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Revolta da Chibata e João Cândido, o

almirante negro

João Cândido e revoltosos em protesto durante a Revolta da Chibata.


Créditos: autoria desconhecida.
A Revolta da Chibata foi uma manifestação militar na Marinha do
Brasil. A revolta aconteceu entre os dias 22 e 27 de novembro de
1910 na então capital do Brasil, o Rio de Janeiro.

Dentre as principais causas da Revolta da Chibata, podemos citar a


luta contra os baixos salários, os inaceitáveis castigos físicos e as
péssimas condições de trabalho.

Nesse artigo, você vai conhecer mais detalhes sobre a Revolta da


Chibata e sobre o seu respeitável líder, João Cândido, também
conhecido como o Almirante Negro.

SUMÁRIO
1 Entenda o contexto histórico da Revolta da Chibata

⠀⠀1.1 O choque de realidade: navios brasileiros x navios ingleses

2 O motim: começa a Revolta da Chibata!


⠀⠀2.1 Tomada dos navios

⠀⠀2.2 Exigências e bombardeio do Rio de Janeiro

3 Fim da Revolta da Chibata

4 Governo Lula e Marinha Brasileira

Referências

1 ENTENDA O CONTEXTO HISTÓRICO DA


REVOLTA DA CHIBATA
Na época em que ocorreu a Revolta da Chibata, os marinheiros da
Marinha do Brasil eram negros escravizados recém-libertados. Para
sobreviver após a abolição, submetiam-se ao ofício remunerado com
baixos salários, além de uma rotina de trabalho precária e pesada.

Qualquer pessoa que demonstrava estar insatisfeito, recebia como


punição algum dos castigos físicos. Dentre esses castigos, o mais
comum era a chibatada.

Na maioria das forças armadas do mundo, os castigos físicos, naquela


época, não eram mais permitidos. Porém, no Brasil, aquela prática
ainda era constante.

A insatisfação dos marujos aumentou após os oficiais terem recebido


aumento salarial. Vejam bem, os oficiais receberam. Os marinheiros
não.

Assim, foram dois os motivos que fizeram alguns marinheiros


começarem a organizar um protesto: a criação de uma nova tabela de
serviços que não chegava ao alto escalão e os baixos salários dos
marinheiros.

Vale ressaltar que, na época, o governo brasileiro havia encomendado


dois encouraçados: o “São Paulo” e o “Minas Gerais”, ambos os
navios de construção britânica.
O líder da Revolta da Chibata, João Cândido (à esquerda do homem
com terno escuro), com repórteres, oficiais e marinheiros a bordo do
Minas Gerais. Créditos: autoria desconhecida.

1.1 O choque de realidade: navios brasileiros x navios ingleses

Os marinheiros brasileiros que foram à Inglaterra para que


recebessem treinamento para manuseio e manutenção das novas
embarcações ficaram surpresos com o tratamento dado pela Royal
Navy (Marinha Real Britânica) aos seus marinheiros.

Nos navios ingleses simplesmente não existiam as punições corporais


nem distinções salariais gritantes como no caso brasileiro, havia um
grande respeito e organização sem comparação.

O silêncio e a profissionalização da tripulação britânica também era


notável, como Napoleão Bonaparte já atestara um século antes.

2 O MOTIM: COMEÇA A REVOLTA DA CHIBATA!


Foi na madrugada do dia 22 de novembro de 1910, que ocorreu a
rebelião, começada pelos marinheiros do encouraçado “Minas Gerais”.
O estímulo partiu quando os marinheiros presenciaram o castigo do
marujo Marcelino Rodrigues Menezes. Marcelino foi açoitado até
desmaiar, levando 250 chibatadas por ter agredido um oficial.

O normal era um marujo receber 25 chibatadas.

Manchete do Correio da Amanhã. Créditos: Correio da Manhã.


2.1 Tomada dos navios

Depois que o comandante do encouraçado “Minas Gerais” saiu para


jantar, os marinheiros se apoderaram da embarcação. Quem
comandava o protesto era João Cândido Felisberto.

Quando o comandante voltava para sua embarcação, a fuzilaria o


impediu. Tentando acabar com a revolta, o comandante acabou
morrendo. Dois oficiais que não aceitaram abandonar o navio, também
morreram.

Na mesma noite, a embarcação “São Paulo” também se juntou


a Revolta da Chibata. Nos outros dias, mais encouraçados aderiram
ao protesto, como o “Bahia” e o “Deodoro”.

2.2 Exigências e bombardeio do Rio de Janeiro


Para mostrarem que a revolta era séria, os rebeldes bombardearam a
cidade do Rio de Janeiro. Na época, o Presidente Hermes da
Fonseca, havia acabado de tomar posse e já enfrentava sua primeira
crise.

Os revoltosos solicitavam em carta ao governo melhores condições de


trabalho e alimentação. Além disso, também pediam aumento de
salário e anistia para todos que estavam envolvidos na revolta.

No dia 26 de novembro, o presidente Hermes da Fonseca concordou


com as reinvindicações, encerrando o primeiro episódio da revolta.

Ao lado de um dos
Marinheiros, João Cândido lê o manifesto da Revolta: fim dos castigos
corporais, 1910. Créditos: autoria desconhecida.

3 FIM DA REVOLTA DA CHIBATA


Mesmo tendo prometido acatar as reinvindicações, o presidente não
cumpriu. Dois dias depois do “fim” da Revolta da Chibata, foi
decretado “estado de sítio”. Muitos marinheiros foram presos e
mortos por terem participado da Revolta.

João Cândido sobreviveu, sendo levado para um hospital


psiquiátrico. Em 1912 ele foi julgado, sendo considerado inocente.
Porém, em vida, o Almirante Negro não foi anistiado e não recebeu
pensão ou indenização por parte da marinha. João Cândido morreu
pobre e esquecido no hospital Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, em
1969.

João Cândido entrega o comando do Minas Gerais ao capitão Pereira


Leite. Créditos: Acervo Marco Moral.

O líder da Revolta da Chibata, João Cândido (primeira fileira, à esquerda do homem com terno escuro), com
repórteres, oficiais e marinheiros a bordo do Minas Geraes em 26 de novembro de 1910.

Data 22 de novembro a 26 de novembro de 1910


Local Rio de Janeiro, Brasil
Desfecho Anistia e posterior repressão aos rebeldes
Fim do uso de castigo corporal na Marinha
Demissão e prisão de centenas de marinheiros
Combatentes

Marinheiros revoltosos Governo do


Brasil

Líderes e comandantes

João Cândido Felisberto Hermes da


Fonseca
(Presidente da
República)
Joaquim
Marques
Batista de
Leão
(Ministro da
Marinha)

Forças

Entre 1 500 e 2 000 marinheiros Força


Navios: Minas Geraes, São humana
Paulo, Bahia, Deodoro, República, Benjamin desconhecida
Constant, Tamoio e Timbira Navios: Rio
Grande do
Sul, Barroso e
oito novos
destróieres
da classe Pará

Marinheiros brasileiros pardos e pretos posam para um fotógrafo a bordo do Minas Geraes, como
parte de uma série de fotografias provavelmente tomadas durante a visita do navio aos Estados
Unidos no início de 1913.
Monumento homenageando João Cândido na Praça XV, Rio de Janeiro

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