Você está na página 1de 23

FEMINICÍDIO COMO QUESTÃO SOCIAL: UM OLHAR SOBRE A

ATUAÇÃO DA CASA DAS MULHERES EM VIÇOSA-MG

Feminicide as a social issue: a look at the performance of women's house in Viçosa-MG

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo analisar o feminicídio na Cidade de Viçosa - MG, dado o
alarmante número de casos de feminicídios registrados na cidade, cuja taxa se encontra acima
da média nacional. Diante do exposto é de suma importância discutir a responsabilidade do
Estado em garantir assistência a essas mulheres, visando a garantia de proteção de direitos,
bem como abordar as ações desenvolvidas pelo Programa “Casa das Mulheres” Viçosa - MG,
que atuam no atendimento às mulheres vítimas de violência. A abordagem proposta é de
natureza qualitativa e o procedimento metodológico emprega-se a pesquisa bibliográfica e
documental tendo como referência os principais autores Iamamoto, Netto, Lisboa e Pinheiro
que fazem uma discussão sobre a violência doméstica e as expressões da questão social;
Lagarde que trata do feminicídio; Saffioti, que analisa a violência doméstica contra a mulher e
sua relação com a questão de gênero.  A partir das análises dos autores citados pôde-se inferir
que a violência doméstica contra a mulher está intimamente relacionada com a questão de
gênero, que por sua vez é reforçado pelo sistema capitalista que nega direitos tendo o
feminicídio como sua expressão máxima dessa questão social. 

Palavras-Chave: Violência Doméstica. Feminicídio. Políticas Sociais.

1.      INTRODUÇÃO
A violência contra a mulher se constitui uma construção social desenvolvida dentro
de uma sociedade de origem machista e patriarcal, que ao longo do tempo submeteu a mulher
a uma posição desigual de poder entre os gêneros, tornando as mulheres objetos de violência,
especificamente dentro do lar. Para Marcondes Filho (2001) a violência contra a mulher, no
Brasil tem origem na sociedade escravista e de colônia de exploração. A condição de país
dependente e periférico em relação aos países de economia central favorece a superexploração
do trabalho e as desigualdades sociais inerentes do sistema capitalista, gestando “as
expressões da questão social” (LIMA, 2017), dentre elas a violência contra a mulher tendo
como sua máxima o feminicídio. 
A partir da década de 90, o feminicídio, uma das piores expressões da violência
doméstica contra a mulher, passa a chamar a atenção de órgãos nacionais e internacionais,
como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo o Mapa de Violência (2015), a taxa de feminicídio no Brasil é a 5ª mais alta do
mundo. Considerando a média nacional de feminicídio, de 4,45 óbitos por 100
mil habitantes relacionado com a taxa de feminicídio do município de Viçosa que é de 5,07
óbitos por 100 mil habitantes (Deespak/ SIM - Sistema de Informação de Mortalidade, 2013),
torna-se inegável a importância deste artigo que se propõe a analisar o aumento do
feminicídio em Viçosa - MG, visando dar visibilidade ao tema, ao mesmo tempo que propõe
incentivar os debates em torno da violência contra a mulher, além de contribuir para suprir
uma lacuna na bibliografia atual referente ao assunto compreendendo que este poderá ensejar
melhorias das políticas públicas de enfrentamento à violência contra a mulher pelos agentes
dos órgãos públicos. Considerando o expressivo aumento de casos de
feminicídio na cidade redução dos gastos com as políticas sociais, característica do Estado
Neoliberal, que inviabiliza o acesso das mulheres vítimas da violência aos seus direitos.
Partindo do princípio que muitos casos de feminicídio acontecem na cidade por falta de
políticas públicas eficazes, é preciso indagar quais estratégias estão sendo articuladas pela
“Casa das Mulheres” em Viçosa - MG, para o enfrentamento da violência, tendo em vista que
o município apresenta um número crescente de feminicídio em conseqüência da violência
doméstica. Este artigo tem como objetivo geral
analisar o aumento do feminicídio, bem como a contribuição da “Casa das Mulheres” no
enfrentamento a violência contra a mulher no município de Viçosa-MG.

Por essa razão os objetivos específicos são:

a)      Analisar através da literatura as ações desenvolvidas no “Programa casa das


mulheres” no enfrentamento à violência doméstica;

b)     Apontar as tendências dos estudos sobre o feminicídio no Brasil e seus principais
desafios no campo da Política Social, e a sua relação com a questão de gênero;

c)      Analisar o impacto da redução dos recursos em políticas sociais para as políticas
para mulheres;
d)      Caracterizar o que é feminicídio e como se configura em uma das expressões da
questão social.

2.    FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

2.1- CONTEXTO HISTÓRICO DA VIOLÊNCIA NO BRASIL E NO


MUNDO

A violência sempre esteve presente em todas as sociedades e culturas desde os tempos


mais remoto. Muchembled (2012) define o termo violência como tendo surgido no início do
século XIII originado do francês e do latim vis, “designando ‘a força’, ou o ‘vigor’ sendo
inerente ao ser humano, o sentimento de cólera e brutalidade, empregado para subjugar e
coagir o outro (MUCHEMBLED, 2012 p. 7).
O mesmo autor acrescenta que a violência na Idade Média era um fenômeno
comum, algo tolerado pela sociedade, sendo uma forma de confirmar o homem como forte e
viril, em contraposição a figura da mulher frágil que necessita do homem para lhe proteger
definindo o seu papel apenas para a procriação, controlando e naturalizando a violência contra
a mulher (MUCHEMBLED, 2012 p. 8).
No caso do Brasil, a violência se desenvolve no processo de colonização.
Nessa perspectiva, Mendes (2017) afirma que influenciada pela acumulação primitiva de
capital, o processo de colonização brasileira foi violento. O território foi invadido,
implantaram o escravismo e exploraram a mão de obra indígena. Essa cultura da violência
instaurada no Brasil foi sendo naturalizada e criando suas raízes no país.
Segundo Muchembled (2012), o desenvolvimento das sociedades e a
imposição das leis e normas contribuíram para que a violência fosse deslocada do âmbito
público para o privado, sendo assim, a casa deixa de ser um ambiente de proteção para se
tornar um lugar de violação de direitos, sendo um deles, a violência doméstica.
A questão da violência doméstica é um fato recorrente
em todas as sociedades ao longo da história da humanidade (Pinafi, 2007; Saffioti,1997), De
acordo com Fonseca et al (2018 p.50), a violência contra a mulher não é um fato novo, mas só
começa a ganhar destaque, a partir da década de 60, se tornando foco de pesquisa na esfera
acadêmica, sendo tema de debate no âmbito civil e no jurídico. O assunto se tornou pauta das
políticas sociais a partir da mobilização de grupos feministas, que tiveram suas ações
amplamente divulgadas pela mídia (BANDEIRA, 2014). As mulheres que faziam parte do
Movimento Feminista no Brasil tinham uma meta, que era defender os direitos da mulher e
combater o machismo (PEREIRA, 2012). A temática se tornou alvo de discussões na
sociedade civil principalmente, bem como na academia, em âmbito nacional e mundial
passando a ser vista como um fenômeno social, conforme aponta Lisboa e Pinheiro (2005).
Como tal, deve ser contida através de ações e de um conjunto de intervenções políticas e
sociais voltadas para as mulheres vítimas de violência.

