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A CASA
MAIS LUXUOSA
DE S. PAULO
A-
AKLEAVIA REVISTA DE ACTUALIDADES
EXPEDIENTE DIRECTORES
ASSIONATURAS PUBLICA-SE AS QUINTAS FEIRAS, EM SÃO PAULO SUD MENNUCCI
POB ANNO . 40$000
MAURÍCIO GOULART
P O B SEMESTRE 22$000 REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO
AMÉRICO :R. NETTO
NUMERO AVULSO . $ 0 0 0
Rua Libero Badaró, 28, 3." andar, sala 14
GERENTE CAIXA POSTAL 3 3 2 3 ILLUSTRADOR
AMÉRICO R. NETTO PHONE CENTRAL 1.0.2.4 J. G. VlLLIN
C O L L A B OR A D O R E S :
ALBA DE MELLO (SORCIERE), MARIA JOSÉ FERNANDES, AMADEU AMARAL, VICENTE ANCONA,
RICARDO DE FIGUEIREDO, RAUL BOPP, GUILHERME DE ALMEIDA, SILVEIRA BUENO, FRANCISCO
PATTI, J. RAMOS, RODRIGUES DE ABRBU, RUBENS DO AMARAL, PERCIVAL DE OLIVEIRA, MELLO
AYRES, THALES DE ANDRADE, CORRÊA JÚNIOR, BRENNO PINHEIRO, CLEOMENES CAMPOS, AF-
FONSO SCHMIDT, GALVÃO CERQUINHO, MERCADO JÚNIOR, MARIO L. CASTRO, MARCELLINO RITTER,
THEOPHILO BARBOSA, JOSÉ PAULO DA CÂMARA, LÉO VAZ, ETC.
O sombrio Eduardo
DE JACQUES DEVAL
TRADUCÇÂO DE MERCADO JÚNIOR
ROGER LASSERRE — 30 annos
JÉROME BOUDRIOT— 32 annos
EDUARDO DUBREUIL—40 annos
Paris — Casa de Roger
Ivan resolveu construir um templo. commerciante, fas o signal da crui e renta popes e de mil e seiscentos diá-
Mas um templo tâo magnífico que fi- começa a queimar-lhe os calcanhares. conos.
sesse enraivecer todos os demônios, que 0 commerciante não pôde resistir e Apenas se tinha iniciado o officio, o
fizesse celebre em todo o mundo o nome conta onde está o dinheiro. S ão cem mil arcebispo fas um signal a lván para que
de lván. rublos que estão dentro de um bota e se aproxime:
E' claro que edificar um templo não outros cem mil na outra. — De onde sáe este cheiro tão desa-
é o mesmo que construir uma cabana... Ivan ajoelha-se e exclama: gradável ? Vá dizer a essas velhinhas que
E' preciso muito dinheiro. — Louvado seja Deus! Agora, sim, estão na morada do Senhor e não em
Estava anoitecendo quando lván se poderei construir teu templo! suas casas.
escondeu no barranco, debaixo da ponte. E jogou terra sobre a fogueira. 0 fogo Foi lván dar o recado ás velhinhas c
Passou uma hora, passou outra hora... se apagou, mas o commerciante gemeu ellas sahiram do templo.
Um ruido de cascos; uma troika que uns instantes, encolheu as pernas e en- Mas o cheiro não desapparecia. O arce-
roda sobre a ponte... O viajante é um tregou a alma a Deus. bispo fez um signal aos popes e os qua-
commerciante rico. Que se poderia fazer? Era para maior renta popes começaram a mover os in-
lván solta um estridente assobio; gloria do Senhor! censados.
o cavullo se espanta; o cocheiro cae lván sepultou o commerciante e o — Mas, que é isto ? Não adianta nada!
por terra; o commerciante está tremen- cocheiro. Rezou um responso pelo des- E, então, o arcebispo fez o mesmo sig-
do, tintando de medo, encolhido dentro canso de suas almas e encaminhou-se nal aos diáconos. Então, estes moveram
da troika. para a cidade. Tinha de contratar pe- também seus mil e seiscentos incensa-
lván se desfaz do cocheiro e d rige-se dreiros, carpinteiros, pintores, decorado- rios*. Mas, debalde. O cheiro é mais in-
para o commerciante. res. . . E naqueüe mesmo logar onde es- tenso. Já não se pôde respirar. Já se
tavam sepultados o commerciante e o percebe que não cheira a velhinhas, se-
— Venha esse dinheiro! não a cadáveres.
O commerciante jura e perjura: cocheiro, alli edificou lván um templo
mais alto que o de lván Neliky — a an- E é tão forte o cheiro, que é impossível
— Que dinheiro? Não tenho! tiga egreja de Moscou, cujo campanário supportal-o. Todos encaminham-se para
— Vá, não te faças de bobo! S e 6 para attingia as nuvens. — As cruzes também a porta. Os diáconos e os popes desap-
um templo! Quero construir um templo! roçavam as nuvens; as cúpulas estavam parecem, andando de costas... Só o
Venha esse dinheiro!, pintadas de azul com estrellas; os sinos arcebispo permanece no centro da egre-
Torna a jurar e perjurar o com- tangiam muito doce... Oh! que templo! ja e, diante do arcebispo, lván. lván,
merciante : mais morto que vivo.
Espalhou lván por toda parte: O arcebispo lança-lhe um olhar pene-
— Eu mesmo o construirei! — O templo está acabado! Venham to- trante que lhe atravessa o coração, e
— Tu, tu vacs construil-o ? Bem, então dos vel-o. sáe sem dizer uma palavra.
verás.... E acudiu uma multidão immensa. E alli ficou Tván, sozinho no seu tem-
Ivan accende uma fogueira ao pé de O próprio arcebispo acudiu na sua car- plo. Todos fugiram, ninguém pode resis-
uma arvore, pendura em um galho o ruagem dourada, acompanhado de qua- tir ao cheiro dos cadáveres.
A C T I V O P A S S I V O
S. E. ou O.
São Paulo, 2 de Novembro de 1927.
( o ) A. DINO BUENO — Presidente (o) A- CAPOTO — Gerente
( a ) VICENTE DE PAULA ALMEIDA PBADO — Director-Superintendente (a) C GOULABT — Contador
AKLEAVIA
DIRCCTOftES:
SUD MENNUCCt
MAURÍCIO GOULART
AMÉRICO R. NETTO
P U B L I C A Ç Ã O S E M A N A L E M S Ã O P A U L O
ANNO I 17 DE NOVEMBRO DE 1937 N. 3
R E V I S T A S '
Ora, vão vocês deitar a sua revista!.
Ia dizer que é preciso ter coragem, nesta época, para se abalançar a semelhante
empresa. Anda o mercado das revistas tão atravancado, que já não haverá agudezas
sufficientes para ahi furar, e grangear, não digo loiros, mas os nickeis perversamente
indispensáveis para à mantença do fogo sagrado, jà da redacção, já, e principalmente,
da typographia...
Porque deve haver alguma fada ruim, que systematicamente persegue tudo
que com cara de revista apparece cà por S. Paulo.
Já fizeram vocês uma estatística das publicações illustradas que por ahi têm
surgido nestes vinte annos mais chegados, e que não lograram dar a lume senão aquel-
les dois òu três ou quatro primeiros números, após o que começam a mirrar e acabam
sumindo de vez ? Jâ trataram de investigar as razões de tão singular phenomeno ?
Provavelmente não fizeram nada disso; pretendem apenas lançar a "sua" revista,
e fazem muito bem. Todos nós contrahimos, com as primeiras letras, o sarampo re-
vistifero. Todos nós, quero dizer, todos os que na infância soffreram aquelle malefi-
cente desvio da razão, que impelle um homem, em nossa terra, âs letras. Não ha
rapazola fazedor de versos, medidos, à antiga, ou desabotôados, ã moderna, que
não tenha, em pròjecto, a sua revista.
— "Ah! quando eu fizer a minha revista!. ."
Essa "minha revista" é assim uma espécie de leicenço em estado potencial, que
lateja em todo cérebro juvenil contaminado de literatura. Mais dia, menos dia, là
suppura o freimão, vêm as dores agudas do partejamento, e afinal o carnegão, isto é,
a revista surge fora. E é um allivio, de veras. O rapaz perde uns cobres com a typogra-
phia, e uns enthusiasmos, com a publicidade, mas lava a alma, sacode a mente, e
vae fazer outra coisa, jà completamente restabelecido e lépido. Emquanto não surgir
uma vaccina preventiva da coqueluche, das brotoejas, da catapora e outras pirralhes-
cas florescencias, não surgirá também provavelmente o especifico anti-revistico.
Por isso não maldigo da sua resolução de armarem afinal vocês a sua, nem censu-
ro a cândida certeza com que repetem o obrigatório estribilho:
— Não, a nossa não é uma revista como as outras; a nossa tem que vencer...
Pois, se vocês immaginassem o contrario, a não fariam, e estariam para o resto
da vida com o virus revisteiro esparramado nas veias, com grave damno dos seus me-
tabolismos, que é como hoje se chama, em medicina, à vida.
Façam-na, portanto; façam-na toda garrida e taful, que é um excellente depu-
rativo que estão tomando. E quando cada um de vocês estiver com a sua vesicula para
sempre esvasiada, ha de ver como é bom sentir-se a gente desafogada de tão pre-
mente e dolorida superfetação.
