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Lógica Formal

Matemática Discreta
Prof. Vilson Heck Junior
vilson.junior@ifsc.edu.br
Objetivos

• Utilizar símbolos da lógica proposicional;


• Encontrar o valor lógico de uma expressão em lógica
proposicional;
• Construir demonstrações formais em lógica
proposicional;
• Usar símbolos formais da lógica predicada;
• Construir demonstração formais;
• [Talvez] Conhecer a linguagem de programação
Prolog;
Lógica na MTD Discreta?
• Resolver problemas que envolvam raciocínio lógico;
• Construir, questionar, compreender e criticar
argumentos;
• Reconhecer e trabalhar com símbolos formais que são
utilizados na lógica proposicional;
• Usar a lógica proposicional para representar e avaliar
argumentos;
• Construir demonstrações formais nas lógicas
proposicionais e usá-las para determinar a validade de
um argumento;
• Executar diversas técnicas de demonstração;
Conteúdo
• Proposições;
• Valores lógicos;
• Conectivos;
• Tabelas-verdade;
• Tautologias, Contradições e Contingências;
• Lógica proposicional;
• Predicados;
• Talvez: Programação Lógica.
Lógica Formal

PROPOSIÇÕES
Proposições

• Em lógica, proposições são sentenças


declarativas com valores comprovadamente e
indiscutivelmente: verdadeiro ou falso;
– Nenhum outro possível valor!

• Proposições também são chamadas de


declarações por diferentes autores ou
contextos.
Proposições
• As seguintes sentenças são proposições:
1. Dez é menor do que sete.
• Matematicamente comprovado ser Falso.
2. Existe vida em outros planetas do universo.
• Por enquanto, não sabemos a resposta, mas
conhecemos meios viáveis a longo prazo que nos darão
está resposta.
3. Um triângulo tem três lados.
• Verdadeiro.
4. Madrid é a capital da Espanha.
• Verdadeiro
Proposições
• As seguintes sentenças não são proposições:
1. Como está você?
• Isto não contém uma declaração com significado V ou F.
2. Ela é muito talentosa.
• Apesar de ser uma frase declarativa, faltam
informações sobre quem é “ela” para constatar V ou F.
3. Brócolis é saboroso.
• Isto não é nem verdade e nem falso absoluto, é uma
questão de opinião, por tanto, não é uma proposição
válida.
Proposições

• Algumas sentenças são, ainda, dignas de muito


debate filosófico:

1. Fantasmas existem.
• Alguns filósofos defendem que é uma proposição, mas
que é definitivamente falsa, pois não há provas contrárias;
• Outros defendem que a sentença nem se quer é uma
proposição, mas sim parte de crendices ou folclores, da
imaginação e, por tanto, impossível de ser verificada.
Negação de uma Proposição
• Qualquer proposição existente pode ser negada;
• Em escrita ou fala, utilizamos a partícula negativa
“não”;
• Ex. de Proposição:
– 𝑃 : “Está chovendo agora”.
• Ex. de Proposição Negada:
– 𝑃, ¬𝑃, ~𝑃 ou 𝑃′ : “Não está chovendo agora”.
• Ao aplicar a negação, o valor lógico da proposição será
invertido:
P ¬P ¬¬P
V F V
F V F
Negação de uma Proposição

P – representado em conjunto ¬P – representado em conjunto


Lógica Formal

CONECTIVOS LÓGICOS
Conectivos Lógicos
• Ao falar ou escrever, combinamos frases simples por meio
de conectivos lógicos;

• Estas combinações formam sentenças compostas que


enriquecem as informações trocadas;

• As informações como um todo, dependem de uma


combinação dos valores lógicos das proposições e seus
conectivos;

• Na Lógica Formal, chamaremos estas sentenças compostas


de: Sistema Formal. Outros nomes utilizados são:
– Fórmulas Proposicionais;
– Fórmulas Bem Formuladas: FBFs.
Conectivos Lógicos
• Exemplos:
1. Fulano foi até a loja de esportes e foi até a casa de sua avó.
2. Fulano foi até a loja de esportes ou foi até a casa de sua avó.
3. Fulano ou foi até a loja de esportes, ou foi até a casa de sua avó.

• Há duas proposições:
A. Fulano foi até a loja de esportes;
B. Fulano foi até a casa de sua avó.

