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Vinho Seco
Vinho Seco
Resumo: O vinho é uma bebida alcoólica proveniente do mosto da uva sã, fresca e madura,
a partir da transformação do açúcar da uva em álcool etílico, anidro carbônico e uma série
de elementos secundários em quantidades variadas. Vale ressaltar a grande importância de
conhecer o processo produtivo do vinho para que se possa garantir aos consumidores um
produto de qualidade. Sendo assim, o presente artigo tem como objetivo descrever as etapas
do processo de produção do vinho tinto semi-seco. Para o levantamento de informações
sobre o assunto, primeiramente, foram realizadas pesquisas bibliográfica e documental e,
posteriormente, descritas as etapas de produção, desde a colheita das uvas até o
engarrafamento do vinho. Constatou-se que o processo produtivo do vinho é composto por
várias etapas e, por isso, complexo, além disso, é necessária a conformidade em todas as
etapas para garantir a qualidade do produto final, uma vez que, caso haja falhas, o vinho
pode apresentar características sensoriais alteradas o que pode comprometer a sua
qualidade.
Palavras-chave: Fermentação; Uva; Produção.
1. Introdução
A tradição europeia, trazida ao Brasil por milhares de imigrantes, aliada ao
investimento em inovação, resultou em vinhos com personalidade única (VINHOS DO
BRASIL, 2017), além disso, a diversidade climática típica de um país continental levou o
país a alcançar uma vitivinicultura completamente original (IBRAVIN, 2019).
De acordo com estimativas, realizadas pelo Instituto Brasileiro de Vinho (2019), a
produção vitivinícola no Brasil ocupa, aproximadamente, 79 mil hectares, o que mantém o
país como o 5º maior produtor de vinho do hemisfério sul, ocupando a 13ª posição no ranking
mundial. Sendo que, no país, o vinho tinto é o mais comercializado (IBRAVIN,2019).
Para a obtenção de vinhos de boa qualidade, é necessário seguir documentos
normativos e utilizar técnicas apropriadas quanto à seleção da matéria-prima, higiene das
instalações e equipamentos, de fermentação, estabilização e maturação até o engarrafamento
do vinho (RIZZON; DALL'AGNOL, 2007).
Segundo Corrêa (2013), o processo produtivo é um grupo de atividades realizadas
em uma sequência lógica com o objetivo de produzir um determinado produto e/ou serviço
que tem valor para um grupo específico de clientes. Assim, não há como desenvolver
produtos ou serviços sem que os mesmos passem por processos em sua fabricação, por isso,
é importante que as etapas de produção sejam bem definidas, para que possam garantir a
qualidade e a segurança na entrega do produto final aos consumidores (GRAHAM;
LEBARON, 1994).
Sendo assim, o objetivo deste artigo é descrever o processo produtivo do vinho tinto
semi-seco, apresentando as etapas da produção desde a colheita da uva até o engarrafamento
do vinho.
O presente trabalho enquadra-se na subárea de Gestão de Sistemas de Produção e
Operações, pertencente à área de Engenharia de Operações e Processos da Produção, que é
uma das áreas da Engenharia de Produção, conforme a Associação Brasileira de Engenharia
de Produção (ABEPRO, 2008).
2. Fundamentação Teórica
O vinho é uma bebida alcoólica proveniente do mosto da uva sã, fresca e madura, a
partir da transformação do açúcar da uva em álcool etílico, anidro carbônico e uma série de
elementos secundários em quantidades variadas (RIZZON; DALL'AGNOL, 2007).
Segundo Barboza (2016) o vinho pode ser classificado de acordo com a sua cor, teor
de açúcar e classe.
A cor do vinho irá depender da uva, que poderá ser branca ou tinta, e também do
processo de elaboração do vinho (RIZZON; DALL’AGNOL, 2007). De acordo com a sua
coloração os vinhos podem ser classificados como vinho tinto, rosé ou branco (IBRAVIN,
2012), conforme apresentado no Quadro 1.
QUADRO 1 – Classificação do vinho de acordo com a cor.