  2.2. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E GÊNERO

   A violência contra a mulher ganha o título de violência doméstica, em razão da


mobilização da luta feminista na década de 70, na qual apontou a mulher como principal
vítima de violência em decorrência da sua total submissão em relação aos homens (LISBOA e
PINHEIRO, 2005). A partir desta afirmação, entende-se que a violência doméstica se
expressa pela desigualdade entre homem e mulher podendo ser entendida também como uma
violência de gênero, onde a mulher se torna vítima da crueldade do homem.
Entende-se por gênero à concepção que se moldou na sociedade sobre o
que é homem e o que é mulher. De acordo com Silva (2010) o termo gênero é um conceito
culturalmente construído que determina o que é aceitável para o homem e para a mulher
dentro de uma sociedade. Porém, essa definição de gênero passou a ser criticada por teóricas
feministas, conforme aponta Araújo (2005, p. 42), porquanto, entende-se que o conceito de
gênero fundamentado apenas nos aspectos biológico serve para reforçar o poder do homem
sobre a mulher, por isso, para ampliar o conceito sobre gênero, argumentam que se deve
considerar, não apenas o plano biológico, como também, o âmbito social e cultural na sua
totalidade. É notório que ao longo da história o papel da mulher sempre foi
reservado a um lugar de menor destaque, seus direitos e seus deveres estavam sempre
voltados para a criação dos filhos e os cuidados do lar, portanto, para a vida privada. Segundo
Galeano (2000) é em casa que “os direitos humanos deveriam começar [...]’ (GALEANO,
2000, p. 69). Baseado nos escritos de Morgan, Marx et al (MARX, 1980, p.
14-25), na obra “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado” relatam a origem
da sociedade patriarcal. De acordo com os autores, na sociedade primitiva em um período
anterior aos arranjos familiares de caráter patriarcal, as gens eram comandadas pelas
matriarcas. Nessa organização primitiva familiar não havia a ideia de fidelidade conjugal, por
isso, os filhos pertenciam apenas às mães. Contudo, com o fortalecimento dos laços conjugais
surge a necessidade econômica da transferência da herança do pai para os filhos, então, a
mulher passa da primeira, para a segunda posição na família e o homem passou a criar
mecanismos para controlar as mulheres. Engels entendia que a mudança de papel dentro da
família prejudicou o espaço da mulher dentro do lar, porquanto esta, passou a ser apenas
objeto sexual e de prazer (MARX et al, 1980).
Sobre a dominação da mulher pelo homem, a partir da
proposição do filósofo grego-helênico Filon de Alexandria, que baseou suas ideias a partir da
visão Platônica, há quase dois mil anos “defendia a ideia de que a mulher possuía pouca
capacidade de raciocínio, além de ter alma inferior à do homem”, reduzindo a mulher a um
objeto sexual e de prazer (CAMPOS; CORRÊA 2007, p. 99).
Os filósofos contratualistas do século XVIII,
Locke e Rousseau, também concordavam com essa visão. Rousseau entendia que a primeira
forma de sociedade é a conjugal, e reafirmou o poder do patriarca como fonte primária do
poder político (ROUSSEAU, 2006 p. 24). Defendia a ideia de que a mulheres não podiam
participar do contrato pela sua racionalidade deficiente ancorada na debilidade intelectual
inerente da mulher. Locke afirmava a posição soberana do pai em todas as esferas (Locke,
2005 p. 55-67). Segundo Roosenberg (2009) a
família patriarcal foi historicamente reconhecida como modelo de família brasileira tanto pela
sociedade, quanto para a igreja e o estado. Nesta estrutura familiar o homem tinha o papel de
provedor, ou seja, aquele que sustenta a família, pois é o que trabalha na esfera pública e
trazia para casa o sustento, enquanto as mulheres ocupavam o espaço privado cuidando do lar
e da prole, tendo como principal papel a procriação e ao cuidado do lar.
De acordo com Dias (2015), o
modelo familiar patriarcal colocava o homem numa posição de poder, requisitando da mulher
e dos filhos, total obediência e subserviência. Dessa forma, se constata que a família dos dias
atuais manteve resquícios da família patriarcal, mesmo que de forma implícita e despercebida,
fortalecendo as relações de poder, que submete a mulher ao domínio e controle dos homens.
Em contrapartida,
Muchembled (2012) afirma que a partir da evolução da civilização e da constituição de leis
jurídicas, a violência sai do âmbito público e adentra para o âmbito privado. O ambiente
destinado a proteção, torna-se um lugar de violação de direitos. Portanto, Maciel (2018)
assevera que a violência contra a mulher ocorre no espaço domiciliar, ou seja, é na própria
casa que as agressões acontecem, comumente por pessoas próximas, parentes, companheiro
ou ex- companheiro da vítima (Maciel, 2018 p.34). Dessa forma, a violência doméstica se
torna concreta a partir de uma correlação de poder em que o homem se coloca numa posição
privilegiada em relação à mulher. Segundo Barsted (2006 p. 45), a
promulgação da Lei 11.340 em 2006, a Lei Maria da Penha, se caracteriza como uma política
pública de segurança das mulheres que se destina especificamente à violência doméstica e
familiar e a reconhece como uma violação dos Direitos Humanos. Com base na lei Maria da
Penha, o artigo 7º estabelece as formas de violência que se enquadram como violência
doméstica contra a mulher, que se constituem: violência física que atenta contra o seu corpo;
psicológica que causa prejuízo emocional; sexual que constrange, intimida, ameaça com uso
da força; patrimonial que impede a sobrevivência material e moral que causa difamação,
calúnia e injúria (AZAMBUJA, 2008).

