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-contra–
1. DEVALMIR MOLINA GONÇALVES, brasileiro, casado, atual prefeito de
Terra Rica -PR, residente na cidade de Terra Rica-Pr, podendo ser encontrado na Prefeitura
Municipal, localizada na Avenida Euclides da Cunha, 1120 – Centro, Cidade e Comarca de
Terra Rica, responsável pela homologação do certame licitatório 104/2009 eivado de
irregularidades e co-autor, de forma dolosa, do direcionamento do resultado da licitação
superfaturada acima citada para a empresa dos familiares do Vereador Waldemar Perez,
seu amigo pessoal e aliado político;
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de Licitação e co-autora, por omissão, de forma dolosa, dos atos de improbidade
administrativa consistentes no direcionamento e superfaturamento de preço no
procedimento licitatório nº 104/2009, eivado de ilegalidades;
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1. DOS FATOS
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ingênua de evitar que a população, o Ministério Público e o Poder Judiciário da comarca
ficassem sabendo, realizou a FRAUDADA licitação que contratou a “peso de ouro”, qual
seja, R$ 120.000,00 PARA 12 meses DE CONTRATO, o que dá uma média de R$ 10.000,00
por mês, A ÚNICA EMPRESA participante do certame, a E. S. PERES LTDA, empresa de
propriedade das filhas e nora do vereador Waldemar Perez, para executar serviços de
recolhimento de entulhos de construções utilizando caçambas na cidade de Terra Rica e
Distrito de Adhemar de Barros, empresa esta, repita-se, de propriedade das requeridas
Adriana Perez, Andréa Perez e Érica, filhas de vereador da base política do atual Prefeito.
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suspensão de outra licitação patentemente fraudada, a da contratação da rádio FM de
propriedade do réu Giovani Machado, fato que fez com que o Prefeito e Réu “Mi Molina”,
com “medo” das futuras ações de improbidade, revogasse esta licitação que já tinha
contratado a empresa das filhas do vereador Waldemar Perez, todavia, o citado Prefeito
não se livrou da punição por improbidade administrativa, visto que já tinha direcionado o
resultado da superfaturada licitação para a empresa da família de seu aliado político,
inclusive com o contrato já assinado, o que pode ser facilmente aferido nestes autos,
ferindo, portanto, os princípios constitucionais que regem a administração pública da
legalidade, moralidade e, principalmente, o da impessoalidade, conforme artigo 37 da
Constituição Federal.
O Ministério Público é parte ativa nesta ação, uma vez que tanto a Constituição
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da República, artigo 129, quanto as Leis n.º 7347/85, 8429/92 e 8625/93, legitimam o
Ministério Público a buscar em Juízo a defesa do patrimônio público e a punição para atos
de improbidade administrativa.
“Art. 2º - Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.”
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Conforme a seguir exposto, MM. Juiz, no exercício de seu cargo de Prefeito
Municipal de Terra Rica-Pr, o requerido Devalmir Molina Gonçalves, agindo
dolosamente, com o fim de privilegiar financeiramente a família de aliado político,
homologou, assinando até mesmo contrato que vigorou por alguns dias, irregular
licitação que contratou a “peso de ouro” (R$ 120.000,00 para doze meses de contrato, o
que dá R$ 10.000,00 por mês), A ÚNICA CONCORRENTE participante do certame,
a empresa E. S. PERES & CIA. LTDA., para serviços de recolhimento de entulhos de
construções utilizando caçambas, nesta cidade de Terra Rica-Pr e no Distrito de Adhemar
de Barros, empresa esta de propriedade das requeridas Adriana, Andréa e Érica, sendo as
duas primeiras filhas e a terceira nora do vereador Waldemar Peres Rodrigues, amigo
pessoal e aliado político do Prefeito “Mi Molina”.
