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HISTÓRIA

Turma: Técnico Integrado em Edificações


Grupo: Lusyara Cristina, Maelle Vitória, Sofia Felix, Larissa Gabriella e Nicholas Sula
Data de entrega do roteiro: 16 de maio de 2022

A Revolta da Chibata

• Introdução ao conteúdo:
A Revolta da Chibata ficou conhecida por ter sido um motim realizado pela
insatisfação dos marujos brasileiros com os castigos físicos que sofriam na Marinha
brasileira no começo do século XX. O castigo físico em questão era a chibatada, praticada
pela Marinha contra todos os marujos que violassem as regras da corporação.
Na época, vale destacar que na Marinha do Brasil, os marinheiros eram
principalmente os negros escravos recém libertos. Estes eram submetidos a uma árdua
rotina de trabalho em troca de baixos salários. Qualquer insatisfação era punível e a
disciplina nos navios era mantida pelos oficiais por meio de castigos físicos, dos quais a
“chibatada”, era a punição mais comum. Apesar de ter sido abolida na maioria das forças
armadas do mundo, os castigos físicos ainda era uma realidade no Brasil. A insatisfação
dos marujos cresceu depois que os oficiais receberam aumentos salariais, mas não os
marinheiros.

• Antecedentes históricos:
O uso da chibatada como forma de punição era uma característica que a Marinha
brasileira havia herdado da Marinha portuguesa do período colonial a partir de um
código conhecido como Artigos de Guerra. Essa forma de punição era dedicada somente
aos postos mais baixos da Marinha, ocupados, em geral, por negros e mestiços. A
insatisfação dos marujos com os castigos físicos e com o rigor da Marinha era crescente.
Relatos contam que, pouco antes da revolta, durante uma viagem nas proximidades
da costa chilena, os marujos haviam demonstrado insatisfação com a punição dedicada
a um marujo. O estopim para o início da revolta ocorreu quando Marcelino Rodrigues
Menezes foi punido com 250 chibatadas sem direito a tratamento médico.

• Como ocorreu:
A Revolta da Chibata iniciou-se no dia 22 de novembro de 1910, conforme
mencionado, após a punição a um marujo de nome Marcelino. Os marujos rebelaram-se
e tomaram o controle de quatro embarcações da Marinha brasileira: Minas Gerais, São
Paulo, Bahia e Deodoro. Os marujos revoltosos exigiam do governo o fim dos castigos
físicos; caso contrário, a capital seria bombardeada.
A liderança desse motim foi realizada por João Cândido, o Almirante Negro. Os
marujos revoltosos escreveram um manifesto que resumia as suas exigências e enviou-o
para o gabinete do presidente da época, Hermes da Fonseca. Coincidentemente, no dia
em que se iniciou a revolta, o presidente oferecia uma festa no Rio de Janeiro em
comemoração à sua posse como presidente.

• “Desfecho” da revolta:
Pressionado tanto pelas ameaças dos marujos quanto de políticos, o governo de
Hermes da Fonseca aceitou os termos propostos e pôs fim aos castigos físicos na Marinha
em 26 de novembro de 1910 e prometeu anistia a todos os envolvidos. A promessa do
governo não foi cumprida e, no dia 28 de novembro, um decreto dispensou cerca de mil
marinheiros por indisciplina.
Após isso, uma segunda revolta na Marinha iniciou-se, dessa vez, no Batalhão Naval
estacionado na Ilha das Cobras. Essa segunda revolta, no entanto, foi massacrada
violentamente, e os envolvidos foram aprisionados e torturados nessa ilha. Outras
centenas de marinheiros foram enviados para trabalhar em seringais na Amazônia e
muitos foram fuzilados durante o trajeto.

