A Guerra de Canudos ocorreu no arraial de Canudos, sertão da Bahia,
entre 1896 e 1897. Na época o sertão da Bahia estava em crise, os engenhos haviam entrado em decadência, havia tido o fim da escravidão e em 1878 a terrível seca, que só no ceara, matou 100 mil pessoas. Foi nesse período que um nômade chamado Antônio Maciel, mais conhecido como Antônio Conselheiro, se tornou um polo de atração para as populações marginalizadas do Nordeste. Em 1890 ele já tinha 8 mil seguidores, e criou uma comunidade chamada Arraial dos canudos. Em pouco tempo, o lugar reuniu 25.000 pessoas constituindo, segundo os latifundiários, em foco de monarquistas que desejavam derrubar a recém-instaurada república. No entanto, os sertanejos apenas se dirigiam ao local em busca de melhores condições de vida. Por volta de 1893, reuniu-se no arraial de Canudos, às margens do rio Vaza-Barris, na Bahia, um grupo de fiéis, seguidores de Antônio Conselheiro. Os beatos ou conselheiros caminhavam pelo sertão, pregando uma forma de catolicismo popular e eram seguidos por dezenas de fiéis. Por isso, também eram vistos como ameaça pela Igreja Católica. Para os sertanejos, o arraial era a “terra prometida”. Porém, para os padres que perdiam fiéis, e os proprietários de terra que perdiam seus trabalhadores, era um “reduto de fanáticos” que devia ser eliminado. Padres e coronéis pressionaram o governador da Bahia para destruir o Arraial. Este enviou duas expedições militares que foram vencidas pelos homens de Conselheiro. O vice-presidente Manuel Vitorino, enviou a terceira expedição, comandada pelo coronel Moreira César. Para o governo era uma questão de honra militar e nacional aniquilar os “fanáticos”. Contudo essa expedição foi derrotada e Moreira César morto em combate. Prudente de Moraes ordenou ao ministro da Guerra, marechal Bitencourt, que embarcasse para a Bahia e assumisse o controle direto das operações. Foi então organizada nova expedição, com mais de 5000 homens sob o comando do general Artur Oscar, com a ordem de destruir Canudos. Após intenso bombardeio de canhão, a missão foi cumprida. Canudos foi totalmente destruído em 5 de outubro de 1897. Guerra do Contestado
A Guerra do Contestado foi um conflito ocorrido na fronteira dos estados do
Paraná e Santa Catarina, entre os anos de 1912 e 1914, envolvendo a disputa de terras naquela região rica em erva-mate e por onde seria construída a estrada de ferro ligando São Paulo ao Rio Grande do Sul. Logo após a inauguração da estrada de ferro, os trabalhadores foram dispensados das obras e perderam suas terras, que foram doadas para a empresa Brazil Railway Company. Isso revoltou os trabalhadores, que, orientados por José Maria, iniciaram um levante armado para contestar (por isso o nome da guerra) a decisão tomada. José Maria declarou a comunidade em que ele e seus seguidores moravam como “governo independente” e se declarou antirrepublicano. O coronel Francisco Albuquerque temia a perda do comando da região e enviou um telegrama ao governo paranaense para que este enviasse tropas e derrotasse o levante, logo visto como monárquico. O presidente da república marechal Hermes da Fonseca, de acordo com a sua política das salvações (intervindo militarmente nos estados para derrotar seus inimigos), enviou tropas para região no intuito de derrotar a comunidade de José Maria." Com o agravamento da situação, o governo federal, com os dois estados, enviou tropas com muitas armas para derrotarem os inimigos, mas não obtiveram êxito. Logo nos primeiros confrontos, José Maria foi assassinado, mas sua mensagem permaneceu viva entre seus seguidores, o que os motivou a continuarem na luta. "Depois de inúmeros confrontos com mortes e violência e após o uso de armamentos pesados e aviões de artilharia, as tropas federais conseguiram derrotar os seguidores de José Maria do Santo Agostinho em 1916. Revolta da Vacina
A Revolta da Vacina foi uma rebelião popular contra a vacina anti-varíola,
ocorrida no Rio de Janeiro, em novembro de 1904. Quando o presidente Rodrigues Alves assumiu o governo, em 1902, nas ruas da cidade do Rio de Janeiro acumulavam-se toneladas de lixo. Desta maneira, o vírus da varíola se espalhava. Proliferavam ratos e mosquitos transmissores de doenças fatais como a peste bubônica e a febre amarela, que matavam milhares de pessoas anualmente. Decidido a reurbanizar e sanear a cidade, Rodrigues Alves nomeou o engenheiro Pereira Passos para prefeito e o médico Oswaldo Cruz para Diretor da Saúde Pública. Com isso, iniciou a construção de grandes obras públicas, o alargamento de ruas, avenidas e o combate às doenças. A reurbanização no entanto, sacrificou as camadas mais pobres da cidade, que foram desalojadas, pois tiveram seus casebres e cortiços demolidos. A população foi obrigada a mudar para longe do trabalho e para os morros, incrementando a construção das favelas. Como