*
E se o " Arlequim" furar e vencer, ao revez do costume ? Então, é que tudo
isto não passa de resaibos de quem lhe não vingou a sua. Muita grave doutrina
pelo mundo vae, que não tem origem mais alta...
LÉO VAZ
HAKAKA
l>E <*UHKIÍ1A
Nascendo • « •
Quinta feira. Dia 10. "Arlequim" — "E o terceiro ha dè supplantar o São trez horas da manhan. Está quasi
está na rua desde ás quatro horas da segundo..." tudo terminado. No escriptorio em que
manhan Chovia sobre a cidade uma trabalhamos ha nuvens cinzentas do
garoa fininha e implicante quando elle As grampadoras trabalham. Dois mo- fumaça. 0 chão está todo pontilhado de
sahiu, rua Vergueiro a fora, dentro de cinhos, muito mais dormindo do que cigarros. De quando em quando, um de
um caminhão muito grande. acordados, abraçam dezenas de exempla- nós esguicha os olhos para o barril de
São Paulo dormia, ainda. Apenas um res de cada vez, levando-os para as cor- chopp, vazio como a' noite.
ou outro noctivago passeava, esperando tadores, que os aparam, em seguida. Quatro horas da manhan. O vendedor
a madrugada, que tardava a chegar. — "Já foi feita a remessa para Piraci- entra pela typographia a dentro, pedindo
caba?" exemplares para fazer a distribuição.
E* o Galvão Cerquinho quem fala. Leva trez mil, contadinhos, divididos
Testa larga, grandes entradas, cachim- em maços de cincoenta.
Éramos um punhado de mocos dentro bo no canto na boca, anda devagar de Instinctivamente, sem dizer palavra,
na typographia. um lado para outro, pedindo pressa, seguimos todos atraz delle.
Olhos encovados nas olheiras, cabello muita pressa. Nfio tira os olhos do reló- "Arlequim" vae para a rua, pela pri-
em desalinho, gestos inquietos e nervosos, gio, cujos ponteiros caminham verti- meira ,vez...
Américo Netto folheava e tornava a ginosamente.
folhear uma revista, pagina atras pagina, — "Todos os números que devem se- Amanhece. Não ha mais estrellas no
detendo-se em cada uma, esmiuçando-as, guir pela Sorocabana já estão empaco- ceo. Uns quartos de hora mais, e o sol,
procurando defeitos, insatisfeito sempre. tados". como um bohemio extravagante e exótico,
— "Está esplendida, Netto", aventura E o Horacio, a physionomia sempre mostrará a sua cara vermelha nos con-
o Mercado, meio com somno, pouco aberta numa alegria bôa, incansável, fins do horizonte.
habituado a noitadas bohemias. continua a dobrar revistas e a empaco- Um pouco mais, ainda, e "Arlequim"
— "O segundo numero sahirá melhor, t a r e a sellar revistas. estará, com certeza, onde sempre elle
muito melhor". Ao seu lado, o Júlio Barreto as vae desejou ficar:— nas mãos de uma mulher
Sud sorri, o nariz grande e ponteagudo separando, conforme os trens em que bonita...
espetado no queixo: devem seguir para_o interior. MAURÍCIO
8
ARLEQÜIM
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A R L K Q l LM
O BAILE DO HARMONIA
No Trianon. Haile do Harmonia.
KaU.ado, l-».
— \ 111 <"• • — (;i linda, l.ucia R. Dos seus
cabelloB cor de oiro e i!» seu vestido
amanllo, eu poderia dizer, como "Cv-
r.-uio" á "Koxaria", que depois de olhai-
os, uma vez apenas, "Vejo, em tildo
o que vejo, aquella.s manchas loiras". .
— V. você, Lounlis (,'. 7... você de
olhos tão vivos, ile olhar tão claro, que
eu. depois de conversar com você, olhan-
do você nos olhos, quando seu olhar
me deixou, achei tudo escuro, notei
que meus olhos estavam cançados por
terem querido acompanhar os movimen-
tos dos seus. O seu olhar. . os seus
olhos. Nunca vi tanta luz dentro tan-
ta treva Yocé estava de azul, Lourdes,
e você salte que azul quer dizer paixão. . .
— E você, e v o c ê . . . Quantas mais
passaram por mim, numa graça cambian-
te, em ni limos variados, deixando, no
meu olhar, o desespero de não as poder
ver, todas, ao mesmo tempo. Cada nova
graça que vinha, fazia o meu olhar de
Arlequim esquecer a p a s s a d a . . . Depois, .4 jesta inaugural da "Sociedade Jahú"
as que já tinham passado 3 voltavam,
a loucura de sons de jaz-bánd em meu leza do rytmo, a leveza da g r a ç a . . . " do isto: x + y = casamento. E Arlequim
ouvido, o deslumbramento passageiro Arlequim precisava escrever sobre ficou triste. Uma historia tão linda,
e repetido da multiplicidade colorida e elles. Então resolveu chamal-os, a Ela terminava assim. ..
enrantadora de rostos e de vestidos... - X, & elle - Y. Vendo-o seguil-a por Passou um amigo de Arlequim.
Passou, dansando, um par. Ella, loira, toda a parte, Arlequim achou o nome bem — "Diga-me uma cousa. Quem são
de um loiro fosco, toda de branco como posto. No abecedario o Y segue sempre o X. aquelles dois?
uma noiva. X, Y . . . Álgebra... Uma equação E o amigo, na linguagem pittoresca
Na belleza de um contraste, Elle, todo algebrica, do primeiro grau, a duas in- dos salões de hoje. . .
de preto — smoking elegante 3 sóbrio. cógnitas. — "Ella é , dois mil contos,
Que ternura nos olhos e nos gestos Que representara X ? Que represen- 4 automoveiros, etc, etc.
d'Ella, que meiguice no olhar e na pos- tará Y? Elle, um que t e n t a . . . a sorte.
tura d'Elle. . . Arlequim, maníaco por mathematica Então Arlequim resolveu a equação.
Ella toda sorrizos, quasi ruborizada amorosa, esqueceu tudo para só tentar x + y = casamento, x—y = uma grande de-
para com Elle. Elle todo cuidados e resolver, mentalmente, a equação. Nun- sillusão num coraçãozinho feminino de-
galanteies para com Ella. ca se lhe deparara problema assim dif- 18 annos. y—x = "era uma vez, um ca-
Colombina e Pierrot. . . ficil. samento rico para um moço pobre.
Que inveja para Arlequim ! S im, Meia n o i t e . . . M e i a hora. . U m a . . . x = amor, y = interesse.
tis vezes acontece a Arlequim invejar fina e meia. . .Uma e trez quartos. . . E Arlequim que tivera inveja delles 1
Pierrot. Com uma tal Colombina. . S alada. E Arlequim que não fizera a criticai
. . . " e m seu corpo p• rpassa, na bel- Até então, Arlequim so tinha acha- da festa !
ARLEQUIM
N é vo a
Vejo-te, em sonho, coração
exangue
tu, que jorravas sangue
ardente, como as lavas de um v u l c ã o . . .
Rio, 1927
A' -<íih:d.; d:i ":.-fyi de .<•',:.: Cecília Mario L. de Castro
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ARLEQUIM
CHÁ BENEFICENTE — Em beneficio da Ha, alli, u m i porção de moças d i nossa sambas e tanguinhos cada um miis
egreja da Immaculada Conceição e mais fina sociedade. EStão vastidas ds provocante do que o outro.
•escola annexa para creanças pobres. azul, com aventaesinhos branco3. S ão A senhorita Mondi Pereira foi, com
Linda iniciativa, principalmente quando todas bonitas, muito Bonitas. A gente certeza, o "ai Jesus!" da festa. Bibelot
á sua frente está um punhado de moças entra, e ellas vêm servir a gente. Per- encantado, tem na cabeça um sol des-
elegantes e bonitas. Sim, porque é guntam o que se deseja tomar. E trazem feito em fios de cabellos loiros, Olhinhos
muito mais agradável a gjnte lazer ca- sorvetes e doces e licores, e os sorvetes pequeninos e rasgados, ellas sabe melhor
rid.de ouvindo uma vozinha linda e e os doces e os licores ficam muito mais do que ninguém tornal-os expressivos,
sentindo dois olhos grmdes e molhados, gostosos servidos por ellas. quando canta. Quando o seu compa-
que nos pedem uma migalhasinha para Ha musica, também. .Violão, cavaqui- nheiro de "duo" pedia: "Volta, eu te
creanças opbres, do que dar nas próprias nho, guitarra, sanfona,: piano. quero, a i n d a . . , ' ella os fechava muito
mãos da miséria, que são feias e são Yvonne Daumerie va;e lá quasi todas e elles ficavam mais pequeninos, ainda. .
tristes. as noites. E, ouvindo ais toadas bonitas
Peccado ? S teccheti o peccou ha muito que ella canta, a gente, sente uma von-
tempo, e muita gente o commette cada tade louca de nunca majs sahir de lá. Lindas as noites no palacete da Con-
dia. E depois, é um peccado gostoso. Que Domingo, o programma esteve mara- solação.
o digam todas as pessoas finas de São vilhoso. PrincipalmentÇ, no salão de E' preciso mesmo que essas festas de
Paulo e que já foram ao chá beneficente, baixo, onde um grupo de rapazes e se- elegância se repitam em S ão Paulo,
que se realiza diariamente no elegante nhoritas, vestidos como; os nossos caipi- cada vez mais freqüentes. Por causa dos
palacete da rua Consolação, esquina da ras, empunhando cavaquinhos e violões, pobres, que precisam de pão. Por nossa
rua S ão Luiz. tocou durante horas a fio uma serie de causa, que precisamos de espirito.
