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SINOPSE DO CASE: o tom que vem do topo1

Antonio Luiz Ewerton Ramos Neto 2


Lucas Gabriel de Souza Aroucha 3
Lucas Muniz de Abreu Murad 4
João Conrado de Amorim Carvalho 5

1 DESCRIÇÃO DO CASO
Os últimos escândalos que envolveram políticos, governantes, autoridades e
empresários tornaram necessária a revisão das ferramentas de governança corporativa
nas empresas. Os princípios de conformidade que as empresas devem seguir
(compliance) passam necessariamente pela direção, onde são tomadas as principais
decisões. E essa necessidade não é apenas por conta do endurecimento das leis e
disposição de aplicá-las, mas também porque a imagem das empresas está sendo
corroída na opinião pública.
O mercado avalia os negócios pela capacidade que as empresas têm de gerar
resultados no presente e no futuro. Quando associam sua imagem a escândalos, essa
capacidade de gerar benefícios futuros de caixa é reduzida e, consequentemente, a
empresa vai perder valor de mercado.
Portanto, as empresas que se viram envolvidas em escândalos e perceberam
o tamanho do problema que se meteram decidiram fazer acordos de leniência e reforçar
seus programas de compliance. As ações a serem desenvolvidas são variadas, mas uma
boa parte incluiu adotar mecanismos de governança corporativa mais adequados.
Com base nesses dados, vamos responder as seguintes questões

2 IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DO CASO


2.1 Descrição das Decisões Possíveis

1
Case apresentado à disciplina de Governança Corporativa, do Centro Universitário UNDB.
2
Aluno do 7° período, do curso de Ciências Contábeis Noturno, do Centro Universitário UNDB.
3
Aluno do 7° período, do curso de Ciências Contábeis Noturno, do Centro Universitário UNDB.
4
Aluno do 7° período, do curso de Ciências Contábeis Noturno, do Centro Universitário UNDB.
5
Professor, Orientador.
Antes de respondermos a resolução do case em questão, vamos analisar as
questões levantadas.
Dessa forma utilizamos a empresa Odebrecht como parâmetro para análise.

2.1.1 - Contextualize o assunto, fazendo uma breve exposição da crise em que a


empresa se viu envolvida e os reflexos do escândalo na sua imagem e perda de
valor de mercado
Noticiários brasileiros frequentemente têm evidenciado eventos de
corrupção em várias esferas e hierarquias do poder público, bem como em contratos que
envolvem o setor público e a iniciativa privada.
A Odebrecht foi uma das empresas pegas na Operação Lava-Jato, onde foi
revelado diversos conluios com outras empresas e com escalões do governo para
benefício próprio.
As investigações constataram que a companhia possuía um departamento
denominado “Divisão de Operações Estruturadas” (Departamento de Propina), por onde
o dinheiro fluía de forma ilícita e ajudou a definir eleições de presidentes em países da
América Latina, deu aporte e apoio financeiro às campanhas, prestando também
consultoria especializada a candidatos à presidência em países como Brasil, Argentina,
Panamá e outros.
O núcleo do esquema era pagar propinas a autoridades públicas e executivos
de empresas públicas para garantir que a Odebrecht vencesse leilão falso lançado por
essas empresas.
No Brasil, os procuradores supervisionaram o esquema de US$ 22,18
milhões em propinas para assegurar oito contratos com a Petrobras. Outra parte do
esquema era licitar ofertas baixas para ganhar contratos sob a garantia de que todos os
aditivos aos contratos seriam aprovados. O custo original subiu de US$ 800 milhões
para US$ 2,3 bilhões (SANTOS, 2021).
Vale ressaltar que a operação levou a uma perda econômica considerável,
que já foi medida em multas, além da grave queda da reputação da empresa, que teve
seu ex-CEO da empresa, Marcelo Odebrecht, condenado a 19 anos de prisão.
Após somar uma dívida de mais de US $15 bilhões quando lidamos com as
11 empresas pertencentes ao grupo, em 2019, a empresa apresentou um plano de
recuperação judicial (semelhante ao capítulo 11 dos Estados Unidos), aprovado em
meados de 2020 pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (SANTOS, 2021).
O uso de práticas extrajurídicas foi impulsionado por um código de conduta
condescendente e pela falta de um sistema interno hábil a prevenir atividades ilegais e
ilícitas por parte dos gestores da empresa. Como resultado, por se tratar de uma ideia já
enraizada, a cultura organizacional foi moldada para que tais práticas fossem
normalizadas e naturalmente aceitas (VALARINI, 2019 apud SANTOS, 2021).
O percentual de empresas sem uma área exclusivamente dedicada à
conformidade legal e ética caiu de 19% para 3% em apenas quatro anos, a partir de
2015, quando a Operação Lava Jato já havia começado. Em 2019, 73% dos executivos
seniores diziam reforçar rotineiramente entre suas equipes a importância do compliance.
Em 2015, eram 58% (BERNET, 2019).

