condenatória da homossexualidade, que no
entanto era pouco aplicada, a chamada Lex Scantinia. Com a expansão do Cristianismo, essa lei, que, ao
que os estudos indicam era letra morta, passa a ser aplicada, inicialmente em casos de violação de
menores. Posteriormente, os imperadores cristãos, a partir desse substrato da legislação romana,
articularão novas legislações que intensificam a condenação da homossexualidade. O rigor da
condenação é progressivo, se a princípio restringia-se ao abuso de jovens e prostituição sexual, novos
editos passaram a condenar indiscriminadamente todo ato homossexual.

À prostituição homossexual chegou-se a aplicar penas máximas, como queimar vivos na fogueira,
aqueles que cometiam esse “delito”.

Entre os séculos VII e XI, encontra-se na literatura da história da Igreja Católica, os Penitenciais: um guia
para os sacerdotes e fiéis, aos que se instruía mediante uma penitência sobre a gravidade dos pecados
cometidos. É nos Penitenciais que distingue-se por primeira vez as diferentes formas de atos
homossexuais: toques, afetos, masturbação....homossexualidade ativa e passiva, habitual e ocasional. A
homossexualidade é sempre julgada como pecado grave e as penas eclesiásticas oscilam entre 3 e 15
anos. Pela primeira vez cita-se a homossexualidade feminina e sua penalidade é inferior à masculina. Na
Idade Média, com Santo Tomás de Aquino, a homossexualidade se inclui entre os pecados contra
naturam, junto com a masturbação e a relação sexual com animais. Para Tomás esses pecados sexuais
são mais graves do que os pecados secundum naturam, embora estes se oponham gravemente à ordem
da caridade, por exemplo: adultério, violação, sedução. Historicamente, o comportamento homossexual,
parece ser avaliado como uma atividade contrária à ordem natural disposta pelo Criador, já que a relação
sexual está orientada somente para a procriação. Há no entanto, estudos que sugerem que os
homossexuais encontravam um ambiente mais tolerante na Idade Média do que o evidenciado na
atualidade. Por isso é sempre muito importante sabermos separar a Palavra de Deus das vociferações
dos auto eleitos sacerdotes e pastores.

O que os sodomitas querem?

As escrituras hebraicas nos contam a epopeia do povo hebreu em muitos livros. Foram estes livros que
Jesus conheceu e estudou. Para os cristãos eles continuam a servir como o fundamento histórico de sua
fé. O antigo testamento, como também é chamado, contém algumas das passagens mais populares
usadas para atacar os gays e as lésbicas.

Qual o pecado de Sodoma em Gênesis 19:1-28?

Esta antiga passagem é usada frequentemente e erroneamente como a "prova bíblica" de que Deus não
se agrada com a homossexualidade. De acordo com muitos, estas cidades foram destruídas porque seus
moradores cometiam o "pecado da homossexualidade". Mas como mostraremos a seguir, sugerir que
Sodoma e Gomorra foram destruídas devido às práticas homossexuais é interpretar as escrituras de
maneira equivocada.

Encontramos na própria Bíblia a chave para corrigir esta maliciosa identificação de Sodoma e Gomorra
com a homossexualidade. Como deixam claro os trechos abaixo, o pecado de Sodoma é a injustiça e a
anti-hospitalidade, nunca a violação homossexual. As pessoas de Sodoma quebraram a lei da
hospitalidade aos estrangeiros que também era uma exortação religiosa em sua cultura. No Antigo
Testamento atribuem sua destruição à: falta de justiça (Isaías, 1:10 e 3:9), adultério, mentira e falta de
arrependimento (Jeremias, 23:14); orgulho, intemperança na comida, ociosidade e "por não ajudar o
pobre e indigente" (Ezequiel, 16:49); insensatez, insolência e falta de hospitalidade (Sabedoria, 10:8;
19;14; Eclesiástico, 16:8). O uso da expressão "[...]Traze-os fora a nós, para que os conheçamos." (Gen
19:5) é a base para outro erro de julgamento. O verbo hebraico yadha ("conhecer") é encontrado 943
vezes no antigo testamento e apenas em dez deles se refere ao intercurso sexual - e em todas elas as
relações heterossexuais.

Mas mesmo se os sodomitas realmente queriam atacar os anjos e força-los a relações homossexuais
essa passagem é claramente uma condenação ao estupro (que é uma forma radical de falta de
hospitalidade). Estupro e abuso sexual, seja heterossexual ou homossexual é um pecado grave em todas
as circunstancias.

No Novo Testamento, não há qualquer ligação da destruição de Sodoma com a sexualidade e, muito
menos, com a homossexualidade (Mateus,10:14; Lucas, 10:12 e 17:29). Só nos livros neotestamentários
tardios de Judas e Pedro, é que aparece em toda a Bíblia alguma conexão entre Sodoma e a sexualidade
(Judas, 6:7, Pedro, 2:4 e 6;10). Mesmo aí, inexiste relação com o "homoerotismo".

Adão e Estevão

Este é um refrão sempre repetido para rejeitar o direito de existência dos gays e lésbicas. A estratégia
homofóbica aqui é outra, segundos os opositores Gênesis 1 e 2 condenam a homossexualidade não
mencionando-a. Esse é um argumento muito fraco e difícil de sustentar. Em primeiro lugar Eva não foi
criada apenas para reprodução sexuada, mas para se uma companheira (Gen 2:18). Essa é sem dúvida a
base de muitos relacionamentos amorosos, seja hetero ou homossexual. Além disso, a narrativa de
Gênesis é uma explicação e não uma prescrição. Levar essa história de modo literal nos levaria a
conclusões absurdas. Por exemplo, concluiríamos que irmãos e irmãs são as melhores opções para
maridos e esposas, afinal com quem mais os filhos do primeiro casal se multiplicariam? Ou pior,
seguindo Gênesis 1:27 lemos: "E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem
e mulher os criou." podemos dizer então que o primeiro ser criado por Deus era hermafrodita, e que
todos que fugirem deste padrão são abominações? Usar as escrituras desta maneira é uma ofensa à
inteligência que nos foi dada por Deus e torna o entendimento das questões bíblica algo sofrível.

Foi Jesus que afirmou, ainda, que "há eunucos que assim nasceram desde o seio de suas mães" (Mateus
19:12), ensinando, num sentido figurado, que faz parte dos planos do Criador que alguns homens
tenham uma sexualidade não reprodutora biologicamente.

A Lei de Moisés

Há ainda outro trecho das escrituras hebraicas usadas para condenar o estilo de vida homossexual. Ele
está no livro de Levítico 18:22 e 20:13. "Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação
é;" e "Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram
abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles.". Neste caso devemos novamente ser
muito atentos ao contexto no qual este livro se apresenta.

O Levítico é antes de mais nada um livro de Leis e Rituais sacerdotais, isto, obviamente não significa que
as leis lá descritas devem ser seguidas apenas por sacerdotes, mas já mostra que eram leis feitas para
proteger o povo de Israel, o povo escolhido. Protegê-los de que? No livro do Gênesis e no do Êxodo, o
Senhor constantemente adverte o povo escolhido sobre adotar práticas religiosas relativas a outras
crenças que não o judaísmo, o pedido de Moisés para que o Faraó liberasse o povo para cultuar a Deus
como era o seu costume, o episódio do Bezerro de ouro, e mesmo Raquel furtando os ídolos de Labão
são exemplos disso. Deus adverte repetidas vezes o erro que seria adotar outras práticas ou adorar a
outros deuses.

No antigo Oriente, a homossexualidade era algo comum. Entre os Hititas, povo vizinho e inimigo de
Israel, havia mesmo uma lei autorizando o casamento entre homens. Dentre esses povos era muito
comum também a prática de rituais homoeróticos. Fica claro assim a ligação entre esta condenação e
essas práticas rituais idólatras. O objetivo era afastar a ameaça daquelas práticas e não o
homossexualismo. A prova clara disso é que estes versículos condenam apenas a homossexualidade
masculina. Seria permitido então que mulheres se deitassem juntas mas não homens? Teria Deus se
esquecido das lésbicas ou para Ele a homossexualidade feminina não era pecado? Se isto não é
suficiente basta levarmos em conta, ainda, que de todas as leis contidas no Pentateuco apenas duas
vezes surge a referência ao comportamento homossexual, e mesmo assim apenas ao masculino.

Ademais, qualquer pessoa que citar essas proibições deveria antes ler o capítulo todo ou todo o livro de
Levitico. Caso se deseje levar a ferro e fogo apenas dois versículos que fala sobre a prática homossexual,
mas não sobre o homossexualismo, tirando-os do conceito, então todo aquele que comesse carne de
porco, lagosta, camarão ou ostras deveria ser apedrejado. Toda mulher que fizesse sexo durante o perído
mestrual seria castigada. Todo homem que fizessem a barba seria uma abominação. Pastores teriam que
se despedir de suas feijoadas e deixar a barba crescer novamente.

E mesmo aqueles que ainda pensam que a Lei Mosáica foi escrita para ser seguida por toda a
humanidade, sem distinção e não apenas para a pequena nação de Israel naquele período histórico de
sobrevivência não podem esquecer que Jesus Cristo com seu sacrifício já livrou a humanidade do vulgo
da lei.
Ainda há mais para nos atentarmos, quando a Bíblia é utilizada como forma de disseminar o preconceito
e o ódio, e por isso vamos a mais alguns fatos que devem ser levados em consideração. Não há, na
Bíblia, nenhuma só vez as palavras: homossexual, lésbica ou homossexualidade. Isso acontece porque a
palavra homossexual só foi criada em 1869, reunindo duas raízes lingüísticas: Homo (do Grego,
significando "igual") e Sexual (do latim). Portanto toda e qualquer versão da Bíblia que apresente este
termo deve ser descartada como um objeto de controle, e não de divulgação da Aliança Divina.

Mesmo se tomarmos a Bíblia de forma geral, não existem condenações ao ato de amor entre pessoas do
mesmo sexo, muito pelo contrário. No livro II Samuel 1:26 lemos sobre a relação entre David e Jônatas:
"Tua amizade me era mais maravilhosa do que o amor das mulheres. Tu me eras deliciosamente
querido!" (II Samuel, 1:26). O que poderíamos dizer sobre David e seu "amor que não ousava dizer o
nome". O Eclesiastes também nos ensina que: "É melhor viverem dois homens juntos do que separados.
Se os dois dormirem juntos na mesma cama se aquecerão melhor" (4:11).

A Lei do Amor

Qual é a mensagem fundamenta da Bíblia e do Evangelho de Jesus? Como cristãos acreditamos que os
textos hebraicos são revelações divinamente inspiradas para seu povo escolhido além de um estudo
relevante sobre a história do povo judeu. Acima de tudo é a primeira parte de uma história que culmina
na rendenção. Adicionalmente, como cristãos, nossa lei vem de Cristo e a lei das leis é o Amor. O
cumprimento perfeito de tudo o que Deus quer é cumprido seguindo o mandamento duplo: "Amar a
Deus e amar ao próximo."

Nem Jesus, nem Paulo, nem nenhum dos quatro evangelistas, nem nada no novo testamento é freado
pelo culto ou regras da lei mosaica. Paulo claramente ensina que os cristãos não estão sujeitos às antigas
leis. (Galatas 3:23-25), que a antiga aliança foi completamente cumprida em seu propósito em Cristo
(Romanos 10:4) e que foi comprida e sobrepujada pelo amor (Romanos 13:8-10, Galatas 5:14). Jesus
falava sobre sexualidade de uma maneira aberta e sincera até para os padrões de hoje. Ele afirmava as
vantagens do casamento, mas também declarou que o casamento não é para todos. (Mateus 19:3-12).
Além disso a Bíblia não contém uma só palavra dita por Jesus condenando a homossexualidade.

Parece grego para mim

No novo testamento existem três trechos usados como condenação a relações homossexuais, mas
veremos o quanto de má fé estas interpretações carregam. Hoje existem muitas traduções da Bíblia para
o português, o que permite mesmo ao estudioso que nao sabe grego compreender como uma mesma
palavra pode ganhar vários significados, na maioria das vezes pendendo fortemente para os
preconceitos do tradutor. As três palavras gregas usadas pelos ativistas homofóbicos para condenar os
gays sairam da boca de Paulo de Tarso. A Saber; malakos, pornoi e arsenokoitai. Estas palabras usadas
em Corintius 6:9 e Timótio 1:10, traduzidas literalmente significam: efeminado (malakoi) e abusadores
(arsenokotai.).

Nenhuma das duas palavras tinha o sentido de 'homossexual' na época em que o Novo Testamento
estava sendo escrito. Ao contrário, já existiam várias palavras gregas para representar especificamente as
atividades homossexuais, mas Paulo não usou nenhuma delas. Entre outras as traduções possíveis de
arsenokoitai temos: "abusadores", "estupradores", "molestadores de crianças", "pedófilos",
"pervertidos", "devassos", "sodomitas". Para pornoi temos: "imorais"; e para malokoi outras traduções
possíveis seria “efebos”, “efeminados”, "catamitas", “meninos prostituídos”, "adulteros". O fato de tanto
em Corintius como em Timóteo as duas palavras fazerem parte de uma lista, não permite a qualquer
tradutor bem intencionado extrapole seu significado para satisfazer seus credos pessoais.

Não é interessante diante de tantas notícias tristes envolvendo escândalos sexuais de sacerdotes, como
alguns padres e pastores fervorosos condenam gays e lésbicas com tanta veemência usando estes
versículos, esquecendo que eles também podem significar "pedófilos" e "abusadores de crianças"?

Romanos 1:26-27 é o terceiro trecho usado por estes sacerdotes: "Por isso Deus os abandonou às
paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E,
semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua
sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si
mesmos a recompensa que convinha ao seu erro."

Essa passagem realmente condena pessoas que são "naturalmente" ou "intrinsicamente" homossexual?
Quando Paulo escreveu este texto, vivia ele numa época de grande licenciosidade sexual - tempo de
Calígula, Nero e de Satiricon -, por isso de fato ele condenou os excessos e abusos sexuais dos povos
vizinhos, mas nunca o amor inocente e recíproco. Também, este texto, não é uma alusão ao fato de que
as pessoas não deveriam adulterar o comportamento sexual que lhes é natural? Assim como aplicamos
muitas passagens referentes aos homens para as mulheres, segundo o principio mutatis mutantis do
amor de Deus, não deveriamos também concluir que se ele diz especificamente que heterossexuais não
deveriam se tornar homossexuais então que gays e lésbicas não deveriam também forçarem-se a
heterossexualidade?
Esse é o real sentido da palavra 'perversão'. Ao forçar-se a ser o que não é, você cria uma versão inferior
de si mesmo. Hoje sabemos que a homossexualidade possui sólidas bases genéticas. Uma pessoa que
tenha uma constituição física que inexoravelmente dirija a relações homo-afetivas está na verdade
glorificando Deus ao dar expressão a este amor no lugar de escondê-lo ou tentar mudá-lo, afinal foi Deus
que a fez assim. Como disse Jesus em Marcos 4:21 “‘Quem é que traz uma lâmpada para colocá-la
debaixo de um caixote, ou debaixo da cama? Ao contrário, não a põe alto num candeeiro?” - Marcos
4:21

A Bíblia traz as boas novas!

"Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser para aquele
que a tem por imunda; para esse é imunda.". (Romanos 14:14)

Fazendo estas observações, não queremos diminuir a Bíblia ou negar sua autoridade, inspiração e
importância para a vida Cristã. Muito pelo contrário, amar a palavra de Deus é esforçar-se para entendê-
la e não apenas aceitar o que é gritado nos púlpitos e nos televisores. O movimento Jesus Freak afirma
que a Bíblia tem muito a dizer mas nós devemos estar prontos para superar nossos preconceitos e ouví-
la. Não permita que existam intermediários entre você e Jesus Cristo.

Seres humanos são capazes de erros ao construir doutrinas que não são verdadeiramente compatíveis
nem com a Bíblia nem com o amor de Deus. Será que um cristão pode sinceramente acreditar que
Cristo, a personificação do amor, que viveu o amor acima de tudo, que deu sua vida para que vivamos
em abundância, que reconhecia a necessidade humana de amor exigiria que legiões de homossexuais
vivessem uma vida de culpa ou celibato, negando a natureza que lhes foi posta em seus próprios corpos
pelo Deus Pai? Talvez o Cristo carrancudo que eles pregam, mas não o Cristo que está na Bíblia.

Jesus morreu por nossos pecados não por nossa sexualidade. Jesus nos liberou para viver uma nova vida
de amor em Deus. Nem o amor heterossexual, nem o amor homossexual são pecaminosos. Sexo apenas
se torna corrompido quando abusamos de outras pessoas, como no caso dos sodomitas, ou quando
abandonamos o modo de amar para o qual Deus nos destinou. Cristo morreu pelos pecados de todos,
héteros e homossexuais. Gays e lésbicas podem livremente abraçar a fé salvadora em Jesus Cristo sem
tentar negar o amor que existe em seus corações e sem tentar fingir que são outras pessoas.
Jesus é um bom negócio: Guia Rápido para abrir uma Igreja

jesusemprego.jpgO objetivo deste manual é divulgar todos os macetes para fundação e controle de uma
instituição religiosa dentro dos ditames da Lei, mas seu real propósito é antes disso mostrar como o
Estado facilita e até incentiva a existência de picaretas da fé que se aproveitam da ingenuidade das
pessoas para obtenção de poder. Ironicamente, Jesus Cristo foi talvez a primeira pessoa a ensinar o
laicismo, o princípio filosófico que defende a neutralidade do governo quanto a assuntos religiosos e a
completa separação do Estado das igrejas.

Na antiguidade o poder terreno e o poder espiritual eram uma coisa só. Os primeiros governantes foram
os xamãs e os primeiros imperadores eram tratados como deuses ou filho de deuses. Na Roma Antiga, a
fé já era usada como uma poderosa ferramenta de domínio das massas, seja no período pagão ou na
posterior conversão do cristianismo como religião oficial do Império. De lá para cá algumas coisas
mudaram. Hoje os governantes tendem a ser tolerantes com o maior número de religiões possíveis, mas
a separação completa entre as leis dos homens e das igrejas ainda está distante.

Essa postura é bem diferente da apresentada por Jesus de Nazaré na história contada pelo evangelho.
Em Lucas 4 conta-se que no deserto, foi o diabo que ofereceu a Cristo o poder secular de governar os
homens: "E disse-lhe o diabo: Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória; porque a mim me foi
entregue, e dou-o a quem quero. Portanto, se tu me adorares, tudo será teu." Quanto a isso a esta
proposta a resposta de Jesus foi que seu interesse não era o domínio dos homens, mas a adoração de
Deus.

Mais tarde em Mateus 22, alguns fariseus perguntam a Jesus se eles devem ou não pagar impostos a
Roma, numa tentativa de fazê-lo se envolver com questões políticas da época. Ele pegou uma moeda e
perguntou: de quem é este rosto? De César, responderam-lhe. Então Jesus deu sua resposta que ecoa
até hoje no mundo como um símbolo da separação entre as questões espirituais e terrenas: "Disse-lhes
então Jesus: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.”

Infelizmente não é essa atitude que vemos hoje em dia. Por todo lado instituições religiosas esticam seus
tentáculos de influência sobre o Estado. Em nosso país o lobby é tão grande e articulado que existem
partidos políticos declaradamente cristãos. Como resultado por toda parte vemos a influência das
igrejas:
O deus patriarcal monoteísta abraamico é louvado na Constituição Federal.

O deus patriarcal monoteísta abraamico é mencionado no papel-moeda.

Os prédios públicos ostentam símbolos religiosos como cruzes.

Diversos dias santos católicos são considerados feriados nacionais em detrimento das demais religiões.

Concessão fácil de vistos nas embaixadas para qualquer missionários que venha converter Indígenas.

Ensino religioso explícito e implícito em escolas públicas

Influência igrejeira direta e indireta nas leis brasileiras: proibição do casamento gay, indulto de natal nos
presídios, etc...

Existência de bancadas evangélicas na prática parlamentar

Igrejas recebem uma infinidade de benefícios e proteções do governo.

Este último tópico é o mais perigoso, pois deles nascem todos os outros. Um cristão sincero que queira
se comportar como Jesus se comportou deveria ser a favor de uma completa separação entre o sistema
político e as diversas religiões. Mas o sistema já está tão engessado e protegido que dificilmente pode
ser combatido diretamente. Talvez a única opção seja destruí-lo por dentro, usando suas próprias armas
para expor o ridículo da situação.

Pensando nisso este breve manual foi escrito. O guia é focado na construção de uma igreja neo-
pentecostal mais por motivos de marketing do que por preferência doutrinária. Em primeiro lugar
porque nas igrejas católica e protestantes o patrimônio não está em nome de um líder pessoa física e em
segundo lugar as igrejas evangélicas já são amplamente aceitas pelo grande público e muito populares,
garantia de sucesso no seu empreendimento. Você encontrará uma listagem das vantagens que o
governo concede as instituições religiosas e dicas para a fundação jurídica e legal de sua instituição. Uma
seção será usada para dar alguns conselhos baseados na atuação de picaretas famosos e será
disponibilizado um modelo de estatuto para você fundar a sua igreja. Por fim, uma pequena bibliografia
dará ao leitor a oportunidade de se especializar neste ramo tão lucrativo.

Conheça seus direitos

O primeiro passo para abrir sua igreja é ter sempre em mãos e em mente um mínimo de conhecimento
sobre a atual condição da liberdade de culto no Brasil. Desta maneira quando alguém falar qualquer
coisa contra sua instituição você poderá mostrar que conhece seus direitos e sabe que o Estado está do
seu lado.

Na política internacional a Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela ONU e
assinada pelo Brasil, estabelece em seu artigo 18.º que "Toda a pessoa tem direito à liberdade de
pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de
convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto
em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos."

A primeira lei brasileira sobre liberdade de culto data de 1890, nela o então presidente Marechal
Deodoro da Fonseca garante a liberdade religiosa no pais. Em 1946 este se torna um direito
constitucional que é reconfirmado na constituição de 1988, ainda hoje vigente. A Constituição Federal do
Brasil assegura em seu artigo 5 º, parágrafos VI, VII que "É inviolável a liberdade de consciência e de
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
aos locais de culto e a suas liturgias; é assegurada também, nos termos da lei, a prestação de assistência
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva

Por fim, o primeiro parágrafo do artigo 44 do Código Civil garante ainda que "São livres a criação, a
organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao
poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu
funcionamento".

Aos poucos muitas outras leis foram aprovadas para agradar diversos lobbies religiosos de modo que
hoje não existe qualquer critério doutrinário ou teológico para a fundação de uma igreja. Em outras
palavras, você pode criar o "Templo dos Travestis dos Últimos Dias" ou a "Igreja Sincera com Fins
Lucrativos" e a partir de então poderá usar a lei a seu favor.

Vantagens de abrir uma Igreja

Nosso país cobre de vantagens e benefícios as instituições religiosas. Abaixo dividimos estes benefícios
em três partes. A primeira são vantagens diretas, garantidas por leis para sua igreja. A segunda são
vantagens para você e para os demais sacerdotes do seu culto, também sob força de lei. Por fim,
listamos vantagens indiretas, que são conseqüências destas leis e podem ser exploradas das mais
diversas maneiras.
1 - Vantagens diretas para a Igreja:

Isenção do Imposto de Renda

Isenção do IOF (Operações Financeiras)

Isenção do IPTU (Imóveis Urbanos)

Isenção ITR (Imóveis Rurais)

Isenção IPVA (Veículos)

Isenção ISS (Serviços)

2 - Vantagens diretas para os pastores:

Direito a Prisão Especial

Dispensa do serviço Militar

3 - Vantagens Indiretas:

Autonomia jurídica - Por motivos de consciência você poderá acionar um bom advogado para conseguir
isenção de alguma lei que vá contra sua crença. A Igreja do Vegetal por exemplo, já conseguiu o direito
do uso de psicotrópicos em seus rituais! O limite é apenas sua imaginação e caráter.

Isenção de Direitos trabalhistas - Não existe vínculo empregatício para os ministros que trabalharem em
sua igreja e portanto não existe legislação trabalhistas para atrapalhar seu relacionamento com seus os
sacerdotes de sua religião.

Poder Político - Com um pouco de empenho, logo você terá em seu comando um grande número de fiéis
que poderão ser usados para preencher abaixo-assinados, reivindicar coisas às autoridades e a imprensa
ou mesmo fazer um multiarão para construção dos templos. Se você tiver talento em poucos anos
poderá entrar para a política com seu próprio curral eleitoral.
Diversão garantida - Você poderá organizar seus próprios rituais públicos, como batismos, exorcismos,
funerais, missas e reuniões dos mais diversos tipos. No Brasil, por exemplo, o casamento religioso tem
efeito civil, conforme diz a Constituição Federal, artigo 226, parágrafo 3º.

Papelada para abrir sua igreja

Abrir uma igreja é algo estupidamente simples e pode ser resumido em três etapas básicas.

1 - Fazer um Estatuto

O primeiro passo é fazer um estatuto. Isso pode ser um pouco chato, mas felizmente, no final deste guia
você encontrará um modelo bem simples que poderá copiar. Para Ter valor jurídico, o estatuto deve ser
registrado em cartório. O cartório por sua vez para registrar vai fazer algumas exigências:

Apresentação do estatuto em duas vias originais.

Ata de fundação da Igreja (2 vias)

Reconhecimento de firma de todos os membros da diretoria

Visto do advogado em todas as folhas com carimbo da OAB

Requerimento para registro do representante legal

Constar os membros da diretoria definitiva ou provisória com qualificação completa: Nacionalidade,


estado civil, RG, CPF, profissão e endereço completo

Relação dos sócios fundadores

Fotocópia do livro de atas (da organização, diretoria e do estatuto)

Visto do presidente em todas as folhas

Fotocópia da carteira de identidade dos membros da diretoria e conselho fiscal (se existir conselho
fiscal).
2 - Certificado Jurídico

O segundo passo é dar entrada na receita federal com o estatuto registrado para se adquirir o CNPJ
(certificado nacional de pessoa jurídica).

3 – Alvará de funcionamento

O terceiro e último passo é necessário apenas se você for ter um templo onde realizará seu culto. Neste
caso deverá dar entrada no alvará de funcionamento na prefeitura local, que deverá ser renovado
anualmente. Seguindo esses três passos tem-se uma igreja de direito e de fato.

Custos para a criação de uma igreja

Atualmente, com menos de R$ 400,00 (Quatrocentos reais) você consegue abrir sua instituição religiosa.
O pagamento por folha do estatuto varia de cartório para cartório, deve-se pesquisar para achar o mais
barato. Mas dificilmente se gasta mais de R$ 200,00 para registrar um estatuto. O CNPJ com a Receita
Federal também sai em torno de R$200,00. Com este pequeno investimento sua igreja já poderá abrir
uma conta bancária e poderá realizar aplicações financeiras completamente livre de impostos.

Dicas dos Profissionais

Estudar os vários casos de sucesso em nosso país pode ser uma boa idéia para quem quiser um futuro
promissor. Abaixo estão relacionadas algumas dicas fruto da observação do trabalho de missionários já
consagrados em nosso país:

Lembre-se a Bíblia é sua maior arma. Com um pouco de eloquência e má fé, você poderá provar
virtualmente qualquer coisa com ela. Use-a para guiar os membros da igreja conforme seus interesses.
Cuidado! No seu estatuto não abra mão de ser o presidente. A vice-presidente deve ser sua esposa!

Os membros da diretoria devem ser pessoas da família, para que no futuro você não perca o domínio da
igreja.

Todo o patrimônio deve estar em seu nome ou no de preferência da família.

Todo o dinheiro arrecadado através de dízimos e ofertas, venda de santinhos, óleo santo e outros
patuás, deve ser depositado numa conta corrente aberta em nome da igreja e não em seu nome, para
evitar problemas com o fisco. Além de evitar que lhe chamem de ladrão.

Não esqueça de colocar no estatuto que os membros da igreja não participam do patrimônio da mesma.

Evitando Escândalos

Procure não arranjar uma amante, mas se o fizer, não faça como alguns líderes espirituais que fazem
tudo a céu aberto, procure ser discreto, marque seus encontros em outras cidades.

Quando for aconselhar uma mulher em seu escritório, procure estar acompanhado por sua esposa ou
uma líder de idade avançada, caso não seja possível, use um gravador escondido para sua própria
segurança em processos no futuro.

Cuidado com os membros mais inteligentes! Eles podem colocar a igreja contra você. Se isso ocorrer faça
como alguns líderes, diga que eles estão possuídos pelo satanás. Abra a boca e diga: "eu sou o ungido do
Senhor, recebi orientação de Deus para dirigir esta igreja, quem está contra mim está com o inimigo
(satanás)". Dito isto, você e a diretoria da igreja (seus comparças) convida o irmão a se retirar da igreja
dizendo o seguinte: "irmão, nós oramos muito e durante a nossa oração, o Espirito Santo de Deus nos
revelou que o irmão tem uma grande obra a fazer em outra igreja". Lembre-se não é você quem está
expulsando o irmão, mais sim o Espirito Santo. Nesse tipo de igreja, tudo é feito a mando do Espirito
Santo.

MODELO DE ESTATUTO DE UMA IGREJA

ESTATUTO

CAPÍTULO I – DENOMINAÇÃO, SEDE E FINS


Art. 1o. – A Igreja, doravante neste estatuto denominada Igreja "JESUS É UM BOM NEGÓCIO" é uma
comunidade religiosa, com sede na rua..., na cidade de Maceió – Alagoas e compõem-se de número
ilimitado de membros, sem distinção de sexo, idade, nacionalidade, tendo sido organizada em....

Art. 2o. – A igreja reconhece como seu único cabeça e suprema autoridade somente Jesus Cristo, e para
seu governo, em matéria de fé, culto, disciplina e conduta, rege-se pela Bíblia e pelos preceitos do
Pastor-presidente.

Art. 3o . – A igreja existe para os seguintes fins:

a) Reunir-se regularmente para o culto de adoração a Deus, estudo da Bíblia, pregação do Evangelho e
Ação Social;

b) Promover por todos os meios e modos ao seu alcance o estabelecimento do reino de Deus na terra,
cooperando com as demais igrejas nessa missão.

CAPÍTULO II – DA ADMINISTRAÇÃO E REPRESENTAÇÃO

Art. 4o. – A administração dos negócios da igreja será exercida pelo Pastor-presidente. A diretoria da
igreja, que se comporá de um presidente, um vice-presidente, dois secretários (1o e 2o ) e dois
tesoureiros (1o e 2o), que exercerão suas funções de acordo com os deveres atribuídos a cada um,
descritos em regimento interno.

§ 1o. – O presidente, que será por força do seu cargo o pastor da igreja, será vitalício e os demais
membros da diretoria serão indicados por ele.

§ 2o. – Ao presidente cabe, além dos deveres atribuídos ao cargo, representar a igreja em juízo e fora
dele, e em geral nas relações para com terceiros, e junto com o 1o e 2o (primeiro e segundo)
tesoureiros assinar escrituras de compra, venda ou hipoteca, recibos, contratos e quaisquer outros
documentos alusivos a esses atos, abrir, movimentar e liquidar contas para a igreja, em bancos ou
instituições similares, passar procurações e substabelecê-las.

Art. 5o. – Para a gerência de seus negócios, em geral, a diretoria se reunirá sob a direção e orientação
do Pastor-presidente.

§ 1o. – Perderá todo e qualquer direito o membro que deixar de fazer parte da igreja, quer a pedido,
quer por deliberação da diretoria da igreja.

Art. 6o. – Os assuntos abaixo só podem ser tratados em reuniões, especialmente convocadas pelo
Pastor-presidente, com sua diretoria

a) Reforma deste Estatuto;

b) Aprovação ou reforma de Regimento Interno;

c) Mudança de sede da igreja;

d) Mudança de nome da igreja;

e) Aquisição, oneração ou alienação de bens imóveis.

Parágrafo único – As alterações deste Estatuto não poderão eliminar os Artigos 2o. e 3o. e suas alíneas.

CAPÍTULO III – DA RESPONSABILIDADE DOS SEUS MEMBROS

Art. 7o. – A diretoria e os seus membros não respondem individual, nem mesmo subsidiariamente, pelas
obrigações contraídas por qualquer membro, não sendo forma deste Estatuto.

CAPÍTULO IV – DA EXTINÇÃO DA IGREJA E DESTINO DO SEU PATRIMÔNIO

Art. 8o. – O patrimônio da igreja é constituído de bens móveis, imóveis, provenientes de contribuições
voluntárias, doações e legados, que serão registrados em seu nome, e será aplicado todo na manutenção
de seus fins.
Parágrafo único – Os membros da Igreja, em virtude dos objetivos da mesma, não participam do seu
patrimônio.

Art. 9o. - A igreja se constitui por tempo ilimitado e só poderá ser dissolvida por deliberação do Pastor-
presidente.

§ 1o. – No caso de dissolução da igreja, será liquidado o seu passivo e o saldo, se houver, entregue ao
Pastor-presidente, que deliberará sobre o seu fim.

Bibliografia recomendada

- Leonildo Silveira Campo, IURD Um Empreendimento, 1999

- Leonildo Silveira Campo, Teatro, templo e mercado - organização e marketing de um empreendimento


neopentecostal, 1997

- Mario Justino, Nos Bastidores do Reino, 1995

Jesus Freak

Manifesto Jesus Freak

jesus Bacanudo1 - Nós propomos que, seguindo o exemplo de Jesus Cristo, não nos deixemos limitar
pela religião. Os primeiros inimigos de Cristo foram os altos sacerdotes do Templo. O primeiro amigo de
Cristo foi um louco que gritava no deserto.

2 - Nós propomos que as Escrituras são a mais alta autoridade cristã. Portanto devemos nos esforçar
para compreendê-las muito mais do que nos esforçamos para aceitar a forma que nossos ancestrais a
compreenderam. O mundo dos homens muda a cada instante. O mundo de Deus permanece o mesmo
para sempre.
3 - Nós propomos que cada cristão tenha o mesmo credo essencial de Paulo de Tarso, Francisco de Assis,
Martinho Lutero, William J. Seymour, Martin Luther King e ainda assim sejam livres para expressar sua fé
de sua própria maneira especial, assim como o fez cada um destes cinco homens.

4 - Nós propomos que ninguém tem o direito de dizer que uma pessoa não será salva em Cristo, uma vez
que a hora cabe ao Pai e a salvação cabe ao Filho. Assim, ainda que o próximo viva em escândalo você
não deve se escandalizar.

5 - Nós propomos que os livros de orações sejam deixados de lado por um tempo. Talvez seja difícil
usufruir de nossa liberdade de expressão em um primeiro momento, mas seremos recompensados com
uma relação mais intima e próxima com Deus. Por muito tempo temos usado de maneira pobre o nosso
missal. É hora de orarmos mais e irmos menos à missa.

6 - Nós propomos que devemos nos preservar um pouco dos hinários e livros de salmos. Eles são
lindíssimos, mas nossa mente precisa respirar e perceber que está vivendo em uma época nova e
radiante. Devemos compor novas músicas com novas letras, que sejam atuais e de acordo com nossa
época. Não existe nenhum problema em cantar as glórias antigas, mas há uma infinidade de glórias
novas aguardando e clamando para serem cantadas.

7 - Nós propomos nos libertarmos da arquitetura do passado criando novos espaços para nossos cultos.
Derrubemos as igrejas e templos para não haver mais a separação entre irmãs e irmãos, entre crentes e
ateus, entre humanos e resto da criação. Chamemos de volta a todo aquele que expulsamos de nossas
igrejas: os infieis e os piores pecadores! A Casa de Deus não é uma casa de desespero. Chamemos todos
de volta, ainda que continuem pecando para sempre.