As senhorüos q e
servem o cri b> tuji -ene
da Consol ção.
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ARLKQriM
Xu praia de Copa-
cabana, no fito.
Que pena o mar não
iliegcr ale S. Paulo!
HISTORIA DA CAROCHINHA
de JÚLIO TINTON
Ella contava:
"O gigante Mãoforte"
"A bruxa que morro i afogada na taça'
"A coroa de ferro de Balão-Balim"
Depois
Sempre aquelle mesmo fim
que já não tinha graça:
" E os dois Veste bello modelo de "toüette" a riqueza
foram felizes até a morte." do material — vellúdo — dispensa rpialquer
— Ah. vovózinha, assim fico de mal.
excesso de atamos. /£" a simplicidade requin-
Você mo arranja um fim que é sempre igual
tada ao extremo.
-— Deus me perdoe, vovó.
pelo netinho mau que eu era.
Quem me dera P U N H A E S — De Franz Toussant — O que rebrílha
Ter hoje o mesmo fim na minha historia. sob q sol glorioso das batalhas.
O que traz o assassino impregnado de sangue.
(Do bvro a sahir "Arco-íris' E o teu olhar !
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ARLEQUIM
O GALLO
Conto do escriptor russo Zamiatin
Trad de E. Barreto
Trianon, em beneficio da
Maternidade.
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ARLEQFIM
-Vo chá da
Mappin essas
patrícias se
absorvem em
longas com-
témplações, es-
quecendo o chá
que ê o pre-
texto universal
para as elegân-
cias vesperti-
nas.
— 14 —
ARLEQÜIM
cr i m e
Eu matei...
Era a criatura mais bella do mundo.
Eu matei friamente, conscientemente
— pouco a pouco e devagar.
Foi nos olhos que primeiro lhe apaguei
os jorros luminosos,
por onde a alma sahia e me chamava. L-ftrSlí
Américo R. Netto
15
ARLEQUIM
da estante em cujo cimo imperava minha rica boneca
de cabellos de fogo e olhar profundo.
Nunca a innocente poderia imaginar que sob seus
V pés se desenrolassem seenas de tal sabor amoroso, nunca,
porque minha boneca era intellectual, excellente biblio-
thecaria e muito ciosa da collecção que eu lhe confiara.
T
e políticos, sempre voltados para aeu próprio Eu (egoístas
namorados!) Colombina e Pierrot jamais se constrangeram
de "perturbar o silencio da que vivia s ó . . . "
Mas o vento entrou irreverente, violento, rodopiando,
16
ARLEQÜI^
Palavras que
ella esqueceu
DE C I Ú M E
Sonhei, a noite passada, que me havias trahido : o dia de hoje, todo o presente, sem passado nem futuro.
surprehendi-te a escrever outro nome de mulher, num Estes dois abysmos me atemorisam. Sobretudo o
enyeloppe verde, que trescalava fortemente a Coty. primeiro, apezar de estar distante, ou por isto mesmo.
Quando acordei, jà tarde, encontrei á minha cabe- Só o que está distante é que me mette medo: o passado,
ceira a tua carta, dentro de um enveloppe egual, da mes- a altura das montanhas, o ceu. O presente é quê é a fe-
ma cor e com o mesmo perfume, que é o teu perfume licidade verdadeira. 0 futuro é o instante que o segue.
predilecto. Que importa, depois que te conheço ?
Será que pensas noutra mulher quando me escreves ? O doloroso para mim é o que ficou atraz da minha
sombra, outras sombras que estão talvez dormindo nos
Os poetas. .Onde foste descobrir aquelles cabel- teus olhos, outros beijos, que ainda phosphoreiam, tal-
los loiros, que não possuo? A tua arte é diabólica. Dir- vez, na tua saudade.
se-ia que ha água oxigenada nos teus versos.. .Os meus
cabellos negros não poderiam suggerir-te aquella ima- Toda a mulher quando beija, pela primeira vez,
gem, que naturalmente creaste sem pensar em mim. o seu amado, faz instinctivãmente esta triste pergunta:
Si eu tivesse os cabellos loiros... ainda podias enganar- — Qual o meu numero?
me. Não é a minha, mas a tua cabeça, que está mudada. O numero de uma bocca é o numero dos beijos que
foram dados até chegar a nossa vez. O beijo numero 1
Ha dias em que soffro terrivelmente o teu passado. nunca pertence á mulher que ama.
Comprehendes... Tinha vontade de ser de alguém que
não tivesse um passado, de alguém que fosse apenas CORRÊA JÚNIOR
N S A C I A V E L
Como hei de responder á tua carta? Ora, o que Não penses que., mais uma vez, deixasse eu de ser
me estava reservado! que é isso ? Versos; tantos versos! sacudida por forte abalo ao abrir a tua carta. Culpa
Desconfio sempre da sinceridade de cartas muito literá- tua, culpa dos teus bilhetes, dos gritos vibrantes de re-
rias. Quem diz com palavras dos outros, parece que sente volta de quem sente que a vida falhou.
por conta alheia. Em todo o caso escolhestes bem as Falhou ? Será que nos tempos que correm a vida
com que começas; falhe por questões de amor? Será que a vida falhe
Lua, eu sou a paixão, eu sou a vida.. .Eu te amo! porque se não possua a quem se ama? Será que ainda
— Paira longe no ceu„ desdenhosa rainha.. haja amor absorvente, paixão, loucura do grau da que
Que importa? 0 tempo é vasto e tu, bem-que eu reclamo, pintas ?
Um dia serás minhal". E's um grande sentimental, não pareces deste tem-
po de aeroplanos, automóveis e feministas. Palavra
Bom seria parar aqui. Melhor é que eu me dei- que também não sei a qual pertences.
xasse ficar nas primícias da tua carta, que, hoje, são Donde vieste ? Donde vieste com tanta cousa nova ?
optimas.
Que boa surpresa! Até que me mandavas uma nota Nova? Estou eu também a delirar. Mal que
animadora! Até que te libertavas da analyse, que só pega. Já o Machado de Assis dizia que o nosso erro
exacerba mais e mais a crua desesperança do teu deses- é crer que inventamos, quando continuamos ou simples-
perado amor. mente copiamos.
Desesperança... Desesperado.. Quanta cousa Eu também sei, de ouvir e ler, que o amor é a mais
trágica! Se de outro m'as contassem, eu não lhes daria velha das invenções com roupagens ao gosto moderno.
o mínimo credito. O caso, porém, é comtigo, meu gran- Isso quer dizer que o eterno Cupido renasce em cada
de doido. E's tão pessimista Assim nunca serás feliz. mortal, e cresce e vive e sente atravez dos temperamentos,
A regra da felicidade é — nem muito ao mar, nem muito conforme a moda. A's vezes traz felicidade; também
á terra. algumas vezes estragos!...
17
ARLEQÜIM
Mas eu fiquei animada com a tua pequenina es- cepção, porque, dizes: "é da contingência humana que
perança. Tu me amas e eu te amo. Amamo-no'. Não as duas cousas não andem juntas, senão excepcional-
pensemos noutra coisa. mente". E conclues: "Serás tu a excepção, meu amor?"
Já que estás mais calmo, apega-te à doce esperança. Misericórdia! Parece-me que te comprazes em so-
Esposa-a, amplia-a, modifica-a, para melhor, sempre brepor torturas a torturas. Pois jà não basta o prazer
para melhor. Aperfeiçoa-a quanto puderes, e deixa-te satânico de commentar o desvario desta paixão?
de perfeições absolutamente perfeitas. Teu mal é não Sim, eu sou a excepção. Estás contente ? Tu bem
te contentares com o que pode ser. Só queres a vida sabes como é a minha a nossa paixão.
a teu molde, e não dás com a necessidade de te fazeres Ouve: o nosso amor deve ser um motivo de alegria, o
ao geito delia. Ah! o teu radicalismo... incentivo da gloria, o apoio das nossas nobres ambições.
Erro ? Acerto ? Apiado-me do teu 6offrimento, que também é meu,
Vês? Já 6 a duvida. Já começo a soletrar a tua muito meu. Anseio pela tua calma, anseio pela tua
cartilha. Queira Deus que desse contagio espiritual felicidade. E só terei calma se a tiveres, só serei feliz
o meu desanimo não seja maior que o teu e me não adve- se o fores.
nham peiores conseqüências, o que é assás natural, Reage, meu pobre tonto!
porque sou mulher. Onde o grande sceptico que ria do amor alheio?