• Quais são as interpretações possíveis para os três


exemplos?
Conectivos Lógicos

• Conectivo lógico E:
– Também conhecido como conjunção;
– Representado na lógica proposicional pelo símbolo ˄ ou .
– Presume que ambas as proposições conectadas devem ser
verdadeiras.
– Exemplo: A ^ B
• Lê-se “A e B”
• Lê-se “Fulano foi até a loja de esportes e foi até a casa de
sua avó.”
Conectivos Lógicos

Conjunção, do ponto de vista de conjuntos:


A^B
Conectivos Lógicos
• Conectivo lógico E:
– Para determinar se o Sistema Formal é verdadeiro, é
necessária a construção da tabela-verdade;
– A tabela-verdade é um arranjo dos possíveis valores lógicos
de cada proposição do sistema;
– Tabela-verdade E:

A B A^B
V V V
F V F
V F F
F F F
Conectivos Lógicos

• Conectivo lógico OU:


– Também conhecido como disjunção;
– Representado na lógica proposicional pelo símbolo ˅ ou +
– Presume que ao menos uma proposição conectada deve ser
verdadeira.
– Exemplo: A ˅ B
• Lê-se “A ou B”
• Lê-se “Fulano foi até a loja de esportes ou foi até a casa
de sua avó.”
Conectivos Lógicos

Disjunção, do ponto de vista de conjuntos:


A˅B
Conectivos Lógicos
• Conectivo lógico OU:
– Para determinar se o Sistema Formal é verdadeiro, é
necessária a construção da tabela-verdade;
– A tabela-verdade é um arranjo dos possíveis valores lógicos
de cada proposição do sistema;
– Tabela-verdade OU:

A B A˅B
V V V
F V V
V F V
F F F
Conectivos Lógicos

• Conectivo lógico OU Exclusivo:


– Também conhecido como disjunção exclusiva;
– Representado na lógica proposicional pelo símbolo ˅ ou ⊕
– Presume que somente uma proposição conectada deve ser
verdadeira.
– Exemplo: A ˅ B
• Lê-se “A ou exclusivo B”
• Lê-se “Ou Fulano foi até a loja de esportes ou foi até a
casa de sua avó.”
Conectivos Lógicos

Disjunção exclusiva, do ponto de vista de conjuntos:


A˅B
Conectivos Lógicos
• Conectivo lógico OU Exclusivo:
– Para determinar se o Sistema Formal é verdadeiro, é
necessária a construção da tabela-verdade;
– A tabela-verdade é um arranjo dos possíveis valores lógicos
de cada proposição do sistema;
– Tabela-verdade OU Exclusivo:

A B A˅B
V V F
F V V
V F V
F F F
Exercícios do livro

• Parte A - Lista de questões do livro.

• GERSTING, J. L. Fundamentos Matemáticos para a Ciência da


Computação - um tratamento moderno de matemática discreta -
5 ed. Rio de Janeiro, LTC – 2013.
Lógica Formal

CONSTRUINDO TABELAS-VERDADE
Precedência dos Operadores
• Para construir uma tabela-verdade, será necessário
resolver todas as possíveis combinações de valores
lógicos das proposições existentes;

• A resolução de um sistema formal deve seguir uma


ordem, assim como acontece nas equações
matemáticas:

1. (), {}
2. ¬
3. ˅, ^, ˅
Tabelas-Verdade

Assumindo o seguinte:

• “Hoje irá chover ou nevar e não iremos caminhar”.