8 - Nós propomos que descubramos como os avanços tecnológicos de nossa época podem ser usados
para a glória de Deus. “Frutificai e multiplicai-vos” nunca foi um desejo ligado única e exclusivamente ao
sexo. “Eis que saiu o semeador a semear” nunca foi restrito as praças públicas. Deus nos presenteou com
tecnologias que nossos antepassados sequer sonharam poder existir. Está na hora de aceitarmos essa
graça e fazer bom uso dela. Vamos organizar oficinas e mostrar como a arte e a ciência podem fazer
parte de nossas festas e nossos exercicios de contemplação.

9 - Nós propomos o uso do intercâmbio cultural para enriquecer nossa literatura litúrgica com materiais
até então ignorados por nossos cultos tradicionais. Há uma abundância de sabedoria e beleza nos textos
considerados apócrifos pela igreja medieval, nas escrituras sagradas de outras crenças e mesmo na
poesia secular que podem e devem ser usados em nossa liturgia para atingirmos um propósito estético
superior ao atual.

10 - Nós propomos que em um mundo dominado pela mídia onde o uso da imagem supera o do texto,
os cristãos devam fazer uso das figuras mais fortes, corajosas e chocantes possíveis. O cinema, a
televisão e mesmo intervenções urbanas devem ser usados. Não há lógica em mostrar o caminho, a
verdade e a vida usando imagens piegas, meia luz e baixa resolução.

O Bom Travesti de Jesus

crisE perguntaram a Jesus: "Quem é o meu próximo?" E ele lhes contou a seguinte parábola:

Voltava para sua casa, de madrugada, caminhando por uma rua escura, um garçom que trabalhara até
tarde num restaurante. Ia cansado e triste. A vida de garçom é muito dura, trabalha-se muito e ganha-se
pouco. Naquela mesma rua dois assaltantes estavam de tocaia, à espera de uma vítima. Vendo o homem
assim tão indefeso saltaram sobre ele com armas na mão e disseram: "Vá passando a carteira". O garçom
não resistiu. Deu-lhes a carteira. Mas o dinheiro era pouco e por isso, por ter tão pouco dinheiro na
carteira, os assaltantes o espancaram brutalmente, deixando-o desacordado no chão.

Às primeiras horas da manhã passava por aquela mesma rua um padre no seu carro, a caminho da igreja
onde celebraria a missa. Vendo aquele homem caído, ele se compadeceu, parou o caro, foi até ele e o
consolou com palavras religiosas: "Meu irmão, é assim mesmo. Esse mundo é um vale de lágrimas. Mas
console-se: Jesus Cristo sofreu mais que você." Ditas estas palavras ele o benzeu com o sinal da cruz e
fez-lhe um gesto sacerdotal de absolvição de pecados: "Ego te absolvo..." Levantou-se então, voltou para
o carro e guiou para a missa, feliz por ter consolado aquele homem com as palavras da religião.

Passados alguns minutos, passava por aquela mesma rua um pastor evangélico, a caminho da sua igreja,
onde iria dirigir uma reunião de oração matutina. Vendo o homem caído, que nesse momento se mexia
e gemia, parou o seu carro, desceu, foi até ele e lhe perguntou, baixinho: "Você já tem Cristo no seu
coração? Isso que lhe aconteceu foi enviado por Deus! Tudo o que acontece é pela vontade de Deus!
Você não vai à igreja. Pois, por meio dessa provação, Deus o está chamando ao arrependimento. Sem
Cristo no coração sua alma irá para o inferno. Arrependa-se dos seus pecados. Aceite Cristo como seu
salvador e seus problemas serão resolvidos!" O homem gemeu mais uma vez e o pastor interpretou o
seu gemido como a aceitação do Cristo no coração. Disse, então, "aleluia!" e voltou para o carro feliz por
Deus lhe ter permitido salvar mais uma alma.

Uma hora depois passava por aquela rua um líder espírita que, vendo o homem caído, aproximou-se
dele e lhe disse: "Isso que lhe aconteceu não aconteceu por acidente. Nada acontece por acidente. A
vida humana é regida pela lei do karma: as dívidas que se contraem numa encarnação têm de ser pagas
na outra. Você está pagando por algo que você fez numa encarnação passada. Pode ser, mesmo, que
você tenha feito a alguém aquilo que os ladrões lhe fizeram.

Mas agora sua dívida está paga. Seja, portanto, agradecido aos ladrões: eles lhe fizeram um bem. Seu
espírito está agora livre dessa dívida e você poderá continuar a evoluir." Colocou suas mãos na cabeça do
ferido, deu-lhe um passe, levantou-se, voltou para o carro, maravilhado da justiça da lei do karma.

O sol já ia alto quanto por ali passou um travesti, cabelo louro, brincos nas orelhas, pulseiras nos braços,
boca pintada de batom. Vendo o homem caído, parou sua motocicleta, foi até ele e sem dizer uma única
palavra tomou-o nos seus braços, colocou-o na motocicleta e o levou para o pronto socorro de um
hospital, entregando-o aos cuidados médicos. E enquanto os médicos e enfermeiras estavam distraídos,
tirou do seu próprio bolso todo o dinheiro que tinha e o colocou no bolso do homem ferido.

Terminada a estória, Jesus se voltou para seus ouvintes. Eles o olhavam com ódio. Jesus os olhou com
amor e lhes perguntou: "Quem foi o próximo do homem ferido?"

Rubem Alves

O Diabo é a sua Mãe!

Familia do Capeta
O movimento Jesus Freak, inflamado pelo Espírito Santo quer virar de cabeça para baixo as religiões
humanas criadas em torno da mensagem de Cristo. Sabemos que Jesus é muito foda, e que essa é a
principal razão de tanta gente interesseira criar tantas religiões medíocres baseadas nele. Mas não é só
porque a pessoa fala alto e veste um terno, ou um vestido preto, que a ela sabe o que está dizendo - ou
pior ainda, que aquilo, que ela clama como se seus testículos ou ovários estivessem sendo quiemados
pelo fogo infernal, se torne verdade. Nosso objetivo é resgatar a pureza do evangelho, por isso já
revisamos as principais doutrinas que Cristo defendeu e esclareceu e que com os séculos se
transformaram em fios de marionete que os sacerdotes usam para manipular as massas. Relembramos
que a salvação é universal e obrigatória, mostramos que as escrituras são contra o dízimo. Trouxemos a
Arte para dentro de casa e derrubamos os muros dos templos. Anarquizamos o culto, da mesma forma
que Jesus anarquizou o Judaísmo. Estimulamos, além disso, que todos os pontos de fé passem pelo crivo
individual de modo a não serem usados como ferramentas de controle mental pelos poderosos donos de
igrejas, templos e canais de televisão. Destas ferramentas nenhuma até hoje foi tão problemática
quando a figura do Diabo.

O Diabo me fez fazer isso!

O inimigo da virtude virou hoje o melhor amigo da igreja e de seus líderes. Ele tem sido usado ha séculos
para assustar as pessoas e encher os bolsos do clero de dinheiro e os bancos dos templos de bundas
assustadas. Se na Bíblia havia pessoas possuídas que precisavam de atenção, hoje a possessão se tornou
uma atividade comercial. O show de possuídos acaba confundindo tanto os fiéis, que hoje muitos não
sabem se procuram um dentista ou um pastor carismático cada vez que sentem dor ao mastigar. O diabo
aparece em duas de cada três pregações e alguns templos dão tanto destaque para ele que literalmente
o fazem subir no palco e falar no microfone, com direito a closes de câmera. Além disso, esta
assustadora figura tem sido a desculpa preferida de 9 entre 10 hipócritas que não querem se
responsabilizar por seus próprios atos desde a idade média.

Que o mal é real e existe não restam dúvidas, nem precisamos da bíblia nem da filosofia para sabermos
disso. Basta ligar a televisão em qualquer noticiário ou ler o jornal - qualquer jornal. Corrupção, assaltos,
assassinatos fazem parte do espetáculo diário de perversões disponíveis a todo cidadão. Agora esse mal
seria de fato uma emanação de um cavalheiro com pernas de bode e rabo pontudo? Ou seria algo que
brota de cada ser humano e o leva a fazer a coisa errada na hora errada? A fé deveria ser um estímulo
para mantermos o bom-senso, e não para perdê-lo. Vemos isso em Provérbios 13:15: "O bom
entendimento favorece" no Salmo 119:66: "Ensina-me bom juízo e ciência, pois cri nos teus
mandamentos" e em muitos outros lugares da Bíblia. Portanto devemos aprender a não cair em nenhum
dos dois extremos: De um lado pessoas culpam o diabo por tudo fazem dele um pop-star religioso. Do
outro algumas pessoas parecem preferir ignorar que o mal existe no mundo e que afeta e influencia a
vida das pessoas.

Tinhoso, uma ideia antiga

De cara devemos destacar que o diabo não é uma novidade da revelação cristã. Nem mesmo foi uma
novidade da revelação judaica. A ideia de um ser naturalmente ruim, da personificação do mal é muito
mais antiga e já estava presente no imaginário humano desde antes do Egito ser o Antigo Egito, quando
o deus Seth, de figura adorada, foi transformado em um sem-vergonha maligno, fratricida e responsável
por tudo de ruim que acontecia na regição do Nilo.

Praticamente todo sistema de crenças mais complexo, que deixava o status de lendas para tomar um
corpo religioso trabalhou com a dualidade do criador versus o destruidor. Nem sempre esse destruidor
era alguém mal, ou responsável pelo mal, ele simplesmente trazia a mudança que deveria existir para
que houvesse a evolução. Afinal para contruirmos uma casa devemos limpar o terreno e para erguer o
edifício, devemos derrubar a casa. Com o tempo e o desenvolvimento de uma filosofia mais avançada, o
papel do destruidor passou por um processo interessante, e a destruição deixou de ser vista como
mudança para se tornar algo mal. Esse é um processo lógico onde a evolução das pessoas passa a incluir
um grupo que não deseja que as coisas mudem. Quando a meritocracia se torna uma "euquerocracia",
qualquer mudança faz com que pessoas que tem um certo status temam perder esse status, lembre-se
que quando Jesus tentou nos lembrar desse fato, aqueles que não queriam perder o poder o pregaram
em uma cruz, na frente dos amigos e famílias, debaixo do sol, depois de uma sessão de torturas e
humilhação, a mudança só é vista como algo "mal" onde a corrupção e a ganância são a lei. E se existe o
"mal" então, logicamente, seu oposto é "bem". Assim vemos em todas as mitologias a tranformação de
praticamente todo agente responsável pela mudança e pelo caos criativo em uma figura ruim, que deve
ser combatida, e ela era naturalmente oposta a uma figura que se tornava a personificação do bem.
Tiamat entre os babilonicos, Ahriman entre os persas e o próprio Seth, são exemplos óbvios.
Cada época tem o Diabo que merece

Claro que onde existe o mal, existem aqueles que prosperam com o mal. Sabemos que o medo faz as
pessoas se moverem muito mais rápido que o bom senso, e assim colocar um monstro do mal atrás
delas faz com que se impressionem mais e respondam de maneira muito mais emotiva a seus líderes.
Conforme prosperava esta visão do mal, prosperava também não apenas a importância, mas a aparência
do diabo, seu método de ação e seu império.

Os líderes da igreja medieval souberam explorar isso como ninguém antes deles, e imagem que nos
chega hoje é a de Satanás, um ser vermelho, de chifres e rabo e pés de bode que carrega um tridente e
tem um trono no inferno. Segundo a tradição judaico/cristã, este ser era originalmente um anjo criado
por Deus chamado Lúcifer que por seu orgulho se rebelou contra o Altíssimo e como castigo foi expulso
dos céus e se tornou o poderoso inimigo do Criador. Alguns teólogos mais ousados chegaram a descrever
ainda toda uma hierarquia do exército de Satanás com seus nomes, postos e funções específicas para
ofender Deus, tentar a humanidade e azucrinar a criação. Esta história não está na Bíblia, mas foi
construída a partir de diversas passagens e se baseia na tradição popular e não na revelação.

O Diabo nas Escrituras

As escrituras sagradas realmente falam sobre o Diabo e "Satanás". Jesus o chamou de homicida e
mentiroso (João 8:44). No Apocalipse 12:9, o mais simbólico dos livros da Bíblia, o retrata como um
dragão, representando sua natureza violenta e hostil. Em Zacarias (3:1-2) ele é descrito como opositor e
em 1 Pedro 5:8 como um Leão que ruge procurando alguém para devorar. O Evangelho descreve como
Cristo foi tentado pelo Diabo no deserto e Paulo nos exorta a todo momento dizendo que se resistirmos
a ele, ele fugirá de nós. No antigo testamento a sua presença também é constante como vemos em
Crônicas 21:1, Salmos 109:6 e em todo o livro de Jó. A primeira coisa que o estudante sincero percebe é
que todas estas passagens, entre outras, falam muito mais sobre o caráter e traços de personalidade do
diabo do que de sua origem e descrição individual, não sabemos quem é, ou de onde veio.

Mas a imagem do diabo começa a ficar ainda mais interessante quando ao invés de apenas lermos o
trecho em que é citado passamos a ler todo o versículo, capítulo, ou de preferência livro em que
aparece. Isso porque assim paramos de apenas tirar uma frase de contexto e passamos a ver seu valor
integral. Quando fazemos isso algo surpreendente se torna evidente: o diabo é citado em contextos tão
diferentes que passamos a pensar que somente muita autoridade, usada de forma facistamente abusiva
pelos líderes e muito pouco questionamento feito pelos seus seguidores, poderiam fazer alguém
imaginar que todo o texto bíblico sobre o Satanás se refere apenas a uma mesma figura.

Tudo o que realmente podemos concluir a respeito do coisa-ruim a partir destes versículos é que o diabo
representa uma grande oposição não a Deus, mas à virtude, e que ele nos persegue e tenta nos derrotar
moral e espiritualmente. Mas seria o Diabo realmente uma entidade eterna dedicada ao mal e ao
sofrimento Para tentar responder a isso vamos ter que voltar um pouco no tempo.

Um Pouco de História para Compreender o Diabo

Lembre-se que as escrituras sagradas podem ser brandidas por qualquer um, e suas passagens podem
ser repetidas por qualquer pessoa que saiba ler ou que tenha a capacidade de decorar o que ouve. Mas
isso não torna ninguém o representante oficial de sua mensagem. Como já dissemos em nosso
manifesto Jesus Freak, as escrituras são a mais alta autoridade cristã, portanto devemos nos esforçar
para compreendê-las muito mais do que nos esforçamos para aceitar a forma que nossos ancestrais a
compreenderam. Isso é importante porque a Bíblia possui uma força tremenda, afinal elas é a palavra de
Deus, e essa força toca o coração de muitas pessoas de maneira assustadora. Mas a maneira como a
Bíblia foi interpretada por nossos antepassados mostrava a maneira que eles tinham de enxergar aquilo
que estava escrito, nos prender a essa visão deles apenas nos faz cair nos mesmos erros que cometiam.
No tocante ao diabo isso é ainda mais verdadeiro.

Historicamente Satã não é um nome, é um adjetivo quer dizer "Adversário", "Inimigo". Com o tempo
esse adjetivo se tornou um nome. Esse tipo de transformação é bem comum no estudo da origem das
palavras. Que fã de fórmula 1 nunca ouviu o nome Schumacher? Talvez poucos tenham percebido que
este sobrenome schumacher é a versão alemã de shoemaker, shoe significa "sapato", maker significa
"fabricante". Assim uma antiga profissão, a dos sapateiros, acabou com o tempo se tornando um
sobrenome. Da mesma forma Satã se tornou pela boca dos sacerdotes em um nome próprio. Da mesma
forma o termo Diabo, de origem grega διάβολος , diabolos, também era originalmente uma descrição.
Significava mais especificamente "agressor" .

O coração deste artigo é que estas palavras indicam uma classificação e não uma entidade única. E como
adjetivos, estes títulos podem ser dados a muitos seres diferentes. De fato, é isso o que acontece na
bíblia onde é atribuído não apenas a seres espirituais (Jó 1:2), mas também a seres humanos como o Rei
da Babilônia (Isaías 14:12-14) e ao Rei de Tiro (Ezequiel 28:12-16). Durante todo o texto das escrituras
isso fica claro, quando até mesmo Pedro, o apóstolo que criou a igreja, é chamado de Satã por ninguém
menos do que Jesus: "Para trás de mim, satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes
as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens." (Mateus 16:23). Ou seja, dizer satanas ou
diabo, não quer dizer "o príncipe do mal, uma entidade real que tem sombra e faz tchbum quando cai na
água" e sim que naquele momento alguém se tornou um inimigo das virtudes. Portanto é algo que diz
respeito a cada um de nós pessoalmente.

Sua mãe é o Capeta!

Então, se Satanás não é um ser do mal que vive o tempo todo preocupado em infernizar nossas vidas,
Jesus nos dá uma clara definição do que ele é. Repetimos Mateus 16:23: "Que serve de escândalo (a
Jesus), que não compreende as coisas que são de Deus, que só compreende as coisas que são dos
homens." Isso é verdade não só para Pedro, mas para todos os casos anteriormente citados, em cada um
deles havia incompreensão que desencaminhava. No caso especifico de Pedro, Jesus o chamou de
Satanás porque ele dizia para não haver crucificação. Mas se Jesus não fosse crucificado, não haveria a
salvação universal e isso iria contra os plano de Deus.

Assim, Satanás é mais um cargo temporário do que alguém de verdade, ou seja um estado de espírito ou
momento de fraqueza. Seja um anjo, um rei ou um mendigo, todo aquele que contraria os ditames
divinos é o Diabo e geralmente faz isso para sua própria desgraça. O Diabo não é, portanto, a
personificação do mal, mas alguém que, em algum momento, assume uma posição que vai contra
aquela que o espírito diz que é certo. Todo mundo que já pisou no pé de alguém de propósito sabe do
que nós estamos falando e que nón mesmos podemos ser esta personificação.

Note como os seguintes trechos fazem muito mais sentido quando entendemos que a palavra diabo está
relacionada com 'o mal' e não com uma entidade. Em 1 João 3:8 temos: “Quem comete pecado é do
Diabo; porque o Diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para destruir as
obras do Diabo.” Ou seja, quem comete pecado é do mal; porque o mal existe desde o princípio e para
isto o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do mal. Da mesma forma em João 8:44 temos
“Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o
princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala
do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira.”, ou seja quem quer satisfazer os desejos do
mal, tem ele como pai, o mal mata e mente desde o início. Na época dos apóstolos essas palavras eram
claras, mas infelizmente o termo foi tão adulterado pela tradição religiosa que passou a significar um
anjo com asas de morcego e chifres na cabeça. Para sermos bem diretos: Não existe nem uma única
justificativa honesta para as traduções modernas escreverem diabo e satanas com letra maiúscula,
induzindo as pessoas a acreditarem que se trata de um ser com individualidade, que corre pela terra
sussurrando no ouvido das pessoas. Para nos convencer disso, basta estudarmos as palavras originais da
famosa oração do Pai-Nosso, no seu texto grego, termina com "livrai-nos do maligno" e que em
português ficou como "livrai-nos do mal". As palavras exatas se referem a quem quer que pratique o
mal. Veja que ela não se refere ao diabo ou mesmo ao espírito do mal, que seria um indicativo de uma
figura real.

Isso quer dizer que o diabo não existe? De forma alguma! Quem quer que diga o contrário ou não sabe
o sentido original da palavra ou nunca viu um estupro seguido de morte nos telejornais. O real
entendimento destes termos mostra que satanás existe sim, mas não tem nada haver com os filmes de
terror. Isso quer dizer que até a sua mãe pode ser o Diabo. Ou você pode trabalhar com ele ou dormir
ao seu lado. Na verdade você muito provavelmente fez isso, já que ser inimigo dos ditames do espírito e
da virtude ainda é a postura mais comum e popular do mundo ao ponto de ser chamado nas escrituras
de "Príncipe deste Mundo", como quando Jesus reprova a pessoa de Judas em João 14:30. Qualquer
pessoa que deixe o bem estar espiritual de lado por algum ganho material está se tornando Satanás ou o
diabo. Assim o "agressor" e o "opositor" são reais sempre que você ou alguém agredir alguém ou se
opor a alguma das virtudes nos reveladas por Deus. O Diabo então é tão real quanto você ou eu.

Isso significa que demônios não existem?


Claro que não. Cristo nos ensina, através de suas palavras e sua vida, que o mundo espiritual é real.
Somos seres espirituais vestindo pijamas de carne. E espíritos podem agir sem um corpo, o próprio
Jesus, depois de crucificado voltou como um espírito, isso fica claro na Bíblia quando as pessoas não o
reconhecem (João 20:14), quando ele entra em cômodos atravessando as paredes (João 20:19).
Qualquer espírito que busque desviar uma pessoa do caminho espiritual é satanás, veja que na bíblia
fica claro que quando morremos nosso espírito não vai direto para o céu, permanece no mundo,
esperando o momento do Julgamento Final, na Bíblia, encontramos 10 casos de ressurreição (1 Rs 17:20-
22, 2 Rs 4:32-35, 2 Rs 13:20-21, Mc 5:21-43, Lc 7:11-15, Jo 11:1-45, Mt 27.52, At 9:36-40, At 20:9-12): 3
casos no Antigo Testamento e 7 casos no Novo Testamento, sendo que do total de dez, nove foram
ressurreições individuais e um caso foi uma ressurreição coletiva. Além disso, dos dez casos de
ressurreição, nove foram ressurreições na carne. Seria possível que esses espíritos estivem na presença
de Deus e fossem arrancados dela para voltar à terra? Isso iria contra tudo o que Cristo pregava, mesmo
agora que ele morreu por nós e nos fez santos, não vamos imediatamente para o céu como vemos em
Mateus 27:52. Desta forma uma alma atormentada pode se tornar uma agressora, ou satanás, mas isso
não implica que elas tenham um chefe que organiza a maldade que causam. Assim como espíritos
agressores também são demônios e diabos.

Como lutar contra o diabo

Jesus esculachou o diabo em todas as oportunidades que teve. No deserto, nos possessos e em seus
apóstolos. Mais do que isso deixou para nós instruções precisas de como lidar com estas situações. Ele
instruiu que expulsássemos os demônios em seu nome (Marcos 16:17). Mas ao contrário do que os
tele-evangelistas querem fazer parecer, Jesus não é uma palavra mágica. Em Atos 19:11-18 vemos que o
uso do seu nome depende claramente do relacionamento entre a pessoa e o Senhor.

Para ser um bom exorcista é essencial reconhecer que a batalha entre o "bem" e o "mal" foi resolvida de
uma vez por todas aos pés da cruz (I João 3:8). Ou seja, não importa quanto seu vizinho faça da sua vida
um suplício, não importa quanto o trânsito esteja infernal, quando Jesus gritou na cruz "Está
consumado", ele quis dizer que sua missão estava cumprida e quando voltou mostrou que a até a morte
foi vencida. Quando o último dia chegar, de trás para frente Deus irá trabalhar, e até o menor dos
sofrimentos, para sempre, será convertido em uma alegria correspondente.

Portanto, caso perceba que está na presença de satanás não entre no jogo. Não erre por causa dos erros
dos outros. Jesus foi simples e direto nesta questão: "E, se o teu olho te escandalizar, lança-o fora;
melhor é para ti entrares no reino de Deus com um só olho do que, tendo dois olhos, seres lançado no
fogo do inferno" Marcos 9:47. Não abra a mente para a raiva, mas para o perdão. Jesus diz em Lucas
6:37-38 diz “Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e
sereis perdoados." Julgar as pessoas por seus erros é errar o alvo, você acerta a pessoa e não o erro. A
batalha do cristão não é contra a carne, mas contra a postura espiritual. (Efésios 6:10-12).

Acima de tudo não esqueça que o satanás não pode ser apenas seu chefe ou seu gerente do banco: Ele
pode ser você! Não perca tempo combatendo o satanas que existe fora de você, deixando o lugar
favorito dele desprotegido: a sua cabeça.

Pela imitação de Cristo podemos nos proteger desta influência sacana. Lembre-se de Lucas 6:42: "Como
podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não atentando tu mesmo
na trave que está no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o
argueiro que está no olho de teu irmão." Antes de fazermos careta porque alguém pisou na merda e se
apressar para dar conselhos ou criticar, devemos examinar nossos próprios sapatos.

A maior perda de tempo é tentar convencer que outras pessoas estão erradas e o melhor investimento é
ilumina-las pelo próprio exemplo. Gandhi, que não era um apóstolo, mas era também muito iluminado e
fã confesso do Sermão da Montanha, um dos maiores hits de Nosso Senhor, certa vez foi procurado por
uma mãe que levou o filhinho consigo, e lhe pediu:

- Gandhi, este menino come muito açúcar. Já tentei de tudo e não consigo que ele pare com isso. Como
ele gosta muito de você, com certeza irá obedecê-lo. Por favor, peça para que ele pare de comer açúcar!

Gandhi pediu àquela mãe que voltasse uns 15 dias depois.


Tempo decorrido a mãe o procura novamente e Gandhi olha o menino com bastante atenção e diz:

- Pare de comer açúcar!

O menino baixou a cabeça, mas fez sinal de que iria obedecê-lo. A mãe não entedeu nada daquilo e
perguntou, super intrigada:

- Gandhi, por que você não falou isso há 15 dias atrás?

- É que, há 15 dias atrás, eu também comia açúcar!

E assim que devemos nos purificar de Satanás ao invés de apenas atirar pedras sobre ele, devemos "dar
a outra face" em vez de nos vingarmos, perdoar em vez de julgar e sacrificarmos-nos quando necessário,
cada pessoa que deixar de se tornar satanás exercitando as próprias virtudes cria um mundo com um
satã a menos. Não seja motivo de escândalo tentando convencer as outras pessoas de nada. Se alguém
acreditar fortemente na história dos anjos caídos mas isso fizer dela uma pessoa melhor, então ela está
certa. Se acreditar que o diabo existe como um título de desgraça fizer dela alguém melhor, então ela
está certa da mesma forma. E se acreditar que o diabo não existe em absoluto fizer ela ser uma pessoa
melhor, então está certa de novo. Qualquer que seja a crença da pessoa, isso é secundário diante do
bem que ela faz quando usa essa crença para acabar com aquele que busca nos desviar do caminho de
Deus, nós mesmos. Não há duvidas quanto a isso depois da parábola do bom samaritano (Lucas 10:25-
37). Mas se você achar que isso é impossível e que só uma forma de interagir com a realidade, não perca
suas noites de sono por causa deste artigo, nem se preocupe em tentar demonstrar que ele está errado.
Você está certo também.

Jesus Freak

O Evangelho Segundo os Infiéis

Wanted JesusA maneira mais fácil de se livrar de um cristão é perguntar se Deus pode fazer um bolo tão
grande que ele mesmo não possa comê-lo. A segunda é dizer sem medo que "Não existem provas
históricas de que Jesus Cristo existiu." Isso desqualifica de cara todo argumento da cristandade. Se Jesus
Cristo nunca existiu ele não pode morrer. Se ele não morreu é óbvio que também não ressuscitou e "E,
se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé" afirmou Paulo em 1 Coríntios 15:14-25.
Infelizmente a maior parte dos Cristãos é mais preocupada do que devia com a opinião dos outros e
menos preparada do que poderia para responder a altura. O resultado é uma patética expressão de
fanatismo que apenas confirma as suspeitas dos mais céticos.

Já os vagabundos do movimento Jesus Freak possuem uma postura própria quanto a isso que é idêntica
a dos primeiros cristãos. Cremos que a Salvação é Universal (veja o artigo Apocatástase), em termos
poéticos podemos dizer que as lágrimas de Cristo na cruz apagaram o fogo do Inferno. Assim levamos a
mensagem para todos como nos foi ordenado pelo Messias (Mc 16:15) mas se as pessoas não querem
nem nos ouvir, apenas deixamos elas para trás e "sacudimos a poeira dos nossos pés" antes de ir
embora. (Mc 6:11). Se é crime hediondo violentar sexualmente uma pessoa, quão mais terrível não é
violentá-la espiritualmente, tornando sua vida um inferno na terra, visitando ela todo sábado ou
domingo de manhã para tentar convencê-la de algo que ela já disse que não quer?

Por outro lado em geral as pessoas que dizem que não existem provas históricas da existência de Jesus
Cristo estão tão desinformadas quanto aquelas que nunca se fizeram esta pergunta. Vamos ver a seguir
algumas destas provas históricas.

Olha mãe! Olha mãe! Sem a Bíblia!

Uma coisa curiosa é que quem exige provas históricas da existência de Jesus, na verdade está dizendo
"Você tem alguma prova histórica QUE NÃO A BÍBLIA sobre a existência de Jesus?" Antes de condena-las,
vamos compreende-las. A Bíblia realmente faz diversas afirmações poderosas , para não dizer absurdas
para a sabedoria dos homens. Temos animais que falam, dedos voadores, cegos que voltam a enxergar,
dias que param no tempo e muitas outras coisas fabulosas demais para serem aceitas sem
questionamentos. Essa dúvida, é sadia. A dúvida não é o oposto da fé, é o começo dela.
Assim em respeito a estas pessoas vamos começar nossa analise dos fatos sem usar a Bíblia. Apenas se
nos sentirmos confiantes voltaremos a ela mais tarde. Lembre-se que para toda a cristandade dos
primeiros séculos não existia bíblia nenhuma. Não só porque a maioria era analfabeta, mas os fatos eram
frescos é óbvios demais para precisarem de tal coisa. (veja o artigo A Evolução da Bíblia para conhecer
melhor esta história.

Por hora considere apenas quão improvável é termos ainda hoje os livros que compõem a Bíblia. Já no
ano 70 D.C O Império Romano deu uma surra tão grande em Jerusalém que foi parar judeu até na
Etiópia. As cidades foram incendiadas, o templo de Salomão foi destruído e a maior parte dos hebreus
foi morta. Que não dizer então da ainda pequena minoria de cristãos que então existiam? As
testemunhas oculares da história de Jesus foram chacinadas. O caso é semelhante aos dos livros e
documentos maias que foram queimados pelos cristãos espanhóis um milênio e meio depois. Não é
nenhuma surpresa portanto que muitas das provas da vida de Cristo foram destruídas. Pelo contrário é
um verdadeiro milagre de persistência termos acesso hoje a qualquer documento que sobreviveu,
incluindo a Bíblia e todos os textos apócrifos não aceitos pelas instituições religiosas. Como veremos a
seguir eles existem mesmo e não foram poucos.

O Evangelho Segundo os Infiéis

Mas para o bem de nosso estudo vamos portanto ignorar qualquer coisa que tenha sido escrita por
cristãos. Tanto as escrituras canônicas como as gnósticas e demais apócrifos serão deixadas de lado.
Falaremos apenas de registros e documentos históricos de fontes não-cristãs.

Espantosamente, unindo estas fonte sé possível extrair a própria essência do evangelho. Cada afirmação
é seguida de um ou mais números com a referência documental correspondente à ser consultada. Eis o
credo dos infiéis que é possível mapear através de testemunhos da época:
"Houve durante o reinado de Tibério[4] um homem chamado Jesus [1 e 3], um judeu [1,6] de Nazaré [7]
que foi chamado Cristo [1, 3, 4, 6]. Ele praticava "magia" [7] e fazia coisas admiráveis [1]. Ensinou a
adoração do Deus de Israel [5] e pregava o desapego, a fraternidade [5, 6 e 8 ] e a imortalidade da alma
[4, 5 e 8]. Ensinou novos ritos e leis [8] e por isso acusado por blasfêmia [7, 8] na Páscoa [7], pelos
seguidores de Caifás [2], na Judeia[4], Palestina [5]. Padeceu sob Pôncio Pilatos [1, 4 ], e foi crucificado e
morto [1, 4, 5, 7, 8]. Apareceu vivo depois de três dias [1] e gentios [1] e judeus [1 e 3 e 6] o adoraram
como Deus [6, 8], dando suas próprias vidas por esta Fé [4,5, 8]."

[1] Testemunha: Flavius Josephus (Yosef ben Matityahu)

Período de vida: 37 a 97 d.c

Credenciais: O mais famosos historiados judeu do século I. Era leal ao Império Romano e foi autor dos
tratados 'A Guerra dos Judeus' e 'Antigüidades Judaicas'.

No capítulo 18, porção 3 de 'Antigüidades Judaicas', escreveu: "Havia neste tempo Jesus, um homem
sábio, se é lícito chama-lo de homem, porque ele foi o autor de coisas admiráveis, um professor tal que
fazia os homens receberem a verdade com prazer. Ele fez seguidores tanto entre os judeus como entre
os gentios. Ele era o Cristo. E quando Pilatos, seguindo a sugestão dos principais entre nós, condenou-o à
cruz, os que o amaram no princípio não o esqueceram; porque ele apareceu a eles vivo novamente no
terceiro dia; como os divinos profetas tinham previsto estas e milhares de outras coisas maravilhosas a
respeito dele. E a tribo dos cristãos, assim chamados por causa dele, não está extinta até hoje."

[2] Testemunha: Ossuário do Sumo Sacerdote de Caifás

Período de Vida: 18 e 36 d.c


Credênciais: Tumba da Família de Caifas, descoberta acidentalmente em 1990 em israel

Caifás é um importante personagem do novo testamento. É o Sumo Sacerdote que acusou Jesus de
blasfemo e o levou a crucificação. Até o início dos anos 1990 não existia nenhum registro histórico deste
personagem, quando então foi encontrada a tumba da Família de Caifas em Jerusalém. Na tumba mais
finamente decorada, como cabia a uma família importante há a seguinte inscrição: “José filho de Caifás”.
Para corroborar esta descoberta Flavio Josefo (visto acima) também identifica “José Caifás” como Sumo
Sacerdote Fariseu entre os anos 18 e 37 d.c

[3] Testemunha: Suetônio (Gaius Suetonius Tranquillus)

Período de Vida: 69 a 144 d.C.

Credenciais: Historiador romano prestigiado na corte do Imperador Adriano. Autor do célebre


Duodecim Caesarum (Os Doze Césares), o grande tratado biográfico dos imperadores romanos.

No capítulo XXV do livro quinto da obra Vitae Duodecim Caesarum, Suetônio fala acerca de Tibério diz:
“Cláudio expulsou de Roma os judeus, que instigados por um tal Cristo, provocavam frequentes
tumultos.” Interesante notar que esta expulsão dos judeus por Cláudio é mencionada com a mesma
exatidção histórica dos Atos dos Apóstolos 18,2.

[4] Testemunha: Tácito ( Publius Gaius Cornelius Tacitus )


Período de vida: 55 a 120 d.c.

Credenciais: Considerado um dos maiores historiadores romanos da antiguidade. Suas obras principais
foram 'Annales' e 'Historiae', sobre a história do Império no século I.

Na parte XV de Annales, Tácito registrou: “Nero infligiu as torturas mais refinadas a esses homens que
sob o nome comum de cristãos, eram já marcados pela mais merecida das infâmias. Cristo, de quem o
nome deles se origina, sofreu a pena de morte durante o reinado de Tibério, pelas mãos de um de
nossos procuradores Pôncio Pilatos. E uma superstição maligna nasceu disso, não só na Judéia, de onde
o mal surgiu, mas mesmo em Roma, onde parece que todas as coisas vergonhosas do mundo se
encontram e popularizam. Assim foi declarada a prisão a todos que se declarassem culpados, e segundo
suas informações uma imensa multidão foi condenada, não tanto pelo crime de incendiar a cidade, mas
pelo ódio contra a humanidade. Suas mortes foram acompanhadas de humilhações. Cobertos com pelas
de animais eram atingidos como cães e morriam ou eram pregados em cruzes, ou queimados em
fogueiras para servir de iluminação noturna, quando o dia já tinha terminado."