• Consequências:
Os marinheiros foram presos na Ilha das Cobras sede do Batalhão Naval. Sentindo-
se traídos, os marinheiros se amotinaram, em 9 de dezembro de 1910. A resposta do
governo foi dura e a prisão foi bombardeada e destruída pelo exército, matando centenas
de fuzileiros navais e prisioneiros. Os amotinados, totalizando 37 pessoas, foram
recolhidos a duas prisões solitárias, onde morreram sufocados. Somente João Cândido e
outro companheiro de luta sobreviveram.
Com isso, em 1911, aqueles que aderiram ao movimento já haviam sido mortos,
presos ou expulsos do serviço militar. Muitos dos envolvidos foram mandados para
campos de trabalhos forçados nos seringais da Amazônia e na construção da ferrovia
Madeira-Mamoré. Como saldo, o conflito deixou mais de duzentos mortos e feridos entre
os amotinados, dos quais cerca de dois mil foram expulsos após a revolta. Na porção
legalista, morreram cerca de doze pessoas, entre oficiais e marinheiros. Quanto ao líder,
João Cândido, após sobreviver á prisão e ter sido inocentado, ele foi considerado
desequilibrado e internado num hospício. Por sua audácia, a imprensa da época o
chamou de Almirante Negro.

• Como o contexto se encaixa na atualidade:


Essa revolta ocorreu após a Lei Áurea ter sido assinada pela princesa Isabel, não
como resultado de benevolência, mas fruto de uma forte pressão popular e política. O
documento garantia a abolição da escravatura de maneira imediata e sem reparação.
Cerca de 700 mil escravos ganharam a sua liberdade, mas sem que medidas de integração
social e econômica fossem realizadas. Isso garantiu que os negros continuassem
extremamente marginalizados na sociedade brasileira, dando continuidade não só ao
racismo já existente na época, mas também aos dias atuais.
O trabalho escravo, infelizmente, ainda é uma realidade para muitas pessoas no
Brasil e no mundo. Muitos trabalhadores ainda se encontram em situação de escravidão
no Brasil. No trabalho doméstico, na atividade agropecuária, na mineração, na
construção civil ou na confecção têxtil, ainda existem pessoas que sofrem com atentados
contra os seus direitos. É de extrema importância que a atuação de ONGs e dos órgãos
públicos que trabalham pela erradicação do trabalho escravo seja mantida e financiada.

Curiosidades:
• A Revolta da Chibata se inspirou no motim dos marinheiros da Armada Imperial
Russa, realizada no encouraçado Potemkin, em 1905.
• Não se sabe ao certo quem foi o responsável por redigir o manifesto com as
exigências dos marujos, mas esse documento foi considerado muito bem escrito.
Os historiadores apontam que provavelmente ele foi elaborado por Adalberto
Ferreira Ribas.
• A música "O Mestre-Sala dos Mares", composta por João Bosco e Aldir Blanc, em
1975, foi feita em homenagem ao líder da Revolta da Chibata. A letra foi
censurada pelo regime militar.
• Atualmente, existe uma estátua de João Cândido na Praça XV, no Rio de Janeiro,
colocada ali em 2008.
• Somente em 23 de julho de 2008, o governo brasileiro entendeu que as causas da
revolta eram legítimas e concedeu anistia aos marinheiros envolvidos.

Referências bibliográficas:
SILVA, Daniel Neves. “Revolta da Chibata”; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/historiab/revolta-chibata.htm
SILVA, Daniel Neves. “Abolição da Escravatura no Brasil”; Escola Kids. Disponível em:
https://escolakids.uol.com.br/historia/a-abolicao-da-escravidao-no-brasil--1888.htm
BEZERRA, Juliana. “Revolta da Chibata”; Toda Matéria. Disponível em:
https://www.todamateria.com.br/revolta-da-chibata/
• Anexos relevantes:

Anexo 1 - João Cândido, líder da revolta

Anexo 2 - Fotografia da Marinha Brasileira

Anexo 3 - Estátua de João Cândido, localizada no Rio de Janeiro

Anexo 4 - Recorte do jornal "Correio da Manhã", 1910

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