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E-book 4
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO����������������������������������������������������������� 3
MOVIMENTO MODERNISTA E
DISCUSSÕES SOBRE IDENTIDADE
NACIONAL����������������������������������������������������������������� 6
A revolta da vacina e a questão da reurbanização do
Rio de Janeiro��������������������������������������������������������������������������15
Revolta da chibata e questões raciais na primeira
república����������������������������������������������������������������������������������24
Formação da classe operária, influência das ideias
trazidas pelos imigrantes e início da industrialização
brasileira����������������������������������������������������������������������������������29
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INTRODUÇÃO
No raiar do século 20, “modernização” era a palavra
da vez no Brasil. O novo regime político inaugurava a
busca pela modernidade, pela renovação e oposição
ao que era tradicional. Se, por um lado, a modernida-
de era desejada por muitos setores da sociedade, por
outro lado, ela também foi incompreendida.
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punições em locais de trabalho, rompendo com as
antigas práticas.
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discussões sobre Identidade Nacional, mas também
a Revolta da Vacina e a questão da reurbanização
do Rio de Janeiro.
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MOVIMENTO MODERNISTA
E DISCUSSÕES SOBRE
IDENTIDADE NACIONAL
O Modernismo no Brasil é normalmente datado com
a Semana de Arte Moderna, que ocorreu em fevereiro
de 1922 na cidade de São Paulo. Isso porque a virada
do século 19 no país foi marcada por crescente urba-
nização, fortalecimento da indústria e ampliação da
rede ferroviária, elementos associados ao progresso
e à modernização.
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FIQUE ATENTO
Moderno é um termo que aparece no século 19,
no contexto do mundo inaugurado a partir da
Revolução Industrial. A modernização é o imple-
mento das máquinas e da tecnologia para dominar
a natureza e o tempo, permitindo deslocamentos
mais rápidos, produção mais eficaz e ganhos ma-
teriais na qualidade de vida. O modernismo foi per-
seguido nos mais diversos setores da sociedade
a partir do século 19. De acordo com o historiador
Jacques Le Goff, “a noção de modernidade vem
com a busca de ruptura com o passado” (apud
VELLOSO, 2008, p. 353). Assim, a modernidade
adaptou-se às transformações tecnológicas e de-
finições de “novo” de cada período, podendo ser
ressignificada a cada “novidade”.
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as culturas como superiores/inferiores, tendo por
referência a “civilizada” Europa.
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Espaços informais e representantes das camadas
mais populares começaram a aparecer em ilustra-
ções humorísticas, que tentaram pensar a identidade
nacional fora do círculo das elites.
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com a seleção dos elementos artísticos que seriam
importados.
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Figura 1: Vista do Teatro Municipal de São Paulo na década
de 1920. Fonte: Domínio público/ Acervo Arquivo Nacional.
pt.wikipedia.org/.
FIQUE ATENTO
A Semana de Arte Moderna de São Paulo ocorreu
entre 11 e 18 de fevereiro de 1922. Diversos me-
cenas (patrocinadores de artes) contribuíram com
o financiamento do evento, que ocorreu no Teatro
Municipal. Artistas como Anita Malfatti, Mário de
Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira,
Tarsila do Amaral, Heitor Villa-Lobos, Di Cavalcanti,
entre outros, participaram do evento que contou
com diferentes representações artísticas e foi ins-
pirado nas semanas de arte europeias.
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presentava a vertente conservadora, que colocava
São Paulo como o centro da nacionalidade do país,
construindo a figura do bandeirante como um sím-
bolo heroico de um novo “descobrimento” a partir da
exploração do interior.
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se além das diferenças regionais e que fosse capaz
de integrar o sentimento de nacionalidade”.
SAIBA MAIS
O romance de Mário de Andrade está entre as pri-
meiras obras do Modernismo no Brasil. Escrita em
1926, mas publicada somente em 1928, trata-se de
uma fonte histórica que ajuda a perceber como foi
pensada a identidade nacional por intelectuais do
movimento modernista. Saiba mais acessando ht-
tps://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/34839.
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moderno, multicultural e não inferiorizado em relação
à cultura europeia.