 2.3. LEI DE PROTEÇÃO A MULHER


 

Em resposta às reivindicações dos movimentos organizados da sociedade, acontece,


em 1993, a Conferência das Nações Unidas sobre Direitos Humanos que fica definido a
violência contra as mulheres como uma violação aos direitos humanos, a vida e a integridade
física e psicológica, assegurando os direitos fundamentais de dignidade humana (MELLO et
al 2014). Uma das primeiras iniciativas no Brasil para combater a violência doméstica
contra a mulher, foi a criação em 2003, da Secretaria de Políticas para as mulheres com o
intuito de tornar forte a luta no enfrentamento a violência doméstica, além de criar políticas
específicas no combate a esse crime, porquanto, conforme registrou Lopes (2017) não havia
ainda políticas específicas de enfrentamento à violência contra a mulher (LOPES, 2017 p. 9).
No Brasil um marco no enfrentamento da violência contra a mulher, foi
a Lei Federal Nº 11.340/2006, sancionada em 07 de agosto de 2006, conhecida como a Lei
Maria da Penha que trata da violência doméstica contra a mulher, como sendo “qualquer ação
ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou
psicológico e dano moral ou patrimonial” com o objetivo de aumentar o rigor da Lei para os
crimes contra a mulher nos espaços doméstico e familiar e garantir proteção às mulheres
dentro do ambiente domiciliar (LOPES, 2017 p. 9).
A lei 13.104 que tipificou o feminicídio, foi
aprovada pelo Congresso e sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff no dia 9 de março
de 2015, e altera o art. 121 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 do código
penal que determina o feminicídio como qualificadora o assassinato de mulheres em razão do
gênero (feminicídio), enquadrado no rol de crimes hediondos, a fim de punir com mais rigor o
autor do crime e diminuir os números de crime praticados contra a mulher no Brasil.
De acordo com o Atlas da violência
(2019) no ano de 2017 houve um crescimento dos homicídios femininos no Brasil, chegando
a 13 assassinatos por dia. No total, 4.936 mulheres foram mortas, vítimas da violência. Com o
crescimento do número de feminicídio no Brasil foi promulgada em 9 de março de 2015 a Lei
13.104/15, conhecida como a Lei do Feminicídio, a fim de coibir a ação criminosa.
Um homicídio só se constitui
feminicídio se comprovado agressões á vítima de qualquer ordem, sejam elas, psicológicas,
físicas, sexual, ou qualquer outro tipo de violência anterior a morte da mulher (BRASIL,
2015). Conforme Capez (2014), o fato do crime se configurar como feminicídio pode ser um
agravante e um fator determinante para punir o assassino de forma mais rigorosa. A Lei
do Feminicídio se assenta sobre o parágrafo 8° do art. 226 da Constituição Federal de 1988,
que prevê a família como base da sociedade, tendo proteção especial do Estado, o qual
garante assistência à família criando mecanismos de coibição da violência no âmbito das suas
relações. Nessa referida Lei configura-se como Feminicídio quando atentar contra a vida da
mulher por razões da condição do sexo feminino. A condição de sexo feminino quando o
crime envolve violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de
mulher implica em crime (BRASIL, 2015). O homicídio
qualificado tem pena prevista de 12 a 30 anos de reclusão. Além disso, a Lei 13.104/2015
estipula a previsão de um possível aumento da pena no seu parágrafo 7°: “durante a gestação
ou nos 3 (três) meses após o parto; menor de 14 (quatorze) anos e maior de 60 (sessenta) anos
ou com deficiência e na presença de descendente ou ascendente a vítima” (BRASIL, 2015).
Para punir com mais rigor, a Lei do Feminicídio passou por uma alteração no inciso I do art.
1° da Lei n. 8.072/1990 que converteu o feminicídio em crime hediondo (BRASIL, 2015).

2.4 - FEMINICÍDIO: EXPRESSÃO DA QUESTÃO SOCIAL

O termo feminicídio, na sua origem, foi cunhado a partir do ano de 1970,


fundamentado nos estudos de dois americanos Russel e Caputti (XAVIER; MARQUES,
2018). Inicialmente o termo foi denominado de femicídio, e mais tarde passou a ser chamado
de feminicídio sendo estes termos utilizado por Diana Russel, para expressar a morte de
mulheres praticada pelos homens (PONCE, 2011).
Posteriormente, esse termo passou a ser tratado de forma específica, sendo
analisado por diversos autores que lapidaram a concepção em questão como Meneghel et al
(2017) que caracteriza o termo, como o homicídio de mulheres praticado por um homem,
instigado por vários motivos, dentre eles o sentimento de posse, de vingança e de ira, podendo
ocorrer de várias formas, como mutilação, estupro e espancamento.
De acordo com Lagarde (2004) o feminicídio é um “conjunto de ações
danosas que se constituem em crimes contra as mulheres" (LAGARDE, 2004, p.6, tradução
nossa). Dessa forma, o Estado precisa implementar medidas para acabar com o feminicídio.
Sobre essa temática Russel (1992), afirma que o feminicídio vai além do relacionamento
afetivo entre casal, pois é perpassado por questões culturais e sociais. Sendo assim, a
sociedade e a cultura, são determinantes para influenciar, ou não, a ocorrência do feminicídio.
É relevante a abordagem de Filho (2019) que afirma que o
feminicídio se expressa como conseqüência de um processo contínuo da violência doméstica,
e são cometidos por pessoas próximas da vítima, parceiros ou ex companheiros, tendo como
principal fator, o sentimento de dominação mantendo a mulher sobre controle.
Colaborando com a discussão, Lopes (2017) destaca que a
desigualdade de gênero não surge com a sociedade capitalista, mas é sustentado por ela, haja
vista que, não há alteração na estrutura do patriarcado, ao contrário, essa condição é reforçada
colocando as mulheres como vítimas da exploração e da desigualdade de gênero. “[...] à
violência contra a mulher está intimamente relacionada ao patriarcado que surge em
decorrência da sociedade capitalista, esse último, se apresenta de forma mais contundente em
seu estágio monopolista”. (Lopes, 2017 p.7).
Segundo Iamamoto (1999), as expressões da
questão social podem ser definidas como

O conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que


têm uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se
mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos se mantém privada,
monopolizada por uma parte da sociedade (IAMAMOTO, 1999, p. 27).

