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Protocolo nº .....
....., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º ....., com sede na
Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP ....., representada
neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). ....., brasileiro (a), (estado civil),
profissional da área de ....., portador (a) do CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., por
intermédio de seu advogado (a) e bastante procurador (a) (procuração em anexo -
doc. 01), com escritório profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade .....,
Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui respeitosamente à
presença de Vossa Excelência propor
RECURSO
DOS FATOS:
1."...
Em resposta à notificação de impugnação o fornecedor não apresentou defesa,
apesar de ser devidamente notificado. Por disposição legal aplica-se neste caso, por
analogia, os efeitos da revelia, previstos no art. 319 do Código de Processo Civil, in
verbis:
DO DIREITO
De fato assiste razão à douta Divisão Jurídica deste órgão, no que tange à
aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor, em todas as relações em que
houver fornecimento de produtos e serviços, bem como com relação ao caráter de
ordem pública que envolvem as normas nele preceituadas.
"Art. 5º - ..........
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ele
inerentes;" (grifei)
Diante de tal situação, claro se mostra o não atendimento aos preceitos legais e,
também, a jurisprudência de nosso ordenamento pátrio, sendo indiscutivelmente
cabíveis e exigíveis a aplicação destes no presente procedimento. Até mesmo
através de aplicação de analogia, ao que se refere ao julgado apresentado, pois
está por óbvio demonstrada a nulidade do presente parecer, não havendo que se
falar em condenação ao pagamento de multa, uma vez que nem ao menos houve a
análise da defesa protocolada pela ora Recorrente junto a este órgão, que não fora
juntada aos autos por razões que fogem a sua alçada, não podendo ainda, ser
responsabilizada por quaisquer falhas internas deste r. órgão.
Em que pese as razões que levaram o chefe deste órgão a proferir o parecer ora
recorrido, pelos argumentos relatados acima, que caminhou a decisão do presente
procedimento para a condenação das Fornecedora/Recorrente ao pagamento de
multa pecuniário no valor de 200 UFIRs, não pode ser acatado como sendo a
melhor orientação e/ou decisão no caso em tela, uma vez que contraria pricípios
basilares de nosso ordenamento pátrio.
Razão pela qual, deve tal decisão deve ser reformulada "in totum" a fim de que se
apresente em conformidade o raciocínio apresentado pela Recorrente, e desta
forma esteja presente o princípio constitucionalmente consagrado para todos os
pólos lineares do processo, qual seja o CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA, para,
em posterior decisão, considerar as diretrizes as Justiça e de Direito. Tendo em
vista, que os argumentos e o pedido feitos em sede de impugnação não foram
apreciados pelo julgador, o que vicia o presente parecer, eis que fora proferido de
forma `infra petita´, e como tal deve ser anulado, eis que denota-se do mesmo,
que quando da FUNDAMENTAÇÃO declinada pelo Coordenador do PROCON, este
deixou de mencionar acerca do reconhecimento ou não das alegações trazidas aos
autos.
Assim, não por demais ressaltar, que nos parece pouco provável, ou até impossível
que do uso normal de um imóvel decorra manchas e riscos nas paredes, bem como
clara resta a comprovação no bem em questão, de que o imóvel não fora devolvido
para a proprietária, pela locatária e seus fiadores solidários, no estado em que o
receberam no início da contratação.
Não por demais salientar que, praticamente pacífica é a doutrina que nos tange às
provas do estado anterior e atual da "res locatio", afirmando que esta cabe ao
locatário, ou seja, o locatário é que deve demonstrar que quando da rescisão
contratual o bem encontra-se nas mesmas condições em que o recebera, sendo
que nenhum tipo de prova fora produzida pela consumidora, a qual simplesmente,
limitou-se a juntar no presente feito os documentos de fls. 12, os quais não
comprovam qualquer vínculo dos mesmos com o objeto locado.
Ora, não se pode admitir dita condenação da Fornecedora, posto que por ocasião
da contratação fora estabelecido cláusulas e condições ao negócio realizado, as
quais obedeceram todos os princípios específicos aos contratos em geral, entre os
quais ressaltamos o da liberdade contratual, bem ainda não podendo-se esquecer a
regra da "pacta sunt servanda", avençaram a seguinte cláusula:
Diante de tais preceitos contratuais protegidos legalmente, bem ainda dos rumos a
que tomaram o presente procedimento administrativo, com a condenação da
Recorrente, cumpre-nos por oportuno nesse momento, trazer o disposto na Carta
de Orientação ao Inquilino, fls. 14. Vejamos:
"4 - VISTORIA: Juntamente com a chave, vossa senhoria receberá uma cópia da
vistoria de entrada no imóvel, a qual deverá ser conferida e só itens que não
estiverem de acordo com a realidade do imóvel, devem ser relacionados e
comunicados por (...)