Nº do Acórdão:
30802
Órgão Julgador:
4ª Câmara Cível
Tipo de Documento:
Acórdão
Comarca:
Terra Roxa
Processo:
0436819-0
Recurso:
Apelação Cível
Relator:
Rogério Ribas
Revisor:
Anny Mary Kuss
Julgamento:
05/05/2008 19:00
Ramo de Direito:
Civel
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Decisão:
Unânime
Dados da Publicação:
DJ: 7619
Ementa:
DECISÃO: ACORDAM os Senhores Magistrados integrantes da 4ª Câmara Cível do Tribunal
percentuais maiores, ou mesmo prestar diretamente o serviço, sem que haja previsão no
deixam de fiscalizar a execução do contrato, dando azo ao abuso por parte da empresa
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Quanto à legitimidade passiva das rés Adriana Acácia Peres Deltrejo,
Andréa Heloiza Peres Dandolini e Érica Sanada Peres, representantes legais da empresa
E. S. PERES & CIA. LTDA., importante salientar que Adriana e Andréa são filhas e Érica
é nora do vereador Waldemar Peres Rodrigues, sendo este amigo pessoal e aliado
político do Prefeito “Mi Molina, somando-se o fato de que as requeridas Adriana Acácia
Peres Deltrejo, Andréa Heloiza Peres Dandolini e Érica Sanada Peres são particulares
que, dolosamente, participaram e se beneficiariam dos atos de improbidade
administrativa perpetrados pelos demais réus, agentes políticos e servidores públicos,
sendo que suas legitimidades passivas, portanto, estão fundamentadas, também, pela
prescrição do artigo 3º da Lei 8429/92:
“Art. 3º - As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo
não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou
dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.”
Por fim, quanto à legitimidade passiva dos réus Lucimar Aparecido da Silva,
Raquel Schulze Garcia e Marcos Paulo Perigo, patentes foram as suas participações dolosas
nos atos de fraude do certame licitatório nº 104/09, posto que eram membros da
comissão de licitação, sabedores das fraudes perpetradas para beneficiar a empresa
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“vencedora” no certame, a E. S. PERES & CIA. LTDA., representada pelas requeridas
Adriana Acácia Peres Deltrejo, Andréa Heloiza Peres Dandolini e Érica Sanada Peres.
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contratantes, tratando-os em igualdade de condições.
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do art. 3º, da Lei n.º 8.666, de 21 de junho de 1993, proíbe que o ato convocatório da
licitação admita, preveja, inclua ou tolere cláusulas ou condições que comprometam,
restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam preferências ou distinções
em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato.
Por outro lado, não é preciso dizer que inexistiu qualquer interesse público na
pseudo-licitação, quer em razão da série de ilegalidades praticadas, quer porque não houve
nenhuma concorrência, impedindo o ente público de obter os menores preços e melhor
qualidade, quer porque os desvios reverteram em benefício dos requeridos, e não do
Município de Terra Rica.
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disponibilidade do poder e da coisa pública, na medida em que ele administra algo
pertencente originariamente ao povo, ou seja, não é ele um free manager, pois está
inevitavelmente adstrito ao cinturão legal.
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3. DAS PATENTES FRAUDES COMETIDAS PELOS RÉUS
NA LICITAÇÃO Nº 104/2009 DA PREFEITURA DE TERRA
RICA -PR
Prefeitura de Terra Rica-Pr com a empresa E. S. PERES & CIA. LTDA., no valor
funcionários da Prefeitura de Terra Rica-Pr, como vinha sendo feito nos últimos
15
entre as festas de final de ano – Natal e Ano Novo – contratação esta feita “a
Como visto, na verdade não houve licitação, mas apenas um simulacro, com a
finalidade de premiar, entre as festas de final de ano, a empresa E. S. PERES & CIA.
LTDA., sendo que quando o simulado certame nº 104/09 foi iniciado já havia vencedor
determinado.
4. DAS CONSEQUÊNCIAS
Todos aqueles que figuram no pólo passivo desta ação civil pública devem ser
responsabilizados, naquilo que lhes couber, por terem contribuído, subjetiva e
objetivamente, para a concretização dos atos de improbidade administrativa e deles se
beneficiado.
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§ 4º. Os atos de improbidade administrativa importarão na suspensão dos direitos
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
erário, na forma e gradação previstas em lei sem prejuízo da ação penal cabível.