No processo de expansão, o capitalismo contribuiu para fortalecer o pauperismo e as


refrações da questão social como falta de moradia, desemprego, fome, violência, etc. Nesse
sentido Netto, (2010, p. 27) afirma que o Estado não considera as expressões da questão
social como fruto da relação capital-trabalho e passa a imprimir na gestão das políticas sociais
um caráter focalista e assistencialista.
Para tanto, Cisne (2018, p. 211), discorre sobre a importância da perspectiva
materialista, histórica e dialética, no sentido de refletir sobre as relações sociais e as
contradições da sociedade capitalista na perspectiva da totalidade a partir de um viés crítico, o
que favorece entender os fenômenos sociais para além do que está aparente. Cisne (2018),
relata que as desigualdades entre raça e classe “ configuram as múltiplas expressões da
questão social” (CISNE, 2018, p. 212).
Sendo assim, é impossível entender as desigualdades entre homem e mulher
separada da visão da totalidade, haja vista que, a violência contra a mulher se expressa na
sociedade através da lógica de dominação em toda as esferas histórica, social e econômica.
Saffioti (1979), explica que para haver um reconhecimento e elevação da
mulher à emancipação, é preciso romper com a mentalidade acostumada a promover a
inferiorização da mulher na sociedade. E isso só se concretizará com uma transformação
societária que possibilitará uma sociedade cada vez mais igualitária.
Em razão disso, enfatiza-se que o feminicídio é uma particularidade da
violência doméstica que se expressa pela criminalidade e a negação dos direitos da mulher por
parte do Estado oriundo do perverso, contraditório e antagônico sistema capitalista, se
configurando, portanto, como uma expressão da questão social. Desse modo, o Estado deve
garantir proteção as mulheres vítimas de violência doméstica, via políticas públicas efetivas
com a finalidade de combater o feminicídio.

  

2.5 - NEOLIBERALISMO, POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS


MULHERES E A “CASA DAS MULHERES” EM VIÇOSA, MG.

A Consolidação da Assistência Social como política social não contributiva


direcionada àqueles de quem dela necessita está prevista na Constituição Federal de 1988 e na
Lei Orgânica da Assistência Social (Loas, 1993), onde no seu primeiro artigo diz que: a
assistência social é direito do cidadão e obrigação do Estado como prevê a Constituição
Federal de 1988. Para tratar da questão de políticas específicas para Mulheres foi criada
a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres em janeiro de 2003, com a função de
elaborar, articular e executar políticas direcionadas à eqüidade de gênero.
De acordo com Lisboa e Pinheiro (2005), o grande
desafio para o enfrentamento da violência contra a mulher, no âmbito da política social é a
efetivação de uma rede de serviços que contemple os diferentes programas e projetos,
consolidando uma política pública para o seu atendimento.
Considerando o aumento das mortes das mulheres, vítimas das
diversas formas de violência, sobretudo da violência doméstica, é de suma importância
discutir a responsabilidade do Estado em garantir assistência a essas mulheres, no sentido de
garantia de proteção de direitos, a fim de diminuir o número de casos de feminicídio no
Brasil. Porque quando a sociedade civil não dá conta de enfrentar com eficiência um
problema, a responsabilidade de solucionar o problema se torna do Estado (FILHO, 2019).
Contudo, no início da década de 1990, o Brasil adere à
política neoliberal- que tem como principal fundamento o Estado mínimo - tirando a
responsabilidade do Estado de ser o provedor, reduzindo as políticas sociais, atendendo as
propostas do consenso de Washington. O discurso difundido era que os gastos em políticas
públicas na era do “Welfare State” (Estado de Bem-Estar Social) foi o responsável pela crise
(BATISTA, 1994). Sobre esse assunto Marx (1867) menciona que o
capitalismo se sustenta em uma contradição fundamental, sendo as crises inerentes do sistema
de produção e reprodução capitalista. O objetivo da adesão do Brasil ao sistema neoliberal era
de financiar e promover a expansão do sistema capitalista (MOTA, 2012 p. 3).
Por isso, o avanço do neoliberalismo no contexto atual repercute
diretamente nas políticas sociais sofrendo uma redução no valor dos recursos destinadas a sua
operacionalização, principalmente àquelas destinadas às mulheres, impedindo a
implementação e execução das políticas sociais nos Estados e Municípios. “Assim,
presenciamos hoje a retração do Estado e conseqüentemente a fragilização das políticas e de
direitos historicamente conquistados. Sem proteção, a violência massifica-se, aumentado os
casos de feminicídio no país”. (LOPES, 2017 p. 10).
Uma das formas de enfrentamento á violência contra a
mulher está prevista na Lei Maria da Penha segundo Dias (2015), que prevê a criação de uma
rede integrada de serviços socioassistenciais e de saúde para as mulheres em situação de
violência, o que vem reafirmar a importância da mesma.
A “Casa das mulheres” faz parte dessa rede integrada de
serviços sócio assistenciais, criada pelo Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, uma
rede não especializada de acolhimento e encaminhamento de mulheres em situação de
violência, criada pelo Conselho Municipal de Direitos da Mulher de Viçosa (2009) e tem
como referência os Estudos Feministas e o Plano Nacional de Políticas para Mulheres, e é
resultante de um conjunto de ações voltadas para o enfrentamento da violência contra às
mulheres incluindo ações ligadas a saúde, segurança pública, judiciária, assistência social
dentre outras, na microrregião de Viçosa - MG. Sobre a rede protetiva, Ferreira et al
(2017), discorre que ela “é composta pela Polícia Militar e Civil, Centro de Referência
Especializado da Assistência Social (CREAS), Defensoria Pública, Centro Estadual de
Atenção Especializada, Vigilância Epidemiológica (SMS), Hospitais, Casa das Mulheres,
entre outras” (FERREIRA et al, 2017).

De acordo com Santos (2013),

No que tange o âmbito da formação, o projeto capacita profissionais das diversas


áreas de atuação, de Viçosa e municípios da Comarca, discutindo gênero e violência
contra a mulher, tendo como matriz pedagógica os eixos que compõem o Pacto
Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher. São eles: Garantia de
Aplicabilidade da Lei Maria da Penha; Ampliação e Fortalecimento das Redes de
Serviço para Mulheres em Situação de Violência; Garantia de Segurança Cidadã e
Acesso à Justiça; Garantia de Direitos Sexuais e Reprodutivos, Enfrentamento à
Exploração Sexual e ao Tráfico de Mulheres; Garantia da Autonomia das Mulheres
em Situação de Violência e Ampliação dos seus Direitos (SANTOS, 2013 p. 4).

Essa rede visa integrar os órgãos institucionais e não-institucionais com o objetivo de


construir uma articulação para fortalecer as políticas públicas de enfrentamento à violência
contra a mulher.