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SAIBA MAIS
Em meio ao clima de modernidade e mudanças
nos anos 1920, algumas sufragistas defenderam
a ampliação dos direitos políticos e civis às mu-
lheres, que ainda eram colocadas em papéis de
submissão e dependência com relação aos ho-
mens. Entre elas, citamos Bertha Lutz (1894-1976),
criadora da Liga para a Emancipação Intelectual da
Mulher (1919) e representante brasileira, em 1922,
da Assembleia Geral para Mulheres Eleitoras, nos
Estados Unidos. O ativismo na luta pela ampliação
dos direitos políticos das mulheres nesse período
contribuiu com a efetivação do voto feminino nos
anos seguintes.
Saiba mais sobre essa figura proeminente da nos-
sa história, acessando www.itamaraty.gov.br.
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A preocupação do novo presidente foi promover
grandes obras públicas na capital do país, o Rio de
Janeiro, buscando melhorar a infraestrutura urbana e
o saneamento básico. O engenheiro Pereira Passos
e o médico Oswaldo Cruz foram as duas figuras
responsáveis pela promoção de projetos urbanos,
assumindo as pastas de prefeito e diretor do serviço
de saúde pública, respectivamente.
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em igrejas urbanas, presença de animais mortos
nas ruas e lixo espalhado pela cidade, tudo isso era
considerado formas de “contaminação do ar, gerando
e espalhando doenças” (BENCHIMOL, 2008, p. 240).
FIQUE ATENTO
O termo francês belle époque é utilizado para re-
presentar um período de crescimento acelerado,
como o de um centro urbano, onde a prosperidade
e o progresso material traziam uma expectativa
para o futuro positiva e ligada à modernização. Art
Nouveau é um estilo de arte decorativa do período,
marcado pelo uso de vitrais coloridos, cerâmicas e
ferros retorcidos, que davam a ideia de movimento
e assimetria.
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Na Figura 2, podemos verificar a Av. Rio Branco de-
pois das reformas urbanas, da belle époque carioca:
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Ao assumir a pasta da saúde, Oswaldo Cruz se pre-
ocupou em acabar com as principais enfermidades
que levaram a grandes crises sanitárias. A febre ama-
rela e a peste bubônica eram doenças que tiveram
graves surtos no período. Sabia-se que a higiene das
ruas e casas junto com o combate aos animais trans-
missores evitavam sua propagação.
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De acordo com a nova lei, a carteira de vacinação
se tornaria obrigatória para assumir trabalhos pú-
blicos, em fábricas, para a hospedagem em hotéis,
casamentos, viagens em geral etc., com a previsão
de multas no caso de descumprimento.
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danos ao mobiliário doméstico e exigiram mudanças
que comprometiam a dinâmica da vida privada.
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Figura 3: Revolta da Vacina, Revista da Semana, de 02 de
fevereiro de 1908. Fonte: brasilianafotografica.bn.br
FIQUE ATENTO
A higiene define-se por técnicas e conhecimentos
aplicados à prevenção de doenças, para a melhoria
da saúde e bem-estar. Apesar de ser bem popular
atualmente, a higiene é uma prática moderna e
datada, consolidada a partir de meados do século
19, quando a ciência começou a identificar a pro-
pagação de doenças com a falta de limpeza dos
corpos e do ambiente.
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O avanço da microbiologia começou a explicar
as causas de doenças conhecidas, relacionando-
-as à presença de materiais fecais, mosquitos,
ratos e demais agentes proliferadores. É do sé-
culo 20 a ideia de pensar em prevenção de doen-
ças a partir da higiene e do combate aos animais
transmissores.
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A Revolta da Vacina contribuiu com o enfraqueci-
mento da instituição republicana, que passava por
questionamentos de outros setores no correr das
décadas de 1910 e 1920. A não aceitação de ideias
modernas, como a vacinação e a higiene, mostram
também a baixa difusão de conhecimentos e infor-
mações científicas entre a população, que estava
acostumada a confiar na religiosidade para combater
ou tratar doenças.
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Assim, a ocorrência de um castigo com mais de 250
açoites fez eclodir uma revolta em 1910, exigindo
o fim das punições físicas. O funcionamento da
Marinha refletia a continuidade das desigualdades
sociais e raciais do país. Os marinheiros negros e
mulatos eram, em sua maioria, comandados por ofi-
ciais brancos e elitizados, que praticavam castigos
corporais que remetiam às relações entre senhores
e escravos, vistas em um passado recente.
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atuavam a serviço da pátria, exigindo a retirada dos
oficiais “incompetentes” e da chibata:
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demandas pelos direitos civis da população negra,
conforme descrito no Manifesto dos Revoltosos
encaminhado ao governo, em que se exigia um tra-
tamento de igualdade com relação aos demais cida-
dãos, em nome dos ideais da República.
