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Fontes de referência:

http://www.abraco.org.br/corrosi0.htm

http://cursos.unisanta.br/quimica/nestor.html

Acessado em 17/03/2005.

Conceito de Corrosão

A corrosão consiste na deterioração dos materiais pela ação química ou


eletroquímica do meio, podendo estar ou não associado a esforços mecânicos. Ao
se considerar o emprego de materiais na construção de equipamentos ou
instalações é necessário que estes resistam à ação do meio corrosivo, além de
apresentar propriedades mecânicas suficientes e características de fabricação
adequadas. A ênfase aqui descrita será sobre a corrosão dos materiais metálicos.
Esta corrosão é denominada corrosão metálica.
Os processos corrosivos podem ser classificados em dois grandes grupos:

- Corrosão Eletroquímica;
- Corrosão Química. ...

Os processos de corrosão eletroquímica ou corrosão em meio aquoso,


caracterizam basicamente por:

- necessariamente na presença de água no estado líquido;


- temperaturas abaixo do ponto de orvalho da água, sendo a grande maioria
na temperatura ambiente;
- formação de uma pilha ou célula de corrosão, com a circulação de elétrons
na superfície metálica.

Nos processos de corrosão, os metais reagem com os elementos não


metálicos presentes no meio, O2, S, H2S, CO2 entre outros, produzindo compostos
semelhantes aos encontrados na natureza, dos quais foram extraídos.
Os processos de corrosão química ou oxidação em altas temperaturas ( em
meio não aquoso ou corrosão seca).

Tais processos corrosivos se caracterizam basicamente por:

- ausência da água líquida;


- temperaturas, em geral, elevadas, sempre acima do ponto de orvalho da
água;
- interação direta entre o metal e o meio corrosivo.

Pilhas de Corrosão Eletroquímica.

Elementos fundamentais na pilha de corrosão eletroquímica:

- área anódica: superfície onde verifica-se a corrosão (reações de oxidação);


- área catódica: superfície protegida onde não há corrosão (reações de
redução);
- eletrólito: solução condutora ou condutor iônico que envolve
simultaneamente as áreas anódicas e catódicas;
- ligação elétrica entre as áreas anódicas e catódicas.

Pilha de Corrosão Eletroquímica

O aparecimento das pilhas de corrosão, é conseqüência de potenciais de eletrodos


diferentes, em dois pontos da superfície metálica, com a devida diferença de
potencial entre eles. Na área anódica onde se processa a corrosão ocorrem reações
de oxidação, sendo a principal a de passagem do metal da forma reduzida para a
forma iônica.
Reação Área Anódica

PRINCIPAIS TIPOS DE PILHA

- pilha de eletrodo diferente: esta pilha é também denominada de pilha galvânica e


surge sempre que dois metais ou ligas metálicas diferentes são colocados em
contato elétrico na presença de um eletrólito. A diferença de potencial da pilha será
tão mais acentuada, quanto mais distantes estiverem os materiais na tabela de
potenciais no eletrólito considerado;

- pilha de ação local: esta pilha é provavelmente a mais freqüente na natureza, ela
aparece em um mesmo metal devido a heterogeneidades diversas, decorrentes de
composição química, textura do material, tensões internas, dentre outras. As causas
determinantes da pilha de ação local são:

- inclusões, segregações, bolhas, trincas;


- estados diferentes de tensões e deformações;
- acabamento superficial da superfície;
- diferença no tamanho e contornos de grão;
- tratamentos térmicos diferentes;
- materiais de diferentes épocas de fabricação;
- gradiente de temperatura.

Pilha de Ação Local


- pilha ativa-passiva: esta ocorre nos materiais formadores de película protetora,
como por exemplo: o cromo, o alumínio, os aços inoxidáveis, titânio, dentre outros. A
película protetora se constitui numa fina camada do produto de corrosão que passiva
a superfície metálica.

Pilha Ativa-Passiva

- pilha de concentração iônica diferencial: esta pilha surge sempre que um


material metálico é exposto a concentrações diferentes de seus próprios íons. Ela
ocorre porque o eletrodo torna-se mais ativo quando decresce a concentração de
seus íons no eletrólito. Esta pilha é muito freqüente em frestas quando o meio
corrosivo é líquido. Neste caso, o interior da fresta recebe pouca movimentação de
eletrólito, tendendo a ficar mais concentrado em íons de metal (área catódica),
enquanto que a parte externa da fresta fica menos concentrada (área anódica), com
conseqüente corrosão das bordas da fresta.