3.  PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

 Em função da abordagem qualitativa do estudo empregamos como metodologia a


pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental, explorando as potencialidades das fontes de
informações secundárias sobre a amostra desse estudo, a “Casa das Mulheres”, para verificar
a efetividade de suas ações no combate a violência doméstica, na qual utilizou-se
metodologicamente uma revisão sistemática da literatura corrente sobre o tema.
A revisão bibliográfica tem como finalidade de permitir a utilização de uma imensa
fonte de informação, auxiliando na elaboração do quadro de análise conceitual do objeto em
estudo, o feminicídio. A revisão bibliográfica tem como finalidade reunir informações e dados
a partir da temática da mesma em livros, periódicos e artigos científicos que tratam da
temática da violência doméstica contra a mulher e o feminicídio.            
A análise documental, possibilita coletar informações das Leis, estatutos,
materiais publicados por órgãos do estado, instituições e organismos mundiais, e etc (NORA,
2015). A análise qualitativa é um método que tem como características conhecer a realidade
da vida dos indivíduos com o objetivo de aprofundar nos “diferentes significados de uma
experiência vivida, auxiliando a compreensão do indivíduo no seu contexto” (ALVES;
SILVA, 1992, p. 61). Essa metodologia tem se mostrado bastante eficaz para compreender os
diferentes fenômenos, a vida humana e suas relações dentro de um contexto sócio-cultural,
histórico e político. Quanto aos objetivos, este artigo é de natureza descritiva, visando
descrever de forma ampla o fenômeno da violência contra a mulher e o feminicídio como seu
desdobramento. A pesquisa será realizada no município de Viçosa, Minas Gerais
localizada na região sudeste do país, na Zona da Mata Mineira. Segundo o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE 2010) a população do município é de 78.846 habitantes,
sendo a renda originada, basicamente, de três setores, agropecuária, indústria e serviços. O
município desde 2007 é constituído de 4 distritos: Viçosa, Cachoeira de Santa Cruz, São José
do Triunfo e Silvestre.
O “Programa Casa das Mulheres” iniciou suas atividades no ano de
2010, e foi implementado a partir da iniciativa popular Lei 2417/2014 e instituída pelo decreto
4781 onde ficam definidos os parceiros da rede de proteção para as mulheres vítimas de
violência. A “Casa das Mulheres” é uma referência no enfrentamento da questão social que é
a violência que desencadeia o feminicídio. Sua sede se localiza próximo a delegacia civil, do
quartel da Polícia Militar, Defensoria Pública e o Fórum, situado no entorno dos
equipamentos de Proteção Social ligado a Assistência Social do município tais como o CRAS
e o CREAS. A “Casa das Mulheres” contribui também, segundo Santos (2013 p. 3) “na
construção de um banco de dados sobre essa violência que permita identificar as
características do fenômeno em Viçosa”. Além disso, oferece atendimento humanizado as
vítimas de violência doméstica em contraposição às políticas focalizadas e paliativas
existentes, e através das suas ações buscam formular e implementar políticas públicas eficazes
no enfrentamento das expressões da questão social, inclusive a violência doméstica.

4- RESULTADOS E DISCUSSÕES

De acordo com os dados documentais e bibliográficos constata-se que a violência


contra a mulher sempre esteve presente na história da humanidade. Na sociedade brasileira a
violência contra a mulher se consolida através da sociedade patriarcal e machista que
submetia e submete a mulher a dominação.
Na cidade de Viçosa- MG, o número de assassinato contra a mulher tem
crescido além da média nacional. Segundo Mello (2017), 71% das mulheres que foram
vítimas de homicídio na cidade, haviam sofrido algum tipo de violência por parte de seu
companheiro ou ex companheiro num período anterior ao crime (MELLO et al, 2017). Dessa
forma, entendemos que muitas mortes poderiam ser evitadas se as vítimas tivessem recebido
uma atenção maior por parte do Estado, por meio de políticas sociais no atendimento a essas
mulheres após sofrerem a violência. Diante do exposto, compreendemos que essas mulheres
vivenciaram situações de violência antes de serem assassinadas, caracterizando o homicídio,
como crime de feminicídio, demandando uma atenção maior por parte do Estado para frear,
esse que tem se tornado uma epidemia sem controle, impactando as famílias das vítimas e
afetando toda a sociedade. Tendo em vista, que as mulheres assassinadas eram mães, tias,
filhas, e de forma cruel tiveram suas vidas ceifadas.
A “Casa das Mulheres” é um programa que oferece serviços
especializados para os mais diversos tipos de violência contra as mulheres. Porém, entre as
políticas que mais tiveram a incidência de cortes, são as que compões o fortalecimento da
Rede de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência e sustentam a base da assistência
ratificada na Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres
Além da problemática do desmonte de políticas sociais
públicas, sabe-se que os recursos financiados para esse setor são para municípios com mais de
100 mil habitantes inviabilizando a eficácia das ações para erradicar a violência em
municípios de menor porte, como é o caso da cidade de Viçosa -MG, causando um enorme
impacto nas ações para o enfrentamento da violência contra as mulheres.
Assim, vale ressaltar que, mesmo com o
trabalho de combate a violência doméstica realizado pela casa das mulheres, desde 2010, ano
da sua implantação, as mortes continuam a apresentar um aumento significativo, não pela
ineficiência do programa, mas pelo fato de que o investimento em políticas públicas para
mulheres começou a sofrer cortes significativos. Diante disso, a elevação das taxas dessas
mortes está intimamente relacionada a diminuição em investimento público nas políticas de
enfrentamento a violência contra a mulher. Dessa forma, os cortes que diminui
o orçamento e recursos repassados a esses programas, atenta contra os princípios do direito
social do cidadão garantidos na Constituição de 88 e consiste em retrocesso social, uma vez
que não apenas inviabiliza a realização progressiva de autonomia e emancipação, como
também impede o acesso aos direitos previstos na Constituição.

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
As ações desenvolvidas na “Casa das mulheres”, tem o objetivo de atuar no
enfrentamento a violência contra a mulher nos seus variados tipos, inclusive no combate ao
feminicídio, sua expressão máxima; no entanto, cabe destacar que, com o avanço dos ideais
neoliberais, tais ações ficam limitada, tendo em vista, a falta de recurso provocado pela
redução das políticas sociais. Os dados de feminicídio no país e no município de Viçosa são
alarmante, e muitas mortes poderiam ser evitadas se as vítimas recebessem uma atenção
maior por parte do Estado, por meio de políticas sociais no atendimento a essas mulheres após
sofrerem a violência, haja vista que em muitos casos, o feminicídio acontece por negligência
de ações estatais que não favoreceram a vítima que continuamente sofre com vários tipos de
violência no seu dia a dia.
Entendemos que a violência doméstica contra a mulher está intimamente relacionada
com a questão de gênero, que por sua vez é reforçado pelo sistema capitalista que nega os
direitos, tendo o feminicídio como consequência máxima da violência se constituindo uma
expressão da questão social. Considerando esses aspectos, é importante ressaltar que para
entendermos a violência e o feminicídio é preciso considerar em questão, a teoria do
materialismo histórico dialético a partir de Marx, o que favorece entender os fenômenos
sociais de forma aprofundada na sua realidade. Nesse sentido cabe ao estado concentrar os
esforços para diminuir o nível de violência contra a mulher e o feminicídio através de
investimentos em políticas públicas específicas para esse segmento, e buscar romper com a
mentalidade acostumada a promover a inferiorização da mulher na sociedade.

