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O poder da fé e a autoridade de Jesus (Mateus 8.

1-17)

I. Nascimento e Origem de Jesus (1-4)


II. Primeiro discurso de Jesus: Sermão do Monte (5-7)

III. O reino estendido sob a autoridade de Jesus (8-9) – Sessão Narrativa

Esses relatos nessa sessão narrativa de Mateus não são demonstrados de modo cronológica,
mas tópicos. Mateus resumiu o ministério público de Jesus no ensino, na pregação e na cura,
no capítulo 4 (v. 24; repetiu-o em 9:35).

Nos capítulos 5-7, estudamos o ministério de ensino de Jesus. Nos capítulos 8-9
aprenderemos a respeito de seu ministério de obras. O propósito de Mateus é testificar o
ministério do Messias após seu sermão autoritativo por meio de seus milagres e
demonstrações de poder. A ênfase está em testificar que o Messias que ensina as verdades do
reino, tem poder para operar milagres.

Nos versículos que acabamos de ler encontramos três grandes milagres. Um leproso é curado
com um toque da mão de Jesus. Um paralítico é curado por uma palavra. E uma mulher,
doente com febre, recebe de volta, em um instante, a saúde e o vigor. Vejamos, então, três
relatos de fé

1-4: Cura do leproso – A fé que supera a separação da lei

Quando Jesus desceu do monte, onde estivera ensinando, o seguiu uma grande multidão.
Aqueles que ouviram o Sermão do Monte foram forçados a confessar que, assim como
jamais alguém falou como este homem , assim, também, ninguém jamais fez tais prodígios.

Os judeus tinham aversão à doença não só por causa da doença em si mesma, mas porque ela
representava o sofredor, e todos com quem ele tinha contato direto ficavam cerimonialmente
impuros. Ser leproso era interpretado como ser amaldiçoado por Deus. As curas eram raras e
consideradas tão difíceis quanto ressuscitar os mortos.

Veio um leproso, e o adorou, isto é, aproximou-se e Jesus e caiu de joelhos, reconhecendo a


capacidade de Jesus de curá-lo. O leproso não tinha dúvida em relação ao poder de cura de
Jesus, só temia ser ignorado.

A fé reverente do leproso se demonstra tanto em sua atitude (ele o adorou; descreve, em


geral, o ato de a pessoa prostrar-se) quanto em suas palavras a Jesus: (Senhor; Mateus põe
“Senhor” só na boca dos que creem em Jesus).

O leproso declara a Jesus: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo. E a resposta do


Senhor foi: “Claro que eu quero, fique limpo de novo”. Imediatamente a lepra desapareceu.

Segundo as práticas rabínicas, era ilegal até mesmo saudar um leproso ao ar livre. Com
frequência os sacerdotes corriam e escondiam-se ao avistar um leproso a distância.
Um pouco distante, Jesus teve que estender a mão para tocar o leproso, porque este não
ousou se aproximar dele. Jesus, ao tocar um leproso impuro, ficaria ele mesmo maculado
cerimonialmente. Mas ao toque de Jesus nada permanece impuro.

Jesus, longe de se tornar impuro, transforma o impuro em pureza. A palavra e o toque de


Jesus são eficazes, possivelmente sugerindo que sua mensagem e sua pessoa estão investidas
de autoridade.

Jesus pede o silêncio do leproso. Podemos entender isso como precaução de Jesus contra a
rápida revolução popular. Mateus quer mostrar que Jesus não está se apresentando como um
mero operador de maravilhas que pode ser pressionado ao messiado pelas multidões, cujas
percepções messiânicas são materialistas e políticas.

A excitação do povo levantaria a oposição romana, tornando ainda mais difícil a tarefa de
desenvolver o ministério messiânico, uma obra não nacional, nem militarista, mas universal e
sacrificial.

A autoridade de Jesus deriva-se só de Deus, não da aclamação dos homens; ele veio para
morrer, não para derrotar os romanos. As pessoas que desobedeciam à proibição de Jesus de
não falar da cura só tornaram sua missão mais difícil.

Jesus submete-se à lei. Ele põe-se sob as ordenanças dela. Mas o resultado é espantoso: a lei
alcança nova relevância ao apontar para Jesus.

