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LITERATURA

Modernismo II
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MODERNISMO II

O modernismo no Brasil teve três fases:

• a Fase I, que foi de 1922 - 1930


• A Fase II, de 1930 - 1945
• A Fase III, a geração de 45

Na segunda fase, cujo principal expoente é o poeta Carlos Drummond de Andrade,


surgem também grandes nomes como Cecília Meirelles, Vinícius de Moraes, Augusto Fede-
rico Schmidt, é o momento de consolidação da linguagem do modernismo. Outra coisa que
surge é a prosa, com bastante força no Nordeste brasileiro, fazendo nascer o regionalismo,
que é chamado de neorrealismo de 30 porque ele volta a representar o homem e o meio. A
grande força do Romance de 30 no Brasil é o romance nordestino de cunho realista. Entre
seus principais autores, temos:

1. José Américo de Almeida (1887-1980)

O seu romance A Bagaceira (1928) é considerado o marco inicial do neorrealismo de


30, mais por sua temática (a seca, a vida dos engenhos, o retirante, o jagunço) do que por
qualidades intrínsecas.

2. Graciliano Ramos (1892-1953)

É o maior romancista brasileiro da década de 30 e do Modernismo. Sua obra é marcada


por unir técnicas precisas de representação da consciência (utiliza muito o discurso indireto-
-livre) e a temática social e política ligada ao Nordeste e, metonimicamente, ao Brasil. Seus
principais romances são Caetés, Angústia, Vidas Secas e São Bernardo.

COMENTÁRIO
Vidas Secas é a obra mais cobrada em exames. Tem uma forma própria de ser construída,
pois seus capítulos não seguem uma ordem cronológica.
5m
O romance São Bernardo mostra a representação, a consciência de uma pessoa reificada,
que é o Paulo Honório. Reificada vem da palavra ‘res’ que significa coisa, portanto, coisificada.
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Membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Graciliano nos deixou também as memó-
rias de sua passagem pela prisão política do governo Vargas, durante o Estado Novo (1937-
1945), período de caráter fascista. Trata-se da obra Memórias do Cárcere, publicada pos-
tumamente em 1953.

3. Raquel de Queirós (1910-2003)

Raquel de Queirós publicou três romances que traduziam bem o neorrealismo da prosa
de 30: O Quinze (1930); João Miguel (1932) e Caminho de Pedras (1937).

COMENTÁRIO
O Quinze vai narrar a seca de 1915 do Nordeste. É um livro que marca a literatura brasileira.

4. José Lins do Rego (1901-1957)

José Lins foi o romancista do “ciclo da cana de açúcar” da região canavieira da Paraíba
e de Pernambuco.
O ciclo inicial de sua obra é formado pelos romances Menino de Engenho (1932), Doidinho
(1933), Banguê (1934), O Moleque Ricardo (1935) e Usina (1936), misturando reflexão e memó-
ria. Outras obras importantes: Pedra Bonita (1938); Riacho Doce (1939); Fogo Morto (1943).

5. Jorge Amado (1912-2001)

É o autor mais francês da Literatura Brasileira. Quer dizer, foi o autor que exportou a
Bahia e um certo gosto exótico pelo antropológico, principalmente para a França. E, por isso,
foi também dos mais queridos pelo gosto popular no Brasil.
10m
Esquerdista atuante, foi amigo e trouxe ao Brasil Jean Paul Sartre. Mais tarde, desco-
berto pela dramaturgia da Rede Globo e do cinema, teve várias obras transpostas para a
tela: Tieta do Agreste; Dona Flor e seus Dois Maridos; Gabriela, cravo e canela; Tenda dos
Milagres; Capitães de Areia; A morte e a morte de Quincas Berro D’Água; entre outros.
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6. Érico Veríssimo (1905-1975)

É regionalista, mas não é nordestino. É o grande romancista do Rio Grande do Sul. Tra-
dutor de Aldous Huxley, utilizou sua técnica do contraponto para compor a grande saga do
povo gaúcho (O Tempo e o Vento), contrapondo crônica de costumes e notação intimista.
Escreveu também Clarissa (1933); Olhai os lírios do campo (1938); Incidente em Antares
(1971), Solo de clarineta (memórias, 2 vol., 1973-76 ), entre outros.