2.1.2 - Detalhe as mudanças empreendidas pela empresa para reforçar a


governança corporativa
Tendo em conta as consequências desastrosas do escândalo, a empresa
tomou uma série de medidas (na verdade, esta foi forçada a fazê-lo para sobrevivência
do grupo, dependendo da continuidade do contrato em curso e da possibilidade de
entrada no novo contrato). Dentre elas, podemos destacar o acordo de leniência firmado
com a Controladoria Geral da União e pagamento de multas pesadas; fazendo também
uma revisão criteriosa das políticas de governança e compliance relacionadas à garantia
prestada pelo Grupo Odebrecht, ou seja, passou a ter o compromisso de adotar nova
postura em relação a gestão e aspectos do negócio.
No ano de 2018, a Odebrecht empreendeu um conjunto denominado "Código
de Conduta", incluindo diretrizes para a orientação interna e externa dos colaboradores
da empresa em nível interativo, de abrangência extremamente ampla, levando em
consideração o relacionamento com acionistas, fornecedores, clientes, agentes privados,
empresas parceiras e concorrentes. Além disso, o "Código" implementado proíbe vários
atos que possam levar ao financiamento ou patrocínio de qualquer comportamento
ilegal, como propinas e suborno. Os membros deveriam assinar uma declaração de
aceitação e compromisso e declararem que estariam cientes de todos os termos do
documento e sendo assim dispostos a cumpri-los (ODEBRECHT, 2018).
Nos últimos anos, a empresa através de processos internos acabou passando
por várias reformulações, com foco na metodologia de ações, mas principalmente numa
mudança austera da comunicação de marca que se baseia na ética, decoro e
transparência. Com a nova filosofia de ser uma empresa focada no futuro, a Odebrecht
anunciou no final de 2020 que se chamaria Novonor, na tentativa de reestruturação com
o objetivo de retirar o grupo de todos os escândalos, que tem seu nome envolvido nos
últimos anos na América Latina. (FORBES, 2020).
Após o ocorrido fez diversas campanhas em sua plataforma para que
pudesse ser amplamente divulgado seus vídeos e cartilhas sobre o novo posicionamento
da Odebrecht para que voltasse a sonhar em ter uma reputação de novo. Atualmente
possui um explicito e extenso documento exemplificando o modo como funciona sua
atual política de governança corporativa, demonstrando a nova cultura da empresa
holding Novonor que consolida o conjunto do Grupo Novonor tendo sua marca não só
visualmente como internamente provendo ações com o objetivo de desassociar o novo
grupo ao antigo que tem sua imagem totalmente desgastada pois foi responsável por
mais de 100 mil pessoas desempregadas.
Ela é, portanto, uma holding detentora de um portfólio dinâmico de
Negócios autossuficientes. Isto é, cada um deles possui governança própria, o que lhes
garante autonomia para o desenvolvimento e execução de estratégias que atendam às
necessidades inerentes a cada um dos negócios no curto, médio e longo prazo. Estas
estratégias devem sempre guardar harmonia com as manifestações e deliberações dos
acionistas nas assembleias gerais (NOVONOR, 2020).
Na cartilha que se refere a politica de governança corporativa atual do
grupo é bem exemplificado o objetivo da Novonor em se fazer entender que eles vivem
realmente aquilo que é pregado em seu demonstrativo, pois está atrelado a filosofia
organizacional de ações da empresa, discriminando até a forma de comunicação correta
entre cada setor/área. Sendo essa politica dividida entre vários âmbitos onde são
dispostos seguindo de maneira horizontal seus comandos de forma que os comitês um
fiscalizam um ao outro.
Demonstrando todo um sistema pautado nas diretrizes éticas construído em
cima da nova visão que o grupo traz. De forma geral, caracterizado por tais diretrizes
abaixo:
▪ o compromisso com padrões elevados de conformidade, com atuação ética,
íntegra e transparente;
▪ o contínuo processo de sucessão e de renovação e o atendimento a programas
de desenvolvimento de líderes;
▪ o retorno do capital do acionista em taxa superior ao custo de oportunidade; ▪
preservação e manutenção da liquidez financeira;
▪ a melhoria de seu desempenho embasado pelo PA;
▪ o compromisso com o desenvolvimento sustentável;
▪ o relacionamento com o público da Novonor, formado por Partes Interessadas,
refletida em reputação, imagem e marca, com base na qualidade da governança e
no atendimento dos demais itens acima definidos (NOVONOR, 2021).