O leproso curado, ao se conformar à lei, torna-se a oportunidade para a lei confirmar a


autoridade de Jesus como operador de curas que só precisa querer a obra para que ela seja
feita. Assim, a função suprema da “oferta” ordenada por Moisés não é como a oferta de
culpa, mas como testemunho para os homens concernente a Jesus.

5-13: O servo do centurião – A fé que supera as barreiras étnicas

A segunda história de Mateus sobre um milagre tem como foco a fé impressionante de um


gentio. Ela prevê a inclusão dos gentios no reino dos céus, e adverte os judeus sobre a
necessidade de desenvolver um fé genuína para pertencer ao reino.

O oficial chegou-se a Jesus com o pedido urgente que o Senhor viesse e curasse seu servo,
que sofria de uma forma dolorosa de paralisia.

O v. 7 apresenta uma ênfase no pronome EU: “Eu irei curá-lo”. Segundo Carson, a ideia é
ressaltas o poder da fé que supera os limites de Israel: “Eu, um judeu, irei curá-lo”.

Havia pouco Jesus estendera a mão para tocar um leproso: Jesus jamais hesitaria em entrar
na casa de um gentio. A resposta de Jesus não se baseia em temor de profanação ritual, nem a
sua restrição geral de seu ministério para Israel, Ela baseia-se no desejo de descobrir
exatamente o que o centurião buscava e qual o grau de fé por trás de seu pedido.

A fé triunfa sobre os obstáculos erguidos! Da mesma maneira que João Batista se sentia
indigno de batizar a Jesus, também o centurião se sentia indigno de recebe-lo em sua casa.
O sentimento de não ser digno não surgiu da consciência do centurião de que podia
contaminar cerimonialmente a Jesus; a raça não tinha nada que ver com isso. O termo grega
usada aqui (“não sou digno”) revela que o senso de indignidade do homem (“não mereço”)
em face da autoridade de Jesus.

O centurião acreditava que a palavra de Jesus era suficiente para curar seu servo. O
pensamento do centurião é profundo. Se Jesus apenas desse uma ordem, a doença
desapareceria. Sendo pessoa que entendia o papel da autoridade, reconhecia que bastaria um
comando e pronto, o resultado almejado apareceria.

O oficial está argumentando que até ele, autoridade subordinada, pode realizar um desejo
mediante uma ordem. Quanto mais pode Jesus, a autoridade última, realizar uma cura
mediante uma simples ordem.

O centurião tinha a autoridade do Imperador em suas ordens. O centurião aplicou esse


entendimento de si mesmo a Jesus. Exatamente por Jesus estar sob a autoridade de Deus, ele
estava investido da autoridade de Deus de forma que quando Jesus falava, Deus falava.

Desafiar a Jesus, era desafiar a Deus; por isso, a palavra de Jesus deve estar investida da
autoridade de Deus para poder curar o doente.

Essa analogia, embora não seja perfeita, revela uma fé impressionante que reconhece que
Jesus não precisava de ritual, de mágica nem de nenhuma outra ajuda; sua autoridade era a
autoridade de Deus, e sua palavra era eficaz porque era a palavra de Deus.

Jesus fica admirado com a fé desse homem. A fé de que ele fala é a absoluta confiança no
poder de Jesus, que mediante uma palavra pode curar a distância. Essa fé era ainda mais
surpreendente pelo fato de que o centurião era gentio e não teve acesso à herança da
revelação do Antigo Testamento para ajudá-lo a entender a Jesus.

Contudo, esse gentio penetrou mais profundamente na natureza da pessoa e da autoridade de


Jesus que qualquer judeu de sua época.

As palavras de Mateus ressaltam ainda mais que as de Lucas a singularidade da fé do


centurião e realçam o movimento do evangelho dos judeus para os gentios ou, antes, a partir
dos judeus para todos os povos independentemente de raça — movimento esse profetizado
no Antigo Testamento, desenvolvido no ministério de Jesus e ordenado pela Grande
Comissão.

“Então, Deus concedeu arrependimento para a vida até mesmo aos gentios!” (At 11.18)

O quadro é o do “banquete messiânico” tirado de passagens do Antigo Testamento como


Isaías 25.6-9. Israel alegrava-se nessa esperança (Tobias 13:11; 1 Enoque 90:30-36), mas a
via como engrandecimento de sua própria nação e de sua glória.

