Você está na página 1de 4

PRÉ-MODERNISMO

Mestre Sala Dos Mares


Aldir Blanc e João Bosco Aldir Blanc Mendes (Rio de Janeiro, 2 de
setembro de 1946 Rio de Janeiro, 4 de maio
de 2020) foi um compositor e cronista brasileiro.
Há muito tempo nas águas da Guanabara Médico com especialização em psiquiatria,
abandonou a profissão para se tornar
O dragão no mar reapareceu compositor e um dos grandes letristas da
Na figura de um bravo feiticeiro história da música brasileira.
A quem a história nunca esqueceu João Bosco de Freitas Mucci (Ponte Nova, 13
de julho de 1946) é um cantor, violonista e
compositor brasileiro. Wikipédia

Conhecido como Navegante Negro


Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar
Na alegria das regatas

Foi saudado no porto


Pelas mocinhas francesas
Jovens polacas
E por batalhões de mulatas

Rubras cascatas jorravam das costas dos santos


Entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro gritava então
VOCÊ SABIA...

Glória aos piratas, às mulatas, às sereias Durante o governo do marechal


Hermes da Fonseca (1910-1914), no
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Rio de Janeiro, capital Federal, os
Glória a todas as lutas inglórias
marinheiros, liderados por João
Que através da nossa história
se
rebelaram contra os castigos corporais,
Não esquecemos jamais prática ainda em vigor na Marinha. O
Salve o Navegante Negro estopim da revolta foi a condenação,
Que tem por monumento em 22 de novembro de 1910, de um
As pedras pisadas do cais marinheiro a receber 250 chibatadas.
Comandados por João Cândido, os
marinheiros tomaram o controle de
Mas salve quatro embarcações e exigiam do
Salve o Navegante Negro governo o fim dos castigos físicos; caso
Que tem por monumento contrário, a capital (Rio de Janeiro)
As pedras pisadas do cais seria bombardeada.
O movimento, que ficou conhecido
Mas faz muito tempo como Revolta da Chibata, terminou
com vários mortos entre os revoltosos,
mas com o fim dos castigos corporais.

https://www.youtube.com/watch?v=7--djtYGqKw
-Sala dos Mares

2
João Cândido lê o decreto que anistiava os
participantes da Revolta da Chibata (19100, ordem
que logo foi revogada, com a posterior prisão de
vários marinheiros, entre eles João Cândido.

VOCÊ SABIA....

O Mestre-Sala dos Mares foi composta


em 1970, quando o Brasil ainda A letra composta, além de resgatar o
enfrentava o regime militar (1964-1985). processo histórico, o qual tornou João

A letra da canção que lembrava a


Revolta da Chibata e homenageava o que a abolição da escravidão no Brasil foi
líder João Cândido foi censurada, com a parte de um processo no qual os negros
alteração de vários termos. A menção a foram força influente e atuante, cuja
seu apelido Almirante Negro foi resistência desgastou o sistema
escravista.
negro.
As palavras trocadas pelos compositores,
O problema todo residia nas palavras a mando dos censores, são feiticeiros e
marinheiro, almirante, que traziam a navegante. a letra original as palavras
memória à historicidade já esquecida, de eram marinheiro e almirante.
um oficial da Marinha do Brasil, negro,
que no 22º ano de vigência da abolição Os censores, no entanto, não perceberam
liderou uma revolta que contava com que os autores, ao usarem a expressão
mais de 700 homens negros com o Dragão do Mar, também faziam referência
intuito de abolir, além dos açoites, os a personagem de nossa História.
trabalhos forçados, que se configuravam O Dragão do Mar é uma referência ao
como reflexo do sistema escravista no jangadeiro cearense e
Brasil. abolicionista Francisco José do
Nascimento, que na letra da canção
ressurge na baía da Guanabara na figura
de João Cândido, o Almirante Negro.

3
1.
costas dos sa
a) Como você interpreta esses versos?
b) Quem são os santos apresentados nesses versos? Justifique o emprego deste termo.
c) O que, na sua opinião, inundava os corações?

2.
é o feiticeiro, que, como explicado anteriormente, não está ligado à religiosidade de João
Cândido, mas às suas peculiaridades de líder.

3. O que você entende do verso ?

4. Segundo a letra da canção, podemos considerar o "navegante negro" um herói da história do


Brasil? Que argumentos encontrados na própria música justificam a sua resposta?

transição. De um lado, ainda era forte a influência das tendências artísticas da


segunda metade do século XIX; de outro, já começava a ser preparada a grande
renovação modernista, cujo marco no Brasil é a Semana de Arte Moderna (1922).
A esse período de transição, que não chega a constituir um movimento literário,
chamamos PRÉ-MODERNISMO

(CEREJA, Willian Roberto & COCHAR, Tereza. Literatura brasileira: em diálogo com outras linguagens.
São Paulo: Atual, 2009.)

Houve, neste período, várias agitações sociais: a


Revolta de Canudos (tema de Os sertões de
Euclides da Cunha), a Revolta da Armada
(mencionada no romance Triste fim de Policarpo
Quaresma, de Lima Barreto; a Revolta da Vacina;
a Revolta da Chibata; além de greves proletárias.
Essas agitações eram sintomas da crise na
Repú
evidente na década de 1920, servindo de cenário
ideal para os questionamentos da Semana de Arte
Moderna.

4
Leia agora dois poemas abaixo de Augusto dos Anjos.

Versos íntimos 5. O soneto foi construído como se o eu


poético fosse um falante se dirigindo a um
Vês! Ninguém assistiu ao formidável interlocutor.
Enterro de tua última quimera.
a) Há uma única palavra que nos passa
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável! mínima informação sobre a identidade do
interlocutor.
Acostuma-te à lama que te espera! Qual é essa palavra? Que função sintática
O Homem, que, nesta terra miserável, desempenha no texto?
Mora, entre feras, sente inevitável b) Como você caracteriza o falante em
Necessidade de também ser fera. relação ao interlocutor? Justifique sua resposta
apontando os elementos gramaticais de que se
Toma um fósforo. Acende teu cigarro! vale o falante nos enunciados.
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja. 6. Qual a postura do eu poético em relação
à vida/ Explique.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

O morcego

Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.


7. A que o morcego é comparado neste Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
poema? Explique. Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
8. Como no poema anterior, é possível
"Vou mandar levantar outra parede ..."
afirmar que esse texto é dirigido a uma Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
2ª pessoa? Transcreva um verso que E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
comprove sua resposta. Circularmente sobre a minha rede!

9. O texto está todo centrado na utilização Pego de um pau. Esforços faço. Chego
de uma figura de linguagem. Que figura A tocá-lo. Minh'alma se concentra.
é essa? Que ventre produziu tão feio parto?!

10. Para o poeta há alguma possibilidade A Consciência Humana é este morcego!


de o homem fugir de sua própria Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
consciência? Justifique com um trecho
do poema.

Você também pode gostar