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, se houver, perda dos bens ou
valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da
função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de
multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder
Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de cinco anos;
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III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da
função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de
multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e
proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
Parágrafo único - Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a
extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.
Nesse prisma, não se pode conceber como moral, muito menos legal, os atos
perpetrados pelos requeridos, haja vista que o requerido Devalmir Molina Gonçalves,
mediante a cooperação de todos os demais requeridos, burlou a realização de adequado
procedimento licitatório, direcionando-o à família de seu amigo, aliado político e financiador
de campanha Waldemar Peres, configurando-se autênticos atos de improbidade
administrativa, eis que acarretaram prejuízo ao erário de Terra Rica-Pr no montante do valor
do contrato fraudado e assinado, original constantes nos autos, qual seja, R$ 120.000,00, valor
a ser futuramente corrigido e acrescido dos juros legais, somando-se o valor da multa do
artigo 12, incisos II e III, da Lei 8429/92 e, por fim, o acréscimo do valor do dano moral
estipulado por Vossa Excelência.
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supracitado valor total do contrato para prestação de serviços de recolhimento de entulhos de
construções utilizando caçambas no Município e no Distrito de Adhemar de Barros, advindo
da licitação fraudada, no valor de R$ 120.000,00, conforme contrato que já tinha sido assinado
entre a empresa da família do vereador Waldemar Perez e o Município de Terra Rica-Pr.
Alinhave-se, ainda, que as sanções previstas na Lei n.º 8.429/92, por expressa
disposição do art. 21, incisos I e II, são aplicáveis independentemente da efetiva ocorrência de
dano ao patrimônio público ou da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou
pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
Demais disso, ao dispor que a aprovação das contas por qualquer órgão estranho
ao Judiciário não impede as sanções por ato de improbidade administrativa, quis o legislador
impedir que, em razão de juízo político emitido pelas cortes de controle de contas, resultasse
impune o agente ímprobo.
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Conseqüentemente, como estão comprovados os atos de improbidade praticados
pelos requeridos DEVALMIR MOLINA GONÇALVES, ADRIANA ACÁCIA PERES
DELTREJO, ANDRÉA HELOIZA PERES DANDOLINI, ÉRICA SANADA PERES,
LUCIMAR APARECIDO DA SILVA, RAQUEL SCHULZE GARCIA E MARCOS PAULO
PÉRIGO e JOSÉ AIRTON GONÇALVES, não resta outra alternativa ao Poder Judiciário
senão a aplicação das penas previstas no art. 12, incisos II e III, da Lei n.º 8.429/92.
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3 – O advogado José Airton Gonçalves deve ser responsabilizado com
penas extremamente elevadas, visto que, tendo a obrigação de fiscalizar a legalidade do
procedimento licitatório em análise nestes autos, como assessor jurídico, dolosamente
atestou, falsamente, a “pseudo” legalidade do referido certame através do parecer jurídico
acostado nos autos, somando-se que este requerido foi recentemente condenado pelo
Tribunal de Justiça do Paraná a 03 anos de prisão e proibição de contratar com o poder
público na comarca de Santa Isabel do Ivaí-Pr, justamente por fraudar licitação para sua
própria contratação como advogado do referido município;
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5. DOS DANOS MORAIS
Art. 1º - Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações
de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:
Por fim, mostra-se imperativo ressaltar, outra vez, que os requeridos atuaram à
margem de quaisquer parâmetros legais, praticando, dolosamente, atos de improbidade
administrativa.
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e 11, caput, e inciso I, todos da Lei n.º 8.429/92.
6. DAS NULIDADES
1
Código Civil anotado e legislação extravagante, 2ª ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003, p. 229.
2
IDEM, IDIBEM.
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pela Carta Política. Dessa forma são inteiramente nulos.
Um dos objetos da presente Ação Civil Pública, que tem como fundamento,
além de outras normas, a Lei Federal n.º 8.625, de 12 de fevereiro de 1993, é exatamente
este: a anulação ou declaração de nulidade dos atos lesivos ao patrimônio público e à
moralidade administrativa (artigo 25, inciso IV, letra “b”).