Querido, abandona esse anseio pelo excesso de perfei- Ama e crê no meu grande amor. Ama. O amor
ção. Vive a vida naturalmente. Recalca os grandes é vida, é luz, é ventura. Ama com simplicidade. Obe-
vôos da imaginação, recalca a idéa fixa do absolutamente, dece aos mandamentos do amor. Esquece o mais.
do soberanamente bello. Essa exageração é doentia. O Não irrites o espirito nem anseies pela absoluta perfei-
bello como o queres, é delírio. Pára! Pára, pelo amor ção, porque ella é impossível. Segue os impulsos do teu
de Deus. Deixa a mania do apuro exacerbado da bel- coração, que serás forte.
leza, mania que me apavora, que me dá arrepios de fe- Disse Diderot: "il existait un homme naturel;
bre e, por vezes, a sensação de que ensandeci. Vive on a introduit, dedans de cet homme, un homme arti-
para o momento presente. Vive a pensar que "o tem- ficiei et il s'est élévé dans Ia caverne une guerre civile
po é vasto", e que um dia serei tua! Isso sim. qui dure toute Ia vie. TantÓt 1'homme naturel est le
Isso sim. Fecha os olhos. Esquece as torturas, e sonha plus fort, tantôt il est terrassé par 1'homme moral
um sonho bom. e artificiei et, dans Pun et Pautre cas, le triste monstro
As primicias da tua carta deram-me certa alegria, est tiraillé, tenaillé, tourmenté, étendu sur Ia roue,
transmittiram-me confiança na tua cura, prometteram- sans cesse gémissant, sans cesse malheureux".
me treguas. Mas, ai de mim! continuei a leitura e Até eu que não sou de citações, não lhes sei fugir
lá te encontrei ás voltas com o amargor latente, de todo. Mas é que Diderot veio ao pintar. Elle foi
insidioso, insistente. Ainda versos. Transcreves Bouf- um grande espirito, o mais bello, o mais fino espirito do
fleis: seu tempo. Diz-se que o mais delicado prazer dessa
época era ouvil-o conversar. E que são estas cartas
"Ah! si je vous suis cher, soyez plus inhumaine, senão conversas intimas, conversas de coração a coração,
Laissez d mon amour le charme des desirs; da tua alma á minha e da minha à tua ? Nada, portanto,
Pour le jaire durer, jaites durer sa peine! mais a propósito do que nos lembrar-mos do mais ado-
Je ne vous reponde pas qu'il survive aux plaisirs". rável dos conversadores. Medita-lhe as palavras que
Arranjas, porém, um terceiro motivo de soffrimento: te hão de ser proveitosas.
o primeiro poeta joga com a intensidade da paixão, Hoje fico-me por aqui.
o segundo com a duração, e tu, o terceiro, pensas na ex- ALBA DE MELLO
fim de amor...
Nosso amor, meu amor, é preciso acabar. Venho pretos sentiram pela primeira vez os teus, verdes e lin-
dizer-te adeus, um adeus cheio de ternura, de arrepen- dos, peccadoramente lindos, para jamais esquecel-os.
dimento e de saudade. Mas eu detesto, odeio, sou indifferente á belleza
Perdoa-me e crê que te amo, ainda, perdidaménte, desta noite. Eu tão triste, tão feia, e ella tão bonita!
vehementemente, apaixonadamente! Fica com essa Estou chorando, vês ? E' de alegria... O nosso amor
certeza, e não procures saber a causa porque te abandono. vae terminar como amor nenhum terminou até hoje:
Pensei muito, muitíssimo, antes de tomar esta reso- sem tédio, sem* nojo!
lução. Que coragem me foi preciso para abdicar de um
orgulho, de uma felicidade, talvez! Mas é melhor que Elle tentou, ainda, impedir que Maria LUa partisse.
eu parta. Commovido, esticou as mãos tremulas para a frente, num
Lembra-te de que, ás vezes, estando comtigo, tor- gesto inútil, e tartamudeou uma supplica, que jà não
no-me triste, de repente, neurasthenica, a ponto de chorar foi ouvida.
e de fugir de ti ? Nunca pensaste na razão desse procedi- O ceu continuava a carregar uma porção de estrel-
mento? na minha teimosia em querer que fales a cada las...
momento na eternidade do nosso amor? Um vento assoprava brandamente, e as folhas ver-
Pois a explicação do mysterio está encerrada nestas des batiam palmas, no ar.
simples palavras: eu te adoro! Por isso, tive sempre o re- Na rua, um bohemio — bohemio ou moleque ?
ceio de que um dia me desprexasses. Hoje, esse receio — passou cantando:
transformou-se em certeza cruel, em forte convicção de " .. no te quiero más,
que mais tarde, não longe, me abandonará?. ni te puedo ver.. "
Vês ? E' noite. Cheia de estreitas e cheia -e luar como
aquella em que nos conhecemos, em que os meus olhos Luiz Caio
18
ARLEQUIM
ELE«AN<IAf
Marilu' é uma das 7nais antigas conhecidas de "Arlequim"
Vio-o nascer, pouco a pouco, pagina atraz pagina. Animou-o, sem-
A' excepção dos homens, ninguém se lem-
brou de crear nada de novo sob o sol. E
pre. Na quinta-feira passada, quando o teve entre as suas mãos,
sorriu contente e disse : "Que lindo !" depois da mulher, que elle creou sem querer,
Depois, "Arlequim" precisou delia. Bateu-lhe á porta e pediu.
"Arlequim" só pede ás mulheres bonitas. E Marilu' é muito bonita. todos os seus inventos foram ngenuos e tristes:
Ella disse que sim. E agora, todas as semanas, Marilu', que deuses, preconceitos, trabalhos, até mesmo o
é uma das maiores elegantes de São Paulo, escreverá duas paginas
sobre modas, attendendo, ainda, ás consultas que lhe forem dirigi- que não passaria pela cabeça do mais cruel
das nesse sentido. dos demiurgos: o amor.
Marilu' sabe uma porção de coisas interessantes. E é por isso
que eu vou ficar quieto. EUa precisa, para dizer o que sabe, de As mulheres, que tinham inveja dos ho-
duas paginas inteirinhas, sem uma linha de menos. E as terá, sem- mens que crearam os deuses á sua imagem e
pre. Não fosse ella tão bonita e tão intélligente!... — M.
semelhança, crearam, também, qualquer cousa
terrivel á sua imagem e semelhança: e foi,
Nos valles e montanhas, longe dos homens, então, que a moda appareceu no mundo.
andam florindo rosas eguaes ás que floriam na E, agora, á imagem das mulheres que a
infância da terra, eguaes, com certeza, ás que crearam — inconstante e incontentada, com-
florirão no ultimo dia do mundo. pondo pelo prazer de destruir, depois — a moda
A claraboia concava do céo não se que- queimou os seus Ídolos de hontem, substituin-
brou ainda, e o sol é o mesmo sol que deu do-os por outros que não escaparão, também,
bom-dia a Adão, numa alameda do Paraiso, ao destino que espera, irônico, todos os iclolos
muito antes do pae dos homens receber de um femininos.
deus irônico aquelle famoso e irremediável pre- Vejamos, em resumo, o que dizem os gran-
sente da costella. des costureiros sobre os novos modelos.
Diz WORTH....
Com as saias mais compridas, a cintura
quasi retoma o seu verdadeiro logar, transfor-
mando, as^im, a silhueta a que os nossos olhos
se haviam habituado.
Nos tecidos, aconselha Worth, deve domi-
nar o velludo "souple" com pequenos desenhos,
e os tecidos rebordados com fios de ouro.
19
ARLEQUIM
Diz (HERUIT
Diz DOUCET ..
t * \
* Jj
ARLEQUIM
Ha nomes que mostram almas. Por nas veias, por temperamento e por feliz ou no antigo, em deliciosas "toilettes"
exemplo, ninguém acreditaria que Na- herança de uma dynastia artística, a de Paris ou nas roupagens severas dos
poleão Bonaparte pudesse ser o nome de graça e o ardor da velha Hespanha, a grandes dramas históricos, rindo, sor-
um caixeiro de lojas de modas, com') subtileza delicada da França aristocrá- rindo ou chorando, consegue sempre
não ha possibilidade physica ou chimi tica, o lyrismo medieval da Pátria das empolgar as platéas que embevecidas
ca de haver um heroe chamado Narciso Valkirias, o sangue impetuoso das ter- a escutam e que com ella vibram de ale-
Suspiro. ras da Mourama e a ternura ingênua e gria, de horror ou de tristeza, na mesma
Ha nomes que impõem um destino. emocionante da gente portugueza. empolgante emoção com que a eminente
Júlio Cezar, Nuno Alvares, Victor Hu- E' por isso — pondo de parte o gran- urtista sabe encarar as personagens.,
go, Olavo Bilac, Miguel Ângelo, Guerra de talento que é apanágio da sua illus- com ella soffrendo, rindo e amando como
Junqueira, e quantos outros dizem tan- tre família onde colhemos ao acaso os se um milagre divino da arte lhe permi-
to, por si sós, como as mais esmiuçadas nomes prestigiosos do grande pianista tisse não uma interpretação, mas uma
biographias. Rey Colaço, seu pae, do famoso Jorge substituição de almas.
Colaço, que revive nos mais lindos azu- S. Paulo tem sabido receber a grande
Assim e, também, com Amélia Rey lejos a Historia gloriossa de Portugal, artista portugueza com as honras que lhe
Colaço, a insigne actriz portugueza, que da enternecedora poetiza Branca de eram devidas. E a Artista S enhora, que
nos veiu mostrar a expressão mais mo- Gonta Colaço, do joven e pujante os- tem sabido manter bem alto, na vida
derna e mais interessante do theatro do criptor Thomaz Colaço — 6 por isso do palco, aquella linha de distineção que
hoje em Portugal. talvez, que a insinuante artista, agora nós tanto apreciamos no palco da vida,
Amélia Rey Colaço ! Um lindo e per- em arroubos de meiguice em qualquer já declarou que deixa em S. Paulo uma
feito verso de seis syllabas, seis syllabas comedia gentil de de Flers ou de Gerbidon, boa parte do seu coração, desse amantis-
sonoras, cantantes, risonhas, deliciosas logo nas imprecações tempestuosas de simo coração que lhe permitiu, na scena
de musica, inebriantes de perfume, uma tragédia esmagadora, a seguir na real do mundo, a interpretação do papel
como a mocidade em, flor dessa artis- simples interpretação de uma alma mais sublime para uma mulher: o de
ta encantadora que têm a correr-lhe mística o mansa, no theatro moderno Mãe.