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Essas ideias contribuíam para a marginalização e
exclusão social promovida contra a população negra
no Brasil no século 20. A abolição em 1889 não foi
seguida de leis ou indenizações que auxiliassem
as populações libertas na recolocação profissional
e social. Pelo contrário, as ideias de embranqueci-
mento da população contribuíram para as medidas
de substituição da mão de obra escravizada pelos
imigrantes, que chegavam em grandes contingentes
ao país.
REFLITA
A continuidade de práticas escravistas e a men-
talidade racista e excludente influenciaram em
movimentos como a Revolta da Chibata. Apesar
de combatida desde o início do século 20, essa
mentalidade persiste em atitudes racistas em so-
ciedade atual.
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Você pode identificar exemplos dessas permanên-
cias, que impedem a construção de uma sociedade
mais justa e menos desigual? Como elas podem
ser combatidas pelo ensino da História?
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ao crescimento industrial. Em 1907, 85% da produção
industrial ocorria fora de São Paulo, sendo liderada
pelo Rio de Janeiro e seguida por Minas Gerais (DEL
PRIORE; VENANCIO, 2010, p. 236).
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pelo crescimento do trabalho fabril, ocorreu desde
o final do século 19, em virtude de secas, fim da
escravidão e declínio da economia de exportação
nessas regiões (SCHWARCZ, 2012).
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Do mesmo modo, não se deve associar diretamente
a crescente presença de indústrias no Brasil com o
aparecimento da classe operária e dos sindicatos.
Estes últimos foram o resultado de um longo proces-
so de consciência de classe, não necessariamente
ligado à existência das fábricas em si.
FIQUE ATENTO
A formação de uma classe, como a operária, é
um processo complexo e que não pode ser direta-
mente associado à existência do setor econômico
correspondente, no caso, a indústria. Relaciona-se
à percepção de interesses compartilhados por um
coletivo, que conscientemente passam a exercer
atitudes em defesa de seus interesses “de classe”
(BATALHA, 2008, p. 163).
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A organização operária como “realidade histórica”
no Brasil ocorreu a partir de 1917, com a presença
de movimentos em defesa dos interesses coletivos
dos trabalhadores industriais, em resposta a péssi-
mas condições de trabalho ocasionadas pela ausên-
cia de mecanismo de regulamentação do trabalho
(BATALHA, 2008).
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De 1917 em diante, diz Schwarcz (2012, p. 59), “o
crescimento dos sindicatos resultou na eclosão de
grandes greves, algumas aderidas por mais de 70
mil trabalhadores das cidades de São Paulo e Rio
de Janeiro”.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Belle Époque das grandes cidades do país aconte-
ceu entre 1910 e 1920, representando a busca pela
estética moderna nos espaços urbanos. A estima-
da “civilização” parecia ter chegado a essa parte da
América do Sul refletida nas grandes avenidas reor-
ganizadas após projetos urbanísticos e palácios com
o melhor estilo Art Nouveau.
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A Primeira Guerra Mundial, aliás, trouxe a desilusão
da Europa enquanto um exemplo de civilização e
superioridade, o que incentivou a busca por novos
referenciais. A expressão paulista do modernismo
com a Semana de Arte Moderna de 1922 revelou
artistas que buscavam suas inspirações nos espaços
sertanejos do interior do Brasil, perseguindo formas
de representar uma cultura heterogênea, dentro do
arcabouço de uma identidade.
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Por fim, a Revolta da Chibata levantou a continuida-
de de práticas relacionadas à escravidão e grande
distância que a população negra tinha referente aos
seus direitos de cidadania. Foram excluídos dos direi-
tos ao voto, dificultando as possibilidades de lutarem
pela ampliação dos direitos sociais e civis, visto que
o preconceito de cor também limitava a liberdade
dessa população.
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Referências Bibliográficas
& Consultadas
ALMEIDA, S. C. P. Do marinheiro João Cândido ao
Almirante Negro: conflitos memoriais na constru-
ção do herói de uma revolta centenária. Revista
Brasileira de História, São Paulo, v. 31, n. 61, Dossiê
Comemorações, 2011. p. 61-84. http://www.scie-
lo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
-01882011000100004&lng=pt&nrm=iso. Acesso em:
20 fev. 2020.