6.4.4. O Romance Intimista de 30

Há uma linha do romance da década de 30 que ficou esquecida por algum tempo, mas que
retorna ao quadro geral do Modernismo graças ao trabalho da crítica mais recente. É o chamado
Romance Intimista da década de 1930, cujos principais autores são Cornélio Pena, Octávio
de Faria, José Geraldo Vieira, Dyonélio Machado, Ciro dos Anjos e Lúcio Cardoso.
15m

6.4.5. A crônica

O modernismo se aproximou do jornalismo e a linguagem poética se uniu à jornalística


para produzir um gênero muito festejado nos jornais e revistas, a crônica.

COMENTÁRIO
O maior cronista do século XIX, no Brasil, é Machado de Assis. Esse autor deixou uma
obra imensa, o livro Balas de Estalo e uma centena de crônicas publicadas em jornais.
A partir do modernismo, esse gênero teve uma maior explosão.

Tivemos diversos cronistas, entre os mais famosos podemos citar: Paulo Mendes Campos,
Carlos Drummond de Andrade, João do Rio (também grande contista e escritor brasileiro),
e o grande Rubem Braga (1913-1990), nosso mais notável cronista. Obras principais de
Rubem Braga: O Conde e o Passarinho (1936); O Morro do Isolamento (1944); Com a Feb
na Itália (1945); Um Pé de Milho (1948); O Homem Rouco (1949); 50 Crônicas Escolhidas
(1951); Ai de ti, Copacabana (1960); entre outras.
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6.4.6. O Teatro

Grande autor de peças teatrais no Modernismo brasileiro foi Oswald de Andrade. Mas
o nome que mais se destacou no teatro modernista foi Nelson Rodrigues (1912-1980).
Suas principais peças são O beijo no asfalto, Vestido de Noiva, A falecida, a mulher sem
pecado, entre outras.
20m

A Terceira Fase (Geração de 45)

É a geração que quis se contrapor às conquistas formais de liberação (verso livre, verso
branco, prosaísmo, etc.) vindas da Geração de 22, retomando uma poesia mais medida for-
malmente, motivo por que muitos a chamaram de Neoparnasiana.

João Cabral de Melo Neto (1920-1999)

A poesia de João Cabral, em um primeiro momento, se confunde com a tendência conserva-


dora da Geração de 45. Mas isso se dá mais por uma questão cronológica do que técnica e formal.
Mesmo que Cabral seja um autor que se valha do rigor formal, seu rigor não é clássico
nem parnasiano e não segue cartilhas. Seu rigor é o de uma obra que inventa um princípio
inventivo concreto e inovador e o segue na construção de si e do mundo.
O rigor de Cabral vem de sua visão de que a poesia é a construção de um objeto con-
creto, uma poesia que muitos chamaram objetual (não é objetiva).
Cabral constrói um objeto de representação na e pela linguagem, por exemplo, o sertão,
a caatinga. Mas na verdade ele não está querendo falar de seca do sertão ao falar da seca.
Ele está mostrando na seca um processo de representação em que ele seca a linguagem
para criar uma linguagem concreta da seca. Uma linguagem seca da seca. Ou uma lingua-
gem suja do sujo. Uma linguagem concreta da falta.
25m
É o que acontece, só para citar um exemplo, com O Cão sem Plumas. Esse título é uma
“metáfora crítica”, como falou João Alexandre Barbosa, da poesia de Cabral. Sua concre-
tude vem do fato de que cão não tem plumas objetivamente. Mas Cabral tira (sem plumas)
do signo (cão) o que ele realmente não tem, criando uma relação de linguagem (metáfora)
com o real, pois, se eu tiro de algo (objeto) o que ele não tem, eu represento a falta da falta
(metáfora intensificada e crítica da seca, falta, miséria do Rio Capibaribe).
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O cão sem plumas

II –
(Paisagem do Capibaribe)
Entre a paisagem
o rio fluía
como uma espada de líquido espesso.
Como um cão
humilde e espesso.

Entre a paisagem
(fluía)
de homens plantados na lama;
de casa de lama
plantadas em ilhas coaguladas na lama;
paisagem de anfíbios
de lama e lama.

Como o rio
aqueles homens
são como cães sem plumas
(um cão sem plumas
é mais
Trecho que traz a metalinguagem
que um cão saqueado;
é mais que um cão assassinado.
Um cão sem plumas
é quando uma árvore sem voz.
É quando de um pássaro
suas raízes no ar.
É quando a alguma coisa
roem tão fundo
até o que não tem).
30m
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Em um primeiro momento de sua poesia, Cabral ainda não tinha essa racionalidade con-
creta. Em seus dois primeiros livros, Pedra do sono (1940-1) e Os três mal amados (1943),
ainda é presente a força do inconsciente e da subjetividade vindos da poesia surrealista de
Murilo Mendes.