4- RESULTADOS E DISCUSSÕES

De acordo com os dados documentais e bibliográficos constata-se que a violência


contra a mulher sempre esteve presente na história da humanidade. Na sociedade brasileira a
violência contra a mulher se consolida através da sociedade patriarcal e machista que
submetia e submete a mulher a dominação.
Na cidade de Viçosa- MG, o número de assassinato contra a mulher tem
crescido além da média nacional. Segundo Mello (2017), 71% das mulheres que foram
vítimas de homicídio na cidade, haviam sofrido algum tipo de violência por parte de seu
companheiro ou ex companheiro num período anterior ao crime (MELLO et al, 2017). Dessa
forma, entendemos que muitas mortes poderiam ser evitadas se as vítimas tivessem recebido
uma atenção maior por parte do Estado, por meio de políticas sociais no atendimento a essas
mulheres após sofrerem a violência. Diante do exposto, compreendemos que essas mulheres
vivenciaram situações de violência antes de serem assassinadas, caracterizando o homicídio,
como crime de feminicídio, demandando uma atenção maior por parte do Estado para frear,
esse que tem se tornado uma epidemia sem controle, impactando as famílias das vítimas e
afetando toda a sociedade. Tendo em vista, que as mulheres assassinadas eram mães, tias,
filhas, e de forma cruel tiveram suas vidas ceifadas.
A “Casa das Mulheres” é um programa que oferece serviços
especializados para os mais diversos tipos de violência contra as mulheres. Porém, entre as
políticas que mais tiveram a incidência de cortes, são as que compões o fortalecimento da
Rede de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência e sustentam a base da assistência
ratificada na Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres
Além da problemática do desmonte de políticas sociais
públicas, sabe-se que os recursos financiados para esse setor são para municípios com mais de
100 mil habitantes inviabilizando a eficácia das ações para erradicar a violência em
municípios de menor porte, como é o caso da cidade de Viçosa -MG, causando um enorme
impacto nas ações para o enfrentamento da violência contra as mulheres.
Assim, vale ressaltar que, mesmo com o
trabalho de combate a violência doméstica realizado pela casa das mulheres, desde 2010, ano
da sua implantação, as mortes continuam a apresentar um aumento significativo, não pela
ineficiência do programa, mas pelo fato de que o investimento em políticas públicas para
mulheres começou a sofrer cortes significativos. Diante disso, a elevação das taxas dessas
mortes está intimamente relacionada a diminuição em investimento público nas políticas de
enfrentamento a violência contra a mulher. Dessa forma, os cortes que diminui
o orçamento e recursos repassados a esses programas, atenta contra os princípios do direito
social do cidadão garantidos na Constituição de 88 e consiste em retrocesso social, uma vez
que não apenas inviabiliza a realização progressiva de autonomia e emancipação, como
também impede o acesso aos direitos previstos na Constituição.

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS

As ações desenvolvidas na “Casa das mulheres”, tem o objetivo de atuar no


enfrentamento a violência contra a mulher nos seus variados tipos, inclusive no combate ao
feminicídio, sua expressão máxima; no entanto, cabe destacar que, com o avanço dos ideais
neoliberais, tais ações ficam limitada, tendo em vista, a falta de recurso provocado pela
redução das políticas sociais. Os dados de feminicídio no país e no município de Viçosa são
alarmante, e muitas mortes poderiam ser evitadas se as vítimas recebessem uma atenção
maior por parte do Estado, por meio de políticas sociais no atendimento a essas mulheres após
sofrerem a violência, haja vista que em muitos casos, o feminicídio acontece por negligência
de ações estatais que não favoreceram a vítima que continuamente sofre com vários tipos de
violência no seu dia a dia.
Entendemos que a violência doméstica contra a mulher está intimamente relacionada
com a questão de gênero, que por sua vez é reforçado pelo sistema capitalista que nega os
direitos, tendo o feminicídio como consequência máxima da violência se constituindo uma
expressão da questão social. Considerando esses aspectos, é importante ressaltar que para
entendermos a violência e o feminicídio é preciso considerar em questão, a teoria do
materialismo histórico dialético a partir de Marx, o que favorece entender os fenômenos
sociais de forma aprofundada na sua realidade. Nesse sentido cabe ao estado concentrar os
esforços para diminuir o nível de violência contra a mulher e o feminicídio através de
investimentos em políticas públicas específicas para esse segmento, e buscar romper com a
mentalidade acostumada a promover a inferiorização da mulher na sociedade.

 
 

6 . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Zélia Mana Mendes Biasoli; SILVA, Maria Helena G. F. Dias. Análise Qualitativa
de dados de entrevista: uma proposta. Paidéia, FFCLRP – USP, Ribeirão Preto, 1992.

ARAUJO, Maria de Fátima. Diferença e gênero nas relações de gênero: revisitando o


debate. Psicol. clin. Rio de Janeiro, v. 17, n. 2, p. 41-52, 2005. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
56652005000200004&lng=en&nrm=iso>. acesso em 26 de outubro de 2019.
ATLAS DA VIOLÊNCIA- Conferência Nacional dos Municípios. 2019. Disponível em:
https://www.cnm.org.br/comunicacao/noticias/atlas-da-violencia-revela-aumento-no-numero-
de-mulheres-vitimas-de-violencia. Acesso em: 12 de Set. de 2019.
AZAMBUJA, Mariana Porto Ruwer de; NOGUEIA, Conceição. Introdução à violência
contra as mulheres como um problema de direitos humanos e de saúde pública. 2008.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
12902008000300011. Acesso em: 15/08/2019.
BANDEIRA, Lourdes Maria. Violência de gênero: a construção de um campo teórico e de
investigação. Soc. estado.,  Brasília ,  v. 29, n. 2, p. 449-469,  Aug. 2014 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S010269922014000200008&lng=en&nrm=iso>. access on  23 Sept.
2019.
BARSTED, L. L. Lei e realidade social: igualdade X desigualdade. In: KATO, S. L. (Org.).
Manual de capacitação multidisciplinar: lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006 – Lei Maria
da Penha. Cuiabá: Poder Judiciário, Tribunal de Justiça, 2006. p. 42-48.