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A Licitação, procedimento formal por força de disposições da Constituição da
República de 08 de outubro de 1988 (artigo 37, inciso XXI) e da Lei Federal n.º 8.666/93, foi
realizada em desacordo com os mandamentos legais.
A propósito, embora não se trate de ação popular, mister ressaltar que a Lei
Federal n.º 4.717/65, fonte formal do direito brasileiro no que se refere aos vícios e às
nulidades incidentes sobre os atos lesivos ao patrimônio público, em seu art. 2º, estabelece
que:
Art. 2º - São nulos os atos lesivos ao patrimônio público das entidades mencionadas no
artigo anterior, nos casos de:
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.
O tratamento dos atos ilícitos, em se tratando de licitação, está contido nos artigos
49 e 59 da Lei n.º 8.666/93:
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§ 3° No caso de desfazimento do processo licitatório, fica assegurado o contraditório e a
ampla defesa.
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Destarte, o Ministério Público, considerando que o ato administrativo nulo não é
capaz de gerar direito adquirido, entende deva ser recomposta a situação ao seu estado
anterior.
É perceptível e está comprovado que os danos causados aos cofres públicos foi
decorrente de atos ilícitos praticados pelos requeridos, os quais realizaram procedimento
licitatório com vencedor pré-definido e contratado diretamente.
Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora,
desde que o praticou.
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A Súmula n.º 54, do Egrégio Superior Tribunal de Justiça já dispôs sobre o
assunto, dizendo:
Súmula nº54:
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legais, somando-se o valor da multa do artigo 12, incisos II e III, da Lei 8429/92 e, por fim, o
acréscimo do valor do dano moral estipulado por Vossa Excelência.
Art. 37 (...)
A previsão constitucional foi complementada pela Lei n.º 8.429/92, que prevê
como cabível a indisponibilidade ou seqüestro dos bens sempre que houver danos ou
enriquecimento ilícito:
Art. 5º - Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa,
do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
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Sobre a necessidade da medida ensina Wallace Paiva Martins Júnior:
Ensina o jurista citado que cabe ao autor da ação indicar a extensão do dano e,
determinada a indisponibilidade dos bens, poderá haver redução até o seu limite:
3
MARTINS JÚNIOR, Wallace Paiva. Probidade administrativa. Editora Saraiva, São Paulo, 2001, pp. 325/326;
4
MARTINS JÚNIOR, Wallace Paiva. Probidade administrativa. Editora Saraiva, São Paulo, 2001, pp. 328.
30
perecimento ou dissipação dos bens dos requeridos, assegurando o integral cumprimento
da sentença que, certamente, determinará a devolução dos valores gastos ilicitamente
(artigos 5.º, 6.º e 12 da Lei n.º 8.429/92).
31
que a sociedade dispõe para ver efetivado o ressarcimento.
32
favor da pessoa jurídica afetada, entre as quais se inclui a indisponibilidade
dos bens dos agentes públicos, por atos de improbidade administrativa, com
fundamento nos casos mencionados nos arts. 9º. e 10º. da Lei n.º. 8.429/92.
Basta que o direito invocado seja plausível (fumus boni iuris), porque a
probabilidade do prejuízo (periculum in mora) já vem prevista na própria
legislação incidente.5
5
(4ª. Câmara Cível - Ag. de Instrumento n.º.. 68.400 - Sertanópolis - Rel. Juiz Airvaldo Stela Alves - Informa Jurídico
12.0).
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Assim, a medida precisa ser deferida liminarmente, sem a oitiva dos requeridos,
pois caso contrário corre-se o risco de nada ser encontrado para garantir o ressarcimento do
erário, decorrente da dilapidação do patrimônio dos requeridos.
À hipótese não se aplica o art. 2º da Lei n.º8.437/99, pois este dispositivo trata
apenas dos casos em que figura no pólo passivo algum ente público. Vale dizer, o
diploma legal antes referido versa matéria sobre a concessão de medidas cautelares contra
ato do Poder Público.