COR DESCRIÇÃO AUTOR
Caracteriza-se pela cor avermelhada em vários tons,
pois, são fermentados com a casca da uva. Os tintos ADEGA
Tinto que possuem tonalidade mais clara são mais leves e CURITIBANA
para consumo mais rápido. Já os mais escuros devem (2017)
ser armazenados e envelhecidos
HERMENEGILDO
Seco Contém, no máximo, 4 g de açúcar por litro
(2019)
Meio-seco Contém entre 4 e 25 gramas de açúcar por litro SIMÕES (2018)
Suave HERMENEGILDO
Contém acima de 25 g de açúcar por litro (2019)
Fonte: Elaborado pelos autores (2019)
Em relação à classe, o vinho pode ser de mesa, leve, fino, frisante, gaseificado,
espumante, licoroso ou composto de acordo com os Padrões de Identidade e Qualidade do
vinho, portaria nº229 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL,
2014). No Quadro 3, consta a definição de cada vinho em relação a sua classe.
QUADRO 3- Classes de vinho.
De Mesa Vinho com graduação alcoólica de 8,6 a 14,0% em volume, podendo conter
1atmosfera de pressão a 20ºC
Vinhos com graduação alcoólica de 7,0 a 8,5% em volume, obtido exclusivamente
Leve pela fermentação dos açúcares naturais da uva, produzido durante a vindima, na
região produtora, podendo ser de viníferas ou de americanas ou híbridas
3. Metodologia
Quanto aos fins a pesquisa classifica-se como descritiva e explicativa. Segundo Gil
(1999), a pesquisa descritiva tem como principal objetivo descrever as principais
características de uma população ou de um determinado fenômeno e, a pesquisa explicativa,
para Diana (2019), tenta conectar as ideias e fatores para a compreensão das causas e efeito
de um fenômeno. Quanto à abordagem do problema, classifica-se como qualitativa.
Conforme Gerhardt (2009), a pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade
numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma
organização ou outro. Quanto aos meios a pesquisa classifica-se como bibliográfica e
documental.
A presente pesquisa foi realizada no período de maio a junho de 2019 como parte da
disciplina de Fatores de Produção Agropecuária do Curso de Engenharia de Produção
Agroindustrial, da Universidade Estadual do Paraná.
Primeiramente, foram feitas as pesquisas bibliográfica e documental para a coleta de
informações referentes ao processo produtivo: Utilizando as palavras chaves: Processo,
Produção, Vinho, Uva. Posteriormente, as informações foram organizadas e descrito o
processo produtivo do vinho.
4. Descrição do Processo Produtivo do Vinho tinto semi-seco
O processo de produção do vinho tinto semi-seco inicia-se com a colheita, seguida
da recepção das uvas, esmagamento e desengace, sulfitagem, fermentação tumultuosa,
trasfega, fermentação lenta, clarificação, tratamento a frio, filtração, esmagamento e, por
fim, a estabilização e o envelhecimento, conforme ilustra a Figura 1.
FIGURA 1- Fluxograma do processo produtivo do vinho tinto semi-seco. Fonte: Elaborado a partir de Castilhos
(2012).
4.1 Colheita
A colheita das uvas para a vinificação (também denominada vindima) depende de
vários fatores, sendo os mais importantes, o estado sanitário e o grau de maturação que
dependerá do tipo de vinho que será elaborado (SANTOS et al, 2007). A determinação exata
da maturação da uva só pode ser observada efetuando-se um exame contínuo da mesma, com
o auxílio de um refratômetro manual, para determinar a concentração de açúcar (DELANOE,
2003 apud BLASI, 2004).
Devem ser tomados alguns cuidados durante a colheita como: Transportar
rapidamente e de forma a evitar o esmagamento das uvas (pois a oxidação e a maceração são
prejudiciais à qualidade do vinho) e processá-las o mais rápido possível (SANTOS et al,
2007).
