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Artigo - Feminicídio Como Questão Social OIKOS
Artigo - Feminicídio Como Questão Social OIKOS
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo analisar o feminicídio na Cidade de Viçosa - MG, dado o
alarmante número de casos de feminicídios registrados na cidade, cuja taxa se encontra acima
da média nacional. Diante do exposto é de suma importância discutir a responsabilidade do
Estado em garantir assistência a essas mulheres, visando a garantia de proteção de direitos,
bem como abordar as ações desenvolvidas pelo Programa “Casa das Mulheres” Viçosa - MG,
que atuam no atendimento às mulheres vítimas de violência. A abordagem proposta é de
natureza qualitativa e o procedimento metodológico emprega-se a pesquisa bibliográfica e
documental tendo como referência os principais autores Iamamoto, Netto, Lisboa e Pinheiro
que fazem uma discussão sobre a violência doméstica e as expressões da questão social;
Lagarde que trata do feminicídio; Saffioti, que analisa a violência doméstica contra a mulher e
sua relação com a questão de gênero. A partir das análises dos autores citados pôde-se inferir
que a violência doméstica contra a mulher está intimamente relacionada com a questão de
gênero, que por sua vez é reforçado pelo sistema capitalista que nega direitos tendo o
feminicídio como sua expressão máxima dessa questão social.
1. INTRODUÇÃO
A violência contra a mulher se constitui uma construção social desenvolvida dentro
de uma sociedade de origem machista e patriarcal, que ao longo do tempo submeteu a mulher
a uma posição desigual de poder entre os gêneros, tornando as mulheres objetos de violência,
especificamente dentro do lar. Para Marcondes Filho (2001) a violência contra a mulher, no
Brasil tem origem na sociedade escravista e de colônia de exploração. A condição de país
dependente e periférico em relação aos países de economia central favorece a superexploração
do trabalho e as desigualdades sociais inerentes do sistema capitalista, gestando “as
expressões da questão social” (LIMA, 2017), dentre elas a violência contra a mulher tendo
como sua máxima o feminicídio.
A partir da década de 90, o feminicídio, uma das piores expressões da violência
doméstica contra a mulher, passa a chamar a atenção de órgãos nacionais e internacionais,
como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo o Mapa de Violência (2015), a taxa de feminicídio no Brasil é a 5ª mais alta do
mundo. Considerando a média nacional de feminicídio, de 4,45 óbitos por 100
mil habitantes relacionado com a taxa de feminicídio do município de Viçosa que é de 5,07
óbitos por 100 mil habitantes (Deespak/ SIM - Sistema de Informação de Mortalidade, 2013),
torna-se inegável a importância deste artigo que se propõe a analisar o aumento do
feminicídio em Viçosa - MG, visando dar visibilidade ao tema, ao mesmo tempo que propõe
incentivar os debates em torno da violência contra a mulher, além de contribuir para suprir
uma lacuna na bibliografia atual referente ao assunto compreendendo que este poderá ensejar
melhorias das políticas públicas de enfrentamento à violência contra a mulher pelos agentes
dos órgãos públicos. Considerando o expressivo aumento de casos de
feminicídio na cidade redução dos gastos com as políticas sociais, característica do Estado
Neoliberal, que inviabiliza o acesso das mulheres vítimas da violência aos seus direitos.
Partindo do princípio que muitos casos de feminicídio acontecem na cidade por falta de
políticas públicas eficazes, é preciso indagar quais estratégias estão sendo articuladas pela
“Casa das Mulheres” em Viçosa - MG, para o enfrentamento da violência, tendo em vista que
o município apresenta um número crescente de feminicídio em conseqüência da violência
doméstica. Este artigo tem como objetivo geral
analisar o aumento do feminicídio, bem como a contribuição da “Casa das Mulheres” no
enfrentamento a violência contra a mulher no município de Viçosa-MG.
b) Apontar as tendências dos estudos sobre o feminicídio no Brasil e seus principais
desafios no campo da Política Social, e a sua relação com a questão de gênero;
c) Analisar o impacto da redução dos recursos em políticas sociais para as políticas
para mulheres;
d) Caracterizar o que é feminicídio e como se configura em uma das expressões da
questão social.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4- RESULTADOS E DISCUSSÕES
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
As ações desenvolvidas na “Casa das mulheres”, tem o objetivo de atuar no
enfrentamento a violência contra a mulher nos seus variados tipos, inclusive no combate ao
feminicídio, sua expressão máxima; no entanto, cabe destacar que, com o avanço dos ideais
neoliberais, tais ações ficam limitada, tendo em vista, a falta de recurso provocado pela
redução das políticas sociais. Os dados de feminicídio no país e no município de Viçosa são
alarmante, e muitas mortes poderiam ser evitadas se as vítimas recebessem uma atenção
maior por parte do Estado, por meio de políticas sociais no atendimento a essas mulheres após
sofrerem a violência, haja vista que em muitos casos, o feminicídio acontece por negligência
de ações estatais que não favoreceram a vítima que continuamente sofre com vários tipos de
violência no seu dia a dia.
Entendemos que a violência doméstica contra a mulher está intimamente relacionada
com a questão de gênero, que por sua vez é reforçado pelo sistema capitalista que nega os
direitos, tendo o feminicídio como consequência máxima da violência se constituindo uma
expressão da questão social. Considerando esses aspectos, é importante ressaltar que para
entendermos a violência e o feminicídio é preciso considerar em questão, a teoria do
materialismo histórico dialético a partir de Marx, o que favorece entender os fenômenos
sociais de forma aprofundada na sua realidade. Nesse sentido cabe ao estado concentrar os
esforços para diminuir o nível de violência contra a mulher e o feminicídio através de
investimentos em políticas públicas específicas para esse segmento, e buscar romper com a
mentalidade acostumada a promover a inferiorização da mulher na sociedade.
4- RESULTADOS E DISCUSSÕES
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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