Art. 1º - Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no
procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou
preventiva, toda vez que providência semelhante não puder ser concedida em ações de
mandado de segurança, em virtude de vedação legal.
§1º - Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar inominada ou a sua
liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via de mandado de
segurança, à competência originária de tribunal.
§2º - O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos processos de ação popular e de
ação civil pública.
§3º - Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou em parte, o objeto da ação.
§4º - Nos casos em que cabível medida liminar, sem prejuízo da comunicação ao
dirigente do órgão ou entidade, o respectivo representante judicial dela será
imediatamente intimado. (Parágrafo acrescentado pela MP nº 2.102/2001, renumerada
para 2.180/2001).
§5º - Não será cabível medida liminar que defira compensação de créditos tributários
ou previdenciários (Parágrafo acrescentado pela MP nº 2.102/2001, renumerada para
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2.180/2001).
“Para a ação civil pública diz a lei que o juiz poderá conceder mandado liminar, com ou
sem justificação prévia (art. 12).
Mas não poderá fazê-lo de imediato, se a ação for ajuizada contra pessoa jurídica de
direito público. Tratando-se de ação civil pública contra União, Estados, Municípios e
Distrito Federal e entes paraestatais – à exceção das sociedades de economia mista, que
possuem natureza de direito privado o juiz deverá ouvir previamente o representante
judicial do ente público, que terá o prazo de setenta e duas horas para manifestar-se. É o
que consta do art. 2º da Lei 8.437, de 30.06.1992. Sobre este dispositivo, a jurisprudência
expediu orientações diametralmente opostas. A 4º Turma do TRF 1ª Região, num caso de
concessão da liminar sem a ouvida da parte contrária, afirmou ser ‘cogente e não
facultativa a norma inscrita na Lei 8.472/92, sendo, portanto, obrigatória a ouvida do
órgão público antes da concessão da liminar’. Já a 3ª Turma do mesmo Tribunal
entendeu que ‘se a questão exige pronta e rápida atuação do juiz, sob pena de causar
dano ao autor, evidentemente que o art. 2º da Lei 8.437/92, não pode ser obedecido’, já
que ‘o direito e a justiça estão acima da lei, ainda mais quando se trata de lei casuística’.
6
Aspectos controvertidos da ação civil pública: doutrina e jurisprudência, São Paulo, Editora Revista dos
Tribunais, 2001.
35
Verifica-se, pois, que nesta ação civil pública é descabida a notificação do
representante legal do Município de Terra Rica-Pr para que se manifeste sobre o pedido
liminar, visto que a ação não é dirigida contra o referido Município, mas sim contra os
requeridos já nomeados.
Embora a regra do artigo 542, § 3º, do CPC determine a retenção de recurso especial
interposto contra decisão monocrática, é firme o entendimento deste Sodalício no
36
sentido de que ‘a decisão que defere ou indefere a tutela antecipada provém de cognição
sumária, eis que lastreadas em juízo de probabilidade. Logo, nos casos em que o recurso
especial desafia decisão interlocutória concessiva de tutela antecipada, é razoável
determinar-se o seu imediato processamento, sob pena de tornar inócua a apreciação da
questão pelo STJ’ (MC 2.411/RJ, Rel. Min. Waldemar Zweiter, DJU 12.06.2000).
Em face da manifesta ilegalidade de atos praticados pelo representante da pessoa
jurídica de direito público e demais requeridos, não faz o menor sentido submeter a
concessão da liminar à sua prévia intimação. Como bem ressaltou a egrégia Corte de
origem, ‘a intenção do art, 2º da Lei nº 8.437/92, ao determinar que a liminar na ação
civil pública somente será concedida após a audiência do representante judicial da
pessoa jurídica de direito público é a de preservar o ato administrativo hostilizado em
razão da presunção de legalidade que o reveste. Contudo, esta ação civil pretendeu,
liminarmente, dentre outros pedidos, afastar os agravantes de seus cargos em razão da
prática, em tese, de ato de improbidade administrativa. Assim, não havia mesmo
obrigatoriedade de, previamente, intimar-se o primeiro agravante, então Prefeito
Municipal, para manifestar-se nos autos para, só então, conceder-se a liminar, da
forma como ocorreu’.