BATISTA, Paulo Nogueira. O Consenso de Washington – a visão neoliberal dos problemas


latinoamericanos. Caderno Dívida Externa, São Paulo, n° 6, setembro de 1994. Disponível
em: http://www.consultapopular.org.br/sites/default/files/consenso%20de%20washington.pdf.
Acesso em: 20 de Setembro de 2019.

BRASIL. Lei 13.104, de 9 de março de 2015. Altera o art. 121 do Decreto-Lei 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 – Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância
qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1º da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, para
incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/lei/L13104.htm> acesso em 12 de
Set. de 2019.
BRASÍLIA. Instituto de Pesquisa Data Senado. Observatório da Mulher Contra A
Violência. Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. 2017. Disponível em:
http://www12.senado.leg.br/institucional/datasenado/arquivos/aumenta-numero-de-mulheres-
que-declaram-ter-sofrido-violencia. Acesso em: 04 agosto de 2019.
CAMPOS, Amini Haddad e CORRÊA, Lindalva Rodrigues. Direitos Humanos das
Mulheres. Curitiba: Juruá, 2007.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: legislação especial. 4. vol. 9ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2014.
CISNE, Mirla. Feminismo e marxismo: apontamentos teórico-políticos para as desigualdades
sociais. Serv. Soc. Soc. São Paulo, n. 132, maio/ago. 2018. p. 211-230,
Deepask. Assassinatos de mulheres: Veja número e taxa de homicídios por cidade do Brasil -
Viçosa, MG. 2013. Disponível em: http://www.deepask.com/goes?page=Assassinatos-de-
mulheres:-Veja-o-numero-e-a-taxa-de-homicidios-da-populacao-feminina-do-seu-municipio. Acesso
em: 09 de out. 2019.
DIAS, Maria Berenice. Lei Maria da Penha: A efetividade da Lei 11.340/2006 de combate à
violência doméstica e familiar contra a mulher. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2015. DIRETRIZES NACIONAIS. Feminicídios. Diretrizes para Investigar, processar e
julgar com perspectiva de gênero as mortes violentas de mulheres. Dilma Rousseff
(Presidenta da República); Nilma Lino Gomes (Ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e
dos Direitos Humanos); Eleonora Menicucci (Secretária Especial de Políticas para as
Mulheres). Brasília-DF. Abril/2016.
FERREIRA, Palloma Rosa; BIFANO, Amélia Carla Sobrinho, COSTA, Elimara de Oliveira.
Rede de Articulação Institucional em Torno do Projeto Casa das Mulheres/NIEG em
Viçosa/MG. II Congresso Internacional  de Política Social e Serviço Social: Desafios
Contemporâneos; III Seminário Nacional de Território e Gestão de Politicas Sociais; II
Congresso de Direito à Cidade e Justiça Ambiental.  Londrina PR, de 04 a 07 de Julho de
2017.
FILHO, Jadson Santos de Faria. Feminicídio e a violência contra mulher no Brasil.
2019. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/74104/feminicidio-e-a-violencia-contra-
mulher-no-brasil. Acesso em: 24 de out. 2019.

FONSECA, Fernanda Soares ; FERREIRA, Maria da Luz Alves ; FIGUEIREDO, Rizza


Maria de; PINHEIRO, Ágatha Silva. O FEMINICÍDIO COMO UMA MANIFESTAÇÃO
DAS RELAÇÔES DE PODER. ENTRE OS GÊNEROS. JURIS, Rio Grande, v. 28, n. 1, p.
49-65, 2018.
GALEANO, Eduardo. Mulheres. A cultura do terror 4. Porto Alegre, L&PM, 2000.
 IAMAMOTO, Marilda Vilela. O Serviço Social na contemporaneidade; trabalho e
formação profissional. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1999.

IBGE- INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. 2010. Viçosa


Minas Gerais. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/vicosa/historico. Acesso
21 de Set. de 2019.

LAGARDE, Marcela. Por la vida y la liberdad de las mujeres: fin al femicídio. El dia, V.,
fevereiro, 2004. Disponível em:
https://cimacnoticias.com.mx/especiales/comision/diavlagarde. Acesso em : 27 set. 2019.
LIMA, Andreza Marília de; OLIVEIRA, Deysiane Holanda de ; NUNES, Gilmarcos da Silva.
A VIOLÊNCIA COMO EXPRESSÃO DA QUESTÃO SOCIAL: retratos do extermínio
da juventude negra de Fortaleza. VIII Jornada Internacional de Políticas Públicas. 2017.
Disponível em:
http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2017/pdfs/eixo7/aviolenciacomoexpressaodaquesta
osocialretratosdoexterminiodajuventudenegradefortaleza.pdf. Acesso em: 24 de Set. de 2019.
LISBOA, Teresa Kleba; PINHEIRO, Eliana Aparecida. A intervenção do Serviço Social junto
à questão da violência contra a mulher. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 08, n. 02, p. 199-
210, jul./dez. 2005. Disponível em:
https://periodicos.ufsc.br/index.php/katalysis/article/download/6111/5675. Acesso em
20/08/2019.
LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo.Trad. Alex Marins. São Paulo: Martin
Claret, 2005.

LOPES, Nirleide Dantas. A violência contra a mulher no capitalismo contemporâneo:


opressão, exploração e manutenção do sistema. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL
FAZENDO GÊNERO 11 & 13TH WOMEN’S WORLDS CONGRESS, 11., 2017,
Florianópolis. Anais Eletrônicos. Florianópolis: Ufsc, 2017. p. 1 – 15.
MACIEL, Marciane Gonçalves. Características da violência física em mulheres adultas
notificadas em Santa Catarina- 2008 a 2014. 46 p. Trabalho de Conclusão de Curso –Curso
de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2018.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich; LENIN, Vladimir. Sobre a Mulher. Global Editora: São
Paulo, S/N. p., 15. 1980.