- pilha de aeração diferencial: esta pilha é formada por concentrações diferentes


do teor de oxigênio.

De forma idêntica à pilha de concentração iônica diferencial, esta pilha


também ocorre com freqüência em frestas. Apenas as áreas anódicas e catódicas
são invertidas em relação àquela. Assim, o interior da fresta, devido a maior
dificuldade de renovação do eletrólito, tende a ser menos concentrado em oxigênio
(menos aerado), logo, área anódica. Por sua vez a parte externa da fresta, onde o
eletrólito é renovado com facilidade, tende a ser mais concentrada em oxigênio
(mais aerada), logo, área catódica. O desgaste se processará no interior da fresta.
Pilha de Concentração Diferencial de Oxigênio.

Meios Corrosivos

Os meios corrosivos em corrosão eletroquímica são responsáveis pelo


aparecimento do eletrólito. O eletrólito é uma solução eletricamente condutora
constituída de água contendo sais, ácidos ou bases.

Principais Meios Corrosivos e Respectivos Eletrólitos.

atmosfera: o ar contém umidade, sais em suspensão, gases industriais, poeira, etc.


O eletrólito constitui-se da água que condensa na superfície metálica, na presença
de sais ou gases presentes no ambiente. Outros constituintes como poeira e
poluentes diversos podem acelerar o processo corrosivo;

solos: os solos contêm umidade, sais minerais e bactérias. Alguns solos


apresentam também, características ácidas ou básicas. O eletrólito constitui-se
principalmente da água com sais dissolvidos;

águas naturais (rios, lagos e do subsolo): estas águas podem conter sais
minerais, eventualmente ácidos ou bases, resíduos industriais, bactérias, poluentes
diversos e gases dissolvidos. O eletrólito constitui-se principalmente da água com
sais dissolvidos. Os outros constituintes podem acelerar o processo corrosivo;

água do mar: estas águas contêm uma quantidade apreciável de sais. A água do
mar em virtude da presença acentuada de sais, é um eletrólito por excelência.
Outros constituintes como gases dissolvidos, podem acelerar os processos
corrosivos;

produtos químicos: os produtos químicos, desde que em contato com água ou com
umidade e formem um eletrólito, podem provocar corrosão eletroquímica.
VELOCIDADE DE CORROSÃO

A velocidade com que se processa a corrosão é dada pela massa de


material desgastado, em uma certa área, durante um certo tempo, ou seja, pela taxa
de corrosão. A taxa de corrosão pode ser representada pela massa desgastada por
unidade de área na unidade de tempo.

A massa deteriorada pode ser calculada pela equação de Faraday:

m = e.i.t

m = massa desgastada, em g;
e = equivalente eletroquímico do metal;
onde:
i = corrente de corrosão, em A;
t = tempo em que se observou o processo, em s.

A corrente l de corrosão é, portanto, um fator fundamental na maior ou menor


intensidade do processo corrosivo e o seu valor pode ser variável ao longo do
processo corrosivo.A corrente de corrosão depende fundamentalmente de dois
fatores:

- diferença de potencial das pilhas (diferença de potencial entre áreas


anódicas e catódicas) - DV;
- resistência de contato dos eletrodos das pilhas (resistência de contato das
áreas anódicas e catódicas) - R;

A diferença de potencial - DV - pode ser influenciada pela resistividade do eletrólito,


pela superfície de contato das áreas anódicas e catódicas e também pelos
fenômenos de polarização (é a modificação do potencial de um eletrodo devido a
variações de concentração, sobrevoltagem de um gás ou variação de resistência
ôhmica) e passivação (é a modificação do potencial de um eletrodo no sentido de
menor atividade (mais catódico ou mais nobre) devido a formação de uma película
de produto de corrosão.

O controle da velocidade de corrosão pode se processar na área anódica ou na área


catódica, no primeiro caso diz-se que a reação de corrosão é controlada
anodicamente e no segundo caso catodicamente. Quando o controle se dá anódica
e catodicamente diz-se que o controle é misto.