No caso dos autos, a plausibilidade do direito invocado, qual seja, a demonstração de
que os requeridos levaram a cabo licitações fraudulentas, não é passível de verificação
no âmbito deste Sodalício, assim como a verificação da existência do periculum in
mora. Isso porque tal análise ensejaria o reexame de todo o conjunto probatório, o que é
inviável em recurso especial, nos termos do enunciado da Súmula n. 7 desta egrégia
Corte Superior.
Recurso especial conhecido, em parte, e, na parte conhecida, não provido para manter o
acórdão recorrido pelos seus próprios termos.
De outra parte, no que se refere à alegada violação ao artigo 2º da Lei n. 8.437/92, que
dispôs sobre a concessão de medidas urgentes contra o Poder Público, não assiste razão
aos recorrentes.
Prevê o mencionado dispositivo que:
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‘Art. 2º. No mandado de segurança coletivo e na ação civil pública, a liminar será
concedida, quando cabível, após a audiência do representante judicial da pessoa
jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de setenta e duas hora’.
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10 – DO PEDIDO DE AFASTAMENTO LIMINAR CAUTELAR
DO REQUERIDO DEVALMIR MOLINA GONÇALVES DO
CARGO DE PREFEITO DE TERRA RICA-PR DADA A SUA
REINCIDÊNCIA NA PRÁTICA DE ATOS DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA DURANTE O SEU MANDATO E O
PERIGO CONCRETO DE USO DO PODER POLÍTICO PARA
INFLUENCIAR OS TESTEMUNHOS QUE SERÃO COLHIDOS
DURANTE A INSTRUÇÃO PROCESSSUAL, PRINCIPALMENTE
DE SERVIDORES PÚBLICOS.
Portanto, nobre magistrado, não se pode perder de vista ainda que, além destes
autos, os demais procedimentos investigatórios instaurados pelo Ministério Público
deverão ser instruídos, inclusive criminais pela prática pelos réus dos crimes de quadrilha,
falsidade ideológica, uso de documento falso e fraude à licitação, necessitando-se, então,
que muitas outras testemunhas prestem declaração e que as testemunhas já ouvidas pelo
Ministério Público sejam novamente inquiridas sob o crivo do contraditório. Ora, como os
39
fatos investigados se relacionam com a administração pública de Terra Rica-Pr, a maior parte
delas é formada por servidores públicos subordinados ao requerido Devalmir Molina
Gonçalves.
Com efeito, a lei manda que se efetue o afastamento quando este for necessário
para a instrução do processo.
40
públicos (que poderão se calar ou mentir por medo de represálias), além do fato de que pode
haver adulteração de documentos que se encontram anexados na Prefeitura de Terra Rica-
Pr.
7
Improbidade Administrativa, Ed. Síntese, 2º ed. pág. 242.
41
da Lei Federal n.º 8.437/92, no sentido de só concedê-la após a audiência do
representante judicial do ente público, não tem aplicação em medidas
requeridas contra pessoa física, por atos de improbidade a ela imputados.
Sendo a ação de natureza civil reparatória, decorrente de atos de
improbidade administrativa, não tem a autoridade requerida o almejado
foro privilegiado. Estando devidamente fundamentada a decisão pela qual
foi determinado o afastamento temporário da pessoa, que está no exercício
da função pública, para, cautelarmente, assegurar meio de coibir qualquer
situação de perigo que possa comprometer, na ação civil pública, a eficácia e
utilidade da instrução processual, a medida que se impõe é a sua
confirmação.
Agravo improvido.
A prática nos tem mostrado, nobre Juiz, que grande parte dos envolvidos nos
escândalos com o dinheiro público acabam absolvidos. Porém, isto só tem acontecido em
razão da dificuldade na colheita das provas, já que os envolvidos, com o poder nas mãos,
8
Agravo de Instrumento n.º 86585600, Ac. 17653, 2ª Câmara Cível do TJPR, Pérola - Vara Única, Rel. Des. Nasser
de Mello. j. 17.05.2000.