A. Hoje irá chover;
B. Hoje irá nevar;
C. Hoje iremos caminhar;
– (𝑨˅B)^¬C
Tabelas-Verdade
• Sistema Lógico: (𝐴˅B)^¬C
– Valores possíveis para proposição A:
A
V
F
Tabelas-Verdade
• Sistema Lógico: (𝐴˅B)^¬C
– Arranjo de valores entre proposições A – B:
A B
V V
F V
V F
F F
Tabelas-Verdade
• Sistema Lógico: (𝐴˅B)^¬C
– Arranjo de proposições incluindo C:
A B C
V V V
F V V
V F V
F F V
V V F
F V F
V F F
F F F
Tabelas-Verdade
• Sistema Lógico: (𝐴˅B)^¬C
– Inclusão da primeira parte do sistema:
A B C (AvB)
V V V V
F V V V
V F V V
F F V F
V V F V
F V F V
V F F V
F F F F
Tabelas-Verdade
• Sistema Lógico: (𝐴˅B)^¬C
– Inclusão da segunda parte do sistema:
A B C (AvB) ¬C
V V V V F
F V V V F
V F V V F
F F V F F
V V F V V
F V F V V
V F F V V
F F F F V
Tabelas-Verdade
• Sistema Lógico: (𝐴˅B)^¬C
– Solução final do sistema:
A B C (AvB) ¬C (𝐴˅B)^¬C
V V V V F F
F V V V F F
V F V V F F
F F V F F F
V V F V V V
F V F V V V
V F F V V V
F F F F V F
Lógica Formal

CONECTIVOS LÓGICOS (PARTE - 2)


Conectivos Lógicos
• Exemplos:
1. Se Fulano foi até a loja de esportes então foi até a casa de sua avó.
2. Fulano foi até a loja de esportes se e somente se foi até a casa de
sua avó.

• Há duas proposições:
A. Fulano foi até a loja de esportes;
B. Fulano foi até a casa de sua avó.

• Quais são as interpretações possíveis para os dois


exemplos?
Conectivos Lógicos

• Conectivo lógico Se ... Então ...:


– Também conhecido como implicação ou condicional;
– Representado na lógica proposicional pelo símbolo →
– Assume a existência de uma proposição antecedente e uma
consequente;
– Sempre que a proposição antecedente for verdadeira, há a
implicação da consequente também ser verdadeira
– Exemplo: A → B
• Lê-se “A implica em B”
• Lê-se “Se Fulano foi até a loja de esportes, então Fulano
foi até a casa de sua avó.”
Conectivos Lógicos

Implicação, do ponto de vista de conjuntos:


A→B
Conectivos Lógicos
• Conectivo lógico Se ... Então ...:
– Para determinar se o Sistema Formal é verdadeiro, é
necessária a construção da tabela-verdade;
– A tabela-verdade é um arranjo dos possíveis valores lógicos
de cada proposição do sistema;
– Tabela-verdade Implicação:

A B A→B
V V V
F V V
V F F
F F V
Atividade Prática

• Escreva o antecedente e o consequente de cada uma das


sentenças a seguir: (sugestão: reescreva as sentenças colocando-
as na forma se/então):

1. Se a chuva continuar, então o rio vai transbordar.


2. Uma condição suficiente para a falha de uma rede elétrica é que a
chave central desligue.
3. Os abacates só estão maduros quando estão escuros e macios.
4. Uma boa dieta é uma condição necessária para uma saúde
saudável.
Conectivos Lógicos
• Agora imagine um cenário onde há uma “implicação dupla”.
• Neste caso, ambas proposições dependeriam uma da outra
mutuamente;
• Construa a tabela-verdade para:
(𝐴 → 𝐵)^(𝐵 → 𝐴)
A B
V V
F V
V F
F F
Conectivos Lógicos
• Agora imagine um cenário onde há uma “implicação dupla”.
• Neste caso, ambas proposições dependeriam uma da outra
mutuamente;
• Construa a tabela-verdade para:
(𝐴 → 𝐵)^(𝐵 → 𝐴)
A B A→B B→A
V V V V
F V V F
V F F V
F F V V
Conectivos Lógicos
• Agora imagine um cenário onde há uma “implicação dupla”.
• Neste caso, ambas proposições dependeriam uma da outra
mutuamente;
• Construa a tabela-verdade para:
(𝐴 → 𝐵)^(𝐵 → 𝐴)
A B A→B B→A (A→B)^(B→A)
V V V V V
F V V F F
V F F V F
F F V V V
Conectivos Lógicos

• Conectivo lógico se e somente se:


– Também conhecido como bi-implicação (bicondicional ou
equivalência);
– Representado na lógica proposicional pelo símbolo ↔
– Assume que ambas proposições devem ter valores iguais;
– Exemplo: A ↔ B
• Lê-se “A se e somente se B”
• Lê-se “Fulano foi até a loja de esportes se e somente se
foi até a casa de sua avó.”
Conectivos Lógicos

Bi-implicação, do ponto de vista de conjuntos:


A↔B
Conectivos Lógicos
• Conectivo lógico ... se e somente se ...:
– Para determinar se o Sistema Formal é verdadeiro, é
necessária a construção da tabela-verdade;
– A tabela-verdade é um arranjo dos possíveis valores lógicos
de cada proposição do sistema;
– Tabela-verdade Bi-implicação:

A B A↔B
V V V
F V F
V F F
F F V
Atividade Prática

• Utilizando apenas os operadores/conectivos lógicos:


– E, OU, Não;
• Construa sistemas lógicos equivalentes aos seguintes
conectivos:
1. Ou exclusivo;
2. Se ... Então ...
3. Se e somente se
Precedência dos Operadores
• Para construir uma tabela-verdade, será necessário resolver
todas as possíveis combinações de valores lógicos das
proposições existentes;

• A resolução de um sistema formal deve seguir uma ordem,


assim como acontece nas equações matemáticas:

1. (), {}
2. ¬
3. ˅, ^, ˅
4. →
5. ↔
Precedência dos Operadores
1. (), {}
2. ¬
3. ˅, ^, ˅
4. →
5. ↔

Equação Original Certo Errado


¬A v B (¬A) v B ¬(A v B)
AvB→C (A v B) → C A v (B → C)
A^B→C↔D ((A ^ B) → C) ↔ D A ^ (B → (C ↔ D))
Expressões em Português
Português Conectivo Lógico Expressão Lógica
Não A.
É falso que A... Negação ¬A
Não é verdade que A...
E; mas; também; além disso Conjunção A^B
Ou Disjunção AvB
Disjunção
Ou A, Ou B. AvB
exclusiva
Se A, então B.
A implica B.
A, logo B.
A só se B; A somente se B. Condicional A→B
B segue A
A é uma condição suficiente para B; basta A para B.
B é uma condição necessária para A.
A se e somente se B.
Bicondicional A↔B
A é condição necessária e suficiente para B.
Negações corretas e incorretas

Proposições Correta Incorreta


É falso que vá chover amanhã.
Vai chover amanhã. Não vai chover amanhã
É falso que Pedro seja alto e magro. Pedro é baixo e gordo.
Pedro é alto e magro. Pedro não é alto ou não é magro. (Pode ser que Pedro não tenha
Pedro é baixo ou gordo. apenas 1 das propriedades)
É falso que o rio seja raso ou esteja poluído.
O rio não é raso ou não está poluído.
O rio é raso ou está poluído. O rio não é raso nem está poluído.
(Ambas devem ser falsas!)
O rio é fundo e não está poluído.
Atividade Prática

• Sendo A:
– Júlia gosta de manteiga mas detesta creme.

• Qual das alternativas representa ¬A?


1. Júlia detesta manteiga e creme.
2. Júlia não gosta de manteiga nem de creme.
3. Júlia não gosta de manteiga mas adora creme.
4. Júlia odeia manteiga ou gosta de creme.
Lógica Formal

TAUTOLOGIAS, CONTRADIÇÕES E
CONTINGÊNCIAS
Tautologia
• É dita tautológico todo sistema lógico cuja tabela-verdade resulta
apenas em valores Verdadeiros:
– A ^ B ↔ B ^ A: (comutatividade)
A B A^B B^A ↔
V V V V V
F V F F V
V F F F V
F F F F V
Tautologia
• É dita tautológico todo sistema lógico cuja tabela-verdade resulta
apenas em valores Verdadeiros:
– (A ^ B) ^ C ↔ A ^ (B ^ C): (associatividade)
A B C A^B B^C ^C A^ ↔
V V V V V V V V
F V V F V F F V
V F V F F F F V
F F V F F F F V
V V F V F F F V
F V F F F F F V
V F F F F F F V
F F F F F F F V
Tautologia
• É dita tautológico todo sistema lógico cuja tabela-verdade resulta
apenas em valores Verdadeiros:
– A ^ (B v C) ↔ (A ^ B) v (A ^ C): (distributividade)
A B C A^B BvC A^C A^ )v( ↔
V V V V V V V V V
F V V F V F F F V
V F V F V V V V V
F F V F V F F F V
V V F V V F V V V
F V F F V F F F V
V F F F F F F F V
F F F F F F F F V
Contradição
• É dita contradição todo sistema lógico cuja tabela-verdade resulta
apenas em valores Falsos:
– A ^ ¬A
A ¬A A ^ ¬A
V F F
F V F
Contradição
• É dita contradição todo sistema lógico cuja tabela-verdade resulta
apenas em valores Falsos:
– (A → B) ^ (A ^ ¬B)
A B A→B A ^ ¬B (A → B) ^ (A ^ ¬B)
V V V F F
F V V F F
V F F V F
F F V F F
Contingências