[5] Testemunha: Luciano de Samósata (Λουκιανός ο Σαμοσατεύς)

Período de vida: 125 a 180 d.c

Credenciais: Escritor grego do século II, opositor da igreja, que ridicularizava o cristianismo. Escreveu
mais de 80 obras, conhecidas hoje como Corpus Lucianeum ("coleção luciânica").

Em seu livro 'A passagem de Peregrino' do Corpus Lucianeum, existem três trechos sobre os primeiros
cristãos de sua época, a saber: "Ele foi, segundo aqueles que ainda adoram, o homem da Palestina que
foi crucificado porque trouxe uma nova forma de iniciação ao mundo." (...) "Tendo convencido a si
mesmos que são imortais e que viverão para sempre, estes infelizes desprezam a morte e de vontade
própria dão suas vidas. Além disso, o seu legislador os persuadiu que eles se tornam todos irmãos a
partir do momento que transgridem e negam os deuses gregos e começam a adorar o sofista crucificado
e a viver segundo suas leis." (...) "Eles desprezam as posses sem distinção e tratam elas como
propriedade coletiva. Eles aceitam tudo isso apenas pela fé, sem qualquer evidência. Assim quando uma
pessoa aproveitadora e fraudulenta que sabe tirar vantagem se infiltra, pode se fazer enriquecer em
pouco tempo."

[6] Testemunha: Plínio, o Jovem (Caius Plinius Caecilius Secundus)

Período de Vida: 62 a 113 d.c

Credenciais:Famoso orador, jurista, político e cônsul e governador da Bitínia. Registrou a erupção do


Vesúvio e o a vida política do Império Romano.

Em uma carta enviada ao imperador Trajano (Epístola 97), Plínio escreveu: "... Tinham o hábito de se
reunir em um determinado dia fixo antes do amanhecer do dia, quando cantavam em versos alternados
um hino a Cristo, como a um deus, e vincularam-se por um juramento solene, não a cometer qualquer
maldade, mas a nunca cometer qualquer fraude, roubo ou adultério, nunca falsificar a sua palavra, nem
deixar de entregar uma relação de confiança quando necessário; após essa reunião, era o seu costume
se separar para então se reunir novamente e dividir os alimentos - mas a comida de um tipo comum e
inocente. Mesmo esta prática, no entanto, eles abandonaram após a publicação do meu edital, pelo
qual, de acordo com vossas ordens, eu tinha proibido as associações políticas. Julguei tanto mais
necessário extrair a verdade real, com a ajuda de tortura de duas escravas que eram diaconisas de estilo,
mas eu não consegui descobrir nada mais do que superstição depravada e excessiva.“(...).

[7] Testemunha: O Talmude da Babilônia

Período de Vida: entre 50 dc e 160 dc

Credenciais: O Talmude é um registro das discussões rabínicas de grande importância considerado


importantíssimo até o dia de hoje para o judaísmo. Este é um testemunho importante porque
teoricamente os judeus não teriam nenhum interesse em divulgar a existência de Jesus caso fosse
mentira.

Existem diversas passagens no Talmude que se referem a (Yeshu) nome hebraico para Jesus, muitas delas
ofensivas, mas de qualquer forma testemunhos históricos do impacto na comunidade Judaica dos
primeiros séculos. Eis as principais:

"Nossos rabinos ensinaram que Yeshu o Nazareno teve cinco discipulos, e este são eles: Matthai, Naqqai,
Netzer, Buni, and Todah. - Talmud Sanhedrin 43a

"Yeshu filho de Stada é Yoshua filho de Pandira?" O mestre Hisda disse: "O marido era de Stada e o
amante era Pandera" "Mas não era o marido Pappos filho de Yehuda e a mãe Stada?" "Não, sua mãe era
Miriam (Maria) que deixou o cabelo crescer e foi chamada Stada. Pumbedita disse sobre ela: "Ela foi
infiel ao marido." - Talmud Shabbat 104b, Sanhedrin 67a

"Na véspera da Pascoa, Yeshu o Nazareno foi pendurado e um arauto foi anunciado quarenta dias antes
dizendo " Yeshu o Nazareno será apedrejado porque praticou magia e instigou e seduziu Israel a
idolatria. Quem quer que saiba qualquer coisa em sua defesa deve pronunciar-se. Mas desde que
ninguém veio em sua defesa eles o penduraram na véspera da Páscoa. Ulla disse: "Vocês acham que
Yeshu de Nazaré é alguém de quem uma defesa pode ser feita? Ele foi um mesit (alguém que instiga
israel a idolatria), de quem o Misericordioso disse: "Não mostre compaixão e não o defenda (Deut 13:9).
Com Yeshuo Nazareno foi diferente, pois ele se aproximou do governador. - Talmud Sanhedrin 43a

[8] Testemunha: Celsus

Período de Vida: entre 130 dc e 200 d.c


Credenciais: Filósofo e satirista grego do século II, lembrado como opositor do Cristianismo.

Em sua obra de ataque a primeva comunidade cristã Celsus deixou registrado na obra que foi enviada a
Origenes em cerca de 180 d.c: "Os cristãos, você sabe, adoram um homem até hoje - este estranho
personagem que introduziu novos ritos, e foi crucificado por causa disso ... Você vê, essas criaturas
equivocadas partem da convicção geral de que eles são imortais, o que explica o desprezo pela morte e a
auto-devoção voluntária, que são tão comuns entre eles; foi ensinado a eles por este legislador que eles
são todos irmãos e a partir do momento que são convertidos, eles negam os deuses da Grécia, e adoram
este sábio crucificado e vivem segundo suas leis."

O Dilema Inescapável

Além destes documentos citados temos ainda os registros menores de Talo Samaritano (52 d.C), Mara
Bar-Serapião (73 d.c) e do neoplatônico Celso (séc. II) , entre outros. Mesmo diante desta documentação
histórica devastadora muitas pessoas ainda escolherão não acreditar nestes testemunhos. Elas podem
honestamente fazer isso. O que eles não podem fazer é duvidar honestamente disso sem também
duvidar de quase tudo o que sabemos sobre o Império Romano (Tácito, Suêtonio), sobre o Cerco de
Jerusalém e a tragédia de Massada (Flávio Josefo) ou do desastre do Vesúvio sobre Pompéia (Plínio, o
Jovem). Para estas pessoas o próprio conceito de História é impraticável e o conhecimento do passado
do mundo inexiste pois sempre dependerá do testemunho de alguém que viveu antes de nós.

Mas se por outro lado podemos confiar no testemunho destes historiadores, devemos admitir no
mínimo que se a vida de Jesus Cristo é uma mentira, então ela foi inventada na exata época e local onde
ele teria vivido. E mais importante do que isso, que era uma mentira boa o bastante para fazer com que
alguns milhares de cristãos do primeiro século, incluindo os apóstolos, preferissem dar suas vidas como
mártires por ela no lugar de desmenti-la. Muitas pessoas por comodismo ou desespero, de fato vivem de
ilusões, mas ninguém daria sua vida em favor do que sabe ser uma mentira.
Jesus Freak

O Evangelho é confiável?

Cruz de CristoSabendo que a figura de Jesus Cristo consta mesmo entre documentos não-cristãos já no
século I e considerando seu impacto na história, somos obrigados a perguntar. A história contada no
chamado Novo Testamento é histórica? Trata-se de algo que realmente aconteceu cerca de dois mil anos
atrás? Falamos de história ou mitologia? Seriam eles realmente fontes primárias de testemunhas
oculares? Em outras palavras, sabendo agora que Jesus realmente existiu, precisamos descobrir se
podemos confiar no relato bíblico sobre sua vida e ensinamentos.

Os critérios para definirmos como autênticos um documento histórico é o próprio coração da


Historiografia. Para resumir bastante essa questão - os positivistas do XIX entendiam como documento
histórico apenas aqueles que eram oficiais e comprovadamente gerados por algum tipo de órgão oficial
(governo). A função do historiador era apenas a de levantar esses documentos oficiais e elencar dadas,
nomes e supostos fatos. Foi a época da História Factual. Usando este critério podemos confirmar muitos
dos fatos dos evangelhos e , o que é mais importante, dele nada podemos negar. Confirmamos a
existência dos grandes líderes políticos mencionados no evangelho.

O Palácio e Tumba de Herodes, dão testemunha de sua existência, e sabemos por registros oficiais que
ele matou uma de suas dez esposas, três de seus próprios filhos, dois de seus cunhados e diversos de
seus servos. Um perfil condizente com o responsável pelo infanticídio descrito no evangelho de
Matheus.

A Tumba de Caifás é outro ótimo exemplo, pois até 1990 não tinhamos nenhuma prova de que este
personagem, tão relevante na história contada pelo Novo Testamento, realmente existiu. neste ano foi
encontrada em Israel uma tumba ricamente decorada, como cabia a uma família importante com
seguinte inscrição: “José filho de Caifás”. Para corroborar esta descoberta Flavio Josefo (visto acima)
também identifica “José Caifás” como Sumo Sacerdote Fariseu entre os anos 18 e 37 d.c.

Estas é outras descobertas arqueológicas dão credibilidade ao relato bíblico, mas a História Factual
apresenta um problema em seus critérios, que passaram a ser criticados durante pela chamada Escola
dos Annales dos anos 1920 em diante. A principal crítica é que a História produzida pelos positivistas
acabava obviamente tendo como lentes a oficialidade dos órgãos produtores dos documentos, gerando
assim uma História dos "vencedores". Com o movimento dos Annales a noção de documento histórico se
estendeu - chegando até o que hoje chamamos de História das Mentalidades. Essa apresenta uma busca
mais abrangente do que pode ser chamado de documento histórico. Isto é especialmente relevante para
o caso dos evangelhos porque ele não é de forma alguma um relatório oficial do governo, mas o relato
feito por homens comuns da época, e a escola da História Factual só poderia corroborar os evangelhos
de forma indireta.

Existem três condições para saber se um documento, seja ele uma carta de amor ou uma nota fiscal é
genuíno retrato de seu tempo. Ele deve ser:

Autêntico - deve ser escrito na época e pelo autor que se atribui;

Íntegro - deve ter chego aos dias de hoje sem alterações substanciais.

Verídico - deve ser honesto e não querer enganar seus leitores;

Vejamos se os evangelhos passam nesta prova:

Autenticidade

Muito dificilmente um autor posterior aquele momento histórico poderia ter feito as narrativas dos
evangelhos. O evangelho mais antigo, de Marcos foi escrito por volta de 70 dc e o mais recente de João
em torno de 95dc. Note que em 70dc. Jerusalém foi destruída e a nação judaica foi desterrada em
massa. Qualquer escritor posterior não poderia ter feito uma descrição tão boa dos lugares, geografias e
detalhes culturais que só seriam desterrados séculos depois. João 5:1-15 por exemplo fala de uma
piscina pública de Betesda dando sua localização precisa e sua descrição como sendo de 5 partições.
Ora, essa piscina só foi encontrada em 1872 nas escavações do arqueólogo alemão Conrad Schick em
Jerusalem, correspondendo exatamente com a descrição e localização bíblica. O mesmo aconteceu com
a piscina de Siloam citada em João 9:7 e descoberta em 1897. Este lugares eram certamente conhecidos
pelos habitantes da cidade e só foram redescobertos séculos depois.

Outro caso que não pode ser esquecido é o da cidade de Nazaré. Por muito tempo os céticos alegaram
que esta cidade não existia nos tempos de Jesus e que portanto todo evangelho era falso. O consenso
era que a Nazaré que conhecemos hoje foi fundada pelo Imperador Constantino no século IV e tornou-se
então um centro de peregrinação. De fato, a primeira menção histórica a Nazaré tirando os evangelhos
só apareceu no século VII. Contudo o século XX mudou esta história com a descoberta de uma lista de
relocação encontrada em Jerusalem. Com a destruição do templo em 70 dc muitas famílias de fariseus
foram relocadas para outras localidades. E destas 24 famílias uma foi registrada como oficialmente
enviada para... Nazaré.

Estes e outros exemplo que poderiam ser citados são testemunhos de que os evangelhos foram escritos
na época e na região em que alegam ter sido escritos "No décimo quinto ano do reinado de César
Tibério". Mas além destes temos ainda a análise linguística que revelam diversos hebraismos, que são
formas de expressões muito próprias dos hebreus daquela época e que transparecem no grego vulgar no
qual os evangelhos foram escritos.

Além disso as cópias mais antigas que temos dos evangelhos nos apontam todos para o oriente médio
do século primeiro. Se o comparamos essas datações com as que temos de outras figuras da antiguidade
podemos dizer que temos muito mais certeza da historicidade de Jesus do que a de Júlio César. Compare
os personagens abaixo com suas respectivas documentações:

Personagem Cópia documental mais antiga que o mencione


Virgílio 500 anos depois

Horácio 900 anos depois

Júlio César 1100 anos depois

Platão 1400 anos depois

Homero 1900 anos depois

Jesus Cristo 300 anos depois (Códice Alexandrino)

200 anos depois (Códice Sinaítico)

130 anos depois (Papiro de Chester Beatty)

100 anos depois (Papiro de Bodmer

25 anos depois (Fragmento de Rylands)


Integridade

Se não podemos duvidar que os evangelhos foram escritos no tempo e espaço que dizem ter sido, talvez
possamos duvidar que seu texto tenha chegado até nos sem distorções. Em outras palavras, sendo
autênticos questionamos se são íntegros. Afinal sendo tão antigos talvez os copistas fizeram omissões e
interpolações que comprometessem a historicidade dos evangelhos.

O problema deste tipo de ataque é que o número de cópias dos evangelhos sempre foi muito
abundante, mesmo muito antes da invenção da imprensa. Cristãos desde o século I fizeram suas cópias
para usarem em seu culto, meditação e liturgia. Assim temos hoje milhares de transcrições antiquíssimas
dos evangelhos. São cerca de 6 mil manuscritos gregos e mais de 40 mil traduções para o latim, copta,
armênio, e outras línguas da época. Some a isso mais 1500 lecionários que são citações do evangelho
organizada por dias para serem estudadas em um ano e as citações dos evangelhos em outros
manuscritos antigos.

Com tantas e tantas cópias o evangelho que temos hoje esta em uma posição privilegiada para garantir
sua integridade, pois é extremante fácil desmascarar o copista que alterar o texto. O desvio da norma de
fato apareceu ao longo dos séculos e sempre foram detectados diante do testemunho dos copistas fiéis
que são a maioria.

Ademais a integridade é garantida pelo processo histórico de descobrimento de manuscritos mais


antigos. No século XVI houve uma profussão de descobertas de cânones do século VIII, que eram os mais
antigos conhecidos até então. Séculos depois foram descobertas novas cópias dos séculos V e IV que
concordavam com o que já se conhecia até então. No século XIX em diante foram encontrados,
principalmente no Egito, papiros do século IV e II com os mesmíssimos textos.

Veracidade
Hoje estamos certos que os evangelhos foram escritos pelos cristãos no século I, não podemais haver
dúvida quanto a sua autenticidade e a espantosa coincidência textual de milhares de manuscritos
espalhados por mais de dois mil anos de história é uma garantia sem igual para a integridade. Desta
forma a maioria dos argumentos contra a história de Cristo do século XIX para frente tem sido contra a
veracidade, honestidade se quiser, de seus autores.

Um argumento pela veracidade é o fato dos evangelistas não se calarem diante de seus próprios defeitos
e de fatos embaraçosos para os cristãos. Estas passagens não são sequer suavizadas. A traição de Judas,
discipulo que foi escolhido pessoalmente por Jesus. O abandono por parte dos apóstolos na hora da
crucificação. A negação e reprimendas que Pedro tomou, considerando que Pedro era o mestre de
Mateus e mesmo a exclamação na cruz ""Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" A única
explicação para a presença destes fatos vergonhosos é que eles realmente ocorreram. Se um evangelista
os omiti-se ou deturpa-se ele sabia que seria denunciado pelos seus contemporâneos. Todos estes fatos
são embaraçosos e a tentação de omití-los foi sem dúvida maior do que o desejo de escreve-los.
Contudo estão lá. Este ponto deveria bastar para lhes darmos ouvidos e garantir sua veracidade, mas
existem outros.Não podemos esquecer que os cristãos do primeiro século não deixaram apenas o
testemunho de sua tinta, mas também de seu sangue. Você já ouviu falar de alguém que deu sua própria
vida por uma mentira? Esse pensamento levou Pascal a dizer: "Creio com mais facilidade nas histórias
cujas testemunhas se deixaram martirizar em comprovação de seu testemunho". É inegável que os
milhares de martírios deste período, inclusive os de Mateus e Marcos atestam a veracidade da história,
ou no mínimo a fé intensa nesta verdade.

Objetividade

Tudo isso visto resta apenas o argumento da insanidade na tentativa de invalidar a mensagem do
evangelho. Os evangelistas realmente escreveram de boa fé, e sua mensagem chegou até nos sem erro,
mas eles estavam delirando. De alguma forma interpretaram mal os fatos ou estavam enganados.
Todavia assim fosse, teríamos que considerar que tratou-se de uma das maiores ilusões coletivas da
história da humanidade pois os autores dos evangelhos não estavam sozinhos, mas acompanhados dos
milhares de cristãos e em especial mártires do século primeiro que deixaram seu próprios testemunhos
na história.

Já é difícil acreditar que duas pessoas (Mateus e João) compartilhassem alucinações idênticas com
tantos detalhes quanto mais aceitar que cinco mil pessoas tiveram a mesma alucinação ao mesmo
tempo e cressem nela a ponto de darem suas próprias vidas para não negarem essa fé. Ademais não
teria sido uma única grande alucinação mas diversas alucinações coletivas espalhadas pelos 3 anos e
meio que compõem o ministério de Jesus. Mais do que uma impossibilidade estatística, isto seria por si
só um outro milagre a ser explicado.
Conclusão

Assim podemos dizer com segurança que os evangelhos são autênticos, íntegros, honestos e falaram de
coisas que realmente aconteceram. De certo não são coisas comuns e por isso mesmo demandam uma
reflexão profunda. Um amigo lhe telefona. Você sabe que é ele. Você sabe que não há ruído na
mensagem. Você sabe que ele é honesto e não está delirando (outros três amigos lhe contaram a mesma
coisa.). Sua opção é ouvir a mensagem e enfrentar o impacto dela na sua vida ou simplesmente desligar
o telefone e torcer para não ser algo muito importante.

O Grande Inquisidor

Grande InquisitorÉ preciso, sob o ponto de vista literário, que o meu poema tenha um preâmbulo.

A acção passa-se no século XVI; bem sabes que era costume, nesta época, fazer intervir nos poemas os
poderes celestes. Não falo de Dante(1). Em França, os «clercs de la basoche»(2) e os monges davam
representações em que punham em cena Nossa Senhora, os anjos, os santos, Cristo e Deus. Eram
espectáculos ingénuos. Na Nossa Senhora de Paris, de Vítor Hugo, o povo é convidado, no tempo de Luís
XI, em Paris, e em honra do nascimento do Delfim, para uma representação edificante e gratuita: O Bom
Juízo da Sagrada e Graciosa Virgem Maria. Neste mistério aparece a própria Virgem a pronunciar o seu
«bom Juízo». No nosso país, em Moscovo, antes de Pedro, o Grande, davam-se, de tempos a tempos,
representações deste género, inspiradas sobretudo no Velho Testamento. Além disso, circulava uma
grande quantidade de narrativas e de poemas em que figuravam, segundo as necessidades, os santos, os
anjos, o exército celeste. Nos mosteiros traduziam-se e copiavam-se estes poemas, e compunham-se
mesmo outros novos, tudo sob a dominação dos Tártaros.

Existe, por exemplo, um pequeno poema, traduzido sem duvida do grego: A Virgem no Inferno com
quadros duma audácia dantesca: a Virgem visita o Inferno, guiada pelo arcanjo S. Miguel, e vê os
condenados e os seus tormentos; entre outros, há uma categoria muito interessante de pecadores: os
do lago de fogo; mergulham no lago e nunca mais aparecem: são aqueles «de que até Deus se esquece»
- expressão esta duma profundeza e duma energia notável. A Virgem, chorando, cai de joelhos diante do
trono de Deus e pede o perdão de todos os pecadores que viu no Inferno, sem distinção; o Seu diálogo
com Deus é dum interesse extraordinário; suplica, insiste e, quando Deus Lhe mostra os pés e as mãos
do Filho furados pelos pregos e Lhe pergunta: «Como poderia eu perdoar aos seus verdugos?» -, ordena
a todos os santos, a todos os mártires, a todos os anjos que se ponham de joelhos como Ela e implorem
a Deus que perdoe a todos os pecadores, sem distinção. Obtém, por fim, que cessem os tormentos,
todos os anos, desde Sexta-Feira Santa ao Pentecostes, e os condenados, do fundo do Inferno,
agradecem a Deus e gritam: «Senhor, a Tua sentença é justa!». Pois bem: o meu poemazito teria sido
deste género, se o tivesse escrito nessa época. Deus aparece; não diz nada; só passa. Rodaram quinze
séculos, depois que prometeu voltar ao Seu reino, depois que o Seu profeta escreveu: «Cedo voltarei;
quanto ao dia e à hora, o Filho mesmo não os conhece; só o sabe meu Pai que está nos Céus», segundo
as próprias palavras que pronunciou na Terra. E a humanidade espera-O com a mesma fé que outrora, fé
mais ardente ainda, porque já quinze séculos passaram depois que o Céu deixou de dar penhores aos
homens: «Crê no que te diz o coração; os Céus não dão penhores».

É verdade que se produziam então numerosos milagres: os santos realizavam curas maravilhosas, a
Rainha dos Céus visitava certos justos, a acreditar no que narram as biografias. Mas o Diabo não dorme;
a humanidade começa a duvidar da autenticidade destes prodígios. Neste momento, nasceu na
Alemanha uma heresia terrível que negava os milagres. «Uma grande estrela, ardendo como um facho (a
Igreja, evidentemente!), caiu sobre as fontes das águas, que se tornaram amargas». A fé dos fiéis
redobrou. As lágrimas da humanidade elevam-se para Ele como outrora, e aguardam-n'O e amam-n'O e
têm esperança n'Ele como outrora... Já há tantos séculos que a humanidade roga com ardor:

«Senhor, digna-Te aparecer-nos», já há tantos séculos que para Ele vão seus gritos, que, na Sua
misericórdia infinita, quis descer junto dos fiéis. Já antes tinha visitado, pelo que nos dizem os biógrafos,
alguns justos, mártires e santos anacoretas. Entre nós, Pintchev(3), que acreditava profundamente na
verdade das Suas palavras, proclamou que «curvado ao peso da Sua cruz e com humilde aparência, o Rei
dos Céus te percorreu, ó terra natal, a abençoar-te toda».

Mas eis que se quis mostrar, por um instante ao menos, ao povo sofredor e miserável, ao povo
mergulhado nos pecados, mas que O ama ingenuamente. A acção passa-se em Espanha, em Sevilha, na
época mais terrível da Inquisição, quando todos os dias, para glória de Deus, se acendiam as fogueiras e
«os medonhos hereges ardiam em soberbos autosde- fé». Oh! não foi assim que prometeu voltar, no fim
dos tempos, em toda a Sua glória, subitamente, «como um relâmpago que brilha de Oriente a
Ocidente». Não; quis visitar Seus filhos, precisamente no lugar em que crepitavam as fogueiras dos
hereges. Na Sua infinita misericórdia, volta para entre os homens com a forma que tinha durante os três
anos de vida pública. Desce pelas ruas ardentes da cidade meridional em que, justamente na véspera,
em presença do rei, dos cortesãos, dos cavaleiros, dos cardeais e das mais gentis damas da corte, o
grande inquisidor mandou queimar uma centena de hereges, ad majorem gloriam Dei(4). Apareceu
suavemente, sem se fazer notar, e, coisa estranha, todos O reconhecem; a explicação do motivo seria um
dos mais belos passos do meu poema; atraído por uma força irresistível, o povo comprime-se à Sua
passagem e segue-Lhe os passos. Silencioso, passa pelo meio da multidão com um sorriso de compaixão
infinita. Tem o coração abrasado de amor, dos olhos se Lhe desprendem a Luz, a Ciência, a Força que
irradiam e nas almas despertam o amor. Estende-lhes os braços, abençoa-os, e uma virtude salutar
emana do Seu contacto e até dos Seus vestidos. Um velho, cego de criança, grita dentre o povo: «Senhor,
cura-me e ver-Te-ei»; cai-lhe uma escama dos olhos e o cego vê. O povo derrama lágrimas de alegria e
beija o chão que Ele pisa. As crianças deitam-Lhe flores no caminho; todos cantam, todos gritam:
Hossana! É Ele, deve ser Ele, não pode ser senão Ele! Pára no adro da Catedral de Sevilha, no momento
em que trazem um caixãozinho branco, com uma menina de sete anos, filha única de um homem
importante. A morta está coberta de flores.

- Vai ressuscitar a tua filha - gritam da multidão para a mãe cheia de lágrimas.

O padre que viera ao encontro do caixão olha com ar perplexo e franze o sobrolho. De repente, ouve-se
um grito e a mãe lança-se-Lhe aos pés: «Se és Tu, ressuscita-me a filha! - e estende-Lhe os braços. O
préstito pára, pousam o caixão nas lajes. Ele contempla-o com piedade e a Sua boca profere
suavemente, uma vez mais: Talitha kum, e a rapariga levantou-se. Soergue-se a morta, senta-se e olha
em torno, sorridente, com um ar de espanto; segura nas mãos o ramo de rosas brancas que lhe tinham
posto no caixão. Na gente que assiste, há perturbação, gritos e choros. Neste instante, passa pela praça o
cardeal grande inquisidor. É um velho alto, quase nonagenário, com uma face seca e olhos cavados, onde
ainda brilha, porém, uma centelha. Não tem o vestuário pomposo com que no dia anterior se pavoneava
diante do povo, enquanto se queimavam os inimigos da Igreja romana; voltou ao grosseiro burel. Os
taciturnos ajudantes e a guarda do Santo Ofício seguem-no a respeitosa distância. Pára diante da
multidão e observa-a de onge. Viu tudo, o caixão pousado perante Ele, a ressurreição da criança - e a
face tornou-se-lhe sombria. Franze as espessas sobrancelhas e os olhos brilham-lhe com sinistro clarão.
Aponta-O com o dedo e ordena aos guardas que O prendam. Tão grande é o seu poder e tão habituado
está o povo a submeter-se, a obedecer-lhe, tremendo, que a multidão se afasta diante dos esbirros;
estes, no meio de um silêncio de morte, seguram-n'O e levam-n'O. Como um só homem, o povo inclina-
se até o chão diante do velho inquisidor que o abençoa sem dizer palavra e prossegue o seu caminho.
Conduzem o Preso ao velho e sombrio edifício da Inquisição, metem-n'O em estreita cela abobadada.
Termina o dia e chega a noite, uma noite de Sevilha, quente e sufocante. O ar está todo perfumado de
loureiros e limoeiros. De súbito, nas trevas, abre-se a porta de ferro do calabouço e o grande inquisidor
aparece, com um archote na mão. Está só e a porta se fecha por trás dele. Pára no limiar, considera
longamente a Face Sagrada. Por fim, aproxima-se, pousa o archote na mesa e diz-Lhe:

- És Tu, és Tu? - E, como não recebe resposta, acrescenta rapidamente:

- Não digas nada, cala-Te. De resto, que poderias Tu dizer? Já o sei de mais.
Não tens o direito de juntar uma palavra ao que disseste outrora. Porque vieste incomodar-nos? Bem
sabes que nos incomodas. Mas, sabes o que acontecerá amanhã? Ignoro quem és e nem quero sabê-lo:
és Tu ou somente a Sua aparência? Mas amanhã hei-de condenar-Te e serás queimado como o pior dos
heréticos e o mesmo povo que hoje Te beijava os pés se precipitará amanhã, a um sinal meu, para deitar
lenha na fogueira. Sabes tudo isso? Talvez - diz ainda o velho, pensativo, com os olhos sempre fixos no
Preso.

- Não compreendo bem o que isso quer dizer, Ivã - objectou Aliocha, que tinha escutado em silêncio. - É
uma fantasia, um erro do velho, um estranho mal-entendido?

- Admite essa última hipótese - respondeu lvã, rindo - se o realismo moderno te tornou a esse ponto
refractário ao sobrenatural. Seja como tu quiseres. É verdade, o meu inquisidor tem noventa anos e
pode ser que a sua ideia lhe tenha perturbado o espirito já há muito. Pode ser, enfim, um simples delírio,
o sonho de um velho antes do fim, com a imaginação excitada pelo corrente auto-de-fé. Mas, mal-
entendido ou fantasia, que nos importa? O que é preciso notar somente é que o inquisidor revela
finalmente o seu pensamento, descobre o que calou durante toda a sua carreira.

- E o Preso não diz nada? Contenta-se em olhar?

- Decerto. Não tem outra coisa a fazer senão calar-se. O próprio velho lhe faz observar que não tem o
direito de juntar nem mais uma palavra ao que disse antigamente. Na minha humilde opinião, é esta
talvez a característica fundamental do catolicismo romano: «Tudo foi transmitido por Ti ao papa, tudo
depende agora do papa; não venhas incomodar-nos, antes do tempo, pelo menos.» Tal é a doutrina
deles; em qualquer caso, é a dos Jesuítas; encontrei-a nos seus teólogos. «Tens Tu o direito de nos
revelar um só dos segredos do mundo donde vens?» - pergunta o velho que logo responde em lugar do
Outro: «Não, não tens o direito de o fazer, porque esta revelação se juntaria à de outrora, e isso seria
retirar aos homens a liberdade que tanto defendias na Terra. Todas as Tuas novas revelações infringiriam
a liberdade da fé, porque pareceriam miraculosas; ora, Tu punhas acima de tudo, há quinze séculos, esta
liberdade da fé». Não disseste Tu muitas vezes: «Quero tornar-vos livres»? Pois bem: lá os viste, aos
homens «livres» - acrescenta o velho, com um ar sarcástico. Sim, custou-nos caro - prossegue, olhando-
o, com severidade, mas, enfim, sempre completámos em Teu nome esta obra. Foram necessários quinze
séculos de rude trabalho para instaurar a liberdade; mas está pronto, e bem pronto. Não crês? Olhasme
com brandura, sem mesmo dares a honra de Te indignares? Mas é bom saberes que nunca os homens se
julgaram tão livres como hoje, e, contudo, depuseram a nossos pés, humildemente, a sua liberdade. É
esta a nossa obra, na verdade; é a liberdade que Tu sonhavas?
- Não compreendo outra vez - interrompeu Aliocha; é uma ironia dele, é uma troça?

- De modo nenhum! Gaba-se de terem, Ele e os Seus, suprimido a liberdade, com o objectivo de tornar
os homens felizes. «Porque é agora, pela primeira vez (fala da Inquisição, bem entendido), que se pode
pensar na felicidade dos homens. São, por natureza, uns revoltados; podem os revoltados ser felizes? Tu
estavas prevenido, não Te faltaram conselhos, mas não Te importaste, puseste de parte o único meio de
obter a felicidade para os homens; e foi uma sorte que, ao partires, nos tivesses transmitido a obra, nos
tivesses prometido, nos tivesses solenemente concedido o direito de ligar e desligar; não poderias agora
pensar em nos retirares esse direito. Porque vieste incomodar-nos?

- Que significa isso: «Não Te faltaram avisos e conselhos»?

- Mas é o ponto capital do discurso do velho. «O Espírito terrível e profundo, o Espírito da destruição e
do nada - continua ele - falou-Te no deserto e contam as Escrituras que Te «tentou». É verdade? E
podiam ter-Te dito alguma coisa de mais penetrante que as três perguntas, ou, para falar como as
Escrituras, as «tentações» que repeliste?

Se jamais houve na Terra um milagre autêntico e retumbante, foi no dia dessas três tentações. Basta o
facto de se terem formulado as três perguntas para que haja o milagre. Suponhamos que desapareciam
das Escrituras, que era preciso reconstitui-las, imaginá-las de novo para as pôr lá outra vez, e que, para
esse fim, se reuniam todos os sábios da Terra, homens de Estado, prelados, homens de ciência, filósofos,
poetas, e se lhes dizia: «Imaginai, redigi três perguntas que não somente correspondam à importância
do acontecimento, mas exprimam ainda, em três frases, toda a história da humanidade futura; achas
que este areópago da sabedoria humana poderia imaginar alguma coisa de tão forte e de tão profundo
como as três perguntas que te propôs então o poderoso Espírito? Elas provam, sozinhas, que se tratava
do Espírito eterno e absoluto, não dum espírito humano transitório, porque resumem e predizem ao
mesmo tempo toda a história posterior da humanidade; são as três formas em que se cristalizam todas
as contradiçõe insolúveis da natureza humana. Nesse momento, ninguém deu conta de nada, porque o
futuro estava encoberto, mas hoje, como passaram quinze séculos, vemos que tudo fora previsto nas
três perguntas e se realizou a tal ponto que é impossível juntar ou cortar uma só palavra.

«Decide Tu próprio quem tinha razão, Tu ou aquele que Te interrogava. Lembra-Te da primeira, pelo
menos do sentido: querer ir pelo mundo com as mãos vazias, a pregar aos homens uma liberdade que a
sua estupidez e a sua ignomínia natural os impedem de compreender, uma liberdade que lhes faz medo,
porque nada há nem nunca houve tão intolerável para o homem e para a sociedade! Vês estas pedras
neste árido deserto? Transforma-as em pães e a humanidade seguirá os Teus passos, como um rebanho
dócil e reconhecido, mas sempre com medo que a Tua mão se retire e que o pão se lhe acabe.

«Mas não quiseste privar o homem da liberdade e recusaste, achando que ele era incompatível com a
obediência comprada como os pães. Replicaste que o homem não vive só de pão; mas, sabes que em
nome do pão terrestre o Espírito da Terra se levantará contra Ti, lutará e Te há-de vencer, e que todos o
hão-de seguir gritando: «Quem se pode comparar com a besta que nos dá o fogo do Céu?» Hão-de
passar os séculos e a humanidade proclamará, pela boca dos seus homens de ciência e dos seus sábios,
que não há crimes e que, por conseguinte, não há pecados: só há famintos. «Alimenta-os e só depois
podes exigir que sejam virtuosos!» Eis o que se há-de inscrever no estandarte da revolta que abaterá o
Teu templo. Elevarão em vez dele um novo edifício, uma segunda torre de Babel que, sem dúvida, como
a primeira, ficará por terminar; mas poderias ter poupado aos homens esta nova tentativa e mil anos de
sofrimento. Hão-de vir procurar-nos, depois de se terem esforçado, durante mil anos, por construir a sua
torre. Hão-de procura-nos debaixo do chão como outrora, nas catacumbas em que estaremos
escondidos (porque nos perseguirão de novo) e hão-de clamar: «Dai-nos de comer, porque aqueles que
nos tinham prometido o fogo do Céu nada nos deram.» Então havemos de acabar a torre, porque para
tal só é preciso comida, e nós os alimentaremos, em Teu nome, claro, e lho faremos crer. Sem nós,
estarão sempre com fome.