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acabam por apagar todas as marcas dos crimes cometidos, mediante subornos, coação de
testemunhas e peritos, dentre outras condutas ilegais.
O Código de Processo Civil, em seu art. 335, determina que o Juiz deve aplicar
em suas decisões as regras da experiência, observando o que de comum acontece na
sociedade.
Ora, o que se tem visto neste caso é justamente os agentes públicos empecerem
a produção de provas, com todos os meios de que dispõem, o que, por si só, já justifica a
aplicação da medida de afastamento, para que a regra não se repita em Terra Rica.
“E se o processo está fartamente instruído, mas o agente público se porta de tal modo
que induz à presunção de que, ficando em seu cargo, acarretará novos danos ao Ente
Público e à sociedade?
Aí, depende da situação. Se esses novos danos pudessem estar enquadrados no objeto
da demanda, vale dizer, consubstanciando reiteração de atos cuja repressão já se
ambicionava no próprio processo, parece razoável sustentar que a instrução processual
se estenderia a essa hipótese e, por conseguinte, também o alcance do artigo 20,
parágrafo único, da Lei número 8.429/92.”
43
Outro não é o entendimento do destacado jurista Carlos Frederico Brito
Santos:
“Por sua vez, podemos afirmar que a medida de afastamento provisório do agente se
faz necessária à instrução processual não apenas quando o indiciado ou acionado
estiver efetivamente (em regra) conspirando contra a apuração dos fatos, o que pode
ocorrer de diversas maneiras, como o descumprimento (ou o retardamento
injustificado) de requisições, a ocultação ou destruição da prova documental, a
chantagem e a ameaça às testemunhas ou aos membros da comissão processante, etc.,
bem como, por exceção, naqueles casos concretos em que a sua simples permanência
no exercício da função pública já represente, por si só, fator de intimidação das
testemunhas que trabalham no mesmo ambiente e estejam hierarquicamente
inferiorizadas em relação ao indiciado ou acionado, como acontece nos quartéis, bem
como quando as testemunhas ou declarantes puderem ser demissíveis ad nutum pelo
agente público indiciado ou acionado. É que a necessidade da instrução processual tem
espectro amplo, não sendo necessário, em determinadas circunstâncias, que se prove
qualquer pressão por parte do agente para o fim de seu afastamento provisório,
existindo situações peculiares em que o constrangimento às testemunhas, por exemplo,
independe de qualquer atividade do superior hierárquico – realidade que não pode ser
olvidada pelos aplicadores da medida, sob pena de se inviabilizar, até pelo temor
reverencial, a revelação da verdade dos fatos.9
Em suma:
9
IA. Reflexões sobre a Lei n.º 8.429/92, 2º ed., pág. 160.
44
C) o temor referencial de servidores públicos municipais que devem ser
ouvidos certamente prejudicará a instrução probatória;
Assim, emérito magistrado, na hipótese dos autos estão em jogo dois interesses
em conflito:
Vale lembrar ainda que ele não sofrerá prejuízo material algum (pelos menos
no que respeita aos seus vencimentos), pois receberá seus salários normalmente enquanto
estiver afastado.
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e violação dos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade e
publicidade.
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envolvendo atos de improbidade nos quais figura ou figurará no pólo passivo;
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trâmite no Cartório Cível e de Família desta comarca, até o valor de R$ 120.000,00, valor
a ser corrigido, sendo acrescidos novos juros legais, somando-se o valor da multa do
artigo 12, incisos II e III, da Lei 8429/92, supracitado e, por fim, o acrescentando-se o valor
do dano moral estipulado por Vossa Excelência.;
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Paraná, à Controladoria da União e à Câmara de Vereadores de Terra Rica-Pr, enviando
cópia da petição inicial, bem como solicitando-se que seja lida em plenário daquela Casa
de Leis (Câmara Legislativa de Terra Rica-Pr), dando ciência de seu conteúdo a todos os
Senhores Vereadores, para a adoção das medidas cabíveis, incluindo abertura de processo
de cassação política do Prefeito de Terra Rica-Pr;
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B) - seja julgada procedente a presente ação:
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