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Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte Chegando à primeira canhada encoberta, realizava-se
anos, o amor da Pátria tomou-o todo inteiro. Não fora uma cena vulgar. Os soldados impunham
o amor comum, palrador e vazio; fora um sentimento invariavelmente à vítima um viva à República, que era
sério, grave e absorvente. [...] o que o patriotismo o poucas vezes satisfeito. Era o prólogo invariável de
fez pensar, foi num conhecimento inteiro de Brasil. [...] uma cena cruel. Agarravam-na pelos cabelos,
Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto dobrando-lhe a cabeça, esgargalando-lhe o pescoço;
em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no e, francamente exposta a garganta, degolavam-na.
Pará. Errava quem quisesse encontrar nele qualquer Não raro a sofreguidão do assassino repulsava esses
regionalismo: Quaresma era antes de tudo brasileiro. preparativos lúgubres. O processo era, então, mais
expedito: varavam-na, prestes, a facão. Um golpe
BARRETO, Lima. Triste fi m de Policarpo Quaresma. único, entrando pelo baixo ventre. Um destripamento
São Paulo: Ciranda Cultural, 2007. rápido... Tínhamos valentes que ansiavam por essas
I. Esse fragmento de Triste fim de Policarpo Quaresma covardias repugnantes, tácita e explicitamente
ilustra uma das características mais marcantes do Pré- sancionadas pelos chefes militares. Apesar de três
Modernismo: o nacionalismo ufanista e exagerado, séculos de atraso, os sertanejos não lhes levavam a
herdado do Romantismo. palma no estadear idênticas barbaridades.
A degolação era, por isto, infinitamente mais prática,
dizia-se nuamente. Aquilo não era uma campanha, era
uma charqueada. Não era a ação severa das leis, era a
vingança. Dente por dente. Devia-se queimar. Devia-se
degolar. A repressão tinha dois polos – o incêndio e a
faca.
CUNHA, Euclides da. Os sert›es. Rio de Janeiro: Francisco Alves,
1979.
Correspondente do jornal Província de São Paulo, Almanach do Biotônico. Sua efetiva contribuição,
Euclides da Cunha foi enviado para cobrir os porém, viria com a adaptação para a publicidade de
acontecimentos da Guerra de Canudos, na Bahia, seu controvertido personagem “Jeca Tatuzinho”.
registrando-os na obra Os sertões. O fragmento citado Capitalizado para alavancar a campanha contra a
busca preservar a memória desse momento, sendo verminose (promovendo a Ankilostomina e o próprio
correto reconhecer nele que: Biotônico Fontoura), foi lançado em livreto (no
a) mesmo resistentes a várias investidas militares, os princípio dos anos 1920), transformando-se em
sertanejos foram aniquilados pelas tropas compostas sucesso imediato.
por defensores do regime monarquista. GOMES, Mario Luiz. Vendendo saúde! Revisitando os antigos
b) a execução dos sertanejos ultrapassou a aplicação almanaques de farmácia. História, ciências, saúde – Manguinhos,
v. 13, n. 4. Rio de Janeiro, out./dez. 2006. Disponível em:
das leis punitivas de atitudes antirrepublicanas, <www.scielo.br>. Acesso em: 20 de março de 2018.
configurando um massacre vingativo.
c) identifica o sucesso do movimento republicano pela
justa condução das ações militares contra os
conselheiristas de Canudos.
d) a escolha linguística de Euclides da Cunha para
narrar os fatos finais da guerra salienta a prática
incomum dos militares ao massacrar rebelados.
e) ressalta a identidade violenta dos soldados e chefes
diante dos rebelados, visando à extinção cruel com
uso do incêndio e da faca.
QUESTÃO 04 (PUC-SP)
Em um dos seus primeiros artigos, no qual foi criada a
personagem Jeca Tatu, Monteiro Lobato escreveu:
Esboroou-se o balsâmico indianismo de Alencar ao Considerando texto, contexto e propaganda, assinale a
advento dos Rondons. [...] Não morreu, todavia. alternativa que traduz o pensamento de Monteiro
Evoluiu. O indianismo está de novo a deitar copa, de Lobato
nome mudado. Crismou-se de “caboclismo”. O cocar naquele momento histórico.
de penas de arara passou a chapéu de palha rebatido a) A figura de Jeca Tatu é uma metáfora do caipira
à testa; [...] Mas o substrato psíquico não mudou: brasileiro, atrasado e doente.
orgulho indomável, independência, fi dalguia, b) A propaganda do Ankilostomina Fontoura valoriza a
coragem, virilidade heroica, todo o recheio em suma, personagem caipira do Jeca Tatu.
sem faltar uma azeitona, dos Peris e Ubirajaras. c) Jeca Tatu está em consonância com os objetivos da
LOBATO, Monteiro. Urup•s. 15. ed. São Paulo: Brasiliense, 1969. sociedade moderna do início do século XX.
d) Jeca Tatu retrata a industrialização de São Paulo e a
A comparação de caboclismo com indianismo, feita massa operária em formação.