4.2 Recepção da Uva
4.4 Sulfitagem
O momento mais indicado para se realizar a etapa de sulfitagem do mosto é durante
o esmagamento, utilizando-se o metabissulfito de potássio (EMBRAPA, 2007). Dentre suas
diversas atuações encontra-se a ação seletiva que exerce no meio, ou seja, é tóxico para as
bactérias, porém menos tóxico para as leveduras responsáveis pela fermentação, além disso,
o sulfito possui ação antioxidante e permite longa conservação dos vinhos em toneis,
facilitando seu envelhecimento na garrafa. (ROSIER; CATALUÑA, 1993 apud
CASTILHOS, 2012).
O anidrido sulfuroso ou dióxido de enxofre é, há muito tempo, empregado como
desinfetante. O enxofre é acrescentado ao mosto antes de sua fermentação, com algumas
finalidades (SANTOS et al, 2007):
a) Inibir crescimento de bactéria e leveduras indesejáveis;
b) Antioxidante protegendo o mosto do ar;
c) Efeito seletivo da flora microbiana, pois, o enxofre inibe o crescimento das
leveduras não produtoras de álcool, deixando o campo aberto para as
produtoras de álcool;
d) Facilita a dissolução das matérias corantes, permitindo obter vinhos mais
coloridos;
e) Ativação da reação de transformação do açúcar em álcool e dióxido de
carbono, quando empregado em doses baixas, favorecendo a produção de um
vinho com maior teor alcoólico e com menos açúcar (SANTOS et al, 2007).
4.11 Engarrafamento
O engarrafamento consiste em colocar no recipiente uma certa quantidade de vinho,
deixando um espaço vazio, necessário para eventual dilatação e para aplicar o sistema de
vedação (EMBRAPA, 2007).
No preenchimento das garrafas, uma máquina injeta gás nitrogênio, substituindo o ar
da garrafa. Esse procedimento é importante para evitar a ocorrência de oxidação na garrafa
e para preparar o vinho para a fase de envelhecimento (CHIAPETTA, 2010).
4.13 Envelhecimento
Após o engarrafamento e sua estabilização o processo de vinificação chega ao seu
final. A maturação do vinho se inicia dentro da garrafa de maneira gradual; na garrafa, o
vinho deixa de estar em um ambiente oxidante e passa a estar em um ambiente redutor, onde
irá desenvolver aroma terciário, ou de envelhecimento, cujo tempo deste envelhecimento
depende do potencial de cada vinho, podendo variar de alguns meses a muitos anos
(CHIAPETTA, 2010).
Ainda para Chiapetta (2010), o local escolhido para armazenar o vinho deve ser
escuro, protegido da luz solar direta e até da iluminação artificial; mantido em temperatura
média de 12°C constantes; com nível de umidade entre os 65 e 75% para evitar o
ressecamento da rolha.
5. Resíduos/subprodutos
Segundo Cataneo et al. (2008), os produtores e indústrias da área vinícola enfrentam
o problema de descarte da biomassa residual que embora seja biodegradável, necessita de
um tempo mínimo para ser mineralizada, constituindo-se numa fonte de poluentes
ambientais. O bagaço, por exemplo, é um resíduo da produção de vinho e uma fonte rica de
vários produtos de alto valor, como o etanol, tartaratos, malatos, ácido cítrico, óleo de
semente de uva, hidrocoloides e fibras alimentares (STRAPASSON, 2016).
Os subprodutos obtidos após o processamento do vinho são sementes ou polpas, que
constituem uma fonte muito barata para a extração de flavonoides antioxidantes que podem
ser usados em: suplementos dietéticos, fitoterápicos, cosméticos e como antioxidantes
naturais na indústria de alimentos (ALONSO et al, 2002 apud STRAPASSON, 2016).
6. Conclusões
Constatou-se que o processo produtivo do vinho é composto por diversas etapas e
apresenta grande complexidade bem como, a necessidade de diversos cuidados e atenção
para sua produção.
Além disso é necessário a conformidade em todas as etapas para garantir a qualidade
do produto final, uma vez que, caso hajam falhas durante alguma fase da produção, o vinho
pode apresentar cor, sabor ou aroma alterados comprometendo a produção.
Além de compreender a importância do processo produtivo na produção do vinho,
observou-se que os resíduos e os subprodutos como a semente ou a polpa são fontes baratas
para a extração flavonoides antioxidantes.
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