— 21 —
ARLEQUIM
22
ARLEQUIM
Na exposição de Cajé
Um grupo de gentis
estudantes
Outro aspecto da
nossa linda estu-
dantina
— 23
Cine Republica
D I A 2 1
LA BOHÈME
A mais bella e mais humana synthese da vida
Lílían Gísh
John Gilbert
Renée Adorée
Roy DArcy
Karl Dane
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ARLEQUIM
A BEMAVENTURADA
A primeira arbitrariedade que o mundo commetteu ella e depois levantou, em silencio, o braoinho cor de
para cora D. Plácida foi a de leval-a á pia baptismal, rosa, com a mão fechada, numa figa ao mundo.
sem commcntarios nem consultas c ahi apresental-a, No decorrer do tempo, desde que se lhe acoenderam
por intermédio de outrem, julgando-a indigna de se no espirito as luzes do entendimento, D. Plácida se
apresentar por si mesma. Como, porém, a intenção do consolidou nas suas opiniões de brandura e de temor.
mundo era apagar-lhe a nodoa do peccado orignal, D. Supprimiu do seu vocabulário a palavra "não* e ali-
Plaeida nfio oppoz nenhuma resistência e, concordando, sou todas as rugas de sua alma. De creança dócil passou
fechou os olhos. Isto tanto poderia ter sido a conseqüên- à moça submissa e desistiu, em proveito dos outros,
cia do somno indifferente dos neophytos que não sabem do quinhão de vontade que lhe tocou na vida. A na-
de si, como o prenuncio da sua placidez futura, ou da tureza benigna, para lhe garantir a boa* fortuna, lhe
resolução que tomou de acceitar, em silencio, as outras deu a passividade de que nascem as grandes virtudes
arbitrariedades que viriam mais tarde. do silencio e da tolerância.
Disseram que um acto de despotismo jamais poderá
ser acompanhado de branduras e meiguices sinceras , e
assim deve ser porque, quando o padre perguntou pelo
nome da creança, o padrinho respondeu : — Barbara!.
No entanto, D. Plácida era quasi um cherubim, se não D. Plácida achou justificativa para todos os cri*
pela belleza própria, ao menos pela frescura da sua pri- mes ; perdoou aos maus ; explicou as coleras e, como a
meira infância. Era-o no rosado da pelle macia como creança da estampa, sahiu pela existência, a passear
uma pétala, nos olhinhos azues e limpos e nos fiapos pela beira dos abysmos, pisando pedras movediças,
de oiro do seu coquinho pellado. Quando aquelle ignorando perigos — confiada na paz do seu espirito e
nome desabou como uma taipa sobre o cherubim, D. na doçura do seu coração...
Plácida estava mergulhada no ditoso somno que lhe Não viu D. Plácida nenhum phantasma no repouso
dava a vida e lhe gerava uns sonhos subtis de leite e das suas noites e nenhum espinho no caule dos suas
seios turgidos, uns seios que lhe roçavam pelos lábios e flores. Qualquer contracção de bocea — ainda que
lhe contrahiam o cantinho da bocea, num sorriso fu- fosse a da dor — lhe parecia um sorriso. Não conheceu
gaz e somnolento. Quando esse nome cahiu sobre a terror e nem espantos, pois tudo lhe transcorria, impellido
creança rosada, foi como se o gigante papa-leguas met- pela mesma força, vivendo do mesmo enoanto, amparado
tesse o pé no sapatinho da Borralheira, ou a boquinha pelo mesmo amor.. Tudo lhe resplandecia á luz da fé
de D. Plácida se abrisse para roncar como o trovão ! que alumia o mundo e o intimo das almas. Conhecia
Que motivo ponderável teve a egreja antiga para todos os temores, praticava todas as virtudes e quan-
conferir o sacramento do baptismo somente na edade do, com resignação invejável, sentiu passar-lhe a vida,
avançada, e até mesmo em artigo de morte? Talvez recebeu o seu verdadeiro baptismo — perdeu o pesa-
por julgar no seu reservado entendimento que, sendo o do nome que lhe deram, na pia, e ganhou o de D. Pláci-
nome o termo com que se designa uma pessoa, só deve da, que lhe dei...
ser applicado no tempo próprio, depois de ser ella bem Quando D. Plácida consentiu em casamento, pro-
conhecida em todos as suas virtudes e predicados.. metteu a si mesma, na sua singeleza, ouvir dez missas
Mas D. Plácida não protestou contra o nome esmagador para pedir a Deus, em todos ellas que não a desam-
que lhe puzeram porque nasceu convencida de que se parasse ; por isso, ao terminar as suas orações, D. Plá-
deve obediência ao mundo. Por essa mesma razão per- cida rogava invariavelmente, no fervor da sua fé :
maneceu em silencio quando lhe propuzeram todas as — Senhor meu Deus, se não for para minha feli-
questões sobre as verdades da fé ; quando recitou o cidade, dai-me antes uma boa hora de morte !..
Symbolo dos Apóstolos e renunciou ao diabo ! Ora, de manhã, emquanto dizem missa na terra,
Ao receber a água purificadora' da culpa de seus Deus fica tão apoquentado com os peditorios que so-
pães, deixou, com toda a docilidade, que lhe voltassem a bem ao Céo a ponto de, muitas vezes, perder a paciên-
cabeça para o oriente — symbolo da luz — e os pés cia e não attender a ninguém ! Mas a alma da mulher
para o José Dyonisio, sacristão — imagem dos te- confiante ignorava os enfados do altíssimo e, por isso,
nebros. A sua quieta submissão e o sonho feito sorriso, repetiu durante nove dias consecutivos a singela sup-
a bulir com a sua bocea, produziram penosa impressão plica. No dia em que devia assistir ao ultimo offi-
nos circumstantes que almejavam o choro que é o sig- cio da sua promessa, choveu torrencialmente, com tro-
nal da vida ! vões, ventos e enxurradas. Todas as casas se fecha-
D. Plácida calou-se ao segurar a vela que devia ram ; não havia viva alma nas ruas, não obstante, D.
esclarecer a sua razão ; calou-se quando o padre asso- Plácida, escrava de seus deveres, affrontou o aguacei-
prou, por três vezes, o demônio do seu rosto, como se ro e foi ã sua missa ! Chegou toda molhadinha â egreja
fosse um argueiro ; mesmo quando lhe foi prenunciado vasia ; não viu o padre, não viu o sacristão e, se não
que teria de carregar uma cruz por toda a vida e de lhe fosse um cabrito encolhido e encharcado, á porta da
terem escancarado a boquinha e ahi mettido o azinha- egreja — não encontraria creatura por alli! D. Plá-
vrado sal da sapiência. . até mesmo quando lhe cha- cida vagueou pelos altares, depois quedou ã espera,
maram : '"Epheta !" D. Plácida se conservou surda e emquanto passavam as horas e não passava a chuva.
muda, como convém a uma creança obediente que se Temendo não cumprir integralmente a sua promessa,
baptisa. Para não desmentir, porem, á sua condição pois era aquelle o seu ultimo dia de solteira, ajoelhou-se
humana, concedeu um espreguiçamento, e estirando as solitária e humilde ao altar e murmurou, como sempre,
perninhas e estirando os braços, abriu o? olhinhos vi- as suas monótonas orações; ao terminar, repetiu o
vos, fixou-os na vela symbolica que seguravam por peditorio, acerescentando :
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ARLEQÜIM
— Attende, Senhor meu Deus, á vossa creatura carinhos com o seu perfume de fructa. .Fechava-as
que não vos pedirá mais nada! D. Plácida, no bahuzinho dos lenços aonde ellas espar-
Quando D. Plácida se levantou e se viu sosinha giam o balsamo das suas virtudes, afugentando delles
no centro da nave immensa e magestosa, teve uma gran- as lagrimas e os conservando sempre lisos, sem os amar-
de esperança porque lhe pareceu que Deus ia ouvil-a, rotamentos dos soluços e alheios ás agitações das des-
visto como só havia ella a pedir naquelle instante. Exul- pedidas. .. A malva para D. Plácida, era irmã da sua
tou então como um pretendente* na antecamara deserta alma — simples como a sua virtude, doce e incompa-
dum ministro; aproveitou no que poude, a falta de ravel como o seu amor! Amava-a muito de pouquinho
concurrencia, para teimar com Deus. E Deus ommi- em pouquinho, de folha em folha, de suspiro em sus-
vidente, bem reparou na teimosinha, na chuva que ca- piro, mas a trazia sempre encarcerada no seu potezinho
hia, no padre, no sacristão e na parochia que se deixa- â janella, espiando à furto a luz immensa que andava
ram ficar em casa e não lhe veio tomar a benção!... além, na immensidão dos céos calados!