Nenhuma ciência lhes dará o pão enquanto estiverem livres; e hão-de depôla a nossos pés, a essa
liberdade, e dirão: «Fazei de nós escravos, mas alimentai-nos.» Compreenderão, enfim, que a liberdade
é inconciliável com o pão da Terra à discrição, porque nunca hão-de saber reparti-lo entre si! Também se
hão-de convencer da sua impotência para se tornarem livres, porque são fracos e depravados,
revoltados e nulos. Prometias-lhes o pão do Céu; e, vamos lá uma vez mais, acaso se pode ele comparar
com o da Terra aos olhos da fraca raça humana, eternamente ingrata e depravada? Milhares e dezenas
de milhares de almas Te hão-de seguir por causa deste pão, mas que há-de ser dos milhões e dos biliões
que não tiverem coragem de preferir o pão do Céu ao pão da Terra? Não serias Tu amigo senão dos
grandes e dos fortes, para quem os outros, a multidão inumerável, que é fraca, mas que Te ama, serviria
apenas de matéria explorável? Mas nós somos também amigos dos seres fracos. Embora depravados e
revoltados, hão-de tornar-se finalmente dóceis. Hão-de admirar-nos e hão-de julgar-nos deuses por
termos consentido, pondo-nos à frente deles, em assegurar a liberdade que temiam e em dominá-los;
tal será, por fim, o seu medo de serem livres. Mas dir-lhes-emos que somos Teus discípulos, que
reinamos em Teu nome.

Enganá-los-emos de novo, porque nessa altura não deixaremos que Te aproximes de nós. E é esta
impostura que constituirá o nosso sofrimento, porque seremos obrigados a mentir. É este o sentido da
primeira pergunta que Te fizeram no deserto e foi isto o que Tu repeliste em nome da liberdade que
punhas acima de tudo. Continha, no entanto, o segredo do mundo. Se tivesses consentido no milagre
dos pães, terias acalmado a eterna inquietação da humanidade - indivíduos e colectividade - : «diante de
quem se inclinar?» Porque não há para o homem que ficou livre cuidado mais constante e mais doloroso
do que o de procurar um ser diante do qual se incline. Mas não quer inclinar-se senão diante de uma
força incontestada, que todos os seres humanos respeitam por um consentimento universal.

Estas pobres criaturas atormentam-se na busca de um culto que reuna não somente alguns fiéis, mas no
qual comunguem todos juntos, unidos pela mesma fé. Esta necessidade do comum na adoração é o
principal tormento de cada indivíduo e da humanidade inteira, desde o começo dos séculos. É para
realizar este sonho que tem havido os extermínios a gládio. Os povos forjaram deuses e desafiaram-se
uns aos outros: «Abandona os vossos deuses, adorai os nossos; senão, ai de vós e dos vossos deuses!» E
será assim até o fim do mundo, mesmo quando já os deuses tiverem desaparecido; prostrar-se-ão diante
dos ídolos. Não ignoravas, não podias ignorar este segredo fundamental da natureza humana e, contudo,
repeliste a única bandeira infalível que Te ofereciam e que teria curvado, sem contestação, todos os
homens diante de Ti, a bandeira do pão terrestre; repeliste-a em nome do pão celeste e da liberdade! Vê
o que fizeste depois, e sempre em nome da liberdade! Não há, torno a dizer-Te, anseio mais doloroso
para o homem que o de ncontrar o mais cedo possível um ser a quem entregue este dom da liberdade
que o desgraçado traz ao nascer. Mas, para dispor da liberdade dos homens, é necessário dar-lhes a paz
da consciência. O pão garantia-Te o êxito; o homem inclina-se diante de quem o dá, porque é coisa
incontestada; mas logo que outro se assenhoreie da consciência humana, deixará o Teu pão para seguir
quem cativou a sua consciência. Nisto tinhas Tu razão, porque o segredo da existência humana consiste,
não somente em viver, mas também em encontrar um motivo de viver. Sem uma ideia nítida do fim da
existência, o homem prefere abandoná-la e, embora estivesse rodeado de montões de pão, antes seria
capaz de suicidar-se do que de ficar na Terra. Mas, que aconteceu? Em lugar de Te apoderares da
liberdade humana, foste alargá-la ainda mais! Esqueceste que o homem prefere a paz, e até a morte, à
liberdade de discernir o Bem e o Mal? Nada há de mais sedutor para o homem do que o livre arbítrio,
mas nada há também de mais doloroso. E, em vez de

princípios sólidos que tivessem tranquilizado para sempre a consciência humana, escolheste noções
vagas, estranhas, enigmáticas, tudo o que ultrapassa a força dos homens; agiste, portanto, como se os
não amasses, Tu, que tinhas vindo para dar a vida por eles! Aumentaste a liberdade humana em lugar de
a confiscares e impuseste assim, para sempre, ao ser moral as agonias dessa liberdade. Querias ser
livremente amado, voluntariamente seguido pelos homens que tivesses encantado. Em vez da dura lei
antiga, o homem devia, daí por diante, discernir, de coração livre, o Bem e o Mal, não tendo para o guiar
senão a Tua imagem; mas não previas que por fim repeliria e contestaria mesmo a Tua imagem e a Tua
verdade, porque estava esmagado pelo fardo terrível da liberdade de escolher? Hãode gritar que a
verdade não estava em Ti; de outro modo, não os terias deixado em tão angustiosa incerteza, com tantos
cuidados e tantos problemas insolúveis. Preparaste assim a ruína do Teu reino; não deves, portanto,
acusar ninguém dessa ruína. Era isto, contudo, o que Te propunham? Há três forças, as únicas que
podem subjugar para sempre a consciência destes fracos revoltados: são o milagre, o mistério, a
autoridade! A todas três afastaste, dando assim um exemplo. O Espírito terrível e fecundo transportara-
Te ao pináculo do templo e dissera-Te: «Queres Tu saber se és Filho de Deus? Atira-Te abaixo, porque
está escrito que os anjos O hão-de sustentar e segurar e não Se ferirá; ficarás então a saber se és o Filho
de Deus e provarás assim a Tua Fé em Teu Pai.» Mas repeliste a proposta e não Te precipitaste.
Mostraste nessa altura uma altivez sublime, divina, mas os homens, raça fraca e revoltada, não são
deuses! Sabias que, se desses um passo, se fizesses um gesto para Te precipitares, terias tentado o
Senhor e perdido a Fé que n'Ele tinhas. Com grande alegria do tentador, ter-Te-ias despedaçado na Terra
que vinhas salvar. Mas haverá muitos como Tu? Podes admitir por um instante que os homens teriam a
força de resistir a semelhante tentação? É próprio da natureza humana repelir o milagre e, nos
momentos graves da vida, perante as questões capitais e dolorosas, entregar-se à livre decisão do
espírito? Oh!

Tu sabias que a Tua firmeza seria relatada nas Escrituras, atravessaria as

idades, atingiria as regiões mais longínquas, e esperavas que, seguindo o

Teu exemplo, o homem se contentasse com Deus, sem recorrer ao milagre.

Mas ignoravas que o homem repele Deus ao mesmo tempo que o milagre, porque é sobretudo o milagre
o que ele busca. E, como não era capaz de passar sem ele, forja novos milagres, os seus próprios
milagres, e inclina-se diante dos prodígios dum mago, dos sortilégios de uma feiticeira, mesmo que seja
um revoltado, um herético, um ímpio confesso. Não desceste da cruz quando zombavam de Ti e Te
gritavam por troça: «Desce da cruz e acreditaremos em Ti.» Não o fizeste, porque não querias escravizar
de novo o homem com um milagre; desejavas uma fé que fosse livre e não inspirada pelo maravilhoso.
Era-Te necessário um livre amor, não os transportes dum escravo aterrado. Ainda aí fazias uma ideia
elevada dos homens, porque são escravos, embora tenham sido criados rebeldes. Vê e ajuíza, após
quinze séculos: quem elevaste até junto de Ti? Posso jurar-to: o homem é mais fraco e mais vil do que Tu
julgavas. Acaso pode ele realizar o mesmo que Tu? A grande estima que tinhas pelos homens prejudicou
a piedade. Exigiste-lhes demasiado, Tu que, no entanto, os amavas mais do que a Ti próprio! Estimando-
os menos, ter-lhes-ias imposto fardo mais leve, mais de acordo com o Teu amor. São cobardes e fracos.
Que importa que se insurjam agora contra a nossa autoridade e se orgulhem da sua revolta? É o orgulho
dos rapazitos de escola que se amotinaram e expulsaram o mestre.

A alegria dos garotos acabará e custar-lhes-á cara. Derrubarão os templos e inundarão a Terra de sangue;
mas perceberão por fim, essas estúpidas crianças, que não são mais do que fracos revoltados incapazes
de manter a sua revolta durante muito tempo. Derramarão lágrimas absurdas e compreenderão que o
Criador, fazendo-os rebeldes, quis troçar deles, com certeza. Hão-de chamá-Lo com desespero e esta
blasfémia torná-los-á ainda mais infelizes porque a natureza humana não suporta a blasfémia e acaba
sempre por se vingar. A inquietação, as perturbações, a infelicidade, eis aqui o que possuem os homens,
depois de tudo que sofreste pela sua liberdade! O Teu eminente profeta diz, na sua visão simbólica, que
viu todos os que participavam da primeira ressurreição, e que havia doze mil para cada tribo.

Para serem tão numerosos deviam ser mais do que homens, deviam ser quase deuses. Suportavam a Tua
cruz e a vida no deserto, alimentados a gafanhotos e a raízes; decerto podes estar orgulhoso destes
filhos da liberdade, do livre amor, do sublime sacrifício em Teu nome. Mas lembra-Te de que não eram
senão alguns milhares e quase deuses; e o resto? É culpa deles, dos outros, dos fracos homens, o não
terem podido suportar o que suportam os fortes? Acaso tem culpa a alma fraca de não poder conter
dores tão terríveis? Só vieste para os eleitos? Nesse caso, é um mistério, incompreensível para nós, e
teríamos o direito de o pregar aos homens, de ensinar que não importam nem a livre decisão dos
corações nem o amor, mas sim o mistério, a que se devem submeter cegamente, mesmo contra a
aprovação da sua consciência. Foi o que nós fizemos. Corrigimos a Tua obra fundando-a sobre o milagre,
o mistério, a autoridade. E os homens alegraram-se, porque eram de novo levados como um rebanho e
ficavam

livres da diva funesta que tais tormentos lhes causava. Não é verdade que tínhamos razão para proceder
assim? Não era amar a humanidade, compreender a sua fraqueza, aliviando-lhe o fardo com amor,
tolerar mesmo o pecado à sua fraca natureza, contanto que fosse com permissão nossa?

Para que vieste, portanto, entravar a nossa obra? Para que Te conservas em silêncio e me fixas com o Teu
olhar terno e penetrante? É preferível que Te zangues, porque não quero o Teu amor: eu mesmo não Te
amo. Porque o hei-de dissimular? Sei a quem falo, conheço o que tenho a dizer-Te, vejo-o nos Teus
olhos. Terei eu de Te esconder o nosso segredo? Mas talvez o queiras ouvir da minha boca; aqui o tens.
Não estamos contigo, mas com ele, e já há muito tempo. Há exactamente Oito séculos que recebemos
dele esta última dádiva que Tu afastaste com indignação quando ele te mostrava todos os reinos da
Terra; aceitámos Roma e o gládio de César e declarámonos os únicos reis da Terra, se bem que não
tenhamos tido tempo até agora de ultimar a nossa obra. Mas, de quem é a culpa? O trabalho ainda está
no princípio, está longe do termo e a Terra terá ainda muito que sofrer, mas nós atingiremos o nosso
objectivo, seremos césares; pensaremos então na felicidade universal.

No entanto, poderias ter empunhado o gládio de César. Por que motivo afastaste esta última dádiva? Se
seguisses o terceiro conselho do poderoso Espírito, realizarias tudo o que os homens procuram na Terra:
um senhor diante de quem se inclinem, um guarda da consciência e o meio de finalmente se unirem em
concórdia num formigueiro comum, porque a necessidade da união universal é o terceiro e último
tormento da raça humana. A humanidade, no seu conjunto, mostrou sempre tendência para se organizar
sobre uma base universal. Tem havido grandes povos de história gloriosa, mas, à medida que se têm
elevado, têm sofrido mais, porque sentem mais fortemente do que os outros a necessidade da união
universal. Os grandes conquistadores, os Tamerlão e os Gengiscão, que percorreram a Terra como
furacões, encarnavam também, sem disso terem consciência, esta aspiração dos povos para a unidade.
Aceitando a púrpura de César, terias fundado o império universal e dado a paz ao mundo. Com efeito,
quem pode dominar os homens senão aqueles que lhes dominam a consciência e dispõem do pão?
Tomamos o gládio de César e, ao fazê-lo, abandonamos-Te para o seguirmos. Oh! hão-de passar ainda
séculos de licença intelectual, de vã ciência e de antropofagia, porque é por isso que hão-de acabar,
depois de terem edificado sem nós a sua torre de Babel. Então a besta virá ter connosco, de rastos,
lamberá os nossos pés, regá-losá com lágrimas de sangue; e subir-lhe-emos para cima e levantaremos no
ar uma taça em que estará gravada a palavra «Mistério!» Só então a paz e a felicidade reinarão entre os
homens. Tens orgulho dos Teus eleitos, mas são apenas um escol, ao passo que nós daremos o repouso a
todos. De resto, entre esses fortes destinados a serem os eleitos, quantos se cansaram de esperar,
quantos levaram e continuarão a levar para outros pontos as forças do seu espírito e o ardor do seu
coração, quantos acabarão por se insurgir contra Ti em nome da liberdade. Mas foste Tu quem a deu.
Tornaremos os homens felizes, cessarão as revoltas e chacinas que são inseparáveis da Tua liberdade.
Oh! havemos de persuadi-los de que não serão verdadeiramente livres senão abdicando da sua
liberdade em nosso favor. Pois bem! Diremos a verdade ou mentiremos? Eles próprios se convencerão
de que falamos a verdade, porque se hão-de lembrar da escravatura e da perturbação em que os tinha
lançado a Tua liberdade. A independência, o pensamento livre, a ciência, hão-de perdê-los num tal
labirinto, hão-de pô-los em presença de tais prodígios, de tais enigmas, que uns, rebeldes, furiosos, se
destruirão a si próprios, outros, rebeldes, mas fracos, multidão de cobardes e de miseráveis, se hão-de
arrastar aos nossos pés em clamores: «Sim, tínheis razão, só vós possuís o seu segredo e a vós
regressamos; salvai-nos de nós mesmos!» Sem dúvida, ao receberem de nós os pães, verão bem que são
os seus os que tomamos, os seus, ganhos pelo seu próprio trabalho, para os distribuirmos, sem nenhum
milagre; verão bem que não mudamos as pedras em pão, mas o recebê-lo das nossas mãos dar-lhes-à
mais prazer do que o próprio pão. Hão-de lembrar-se de que outrora esse pão, fruto do seu trabalho, se
lhes mudava em pedra nas mãos, ao passo que depois, quando voltaram a nós, as pedras se
transformaram em pão. Compreenderão o valor da submissão definitiva. E, enquanto o não
compreenderem, os homens serão infelizes. Diz-me: quem contribuiu mais para esta incompreensão?
Quem dividiu o rebanho e o dispersou pelas estradas desconhecidas? Mas o rebanho se reunirá de novo,
voltará à obediência e, então, será para sempre. Vamos dar-lhes uma felicidade humilde e branda, uma
felicidade adaptada às criaturas fracas que eles são. Havemos de persuadi-los de que não se orgulhem,
porque foste Tu, ao elevá-los, quem lho ensinou; havemos de provar-lhes que são débeis, que são umas
lamentáveis crianças, mas que a felicidade infantil é a mais deliciosa.

Tornar-se-ão tímidos, não nos perderão de vista e apertar-se-ão a nós, cheios de medo, como a ninhada
que se abriga sob a asa da mãe. Hão-de sentir uma receosa surpresa e mostrar-se-ão orgulhosos da
energia e da inteligência que nos terão permitido domar a inumerável multidão dos rebeldes. A nossa
cólera fá-los-à tremer, encher-se-ão de timidez, e os olhos se lhes velarão de lágrimas como nas crianças
e nas mulheres; mas, a um sinal nosso, passarão com a mesma facilidade para o riso e para a alegria,
para o radioso júbilo das crianças.
Havemos, certamente, de os obrigar ao trabalho, mas, nas horas de repouso, organizar-lhes-emos a vida
como um jogo infantil, com cantos, coros e danças inocentes. Oh! permitir-lhes-emos até que pequem,
porque são fracos, e por isso nos hão-de amar como crianças. Dir-lhes-emos que todo o pecado será
redimido, se o cometerem com permissão nossa; é por amor que os deixaremos pecar e sobre nós
recairá o castigo. Hão-de querernos como a benfeitores que se apresentam diante de Deus com os
pecados deles. Não terão para nós nenhuns segredos. Segundo o grau de obediência, permitir-lhes-emos
ou proibiremos que vivam com as mulheres ou as amantes, que tenham filhos ou não os tenham; e hão-
de escutar-nos com alegria. Hão-de submeter-nos os segredos mais dolorosos da sua consciência;
resolver-lhes-emos todos os casos e hão-de aceitar a nossa decisão com alegria, porque lhes poupará o
grave cuidado de escolherem por si próprios, livremente. E todos serão felizes, milhões de criaturas,
excepto uns cem mil, os dirigentes, excepto nós, os depositários do segredo.

Os felizes hão-de contar-se por biliões e haverá cem mil mártires sob a carga do conhecimento maldito
do Bem e do Mal. Morrerão pacificamente, suavemente se extinguirão em Teu nome, e no Além nada
encontrarão senão a morte. Mas guardaremos o segredo: embalá-los-emos, para sua felicidade, com
uma recompensa eterna no Céu. Porque, se houvesse outra vida, não seria decerto para seres como
eles. Profetiza-se que Tu voltarás para vencer de novo, rodeado dos eleitos, poderosos e altivos; e nós
diremos que só se salvaram a si próprios, ao passo que nós salvámos o mundo. Pretende-se que a
pecadora, montada na besta e tendo na mão a taça do martírio, será desonrada; que os fracos se
revoltarão de novo, lhe rasgarão a púrpura e desnudarão seu corpo «impuro». Então eu me levantarei e
mostrarei os biliões de felizes que não conheceram o pecado.

E nós, os que tivermos tomado sobre nós as faltas deles, para sua felicidade, erguer-nos-emos diante de
Ti, dizendo: «Não Te receio; também estive no deserto, também vivi de gafanhotos e de raízes; também
abençoei a liberdade com que favoreceste os homens, também me preparava para figurar entre os Teus
eleitos, os poderosos e os fortes, com um ardente desejo de «completar o número». Mas dominei-me e
não quis servir uma causa insensata. Voltei, para me juntar aos que corrigiram a Tua obra. Abandonei os
altivos, regressei aos humildes, para os tornar felizes.

Sucederá o que Te disse e edificar-se-á o nosso império. Repito-Te: amanhã, a um sinal que eu fizer, verás
o dócil rebanho trazer brasas para a fogueira a que hás-de subir por teres vindo entravar a nossa obra. Se
alguém mereceu mais que todos a fogueira, esse alguém és Tu. Amanhã, queimar-Te-ei. Dixi.»
Ivã parou. Tinha-se exaltado com o discurso; quando acabou, apareceu-lhe um sorriso nos lábios.

Aliocha tinha escutado em silêncio, com extrema emoção. Por várias vezes tinha querido interromper o
irmão, mas tinha-se contido.

- Mas... é absurdo! - exclamou, corando. - O teu poema é um elogio a Jesus, não é uma censura, como
querias. Quem vai acreditar o que disseste da liberdade? Será assim que temos de a entender? É essa a
concepção da Igreja ortodoxa? É Roma, e nem toda ainda, são os piores elementos do catolicismo, os
inquisidores, os Jesuítas. Não existem personagens fantásticas como o teu inquisidor. Quais são esses
pecados dos outros que ele toma sobre si? Quais são esses detentores do mistério que se carregam de
maldições para bem da humanidade? Quando é que se viu coisa semelhante? Conhecemos os Jesuítas,
diz-se muito mal deles; mas são semelhantes aos teus? De modo algum! É simplesmente o exército
romano, o instrumento da futura dominação universal, tendo à frente um imperador, o pontífice
romano... Eis o ideal que eles têm; não há aí nenhum mistério, nenhuma tristeza sublime... a sede de
reinar, a vulgar cobiça dos vis bens terrestres... uma espécie de futura servidão em que deles seriam
todos os bens de raiz... eis tudo. Talvez mesmo não acreditem em Deus. O teu inquisidor não é mais do
que uma ficção.

- Espera, espera - disse-lhe rindo lvã. - Como tu te exaltas! Uma ficção? Seja, evidentemente. No entanto,
crês tu que todo o movimento católico dos últimos séculos seja inspirado somente pela sede do poder,
que não tenha em vista senão os bens terrestres? Não é o Padre Paisius quem te ensina isso?

- Não, não, pelo contrário. O Padre Paisius falou-me uma vez segundo as tuas vistas... mas não era
precisamente a mesma coisa.

- Aí está uma informação preciosa, apesar do teu «não era precisamente a mesma coisa». Mas por que
razão os Jesuítas e os inquisidores se teriam unido só em vista da felicidade terrestre? Não se poderá
encontrar entre eles um mártir que tenha um nobre sofrimento e que ame a humanidade? Supõe que
entre esses seres, que não anseiam por outra coisa senão pelos bens materiais, há um só como o meu
velho inquisidor que viveu de raízes no deserto e se bateu por vencer os sentidos, para se tornar livre,
para atingir a perfeição; no entanto, sempre tem o amor da humanidade. De repente, vê tudo claro,
reconhece que é medíocre felicidade a de chegar a uma liberdade perfeita, quando milhões de criaturas
continuam para sempre na desgraça, fracas de mais para usarem da sua liberdade, que estes débeis
revoltados nunca poderão acabar a sua torre e que não foi para tais gansos que o grande idealista
sonhou a sua harmonia. Depois de ter compreendido tudo isto, o meu inquisidor volta para trás e junta-
se às pessoas inteligentes. É impossível?

- Mas juntar-se a quem? A que pessoas inteligentes? - gritou Aliocha, quase zangado. - Não são tal
inteligentes, não têm mistérios nem segredos... O ateísmo, eis o segredo. O teu inquisidor não crê em
Deus.

- Bem, suponhamos que é assim. Adivinhaste, finalmente. É isso mesmo, todo o segredo está aí. Mas não
é um sofrimento, pelo menos para um homem como ele que no deserto sacrificou a sua vida ao seu
ideal e não deixou de amar a humanidade? Ao declinarem-lhe os dias, convence-se claramente de que
só os conselhos do grande e terrível Espírito poderiam tomar suportável a existência dos débeis
revoltados, «esses seres de aborto, criados por troça». Compreende que deve escutar o Espírito
profundo, este Espírito de morte e de ruína e, para o fazer, admitir a mentira e a fraude, levar
conscientemente os homens para a morte e para a ruína, enganandoos durante todo o caminho, para
lhes não revelar onde os levam e para que os pobres cegos tenham a ilusão da felicidade. Nota isto: a
fraude em nome de Aquele em quem o velho acreditou ardentemente durante toda a sua vida! Não é
isto uma infelicidade? E se houver alguém, se houver um sóhomem semelhante à frente deste exército
«ávido do poder apenas para os vis bens», não bastará isto para que se dê uma tragédia? Mais ainda:
basta um único chefe semelhante para encarnar a verdadeira ideia directriz do catolicismo romano, com
os seus exércitos e os seus jesuítas, a ideia superior. Declaro-te que estou convencido de que nunca
faltou um homem deste tipo à frente do movimento. Quem sabe? Talvez haja alguns entre os pontífices
romanos! Quem sabe? Talvez que esse maldito velho que ama tão obstinadamente a humanidade, à sua
maneira, exista ainda agora em vários exemplares, não por efeito do acaso, mas sob a forma de um
entendimento, duma liga secreta, organizada já há muito tempo para guardar o mistério, ocultá-lo aos
desgraçados e aos fracos para os tornar felizes. Deve seguramente ser assim; é fatal. Imagino mesmo
que a maçonaria tem um mistério análogo na base da sua doutrina e que deve ser por isso que os
católicos odeiam tanto os mações; vêem neles concorrentes, vêem neles uma dispersão da ideia única,
quando deve existir apenas um rebanho com um único pastor. Mas basta: não quero ter, com esta defesa
do meu pensamento, o ar de um autor que não suporta a tua crítica.

- Talvez tu sejas também mação - disse de súbito Aliocha. - Não acreditas em Deus - continuou com
profunda tristeza. Tinha-lhe parecido também que o irmão o contemplava com ar de troça. - Como acaba
o teu poema? - prosseguiu ele, baixando os olhos. - Não há mais nada?

- Há. O fim que eu tinha pensado era este: «O inquisidor cala-se, espera um momento a resposta do
Preso. O Seu silêncio oprime-o. O Cativo escutou-o sempre fixando nele o olhar penetrante e calmo,
visivelmente decidido a não lhe responder. O velho gostaria de que Ele lhe dissesse alguma coisa, mesmo
que fossem palavras amargas e terríveis. De repente, o Preso aproxima-se em silêncio do nonagenário e
beija-lhe os lábios exangues. Mais nenhuma resposta. O velho tem um sobressalto, mexe os lábios; vai
até à porta, abre-a e diz: «Vai e nunca mais voltes... nunca mais.» E deixa-o ir, nas trevas da cidade. O
Preso vai.

- E o velho?

- O beijo queimou-lhe o coração, mas persiste na sua Ideia.

________________________

Notas:

1 Poeta Italiano, autor, entre outras obras, de Vita Nuova e d'A Divina Comédia, de que existe tradução
portuguesa, viveu de 1265 e 1321.

2 Funcionários Judiciais.

3 Poeta russo, defensor da «santidade» da Rússia; viveu de 1803 a 1873.

4 Para maior glória de Deus.

Fiodor Dostoiévski

O Jogo da Bíblia

partyCuriosidades Cristãs: Algumas coisas que nunca lembramos ou não sabemos

Todos sabemos, ou deveríamos saber, que o primeiro milagre realizado por Cristo não foi curar doenças,
exorcizar demônios, nem acabar com a fome dos famintos. Para mostrar que a vida não deve ser uma
eterna chatisse, cheia de gente feia sem maquiagem, usando roupas que parecem ter sido costuradas
em casa, que só sabem olhar feio e recitar passagens das Escrituras, Jesus fez seu primeiro milagre em
uma festança, transformando àgua em vinho para que a alegria não virasse tédio. Cristo adorava uma
festa, mesmo quando ia confabular de maneira séria com os apóstolos, preferia fazer isso numa mesa de
jantar do que em um templo ou em um galpão velho, suas parábolas incluiam celebraçnoes para aqueles
que haviam se afastado do rebanhoe na Páscoa preferia entradas triunfais do que simplesmente se
chegar a pé junto com a multidão.

O problema de uma vida de festas é que eventualmente você vai se ver lá parado ou parada, no meio de
todo mundo, sem ter o que falar. Se a idéia de celebração de Cristo fosse um lugar cheio de gente
olhando pro chão e emburrada, ele não teria tranformado água em vinho, teria transformado a água em
uma missa como as que temos hoje, onde o trabalho dos sacerdotes é ficar nos mostrando como nossos
pecados são mais importantes do que nossa alegria.

E é para ajudar, nesses momentos em que parece que os assuntos sumiram e você não tem o que dizer,
que fizemos uma lista divertida de pequenas coisas da Bíblia que dificilmente lembramos. a idéia é não
apenas animar festas, mas tranformá-las em um momento de diversnao onde a palavra pode ser
espalhada de forma lúdica, uma maneira de todos ganharem, inclusive os filhos pródigos presentes.

As Regras:

Pegue papel e lápis, marque o nome de todos e faça as perguntas a baixo. Sempre que acertarem
marque um ponto, quando errarem subtraia um ponto, a não ser quando a própria questão instruir
diferente. No final confira a pontuação e veja como celebrar.

Lembre-se, muitas pessoas que nunca pegaram em uma Bíblia acham que muitas dessas perguntas serão
fáceis de ser respondidas, mas o divertido mesmo será ver como aqueles que vivem com a Bíblia debaixo
do braço se sairão.

Bom divertimento !!!


Questões:

- Quem foram as duas primeiras pessoas criadas por Deus?

Se você pensou em Adão e Eva, se enganou.

Em Gênesis 1:26-28 lemos:

26 Então disse Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele
sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre todos os
pequenos animais que se movem rente ao chão".

27 Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.

28 Deus os abençoou, e lhes disse: "Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra!
Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela
terra".

E isso ocorreu no sexto dia. Então Deus santificou o sétimo dia.

Logo ai vemos que Deus criou o homem à Sua imagem, homem e mulher os criou.

No capítulo 2 do Gênesis, versículo 16, Deus fala para o Homem "comer livremente de qualquer árvore
do jardim". Apenas depois dos primeiros sete Dias, e depois de conversar com Sua criação é que, no
capítulo 2, versículo 18, Ele diz: "Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie
e lhe corresponda". E então faz Adão dormir e cria Eva. Mas lembre-se que no sexto dia ele já havia
criado Homem e Mulher, o primeiro casal, Eva foi a terceira criação humana e a segunda esposa de
Adão. A primeira esposa, de acordo com estudiosos, teria sido Lilith, expulsa do paraíso por causa de
brigas conjugais com Adão, mas isso é uma história para outra ocasião. Ela aparece citada apenas uma
vez na Bíblia em Isaias 34:14: "E as feras do deserto se encontrarão com hienas; e o sátiro clamará ao seu
companheiro; e Lilite pousará ali, e achará lugar de repouso para si."

Diferentes traduções tem formas diferentes apra essa passagem, algumas substituindo Lilite por
"Animais Noturnos" ou "Espectro Noturno", ou mesmo "Coruja" mas a versão em hebraico traz o nome
‫ לילית‬Lilith no original.

Assim, se alguém citou Lilith e Adão ganha 1 ponto.

- Quem foram e quantas foram as pessoas que visitaram Jesus e lhes trouxeram presentes
depois que ele havia nascido?

Se alguém rapidamente responder: "Eram 3!" provavelmente você ouvirá um "Ufa", pois os
outros membros irão pensar que alguém acertou essa pergunta tão óbvia.

Caso isso ocorra, tire um ponto de quem der essa resposta.

A Bíblia nunca deu números ou nomes para esses visitantes, apenas dizem que trouxeram
incenso mirra e ouro. Assim falam que eram três porque o texto está no plural e Jesus recebeu
três tipos diferentes de presentes.

Se quem reponder ainda acrescentar os nomes: "Baltazar, Belchior e Gaspar e eles eram reis
magos"; tire mais 2 pontos da pessoa.

Não há nenhuma menção de eram reis, no texto original em grego a palavra utilizada para
descrevê-los é μάγοι, magoi, significa sábios. Eles foram elevados ao status de reis pelos
cristãos apenas no séc. III, e muito provavelmente para encaixar essa passagem com a
profecia presente no Salmo 72: "Todos os reis cairão diante dele”.

Mas e de onde vieram seus nomes? 800 anos depois de Cristo é que vieram os nomes e
nacionalidades deles: Gaspar (gathaspa) significa "o branco", se tornou rei da Índia, Melquior
(melichior) significa: "Rei da Luz", se tornou o rei da Pérsia e Baltazar (bithisarea) significa
"senhor dos tesouros", rei da Arábia.

Se alguém respondeu apenas que eram sábios do oriente, dê um ponto para a pessoa.

- Quais são os pecados capitais?

Apesar de em Provérbios 6:16-19 vermos que "Há seis coisas que o Senhor detesta; sim, há
sete que ele abomina":

- olhos altivos;
- língua mentirosa;

- mãos que derramam sangue inocente;

- coração que maquina projetos iníquos;

- pés que se apressam a correr para o mal;

- testemunha falsa que profere mentiras;

- semear contendas entre irmãos.

e em Gélatas 5:19-21, termos outra listagem de "cobiças da carne", deixando claro que são
ruins quando a carne luta contra o espírito:

- a prostituição;

- a impureza;

- a lascívia;

- a idolatria;

- a feitiçaria;

- as inimizades;
- as contendas;

- os ciúmes;

- as iras;

- as facções;

- as dissensões;

- os partidos;

- as invejas;

- as bebedices;

- as orgias.

no século IV se criaram uma lista baseada nos trabalho do monge Evagrius Ponticus, que criou
uma lista de 8 pecados capitais:

- Gula

- Fornicação

- Avareza
- Desespero

- Ira

- Negligência

- Vanglória

- Soberba

Esses oito pecados poderiam ser separados em 3 grupos:

- Apetite Lascivo: Gula, Fornicação e Avareza;

- Irascibilidade: Ira;

- Intelecto: Vanglória, Desespero, Soberba, Negligência.

Foi apenas no anos de 590 d.C. que o Papa Gregório revisou a lista de Evagrius para a lista de
sete pecados:

- Luxúria (que tomou o lugar de Fornicação)

- Gula

- Avareza
- Negligência (que passou a incorporar também Desespero)

- Ira

- Inveja (que foi acrescentado)

- Soberba (que substituiu vanglória)

Com o passar do tempo Negligência foi substituída por Preguiça, criando assim a lista que
temos hoje:

- Gula

- Avareza

- Luxúria

- Ira

- Preguiça

- Inveja

- Soberba (ou vaidade)

Assim, mesmo não estando listados na Bíblia, os 7 pecados se tornaram parte da cultura cristã.
Se alguém acertar os 7, dê 1 ponto para a pessoa.
- Quais são os inimigos dos 7 Pecados Capitais?

E como não poderia deixar de ser, quando os sete pecados começaram a se tornar populares
surgiram também as 7 virtudes, inspiradas pelo poema escrito por Prudêncio no final do século
IV d.C. e que se tornaram muito populares durante a idade média.

- Castidade, que se opõe à Luxúria

- Generosidade, que se opõe à Avareza

- Temperança, que se opõe à Gula

- Diligência, que se opõe à Preguiça

- Paciência, que se opõe à Ira

- Caridade, que se opõe à Inveja

- Humildade, que se opõe à Soberba

Assim se acertarem que são 7 Virtudes de 1 ponto. Se a pessoa souber nomear as 7 virtudes
dê 2 pontos.
- Além de amar a Deus sobre todas as coisas, não matar e não cobiçar a mulher do próximo,
quais são os Dez mandamentos na ordem como foi apresentada a Moisés?

Na Bíblia os mandamentos não aparecem listados e divididos, enumerando-os como fazemos


hoje. Ela apresenta o seguinte texto em Êxodo 20:1-17:

1 Então falou Deus todas estas palavras, dizendo:

2 Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.

3 Não terás outros deuses diante de mim.

4 Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em
baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.

5 Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus
zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que
me odeiam.

6 e uso de misericórdia com milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos.

7 Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente
aquele que tomar o seu nome em vão.
8 Lembra-te do dia do sábado, para o santificar.

9 Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho;

10 mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem
tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o
estrangeiro que está dentro das tuas portas.

11 Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo
dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do sábado, e o santificou.

12 Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu
Deus te dá.

13 Não matarás.

14 Não adulterarás.

15 Não furtarás.

16 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.

17 Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu
servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.

E isso faz com que diferentes sábios agrupem as ordens de Deus de diferentes maneiras,
assim, no Judaísmo, os 10 mandamentos são:
1- Eu Sou o SENHOR, o teu Deus

2- Não terás outros deuses além de mim e não farás para ti nenhum ídolo

3- Não tomarás em vão o nome do SENHOR, o teu Deus

4- Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo

5- Honra teu pai e tua mãe

6- Não matarás

7- Não adulterarás

8- Não furtarás

9- Não darás falso testemunho contra o teu próximo

10- Não cobiçarás (a mulher do teu próximo) e não cobiçarás (nada do que pertença a teu
próximo: nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento)

E isso porque para os Judeus o 8o Mandamento, Não Furtarás, é uma referência ao sequestro.