MARX, Karl. “O 18 Brumário de Luis Bonaparte”. In: ENGELS, Friedrich. A revolução


antes da revolução. São Paulo: Expressão Popular, 2008.
MARX, Karl. A Assim Chamada Acumulação Primitiva, Capítulo XXIV. In: MARX,
Karl: O Capital, Livro I crítica da economia política. São Paulo: Abril Cultural, 1867.
p.346-347.
MARCONDES FILHO, Ciro. Violência fundadora e violência reativa na cultura
brasileira. São Paulo Perspectiva, ISSN 0102-8839 versión impresa. São Paulo, v.15 n.2,
abr./jun. 2001. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/spp/v15n2/8573.pdf. Acesso em: 07
out. 2019.
MATOS, Maria Izilda Santos. História das mulheres e das relações de
gênero:campo historiográfico, trajetória e perspectiva. In: Revista Mandrágora, v.19. n. 19,
2013, p.5-15.
MELLO, Adriana; BITTENCOURT, Diego Ramires. Violência contra a mulher, direitos
humanos e gênero: uma leitura da Lei Maria da Penha. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-
4862, Teresina, ano 19, n. 3969,14 maio 2014.Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/28394. Acesso em: 22 ago. 2019.
MELO, Cristiane Magalhaes. Feminicídio: a expressão mais perversa da violência de gênero. 
Informativo Unidade Interdisciplinar de Estudos em Desenvolvimento Humano e Social-
UNIEDHS. Departamento de Economia Doméstica, ano3, nº6, 2019.
MELO, Cristiane Magalhães de; AQUINO, Talita Iasmim Soares; SOARES, Marcela
Quaresma; BEVILACQUA, Paula Dias.Vigilância do óbito como indicador da qualidade da
atenção à saúde da mulher e da criança. Revista Ciênc. saúde colet. 22 (10). Out 2017.
Disponível em: https://www.scielosp.org/article/csc/2017.v22n10/3457-3465. Acesso em: 27
de Set. de 2019.
MOREIRA, Adriana Nogueira; SOUZA, Gerald Gonçalves. Feminicídio: Violência
doméstica e familiar. 2017. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/61798/feminicidio-
violencia-domestica-e-familiar. Acesso em: 27 de set. 2019.
MENEGHEL, Stela Nazareth; PORTELLA, Ana Paula. Feminicídios: conceitos, tipos e
cenários. Cien Saude Colet (2017/Mai). Citado em 24/09/2019. Disponível em:
http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/feminicidios-conceitos-tipos
ecenarios/16242?id=16242 .
MENDES, Eliana Rodrigues Pereira. Raízes da violência no Brasil: impasses e
possibilidades. Estud. psicanal.,  Belo Horizonte ,  n. 48, p. 33-42, dez.  2017 .   Disponível
em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
34372017000200004&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  26  out.  2019.
MOTA, Ana Elizabete  - Crise, desenvolvimentismo e tendências das políticas sociais no
Brasil e na América Latina. Configurações, 10 | 2012, 29-41.
MUCHEMBLED, Robert. História da Violência. Tradução Abner Chiquieri. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 2012.
NETTO, José Paulo. A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social; Serviço
Social e Saúde: Formação e Trabalho Profissional; Brasília; 2010. Disponível em:
http:www.fnepas.org.br/pdf/servico_social_saude/texto3-1.pdf. Acesso em 10 de set. 2019.
NORA, Naraiana Inez. Feminicídio: Expressão Máxima da Violência Contra a Mulher na
Sociedade Burguesa. In: VIII Semana Acadêmica e II Seminário Estadual de Serviço
Social, 2015, Cascavel. Anais VIII Semana Acadêmica e II Seminário Estadual de
Serviço Social, 2015. v. 1.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL – ONU. Mulheres convoca a
América-Latina para acabar com os feminicídios. Publicado em: 07/12/2017. Disponível
em: http://www.onumulheres.org.br/. Acesso em: 17 de Set. de 2019.

PEREIRA, Rita de Cássia Bhering Ramos. O fenômeno da violência contra a mulher:


tipificações e percepções. 2012. 120 f. Dissertação (Mestrado em Economia familiar; Estudo
da família; Teoria econômica e Educação do consumidor) - Universidade Federal de Viçosa,
Viçosa, 2012.

PINAFI, Tânia. Violência contra a mulher: políticas públicas e medidas protetivas na


contemporaneidade. Artigo publicado na edição nº 21 de abril/maio de 2007. Disponível
em:http://www.histórica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao21/materia03/.
Acesso em: 23 de Set. de 2019.
PONCE, María Guadalupe Ramos. Mesa de trabalhos sobre femicídio/feminicídio. In:
CHIAROTTI, S.(Ed.). Contribuições ao debate sobre a tipificação penal do
femicídio/feminicídio. Lima: CLADEM, p. 107-116, 2011. Disponível em:
http://www.onumulheres.org.br/wpcontent/uploads/2016/04/diretrizes_feminicidio_FINAL.p
df. Acesso em: 20 de out. 2019.
ROOSENBERG, Rodrigues Alves. Família Patriarcal e Nuclear: Conceito, características e
transformações. Seminário de Pesquisa da Pós-graduação em História UFG/UCG. Setembro,
2009. Disponível em: https://pos.historia.ufg.br/up/113/o/IISPHist09_RoosembergAlves.pdf.
Acesso em: 21 out. 2019.
ROUSSEAU, Jean Jacques. Do Contrato Social ou Princípios do Direito Político.Trad.
Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2006.

RUSSEL, Diana; CAPUTTI, Jane. Femicide: the politics of women killing New York:
Twayne Publisher; 1992.
SAFFIOTI, Heleieth. A mulher na sociedade de classes: mito e realidade. 2. ed. Petrópolis:
Vozes, 1979.
SAFFIOTI, Heleeith. Violência em debate. 2 ed. São Paulo: Moderna, 1997.
SANTOS, Marli de Araújo. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NA RELAÇÃO ENTRE O
PÚBLICO E PRIVADO. Tese (Mestrado). Faculdade de Serviço Social, da Universidade
Federal de Alagoas. Maceió, 2008.
SANTOS, Ana Pereira dos. Projeto “Casa das Mulheres”: o desafio do enfrentamento à
violência doméstica em redes não-especializadas. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL
FAZENDO GÊNERO, 1., 2013, Florianópolis. Anais eletrônicos... Florianópolis: UFSC,
2013. Disponível em:
http://www.fg2013.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/20/1373488138_ARQUIV
O_TextocompletoFazendoGenero.pdf. Acesso em: 18 de out. 2019.
SILVA, Sérgio Gomes da. Preconceito e discriminação: como bases da violência contra a
mulher. Psicol. cienc. prof. , Brasília, v. 30, n. 3, p. 556-571, setembro de 2010. Disponível
em <http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S141498932010000300009&lng=en&nrm=iso>. acesso em 23 de
setembro de 2019.
Sistema de Informação de Mortalidade (SIM/DATASUS). Sistema de Informação de Agravos
de Notificação (SINAN). Viçosa: Secretaria Municipal de Saúde. 2013.
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/ext10br.def. Acesso em 18 de out.
2019.
XAVIER, Nayara de Menezes; MARQUES, Anderson. Feminicídio: A expressão máxima da
violência contra a mulher. Revista Pensar Direito, Vol. 9, No.2. JUL/2018. Disponível em:
http://revistapensar.com.br/direito/pasta_upload/artigos/a313.pdf. Acesso em: 23 de Set.
2019.

Você também pode gostar