COMENTÁRIO
Cabral pega do surrealismo a imagética, mas ele não quer mais o inconsciente. É uma
prática muito comum em Cabral; ele descasca os movimentos. Quer a plasticidade do mo-
vimento surrealista, as imagens criadas pela poesia, mas ao contrário do surrealismo ele
racionaliza o processo de construção dessas imagens.

Poema

Meus olhos têm telescópios espiando a rua,


Irracional surrealista
espiando minha alma
longe de mim mil metros.

Mulheres vão e vêm nadando


em rios invisíveis.
Automóveis como peixes cegos
compõem minhas visões mecânicas.
Há vinte anos não digo a palavra
que sempre espero de mim.
Ficarei indefinidamente contemplando
meu retrato eu morto.

(Pedra do sono)

Logo depois, em seu terceiro e quarto livros, O engenheiro (1942-1945) e Psicologia


da Composição (1946-1947), Cabral define o solar, a razão, como força criadora de sua
poesia, negando a subjetividade e a lírica, calcada no tripé musicalidade – subjetividade -
idealidade. Cabral chama sua poesia de antilírica por negar, em sua obra Psicologia da
Composição, a musicalidade (no poema “Fábula de Anfion”), a subjetividade (no poema
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“Psicologia da Composição”) e a idealidade (no poema “Antiode”). Por isso, esse livro é cha-
mado por Benedito Nunes de “o tríptico da negatividade”.

Psicologia da composição

I
Saio do meu poema
Como quem lava as mãos
Algumas conchas tornaram-se,
que o sol da atenção
cristalizou; alguma palavra
que desabrochei, como a um pássaro.

Talvez alguma concha


dessas (ou pássaro) lembre,
côncava, o corpo do gesto
extinto que o ar já preencheu;

talvez, como a camisa


vazia, que despi.

O primeiro verso de “Psicologia da composição” tem um verbo na primeira pessoa do


singular (“saio” – eu) que indica a saída do eu e da subjetividade. Logo depois justapõem-se
imagens de ausência. As imagens são o sujeito do sentido da falta do sujeito, da ausência.
Outro aspecto importante da poesia de Cabral é sua preocupação social. Por isso e
por sua preocupação formal, é chamado por Haroldo de Campos de “geômetra engajado”
(pois tem rigor na forma construtiva como um engenheiro e tem engajamento social). Essa
sua preocupação política começa no quinto livro, O cão sem plumas, pois nos primeiros ele
estava definindo sua forma. O rigor e o engajamento formam o que o próprio autor chamou
de “duas águas” de sua poesia.
Além disso, Cabral usa os objetos e as paisagens para descascar a metalinguagem de
sua poesia. (AS BANCAS ADORAM ESSA VERTENTE METALINGUÍSTICA DE CABRAL).
Leia alguns desses poemas.
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Tecendo a Manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã:


ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro: de outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo
para que a manhã, desde uma tela tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,


se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.

DIRETO DO CONCURSO
1. (ITA /2009) Na obra Quaderna (1960), João Cabral de Melo Neto incluiu um conjunto
de textos, intitulado “Poemas da cabra”, cujo tema é o papel desse animal no universo
social e cultural nordestino. Um desses poemas é reproduzido ao lado:
35m

Um núcleo de cabra é visível


em certos atributos roucos
que têm as coisas obrigadas
a fazer de seu corpo couro.

A fazer de seu couro sola.


a armar-se em couraças, escamas:
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como se dá com certas coisas


e muitas condições humanas.

Os jumentos são animais


que muito aprenderam da cabra.
O nordestino, convivendo-a,
fez-se de sua mesma casta.

Acerca desse poema, não se pode afirmar que:


a. o poeta vê a cabra como um animal forte e que influencia outros seres que vivem em
condições adversas.
b. aquilo que a cabra parece ensinar aos demais seres é a resignação e a paciência
diante da adversidade.
c. a cabra oferece uma espécie de modelo comportamental para aqueles que precisam
ser fortes para enfrentar uma vida dura.
d. a cabra é um animal resistente ao meio hostil em que vive, assim como outros ani-
mais também o são, como o jumento.
e. há no poema uma aproximação entre a cabra e o homem nordestino, pois ambos são
fortes e resistentes.

COMENTÁRIO
A Cabra ensina ao homem nordestino a força e a resistência. Mostra a sua pedagogia de
ser forte para conviver com o meio, que é a seca.

GABARITO
1. b

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Mauricio Lemos Izolan.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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