Para os Anglicanos, Presbiterianos e outros protestantes, os 10 mandamentos são:

1- Não terás outros deuses além de mim


2- Não farás para ti nenhum ídolo

3- Não tomarás em vão o nome do SENHOR, o teu Deus

4- Lembra-te do dia de domingo, para santificá-lo

5- Honra teu pai e tua mãe

6- Não matarás

7- Não adulterarás

8- Não furtarás

9- Não darás falso testemunho contra o teu próximo

10- Não cobiçarás (a mulher do teu próximo) e não cobiçarás (nada do que pertença a teu
próximo: nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento)

Desde o Primeiro Concílio de Nicéia, no ano de 325 d.C., ficou oficial o Domingo como o dia de
adoração e de descanso.

Já os Ortodoxos tem como 10 mandamentos a seguinte lista:

1- Eu Sou o SENHOR, o teu Deus e não terás outros deuses além de mim

2- Não farás para ti nenhum ídolo


3- Não tomarás em vão o nome do SENHOR, o teu Deus

4- Lembra-te do dia de domingo, para santificá-lo

5- Honra teu pai e tua mãe

6- Não matarás

7- Não adulterarás

8- Não furtarás

9- Não darás falso testemunho contra o teu próximo

10- Não cobiçarás (a mulher do teu próximo) e não cobiçarás (nada do que pertença a teu
próximo: nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento)

Os Católicos e os Luteranos tem uma lista muito parecida:

1- Eu Sou o SENHOR, o teu Deus, não terás outros deuses além de mim e não farás para ti
nenhum ídolo (também traduzido como "Amar a Deus sobre todas as coisas")

2- Não tomarás em vão o nome do SENHOR, o teu Deus

3- Lembra-te do dia de domingo, para santificá-lo


4- Honra teu pai e tua mãe

5- Não matarás

6- Não adulterarás

7- Não furtarás

8- Não darás falso testemunho contra o teu próximo

9- Não cobiçarás (a mulher do teu próximo)

10- Não cobiçarás (nada do que pertença a teu próximo: nem o seu servo, nem a sua serva,
nem o seu boi, nem o seu jumento)

Algumas igrejas Luteranas ainda usam uma divisão um pouco diferente do nono e do décimo
Mandamentos:

9- Não cobiçarás a casa do teu próximo

10- Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seus servos ou servas, nem seu boi ou
jumento, nem coisa alguma que lhe pertença

Já os Adventistas do Sétimo Dia retornaram um pouco às raizes, devolvendo o sábado como


dia sagrado e de descanso e dividem assim os seus 10 Mandamentos:

1- Não terás outros deuses além de mim


2- Não farás para ti nenhum ídolo

3- Não tomarás em vão o nome do SENHOR, o teu Deus

4- Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo

5- Honra teu pai e tua mãe

6- Não matarás

7- Não adulterarás

8- Não furtarás

9- Não darás falso testemunho contra o teu próximo

10- Não cobiçarás (a mulher do teu próximo) e não cobiçarás (nada do que pertença a teu
próximo: nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento)

Isso tudo acontece porque na passagem do Êxodo que fala dos mandamentos mostra mais de
dez afirmações, dependendo de ocmo as interpretamos podemos contar 14 ou 15, mas o texto
Bíblico usa a frase hebraica aseret had'varim, que pode ser traduzida como as 10 palavras (ou
afirmaçnoes ou coisas). Assim apesar da Bíblia se referir a 10 mandamentos enumera uma
quantidade diferente de afirmações, mas o que parece loucura para os homens não o é para
Deus, ou é, se nos lembrarmos de 1 Cor 1:25: "Porque a loucura de Deus é mais sábia do que
os homens".

Quando for brincar, tente pegar as pessoas desprevinidas não apenas perguntando quais são
os Dez Mandamentos, mas perguntando: E para os Anglicanos, quais são so Dez
Mandamentos? Teste o conhecimento de todos e não dê moleza!
Caso acertem a pergunta 1 ponto. Se acertarem a lista de outra crença que não a própria 2
pontos para cada lista, se errarem tire apenas 1 ponto.

- Quem foram os 12 apóstolos?

Os doze homens que Jesus escolheu para se tornar pescadores de homens foram:

1 - Simão Pedro

2 - Tiago ( o maior )

3 - João

4 - Filipe

5 - Bartolomeu

6 - Mateus

7 - Tiago ( o menor )

8 - Simão
9 - Judas Tadeu

10 - Judas Iscariotes

11 - André

12 - Tomé

Mas você ainda pode incrementar essa questão perguntando quem eram os 12 apóstolos
ANTES da traição de Judas Iscariatoes e DEPOIS da traição, já que assim que Judas bateu as
botas, os 11 apóstolos restantes elegeram Matias pra tomar lugar do ex-tesoureiro do grupo.

Se acertarem a resposta 1 ponto. Se de cara alguém der o nome dos 13 dê dois pontos. Caso
alguém dê o nome de Paulo de Tarso e São João, ou apenas O João do Apocalipse, tire 1
ponto para cada nome errado.

- De que árvore Adão e Eva usaram as folhas para esconder sua nudez diante do Senhor?

A resposta de 8 entre 10 pessoas para esta pergunta é rápida e certeira: "Usaram folhas de
parreira!" e sorrirão achando que levaram a melhor.

Caso isso aconteça tire 1 ponto de cada pessoa!

Em Gênesis 3:7 encontramos a resposta: "Então foram abertos os olhos de ambos, e


conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais."
- Por que Adão e Eva foram expulsos do Paraíso?

Caso alguém se empolgue e grite a resposta: "Porque desobedeceram Deus e comeram do


Fruto Proibido."

E essa resposta está completamente errada! Tire 1 ponto de cada espertinho.

Por comerem da Árvore Proibida:

A) mulher começou a ter medo de cobra: "Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua
descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar." Gen
3:15

b) mulher começou a sentir cólicas e dor de parto: "E à mulher disse: Multiplicarei grandemente
a dor da tua conceição; em dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele
te dominará." Gen 3:16

c) a terra ficou um lugar duro de se viver: "maldita é a terra por tua causa; em fadiga comerás
dela todos os dias da tua vida." Gen 3:17

d) cheia de mato e ervas daninhas e instituiu a dieta vegetariana:"Ela te produzirá espinhos e


abrolhos; e comerás das ervas do campo." Gen 3:18

e) acabou com a vida mansa do homem: "Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que
tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás." Gen 3:19

f) pegou as criaturas que eram filhas de Eva (Gen 3:20 "porque era a mãe de todos os
viventes.") e arrancou o couro delas para fazer os dois vestirem: "E o Senhor Deus fez túnicas
de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu." Gen 3:21
Mas não os expulsou do Paraíso por causa disso! Depois de castigá-los desse jeito e de ainda
arrancar as pernas da serpente, que antes devia andar de pé ou com patas até então, como
mostra Gen 3:14: "Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás
tu dentre todos os animais domésticos, e dentre todos os animais do campo; sobre o teu ventre
andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida", Ele parou para pensar: "Eis que o homem se
tem tornado como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Ora, não suceda que estenda a sua
mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente." Gen 3:22.

Assim foram expulsos não porque comeram o Fruto Proibido, mas por que Deus temiam que
além de desobedientes vivessem para sempre. A expulsão não foi um castigo, foi uma
prevenção.

- Qual foi a fruta que Eva mordeu e deu para Adão?

A pobre fruta que se imortalizou como a originadora do Pecado Inicial foi a pobre maçã. E de
novo os religiosos adoram usá-lo como resposta para essa pergunta, mas ela está errada! 1
ponto a menos de quem responder Maçã ou qualquer outra fruta!

A Bíblia não fala que fruta era aquela que Deus proibiu de comer, simplesmente fala que "o
fruto daquela árvore não comerás". Quando a Bíblia foi traduzida para o latim, houve uma
confusão com a palavra que usaram para traduzir "Mal". Em latim a palavra Mallus, enquanto
adjetivo, significa mal, assim a passagem Gen 2:17 ficou traduzida para: "de ligno autem
scientiae boni et mali" - a árvore, ou o madeiro, do conhecimento do bem e do mal - e 3:22
ficou: "et ait: Ecce Adam quasi unus ex nobis factus est, sciens bonum et malum" - Eis que o
Adão se tem tornado como um de nós, conhecendo o bem e o mal. O problema é que quando
falamos de adjetivos Mallus significa mal, mas quando falamos de substantivos a palavra que
significa maçã.

Não é coincidência que chamamos o gogó, que se destaca muito mais em homens do que em
mulheres, de Pomo de Adão, pomo é o outro nome latim, pomus, para maçã. Esse fato vem da
crença que o volume na garganta dos homens era uma deformação causada quando Adão se
engasgou com um pedaço do fruto proibido, que passou a ser identificado com a maçã.
Mas em diferentes culturas a fruta muda, alguns textos, incluindo o Zohar judaico, afirma que a
fruta se tratava de uma uva. Outros cristãos associam as folhas de figueira usada por Adão e
Eva para esconder a nudez de Deus com o pecado e dizem que o fruto era o figo
(provavelmente assim que comeram a fruta devem ter arrancado as folhas que estavam mais
próximas, eles devem pensar, se esquecendo que se passou um tempo entre o comer da fruta
e Deus aparecer passeando pelo jardim). Nos países eslavos a fruta favorita para assumir o
papel de desencadeadora da discórdia celestial é o tomate, já que seu nome, "rajčica" ou
"paradajz", se derivam da raiz "raj" que significa paraíso.

Outras frutas que já tentaram ser identificadas com o fruto da sabedoria do bem e do mal foram
o grão de trigo, em hebraico "khitah" com uma pronúncia muito próxima de "khet" - pecado-, o
marmelo, que é um fruto muito mais antigo do que a maçã na região do sudoeste asiático, a
romã, a alfarroba, a cidra, a pera, o pêssego e até mesmo, hoje em dia, com os frutos da
Figueira-do-Inferno.

Alguns textos apócrifos, como o livro de Enoque, apontam que o fruto era de uma espécie
desconhecida na terra e se assemelhavava a uma uva alongada nos polos, ficando com uma
forma oval, quase de agulha.

Assim apesar de não poder apontar que fruta era aquela da árvore com muita certeza não era
a maçã!

Agora se alguém respondeu que a fruta nunca foi definida pela Bíblia, dê a ela o dobro dos
pontos! Diversão garantida!

- Quem cortou os cabelos de Sansão?

Sansão foi o He-Man da Bíblia, como todos sabemos. Diferente de Hércules que era forte por
ser um mestiço, a força de Sansão vinha do Espírito do Senhor, e somente seria dele enquanto
ele se mantivesse obediente ao Senhor.

Sansão foi quase tão legal quanto Jesus, ele nasceu de uma mulher estéril (embora Jesus, por
ser muito mais foda, tenha nascido de uma virgem), enquanto pessoas fugiam de leões,
Sansão os ragava ao meio, e os rasgava tão fácil como se fossem cabritos. Você jé tentou
rasgar um cabrito ao meio usando só as mãos? É muito complicado e difícil, mas Sansão
rasgava leões como se fossem cabritos (Juízes 14:6). Quando achamos uma queixada de
jumento no chão pensamos: "eca que nojo!" ou "que animal, uma queixada de jumento!", mas
não Sansão! Ele achou uma queixada de jumento no chão e a usou para matar mil homens, e
em uma tarde, o que rambo e chuck norris juntos fazem com metralhadoras, Sansão fez com
uma queixada de jumento (Juízes 15:15-16). Enquanto grande parte daqueles que seguem a
Bíblia acham que sexo é sujo, Sansão zanzava por Gaza mandando ver nas prostitutas, sem
dó e sem descanso e ainda saia para namorar(Juízes 16:1-4).

O problema é que a mulher com quem ele saiu para namorar, depois de deixar a prostituta de
Gaza toda assada e sem andar direito por alguns dias, era Dalila. E o povo já cansado do
valentão rasgador de leões, e mulheres, ofereceu uma grana para ela descobrir o ponto fraco
dele. Depois de pegar no pé dele sem parar, enchendo o saco dele até ele não aguentar mais:
"E sucedeu que, importunando-o ela todos os dias com as suas palavras, e molestando-o, a
alma dele se angustiou até a morte" (Juízes 16:16), ele finalmente não aguentou e falou pra ela
que a sua força vinha da obediência ao Senhor, e isso, traduzido em miudos significava nunca
ter raspado a cabeça na vida.

Dalila então, sentindo o cheiro das verdinhas fez o homenzarrão dormir sobre os joelhos dela
(e nós imaginamos como ela fez o cara que mandava ver até depois da meia-noite, na época
que lá pelas 7 todo mundo já ia dormir porque era noite) e então... "mandou chamar um homem
para lhe rapar as sete tranças de sua cabeça." (Juízes 16:19).

Assim não foi Dalila que cortou os cabelos de Sansão, foi um homem que ela mandou chamar.

Tire 1 ponto de quem errar e dê 1 ponto para quem acertar.

- Qual as profissões dos Apóstolos antes de serem recrutados por Jesus?


Como vimos, depois de comer o fruto proibido, Adão inventou o trabalho duro, e por causa dele
temos que ter empregos hoje ao invés de viver em uma rede, pelados, comento aquilo que
cresce em nosso jardim. Quando pensamos nos apóstolos imaginamos aquele grupo de
barbados seguindo Jesus, para cima e para baixo. com mantos e só ouvidno o que Jesus dizia
e muitas vezes, como mostra a Bíblia, falando besteiras.

Mas eles não nasceram homens barbados vestidos de túnicas, e antes de Cristo tinham que
trabalhar, afinal "Apóstolo" nunca foi uma profissão reconhecida e bem remunerada (pelo
menos na época antes de aparecer Cristo, hoje parece que ser Apóstolo é a melhor profissão
do mundo, ganhasse bem, faz-se pouco). Assim:

Simão Pedro e seu irmão André eram pescadores.

Tiago e seu irmão João, filhos de Zebedeu, o pescador, provavelmente estavam trabalhando no
mesmo ramo que o pai.

Mateus, também conhecido como Levi, era um coletor de impostos que trabalhava para os
romanos.

Simão o Zelota era um ativista político, se bem que isso não era exatamente uma profissão.

Judas Iscariotes provavelmente foi um contador ou um banqueiro, já que ficou responsável por
tomar conta da bolsa de dinheiro do grupo.

Os outros cinco (o outro Judas, o outro Tiago, Filipe, Bartolomeu - também chamado de Tadeu -
e Tomé), são incógnitas, não há mensão na Bíblia do que faziam para ganhar seu pão com o
suor do rosto.

Assim, quem responder "Eram pescadores!" não ganha ponto nenhum, mas quem acertar
ganha 1 ponto por profissão certa de cada apóstolo!
- Como morreram os Apóstolos?

A história de Jesus todos conhecemos. Jesus viveu, teve seus apóstolos, morreu, voltou, andou
por aqui mais um tempo e ai subiu aos céus. Quando lemos o novo testamento vemos como a
vida de Jesus, especialmente o seu fim, foi sofrido, e nos lembramos como ele sofreu para nos
livrar do pecado e que, justamente por essa causa, não temos mais pecados com os que nos
preocupar. Mas a história dos apóstolos não foi mais fácil, nem menos sofrida do que a de
Cristo, ser apóstolo não era fácil, nem em vida, muito menos na morte.

- Pedro, o mesmo que renunciou Cristo três vezes e foi chamado por Cristo em pessoa de
Satanás e depois criou a igreja católica par ase redimir, morreu crucificado de cabeça para
baixo no Circo de Nero.

- André, foi crucificado em uma cruz com braços e pernas separados, em formato de X.

- Tomé, que teve que ver para crer, foi morto em Mylapore, na Índia, atravessado por lanças de
4 soldados.

- Filipe... existem algumas dúvidas a seu respeito. Alguns dizem que ele foi crucificado. Outros
já dizem que morreu depois de ser preso e continuamente torturado (e muito provavelmente
crucificado)

- Mateus... outra contradição. Existem relatos de não ter sofrido nenhum tipo de martírio e
existem relatos de ter sido esfaqueado até a morte.

- Bartolomeu, foi esfolado vivo e então decapitado pelo governador de Alanópolis.


- Tiago Zebedeu foi decaptado em 44 d.C.

- Tiago, filho de Alfeu, morreu apedrejado.

- Simão e Judas Tadeu, foram mortos a machadadas.

- Judas Iscariotes, de acordo com Mateus teria praticado o suicídio se enforcando (27:5), mas
de acordo com o livro dos Atos dos Apóstolos 1:18 Judas caiu de cabeça para baixo de um
penhasco, rebentando-se ruidosamente pelo meio. Como a Bíblia não erra então sabemos que
ele tentou se enforcar perto de um penhasco, o galho em que amarrou a corda, ou o cinto, se
rompeu e ele despencou lá para baixo, ainda bem lúcido par ater mais tempo de se arrepender
por sua traição.

- O pobre Matias foi morto na fogueira.

e João?

- João Zebedeu, para provar que toda regra tem sua excessão, morreu de morte morrida, e não
de morte matada, com 94 anos de idade, sossegado.

1 ponto para cada morte correta, tire um ponto para cada morte errada. Se alguém falar que
João foi decaptado, tire 2 pontos. O João decaptado era primo de Jesus, não apóstolo!

- Quando chegar o momento do Arrebatamento, quem irá para o Céu levante a mão!!!

Aposto que muitos irão erguer as mãos gritando ALELUIA IRMÃO!


É então que você pode começar a rir e a se divertir.

A idéia de Arrebatamento foi inventada no século XVII por Cotton Mather, ela não faz parte da
Bíblia. Matther, famoso também por estrangular mulheres até a morte quando achava que eram
bruxas, tinha a idéia que no momento em que o juízo final chegasse, as pessoas boas seriam
arrebatadas por Jesus para o céu para junto de Deus. Posteriormente essa idéia se tornou
popular e muitos se baseiam em algumas passagens como 1Tessalonicenses 4,15-17: "Nós, os
que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o
mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus;
e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos,
seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares" e
1Coríntios 15,51-52: "Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados;
num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e
os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados".

Mas termo na Bíblia, que acabou sendo traduzido como "arrebatado", na verdade vem do
grego ἁρπάζω (harpazo), que na verdade significa "apanhado" ou "levado" e se refere a uma
única pessoa.

Tire um ponto de cada pessoa que ergueu a mão e dois de quem gritou aleluia. E se alguns
dos presentes tiver um adesivo em seu parachoques: "Em caso de Arrebatamento este veículo
perderá o controle", pisque para ele e diga, como Jesus diria: PERDOADO!

- Quem eram os quatro Cavaleiros do Apocalipse?

Diferente da pergunta dos homens sábios que visitaram Jesus, a Bíblia dá o número de
Cavaleiros. Eles são quatro. Mas quem são?

Os apressadinhos sempre respondem: Pestilência, Guerra, Fome e Morte!


Bom, tire 1 ponto de cada um que respondeu isso. Vamos ver as passagens da Bíblia que
falam sobre eles Apocalipse 6:1-8:

1- Depois, vi o Cordeiro abrir o primeiro selo e ouvi um dos quatro Animais clamar com voz de
trovão: Vem e vê!

2- Vi aparecer então um cavalo branco. O seu cavaleiro tinha um arco; foi-lhe dada uma coroa
e ele partiu como vencedor para tornar a vencer.

3- Quando abriu o segundo selo, ouvi o segundo animal clamar: Vem e vê!

4- Partiu então outro cavalo, vermelho. Ao que o montava foi dado tirar a paz da terra, de modo
que os homens se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada.

5- Quando abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro animal clamar: Vem e vê! E vi aparecer um
cavalo preto. Seu cavaleiro tinha uma balança na mão.

6- Ouvi então como que uma voz clamar no meio dos quatro Animais: Uma medida de trigo por
um denário, e três medidas de cevada por um denário; mas não danifiques o azeite e o vinho!

7- Quando abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto animal, que clamava: Vem e vê!

8- E vi aparecer um cavalo esverdeado. Seu cavaleiro tinha por nome Morte; e a região dos
mortos o seguia. Foi-lhe dado poder sobre a quarta parte da terra, para matar pela espada,
pela fome, pela peste e pelas feras.

O único cavaleiro que recebe um nome é a Morte. Enquanto o segundo e o terceiro cavaleiro
não possuem nomes tão explícitos, torna-se óbvio que representam a Guerra, em seu cavalo
vermelho com a espada e a Fome, com o seu cavalo preto e as balanças. Assim temos 3 deles
já. Mas quem seria o primeiro cavaleiro, o do cavalo branco?
Popularmente acreditasse que seja a pestilência, para formar a tríade favorita por mortes em
massa na época: doenças, guerra e fome. Mas essa é uma crença errada. Algumas Bíblias,
como a Bíblia de Jerusalém de fato trazem pestilência entre os cavaleiros, mas tomando o
lugar de Morte. Mesmo nestas versões o primeiro cavaleiro permanece misterioso, mas apenas
para aqueles que não se familiarizaram com a Bíblia. Vejamos agora se conseguimos adivinhar
quem era.

Muitos afirmam com certeza, jurando por Deus - credo menino jurar por Deus é pecado - que
obviamente de trata do anti-cristo. QUem faz isso está ainda mais errado do que os que
colocam pestilência junto com Morte na listagem.

Apocalipse é a palavra grega para Revelação. O livro que fala sobre os cavaleiros tem esse
nome por ser o livro onde o futuro se revela a João Batista. Popularmente apocalipse se tornou
sinônimo de "fim do mundo", mas um termo não tem nada a ver com isso. Desta forma, os
quatro cavaleiros do apocalipse não tem a ver com os cavaleiros do fim do mundo, os
cavaleiros da destruição do mundo nem nada assim, são apenas os cavaleiros que João viu na
revelação do futuro. Os cavaleiros não são maus, ou servos do demônio. Veja que João, o
apóstolo, ao falar do anti-cristo, não fala dele como se fosse uma pessoa específica:

"Quem é mentiroso senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse é o Anticristo, que nega
o Pai e o Filho". (1 João 2:22)

"Muitos sedutores têm saído pelo mundo afora, os quais não proclamam Jesus Cristo que se
encarnou. Quem assim proclama é o sedutor e o Anticristo". (2 João 1:7)

"Filhinhos, esta é a última hora. Vós ouvistes dizer que o Anticristo vem. Eis que já há muitos
anticristos, por isto conhecemos que é a última hora". (1 João 2:18)

"todo espírito que não proclama Jesus esse não é de Deus, mas é o espírito do Anticristo de
cuja vinda tendes ouvido, e já está agora no mundo". (1 João 4:3)

Vemos claramente que Anti-Cristo era qualquer um que não acreditasse em Cristo, fosse contra
seus mandamentos ou não apenas não acreditasse que ele não era a encarnação de Deus
como também saísse pregando que Cristo era apenas um homem. João também deixa claro
que o espírito do Anti-Cristo já estava no mundo, assim o cavaleiro Branco dificilmente seria
ele. Mesmo quando o livro das revelações fala do diabo ele surge muito depois:

"Houve uma batalha no céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o Dragão. O Dragão e
seus anjos travaram combate, mas não prevaleceram. E já não houve lugar no céu para eles."
(Apocalipse 12:7-8)

O Livro das Revelações também fala de uma criança que deveria reger todas as nações pagãs
com cetro de ferro, mas fala que essa criança foi arrebatada para junto de Deus ainda criança.
Também temos citações dos falsos profetas, trabalhando para a mentira, mas eles não vem a
cavalo nem nada assim, são apenas falsos profetas. Quem nos resta então como possível
cavaleiro branco? Sabemos com certeza que "foi-lhe dada uma coroa e ele partiu como
vencedor para tornar a vencer." Se ele iria tornar a vencer e era um vencedor, dificilmente ele
seria algum dos personagens que irão perder a batalha no céu.

Vejamos então alguns fatos que podem nos esclarecer, no novo testamento lemos sobre
alguém que diz: "Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a
espada." (Mateus 10:34), essa mesma pessoa foi aquela que venceu ao vir para a terra para
livrar o homem do pecado, e foi ele que profetizou que voltaria no futuro para vencer
novamente. Se continuamos lendo o livro das revelações até o capítulo 19, versículos 10 a 13:

"Prostrei-me aos seus pés para adorá-lo, mas ele me diz: Não faças isso! Eu sou um servo,
como tu e teus irmãos, possuidores do testemunho de Jesus. Adora a Deus. Porque o espírito
profético não é outro que o testemunho de Jesus. Vi ainda o céu aberto: eis que aparece um
cavalo branco. Seu cavaleiro chama-se Fiel e Verdadeiro, e é com justiça que ele julga e
guerreia. Tem olhos flamejantes. Há em sua cabeça muitos diademas e traz escrito um nome
que ninguém conhece, senão ele. Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome é
Verbo de Deus."

Resta ainda alguma dúvida a respeito da identidade do cavaleiro do branco? No versículo 16


há mais uma dica: "Ele traz escrito no manto e na coxa: Rei dos reis e Senhor dos senhores!"

O cavaleiro do cavalo branco se revela nenhum outro que não Jesus, o vencedor que saiu para
vencer novamente! Aquele que veio trazer a espada e não a paz! Aquele que veio vencer o
dragão!
1 ponto para quem falou Fome, Guerra, Morte e Conquista, 4 pontos para quem falou Jesus,
Guerra, Fome, Morte!

- O que é, o que é... é muito antigo, uma das primeiras figuras da Bíblia, lá do Antigo
Testamento. Conversava com Deus e tinha chifres na cabeça?

Tire 3 pontos de quem disse: "O diabo!"

Dê 1 ponto para quem disse: "Moisés!"

Na passagem original, quando Moisés fica face a face com Deus, ele deve cobrir o rosto, pois a
experiência o deixou diferente.

"Moisés desceu do monte Sinai, tendo nas mãos as duas tábuas da lei. Descendo do monte,
Moisés não sabia que a pele de seu rosto se tornara brilhante, durante a sua conversa com o
Senhor. E, tendo-o visto Aarão e todos os israelitas, notaram que a pele de seu rosto se tornara
brilhante e não ousaram aproximar-se dele. Mas ele os chamou, e Aarão com todos os chefes
da assembléia voltaram para junto dele, e ele se entreteve com eles. Aproximaram-se, em
seguida, todos os israelitas, a quem ele transmitiu as ordens que tinha recebido do Senhor no
monte Sinai. Tendo Moisés acabado de falar, pôs um véu no seu rosto. Mas, entrando Moisés
diante do Senhor para falar com ele, tirava o véu até sair. E, saindo, transmitia aos israelitas as
ordens recebidas. Estes viam irradiar a pele de seu rosto; em seguida Moisés recolocava o véu
no seu rosto até a próxima entrevista com o Senhor." (Êxodo 34:29-35)

Acontece que no hebraico original a palavra usada para descrever o que acontecia com a pele
da face de Moisés é ‫ ָק ַר ן‬qâran, ou seja "possuia chifres", quando traduziram este trecho para o
latim mantiveram a idéia dos chifres: "et ignorabat quod cornuta esset facies sua". Com o
tempo passaram esse trecho para rosto brilhante e resplandecente, ao invés de rosto com
chifres. Agora imagine o porquê do véu. Acha mais fácil alguém querer esconder o rosto, ou
assustar aqueles que o vêem porque o rosto brilha no escuro, ou porque nasceram chifres na
cabeça?

Bônus:

Depois que todos se divertiram e você viu quem fez mais pontos, brinde os convidados com
esses dois memes cristãos, que são garantia de diversão:

Você Sabia ????

Que Nos conventos, durante a leitura das Escrituras Sagradas, ao se referir a São José, diziam
sempre " Pater Putativus ", ( ou seja: "Pai Suposto" ) abreviando em P.P.? Assim surgiu o
hábito, nos países de colonização espanhola, de chamar os "José" de "Pepe".

Cada rei no baralho representa um grande Rei/Imperador da história: Paus: Alexandre Magno
(Grécia/Macedônia). Copas: Carlos Magno (França). Ouros: Júlio César (Roma). E finalmente o
rei de Espadas: Rei David (Israel). Lembre-se disso a próxima vez que for jogar poker.

O que a Bíblia diz sobre o aborto?

Aborto na BíbliaVivemos em um mundo onde ocorrem entre 46 a 55 milhões de abortos por ano,
aproximadamente 126.000 abortos por dia. Desses, 78% ocorrem em países em desenvolvimento (o
famoso terceiro mundo) e os restantes 22% em países desenvolvidos. Hoje 66% da população mundial
têm leis que em essência permitem o aborto induzido, mas diversos países ainda proíbem o aborto, na
maioria das vezes dirigidos por líderanças cristãs ou evocando a Deus e à Bíblia como fonte moral para
provar que o aborto é errado, ou pior ainda, um pecado.

Mas o que diz a Bíblia sobre o aborto? Qual a posição de Deus sobre o assunto? Bem, pegando as
escrituras e a lendo de uma capa à outra descobrimos que ela diz absolutamente nada! A Bíblia sequer
toca no assunto e o conceito de "aborto induzido" não aparece em nenhuma de suas traduções
disponíveis.

Em nenhuma das mais de 600 leis de Moisés encontramos qualquer referência ao aborto. E de onde vem
essa idéia de que Deus condena o aborto? De fato apenas uma instrução sobre 'aborto espontâneo' é
usada pelos paranóicos para sustentar que a Bíblia inteira é anti-aborto, e ironicamente esta passagem
claramente declara que abordo espontâneo não é igual à morte de um ser humano. Como lemos em
Exodo 21:22-25:

"Se alguns homens pelejarem, e um ferir uma mulher grávida, e for causa de que aborte, porém não
havendo outro dano, certamente será multado, conforme o que lhe impuser o marido da mulher, e
julgarem os juízes. Mas se houver morte, então darás vida por vida."

Em resumo, se uma mulher passa por aborto espontâneo como resultado de uma agressão, o homem
responsável deve pagar uma multa que o marido dela pedir e os juízes concordarem como sendo justa.
Se a mulher morre, ai sim, ele deve ser morto conforme a tradição judaica. Ou seja a vida de uma pessoa
não é igual à vida de um feto.

Os militantes anti-aborto costumam citar o sexto mandamento, "Não matarás" (Ex. 20:13) como uma
evidência de que a bíblia é contra o aborto. Mas o ensinamento da passagem acima faz uma clara
diferenciação entre a vida humana e o desenvolvimento embrionário. Em poucas palavras, a bíblia
condena com pena de morte a quem matar um ser humano, mas não a quem abortar um feto. Para
variar, papagaios que adoram repetir textos que lhes são desconhecidos.

Antes de continuarmos, vamos agora definir o que são os estágios de formação de uma criança para
evitar problemas de definição entre os leigos histéricos. Logo que um homem faz sua semente jorrar de
seu cajado no ventre da mulher, e há a fecundação, temos um embrião. Um embrião é o produto das
primeiras modificações do óvulo fecundado. Após dois meses do momento daquele OH MY GOD!, é que
temos um feto. É na fase de feto que começam a se desenvolver braços, pernas, nariz, etc. O sistema
nervoso só se desenvolve na 27a semana, juntamente com o sistema respiratório (ambos ainda
extremamente simplificados). O feto só é considerado um ser completo aproximadamente na 38a
semana, ou seja com pelo menos 8 meses de gravidez. Voltemos agora à Bíblia.

A princial falha dos pseudo-cristãos é ignorar o conceito bíblico de vida. De acordo com a bíblia, a Palavra
Viva de Deus na terra, a vida começa quando o bebe faz sua primeira inspiração e começa a respirar. A
bíblia iguala vida e respiração em diversas passagens, incluindo a história da criação do homem em
Genesis 2:7, quando Deus soprou em suas narinas e deu a Adão o sopro da vida. Ademais a lei judaica
tradicional sempre considerou que a individualização da alma começa no parto.

Desesperados por uma base bíblica anti-aborto, alguns militantes citam passagens obscuras, usualmente
metaforicas ou poéticas como no Salmo 51:5: "Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me
concebeu minha mãe."

Esta passagem não faz nada senão invocar o pecado original. Não diz nada sobre aborto.

Além dessa outra passagem particularmente querida para mostrar como abortar é tirar uma vida temos:
"“Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci,...” (Jeremias 1:5).

Novamente uma passagem que faz uma referência à alma, não a um corpo, ou à vida do corpo. Essa
passagem inclusive diz que não precisamos de um corpo de carne para viver com Deus, afinal nossa vida
aqui é uma fase, o espírito é que é eterno.

Existe uma tendência clara, provavelmente oriunda da herança abraâmica de que um número enorme
de filhos representa uma benção, talvez ai possamos entender porque o aborto não era uma prática
comum, mas nunca proibida, veja novamente a passagem que diz que se uma mulher grávida perde o
feto, a pessoa que causou isso não responde por uma vida, mas por um possível filho e assim deve pagar
a multa que o pai da criança julgar justa, já que perdeu um herdeiro que provavelmente seria mais um
par de braços para trabalhar ou uma filha para ser vendida a um noivo por um belo dote. Nos
mandamentos de Moisés, nas exortações dos Profetas, nos sermões de Jesus, nos ensinamentos dos
apóstolos... o silêncio sobre o tema é esclarecedor. Se aborto fosse um assunto tão polêmico e
importante para Deus, a biblia não deixaria isso claro?

Todos reconhecem que crianças podem trazer muitas alegrias, mas a cega perseguição da fertilidade a
qualquer custo pode trazer desastrosas consequências para uma família cristã. A felicidade verdadeira
não está no número de herdeiros, mas em um relacionamento pessoal com o criador.

Isso se torna ainda pior quando ativistas "cristãos" usam a Bíblia como desculpa para sair apedrejando
médicos, depredando clínicas, queimando bonecos e gritando e agredindo aqueles que consideram
"inimigos da vida e do dom de Deus. Onde está o ensinamento de Cristo de amar nossos inimigos?

Mas de onde vem esse vínculo da Bíblia com o movimento anti-aborto? Para variar não da Bíblia, mas da
igreja dos homens, e isso mostra como a Palavra de Deus vem sendo vinculada à estupidez humana e
porque devemos cortar esse vículo entre a religião e os comerciantes da fé.

É engraçado notar que na antiguidade a igreja não era contra o aborto, muito pelo contrário: São
Anselmo disse que "nenhum intelecto humano pode aceitar a visão de que um infante possui a alma
racional no momento da concepção". Tomás de Aquino acreditava que o aborto nos primeiros meses de
gravidez era a destruição de um ser humano potencial, não um ser humano real. Inclusive um canon
medieval, conhecido como Decretum Gratiani, dizia que "não é um assassino aquele que causa um
aborto antes que a alma adentre o corpo". No século XVIII Santo Afonso escreveu que um feto recebe a
alma aproximadamente 40 dias após a concepção e que, mesmo sendo favorável evitar, o aborto é
aceitável neste período.

Foi apenas em 1869 que o Papa Pio IX aplicou o Apostolicae Sedis Moderationi, que apregoava
excomungar qualquer pessoa que administrasse um aborto a qualquer momento da gravidez, a igreja
Católica então passa a condenar o aborto, mesmo que a gravidez colocasse a vida da mãe em risco. No
final do século XIX a igreja católica se tornou líder em denúncias de "abortos criminosos", um jornal
médico chegou a dedicar uma matéria ao fato de que em uma era onde todas as igrejas negligenciavam
o aborto, os padres católicos estavam ensinando que "a destruição do embrião em qualquer período da
gravidez, a partir do primeiro instante da concepção, era um crime igualável ao assassinato" e "que
admitir essa prática é abrir o caminho para o pior tipo de linceciosidade e tirar da mãe a
responsabilidade da maternidade e destruir o aspecto mais forte da virtude feminina". Isso nos mostra
que além de parir mais crianças a mulher não tem muito mais virtudes dignas de nota. Em 1881 esse
mesmo jornal disse que os esforços anti-aborto dos católicos eram mais eficientes do que o dos
protestantes - que até então não se interessavam pelo assunto.