Achou D. Plácida um pouco pidonha, é certo mas Um dia, sentindo D. Plácida crescer no seu cora-
interessante e tomou nota. Mas tarde, quando lhe ção o amor á doce planta e esquecendo as boas virtudes,
trouxeram, para os despachos, o "Livro das Supplicas", deixou-se arrebatar pela ambição humana. A sua má
na de D. Plácida, exarou, excepcionalmente:— "Como origem, que a água santa não lavara de todo, levou-a,
pede".. Considerando melhor, Deus viu depois que ti- na vertigem dos sonhos loucos, a descer ao jardim,
nha sido precipitado, concedendo um bem que não cavar a terra numa grande extensão, amanhal-a cuida-
costumava conceder com freqüência; Mas era tarde, e dosamente é plantal-a toda de malvas! A ambição
como despacho de Deus não se reforma — D. Plácida creou tão depressa raízes no coração de D. Plácida,
.apanhou, mui caladinha e por falta de concurrentes como as malvas na terra ávida e, dentro em pouco —
num dia de audiência — aquelia ventura que poucos perdida a modéstia, perdido o silencio e com as virtudes
desfructam ! todas intimidadas—D. Plácida mostrava, vaidosa, a meio
mundo, o seu malval enorme, verde e cheiroso. E o seu
O amor, quando é tranquillo dura sempre; enche prazer era agital-o todo, com uma varinha tênue. Fusti-
o seu objecto, transborda e se alastra por tudo quanto gava-lhe as folhas com a superioridade do dominio e se
o cerca. O coração inexhaurivel produz sempre o mes- aprumava impertigada para receber em cheio, no seu
mo amor que toca em todos os seres e em todos as cou- corpo esquecido do recato, o sopro perfumado que vinha
sas e, de parcella em parcella, disperso pelo mundo, da terra; que vinha das malvas, incensar a sua soberba;
se junta finalmente aos pés de Deus, de onde volta ao mas não lhe arrancava o doce suspiro nascido da folha
homem em forma de perdão... D. Plácida, além dos mutilada e solitária, aspirada em recolhimento e acon-
seus e além do próximo, amou tudo quanto viu e tudo chegada ao seio ! Todavia, a maldade do mundo, o
quanto vive. Cultivou a terra, protegeu os bichos, mas ephemero da gloria, a mentira da vaidade, se occul-
teve insomias pelas formigas que lhe comiam as flores. tavam na vida deslumbrante da mesma primavera que
Muitas noites sahiu ao pateo, de vela accesa, a ver dá alento as malvas cândidas e cria as lagartas gulosas
se estava bem fechada a porta do lenheiro, onde dor- de verduras tenras !... D. Plácida viu, numa manhã
mia a gallinha de pintos; e voltava ã casa,socegada e da vida, na mais ampla manifestação das existências,
contente se tinha ouvido, no silencio do rancho escuro o seu canteiro nú, as suas malvas devoradas todas e,
por debaixo do montão negro de lenha, o sonno dos no seio da terra, as raízes desapontadas pela sua
pintos num piriri continuo e somnolento ! inutilidade ! . . . E as lagartas vorazes — coleantes,
E as flores então ? Nasciam verdes e sadias sob verdes e repletas — tinham desapparecido ! Levaram
o carinho de seus dedos ! A boa terra se abria, fofa e comsigo o manto daquella terra, a gloria daquella mu-
humida, para lhe guardar a esperança; e a luz, cahindo lher, para um cantozinho ignorado onde foram se trans-
como uma benção, sobre a sagrada familia da terra, .formar em cores, crear azas e levar assim transfiguradas,
água e semente, resplandecia e se transformava em assim esvoaçantes — borboletas verdes — as malvas de
aroma e cor — o encanto do olhar humano e o en- D. Plácida, a ver a luz e as grandes auras!
levo da alma santa de D. Plácida... Amou, suavemen- Como contraste ou como castigo, a um canto do
te, a liberdade de cada um no direito dá vida — reti- canteiro, ficou um pé de malva, unicõ sobrevivente áquella
rando a pedra que embarga a raiz mas amontoando- hecatombel D. Plácida abaixou-se, examinou-o, veri-
a para a existência dos musgos. Se algum vivente pren- ficando se elle estava, de facto, plantado ainda é, em-
deu no mundo, foi a malva e foi o cravo; prendeu-os quanto esteve alli, soffrendo, alheia ás philosophias,
no pote exíguo para trazel-os & janella; queria-os na muito acabrunhada, na sua decepção, a terra lhe disse
intimidade de seu lar e.como não tinha animo de arran- baixinho: "D. Plácida, leve para o pote a planta que
cal-os ao seu canteiro, encarcerou-os mas lhes deu escapou ã devastação e não se esqueça nunca que malva
trato de mãe... Uma única vez. teve um pássaro, pre- é uma felicidade que não dá muita duma vez, assim como
so e essa, sabe-o D. Plácida quanto lhe custou de a felicidade é malva que só cabe num potinhol..." D.
sobresaltos e remorsos, e quanto lhe bateu o coração, Plácida, sorrindo, transportou a malva sobreviva para
no dia em que, ao levantar-se, viu o canarinho doente o seu peitoril; fez depois as suas penitencias, pedindo
para morrer! O pobrezinho, encorajado no poleiro, perdão a Deus do seu tremendo peccado... Esqueceu
com a cabeça mergulhada nas pennas arripiadas — as penas que teve com as malvas que perdeu, mas no
redondinho como se fosse uma gemma — custou lhe fim do seu breviario, cheio de orações encommendadas,
um par de lagrimas doridas. onde jamais o seu olhar poisara, ficou para sempre,
As folhas da malva foram as predilectas do seu muito bem guardada, muito lisa e livida, a maneira de
coração; amava-as e tinha com ellas colloquios íntimos uma folha, clamando a quem a desvendasse, a palavra
de amores sentimentaes... Aspirava-os com força, "Saudade", escripta por entre as suas nervuras hirtas..
num suspiro melancólico e as guardava no seio, onde
ella» ficavam em doce conchego, retribuindo-lhe os (Concfúe na pg. 31)
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ARLEQÜIM
A UMA *E
Jack London
Traduzido do inglez por Américo R. Netto
Nunca se viu embarque como este, co, chapéu de palha na mão. E que só excitando-se, calando-se ás vezes, mas
no cães de Honolulu. Das chaminés tem olhos para envolvel-a, absorvendo-a. não deixando do fital-a. E que olhos
do barco de alto bordo rola um fumo Olhasse o senador para ella, porém, e tão abrazadores! Brota delles qualquer
espesso e negro. Nos passadiços com- verria que em vez da mocinha de coisa de terrível, que a moça não sabe,
primem-se mais de mil pessoas. No cães quinze annos, trazida para Hawaii ha não pode enfrentar. E' um pedido, 6
acotovellam-se nada menos de cinco mil. um mez apenas, de Hawaii leva de vol- um chamado, imperioso e instante, que
Pela escada sobem e descem príncipes ta, agora, uma mulher. não ha evitar. Chamado e pedido,
e princesas indígenas, reis de assucar, Hawaii tem clima que sazona de prom- anciado e fremente, como egual não no-
altos funccionarios do Território. Mais pto. E Dorothy Sambrooke se impre- tou ainda em olhos humanos. Ella mesma
além, em longas filas disciplinadas, alin- gnou de toda a sua influencia nas mais crepita inteira, um tanto excitada, um
ham-se os carros e automóveis da aris- favoráveis condições para amadurecer pouco assustada.
tocracia da terra. Toca no molhe a ban- depressa. Fina, pallida, olhos azues um A sereia de bordo rompe num clamor
da real hawaíana, cujos compassos lan- pouco cançados de muito ler e apenas brutal. A multidão coroada de flores
guidos uma orchestra indígena, a bordo, de leve' tentando comprehender a vida chega-se mais ao flanoo do navio. Doro-
retoma e desdobra com o seu instrumen- — assim tinha chegado alli. Agora, thy põe as mãos ambas nos ouvidos
tal de cordas, soluçando sons, emquanto entretanto, os olhos já lhe brilham e emquanto nota, outra vez, o brilho im-
em terra uma mulher bronzeada tange ardem, as faces mostram a sombra de perioso e instante dos olhos de S tephena
agora seu timbre crystallino, bem aci- um sangue mais grosso e no, corpo se Elle agora não a fita nos olhos, mas segue
ma da melodia dos instrumentos, bem accusam, francos,' os contornos das gran- encantado, a cambiante de tons que
acima do murmúrio das despedidas. E' des curvas femininos. Deixou, naquellas o sol tombado lhe põe nos dedos finos.
um cântico límpido, clamando vibrante quatro semanas, os.livros a que tanto Attrahida e fascinada, procura aquella
no grande diapasão do adeus. queria, para ler, directamente, no grande qualquer coisa barbara que ha nos olhos
* livro da vida. Montou a cavallo, subiu do moço, até que elle a fita de cheio,
ao topo dos vulcões, aprendeu a nadar também. Ahi as faces delle escurecem,
Na proa debruçam-se moços vesti- nas ondas dos trópicos. O sol dos mares emquanto tenta dizer qualquer coisas
dos de khaki, dizendo com as faces re- grandes e das ilhas pequenas entrou-lhe Está perturbadissimo e ella sente um
queimadas a historia de três annos de pelo sangue e ella agora vive, vibra pouco, ella também, daquelle tumulto
campanha. O adeus, porém, não é para com luz, cor e calor. Esteve um mes nervoso.
elles. Não é para o capitão, todo aper- inteiro na companhia diraria de um De um lado para outro apressam-se,
tado no seu dolman branco, rebrilhante homem — Stephens Knight, athleta, na- correm os criados de bordo, pedindo aos
de dourados, olhando, superior e dis- dador, Deus bronzeado do mar. visitantes para que deixem o navio.