Outros fatores que influenciam na velocidade da corrosão


aeração do meio corrosivo;
pH de eletrólito;
temperatura.
TAXAS DE CORROSÃO

Os valores das taxas de corrosão podem ser expressos por meio da redução de
espessura do material por unidades de tempo, em mm/ano ou em perda de massa
por unidade de área, por unidade de tempo, por exemplo mg/dm2/dia (mdd). Pode
ser expressa ainda em milésimos de polegada por ano (mpy).

O cálculo das taxas de corrosão em mm/ano e mpy, quando se conhece a perda


de massa pode ser dada pelas seguintes expressões:

mm/ano = é a perda de espessura, em mm por ano;


= perda de massa, em mg;
onde: S = área exposta, em cm2;
t = tempo de exposição, em dias;
= massa específica do material, em g/cm3.

mpy = é a perda de espessura, em milésimos de polegada por ano;


= perda de massa, em mg;
onde: S = área exposta, em pol2;
t = tempo de exposição, em horas;
= massa específica do material, em g/cm3.

Para conversão das taxas dadas em mm/ano e mpy para mdd usa-se as seguintes
expressões:

sendo: mdd = mg/dm2/dia


Tipos de Corrosão

CORROSÃO UNIFORME

A corrosão uniforme consiste no ataque de toda a superfície metálica em contato


com o meio corrosivo com a conseqüente diminuição da espessura. Este tipo de
corrosão ocorre em geral devido a micropilhas de ação local e é, provavelmente, o
mais comum dos tipos de corrosão principalmente nos processos corrosivos de
estruturas expostas à atmosfera e outros meios que ensejam uma ação uniforme
sobre a superfície metálica. A perda de espessura é proximadamente a mesma em
toda a superfície metálica. É entretanto um tipo de corrosão importante do ponto de
vista de desgaste, podendo levar o equipamento ou instalação a falhas significativas,
limitando a sua vida útil.

CORROSÃO POR PITES

A corrosão por pites é uma forma de corrosão localizada que consiste na formação
de cavidades de pequena extensão e razoável profundidade. Ocorre em
determinados pontos da superfície enquanto que o restante pode permanecer
praticamente sem ataque. É um tipo de corrosão muito característica dos materiais
metálicos formadores de películas protetoras (passiváveis) e resulta, de modo geral,
da atuação da ilha ativa-passiva nos pontos nos quais a camada passiva é rompida.
É um tipo de corrosão de mais difícil acompanhamento quando ocorre no interior de
equipamentos e instalações já que o controle da perda de espessura não caracteriza
o desgaste verificado. Outro aspecto importante é o mecanismo de formação dos
pites já que a falha se inicia em pontos de fragilidade da película passivante
(defeitos de formação) e o pH no interior do pite se altera substancialmente no
sentido ácido o que dificulta a restituição da passivação inicial. Resulta daí que a
pequena área ativa formada diante de uma grande área catódica provoca a corrosão
intensa e localizada.
CORROSÃO POR CONCENTRAÇÃO DIFERENCIAL

Os processos corrosivos ocasionados por variação na concentração de


determinados agentes no meio provocam também, de um modo geral corrosão
localizada. São resultantes da ação de pilhas de concentração iônica diferencial e
pilhas de aeração diferencial.

Os principais processos corrosivos por concentração diferencial são:


- a corrosão por concentração iônica diferencial;
- a corrosão por aeração diferencial;
- a corrosão em frestas;
- a corrosão filiforme.

CORROSÃO POR CONCENTRAÇÃO IÔNICA DIFERENCIAL

Este tipo de corrosão ocorre toda vez que se tem variações na concentração de íons
do metal no eletrólito. Como resultado ter-se-á potenciais eletroquímicos diferentes e
conseqüentemente uma pilha onde a área em contato com menor concentração
funcionará como anodo e a área em contato com maior concentração como catodo.