Mas o que fez a igreja deixar de buscar uma prática sensata de aborto a condená-la cegamente? Uma
nova iluminação divina? Uma revelação de um novo messias? Uma página perdida da Bíblia que foi de
repente encontrada?

Não.
Paralelo a qualquer discussão sobre aborto e fé e religião, a França passava por mudanças políticas
severas. Napoleão decidiu que a França estava cançada de ter sido abusada por praticamente todos os
países da Europa e do oriente e decidiu tranformá-lo em uma potência. E sua solução era criar um
grande exército. As universidades francesas se voltaram exclusivamente para o estado. Se as ciências não
tivessem uma utilidade prática para se construir prédios e ferramentas de guerra não serviam para nada,
foi o surgimento das politécnicas. Mas apesar de se poder construir ferramentas bélicas, na época não se
era possível produzir pessoas em massa para se tornar soldados. Ou era?

Foi então que ele teve uma idéia: as pessoas transam sem parar, mas elas costumam interromper a
gravidez, o aborto é um método anticoncepcional. Se proibir o aborto, teremos centenas de novos
soldados por mês!

E assim ele criou um código em 1804 que tornava o aborto um crime. E em 1810 por lei era possível se
condenar qualquer pessoa que por comida, bebida, medicamentos, violência ou qualquer outro meio,
causasse ou tentasse causar um aborto em uma mulher grávida. As pessoas condenadas deveriam ser
encarceradas mesmo que o aborto não ocorresse. Em 1817 a lei recebeu uma emenda para passar a se
aplicar a qualquer mulher que tentasse causar um aborto em si mesma. A França foi a pioneira em
combater o aborto, não porque a vida era sagrada, ou porque era moralmente errado mas porque estava
ocorrendo uma revolução industrial e precisavam de mais peões, mas logo suas idéias se espalharam
pela Europa. Napoleão estava querendo repetir o feito de grandes conquistadores e tinha seus exércitos
espalhados pelo mundo conhecido, e onde haviam franceses seguindo a lei francesa, havia uma pressão
para que a lei fosse aceita. Especialmente porque aqueles franceses tinham armas, assim a Espanha, a
Itália, a Alemanha começaram a proibir o aborto. E a igreja? Onde entra nisso? Napoleão conversou com
o Papa e propôs a idéia. Ele não queria mais abortos, e era bom que a igreja não quisessem mais
também. O Papa iluminado pelo espírito santo concordou e assim, curiosamente, e por coincidência na
mesma época, a igreja católica se tornou uma grande defensora da vida e uma grande anti aborto.

E assim a religião tirou a decisão dessa prática das mãos da mãe, mesmo que isso pusesse em risco sua
vida, e a entregou a Deus, mesmo não havendo registros Bíblicos que condenassem a prática.

Já sabemos que Deus não acha o sexo errado. E temos exemplos de inúmeros patriarcas e personagens
Bíblicos que transavam sem ter em mente apenas procriar. A esposa de Abraão era estéril, ele deixava de
visitá-la? Sansão percorria prostíbulos, e mantinha sua força, que vinha da observância das leis de Deus.
Quantos outros casos de mulheres que não engravidavam, por serem estéreis ou os maridos serem
estéreis, mas que transavam existem na Bíblia?
Se sexo não tem uma única finalidade, como Napoleão resolveu que teria, e se a Bíblia não diz que é
errado, por que tamanha violência contra o assunto?

Sabemos que o mundo está indo para o buraco. Isso está na Bíblia. Se não estivesse o livro de João, o
Apocalipse, não estaria lá. QUando Paulo de Tarso pregou contra o sexo, ele deixou claro que falava por
ele, não por Deus. Fora isso não há recriminações contra o sexo por sexo. E se o mundo vai para o
buraco, onde está o problema de se evitar que ele vá mais rápido colocando mais pessoas despreparadas
para ter mais filhos que provavelmente irão virar pessoas ainda mais despreparadas para viver aqui?

Jesus disse em Lucas 23:29:

"Porque eis que häo de vir dias em que diräo: Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que näo
geraram, e os peitos que näo amamentaram!"

O aborto é uma violência contra a mulher. Isso é fato. Mas obrigar alguém, responsável ou não, a ter
uma criança que não poderá cuidar é uma violência ainda maior contra a criança que irá nascer. Se a vida
é tão importante, porque os religiosos anti-aborto fazem tanta questão de mostrar o prazer de ver as
pessoas pró aborto indo para o inferno? Condenar alguém IMORTAL - nossa alma - ao inferno ETERNO
não parece uma violência maior do que evitar que um corpo MORTAL viva um inferno TEMPORÁRIO?

Deus adora a vida. Ele a criou. Mas ao mesmo tempo não mede consequências quando o assunto é
matar aqueles que o desagradam, ou criar leis que condenam com a morte aqueles que violam as regras.
Se aborto é errado, porque tira uma vida, por que apedrejar uma mulher - viva - até a morte não o é?

Nosso objetivo não é pregar uma cultura que abrace o aborto no lugar do preservativo, ou que incentive
as pessoas que tem alguma dúvida a abrirem mão de seus fetos - de pregado já basta Jesus na cruz.
Nosso objetivo é deixar claro que qualquer sentimento anti-aborto é pessoal, íntimo e individual da
pessoa gritando com a mulher assutada tentando se desviar de pedras para entrar em uma clínica. A
Bíblia não oferece base nenhuma para esse tipo de estupidez contra uma mulher que obviamente já está
com um peso enorme nas costas e na barriga, e que terá consigo eternamente uma cicatriz na alma,
nem para o profissional que tenta oferecer um ambiente limpo e uma prática médica adequada para
quem precisa.
Este ensinamento revolucionário claramente contradiz a noção tribal de mais e mais filhos. "Crescei e
multiplicai" sim, mas sendo dirigidos pelo amor do exemplo de Cristo. A militância anti-aborto de
maneira alguma demonstra amor pela humanidade ou compaixão pelos seres-humanos. Cristo não
disse: grite e apedreje aqueles que te ofenderem. Mandou amarmos nossos inimigos. Não mandou
xingar e esbravejar, ele falou para que não julgássemos, pois seríamos julgados na mesma medida. Não
falou para desprezarmos ou odiarmos uma mãe grávida que não quer levar a gravidez adiante, nos
ensinou que deveríamos amar ao próximo como ele nos amou.

Os anti-aborto, especialmente e principalmente os pseudo religiosos, faz com que no mundo mais de
50% dos abortos aconteçam clandestinamente sem padrões de higiene e segurança do sistema de
saúde, levando à morte 200 mil mulheres todos os anos - e com certeza esse número faz muitos
"cristãos" sorrirem e dizer: quem mandou ir contra Deus!. Isso sem nos valer das terríveis
consequências de más formações congênicas, casos de estupro e das implicações de um mundo onde
planejamento familiar é pecado. O que Jesus diria? Acredito que diria: Levai as cargas uns dos outros, e
assim cumprireis a Minha lei, e não se esqueça de procurar um médico.

Uma visão realmente cristã

Os Santos Mais Estranhos de Todos os Tempos

Assunção de MariaQuando dizemos que alguém perdeu a cabeça estamos falando que esta pessoa
enlouqueceu. É um doido. Alguém que tem prioridades trocadas, metas bizarras e métodos estranhos.
Aparentemente é exatamente assim que Jesus quer que você seja. A lógica do mundo "normal" é a a da
lei do forte, a da lei da selva, o mundo dos espertos. Mas durante os séculos milhares de pessoas se
esforçaram para perder este senso de realidade e substituí-lo pelo psicodélico Reino dos Céus.

O Novo Testamento está repleto de pessoas que por conta de Jesus se comportaram estranhamente.
João Batista vestia-se apenas com pêlo de camelo e se alimentava só de gafanhotos e mel. Pedro e André
largaram seus empregos do nada e foram aprender a pescar almas com o Senhor. Paulo de Tarso caiu do
cavalo no meio do deserto, viu Jesus no céu e passou de caçador de cristãos a apóstolo do evangelho.
Para seguir Jesus algumas pessoas venderam tudo que tinham e davam aos pobres, não é muito pancada
fazer isso?
Estes, entre muitos outros exemplos, mostram que, desde o início, a história do cristianismo foi a de
loucos que dissoavam da ordem estabelecida. Essa história não terminou.

Com estas breves biografias abaixo podemos ver que não existe um padrão de como um santo deve ser.
Alguns se destacam por sua doçura, outros por seu intelecto, outros por sua coragem e alguns até por
sua fúria. A questão é que a santidade é o caminho pelo qual nossas aptidões e interesses podem atingir
o seu ápice.

A igreja não apenas dá testemunho destas vidas incríveis, mas intima todos a serem santos como eles.
Os santos, século a século, ano a ano, nos mostram o caminho. Somos chamados a agir e participar do
constante esforço de sair da lógica mundana em prol de uma vida que pareceria insana para qualquer
animal. Uma vida que é afinal, a vida de Cristo.

Cada um dos santos pode dizer, como São Paulo, que era Jesus vivendo neles. Era Jesus empunhando a
espada de Santa Joana D'arc e a pena de Santa Tereza de Avila. É Jesus vivendo em sua Igreja esse tempo
todo. Confira agora exemplos notáveis que também perderam a cabeça por causa de Cristo e fizeram a
história do cristianismo

São Cristovão

Santa Ebbe

Nossa Senhora de Guadalupe

São Nicolau de Mira

Nossa Senhora de Fátima


Santa Cunegunda

São Arnoldo

Santa Brigida

Santa Wilgefortis

Santo Adão e Santa Eva

São Dom Bosco

São Dinis

Santa Quitéria

Santo Antão

Santa Teresinha do Menino Jesus

Todos os Santos

São Roque
Santa Ágata

Nossa Senhora Aparecida

São Julião

Santa Escolástica

São Januário

Santa Clara de Remini

São Longuinho

Santa Tereza de Avila

São José de Cupertino

São Policarpo

Santa Helena

Santo Adriano e Santa Natália

São Moisés
Santa Catarina de Siena

São Genésio

São Lourenço

São Bernardo

Maria da Assunção

São Josaphat

Santo Estevão

Os Três Reis Magos

São Sebastião

Santa Apolônia

Santo Inácio de Loyola

São Domingos
Santo Expedito

São Jorge

São Kuksha de Odessa

Santa Margarete de Antioquia

Os Top 5 da Bíblia

yupiiiii

Top 5 pragas

I. Quando os hebreus eram escravos no Egito, o Senhor enviou 10 pragas contra os opressores do povo
escolhido. A primeira delas foi transformar toda a água do país em sangue (Êxodo 7:21).

II. Como o faraó não libertava os hebreus, o Senhor radicalizou: matou, numa só noite, todos os
primogênitos do Egito. œE houve grande clamor no país, pois não havia casa onde não houvesse um
morto (Êxodo 12:30).

III. Desgostoso com os pecados de Sodoma e Gomorra, Deus destruiu as duas cidades com uma
chuvarada de fogo e enxofre (Gênesis 19:24).

IV. Para punir as desobediências do rei Davi, o Senhor enviou uma doença não identificada, que matou
70 mil homens e 200 mil mulheres e crianças (2 Samuel, 24: 1-13).

V. Quando a nação dos filisteus roubou a arca da Aliança, onde estavam guardados os 10 Mandamentos,
o Senhor os castigou com um surto de hemorróidas letais. œOs intestinos lhes saíam para fora e
apodreciam (1 Samuel 5:9) .

Top 5 matanças

I. Um grupo de meninos malcriados zombou da calvície do profeta Eliseu. Pra quê! Na hora, dois ursos
famintos saíram de um bosque e comeram as crianças (2 Reis 2:24).

II. Cercado por um exército de filisteus, o herói Sansão apanhou a mandíbula de um jumento morto.
Usando o osso como arma, ele massacrou mil inimigos (Juízes, 15:16).

III. O profeta Elias convidou os sacerdotes do deus Baal para uma competição de orações. Era uma
armadilha: Elias incitou o povo, que linchou os pagãos (1 Reis 18:40).

VI. Os judeus haviam perdido a fé e começaram a adorar um bezerro de ouro. Moisés ficou furioso e
mandou sacerdotes levitas matar 3 mil infiéis (Êxodo 32:19).

V. A nação dos amalequitas disputava o território de Canaã com os judeus. O Senhor ordena que todos
os amalequitas sejam chacinados (1 Samuel 15:18).

Top 5 sacanagens
I. Após a destruição de Sodoma, os únicos sobreviventes eram Ló e suas duas filhas. As filhas de Lot
embebedaram o pai e tiveram com ele a noite mais incestuosa da Bíblia (Gênesis 19:31).

II. O Cântico dos Cânticos, atribuído ao rei Salomão, é altamente erótico. Um dos trechos: Teu corpo é
como a palmeira, e teus seios, como cachos de uva (Cânticos 7:7).

III. Os anjos do Senhor tiveram chamegos ilícitos com mulheres mortais. Vendo os Filhos de Deus que as
filhas dos homens eram formosas, tomaram-nas como mulheres, tantas quanto desejaram (Gênesis 6:2).

IV. A Bíblia diz que os antigos egípcios eram muito bem-dotados. Após a fuga para Canaã, a judia Ooliba
tem saudades dos tempos em que se prostituía no Egito. Tudo porque seus amantes (...) ejaculavam
como cavalo (Ezequiel 23:20).

V. O hebreu Onã casou com a viúva de seu irmão, mas não conseguia fazer sexo com ela – preferia o
prazer solitário. Do nome dele vem o termo onanismo , que significa masturbação (Gênesis 38:9).

Top 5 milagres

I. O maior de todos os milagres divinos foi o primeiro: a Criação do mundo, pelo poder da palavra. E
Deus disse: que haja luz. E houve luzâ (Gênesis 1:3).

II. Para dar-lhe uma amostra de seus poderes, o Senhor leva Ezequiel a um campo cheio de esqueletos “
e os traz de volta à vida.. O vento do Senhor soprou neles, e viveram (Ezequiel, 37; 1-28).

III. Graças à benção divina, o herói Sansão tinha a força de muitos homens. Certa vez, foi atacado por um
leão. O espírito do Senhor deu-lhe poder, e Sansão destroçou a fera com as próprias mãos, como se
matasse um cabrito (Juízes 14:6).

IV. Josué liderava uma batalha contra os amalequitas, mas o Sol estava se pondo. Como não queria lutar
no escuro, o hebreu pediu ajuda divina e o Sol ficou no céu (Josué 10:13).

V. Para fugir do Egito, os hebreus precisavam atravessar o mar Vermelho. E não tinham navios. Moisés
ergueu seu bastão e as águas do mar se dividiram. Após a passagem dos hebreus, o profeta deixou que
as ondas se fechassem sobre os exércitos do faraó (Êxodo 14; 21-30).

Paramore: tão cristãos que nem parecem

HayleyWilliams.jpg"Nós somos ateus. (risadas) Não, pessoalmente, acreditamos em Jesus Cristo."

- Hayley Williams em entrevista a BBC

O Cristianismo de hoje passa por uma crise artística. Apesar da energia e do amor que invoca parece que
muitas pessoas não entendem sua mensagem claramente, ou pelo menos não entendem como passar
essa mensagem a diante. Depois de quase dois milênios parece que todo novo cristão se contenta em
repetir a mesma cartilha do mesmo jeito chato. Isso levou muitas pessoas sinceras nas últimas décadas a
questionarem se o cristianismo é uma crença sem criatividade ou uma crença que atrai pessoas sem
criatividade. Se Jesus foi alguém tão na vanguarda com uma mensagem que conseguia transformar até
mesmo o pior e mais ferrenho de seus inimigos, porque é que hoje em dia parece que aqueles que
transmitem a sua canção conseguem apenas atrair aqueles que já fazem parte do rebanho?

A arte cristã permanece algo insosso, sem cor e brilho fora da igreja que por sua vez se comporta como
se tivesse a obrigação de gostar de tudo o que fosse produzido dentro dela, e algumas vezes apena
disso. Se cristão parece até que obrigatoriamente significa ignorar tudo o que não saia da boca de um
outro cristão e renegar tudo o que esteja ligado com a vida que a pessoa deixou para trás, mas isso é
uma contradição e uma ironia, já que foi justamente essa vida que a levou até Cristo. Assim uma pessoa
que tinha por gosto ouvir determinado tipo de música ou acompanhar determinado tipo de arte, uma
vez convertido passam a evitar aquilo abraçando algo que por si só não precisa trazer qualidade.
Por um lado o recém convertido passa a rejeitar manifestações artísticas ditas não-cristãs, por outro
assim que entra nessa nova vida tem já a predisposição a trocar o seu senso crítico secular por um novo
que abraça apenas a mensagem, mas não a estética do que está sendo acreditado. Os Beatles nunca se
declararam cristãos, muito pelo contrário, abraçaram religiões orientais, se envolveram com drogas, mas
nenhuma banda cristã atual conseguiu espalhar a mensagem All You Need Is Love - Tudo o Que Você
Precisa é Amor - como eles. Parece haver algo errado, os cristãos deveriam ser os primeiros a falar de
amor. E não apenas de amor, mas de liberdade, de provações, de humanidade e de relacionamentos.
Enfim, de todos os assuntos que tocam o Evangelho. O que vemos hoje é música sendo feita de maneira
amadora por pessoas aparentemente amadoras, certo?

Errado!

Graças a Deus existem exceções que merecem nossa atenção. Há anos vemos uma subcultura cristã
voltar a trazer a paixão e o talento para a mensagem, como é o caso da banda norte-americana
Paramore que mostra de forma cristalina que nem todo grupo musical cristão segue o batido
estereótipo. O som de Paramore, a coragem e os cabelos vermelhos de Hayley Williams, dificilmente se
enquadram no que esperamos de um grupo formado por cristãos sinceros.

Paramore consegue ser significativa sem ser pedante e tem algo a dizer sem apelar para os velhos clichês
de sempre. No Manifesto Jesus Freak, temos que seria uma boa idéia "nos preservar um pouco dos
hinários e livros de salmos e compor novas músicas com novas letras que sejam atuais e de acordo com
nossa época."

É exatamente isso que Paramore consegue fazer. Não espere encontrar citações da bíblia nem rimas
pobres com Deus e Cruz. Ainda assim, a mensagem está lá como geralmente está em tudo o que um
cristão faz. Como disse Josh Farro: "Nós somos cristãos, mas não somos uma Banda Cristã. Somos como
qualquer pessoa, você sabe. temos nossas crenças."

Que lufada de ar fresco em um ambiente estagnado é ouvir uma declaração como esta. Nos traz de volta
aquele mesmo espírito que levou Joni Mitchell a compor as letras da música Woodstock que contava a
história de um "filho de Deus" que ruma para o festival que deu o nome à música e que sem ser uma
pregação conseguiu conversões na multidão. O mesmo espírito envolve Paramore que não se deixa
afogar na mesmice e busca despertar nas pessoas o sentimento de rebeldia e alegria como Cristo fazia,
sem pedantismo e com carisma, não se preocupando em seguir uma linha politicamente correta e
monótona, mas fazendo a própria alma vazar pela boca e lavar àqueles que ela toca.
Essa postura louvável da banda foi colocada a prova recentemente quando algumas linhas da música
"Misery Business" (ver video) chamaram a atenção de algumas pessoas. A letra invocava deus e dizia se
sentir tão bem no meio de uma revanche pessoal. Isso bastou para receber críticas de algumas pessoas
interessadas em apontar os dedos na cara dos outros. Nessa situação a vocalista decidiu se manifestar
no blog oficial da banda, como texto que segue:

Redenção | substantivo 1. ação de salvar ou ser salvo do pecado, erro ou mal, eg. Deus tem um plano
para a redenção do mundo.

Há algo em minha mente que quero compartilhar, tem haver com a música "Misery Business". Eu
honestamente não sei bem o que dizer, nem como dizer, mas conversando com os rapazes sobre isso,
achamos que é muito importante tentar. (quer isso soe "legal" ou não). Pode-se se tornar algo pessoal,
mas vamos lá.

"Misery Business", como já falamos em várias entrevistas, mesmo em postas anteriores do LiveJournal, é
uma história verdadeira. A música foi escrita em uma época da minha vida em que eu me sentia muito
amarga com relação a uma garota, que eu ainda não perdoei, por várias coisas que ela fez alguns anos
atrás. Até esta pessoa aparecer na minha vida e na de meus amigos eu não fazia idéia no poder que
alguém pode ter sobre os outros. Eu vi ela usar sexo para manipular um de meus amigos até o ponto em
que nenhum de nós - de nosso pequeno circulo de amizade - conseguia reconhecê-lo. Ele mudou de
alguém inocente e alegre para alguem que se fechou para tudo. Não é preciso dizer que isso doi. Não
apenas porque era um amigo próximo, mas porque eu estava apaixonada por ele. ( Eu sei que não é
certo se apaixonar assim tão cedo, mas enfim).. a dor que eu senti resolvi guardar dentro de mim.
Imaginei que se as pessoas soubessem como eu me senti ferida, irritada e amarga elas achariam que eu
era uma pessoa má, ou pior, uma pessoa fraca. Para não me estender muito e não deixar este texto ficar
muito pessoal, vou terminando esta história por aqui dizendo que ele eventualmente percebeu que
aquilo não tinha nada haver com amor e depois disso nossa amizade mudou. Nós meio que nos
brigamos porque descobrimos da pior forma que não é legal começar a namorar tão cedo,
especialmente depois do que tinha acontecido. Mas brigar tornou as coisas mais dificeis e a última coisa
que eu aconteceu é que nos afastamos.

Eu lembro bem da situação quando escrevemos a letra da música. Eu me forcei a reviver algumas
memórias vividas da época em que ele estava se encontrando com ela. Eu não acho que ninguém pode
entender quão horrível foi aquilo tudo para alguém tão jovem... Para terminar de explicar meu lado da
história bem.. eu me sentia tão irritada e tão feliz ao mesmo tempo. Cada palavra que eu escrevia era
como se tirasse vários quilos das costas. O que eu não percebo foi que conforme escrevi estas linhas e
tirava um peso.. eu estava colocando outro.

"But god does it feel so good... to steal it all away from you now. and if you could then you know you
would. cause god it just feels so... it just feels so good."

"Mas, Deus, isso é tão bom... roubar tudo de você agora. e se você pudesse, então você saberia que
poderia. porque Deus! Isso é tão bom."

Eu me envergonho do que disse, embora eu creia em Jesus Cristo e o tenha como meu Deus, quando eu
escrevi esta letra eu não me dirigia a ele. Eu usava o nome casualmente. Em vão, para ser sincera. Se
você conhece um pouco da Religião Cristã (um nome que eu não gosto de usa para minha Fé.), você
provavelmente sabe que um dos dez mandamentos é "Não usará o nome de Deus em vão" e vai além
dizendo que ".. O Senhor não achará sem culpa aquel que usar seu nome em vão."

Como crente em Cristo, esta última parte me assusta para diabo. Eu não quero se contada como sendo a
causa de tantas pessoas usarem o nome dele em vão. Você não é obrigado a acreditar no que eu
acredito e ninguém da Paramore vau tentar forçar nossa fé na vida das pessoas... mas acredite ou não,
eu posso ter feito alguns de vocês acharem que levo meu salvador levianamente. E eu não levo.

Deus me fez passar por tudo aquilo que eu narro em "Misery Business". Eu acredito que sou uma pessoa
mais forte porque estas coisas aconteceram em minha vida. POr causa desta situação eu aprendi muito,
quando canto aquela música agora, não sou a mesma pessoa que a escreveu. Quando canto aquela linha
que costumava cantar em vão, eu a canto de maneira diferente. Não quero a responsabilidade de deixar
tantas pessoas usando o nome do meu Deus em vão. Então, quer você creia ou não em Cristo. Quer você
se importe ou não em dizer alguma coisa quando diz Deus, saiba que para mim, quando eu canto estas
linhas, eu estou dizendo a Deus que me sinto muito bem por levantar vitoriosa depois de meses de
confusão e dor. Não me fere mais como feria.

Desculpem pelo texto tão grande. Nós não falamos muito sobre nossa fé, principalmente porque nossa
fé é algo pessoal para nós. Mas eu sentia que algo precisava ser dito, antes que fosse tarde. Obrigado por
ler. "
...

Certamente Hayley é daquelas que não se envergonha do Evangelho e é talentosa o suficiente para não
apoiar sua carreira num nicho de mercado tão fácil. Essa postura ao mesmo tempo sincera e desapegada
faz de Paramore um exemplo muito digno não de como um cristão deve ser, mas do que um cristão pode
se tornar.

Como a própria vocalista disse durante uma apresentaçao em Willow Creek "Ter a sua fé não é parar o
que está fazendo durante trinta minutos por dia para ter o seu momento bíblia. É aprender a enxergar
Deus e a Mensagem de Cristo em cada pequena coisa de seu dia a dia. Nós acreditamos que temos uma
rotina, mas ter uma rotina significa não saber o que você vai estar fazendo nos próximos trinta minutos,
e isso significa que você deve enxergar a Deus em cada uma dessas coisas novas."

De fato. Deus está em todo o lugar, em todas as pessoas, principalmente naquelas que muitos acham
que seria o último lugar em que Ele desejaria estar. É bom ver que entre os artistas cristãos existem
aqueles que enxergam além do próprio preconceito e conseguem encontrar Deus sem ter que que
enfeitar sua música com rótulos de pronto uso. Paramore é uma banda que consegue fazer uma música
chamada "Hallelujah" e não soar como se estivesse cantando enclausurada em uma igreja. Para finalizar,
em entrevista para a BBC Josh Farro, guitarrista e compositor do grupo diz em poucas palvras o que
Hayley demonstrou em sua carta: "Nossa Fé é muito importante para nós. Obviamente ela vai aparecer
em nossas músicas porque se alguém acredita em algo então sua visão de mundo aparece em tudo o
que se faz. Mas nós não estamos aqui para pregar para as crianças. Estamos aqui porque amamos
música."

Eles amam a música.

Jesus Freak

Porque Cristãos Não devem pagar Dízimo

O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Atos
8:20
Existe uma crença forte, difundida entre as igrejas e templos criados pelo homem em que devemos
compartilhar com as instituições parte de nosso dinheiro. Os ditos “lideres” espirituais e auto entitulados
“pastores” do rebanho do Senhor afirmam que todos nós somos devedores perante Deus e nossos
dízimos são como que uma "garantia de pagamento" do que devemos ao Senhor. Pagar o dízimo é o
reconhecimento de que somos devedores e não proprietários. Ainda em sua visão deturpada afirmam
que quando um crente não paga os seus dízimos, põe de manifesto o que existe em seu coração: uma
pobreza interior.

Bem aventurada a pessoa que nunca ouviu que essa pobreza espiritual manifesta-se quando amamos
mais a nós mesmos do que a Deus, pela falta de amor à igreja, pela falta de amor ao ministério. Bem
aventurada pois provavelmente nunca teve que ouvir a falácia de que a recusa de pagar parte do seu
dinheiro para uma instituição ocorre quando a pessoa ama mais ao dinheiro do que a Deus, e que pagar
o dízimo é um antídoto contra o amor ao dinheiro, uma forma de receber bênçãos espirituais. Que tipo
de mente associa Deus e a Graça Divina com dinheiro? Basta frequentar um culto ou ir a uma missa e
logo vemos bandejas ou sacolas sendo passadas e enchidas pois as pessoas acabam crendo que pagar o
dizímo é contribuir para a realização de projetos missionários ou ainda pior: que pagar nossos dízimos é
efetuar uma aplicação no Reino de Deus, que esta aplicação acumula recompensas eternas.

A maior das ignominias surge quando nos pedem para pagar por amor a Jesus Cristo, o maior “doador”
de todos nós: caso você queira receber todas as bênçãos de Deus, deve pagar todos os seus dízimos.
Afinal se quer viver na sobre-abundância de Deus, seja generoso com a obra do Senhor.

É óbvio que qualquer pessoa pode manipular as palavras de Deus para enganar os necessitados e
aqueles que buscam compreensão, mas o que dizer de fatos jogados contra essa aberração criada por
mentacáptos? Muitos hoje associam toda a forma de cristianismo a um bando de pessoas que dão parte
do seu salário, muitas vezes ja mirrado, para um aproveitador, e o pior é que muitos acham que isso
ocorre porque Deus assim quer. Nada mais longe da verdade.

O trecho bíblico mais usado para justificar a cobrança do dízimo é o famoso Malaquias 3:8-10:

"Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas
ofertas alçadas. Com maldição sois amaldiçoados, por que me roubais, vós a nação toda. Trazei todos os
dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa e depois fazei prova de mim, diz o
Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal,
que dela vos advenha a maior abastança".

Sabemos que a Bíblia é a palavra de Deus, a autoridade maxima do Cristianismo, estudemos então estes
versículos como se deve ser feito, com mais atenção:

O ponto a entender é que antes de Jesus Cristo Israel era governado por vários tipos de leis, as principais
delas eram as Leis Morais, como "Não Matar", "Não roubar" e as leis cerimoniais que regulamentavam o
culto e adoração. A grande questão a entender é que a instrução do dízimo se refere sempre à leis
cerimoniais. Tome sua Bíblia e leia atentamente os três primeiros capítulos de Malaquias e veja que o
contexto inteiro está fundamentado na lei sacerdotal, ou seja, exatamente aquelas leis que caducaram
na cruz pelo sacrifício de Jesus Cristo. Os mandamentos referentes a antiga adoração (o que inclúi o
dízimo) são para os judeus da antiga aliança apenas.

Acham isso surpreendente? Continuemos com nosso bíblia então:

Deus conduziu o seu povo à Terra Prometida. Ali repartiu-lhes a terra, distribuindo cada parte a uma das
onze tribos. A tribo dos LEVITAS deveria se dedicar ao serviço de Deus e, por isso, as demais tribos
deveriam pagar o dízimo para sustentar o sacerdócio judáico, e este sacerdócio deveria ser mantido até
a chegada do Messias.

Jesus Cristo ab-rogou os sacrifícios do Templo, o velho Templo foi rasgado, Jesus abriu o caminho. O
sacerdócio levita, necessário para o sacrifício de animais ou oferendas, instituído a partir de Aarão,
estava anulado. Já não seriam necessárias nem as oferendas e nem os holocaustos; não mais
compraziam a Deus o sangue de touros nem bezerros. Apenas um sacrifício perfeito é agora agradável
ao Pai (Malaquias 1,11).

Por isso, o que fazem os pastores de qualquer denominação autointitulada "cristã" exigindo o
pagamento do dízimo, pressionando seus irmãos, NÃO é de Deus, mas um mandamento humano, que
sem nenhum pudor se aproveitam dos seus irmãos mais fracos para tirar-lhes dinheiro em nome de
Deus. "A religião se lhes tornou puro negócio" (1Timóteo 6,5).

Continuando a leitura atenta a Malaquias 3 ou qualquer outra passagem sobre o dízimo constatará que o
contexto é sempre referente a instruções cerimoniais. Os dízimos estão sempre na companhia das
ofertas alçadas e dos antigos sacrifícios dos Levitas e do Templo. Um cristão é tão obrigado a dar o
dízimo hoje quanto a sacrificar um bode pelos seus pecados, pois a adoração hoje não é feita mais da
antiga maneira, mas sim em "Espírito e Verdade".Com o resgate feito por Jesus o véu do Templo se
rasgou de cima em baixo como conta a Bíblia, e neste instante a antiga lei cerimonial foi cravada na cruz
e a antiga aliança deu lugar ao novo testamento de Deus. De tal forma é que não existe nenhum texto
bíblico que instrua o povo de Deus a pagar dízimos após a ressurreição de Cristo.

Ademais Malaquias é um livro com um público muito bem definido é completamente tirado de contexto
por igrejas que servem primeiro ao Dinheiro antes de qualquer coisa. Vamos portanto entender quem de
fato são os ladrões mencionados em Malaquias 3:8-10. Este texto na verdade faz parte de um clamor
que começa no capítulo 2, versículo 1 e vai até o verso 18 do capítulo 3. O primeiro passo é portanto ler
toda a passagem.

Logo no começo podemos ver claramente para quem é endereçada a dura mensagem. E adivinhem só?
Deus está bravo com os sacerdotes (de novo): "Agora, ó sacerdotes, este mandamento é para vós". A
mensagem é clara, quem está levando bronca são os sacerdotes, não o povo de Deus. Mesmo a
passagem "vós a nação toda" em Malaquias 3:9 tem os sacerdotes como alvo, como que dizendo “vós, a
nação de sacerdotes, todos estão roubando", temos que lembrar que Deus, quando separou as tribos
reservou uma ao sacerdócio, essa nação é que merecia o puxão de orelha. Ou seja, a Bíblia contém
mensagens específicas para públicos e pessoas específicos. Não faz sentido por exemplo construir uma
arca da madeira porque em Gênesis Deus ordena que Noé o faça. Da mesma forma que não é lógico que
pessoas comuns se submetam às práticas sacerdotais. Não pedimos para um carteiro realizar uma
cirurgia, ou que um engenheiro revise uma sinfonia. Por que aplicar para a pessoa comum os sermãos
criados para os sacerdotes hipócritas?

Assim, em Malaquias 3:8-10 Deus não estava ordenando que os cristãos de hoje dêem dinheiro aos
pastores, mas ironicamente estava chamando os sacerdotes de ladrões, ordenando que eles parassem
de roubar! E o que torna ainda pior tudo isso é afirmar que o objeto roubado era dinheiro, de forma a
poder estorquir hoje dinheiro dos crentes. O contexto era que o povo levava animais perfeitos para
serem sacrificados na expiação de seus pecados e os sacerdotes trocavam e ofereciam seus próprios
animais defeituosos no lugar.

Na Bíblia o dízimo nunca está relacionado a dinheiro. Dízimo sempre está relacionado a comida,
alimentos, produção agro-pecuária.
Não que não houvesse dinheiro nos tempos bíblicos. Algumas taxas para o Templo só eram aceitas em
forma de dinheiro (Êxodo 30:14-16 e 38:24-31). O dinheiro era utilizado para comprar sepulturas
(Gênesis 23:15-16). O dinheiro era usado para comprar bois para serem oferecidos em sacrifícios. (II
Samuel 24:24). Era utilizado para pagar tributos vassalos. (II Reis 23:33,35). Era utilizado para comprar
imóveis (Jeremias 32:9-11). Para pagar salários (II Reis 22:4-7). Para fazer câmbios (Marcos 11:15.17). O
próprio Jesus foi vendido por dinheiro.

Entretanto, Deus estabeleceu que somente as pessoas ligadas à produção agro-pecuária deveriam trazer
dízimos. Uma vez que os dízimos eram oferecidos somente em forma de grãos, ovelhas, gado. Não há
nenhuma citação bíblica de que os frutos do trabalho podiam ser cambiados ou compensados por
ovelhas ou grãos a fim de se cumprir o procedimento dos dízimos.

Nos tempos antigos haviam variadas profissões e ocupações como hoje. Se o dízimo tivesse sido
estabelecido sob a forma de dinheiro, ninguém teria dificuldade de adorar a Deus desta forma. Mas não
foi assim que Deus quis. Dízimo na Bíblia é sinônimo de alimento. Ofertas podiam ser trazidas em forma
de dinheiro (II Reis 22:4-7) Mas, quando o assunto era dízimo, somente ovelhas, bois, grãos, comida.
Dinheiro nunca!