3 POSSÍVEIS SOLUÇÕES/PERCEPÇÕES
Em abril de 2021 entrou em vigor a Lei nº 14.133/2021, que atualiza as
normas gerais para licitação de obras e contratação pelo poder público no Brasil. A lei
traz consigo um enorme progresso: empresas que dispõem de programas de compliance
(é um termo em inglês usado para definir regras internas nas empresas para garantir
relações éticas nos negócios) ganham pontos em procedimentos licitatórios. Em
contratos de grande vulto, a existência do programa passa a ser obrigatória e, caso
ausente, deve ser implementado no prazo de seis meses da contratação. Isso significa
que programas de compliance são hoje um ativo para as empresas (CORDEIRO, 2021).
Uma comunicação de marca, por mais efetiva que venha a se tornar, não
tem poder para reverter sozinha situações tão desfavoráveis como o abalo reputacional
que a Odebrecht teve. Será necessário verificar, mais a frente, se a percepção que ela
quer transmitir foi validada pelos novos stakeholders hoje referentes a Novonor a partir
de suas novas posturas e atitudes. O prejuízo socioeconômico e moral que o Grupo
acarretou ao país foi imensurável, mas, eles têm de certa forma lutado de todas as
formas para que essa imagem seja quebrada da visão tanto do mercado em geral, como
da reprovação nacional. A política de governança que o Grupo Novonor tem aplicado é
bastante rigorosa até mesmo pelo fato de terem se livrado de ficarem proibidas de
participar de licitações o que acarretaria em desmembramento do grupo.
Atrelado a essa nova postura tem a “Visão 2030” uma das campanhas do
grupo que pretende até a data estipulada “ter a confiança dos clientes e da sociedade
para conceber e concretizar com ética soluções inovadoras que criam valor para todos.”.
Pretendendo alcançar esse objetivo, se compromete a:
 Operar com os mais altos padrões éticos, técnicos, de governança e de eficiência
para promover crescimento e prosperidade.
 Impulsionar a inovação e o desenvolvimento tecnológico.
 Atuar com diversidade, inclusão e equidade, contribuindo para a redução das
desigualdades.
 Viabilizar e concretizar projetos sustentáveis de infraestrutura para atender às
necessidades das atuais e futuras gerações.
 Direcionar nossas operações para que sejam carbono neutras e apoiar nossos
clientes no desenvolvimento de soluções positivas.
 Alinhar nossas ações aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU e
apoiar iniciativas e melhores práticas na sociedade com esta relevante.
A postura que a Novonor demonstra é positiva para uma marca que
necessita recuperar sua boa imagem, apoiando-se em sustentabilidade, inovação
e diversidade, que é o que as empresas do futuro tem investido para tenham mais
aceitação tanto com a antiga mas muito com a nova geração de profissionais
deste século. Com metas de aceitação no mercado a longo prazo, e com o
portfolio extenso do grupo é bastante promissor a consolidação da nova marca
de forma competitiva.
REFERÊNCIAS

SANTOS, Humberto de Faria. BRONZATO, Anderson. Operação Lava-Jato e Odebrecht: Um


caso que vai acabar?. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed.
02, Vol. 10, pp. 61-75. Fevereiro de 2021. ISSN:2448-0959. Disponível em:
<https://www.nucleodoconhecimento.com.br/etica/operacao-lava-jato>. Acesso em 04 outubro
2021.

VALARINI, E. POHLMANN, M. Organizational crime and corruption in Brazil a case study of


“Operation Carwash” court records. International Journal of Law, Crime and Justice, v. 59,
100340, 2019.

DALLAGNOL, D. A luta contra a corrupção: A Lava Jato e o futuro de um país marcado pela
impunidade. Primeira Pessoa, Rio de Janeiro, 2017.

FORBES, 2020. Odebrecht muda nome para Novonor. Access on January 23, 2021. Available at
<https://forbes.com.br/negocios/2020/12/odebrecht-muda-nome-para-novonor/>.

ODEBRECHT, 2018. Codigo de conducta. Access on January 24, 2021. Available at


<https://www.oec-eng.com/es/home#book5/1>.

NOVONOR (Salvador) (org.). Política de Governança Corporativa: cartilha. Cartilha. 2021.


Disponível em:
<https://www.novonor.com.br/sites/default/files/politica_sobre_governanca_corporativa.pdf>.
Acesso em: 11 out. 2021.

FREITAS, Mariza Branco Rodrigues de; NETO, Manoel Marcondes Machado. Marca: do marketing ao
balanço financeiro. Rio de Janeiro: Editora UERJ, 2015.

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