CORROSÃO POR AERAÇÃO DIFERENCIAL

Este tipo de corrosão ocorre toda vez que se tem variações na concentração de
oxigênio no eletrólito. Como o potencial eletroquímico de um material metálico torna-
se cada vez mais catódico quanto maior for a concentração de oxigênio no meio ao
seu redor, as áreas com contato com maior concentração de oxigênio serão
catódicas, enquanto que aquelas com contato com menor concentração serão
anódicas. Exemplo: na interface de saída de uma estrutura do solo ou da água para
a atmosfera.

CORROSÃO EM FRESTAS

As frestas estão sujeitas a formação de pilhas de aeração diferencial e de


concentração iônica diferencial.. Quando o meio é líquido ocorre preferencialmente
as pilhas de concentração iônica diferencial e quando o meio é gasoso tende a
ocorrer as pilhas de aeração diferencial. Frestas ocorrem normalmente em juntas
soldadas com chapas sobrepostas, em juntas rebitadas, em ligações flangeadas, em
ligações roscadas, em revestimentos com chapas aparafusadas, dentre outras
situações geradores de frestas. De qualquer forma as frestas deverão ser evitadas
ou eliminadas por serem regiões preferenciais de corrosão.

CORROSÃO FILIFORME

Designa-se corrosão filiforme a um tipo de corrosão que se processa sob filmes de


revestimentos, especialmente de pintura. Acredita-se que a corrosão filiforme tenha
um mecanismo semelhante à corrosão em frestas, devido a aeração diferencial
provocada por defeito no filme de pintura, embora o mecanismo real não seja ainda
bem conhecido
CORROSÃO GALVÂNICA

Denomina-se corrosão galvânica o processo corrosivo resultante do contato elétrico


de materiais diferentes ou dissimilares. Este tipo de corrosão será tão mais intensa
quanto mais distantes forem os materiais na tabela de potenciais eletroquímicos, ou
seja, em termos de nobreza no meio considerado. Terá também grande influência a
relação entre as áreas catódica e anódica. A relação deverá ser a menor possível a
fim de se obter um desgaste menor e mais uniforme na área anódica.Outro aspecto
importante é a presença de íons metálicos no eletrólito, quando estes íons forem de
materiais mais catódicos que outros materiais onde venham haver contato, poderá
ocorrer corrosão devido a redução dos íons do meio com a conseqüente oxidação
do metal do equipamento ou instalação.
Por exemplo, a presença de íons Cu++ em um eletrólito em contato com aço tenderá
ocorrer a seguinte reação:

Fe + Cu++ Fe2+ + Cu
havendo portanto a corrosão do ferro e a redução (deposição) de Cu.

CORROSÃO SELETIVA

Os processos corrosivos denominados de corrosão seletiva são aqueles em que se


tenha a formação de um par galvânico devido a grande diferença de nobreza entre
dois elementos de uma liga metálica. Os dois principais tipos de corrosão seletiva
são :
- a grafítica e a dezincificação.

CORROSÃO GRAFÍTICA

Designa-se corrosão grafítica ao processo corrosivo que ocorre nos ferros fundidos
cinzentos e no ferro fundido nodular.Sendo o grafite um material muito mais catódico
que o ferro, os veios ou nódulos de grafite do ferro fundido agem como área catódica
enquanto o ferro age como área anódica transformando-se em produto de corrosão.
Para minimizar os problemas de corrosão grafítica é prática usual revestir os tubos,
internamente com argamassa de cimento e externamente com um revestimento
adequado por tubulações enterradas.

CORROSÃO POR DEZINCIFICAÇÃO

Designa-se por dezincificação ao processo corrosivo que se observa nas ligas de


zinco, especialmente latões, utilizados em trocadores de calor (resfriadores,
condensadores, etc), tubulações para água salgada, dentre outras. Do processo de
corrosão resulta a destruição do zinco (material mais anódico) restando o cobre e
produtos de corrosão. Observa-se maior tendência a dezincificação nos latões com
alto teor de zinco, como por exemplo: latão alumínio (76% Cu, 22% Zn e 2% Al),
latão amarelo (67% Cu e 33% Zn). O processo corrosivo pode se apresentar mesmo
em ligas mais resistentes como o latão vermelho (85% Cu e 15% Zn), caso a liga
não seja bem homogênea. A dezincificação pode ser evitada com tratamento térmico
de solubilização da liga e com uso das ligas que contenha elementos inibidores
como As (arsênio) e o Sb (antimônio).

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