“Todos os dízimos do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor, são santos ao
Senhor. No tocante a todos os dízimos de vacas e ovelhas, de tudo que passar por debaixo da vara do
pastor, o dízimo (O DÉCIMO) será santo ao Senhor. Não esquadrinhará entre o bom e o ruim, nem o
substituirá. Se de algum modo o substituir, ambos serão santos, e não podem ser resgatados”. Levítico
27:30-32

Curiosamente, ainda, o dizimista não tinha que separar o PRIMEIRO para Deus, mas o DÉCIMO, o último.
Os animais iam passando por debaixo da vara do pastor. O dízimo ou o décimo era separado e entregue
ao Senhor. Quem tivesse nove ovelhas estava automaticamente isento do dízimo.

E o pior dos erros ainda era acreditar que o dízimo era uma forma de pagamento ou oferta aos
sacerdotes: os dízimos deveriam ser aproveitados pelos próprios dizimistas.

“Certamente darás os dízimos de todo o fruto das tuas sementes, que cada ano se recolher no campo.
Perante o Senhor teu Deus, no lugar que ele escolher para ali fazer habitar o seu nome, comereis os
dízimos do teu cereal, do teu vinho e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas,
para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus todos os dias. Mas se o caminho for longo demais, de
modo que não os possas levar, por estar longe de ti o lugar que o Senhor teu Deus escolher para ali pôr o
seu nome, quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado, então vende-os e leva o dinheiro na tua mão e
vai ao lugar que o Senhor teu Deus escolher. Com esse dinheiro comprarás tudo o que deseja a tua alma,
por vacas, ou ovelhas, ou vinho, ou bebida forte, ou qualquer outra coisa que te pedir a tua alma. Come-
o ali perante o Senhor teu Deus, e alegra-te tu e a tua familia” Deuteronômio 14:22:29

“Trareis a este lugar os vossos holocaustos e os vossos sacrifícios, os vossos dízimos e as vossas ofertas
especiais, os vossos votos e as vossas ofertas voluntárias, e os primogênitos das vossas vacas e das
vossas ovelhas. Ali comereis na presença do Senhor vosso Deus e vos alegrareis com as vossas familias
por todo o bem que vos abençoar o Senhor vosso Deus. Então, ao lugar que escolher o Senhor vosso
Deus... para ali trareis.... vossos dízimos” Deuteronômio 12:6,7,11

Como lemos em Levítico ainda a parte destinada aos sacerdotes era uma parte em alimento (Levítico
5:13). Nunca houve o pedido da entrega de dinheiro por Deus para seus sacerdotes. O dízimo em
dinheiro é uma invenção do homem. Para que Deus iria querer dinheiro? Caso ficasse com fome e
estivesse muito ocupado para criar um Big Mac e tivesse que pagar por um?

Os sacerdotes e pastores corruptos não são, portanto, novidade do cristianismo de hoje. Na verdade as
mais duras ressalvas da Bíblia são para eles e não para o cristão comum. Talvez este seja um dos motívos
de Jesus ter se oposto aos líderes religiosos durante seu ministério na Terra.

Quanto ao argumento de que o dízimo de hoje é usado para sustentar o trabalho do ministério e da
pregação. Bem, Jesus nunca pediu que isso fosse feito. Muito pelo contrário a postura dos cristãos
primitivos era "De graça recebei e de graça dai." Mt. 10:8.

Os cristãos primitivos nunca cobraram nada como desculpa para sustentar seus ministérios. Esse é o
exemplo Bíblico (Mateus 10:7-10).

A mentira do dízimo se coloca ainda em oposição ao evangelho quando tomamos a consciência de que
muitos cristões humildes passam necessidade e deixam de comer para poder entregar dinheiro à igreja,
na esperança de que assim poderão cumprir a vontade de Deus. Sofrem de fome e se atolam em dívidas
enquanto seus líderes andam de carro importado e fazem viagens ao exterior.
Faça um exercício, peça para seu pastor ou seu padre que dê para algum fiel qualquer, dentre toda a
congregação a chave de seu carro, e os documentos de posse. Você confia em uma pessoa que é incapaz
de lhe dar a chave de um carro a responsabilidade de lhe dar a chave para a vida eternal?

A superstição do dízimo foi criada para manter os vendilhões do templo de hoje e não condiz com a
mensagem de liberdade do novo testamento. A crença de que seremos amaldiçoados se não dermos dez
por cento de nossos salarios, coloca o próprio sacrifício de Cristo em dúvida, como ato insuficiente para
livrar-nos de todo mal, e ainda condiciona nossa herança de uma vida plena à doação de parte de nosso
salário, de nosso dinheiro, aos sacerdotes. Os senhores que dirigem algum grupo religioso NÃO têm
qualquer autoridade apostólica delegada por Deus para "exigir" de seus fiéis o cumprimento do "dízimo"
judaico, como se eles fossem judeus, como se ainda tivessem que sustentar um sacerdócio que já
caducou.

Mas Deus não é um comerciante, e na condição de pecadores nada temos a oferecer ao criador do
Universo. A Graça da Salvação e da vida em abundância não vem em troca de nosso dinheiro humano,
mas da iniciativa de Jesus Cristo em pagar toda a dívida moral que acumulamos com nosso erros.

Porque Jesus é tão foda

Para compensar a falta de experiência da própria mãe sobre o assunto, Jesus é muito foda. Todos os
caras queriam ser como ele. Todas as garotas queriam dar para ele. Sempre cercado de multidões.

Ele transformou água em vinho. Mas se quisesse, ele poderia transformar papel amassado em um
baseado, açúcar em cocaína, ou MM's em anfetaminas. Ele vivia com prostitutas e ,dizem uns e outros,
inclusive se casou com uma. Ele foi muito foda.

A gente se acha o máximo quando acerta que tempo vai fazer no fim de semana, mas Jesus acalmava as
tempestades quando queria. Literalmente não havia tempo ruim com ele. Jesus multiplica pães e peixes
para alimentar as multidões!
Ele andou sobre as águas mas poderia ter nadado em terra firme. Ou seja um congestionamento não
seria absolutamente nada para ele. Se você fosse cego ou coxo era só vir até Jesus e ele colocaria as
mãos sobre você e te curaria. Isso é muito foda. Imagine a fila de aidéticos se formando apenas para ver
um sorriso de comercial de pasta de dentes do cara!

Ele trabalhou no Shabat quando todo mundo dizia que isso era errado e todo dia ao lado dele era como
um sábado ensolarado.

Ele ensinava pescadores a pescar e dava aula de religião para os altos sacerdotes. Tudo o que alguém
sempre quis fazer ele podia fazer. De olhos fechados e sorrindo. O melhor em cada coisa, o exemplo
dívino do que um ser humano poderia ser se quisesse de verdade. Ele poderia tocar guitarra melhor do
que Hendrix, ele podia dizer o futuro ou fazer o bolo mais delicioso do mundo. Ele poderia ajudar
Einstein a fechar as contas, ensinar Tiger Wood a jogar golfe e dar aulas de rima para o Eminem. Ele
poderia dançar melhor do que Baryshnikov e poderia ser mais engraçado do que qualquer comediante
que você conseguir pensar. Jesus foi melhor que o Elvis dois milênios antes do Elvis nascer. O quão foda é
alguém que personifica Elvis antes do Elvis existir para então o Elvis virar um ídolo e homenagear o cara
em primeiro lugar? Jesus foi muito foda.

Jesus chicoteava os vendilhões e conversava com samaritanos, mas hoje poderia armar um barraco na
Universal e depois ir bater um papo com os traficantes e travestis da cracolândia. E ele ensinou muita
coisa foda também. Ele falou sobre pacifismo melhor do que Gandhi e sobre secularismo melhor do que
qualquer ateu. Ele ensinou coisas revolucinárias de uma maneira muito foda: “comam minha carne!
Bebam meu sangue!”. Quem mais fez isso? Isso é muito louco, é louco pra caralho! Jesus é um animal!
Ele é muito foda!

Tão foda e tão rebelde que algumas pessoas ficaram com ciúmes. Quem vive de medo teme que alguém
fale em liberdade. Quem vive de ódio odeia que se fale de amor. Ficaram com tanta raiva e tanta inveja
que tiraram sarro dele, o pregaram numa cruz, e o mataram. Mas cara, Jesus não é só foda. Ele é MUITO
foda. É tão foda que ele morreu e ai voltou dos mortos pra dar um rolê com os amigos e as minas dele!
Pode ter algo mais foda do que isso?

Ele morreu mas nem por isso ficou de bobeira como qualquer um faria, ele resgatou os mortos - os
mortos, tem noção? Enquanto fazemos filmes onde saímos matando os mortos ele foi lá resgatar eles.
Voltou para a vida e depois ainda subiu aos céus. Caralho. Isso é muito foda. Não é a toa que tanta gente
medíocre criou tantas religiões em torno dele.
Por um cristianismo sem igrejas

Igreja do futuroÉ claro que Jesus entrava e saia das sinagogas (Mateus 13:54, Marcos 1:21, Lucas 4:16),
mas também ensinana nos montes (Mateus 5 e 7), orava nas clareiras dos bosques (Mateus 26:36) e
escrevia no chão (João, 8:4, 11). Quem frequenta um culto cristão hoje, sabe que ele se tornou tão
viciado quando os templo judeus da época de Cristo, talvez pior do que eles. Hoje a comunidade cristã
há muito deixou de ser um local de vivência real dos ensinamentos de Jesus para se tornar um clube
social onde as pessoas vão para ver, ser vistas e falar dos outros. Imagine se Cristo houvesse nascido nos
dias de hoje, qual desses clubes você acha que ele frequentaria?

Talvez o clube católico com sua tradição e estética invejáveis; ou quem sabe um dos cultos protestantes
onde a música e as luzes distraem os devotos; ou ainda um culto neo-pentecostal onde o show de
milagres é garantido. Ou quem sabe, ele faria e viveria a Igreja da exata mesma forma que fez e viveu -
entre prostitutas, ladrões e doentes, nunca protegido dentro das paredes do Templo de Salomão se
isolando do resto do mundo.

A verdade é que assim como foi no começo da cristandade, ainda hoje podemos ser discipulos de Cristo
longe das instituições religiosas. Isso porque instituição religiosa e "a Igreja" são coisas completamente
diferentes. Isto é apenas mais uma corrupção do raciocínio, usada para se dominar os irmãos e irmãs
mais frágeis e impressionáveis e as pessoas com dificuldades de arranjar e manter uma vida social por
conta própria. Basta ver que em cada caso citado acima o importante não era o local onde Cristo
pregava, mas o que ele pregava: Não como um pastor ou clérigo, não com oum sacerdote, mas como
alguém cheio do Espírito Santo (Mateus 7:29, Marcos 1:22)

Como se isso não bastasse, cada um desses clubes faz questão de se eleger como a melhor escolha
possível, muitas vezes descartando como malditos, enganados e heregeres todos os que ficaram do lado
de fora. Existem centenas de pastores, padres, pregadores, e líderes que se inflamam ao nos alertar
sobre o perigo daqueles que vêm até nós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos
devoradores, no entanto parecem não aperceber do próprio orgulho a vaidade vestidados como
humildade e devoção. Quantas pessoas salvas em Cristo não se afastam da palavra desiludidas com a
forma que esses “líderes” cristãos conduzem o que chamam de igreja, de templo do Senhor? Aqueles
que deveriam servir como faróis na escuridão, apontando o caminho seguido por nosso Salvador, se
tornam uma vela que apenas atrai mariposas solitárias, aqueles que não sabem distinguir a luz que
ilumina da luz que consome e queima. Quantas pessoas deixam de frequentar os locais de culto, aos
quais se acostumaram dar o nome de “templo” ou “igreja”? Quantos não tem sua fé abafada pelos
dogmas criados apenas para iludir ou por aqueles que se utilizam de mentiras, ameaças e mesmo
desprezo para consquistar um público assíduo para seus espetáculos?

De onde surge o direito divino de vincular a salvação de alguém a uma instituição? Quando Cristo
afirmou que para estar salvo você deveria ser membro de algum grupo? E então surge um absurdo ainda
maior: para se salvar é preciso comprar o pacote de doutrinas vendidas por eles, enfiadas goela a baixo
por cada uma das instituições. Católicos desdenham protestantes. Pentecostais afirmam que a Santa Sé
é a besta disfarçada. Testemunhas de Jeová lamentam a desilusão dos Adventistas. Todos criticam os
Rastafaris, dizendo que nem ao menos são cristãos. E todos se esquecem da vida de nosso Salvador. Se
não aceitamos uma determinada doutrina como a única salvação real oferecida por Deus então a
instituição que a vende nos agride, nos intimida. Nos tornamos enganados, desiludidos. Se esquecem
esses líderes os hábitos e a vida da única pessoa para quem Cristo prometeu: “Em verdade te digo que
hoje estarás comigo no Paraíso.”. Nos tornamos os rebeldes incapazes de ouvir. Mas se isso ocorre se
lembrem do sorriso do Salvador e não fiquem tristes, mas pelo contrário se animem: sermos taxados de
rebeldes assim como Cristo também foi. Como podemos sentir tristeza de sermos perseguidos e
malditos por estarmos ao lado de Jesus?

Qualquer mente, com um pouquinho de discernimento, percebe que uma instituição religiosa é apenas
a idealização de um homem. Suas regras e doutrinas são o conjunto de interpretações de um homem.
Suas paredes foram erguidas por homens para que ali habitasse nada além de outro homem. Não há
qualquer referência bíblica de que um homem pode impor a sua interpretação bíblica a seus iguais,
muito pelo contrario! Não nos advertiu Cristo sobre estas pessoas iníqüas? (Mateus 7:21-23). E o pior é
que muitos deles nem percebem o que estão fazendo. Se sentem inspirados e saem por ai, não
pescando homens, mas apenas formando turminhas para socializar: parecem mais pessoas em busca da
confirmação de outros de que de fato está no caminho da própria salvação do que alguém que
encontrou de fato Jesus em seu coração (Mateus 7:14).

O espírito cristão de hoje foi reduzido a freqüentar cultos. A ouvir o que sabemos não passar de mentiras
e nos calarmos de cabeça baixa. A defender a doutrina da instituição, suas regras e seu governo como se
fosse uma criação divina e pior, como se possuísse poder divino. A submetermo-nos a rudimentos, a
homens e a doutrinas. Nós damos dinheiro para uma instituição, para que ela crie mais templos ou
organize novas obras, e não fazemos nada pelos outros. Encarregamos alguém de fazer isso em nosso
lugar. Já repararam que a maioria das instituições arrecada, mas quando surge algo que necessita ser
feito se apelam para voluntaries, para boas almas engajadas?
As instituições religiosas hoje são aberrações. Se fossem apenas um lugar onde se cometessem erros,
mas houvessem também ações para se corrigir esses erros, se houvesse interesse real em se corrigir
esses erros, então teríamos hoje locais onde a Palavra pudesse ser estudada, compartilhada e passada a
diante. A semearíamos. No entanto, vemos coisas muito mais horrendas do que simples deslizes
humanos. Nos vemos soterrados em manipulação. Jogos de poder. Exploração moral e financeira.
Ganância. Onde deveríamos encontrar a graça divina não vemos nada além da podridão humana, nada
diferente do que os antros de vergonha que dizem combater – na verdade existe uma diferença: esses
antros se mostram menos hipócritas, não tentam se passar por algo que nunca serão, nem tentam
divinizar seus pecadores. Podemos chamar isso de "a igreja"? Recusêmo-nos!

É neste momento que devemos tomar a decisão correta, a única decisão! Devemos simplesmente nos
recusar a flertar com a mentira, com a ira, com a megalomania. Devemos deixar de compactuar com a
injustiça. Devemos deixar de lado reuniões e cultos que não temos mais como chamar de “igreja” ou
“culto”. Os cultos de hoje são tão vazios quanto o Natal do varejo. Existem aquelas poucas excessões?
Claro que sim, mas servem no fim de tudo, apenas para alimentar a grande maioria daqueles que apenas
se viciam no poder que recebem do rebanho que os assistem. Literalmente servem de exemplo para que
sempre que apontemos o erro de uma instituição usarem aquela que funciona como justificativa: nem
todas são assim!

Talvez devêssemos então partir do bom exemplo e tentar salvar a instituição sempre que ela se mostre
realmente humilde? “Se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é
melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.” (Mateus
5:29-30) Seria apenas perda de tempo.

Devemos então buscar a Igreja onde o teto é o céu e onde não há paredes. Devemos alimentar os
famintos e curar os enfermos ao invés de ficar sentados no banco cantando musiquinhas. Abandonemos
templos e igrejas para pregar o evangelho a todas as criaturas; quem precisa repetir as interpretações de
outros para pessoas que já as conhecem de cor? A Igreja não é um clube social, muito menos uma
instituição civil. No Novo Testamento selado com o sangue de Cristo há um Povo Novo: a Igreja de Jesus
Cristo, não são como alguns pregadores improvisados que de repente se sentem iluminados por algum
espírito e passam a criar os seus grupinhos "cristãos", para obrigar-lhes a pagar o dízimo e, assim, obter
dinheiro, ou então a administrar a vida de seu rebanho com conselhos e sugestões. TOrnamos a repetir:
há apenas uma Igreja que existe desde o princípio e é aquela fundada por Jesus Cristo, que Ele próprio
sustenta apesar das falhas e erros humanos. Ela é formada por homens pecadores. Se Deus quisesse ter
uma Igreja celestial, teria enviado anjos para dirigi-la.
Por isso, é fundamental respeitar as autoridades instituídas por Deus (Romanos 13,1) e não criar novas
igrejas.

Portanto, ninguém deve achar que recebeu autoridade de Deus para fundar novas igrejas tão somente
porque algum dia resolveu "ler a Bíblia". Pois Deus dispôs autoridades apostólicas que foram instituídas
por Cristo em SUA Igreja. A estas autoridades devemos obedecer porque velam por nossas almas
(Hebreus 13,17).

Esta autoridade delegada por Jesus Cristo apenas se encontra na única Igreja Primitiva. Sim! Nessa Igreja
que muitos desprezam e prejulgam porque querem edificar, com forças próprias, algumas "igrejas
melhores".

No entanto, estas "igrejas dos homens" devem saber que estão se comportando mal, pois pregam a
divisão dos cristãos, indo contra a vontade de Jesus Cristo expressa no Evangelho de São João 17,21.
Muitos fundam novas igrejas com intuito de lucro e enganam as pessoas exigindo o dízimo.

A verdadeira Igreja de Cristo é formada por todos os verdadeiros cristãos não por tijolos, e tem o próprio
cordeiro de Deus como cabeça. A Igreja somos nós e quanto às igrejas e templos que surgem a todo dia,
essas nada importam, pois só Cristo saberá separar o joio do trigo quando chegar sua vez.

Jesus Freak

Quem escreveu a Bíblia?

A história de Deus foi escrita pelos homens. Mas quem é o autor do livro mais influente de todos os
tempos?
As respostas são surpreendentes - e vão mudar sua maneira de ver as Escrituras.

Em algum lugar do Oriente Médio, por volta do século 10 a.C., uma pessoa decidiu escrever um livro.
Pegou uma pena, nanquim e folhas de papiro (uma planta importada do Egito) e começou a contar uma
história mágica, diferente de tudo o que já havia sido escrito. Era tão forte, mas tão forte, que virou uma
obsessão. Durante os 1 000 anos seguintes, outras pessoas continuariam reescrevendo, rasurando e
compilando aquele texto, que viria a se tornar o maior best seller de todos os tempos: a Bíblia. Ela
apresentou uma teoria para o surgimento do homem, trouxe os fundamentos do judaísmo e do
cristianismo, influenciou o surgimento do islã, mudou a história da arte "sem a Bíblia, não existiriam os
afrescos de Michelangelo nem os quadros de Leonardo da Vinci" e nos legou noções básicas da vida
moderna, como os direitos humanos e o livre-arbítrio. Mas quem escreveu, afinal, o livro mais
importante que a humanidade já viu? Quem eram e o que pensavam essas pessoas? Como criaram o
enredo, e quem ditou a voz e o estilo de Deus? O que está na Bíblia deve ser levado ao pé da letra, o que
até hoje provoca conflitos armados? A resposta tradicional você já conhece: segundo a tradição judaico-
cristã , o autor da Bíblia é o próprio Todo-Poderoso. E ponto final. Mas a verdade é um pouco mais
complexa que isso.

A própria Igreja admite que a revelação divina só veio até nós por meio de mãos humanas. A palavra do
Senhor é sagrada, mas foi escrita por reles mortais. Como não sobraram vestígios nem evidências
concretas da maioria deles, a chave para encontrá-los está na própria Bíblia. Mas ela não é um simples
livro: imagine as Escrituras como uma biblioteca inteira, que guarda textos montados pelo tempo, pela
história e pela fé. Aliás, o termo "Bíblia", que usamos no singular, vem do plural grego ta biblia ta hagia
"os livros sagrados". A tradição religiosa sempre sustentou que cada livro bíblico foi escrito por um autor
claramente identificável. Os 5 primeiros livros do Antigo Testamento (que no judaísmo se chamam Torá e
no catolicismo Pentateuco) teriam sido escritos pelo profeta Moisés por volta de 1200 a.C. Os Salmos
seriam obra do rei Davi, o autor de Juízes seria o profeta Samuel, e assim por diante. Hoje, a maioria dos
estudiosos acredita que os livros sagrados foram um trabalho coletivo. E há uma boa explicação para
isso.

As histórias da Bíblia derivam de lendas surgidas na chamada Terra de Canaã, que hoje corresponde a
Líbano, Palestina, Israel e pedaços da Jordânia, do Egito e da Síria. Durante séculos acreditou-se que
Canaã fora dominada pelos hebreus. Mas descobertas recentes da arqueologia revelam que, na maior
parte do tempo, Canaã não foi um Estado, mas uma terra sem fronteiras habitada por diversos povos "os
hebreus" eram apenas uma entre muitas tribos que andavam por ali. Por isso, sua cultura e seus escritos
foram fortemente influenciadas por vizinhos como os cananeus, que viviam ali desde o ano 5000 a.C. E
eles não foram os únicos a influenciar as histórias do livro sagrado.

As raízes da árvore bíblica também remontam aos sumérios, antigos habitantes do atual Iraque, que no
3o milênio a.C. escreveram a Epopéia de Gilgamesh. Essa história, protagonizada pelo semideus
Gilgamesh, menciona uma enchente que devasta o mundo (e da qual algumas pessoas se salvam
construindo um barco). Notou semelhanças com a Bíblia e seus textos sobre o dilúvio, a arca de Noé, o
fato de Cristo ser humano e divino ao mesmo tempo? Não é mera coincidência. "A Bíblia era uma obra
aberta, com influências de muitas culturas", afirma o especialista em história antiga Anderson Zalewsky
Vargas, da UFRGS.

Foi entre os séculos 10 e 9 a.C. que os escritores hebreus começaram a colocar essa sopa multicultural
no papel. Isso aconteceu após o reinado de Davi, que teria unificado as tribos hebraicas num pequeno e
frágil reino por volta do ano 1000 a.C. A primeira versão das Escrituras foi redigida nessa época e
corresponde à maior parte do que hoje são o Gênesis e o Êxodo. Nesses livros, o tema principal é a
relação passional (e às vezes conflituosa) entre Deus e os homens. Só que, logo no começo da Beeblia, já
existiu uma divergência sobre o papel do homem e do Senhor na história toda. Isso porque o
personagem principal, Deus, é tratado por dois nomes diferentes.

Em alguns trechos ele é chamado pelo nome próprio, Yahweh "traduzido em português como Javé ou
Jeová. É um tratamento informal, como se o autor fosse íntimo de Deus. Em outros pontos, o Todo-
Poderoso é chamado de Elohim, um título respeitoso e distante (que pode ser traduzido simplesmente
como "Deus"). Como se explica isso? Para os fundamentalistas, não tem conversa: Moisés escreveu tudo
sozinho e usou os dois nomes simplesmente porque quis. Só que um trecho desse texto narra a morte
do próprio Moisés. Isso indica que ele não é o único autor. Os historiadores e a maioria dos religiosos
aceitam outra teoria: esses textos tiveram pelo menos outros dois editores.

Acredita-se que os trechos que falam de Javé sejam os mais antigos, escritos numa época em que a
religiosidade era menos formal.. Eles contêm uma passagem reveladora: antes da criação do mundo,
"Yahweh não derramara chuva sobre a terra, e nem havia homem para lavrar o solo". Essa frase, "não
havia homem para lavrar o solo", indica que, na primeira versão da Bíblia, o homem não era apenas mais
uma criação de Deus" ele desempenha um papel ativo e fundamental na história toda. "Nesse relato, o
homem é co-criador do mundo" , diz o teólogo Humberto Gonçalves, do Centro Ecumênico de Estudos
Bíblicos, no Rio Grande do Sul.

Pelo nome que usa para se referir a Deus (Javé), o autor desses trechos foi apelidado de Javista. Já o
outro autor, que teria vivido por volta de 850 a.C., é apelidado de Eloísta. Mais sisudo e religioso, ele
compôs uma narrativa bastante diferente. Ao contrário do Deus-Javé, que fez o mundo num único dia, o
Deus-Elohim levou 6 (e descansou no 7o). Nessa história, a criação é um ato exclusivo de Deus, e o
homem surge apenas no 6o dia, junto aos animais.

Tempos mais tarde, os dois relatos foram misturados por editores anônimos "e a narrativa do Eloísta,
mais comportada, foi parar no início das Escrituras. Começando por aquela frase incrivelmente simples e
poderosa, notória até entre quem nunca leu a Bíblia: "E, no início, Deus criou o céu e a terra..."

Em 589 a.C., Jerusalém foi arrasada pelos babilônios, e grande parte da população foi aprisionada e
levada para o atual Iraque. Décadas depois, os hebreus foram libertados por Ciro, senhor do Império
Persa, um conquistador esclarecido, que tinha tolerância religiosa. Aos poucos, os hebreus retornaram a
Canaã mas com sua fé transformada. Agora os sacerdotes judaicos rejeitavam o politeísmo e diziam que
Javé era o único e absoluto deus do Universo. "O monoteísmo pode ter surgido pelo contato com os
persas" a religião deles, o masdeísmo, pregava a existência de um deus bondoso, Ahura Mazda, em
constante combate contra um deus maligno, Arimã. Essa noção se reflete até na idéia cristã de um
combate entre Deus e o Diabo , afirma Zalewsky, da UFRGS.

A versão final do Pentateuco surgiu por volta de 389 a.C. Nessa época, um religioso chamado Esdras
liderou um grupo de sacerdotes que mudaram radicalmente o judaísmo a começar por suas escrituras.
Eles editaram os livros anteriores e escreveram a maior parte dos livros Deuteronômio, Números,
Levítico e também um dos pontos altos da Bíblia: os 10 Mandamentos. Além de afirmar o monoteísmo
sem sombra de dúvidas ("amarás a Deus acima de todas as coisas" é o primeiro mandamento), a
reforma conduzida por Esdras impunha leis religiosas bem rígidas, como a proibição do casamento entre
hebreus e não-hebreus. Algumas das leis encontradas no Levítico se assemelham à ética moderna dos
direitos humanos: "Se um estrangeiro vier morar convosco, não o maltrates. Ama-o como se fosse um de
vós".

Outras passagens, no entanto, descrevem um Senhor belicoso, vingativo e sanguinário, que ordena o
extermínio de cidades inteiras “ mulheres e crianças incluídas. œSe a religião prega a compaixão, por
que os textos sagrados têm tanto ódio? , pergunta a historiadora americana Karen Armstrong, autora de
um novo e provocativo estudo sobre a Bíblia. Para os especialistas, a violência do Antigo Testamento é
fruto dos séculos de guerras com os assírios e os babilônios. Os autores do livro sagrado foram
influenciados por essa atmosfera de ódio, e daí surgiram as histórias em que Deus se mostra bastante
violento e até cruel. Os redatores da Bíblia estavam extravasando sua angústia.

Por volta do ano 200 a.C., o cânone (conjunto de livros sagrados) hebraico já estava finalizado e começou
a se alastrar pelo Oriente Médio. A primeira tradução completa do Antigo Testamento é dessa época. Ela
foi feita a mando do rei Ptolomeu 2o em Alexandria, no Egito, grande centro cultural da época. Segundo
uma lenda, essa tradução (de hebraico para grego) foi realizada por 72 sábios judeus. Por isso, o texto é
conhecido como Septuaginta. Além da tradução grega, também surgiram versões do Antigo Testamento
no idioma aramaico “ que era uma espécie de língua franca do Oriente Médio naquela época.

Dois séculos mais tarde, a Bíblia em aramaico estava bombando: ela era a mais lida na Judéia, na
Samária e na Galiléia (províncias que formam os atuais territórios de Israel e da Palestina). Foi aí que um
jovem judeu, grande personagem desta história, começou a se destacar. Como Sócrates, Buda e outros
pensadores que mudaram o mundo, Jesus de Nazaré nada deixou por escrito “ os primeiros textos sobre
ele foram produzidos décadas após sua morte.

E o cristianismo já nasceu perseguido: por se recusarem a cultuar os deuses oficiais, os cristãos eram
considerados subversivos pelo Império Romano, que dominava boa parte do Oriente Médio desde o
século 1 a.C. Foi nesse clima de medo que os cristãos passaram a colocar no papel as histórias de Jesus,
que circulavam em aramaico e também em coiné “ um dialeto grego falado pelos mais pobres. œOs
cristãos queriam compreender suas origens e debater seus problemas de identidade , diz o teólogo
Paulo Nogueira, da Universidade Metodista de São Paulo. Para fazer isso, criaram um novo gênero
literário: o evangelho. Esse termo, que vem do grego evangélion (œboa-nova ), é um tipo de narrativa
religiosa contando os milagres, os ensinamentos e a vida do Messias.

A maioria dos evangelhos escritos nos séculos 1 e 2 desapareceu. Naquela época, um œlivro era um
amontoado de papiros avulsos, enrolados em forma de pergaminho, podendo ser facilmente extraviados
e perdidos. Mas alguns evangelhos foram copiados e recopiados à mão, por membros da Igreja. Até que,
por volta do século 4, tomaram o formato de códice “ um conjunto de folhas de couro encadernadas,
ancestral do livro moderno. O problema é que, a essa altura do campeonato, gerações e gerações de
copiadores já haviam introduzido alterações nos textos originais “ seja por descuido, seja de propósito.
œMuitos erros foram feitos nas cópias, erros que às vezes mudaram o sentido dos textos. Em certos
casos, tais erros foram também propositais, de acordo com a teologia do escrivão , afirma o padre e
teólogo Luigi Schiavo, da Universidade Católica de Goiás. Quer ver um exemplo?

Sabe aquela famosa cena em que Jesus salva uma adúltera prestes a ser apedrejada? De acordo com
especialistas, esse trecho foi inserido no Evangelho de João por algum escriba, por volta do século 3. Isso
porque, na época, o cristianismo estava cortando seu cordão umbilical com o judaísmo. E apedrejar
adúlteras é uma das leis que os sacerdotes-escritor es judeus haviam colocado no Pentateuco. A
introdução da cena em que Jesus salva a adúltera passa a idéia de que os ensinamentos de Cristo haviam
superado a Torá “ e, portanto, os cristãos já não precisavam respeitar ao pé da letra todos os
ensinamentos judeus.

A julgar pelo último livro da Bíblia cristã, o Apocalipse (que descreve o fim do mundo), o receio de ter
suas narrativas œeditadas era comum entre os autores do Novo Testamento. No versículo 18, lê-se uma
terrível ameaça: œSe alguém fizer acréscimos às páginas deste livro, Deus o castigará com as pragas
descritas aqui . Essa ameaça reflete bem o clima dos primeiros séculos do cristianismo: uma verdadeira
baderna teológica, com montes de seitas defendendo idéias diferentes sobre Deus e o Messias. A seita
dos docetas, por exemplo, acreditava que Jesus não teve um corpo físico. Ele seria um espírito, e sua
crucificação e morte não passariam “ literalmente “ de ilusão de ótica. Já os ebionistas acreditavam que
Jesus não nascera Filho de Deus, mas fora adotado, já adulto, pelo Senhor. A primeira tentativa de
organizar esse caos das Escrituras ocorreu por volta de 142 “ e o responsável não foi um clérigo, mas um
rico comerciante de navios chamado Marcião.
A Bíblia segundo Marcião

Ele nasceu na atual Turquia, foi para Roma, converteu-se ao cristianismo, virou um teólogo influente e
resolveu montar sua própria seleção de textos sagrados. A Bíblia de Marcião era bem diferente da que
conhecemos hoje. Isso porque ele simpatizava com uma seita cristã hoje desaparecida, o gnosticismo.
Para os gnósticos, o Deus do Velho Testamento não era o mesmo que enviara Jesus “ na verdade, as duas
divindades seriam inimigas mortais. O Deus hebraico era monstruoso e sanguinário, e controlava apenas
o mundo material. Já o universo espiritual seria dominado por um Deus bondoso, o pai de Jesus. A Bíblia
editada por Marcião continha apenas o Evangelho de João, 11 cartas de Paulo e nenhuma página do
Velho Testamento. Se as idéias de Marcião tivessem triunfado, hoje as histórias de Adão e Eva no
paraíso, a arca de Noé e a travessia do mar Vermelho não fariam parte da cultura ocidental. Mas, por
volta de 170, o gnosticismo foi declarado proibido pelas autoridades eclesiásticas, e o primeiro editor da
Bíblia cristã acabou excomungado.

Roma, até então pior inimiga dos cristãos, ia se rendendo à nova fé. Em 313, o imperador romano
Constantino se aliou à Igreja. Ele pretendia usar a força crescente da nova religião para fortalecer seu
império. Para isso, no entanto, precisava de uma fé una e sólida. A pressão de Constantino levou os mais
influentes bispos cristãos a se reunirem no Concílio de Nicéia, em 325, para colocar ordem na casa de
Deus. Ali, surgiu o cânone do cristianismo “ a lista oficial de livros que, segundo a Igreja, realmente
haviam sido inspirados por Deus.

œA escolha também era política. Um grupo afirmou seu poder e autoridade sobre os outros , diz o padre
Luigi. Esse grupo era o dos cristãos apostólicos, que ganharam poder ao se aliar com o Império Romano.
Os apostólicos eram, por assim dizer, o œpartido do governo . E por isso definiram o que iria entrar, ou
ser eliminado, das Escrituras.

Eles escolheram os evangelhos de Marcos, Mateus, Lucas e João para representar a biografia oficial de
Cristo, enquanto as invenções dos docetas, dos ebionistas e de outras seitas foram excluídas, e seus
autores declarados hereges. Os textos excluídos do cânone ganharam o nome de œapócrifos “ palavra
que vem do grego apocrypha, œo que foi ocultado . A maioria dos apócrifos se perdeu “ afinal de contas,
os escribas da Igreja não estavam interessados em recopiá-los para a posteridade. Mas, com o
surgimento da arqueologia, no século 19, pedaços desses textos foram encontrados nas areias do
Oriente Médio. É o caso de um polêmico texto encontrado em 1886 no Egito. Ele é assinado por uma
certa œMaria que muitos acreditam ser a Madalena, discípula de Jesus, presente em vários trechos do
Novo Testamento. O evangelho atribuído a ela é bem feminista: Madalena é descrita como uma figura
tão importante quanto Pedro e os outros apóstolos. Nos primórdios do cristianismo, as mulheres eram
aceitas no clero “ e eram, inclusive, consideradas capazes de fazer profecias.. Foi só no século 3 que o
sacerdócio virou monopólio masculino, o que explicaria a censura da apóstola e seu testemunho. Aliás,
tudo indica que Madalena não foi prostituta “ idéia que teria surgido por um erro na interpretação do
livro sagrado. No ano 591, o papa Gregório fez um sermão dizendo que Madalena e outra mulher,
também citada nas Escrituras e essa sim ex-pecadora, na verdade seriam a mesma pessoa (em 1967, o
Vaticano desfez o equívoco, limpando a reputação de Maria).