tante, o tumulto que se move a seus 8 tephens toma-lhe a mão. E ao sen-
pés, abaixo da ponte de commando. * * tir a pressão daquelles dedos que tantas
Nem, também, para aquelle grupo de outras vezes têm agarrado os seus dedos
mulheres de pelle branca, rosto devas- Dorothy não se dá conta, no mo- mas rampas de lava e nas vagas dos
tado pelo clima de sol inclemente. No mento, de tão grande mundaça. Tem, trópicos, ella escuta, com um significa-
convés principal, a meia-nave, está um ainda, a consciência de uma menina e do novo as palavras do canto que se
grupo de senadores americanos — acom- muito a surprehende e perturba a es- modula plangente, na garganta de ouro
missão senatorial de estudos, que duran- tranha conducta de Stephens, nesta da hawaíana:
te um mes comeu e bebeu, atordoou-se hora da separação. Olhou-o sempre como u
de estatísticas e andou de baixo para simples companheiro de brinquedo, mas
cima, cortando as solas dos sapatos nas nota, na verdade, que elle não se despede O oe no ka'u aloha
lavas das encostas, a ver e a medir as como simples companheiro de brin- a loko e nana nei
glorias e os recursos de Hawaii. Para quedo. Fala rápido, quasi sem nexo,
leval-a de regresso aos Estados Unidos
especialmente abicou em Honolulu o
grande transatlântico. E é para trazer- " 1 •••••
lhe adeuses que toda aquella gente alli
se estende.
Os senadores estão cobertos, coroados
de flores. Um delles, Jeremias Sambro-
oke. quasi desapparece, com sua alta ''
estatura e pescoço taurino, sob um mon-
te de ramos e guirlandas. Vêem-se-lhe • ''//'•/• ////'•"/,
• ' : . . - -•
•
28
ARLEQÜIM
Elle mesmo lhe ensinou as palavras
°e adeus. Lembra-se tel-as escutado, at-
tenta, emquanto elle as repetia, á som-
bra _ macia da artocarpa, em Waikiki.
Teria sido uma prophecia, aquella ? Lem-
bra-se ter admirado como dizia tão bem,
notara que tinha expressão, muita ex-
pressão. Ri, então, nervosamente, amar-
gamente-I^Com muita expressão I —
quando, de facto, todo o coração del-
le estava no que dizia... Sabe-o ago-
ra, mas é tarde. Porque nfio falou elle ?
Lembra-se, _ então, que as mocinhas da
sua edade não se casam ainda. Mas
as mjcinhas da sua edade se casam —
em Hawaii — é o seu pensamento ins-
tantâneo. Hawaii tinha feito com que
ficasse sazonada, Hawaii onde a carne
é dourada e onde todas as mulheres são
beijadas e atempadas pelo sói.
* *
Debalde olha pela multidão comprimir
da no cães. Onde está elle? Sente que
pagará qualquer preço, fará qualquer sa-
crifício para vel-o ainda. E quasi deseja
que uma doença mortal fira o capitão,
branco, dourado e impassível na ponte
de commando, para que se adie a parti-
da. Pela primeira vez na vida olha seu
pae com olhar critico, descobrindo, num
receio novo, as linhas duras do seu rosto.
Será terrível fazer-lhe frente? E para
que? Stephens não faliou.... Agora é
tarde. Por que, por que não fallou elle,
á'sombra macia da artocarpa, em Wai-
kiki.? *"
j,\ De repente, cahindo-lhe o coração aos
pés, comprehende por que. Que foi aquillo
que ouviu um dia? Sim, foi num chá
com a senhora Stanton, naquella tarde
da recepção das "Missionárias" A scena
lembra-lhe bem viva — o amplo "la-
nai", as derramantes flores dos trópicos
com suas cores espessas, os criados asiá-
ticos pisando sem rumor, o murmúrio
tagarella das moças. E a pergunta da
Stephens mesmo lhe ensinara a musica ** Pouco se dava a moça das estatísticas sra. Hodgkins, querendo noticias de ami-
e as palavras, dizendo-lhe o sentido dei- infindáveis, da eterna mania oratória gas que deixara na ilha: "Que fim le-
las — pelo menos como até ahi acredi- dos outros -membros da commissãb. vou Susie Maydwell" ? E a resposta:
tou. Naquelle instante do ultimo conta- Stephens, egualmente. Era com elle que "Nunca mais a vimos. Casou com Wil-
cto porém, advinha pela primeira vez o se largava para as festas do ar livre, em lie Kupele". E como a sra. Behrends
significado real do verso. Quasi o não Hamakua, horrorisada com Abe Loui- quisesse saber em que o casamento mu-
vê sahir, nem pode distinguil-o mais son, magnata plantador, que só falava dara a vida de Susie Maydwell" : "Hapa
entre a multidão, que se agita no molhe. café e mais café. Cavalgando lentos pelas haole", foi a explicação. "Elle é um mes-
Mergulha num sonho, com que evoca o avanças gigantes, aprendera "Aloha oe 1" tiço". ' .
mes alli vivido. A' luz da grande revela- o canto da saudade e da despedida, Dorothy volta-se para seu pae, que-
ção repassa o que suceedeu. *»-'• cantado em todos os ranchos, aldeias e rendo, uma certeza;:
A' chegada dos senadores, Stephens plantações na hora commovida da se- "Papae...Si Stephens vier aos Esta-
viera com a commissfto de recepção. paração. dos Unidos, poderá visitar-nos?"
Fora elle quem dera a primeira demons- Stephens e ellla tinham estados jun- "Quem?...Stephens?"
tração de aquaplano, largando-se com tos desde o começo. Fora, realmente, "S im. S tephens Knight. O sr. conhece
soa prancha esguia para o mar alto, o seu companheiro de brinquedo. Em- Agora mesmo despediu-se de nós" -
até ser um ponto na vastidão do oceano quanto o pae se apossava das estatís- "Não, minha filha", falou, secco, o
desdobrado. Para voltar, surgindo como ticas da ilha, ella se apossava do moço. senador. "Elle é um mestiço e você sabe
um deus marinho, da festa de espuma Fina e gentil demais para tyrannisal-o, o que isto quer dizer".
das vagas possantes — surgindo im- não lhe foi difficil, porém, dominal-o "Ora, papae...", gemeu Dorothy, va-
ponente, cabeça, hombros e peito, cin- de todo. Menos na canoa ou no aqua- rada de tristeza.
tura, bacia e pernas, até aprumar-se plano, quando elle mandava e ella obe- Stephens não é um mestiço, ella bem
na crista de uma vaga immensa. que decia. o sabe. Apenas uma quarta parte de san-
rolava, rolava, arqueada e tumida. E E alli, naquelle instante, na emoção gue dos trópicos corre-lhe nas veias.
que estourava na praia. E de onde elle envolvente do canto de saudade, já se Mas é quanto basta para fechar-lhe o
nrempía, sorrindo magnífico, chegando- movendo o grande navio, a moça sente, casamento com uma branca. Mundo es-
•s ao grupo pasmado, todo escorrendo sabe, percebe, por fim, que Stephens tranho, este ! Alli está o sábio Cleghorn,
água salgada ainda em bolhas. é para ella muito mais que um compan- que casou com uma princeza queimada,
Fora aquella sua primeira visão de heiro de brinquedo. da linhagem de Kamehameha e que
Stephens. Era o mais moço da commis- Cinco mil vozes cantam: todos apreciam e festejam, até as mais
são. Não tinha vinte annos. Com elle ('Aloha oe • . — exigentes damas das "Missionárias". Mes-
nada de discursos, nem poses decorati- Meu amor vae comtigo até nos ver- mo Stephens. Ninguém teve uma cen-
vas nas recepções. Foi nos vagalhões de mos" sura, sequer, porque elle a ensinou a
Wsikíki, nas correrias do gado bravo E neste primeiro clarão da paixão andar de aquaplano, nem porque a levou,
de grandes chiffres, em Mauna Kea e revelada, já lhe doe a dor da separa- mão a mão, ao topo fumarento de Ka-
Dos rodeios de Haleakala, que tomou o lauea. Elle podia jantar com ella, ao
papai de distrahü-a. S lo. Quando se encontrarão de novo?
usado? lado de seu pae; podia dançar com ella;
29
EXPOSIÇÃO DE
AUTOriOBILIVríO
PROilOV. PEIA
K/S. DE E/TRADA/
DE RODAOEH
ARLEQUIM
A BEMAVENTURADA "moderação" e o conselho que se traduz "cuidado!".