4.1 - O imóvel deverá ser entregue nas mesmas condições da vistoria de entrada
conforme cláusula sexta, sendo expressamente proibido a retirada das chaves
entregues na rescisão, para eventuais reparos."
Portanto, cumpre ressaltar que mais do que claro restou para a consumidora a
obrigação de devolver o bem, ao final da locação, no estado em que o recebeu, e
que se encontra descrito na vistoria de entrada, assinada no início da locação.
Outrossim, cumpre-nos salientar que da contratação entre a administradora e o
proprietário locador, resulta para aquela a obrigação de restituir o bem por ela
administrado, quando da rescisão contratual, no exato estado em que o recebera
para a administração.
"No que for omissa esta lei aplicam-se as normas do Código Civil e do Código de
Processo Civil."
Disto conclui-se que para o nosso legislador as relações locatícias não se equiparam
às relações de consumo, sendo que os nossos tribunais tem afastado a incidência
da Lei 8078/90, ainda que haja uma pessoa jurídica intermediando a relação entre
locador e locatário.
Não podemos admitir que a uma relação amparada por Lei especificamente criada
para regê-las seja aplicado princípios de outra Lei, quando aquela sequer
mencionada e admite a aplicação subsidiária desta, sendo que, mesmo havendo fim
lucrativo para o proprietário não podemos ter a relação locatícia como uma relação
de consumo, eis que totalmente dissociada dos conceitos trazidos pelo Código de
Defesa do Consumidor.
Ressalta-se ainda que o próprio conceito trazido pela Lei do que venha a ser
locação, desconfigura a existência de relação de consumo, senão vejamos:
"Art. 1.188. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por
tempo determinado, ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa
retribuição".
Nota-se pelo conceito acima transcrito, que nas locações não há prestação de
serviços ao locatário e nem fornecimento de bens, restando evidente que a locação
se apresenta num típico negócio civil e não comercial, como pretende a Locatária
em questão e como tem entendido este respeitável órgão.
Ora se a Reclamante diz ter efetivado os reparos no imóvel e alega ter gasto a
quantia equivalente a R$ 58,00 (cinquenta e oito reais) e a testemunha por ela
trazida em juízo afirma que o valor em questão de não se presta para os reparos a
serem realizados no imóvel, como pretender que a Locatária tenha razão em dizer
que entregou o imóvel no mesmo estado em que o recebera.
Não por demais lembrar que, na elaboração do contrato, o qual segue devidamente
assinado e rubricado pelas partes e testemunhas, do que se extrai como sendo um
ato jurídico perfeito e acabado, sem quaisquer abuso e/ou vício, eis que as partes
encontravam-se em condições normais de contratação, conforme preceitos legais
aplicáveis a espécie, do que ressalta-se, que negar a contratação celebrada pelas
partes, seria o mesmo que permitir, a violação unilateral ao mais amplo princípio
que rege os contratos, qual seja 'PACTA SUNT SERVANDA", que na lição do mestre
Orlando Gomes, assim nos ensina, in verbis:
O artigo em tela trata dos direitos básico do consumidor, sendo que o referido
inciso II traz como seu direito "...a educação e divulgação sobre o consumo
adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e igualdade
nas contratações" do que não vislumbramos no caso em tela nenhuma violação
pela Administradora.
Apenas 'ad argumentandum' temos que o presente texto legal apenas corrobora o
que já fora tido acerca da afastabilidade desta Lei ao caso em tela por não tratar-se
a locação de relação jurídica de consumo, eis que questiona-se como educar o
locatário sobre o 'consumo' do imóvel locado? Se isto vier representado pela
orientação acerca das responsabilidades pelos danos que vier a causar no imóvel
por quando do contrato locatício, a norma em questão fora devidamente cumprida
pela "Fornecedora" mediante a Carta do Orientação ao Inquilino, em anexo, donde
vislumbra-se claramente a educação prevista no texto em questão.