Agora Jesus lhes diz que os que os filhos do reino (povo de Israel) serão lançados fora, nas
trevas.
Nesse lugar tenebroso onde estão os destituídos de fé, haverá pranto e ranger de dentes. Ser
excluído do que se considerava um destino nacional, e ver os gentios tomarem seus lugares,
foi uma revelação chocante para o povo judeu.

Nunca poderiam aceitar como verdadeiro o cenário que Jesus lhes punha diante dos olhos.
Esse texto é uma porta para aberta para a Grande Comissão.

Jesus pede ao oficial que vá para casa. À vista da fé do centurião, seu servo deve ficar
totalmente restaurado. Mateus registra que naquele momento preciso o servo de fato foi
curado. Conquanto o incidente se centralize numa cura miraculosa, a maior ênfase repousa na
fé extraordinária do centurião.

14-15: A sogra de Pedro – Uma fé que conduz ao serviço.

Pedro era casado e mudou-se com seu irmão André de sua casa em Betsaida para Cafarnaum,
provavelmente para ficar perto de Jesus. Sua sogra estava com febre. É provável que a febre
fosse devido à malária, muito comum naquela região.

Interessante que prática comum da lei judaica proíbe tocar pessoas com muitos tipos de
febre. O toque, como no versículo 3, não profana a pessoa que exerce a cura, mas cura o
impuro. Em Jesus, o reino de Deus invadia ativamente o reino sob o controle de Satanás.

O milagre foi eficaz e instantâneo. Este é o único incidente em Mateus em que Jesus toma a
iniciativa de curar. Noutros relatos, há sempre um pedido de algum tipo.

Aqueles que eram tocados por Jesus se tornavam seus servos.

16-17: AUTORIDADE DE JESUS – O autor e centro da nossa fé!

Nessa conclusão, Mateus foca a atenção no poder de Jesus e no testemunho da Escritura de


sua pessoa e ministério.

Os milagres de cura de Jesus apontavam para além deles mesmos, apontavam para a cruz.
Nesse sentido, são sinais do seu maior ato em seu ministério, como Cordeiro do Deus. Por
isso a citação de Isaías 53.

Esses milagres (cap. 8) foram estruturados para enfatizar a autoridade de Jesus. Essa
autoridade nunca foi usada para satisfazer a ele mesmo. Ele curou o leproso desprezado (w.
1-4); o servo do centurião gentio que estava doente sem esperança de cura (w. 5-13); outros
doentes (w. 14,15), não importa quantos (w. 16,17).

Assim, quando ele deu sua vida em resgate de muitos, isso não foi nada menos que a mesma
autoridade dirigida para o bem de outros. A morte de Jesus reflete o já mencionado
entrelaçamento de autoridade e servidão e, agora, demonstrado no seu dia a dia.

Afinal, após os importantes milagres dos versículos 1-17, o Filho do homem não tinha onde
repousar a cabeça (20).
Devemos sempre ser agradecidos pelo dom da fé nos dada gratuitamente por Cristo!

Que nós sempre demos graças ao Senhor se temos essa disposição, pois é um dom de Deus.
Essa fé é melhor do que todos os demais dons ou conhecimentos neste mundo.

O que cada um de nós sabe a respeito dessa fé? Esta é uma grande questão.

O nosso conhecimento pode ser pequeno; mas, será que realmente cremos?

Nossas oportunidades para contribuir e trabalhar pela causa de Cristo podem ser poucas;
mas, cremos?

Talvez não possamos pregar, nem escrever um livro, e nem mesmo argumentar em favor do
evangelho; mas, cremos?

Que jamais descansemos enquanto não pudermos responder afirmativamente a essa


pergunta!

A fé em Jesus Cristo, para os filhos deste mundo, parece ser algo tão simples e insignificante.
Eles não veem na fé nada de grande ou importante.

Entretanto, a fé em Cristo é preciosíssima aos olhos de Deus, e tal como tudo que é precioso,
é rara. É pela fé que vive o cristão verdadeiro.

Ele permanece na fé. É pela fé que o cristão vence o mundo. Sem essa fé, ninguém pode ser
salvo nem agradar a Deus.

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