E dizia:
(Conclusão da pagina 27) — Vocês são mal succedidos em amor porque são
descuidados: largam o coração á tôa e qualquer um que
Saudades! Teve-as D. Plácida ? Por certo que sim: passa leva-o, pensando que não tem dono.
teve-as da sua infância, da sua criação que cresceu, Para D. Plácida, as calamidades não guardavam
das suas flores, dos bons amigos ausentes e dos seus proporções: Tudo era egualmente temível, quer ardesse
mortos. E as saudades vinham a D. Plácida por meio uma floresta, ou a lagarta devorasse uma folha. Para
das musicas e dos perfumes; quando, de olhos cerra- que temer as inundações se o sereno também pôde
dos, tomava o cheiro aos cravos, ou cantarolava, de si matar ? . . . A vida se lhe afigurava uma cilada em que
para si, os cantares da sua infância... se cai pelo descuido. Para viver era preciso produzir,
Para aquelles que perdeu na vida, não mandou fazer mas em silencio, imitando Deus que cria os mundos,
sepulturas ricas; entregou-os, confiadamente, á terra, enche-os de vida e de ruído; multiplica-lhe por milhões
porque entendia que levantar mausoléus era ter» a vai- os seres, immutavelmente, no seu infinito silencio...
dade de governar os mortos, quando ella queria ter a Deus que trabalha sem ruído, paciente, vigilante, in-
virtude de ser governada por elles. Inscreveu o nome do cansável, sem gesticulações e de quem jamais se escuta
santo morto na lousa do seu coração e, de tempos em tem- a voz... Deus brandura, amor, perdão. Deus,
pos, no recolhimento ignorado de uma romaria intima — D. Plácida, capaz de trazer o céo k terra!
ungida pelo seu sorriso — ia D. Plácida levar-lhe a *
malva pallida de sua saudade... * *
Foi um exemplo, foi o ensinamento de que se pôde
Não temia Deus porque só teme quem guarda ter na vida aquillo que se deseja — a paz, o amor e a
crimes e ella trazia basculhados os recantos d'alma; veneração. Soube falar aos surdos, deu alento aos tro-
demais, Deus que a protegia, ensinou-lhe a virtude da pegos, coragem aos tímidos e morreu quando menos de-
fé sem olhos e sem mãos; Deus, — inquilino velho via morrer. Mas não morreu de velha, nom de morte
de seu coração — conhecia-lhe todos os compartimentos desastrada; nem de doença, nem matada; morreu pela
e nunca se importunou pelos outros moradores que, necessidade de ser recompensada das suas virtudes...
de boa mente, se lhe subraettiam. D. Plácida compre- morreu para alcançar o reino dos céos e não ficar so-
hendeu e concentrou, num átimo, toda a prolixa ver- sinha aqui no mundo..
dade que os fatuos prepararam e ria-se, no intimo, da *
incapacidade delles — disfarçada em fé — da sua con- * *
fusão reduzida á obediência inconsciente... Não com- E quando deixou a mansão dos seus labores e trans-
prehendia porque se manda abrir Deus para se lhe ver poz o limiar da bemaventurança, D. Plácida quedou
o coração sentido e não se percebe o que anda ã mostra, indecisa e tímida ante a deslumbrante monotonia
na vida, e Elle nos ensinou e nos offereceu como compen- que se mostrava a seus olhos. Viu que a luz dos ares
sação, como delicia. Não os bens do espirito que se que a envolviam se transmudava de tempo a tempo,
destinam ao céo e são provações na terra, mas o que está ora resplandecia em clarões cor de rosa, ora em clarões
na natureza e se consubstancia em nós: — Musica, verdes e suaves que repousavam os olhos cansados
aroma, cor, mel e arminho.. Não entendia D. Plá- de sol. Sentiu, no ar que respirava uma fre3cura de
cida os livros, por isso só lia no breviario d'alma que hervas e a maciez das pétalas; baixou os olhos e viu,
dita, a cada hora, uma oração nova e entende e resolve maravilhada, a mágica phantastica que produzia a terra
os problemas que emaranham a intelligencia. daquelle logar: ora se cobrindo — dalli até onde não ia
Ao lado da sua fé, das suas flores e da sua docili- a vista. — de cravos que desprendiam os clarões rosa-
dade, D. Plácida foi mãe consciente, sem transportes dos; ora se arrelvando de malvas embálsamadas que
desvairados; mãe amor e desprendimento; mãe leite punham nos ares sombras verdes e dansantes!
e vigília; alma crystallisada no perdão, sorriso feito D. Plácida permaneceu indecisa, sem. saber por
tolerância e verdade desabrochando em* exemplos. A onde começar... Como andar por sobre aquelles cra-
sua obediência, a sua calma e o seu silencio, fizeram-na vos, como esmagar aos pés aquellas malvas ? Não vendo
a fonte da vida domestica, de onde jorravam perennes, nenhum caminho pensou em retroceder; volveu, então,
o conforto, a paciência a resignação. Mãe sem auto- os olhos, prescrutou o caminho percorrido e viu escuri-
ridade, frágil, discreta e temerosa que repartia, em- dão que a apavorou. Teve medo do silencio, dos
tanto, com os seus — vigor, confiança e coragem. cravos, das malvas, dos perfumes, dos clarões cambian-
D. Plácida foi, no alphabeto da familia, e na opinião tes e do desconhecido. Senthi-se desfallecer e, quando
das letras que a rodeavam — uma consoante, porém, julgou que a alma que trouxe da terra ia se diluir de
na opinião da vogai máxima, da vogai presumpçosa todo no seu medo, ouviu uma voz muito amiga e muito
que responde pela harmonia dos sons — era também hospitaleira que lhe disse:
doce vogai — fazendo comsigo um diphtongo, na har- — Por aqui; D. Plácida, venha por aqui...
monia do amor e lhe garantindo ainda, na sua cordura, Ao mesmo tempo sentiu uma linda mão tocar a
a primasia do accento... sua e conduzil-a, desusando, por sobre as malvas, por
. . . Para as almas penadas de desillusões; para os sobre os cravos, por entre os mágicos clarões — para
velhos e para os desesperançados; para os corações sen- Infinitos jamais sonhados.
tidos de amor, D. Plácida tinha o balsamo que se chama A. DE QUEIROZ
- 31 —
ARLEQUIM
ser membro da commíssão.. .Mas por- a proa do navio corta as águas de cheio. quanto Jeremias Sambrooke começa a
que ha sangue do* trópicos nas suas A terra fica e ella vae... fital-a, attento e inquieto.
veias, não pode, não deve casar-se com "Olhe Stephens alli...", mostra-lhe "Dorothy I ", adverte, meio severo.
ella! o pae. "Está chamando por nós". Afinal ella parte, brusca, o fio do
Nem este sangue pode ser suspeitado. collar. Num chuveiro de pérolas caem
S6 sabendo, ouvindo contar. E "como Stephens, no cães, olha para cima, as flores nos braços do namorado. Olha-
é bello 1 A lembrança delle surge-lhe no anciado. Vê no rosto delia o que nunca o longamente, desesperadamente, enter-
intimo. E antes que tenha noção disto, viu. E pela alegria que lhe ülumina a rando o rosto, afinal, no largo peito de
está revivendo o encanto de ver-lhe o face, a moça conhece que elle sabe. O Jeremias Sambrooke, que esquece um
corpo magnífico,08 membros esplendidos, ar vibra com o canto — momento suas estatísticas perdilectas pa-
a força macia que tão de leve a punha "Meu amor vae comtigo ra se maravilhar porque as meninas se
no cavallo, que tão firme a levava no até quando nos encontrarmos..." tornam mulheres.
estouro das ondas ou que a amparava, Não precisam dizer mais nada, um A multidão canta e soluça, ainda, e o
carinhosa, pelas ásperas encostas da Casa ao outro. Sabem, sabem agora... Em canto vae se perdendo, saudoso, atte-
do Sol. Ha ainda, alguma coisa mais redor da moça, no convéz, alguns pas- nuado, com toda a languides luminosa
subtil e mysteriosa e tremenda que sen- sageiros tiram as gui ri andas e jogam- de Hawaii. E as palavras caem uma
tiu e que so agora começa a comprehender nas para os amigos da terra. Stephens por uma no coração da moça, morden-
— a radiação do homem que é homem, estende-lhe as mãos, supplicante. Ella do-o como gottas de ácido, pela ironia
masculinamente homem. quer tirar, também, sua guirlanda, mas que encerram :
Toma accordo de si, com um sobresal- as flores se embaraçam no fio de pérolas
to de vergonha, pelos pensamentos que que lhe envolve o collo. "Aloha oe, aloha oe
pensou. Queima-lhe as faces um sangue Luta, nervosamente, anciadamente, e ke onaona no ho ika lipo..."
rápido e quente, mus logo empallidece, procurando desprenderaas flores. O navio . . . um longo abraço,
toda branca, parada, lembrando que nun- ganha impulso, a terra vae fugindo. E' um beijo immenso, até nos encontrar-
ca mais, nunca mais o verá. Agora o momento.. .Rompe em soluços, em- mos. .."
UM
1UM NOVO MOTOR!
NOVo Menos 20% em consumo de
combustível l
TITULO 15% mais de força!
Mai9 20% de acceleração!
NA Novo mechanismo regular de
mudança de velocidades.
HIS Nova acçao silenciosa da embre-
TORU agem.
Novos systemaa aperfeiçoados de
DE lubrificaçao e arrefecimento.
DODG E Novaa côrea e contorno elegante.
BR Direccfio mais facfl e 24 outras ca-
°THERS racterísticas novas e importante».
EM EXPOSIÇÃO
%m
\
m.
0
PROOUCTO DA
GENERAL MOTORS
A' medida que se observa o bom os que ainda o nâo experimentaram,
Oldsmoblle outros effeitos novos de pois ninguém poderá dizer que co-
belleza parecem delle surgir. Assim nhece o bom Oldsmobile sem tel-o
não seria de admirar que. por essas guiado uma vez.
Unhas modernas e esse colorido bri-
lhante, conquistasse o bom Oldsmo-
Y Veloz, bello, potente, o bom
blle a admiração de quantos o vêm; Oldsmobile alarga o circulo de seus
porém, é principalmente pelo seu admiradores e vae subindo cada vez
ronccionamento que este cairo ganha mais no conceito universal dos auto-
dia m dia novos enthusiastas entre mobiliatas.
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