O que vemos é um abuso por este órgão, que no ímpeto de defender os direitos
que entende ser do consumidor, esquecesse de todas as regras de convívio social,
pretendendo que um proprietário ceda a posse do seu bem a outrem sem que este
tenha nenhuma responsabilidade de zelar pela integridade do bem locado.
Por fim salienta-se que não houve, no caso em tela, nenhum fato superveniente,
que tornou excessiva o cumprimento da referida obrigação, uma vez que o Princípio
da Imprevisão, exige que o contratante que se considera excessivamente onerado
não tenha dado causa à referida oneração, o que não pode ser considerado no caso
em tela, onde se há reparos a serem efetivados no imóvel e porque há danos
causados pela "Consumidora".
Assim, temos que improcede a presente imputação pretendida por este respeitável
órgão, uma vez que não há nenhuma violação aos textos em questão.
Com a vênia necessária e o respeito que nutrimos pelos membros deste órgão, os
textos em tela, ABSOLUTAMENTE NADA TEM A VER COM O PRESENTE CASO, uma
vez que se a empresa ........ (fornecedora), oferece bens para locação e
efetivamente os possui, sob administração, para suprir a sua oferta, tanto que
houve satisfação da procura pela "Consumidora" em questão, sendo importante
salientar que em momento algum a "Fornecedora" em questão afirmou que eximiria
a Locatária da responsabilidade de restituição da 'res locatio' ao 'status quo' à
locação, nem a "Consumidora" acusa à "Fornecedora" de tal prática.
Assim, não vislumbramos em que a Administradora contrariou os artigos em tela,
que trata do cumprimento e forma da oferta de produtos e serviços, ao firmar
cláusula de responsabilidade pela Locatária pelos danos ocorridos no imóvel, sendo
importante ressaltar que em momento algum há reclamação da Locatária neste
sentido.
Quer nos parecer que o respeitável órgão novamente se equivoca, eis que mais
uma vez o texto legal trazido como violado pela "Fornecedora" no caso concreto
com ele NÃO GUARDA NENHUMA RELAÇÃO, bem como não há alegação da
"Consumidora" neste sentido e nem provas da existência de propaganda enganosa,
a qual necessariamente se faz pela demonstração e juntada do material publicitário
que induziu em erro o consumidor.
Referido artigo trata das práticas abusivas pelo Fornecedor, sendo que os incisos
tratam como tal as seguintes condutas:
A inaplicabilidade do presente texto ao caso concreto é clara, uma vez que exigir
que o bem, ao final do locação, seja restituído no estado anterior à esta, não pode
ser considerado como vantagem para a Administradora em questão, uma vez que
resta para esta a obrigação, enquanto administradora, de, ao final do contrato de
administração, entregar o bem ao proprietário no exato estado em que o recebera.
Segundo, nota-se dos documentos juntados ao feito no Juizado Especial que fora
devidamente elaborado orçamento, tanto que é a respeito deste que há
discordância pela "Consumidora".
Quer nos parecer, que mais uma vez, HÁ FALTA DE LIGAÇÃO ENTRE O TEXTO
LEGAL E O CASO CONCRETO, ou no mínimo este sequer fora interpretado para que
se conclua acerca do seu alcance.
Ainda assim, temos que pelos documentos que ora se junta resta evidenciado que
falta razão à "Consumidora", bem como a este órgão, uma vez que não há no
contrato firmado com a Locatária a existência de cláusula que inverta o ônus da
prova, sendo sim entendimento maciço entre os doutrinadores que nos contratos
de locação, a restituição do imóvel ao 'status quo' à locação é ônus do locatário, e
como o contrato entre as partes deste procedimento é regido pela Lei do
Inquilinato, temos que compete à Locatária demonstrar o que alega.
Tal enquadramento a exemplo dos demais improcedem, uma vez que não existe no
contrato em tela tal estipulação, e a cobrança apresentada à Locatária diz respeito
à obrigação que para esta decorre de lei.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, roga-se vênia deste Órgão, requer que os fundamentos ora
utilizados sejam acatados em sua plenitude, até mesmo porque, os argumentos
trazidos na decisão do r. Coordenador do Procon, não são os cabíveis à espécie,
posto que a realidade fática é outra, no sentido de desconsiderar as penalidades
aplicadas no presente Processo Administrativo, vez que em nenhum momento
constatou-se quaisquer fundamentos que merecessem a pretendida punição.
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]