resultado das demolições, os aluguéis subiram de preço deixando a população cada vez mais indignada. Era necessário combater o mosquito e o rato, transmissores das principais doenças. Por isso, o intuito central da campanha era precisamente acabar com os focos das doenças e o lixo acumulado pela cidade. Primeiro, o governo anunciou que pagaria a população por cada rato que fosse entregue às autoridades. O resultado foi o surgimento de criadores desses roedores a fim de conseguirem uma renda extra. Contudo, a campanha de saneamento realizava-se com autoritarismo, onde as casas eram invadidas e vasculhadas. Num tempo onde as pessoas se vestiam cobrindo todo o corpo, mostrar os seus braços para tomar a vacina foi visto como "imoral". Assim, a insatisfação da população contra o governo foi generalizada, desencadeando "A Revolta da Vacina". O médico Oswaldo Cruz (1872-1917), contratado para combater as doenças, impôs vacinação obrigatória contra a varíola, para todo brasileiro com mais de seis meses de idade. Políticos, militares de oposição e a população da cidade se opuseram à vacina. Agitadores incitavam a massa urbana a enfrentar os funcionários da Saúde Pública que, protegidos pelos policiais, invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força. Os mais radicais pregavam a resistência à bala, alegando que o cidadão tinha o direito de preservar o próprio corpo e não aceitar aquele líquido desconhecido. Entre 10 e 16 de novembro de 1904, as camadas populares do Rio de Janeiro saíram às ruas para enfrentar os agentes da Saúde Pública e a polícia. O centro do Rio de Janeiro foi transformado numa praça de guerra com bondes derrubados, edifícios depredados e muita confusão na Avenida Central (atual Avenida Rio Branco). A revolta popular teve o apoio de militares que tentaram usar a massa insatisfeita para derrubar, sem sucesso, o presidente Rodrigues Alves. O movimento rebelde foi dominado pelo governo, que prendeu e enviou algumas pessoas para o Acre. Em seguida, a Lei da Vacina Obrigatória foi modificada, tornando facultativo o seu uso. Revolta da Chibata
A Revolta da Chibata foi organizada pelos marinheiros brasileiros que
estavam em navios atracados na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Esse motim dos marinheiros aconteceu entre os dias 22 e 27 de novembro de 1910 e teve como principal razão a insatisfação dos marinheiros com os castigos físicos a que eram sujeitos: as chibatadas. Ficou extremamente conhecida por ter sido uma reação dos marinheiros brasileiros aos castigos físicos a que eram sujeitos. A Marinha brasileira tinha como prática na época o uso da chibatada como forma de punição de seus marinheiros caso violassem o código de conduta da corporação. O uso das chibatadas era dedicado aos marinheiros que ocupavam uma posição mais baixa na hierarquia da Marinha (em geral, os cargos mais baixos da Marinha eram ocupados por negros e mestiço). A insatisfação dos marinheiros com as chibatadas existia já havia um tempo, inclusive, pouco antes do motim. O estopim que levou ao início do movimento ocorreu com a punição dada para Marcelino Rodrigues Menezes – punido com 250 chibatadas. A Revolta da Chibata, no entanto, não aconteceu somente pela insatisfação com os castigos físicos, mas manifestou a insatisfação dos marinheiros, todos pertencentes às classes baixas, com o racismo existente na corporação e com a desigualdade da sociedade. Foi no dia 22 de novembro de 1910 que os marinheiros rebelaram-se e tomaram o controle de diferentes encouraçados da Marinha: Minas Gerais, São Paulo, Bahia, além de um navio-patrulha chamado Deodoro. Os marinheiros tomaram o controle das embarcações e afirmavam que, se as autoridades não decretassem o fim dos castigos físicos, a cidade do Rio de Janeiro seria bombardeada. O líder dos marujos revoltosos foi João Cândido, que recebeu a alcunha de Almirante Negro. O manifesto dos marinheiros foi considerado um documento muito bem escrito e nele os marinheiros faziam uma série de reivindicações como, a substituição de oficiais, aumento do soldo, fim dos castigos físicos e melhor tratamento na marinha brasileira, etc. O governo brasileiro aceitou as condições dos marinheiros e prometeu-lhes anistia caso colocassem fim à revolta. Assim, os marinheiros revoltosos entregaram as embarcações para seus oficiais no dia 26 de novembro de 1910. No entanto, a promessa feita pelo governo brasileiro não foi mantida e, no dia 4 de dezembro de 1910, veio a resposta do governo aos revoltosos. Ao todo, o governo brasileiro prendeu 22 marujos e enviou-os para a Ilha das Cobras, local onde foram aprisionados e torturados. Além dos marinheiros que foram presos e torturados na Ilha das Cobras, outros marujos foram fuzilados e muitos foram enviados para o Acre, onde foram obrigados a trabalhar nos seringais da região. Escola Estadual Professora Maria Machado