Na evolução da Bíblia, foram aparecendo vários trechos machistas “ e suspeitos. É o caso de uma
passagem atribuída ao apóstolo Paulo: œA mulher aprenda (...) com toda a sujeição. Não permito à
mulher que ensine, nem que tenha domínio sobre o homem (...) porque Adão foi formado primeiro, e
depois Eva . É provável que Paulo jamais tenha escrito essas palavras “ porque, na época em que ele
viveu, o cristianismo não pregava a submissão da mulher. Acredita-se que essa parte tenha sido
adicionada por algum escriba por volta do século 2.

Após a conversão do imperador Constantino, o eixo do cristianismo se deslocou do Oriente Médio para
Roma. Só que, para completar a romanização da fé, faltava um passo: traduzir a palavra de Deus para o
latim. A missão coube ao teólogo Eusebius Hyeronimus, que mais tarde viria a ser canonizado com o
nome de são Jerônimo. Sob ordens do papa Damaso, ele viajou a Jerusalém em 406 para aprender
hebraico e traduzir o Antigo e o Novo Testamento. Não foi nada fácil: o trabalho durou 17 anos.

Daí saiu a Vulgata, a Bíblia latina, que até hoje é o texto oficial da Igreja Católica. Essa é a Bíblia que todo
mundo conhece. œA Vulgata foi o alicerce da Igreja no Ocidente , explica o padre Luigi. Ela é tão
influente, mas tão influente, que até seus erros de tradução se tornaram clássicos. Ao traduzir uma
passagem do Êxodo que descreve o semblante do profeta Moisés, são Jerônimo escreveu em latim:
cornuta esse facies sua, ou seja, œsua face tinha chifres . Esse detalhe esquisito foi levado a sério por
artistas como Michelangelo “ sua famosa escultura representando Moisés, hoje exposta no Vaticano,
está ornada com dois belos corninhos. Tudo porque Jerônimo tropeçou na palavra hebraica karan, que
pode significar tanto œchifre quanto œraio de luz . A tradução correta está na Septuaginta: o profeta
tinha o rosto iluminado, e não chifrudo. Apesar de erros como esse, a Vulgata reinou absoluta ao longo
da Idade Média “ durante séculos, não houve outras traduções.

O único jeito de disseminar o livro sagrado era copiá-lo à mão, tarefa realizada pelos monges copistas.
Eles raramente saíam dos mosteiros e passavam a vida copiando e catalogando manuscritos antigos. Só
que, às vezes, também se metiam a fazer o papel de autores.

Após a queda do Império Romano, grande parte da literatura da Antiguidade grega e romana se perdeu “
foi graças ao trabalho dos monges copistas que livros como a Ilíada e a Odisséia chegaram até nós. Mas
alguns deles eram meio malandros: costumavam interpolar textos nas Escrituras Sagradas para agradar a
reis e imperadores. No século 15, por exemplo, monges espanhóis trocaram o termo œbabilônios por
œinfiéis no texto do Antigo Testamento “ um truque para atacar os muçulmanos, que disputavam com
os espanhóis a posse da península Ibérica.

Escrituras em série

Tudo isso mudou após a invenção da imprensa, em 1455. Agora ninguém mais dependia dos copistas
para multiplicar os exemplares da Bíblia. Por isso, o grande foco de mudanças no texto sagrado passou a
ser outro: as traduções.Em 1522, o pastor Martinho Lutero usou a imprensa para divulgar em massa sua
tradução da Bíblia, que tinha feito direto do hebraico e do grego para o alemão. Era a primeira vez que o
texto sagrado era vertido numa língua moderna “ e a nova versão trouxe várias mudanças, que
provocavam a Igreja (veja quadro na pág. 65). Logo depois um britânico, William Tyndale, ousou traduzir
a Bíblia para o inglês. No Novo Testamento, ele traduziu a palavra ecclesia por œcongregação , em vez de
œigreja , o termo preferido pelas traduções católicas. A mudança nessa palavrinha era um desafio ao
poder dos papas: como era protestante, Tyndale tinha suas diferenças com a Igreja. Resultado? Ele foi
queimado como herege em 1536. Mas até hoje seu trabalho é referência para as versões inglesas do
livro sagrado.

A Bíblia chegou ao nosso idioma em 1753 “ quando foi publicada sua primeira tradução completa para o
português, feita pelo protestante João Ferreira de Almeida. Hoje, a tradução considerada oficial é a feita
pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e lançada em 2001. Ela é considerada mais
simples e coloquial que as traduções anteriores. De lá para cá, a Bíblia ganhou o mundo e as línguas. Já
foi vertida para mais de 300 idiomas e continua um dos livros mais influentes do mundo: todos os anos,
são publicadas 11 milhões de cópias do texto integral, e 14 milhões só do Novo Testamento.

Depois de tantos séculos de versões e contra-versões, ainda não há consenso sobre a forma certa de
traduzi-la. Alguns buscam traduções mais próximas do sentido e da época original “ como as passagens
traduzidas do hebraico pelo lingüista David Rosenberg na obra O Livro de J, de 1990. Outros acham que a
Bíblia deve ser modernizada para atrair leitores. O lingüista Eugene Nida, que verteu a Bíblia na década
de 1960, chegou ao extremo de traduzir a palavra œsestércios , a antiga moeda romana, por œdólares .
Em 2008, duas versões igualmente ousadas estão agitando as Escrituras: a Green Bible (œBíblia Verde ,
ainda sem versão em português), que destaca 1 000 passagens relacionadas à ecologia “ como o
momento em que Jó fala sobre os animais “, e a Bible Illuminated (˜Bíblia Iluminada , em inglês), com
design ultramoderno e fotos de celebridades como Nelson Mandela e Angelina Jolie.

A Bíblia se transforma, mas uma coisa não muda: cada pessoa, ou grupo de pessoas, a interpreta de uma
maneira diferente “ às vezes, com propósitos equivocados. Em pleno século 21, pastores
fundamentalistas tentam proibir o ensino da Teoria da Evolução nas escolas dos EUA, sendo que a
própria Igreja aceita as teorias de Darwin desde a década de 1950. Líderes como o pastor Jerry Falwell
defendem o retorno da escravidão e o apedrejamento de adúlteros, e no Oriente Médio rabinos
extremistas usam trechos da Torá para justificar a ocupação de terras árabes. Por quê? Porque está na
Bíblia, dizem os radicais. Não é nada disso. Hoje, os principais estudiosos afirmam que a Bíblia não deve
ser lida como um manual de regras literais “ e sim como o relato da jornada, tortuosa e cheia de
percalços, do ser humano em busca de Deus. Porque esse é, afinal, o verdadeiro sentido dessa árvore de
histórias regada há 3 mil anos por centenas de mãos, cabeças e corações humanos: a crença num
sentido transcendente da existência.
Os possíveis autores

1200 a.C. - Moisés

Segundo uma lenda judaica, a Torá (obra precursora da Bíblia) teria sido escrita por ele. Mas há
controvérsias, pois existe um trecho da Torá que diz: œMoisés morreu e foi sepultado pelo Senhor
próximo a Fegor . Ora, se Moisés é o autor do texto, como ele poderia ter relatado a própria morte?

1000 a.C. - Javista

Viveu na corte do rei Davi, no antigo reino de Israel, e era um aristocrata. Ou, quem sabe, uma
aristocrata: para o crítico Harold Bloom, Javista era mulher. Isso porque os personagens femininos da
Bíblia (Eva e Sara, por exemplo) são muito mais elaborados que os masculinos.

Século 4 a.C. - Esdras


Líder religioso que reformou o judaísmo e possível editor do Pentateuco (5 primeiros livros da Bíblia).
Vários trechos bíblicos editados por ele pregam a violência: œDerrubareis todos os altares dos povos que
ides expropriar, queimareis as casas, e mudareis os nomes desses lugares .

Século 1 - Paulo

Nunca viu Cristo pessoalmente, mas foi o primeiro a escrever sobre ele. Nascido na Turquia, Paulo viajou
e fundou igrejas pelo Oriente Médio. Ele escrevia cartas para essas igrejas, contando a incrível aventura
de um tal Jesus “ que foi crucificado e ressuscitou.

Século 1 - Maria Madalena

Estava entre os discípulos favoritos de Jesus “ e, diferentemente do que o Vaticano sustentou durante
séculos, nunca foi prostituta. Pelo contrário: tinha influência no cristianismo e é a suposta autora do
Apócrifo de Maria, um livro em que fala sobre sua relação pessoal com Jesus e divulga os ensinamentos
dele.

Século 1 - João
Escreveu o 4o evangelho do Novo Testamento (João) e o Livro do Apocalipse, o último da Bíblia. Para ele,
Jesus não é apenas um messias “ é um ser sobrenatural, a própria encarnação de Deus. Essa
interpretação mística marca a ruptura definitiva entre judaísmo e fé cristã.

Século 5 - Jerônimo

Nascido no território da atual Hungria, este padre foi enviado a Jerusalém com uma missão
importantíssima: traduzir a Bíblia do grego para o latim. Cometeu alguns erros, como dizer que o profeta
Moisés tinha chifres (uma confusão com a palavra hebraica karan, que na verdade significa œraio de
luz ).

Século 16 - William Tyndale

Possuir trechos da Bíblia em qualquer idioma que não fosse o latim era crime. O professor Tyndale não
quis nem saber, traduziu tudo para o inglês, e acabou na fogueira. Mas seu trabalho foi incrivelmente
influente: é a base da chamada œBíblia do Rei James , até hoje a tradução mais lida nos países de língua
inglesa.
As história da história: Como o livro sagrado evoluiu ao longo dos tempos

Tanach - Século 5 a.C.

É a Bíblia judaica, e tem 3 livros: Torá (palavra hebraica que significa œlei ), Nebiim (œprofetas ) e
Ketuvim (œescritos ). É parecida com a Bíblia atual, pois os católicos copiaram seus escritos. Contém as
sementes do monoteísmo e da ética religiosa, mas também pregações de violência. A primeira das
bíblias tem trechos ambíguos e misteriosos “ algumas passagens dão a entender que Javé não é o único
deus do Universo.

Septuaginta - Século 3 a.C.

O Oriente Médio era dominado pelos gregos e pelos macedônios. Muitos judeus viviam em cidades de
cultura grega, como Alexandria, e desejavam adaptar sua religião aos novos tempos. Diz a lenda que
Ptolomeu, rei do Egito, reuniu um grupo de 72 sábios judeus para traduzir a Tanach “ e fizeram tudo em
72 dias. Por isso, o resultado é conhecido como Septuaginta. Inclui textos que não constam da Tanach.
Novo Testamento - Século 1

A língua do Antigo Testamento é o hebraico, mas o Novo Testamento foi escrito num dialeto grego
chamado coiné. Contém os relatos sobre vida, milagres, morte e ressurreição de Jesus “ os evangelhos.
Em alguns trechos, vai deixando evidente a divergência entre cristianismo e judaísmo. É o caso, por
exemplo, do Evangelho de João, em que Jesus é descrito como uma encarnação de Deus (coisa na qual
os judeus não acreditavam) .

Católica - Século 4

Seus autores decidiram incluir 7 livros que os judeus não reconheciam. São os chamados
Deuterocanônicos: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, Macabeus 1 e 2 (mais trechos dos
livros Daniel e Ester). A Bíblia católica bate na tecla do monoteísmo: a palavra hebraica Elohim, usada na
Tanach para designar a divindade, é o plural de El, um deus cananeu. Mas foi traduzida no singular e
virou œSenhor .
Ortodoxa - Por volta do século 4

É baseada na Septuaginta, mas também inclui livros considerados apócrifos por católicos e protestantes:
Esdras 1, Macabeus 3 e 4 e o Salmo 151. A tradução é mais exata (nesta Bíblia, Moisés nunca teve
chifres, um erro de tradução introduzido pela Bíblia latina), e os escritos não são levados ao pé da letra:
para os ortodoxos, o que conta são as interpretações do texto bíblico, feitas por teólogos ao longo dos
séculos.

Protestante - Século 16

Ao traduzir a Bíblia para o alemão, Martinho Lutero excluiu os livros Deuterocanônicos e mudou algumas
coisas. Um exemplo é a palavra grega metanoia, que na Bíblia católica significa œfazer penitência “ uma
referência à confissão dos pecados, um dos sacramentos católicos. Já Lutero traduziu metanoia como
œreviravolta . Para ele, confessar os pecados era inútil. O importante era transformar a vida pela fé.
Para saber mais

A Bíblia: Uma Biografia

Karen Armstrong, Jorge Zahar Editora, 2007.

Who Wrote the Bible?

Richard Elliott Friedman, HarperOne, 1997.

por José Francisco Botelho


Sexo antes do Casamento: por que não agora?

ohhhhhhhhhhhhhhhDe todos os tabus sexuais da cristandade, sem dúvida nenhum é tão difundido
quanto o do sexo pré-marital. A congregação pode até fazer vista grossa quanto a relações anais e orais
sob a alegação sensata de que isso é assunto do casal, mas nem o bom e velho papai e mamãe é
liberado para aqueles que não se engajaram nos rituais estabelecidos para o matrimônio.

De fato, o casamento é louvado na Bíblia: "Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem
mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus os julgará". Mas e o sexo? A igreja
estúpida que se formou após a morte e ressurreição de Cristo, por algum motivo, se tornou um antro de
frustrados. Mas isso tem a ver com a história da igreja e não com o que nos ensina a Bíblia. A igreja,
todos sabemos para que foi criada, e que na maioria das vezes as congregações religiosas tem atitudes e
pregam coisas que faria Jesus sentir a mão coçando de vontade de pager novamente seu chicote. A bíblia
nos fala da importância de se ter um parceiro, alguém para estar junto e fazer de tudo, desde que não
ofenda ao próximo. Não existe um mandamento que fale que sexo entre duas pessoas é proibido, ou que
existe um período correto na vida para se fazer sexo, nunca houveram condições para isso. O problema é
que de novo as Escrituras Sagradas são usadas para trazer a culpa para as pessoas e não a alegria de
existir em Deus.

Para podermos desatar essa culpa temos que nos livrar da confusão causada pela ganância dos líderes e
a ignorância dos seguidores. Vamos dar uma olhada, então, nos dois conceitos, o de matrimônio e o de
sexo, como exposto na Bíblia. Devemos, antes de mais nada, nos lembrar que quando a Bíblia foi escrita,
não haviam padres e igrejas para realizar cerimônias. O povo de Deus não possuia templos ainda. O que
chamamos de casamento era uma cerimônia muito diferente da que temos hoje.

O casamento nos tempos difíceis

Hoje quando pensamos em casamento, pensamos em namoro e noivado, e é neste ponto que a igreja
diz que não devem haver o contato sexual entre os jovens. Mas na época em que Deus ainda conversava
com as pessoas, essas práticas eram diferentes do que temos hoje.

Vamos ver o exemplo do patriarca Abraão.


O que hoje chamamos de casamento era um ritual de união de um casal, e era dividido em três partes:
Shidduchin, Eyrusin e o Nissuin.

O Shidduchin se referia aos arranjos preliminares ao casamento. Geralmente era quando o pai do noivo
escolhia uma noiva para seu filho, normalmente quando este ainda era uma criança. Esse tipo de
arranjo, como podemos ver, tinha um significado político e social muito importante, já que era quando
um patriarca criava laços com uma familia que ele escolhia ou com uma tribo que ele escolhia. Veja em
Gênesis 24:1-4: "Abraão era agora idoso e bem avançado em idade, e o Senhor o tinha abençoado em
todas as áreas. Ele disse ao servente chefe de sua família, aquele que estava à frente de tudo o que ele
tinha: Ponha sua mão sobre minha coxa. Quero que você jure pelo Senhor, o Deus dos céus e Deus da
terra, que você não vai tomar uma esposa para o meu filho das filhas dos cananeus, entre os quais estou
vivendo, mas você irá ao meu país e aos meus próprios parentes e tomará uma esposa para o meu filho
Isaque". Mesmo quando o pai não podia escolher uma noiva para seu filho ele podia nomear um
responsável para isso.

Uma vez que a noiva era encontrada, iniciáva-se o Ketubah. Ketubah significa "escrito" ou "recibo" e era
o nome apropriado para o momento do acordo pré-nupcial, que novamente era tratado entre o pai do
noivo e o pai da noiva, ou os representantes legais. Era feito um acordo ou um documento, onde o noivo
prometia sustentar sua futura esposa e a família da noiva estipula o dote que irá receber da família do
noivo, isso era um contrato de casamento. "Quando o servo de Abraão ouviu o que eles disseram, ele se
curvou ao chão perante seu senhor. Então, o servo trouxe jóias de ouro e prata e artigos para roupas e os
deu a Rebeca; ele também deu presentes caros a seus irmãos e sua mãe” (Gn. 24:52-53).

Por mais que pareça uma mera negociação comercial, lembre-se que era o costume, e a noiva esperava
por esse tipo de negociação, o próprio servo de Abraão pergunta: "O que acontece se a mulher não
quiser voltar comigo voluntariamente para esta terra?" (Gn 24:5), mostrando que quando a noiva o
seguiu, foi de livre e espontânea vontade. Outro ponto importante era de que a mulher apenas
trabalhava nos afazeres domésticos, elas eram dependentes dos pais e do novo marido, e mesmo
ajudando com as criações e nos negócios da família ela não gerava uma renda para se sustentar.

O Eyrusin, ou o desposar, era quando o casal realizava uma cerimônia pública para expressar sua
intensão de se tornarem esposos. Assim que o acordo estava firmado era que o noivado podia ser
considerado feito. Durante este período o casal ainda vivia separado e o período de noivado variava.
Para se ter uma idéia da importância deste ritual, mesmo antes da cerimônia de casamento, caso o casal
quisesse se separar, mesmo não estando ainda casados, era necessário um divórcio (Dt. 24:1-4). Isso
porque, como já vimos, o casamento era um negócio, dotes haviam sido oferecidos e alianças firmadas.
E esse divórcio, ou "get", era esclusividade do homem, a mulher não poderia dizer nada a esse respeito.
Era neste período que o noivo deveria prepara a morada para ele, sua futura mulher e família. Este
período era importante para que o casal contemplasse o significado de sua futura aliança, e
eventualmente se acostumarem um com o outro.

Finalmente era chegada a hora do casamento: o Nissuin. Era o momento que o noivo iria buscar a noiva,
sem que ela soubesse a data, já que era detemrianda pelo pai do noivo, e levá-la para a cerimônia. Era
somente então que ele teriam a liberdade para consumar o casamento, ou seja, para mandar ver e viver
como marido e mulher (Gn. 24:66-67).

Assim, do período em que o matrimônio era acertado até a cerimônia em sí, tudo era um investimento.
Se os noivos se amassem era uma bênção, se não se amassem, teriam que aprender a se amar. E se o
noivo, por algum motivo, quisesse desafiar o pai, podia pedir o divórcio. Esse divórcio era complicado
principalmente para a família da noiva, já que teria que devolver um dote que já havia, muitas vezes,
recebido. E você consegue imaginar que tipo de alegação um noivo poderia usar para justificar o divórcio
antes que a cerimônia tivesse lugar? Ele poderia reclamar que ela roncava? Ou tinha os pés fedidos? Ou
gostava de comer bacon quando ninguém estava olhando? Nada disso tinha evidências físicas que
pudessem ser comprovadas por todos ou que não fossem relevadas. Fazer seu filho dormir com uma
roncadora poderia ser muito interessante se com isso você se aliasse a uma tribo ou a uma família
poderosa. Dizer que a mulher não prestava e não mostraria respeito pelo marido, por outro lado, era
uma acusação séria, e a falta de um hímem era a prova favorita de todos.

Assim o sexo antes da cerimônia de casamento era preocupante porque poderia ser usada como
argumento para desfazer um negócio, já que a noiva não poderia provar com quem perdeu a virgindade,
ou com quantos homens transou ou deixou de transar. E essa possibilidade tirava o sono dos pais da
futura noiva, que podiam usar o sangue que surgia no lençol na consumação do casamento como um
selo que provava a qualidade do material que havia oferecido. Depois do casamento não havia mais
chance de retorno dos bens como fica claro em Deuteronômio 22:13-18: "Se um homem tomar uma
mulher por esposa, e, tendo coabitado com ela, vier a desprezá-la, e lhe atribuir coisas escandalosas, e
contra ela divulgar má fama, dizendo: Tomei esta mulher e, quando me cheguei a ela, não achei nela os
sinais da virgindade; então o pai e a mãe da moça tomarão os sinais da virgindade da moça, e os levarão
aos anciãos da cidade, à porta; e o pai da moça dirá aos anciãos: Eu dei minha filha por mulher a este
homem, e agora ele a despreza, e eis que lhe atribuiu coisas escandalosas, dizendo: Não achei na tua
filha os sinais da virgindade; porém eis aqui os sinais da virgindade de minha filha. E eles estenderão a
roupa diante dos anciãos da cidade. Então os anciãos daquela cidade, tomando o homem, o castigarão"
Assim a virgindade era algo que servia não apenas para evitar a devolução do dote, mas como forma de
aumentá-lo. A perda da virgindade é a desvalorização do dote, e existia uma pena para compensar isso:
"Se um homem achar uma moça virgem não desposada e, pegando nela, deitar-se com ela, e forem
apanhados, o homem que se deitou com a moça dará ao pai dela cinqüenta siclos de prata, e porquanto
a humilhou, ela ficará sendo sua mulher; não a poderá repudiar por todos os seus dias." Reparem no
trecho "se forem apanhados", não diz: transou, deve haver o compromisso. Ou Êxodo 22:16-17: "Se
alguém seduzir uma virgem que não for desposada, e se deitar com ela, certamente pagará por ela o
dote e a terá por mulher. Se o pai dela inteiramente recusar dar-lha, pagará ele em dinheiro o que for o
dote das virgens."

Mas fora isso não havia uma proibição ao sexo, ainda mais com não virgens. Em Deuteronômio ainda
Deus dá a dica caso um homem queira se esbaldar com uma mulher desconhecida: "se vires entre os
cativas uma mulher formosa à vista e, afeiçoando-te a ela, quiseres tomá-la por mulher, então a trarás
para a tua casa; e ela, tendo rapado a cabeça, cortado as unhas, e despido as vestes do seu cativeiro,
ficará na tua casa, e chorará a seu pai e a sua mãe um mês inteiro; depois disso estarás com ela, e serás
seu marido e ela será tua mulher." E se você acha que isso significa que a Bíblia diz que você deve se casa
com essa estranha, agora limpinha, perfumada e sem piolhos, está enganado: "se te enfadares dela,
deixá-la-ás ir à sua vontade; mas de modo nenhum a venderás por dinheiro, nem a tratarás como
escrava" (Deuteronômio 21:11-14)

Além disso, as escrituras estão repletas de passagens onde o sexo sem culpa reina, e não apenas depois
do casamento: Sansão era um garanhão. Vivia farreando e procurando bordeis (Juízes 16:1), Abraão
oferecia sua esposa com medo de ser morto por quem quisesse transar com ela (Gênesis 20:2), mesmo
Ló ofereceu suas duas filhas virgens para uma turba de estupradores e Deus não achou isso errado (Gen
19:7-8) e a Bíblia nem fala que é errado se casar com prostitutas, caso uma delas roube seu coração, ela
diz que sacerdotes não devem se casar com prostitutas (Levítico 21:7), mas não fala nada de pessoas não
ligadas ao sacerdócio. E se sexo antes do casamento fosse proibido o que diríamos de Abraão, Jacó,
Eleazar, Davi, Salomão? Eles são apenas alguns dos Patriarcas, Profetas e Reis que tiveram mais de uma
esposa, enquanto ainda estavam casados! Mesmo que digamos que suas subsequêntes esposas fossem
virgens, eles já não eram, e faziam sexo com outras mulheres antes de se unir à mais recente. O próprio
Jeremias tinha duas esposas caracterizadas como "Jumentas no cio, camela nova e prostitutas"! O sexo
pré-marital não é punido na Bíblia por ser um ato sexual, apenas um ato de danificar a mercadoria,
assim uma filha que se diz virgem e não é, por ter enganado a família do noivo - que devia ter pagado
um dote maior - pode ser apedrejada, a não ser que o marido mostre amor, compreensão e perdão. E se
alguém era apanhado mandando ver na filha virgem de alguém, devia pagar ao pai e sustentar a filha. E
se fosse uma estranha de outro povo, depois da diversão, cada um ia para o seu lado.
Um par de cada animal

O sexo no casamento era algo que deixado a cargo das partes interessadas, não era uma questão de
obrigatoriedade legal. O que era, de fato, considerado errado, era desrespeitar o produto do casamento
(virgindade da filha) ou a propriedade de um marido. Então como é que a idéia de sexo pré marital ser
um erro ficou tão entranhada na mente do cristão moderno?

Há dois mil anos as noivas não se vestiam de branco nem usavam véus, os convidados não lhe jogavam
arroz e elas não revidavam jogando flores para as encalhadas. Tudo isso, incluindo as damas de honra e
os padrinhos são variações em cima do tema da cerimonia pagã que se popularizou entre os cristãos
durante o domínio do Império Romano. Com a ascenção do feudalismo, o casamento ganhou ainda mais
importância econômica e política, nações inteiras nasciam ou terminavam em virtude do casamento de
seus reis. Controlar os casamentos tornou-se uma ferramenta de poder e imediatamente as autoridades
religiosas passaram a dominá-lo. E ainda hoje o poder eclesiástico na formação de casais persiste. Uma
das razões é que formar uma família sob as asas de uma instituição religiosa é praticamente garantir que
seus filhos também serão servos desta instituição. Por este motivo observamos em quase todas as seitas
uma enorme resistência a casamentos inter-religiosos.

É a chamada "Sindrome da Arca de Noé". Os crentes, por medo de terem sua doutrina conflitada e por
medo de reprovação social, sempre buscam se unir a outra pessoa da mesma igreja, da mesma forma
que os líderes, buscando aumentar seus rebanhos e o número de pessoas sobre as quais exercem seu
poder, buscam uma cerimônia especialmente emtre membros de seu templo, célula ou fé; em ambos os
casos, o objetivo é formar "um par de cada animal". A idéia é confirmada por Paulo de Tarso, em sua
exortação aos Corintios (I Cor 7:12-14): "Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem
mulher descrente, e ela consente em habitar com ele, não a deixe. E se alguma mulher tem marido
descrente, e ele consente em habitar com ela, não o deixe. Porque o marido descrente é santificado pela
mulher; e a mulher descrente é santificada pelo marido; de outra sorte os vossos filhos seriam imundos;
mas agora são santos."

Mas algo que passa desapercebido por esses castradores histéricos de hoje, ou que não passa, mas é
cuidadosamente escondido, é que Paulo, o guardião da castidade e da falta de sexo, nunca disse que
seus conselhos eram inspirados por Deus, ditados por Deus ou mesmo representante da Vontade de
Deus. Veja o versículo citado acima e repare no trecho: "digo eu, não o Senhor". O mesmo acontece
sempre que ele toca no assunto, I Corintios 7:25 "Ora, quanto às virgens, NÃO TENHO MANDAMENTO
DO SENHOR; DOU, PORÉM, O MEU PARECER, como quem tem alcançado misericórdia do Senhor para
ser fiel." ou I Corintios 7:6: "Digo, porém, isso como que por permissão e não por mandamento."

Não havendo um mandamento ou uma lei contra o sexo de maneira geral, surge a vontade do controle e
o medo, e disso se destila a hipocrisia clarical e pastoral de hoje em dia onde, em seus discursos,
mostram como a Bíblia condena a fornicação (1 Coríntios 6:13, 1 Coríntios 6:13, 18, 1 Tessalonicenses
4:3, etc...) e então definem eles mesmos que fornicação quer dizer "Sexo Antes do Casamento." Peça
que eles expliquem esta ligação ou como chegaram a essa conclusão maravilhosa, e terá respostas
evasivas ou argumentos de respeito da tradição da seita em questão.

Rejubila-se, A Bíblia tá de Sacanagem!

Deixando o casamento de lado e o sexo geral onde deve ficar, vamos estudar agora a sacanagem que a
Bíblia diz que é errada.

Quando ouvimos um sermão sobre o sexo, o termo usado é fornicação. A palavra Fornicação tem origem
no latim "fornicare", a raiz da palavra "fornix" significa "arco", em referência ao arco das portas romanas
onde as prostitutas do império se exibiam. Fornicare era, por sua vez, o hábito de frequentar estes
lugares. O problema é que esta palavra só surgiu mesmo no século III, quatrocentos anos depois da
morte de Jesus, logo a Bíblia não poderia falar de fornicação, do que ela estaria falando? O Evangelho foi
escrito em grego e a palavra original das escrituras era outra: πορνεία (porneia). E o que quer dizer
πορνεία?

Uma das mais claras definições de Porneia achamos em I Tessalonicenses 4:3-5:

"Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação, que vos abstenhais da devasição sexual
(Porneia), Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra; não na paixão do desejo
desenfreado, como os gentios, que não conhecem a Deus."

Sabemos ainda que Porneia se refere a ofensas sexuais bem sérias, devassas, e não a qualquer prática
sexual "não tradicional". Podemos afirmar isso com certeza porque Jesus estabeleceu que Porneia é o
único motivo razoável para legitimar um divorcio(Matheus 5:32). Portanto, práticas sexuais diversas
como masturbação, sexo oral, sexo anal, homossexualismo e mesmo a poligamia ou a troca de casais não
deveriam ser consideradas graves, uma vez que todas elas podem ser encontradas, e às vezes
celebradas, nas escrituras.

Considere por ora apenas que, sendo possível que alguém casado cometa Porneia, então é razoável
entender que deve ser algo que mesmo alguém casado consiga fazer, e não atos que ocorram antes do
casamento. Entre as ofensas sexuais graves que podemos encontrar no Antigo Testamento, temos o
adultério (Exodo 20:14), o incesto (Levitico 18:6-18), a zoofilia (Levitico 18:23) e o estupro
(Deuteronômio 22:25-27).

Mesmo com todos estes poréns quando procuramos na bíblia admoestações específicas contra o sexo de
pessoas não casadas não encontramos nem um único versículo. A Bíblia prega contra esse tipo de
violência, e contra a quebra de confiança entre o casal, mas não contra o sexo antes ou depois do
casamento, seja como ele for, se houver o consentimento. Hoje em dia, assim como na época em que a
Bíblia foi escrita, muitas pessoas tem e tinham motivos para não se casar. Podem por exemplo ser
desenvolvidos sexualmente, mas serem jovens demais para uma decisão importante como o casamento.
Ou então é bem madura em ambos os aspectos, mas está recentemente divorciada ou viúva. Ou então
nunca casou porque não encontrou alguém com quem pudesse dividir sua vida. Deus abole a expressão
sexual destas pessoas? Pelo contrário. Deus nos provê com tudo o que precisamos, incluindo nossos
desejos sexuais. Enquanto houver respeito o casal pode fazer, sexualmente, o que bem entender, se
excitar como melhor lhe aprouver, se divertir como der na telha e com quem der na telha.

Portanto, "fornicação" é uma péssima palavra para traduzir Porneia, e mesmo que fosse uma boa palavra
ela se restringiria apenas a procurar prostitutas e não estaria relacionada a nenhum tipo de ato sexual
consensual, mas lembre-se de Sansão - que não foi castigado pela vida divertida que levou e sim por ter
a cabeça raspada enquanto dormia. Talvez fizesse sentido quando São Jerônimo traduziu o novo
testamento para o latim, mas hoje o poderio clerical conseguiu fazê-la servir exatamente a seus
propósitos egoístas. Entendida hoje como "qualquer relação sexual que não seja entre um homem e
uma mulher casados", Fornicação se tornou algo que mais confunde e restringe do que explica. Os dois
termos são similares, mas não equivalentes. Alguns tipos de fornicação não são Porneia, e alguns tipos
de Porneia não são fornicação. Por exemplo, sexo entre dois namorados, hoje é considerado fornicação
mas não é Pornéia. Mas sexo com o cachorro do namorado é Pornéia mas não necessariamente uma
fornicação. Isso acontece sempre que tentamos deturpar a mensagem clara da Bíblia.

Melhor do que encontrarmos uma palavra nova é entender o sentido por trás da palavra usada. Busque
o que há em comum entre todos os casos citados acima, a saber: estupro, incesto, bestialismo e
adultério - que é muito diferente de sexo com outras pessoas depois de casado, quando se tem a
aprovação do cônjuge. Acontece que todos são um tipo de abuso. No caso do estupro é fácil entender e
nada precisa ser dito. O incesto bíblico igualmente sempre ocorre em uma situação abusiva, como no
caso de Ló e suas filhas (Genese 19:30-36). O bestialismo sempre envolve um abuso da inteligência
humana para subjugar a inocência do animal (O mesmo pode ser dito da pedofilia). Por fim o adultério é
um ato de traição e que abusa da confiança do outro com que se havia comprometido. Assim Pornéia é
sempre uma forma de "Abuso Sexual". Seja abuso pela força, pela inteligência ou o abuso da confiança
de alguém. O que Deus de fato condena é o sexo sem responsabilidade, sem compromisso, sem
discernimento, enfim, o sexo sem amor, compulsivo que mais prejudica do que dá prazer.

Não é bom estar só

Os imbecis da Palavra, ou seja, aqueles que utilizam a Palavra de Deus apenas para justificar a própria
imbecilidade egoísta, tentam mostrar que o Prazer é errado, e que como sexo dá prazer ele é
pecaminoso, afirmando que o princípio primeiro do sexo é a multiplicação da espécie, e não o prazer. A
Bíblia não condena o prazer, basta rever algumas passagens sobre o deleite sexual: "Sara então riu-se
consigo, dizendo: Terei ainda deleite depois de haver envelhecido, sendo também o meu senhor já
velho?" - isso vindo de Sara, que sempre transou com Abraão e era estéril, ou seja, Abraão transava com
ela sabendo que não podia ter filhos - "Deleita-te também no Senhor, e ele te concederá o que deseja o
teu coração" - em Salmos que diz que para buscar deleite TAMBÉM no Senhor. Outras falácias estúpidas
é dizer que é através do sexo que o diabo escraviza as pessoas. Lembre-se que Deus criou uma
companheira para Adão porque "Não é bom que o homem esteja só". Se nos lembrarmos que Satã
significa "inimigo" em hebraico, qualquer um que pregue contra o sexo e o prazer se torna Satã diante de
Deus.

Assim, o ponto é que o casamento hoje, assim como quase todos os rituais institucionalizados, tem mais
a ver com o controle social sobre o casal do que sobre o casal em sí, é mais uma forma de garantir
direitos jurídicos e cíveis do que celebrar o amor. O ritual externo não é uma necessidade, tanto que não
é descrito em lugar algum da Bíblia, apenas como festas ou celebrações, não existe uma passagem que
dê regras para como deve ser realizado. Se existe a vontade de oficializar legalmente então um contrato
em cartório já faz isso, de maneira muito mais prática e rápida do que era feito na época de Abraão,
Moisés e Jesus. Se existe a necessidade de serem abençoadas, uma simples oração resolveria. Mas o que
acontece hoje é que se não houver uma celebração sacramental, em outras palavras, se o padre ou
pastor pessoalmente não abençoar a união, então ela é considerada profana e pecaminosa.
Jesus participou de um casamento. Ele poderia ter usado sua graça e seus poderes para engrandecer o
momento em que o sacerdote abençoa o casal nas bodas da Canaã, ou mesmo a aliança formada pelo
casal, mas ele não fez isso. Preferiu tranformar a água em vinho. Quando viu a turba pronta para
apedrejar a prostituta ele ficou abismado e mandou a todos irem catar coquinho. Para ele o mais
importante não eram os rituais e a virgindade. Era a festa.

Jesus Freak

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