• Todo e qualquer sistema lógico que não seja Tautologia


e Contradição, será considerado contingência.
Questões Poscomp (1/2)
• Poscomp[2013, q11]: Considere as sentenças a
seguir:
– P: Pedro faz as tarefas todos os dias.
– Q: Pedro terá boas notas no final do ano.
 Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a
tradução em linguagem simbólica da negação da
sentença composta a seguir:
 “Se Pedro faz as tarefas todos os dias, então Pedro terá
boas notas no final do ano.”
1. P → Q
2. P ↔ Q
3. P ^ ~Q
4. ~P ^ ~Q
5. ~P ^ Q
Questões Poscomp (2/2)
• Poscomp[2013, q13]: Admita que um novo conectivo binário,
rotulado pelo símbolo ↕, seja definido pela tabela-verdade ao
P Q P↕Q
lado. Com base nessa definição e nas operações usuais com os
conectivos v, ^ e ~, considere as afirmativas a seguir.
V V F
I. P ↕ Q é equivalente a Q ↕ P.
V F V II. (P ↕ Q) v (Q ↕ P) não é uma contingência.
F V F III. (Q ↕ P) ^ (P ↕ Q) é uma contradição.
F F F IV. ~[(Q ↕ P) ^ (P ↕ Q)] é uma tautologia.
• Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Exercícios do livro

• Parte B – Lista de questões do livro.

• GERSTING, J. L. Fundamentos Matemáticos para a Ciência da


Computação - um tratamento moderno de matemática discreta -
5 ed. Rio de Janeiro, LTC – 2013.
Lógica Formal

PROPRIEDADES, SUBSTITUIÇÕES,
DEDUÇÕES E VALIDADE
Validade de Argumentos
• A argumentação de um advogado é válida?

– “Se meu cliente fosse culpado, a faca estaria na


gaveta. A faca não estava na gaveta ou Jason
Pritchard viu a faca. Se a faca não estava lá no dia
10 de outubro, segue que Jason Pritchard não viu a
faca. Além disso, se a faca estava lá no dia 10 de
outubro, então a faca estava na gaveta e o martelo
estava no celeiro. Mas todos sabemos que o
martelo não estava no celeiro. Portanto, senhoras e
senhores do Júri, meu cliente é inocente.”
Outras equivalências
• A^F F
• A^ V A
• A ^ ¬A F
• A^A A
• BvF B
• BvV V
• B v ¬B V
• BvB B
• A v (B ^ C)  (A v B) ^ (A v C)
• AvB  (A ^ ¬B) v (¬A ^ B)
• A→B  ¬(A ^ ¬B)  ¬A v B
• A↔B  (A ^ B) v (¬A ^ ¬B)
Leis de De Morgan
• O matemático inglês Augusto De Morgan (1806 – 1871) foi o primeiro a
enunciar algumas equivalências lógicas (e de conjuntos). Estas
equivalências convertem operações lógicas E em OU e vice-versa e são
amplamente utilizadas na construção de sistemas lógicos:
– ¬(A v B)  ¬A ^ ¬B

– ¬(A ^ B)  ¬A v ¬B
Leis de De Morgan

• Na prática, não importa o número de proposições. Ex.:

– ¬(A v B v C v D)  ¬A ^ ¬B ^ ¬C ^ ¬D

– ¬(A ^ B ^ C ^ D ^ E)  ¬A v ¬B v ¬C v ¬D v ¬E
Substituições e Deduções

• As substituições e as deduções lógicas são


utilizadas para a verificação da validade em
argumentos lógicos:
– Através do Cálculo Proposicional!

• Ver as tabelas de equivalência e de inferência.


