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A primeira coisa que me veio à cabeça quando tirei este canivete do blister foi: um
tanque de combate!
Esta primeira impressão é como uma promessa, mas sabem o que é melhor? Este
canivete “entrega” o que promete! Ele realmente é robusto e com uma solidez invejável!
Vamos começar pela lâmina: o aço é provavelmente o 440B, ou sua designação chinesa,
já que é fabricado lá, que é o 8Cr17Mo ou 7Cr17Mo ( já que outras lâminas do
fabricante são neste aço – uma questão de logística – e porque na afiação ele se
comportou de forma idêntica à outra lâmina da Guepardo que é neste aço ), cuja
composição é 0,75-0,95 de C; 16 a 18 de Cr; 0,75 Mo; 1 de Si; 1 de Mn; 0,3 de S e 0,4
de P.
Próximo à empunhadura a lâmina apresenta uma saliência inferior do tipo aleta, que é
uma efetiva guarda impedindo o deslocamento da mão em direção ao fio; esta mesma
guarda funciona como flip, que permite a abertura da lâmina com um movimento rápido
e seco do dedo indicador. Há também uma ligeira aleta no dorso da lâmina, que creio eu
deveria também funcionar como uma espécie de guarda superior, mas ela torna a
empunhadura do canivete com o dedão apoiado sobre a lâmina desconfortável assim
como a empunhadura de agarramento de força controlada, que é aquela que se faz
quando vamos descascar uma laranja, com o dorso da lâmina apoiado no dedo
indicador. Eu eliminei esta aleta e coloquei um jimping em seu lugar, tornando não só
possível o apoio do dedo nesta posição com total conforto, como conferindo mais grip.
Guepardo Canivete Black Hawk 03.JPG (147.7 KiB)
A lâmina apresenta ainda um generoso thumb stud ( “botão” cilíndrico para abertura
com o dedão ) bilateral e é toda revestida de uma pintura eletrostática em padrão
camuflado. O fio de fábrica para os meus padrões é no máximo regular, mas sua afiação
é muito fácil e fica com um fio de assustar!
Aqui cabe um comentário: as talas são tão semelhantes ao G10 e a micarta, que não
resisti e tive que fazer um teste comparando com as lâminas com empunhadura nestes
materiais que tenho. Raspei com uma lâmina e a sensação foi exatamente igual nos 3
materiais; acrescentei também uma empunhadura em zytel imitando G10 para ver, e
esta raspou como plástico!
Me restou o teste da chama. O G10 não produziu chama e nem amoleceu numa
exposição direta por 15 segundos! A micarta produziu uma chama após alguns
segundos de exposição,mas que se extinguia assim que era afastada do bico de chama.
O ABS produziu exatamente o mesmo resultado que a micarta! Já o zytel apesar de não
apresentar chama, derreteu. Ou seja, o ABS do BH da Guepardo se comportou de modo
muito semelhante à micarta, mas texturizado imitando o G10; muito bom!
Isso significa que se por acidente este canivete cair por exemplo em uma fogueira, dá
perfeitamente para se pegar um galho ou outro instrumento para retirá-lo de lá, sem
maiores danos! Ninguém precisa afobadamente meter o pé na fogueira para tentar
chutar o canivete para fora dela! E provavelmente não reagirá significativamente com
solventes, ácidos ou álcalis. Isso tudo com excelente resistência à abrasão !
Sua construção aberta torna extremamente simples sua limpeza o que aumenta sua vida
útil, já que nenhum tipo de resíduo, quer seja do tipo orgânico ou mineral como areia
ficará ai alojado. A fixação das talas de ABS é por parafusos, o que permite sua
desmontagem.
Mas nem tudo é só maravilha neste canivete, infelizmente! Está certo que as duas falhas
que vou apontar ( além daquela mini aleta no dorso da lâmina próxima à empunhadura
que já mencionei ) são facilmente corrigíveis pelo usuário.
Primeiro um que é mais uma questão cosmética ( para o canivete, mas não para o
usuário ), que é o insert em liga metálica em formato de bala acho que .357, com a
marca da Guepardo. Eu sei que o pessoal do marketing vai querer me bater, mas além
dele apresentar em sua porção traseira onde seria a espoleta, um ressalto com ângulo
vivo que é um pouco incômodo ao se empunhar o canivete, ele é escorregadio, o que
destoa da empunhadura texturizada que dá um grip muito bom! Se aumentar muito o
custo de produção estampar a marca direto na empunhadura, o insert poderia ser plano e
do mesmo material da empunhadura, e ficaria perfeito; claro que a marca Guepardo
estampada teria menos visibilidade...
Guepardo Canivete Black Hawk modificado 03.JPG (147.02 KiB)
A solução que dei foi fazer um desbaste no insert para eliminar a parte angulada. Que o
pessoal do marketing da Guepardo não me leia, mas é muito fácil remover o insert e
preencher o seu nicho com silicone por exemplo, ficando perfeita esta solução!
O principal problema deste clip é sua pronunciada aleta final, que literalmente entra na
palma da mão quando se empunha o canivete, tornando por exemplo impossível se
descascar um metro de cana de açúcar sem ficar com a palma da mão marcada e muito
dolorida. Um amigo fez troça dizendo que por ser dentista eu tinha “mãos de moça”,
mas também praguejou ao tentar cascar outra cana!
A aleta na extremidade é o pior, mas a altura da dobra do clip ( para lhe dar a tensão )
assim como seus cantos-vivos também maltratam a palma das mãos.
A solução final então foi muito simples: removi o clip! Ficou uma maravilha!
Neste caso, pode-se optar pela bolsa em nylon que o acompanha para transportá-lo no
cinto.
Guepardo Canivete Black Hawk modificado 05.JPG (149.33 KiB)
A empunhadura apresenta 3 furos de cada lado e com 7mm de diâmetro com finalidade
de se aliviar um pouco de peso, sendo que fio da lâmina quando em posição dobrada
sequer aparece no último deles, tornando-o ideal para se fixar um lanyard até de
generosa espessura!
A Guepardo tem outros canivetes que espero testar, mas me sinto confiante em afirmar
que este é o mais robusto, sólido e confiável canivete disponível no mercado nacional,
incluindo outras marcas, na sua faixa de preço e até bem acima dela!