por e) Monteiro Lobato retrata, por meio do Jeca, a
Lobato no trecho citado, objetivava criticar, nessas integração entre o rural e o urbano.
correntes literárias, uma visão do índio e do caboclo
que se caracterizava pela: QUESTÃO 06 (Uespi) Assinale a alternativa correta a
respeito da prosa brasileira dos primeiros vinte anos
a) animalização. do século XX.
b) ridicularização. a) Euclides da Cunha publicou em 1902 sua obra
c) idealização. monumental, Os sertões, romance que narra a
d) socialização. trajetória de uma família de retirantes, vítima do
e) marginalização. flagelo da seca.
b) Nos seus romances, Lima Barreto enfocava a voz
QUESTÃO 05 +Enem [H15] Leia o texto e a propaganda das
que seguem. minorias sociais, num estilo livre que, aos olhos dos
parnasianos, não primava pela correção.
Monteiro Lobato foi o intelectual mais importante c) Monteiro Lobato preocupou-se com as condições
para sociais e materiais do sertanejo, resultando disso a
a história da propaganda nos almanaques de farmácia. postura crítica assumida pelo romancista.
Amigo pessoal do farmacêutico e industrial Cândido d) Graça Aranha foi um dos artistas e intelectuais mais
Fontoura, foi o responsável pela idealização – e respeitados da época em questão. Seu romance Canaã
confecção – do exemplar inaugural (1920) do
relata um fato bíblico, opção muito elogiada pelos e) apenas I e II estão corretas.
parnasianos de então.
e) Nas duas primeiras décadas do século XX, não QUESTÃO 02 Considere o fragmento que segue,
houve nenhum escritor que tenha ousado, pela retirado de Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima
literatura, confrontar o regime republicano vigente na Barreto, para responder à questão.
época.
Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte
anos, o amor da Pátria tomou-o todo inteiro. Não fora
o amor comum, palrador e vazio; fora um sentimento
sério, grave e absorvente. [...] o que o patriotismo o
fez pensar, foi num conhecimento inteiro de Brasil. [...]
Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto
em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no
Pará. Errava quem quisesse encontrar nele qualquer
regionalismo: Quaresma era antes de tudo brasileiro.
Está(ão) correta(s):
a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.
e) I, II e III.
QUESTÃO 04 (PUC-SP)
Em um dos seus primeiros artigos, no qual foi criada a
personagem Jeca Tatu, Monteiro Lobato escreveu:
Esboroou-se o balsâmico indianismo de Alencar ao
Considerando texto, contexto e propaganda, assinale a
advento dos Rondons. [...] Não morreu, todavia.
alternativa que traduz o pensamento de Monteiro
Evoluiu. O indianismo está de novo a deitar copa, de
Lobato
nome mudado. Crismou-se de “caboclismo”. O cocar
naquele momento histórico.
de penas de arara passou a chapéu de palha rebatido
a) A figura de Jeca Tatu é uma metáfora do caipira
à testa; [...] Mas o substrato psíquico não mudou:
brasileiro, atrasado e doente.
orgulho indomável, independência, fi dalguia,
b) A propaganda do Ankilostomina Fontoura valoriza a
coragem, virilidade heroica, todo o recheio em suma,
personagem caipira do Jeca Tatu.
sem faltar uma azeitona, dos Peris e Ubirajaras.
LOBATO, Monteiro. Urup•s. 15. ed. São Paulo: Brasiliense, 1969.
c) Jeca Tatu está em consonância com os objetivos da
sociedade moderna do início do século XX.
A comparação de caboclismo com indianismo, feita d) Jeca Tatu retrata a industrialização de São Paulo e a
por massa operária em formação.
Lobato no trecho citado, objetivava criticar, nessas e) Monteiro Lobato retrata, por meio do Jeca, a
correntes literárias, uma visão do índio e do caboclo integração entre o rural e o urbano.
que se caracterizava pela:
QUESTÃO 06 (Uespi) Assinale a alternativa correta a
a) animalização. respeito da prosa brasileira dos primeiros vinte anos
b) ridicularização. do século XX.
c) idealização. a) Euclides da Cunha publicou em 1902 sua obra
d) socialização. monumental, Os sertões, romance que narra a
e) marginalização. trajetória de uma família de retirantes, vítima do
flagelo da seca.
b) Nos seus romances, Lima Barreto enfocava a voz
das
minorias sociais, num estilo livre que, aos olhos dos
parnasianos, não primava pela correção.
c) Monteiro Lobato preocupou-se com as condições
sociais e materiais do sertanejo, resultando disso a
postura crítica assumida pelo romancista.
d) Graça Aranha foi um dos artistas e intelectuais mais
respeitados da época em questão. Seu romance Canaã
relata um fato bíblico, opção muito elogiada pelos
parnasianos de então.
e) Nas duas primeiras décadas do século XX, não
houve nenhum escritor que tenha ousado, pela
literatura, confrontar o regime republicano vigente na
época.