– Modus ponens: modus ponendo ponens - em Latim significa
“a maneira que afirma afirmando”.
– Modus tollens: em Latim significa “modo que nega”.
Validade de Argumentos
• Alguns argumentos lógicos precisam ser interpretados para terem
suas validades lógicas verificadas;

• Nem sempre é possível constatar a validade de uma argumento


de maneira objetiva, às vezes é necessário aplicar algumas
substituições, ou realizar um cálculo proposicional;

• Um argumento pode ser representado em forma simbólica como:


– 𝑃1 ^𝑃2 ^𝑃3 ^ ⋯ ^𝑃𝑛 → 𝑄

• Neste caso: 𝑃1 , 𝑃2 , … , 𝑃𝑛 são proposições dadas, chamadas de


hipóteses do argumento, enquanto 𝑄 é a conclusão do
argumento.
Ex. 1: Validade de Argumentos
• Argumento: P1 ^ P2 → Q
– P1: “Se está chovendo, então há nuvens.”
Argumentos
– P2: “Está chovendo.” fortes!
– Q: “Há nuvens.”
• Proposições:
– A: Está chovendo.
– B: Há nuvens
• Dedução/validação:
– P1: A → B
– P2: A Válido?
– Q: B
Ex. 1: Validade de Argumentos
• Iniciamos pelas hipóteses, assumindo-as como
verdadeiras:
1. A→B (V)
2. A (V)
• Agora iniciamos um processo de verificação da lógica. Geralmente
iniciamos a análise pela hipótese mais simples. A hipótese 2 nos diz que
A deve ser V. Sabendo que A é V, podemos verificar quais os possíveis
valores para B que garantam que a hipótese 1 seja V. Para isto,
consultaremos a tabela verdade da implicação:
A B A→B
V V V
F V V
V F F
F F V
Ex. 1: Validade de Argumentos
• Neste caso, tínhamos duas opções:
– Analisar toda a tabela verdade da implicação; ou
– Aplicar alguma regra de inferência ou equivalência que nos
indicasse a resposta.
• A primeira regra de inferência da tabela entregue:
“Modus Ponens” diz: “sempre que o antecedente em
uma implicação for verdadeiro, seu consequente
também deverá ser verdadeiro”.
• Portanto, A sendo verdade, resta a B apenas ser
verdade. Logo, nossa conclusão é B!
– Desta forma o argumento é válido!
Ex. 1: Validade de Argumentos
• Argumento original: • Validade?
– P1: A → B 1. A → B (hip, V)
– P2: A 2. A (hip, V)
– Q: B Foi possível chegar à 3. B (mp, 1 ,2)
mesma conclusão

O argumento é
válido!
Ex. 2: Validade de Argumentos
• Argumento: P1 ^ P2 → Q
– P1: “Se está chovendo, então há nuvens.”
– P2: “Não há nuvens.”
– Q: “Não está chovendo.”
• Proposições:
– A: Está chovendo.
– B: Há nuvens
• Dedução/validação:
– P1: A → B
– P2: ¬B Válido?
– Q: ¬A
Ex. 2: Validade de Argumentos
• Iniciamos pelas hipóteses, assumindo-as como
verdadeiras:
1. A→B (V)
2. ¬B (V)
• Agora iniciamos um processo de verificação da lógica. Geralmente
iniciamos a análise pela hipótese mais simples. A hipótese 2 nos diz que
B deve ser F. Sabendo que B é F, podemos verificar quais os possíveis
valores para A que garantam que a hipótese 1 seja V. Para isto,
consultaremos a tabela verdade da implicação:
A B A→B
V V V
F V V
V F F
F F V
Ex. 2: Validade de Argumentos
• Neste caso, tínhamos duas opções:
– Analisar toda a tabela verdade da implicação; ou
– Aplicar alguma regra de inferência ou equivalência que nos
indicasse a resposta.
• A segunda regra de inferência da tabela entregue:
“Modus Tollens” diz: “sempre que o consequente em
uma implicação for falso, seu subsequente também
deverá ser falso”.
• Portanto, B sendo falso, resta a A apenas ser falso.
Logo, nossa conclusão é ¬A!
– Desta forma o argumento é válido!
Ex. 2: Validade de Argumentos
• Argumento original: • Validade?
– P1: A → B 1. A → B (hip, V)
– P2: ¬B 2. ¬B (hip, V)
– Q: ¬A Foi possível chegar à 3. ¬A (mt, 1 ,2)
mesma conclusão

O argumento é
válido!
Ex. 3: Validade de Argumentos
• Argumento: P1 ^ P2 → Q
– P1: “Se está chovendo, então há nuvens.”
– P2: “Há nuvens.”
– Q: “Está chovendo.”
• Proposições:
– A: Está chovendo.
– B: Há nuvens
• Dedução/validação:
– P1: A → B
– P2: B Válido?
– Q: A
Ex. 3: Validade de Argumentos
• Iniciamos pelas hipóteses, assumindo-as como
verdadeiras:
1. A→B (V)
2. B (V)
• Agora iniciamos um processo de verificação da lógica. Geralmente
iniciamos a análise pela hipótese mais simples. A hipótese 2 nos diz que
B deve ser V. Sabendo que B é V, podemos verificar quais os possíveis
valores para A que garantam que a hipótese 1 seja V. Para isto,
consultaremos a tabela verdade da implicação:
A B A→B
V V V
F V V
V F F
F F V
Ex. 3: Validade de Argumentos
• Neste caso, tínhamos duas opções:
– Analisar toda a tabela verdade da implicação; ou
– Aplicar alguma regra de inferência ou equivalência que nos
indicasse a resposta.
• Não encontramos uma regra de inferência ou
substituição que possa nos resultar em um único valor
lógico aceitável para A. Na prática, A pode ser tanto V
quanto F, não há garantias lógicas para apenas um
resultado.
• Portanto, B sendo verdadeiro, A não tem um único
valor definido. Logo, nossa conclusão ¬A v A!
– Desta forma o argumento é inválido!
Ex. 3: Validade de Argumentos
• Argumento original: • Validade?
– P1: A → B 1. A → B (hip, V)
– P2: B 2. B (hip, V)
– Q: A Não foi possível chegar à 3. A v ¬A (tab. verd., 1 ,2)
mesma conclusão

O argumento é
inválido!
Ex. 4: Validade de Argumentos
• (¬A v B) ^ (B → C) → (A → C)

1. ¬A v B (hip)
2. B→C (hip)
3. A (hip da conclusão)
4. B (1, 3, silogismo disjuntivo)
5. C (2, 4, modus ponens)
Ex. 5: Validade de Argumentos
• A argumentação de um advogado:

– “Se meu cliente fosse culpado, a faca estaria na


gaveta. A faca não estava na gaveta ou Jason
Pritchard viu a faca. Se a faca não estava lá no dia
10 de outubro, segue que Jason Pritchard não viu a
faca. Além disso, se a faca estava lá no dia 10 de
outubro, então a faca estava na gaveta e o martelo
estava no celeiro. Mas todos sabemos que o
martelo não estava no celeiro. Portanto, senhoras e
senhores do Júri, meu cliente é inocente.”
Ex. 5: Validade de Argumentos

• Proposições:
A. O cliente é inocente.
B. A faca estava na gaveta.
C. Jason viu a faca.
D. A faca estava lá no dia 10 de outubro.
E. O martelo estava no celeiro.

• Equação:
(¬A -> B) ^ (¬B v C) ^ (¬D -> ¬C) ^ [D -> (B ^ E)] ^ ¬E -> A
Ex. 5: Validade de Argumentos
(¬A -> B) ^ (¬B v C) ^ (¬D -> ¬C) ^ [D -> (B ^ E)] ^ ¬E -> A
• Prova:
1. ¬A → B (hip)
2. ¬BvC (hip)
3. ¬D→¬C (hip)
4. D → (B ^ E) (hip)
5. ¬E (hip)
6. ¬E v ¬B (5, adição)
7. ¬(E ^ B) (6, De Morgan)
8. ¬(B ^ E) (7, comutatividade)
9. ¬D (4, 8, modus tollens)
10. ¬C (3, 9, modus ponens)
11. ¬B (2, 10, silogismo disjuntivo)
12. ¬¬A (1, 11, modus tollens)
13. A (12, dupla negação)
Exercícios do livro

• Parte C – Lista de questões do livro.

• GERSTING, J. L. Fundamentos Matemáticos para a Ciência da


Computação - um tratamento moderno de matemática discreta -
5 ed. Rio de Janeiro, LTC – 2013.

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