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Psicoterapia de grupo:
Marta Carmo
Goiânia, 2016.
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PSICOTERAPIA DE GRUPO COM ADOLESCENTES
Resumo
Este estudo investigou elementos que favorecem o processo de inclusão de adolescentes com
direitos violados em uma psicoterapia de grupo, com ênfase na Gestalt-terapia. As sessões em
grupo ocorreram no Centro de Pesquisa e Práticas Psicológicas (CEPSI) da Pontifícia
Universidade Católica de Goiás e em parceria com os adolescentes do Projeto ViraVida
vinculado ao SESI. Dos atendimentos realizados, utilizaram-se as três primeiras sessões para
analisá-las segundo o método da análise categorial de Bardin. O método desenvolveu-se em
três pólos cronológicos, sendo: a primeira fase uma leitura flutuante dos discursos dos
participantes; a segunda fase versou na exploração das informações levantadas,
transformando-as em categorias; e a terceira fase referiu-se ao tratamento do material dos
resultados e a interpretação destes, seguindo os objetivos da pesquisa. Ao final da aplicação
da análise de conteúdo, obtiveram-se três categorias temáticas: a autorrevelação e a
universalidade como favorecedoras do processo grupal; atitudes de inclusão no processo
grupal e latência das emoções em comportamentos expressivos. Observou-se que a
autorrevelação e a universalidade, o acolhimento e o respeito, e as emoções foram
fundamentais, tanto no processo de inclusão destes adolescentes, quanto para o surgimento de
temas que remetem à violação de direitos no grupo psicoterápico. Compreende-se que este
trabalho possibilitou o senso de pertença dos adolescentes nas primeiras sessões do grupo,
bem como a ampliação do conhecimento teórico/prático na formação da estagiária de
Psicologia.
Psicoterapia de grupo:
compreender a psicoterapia de grupo como o locus, em que se pode presenciar a relação viva
(Ribeiro, 1994).
Uma melhor compreensão da temática deste artigo requer a retomada dos conceitos de
grupo e psicoterapia de grupo. O dicionário Aurélio (2001) define grupo como uma reunião
de pessoas, uma pequena associação de pessoas unidas para um fim comum, ou um grupo
social com entidade e vida própria e se considera como um todo. Rehfeld (1993) faz
Para Kepner (1980), o grupo tanto recria o ambiente psicossocial como é capaz de
modificá-lo de maneiras diferentes. Assim sendo, Andrade (2007) ressalta que o grupo
interpessoais, de forma que uma pessoa contribui para a criação da outra. A autora destaca
De acordo com Zinker (2007), o grupo permite enxergar de que forma se pode
grupais para o processo psicoterápico, dos quais se destaca: assumir a autoria da fala e dos
clientes e em diferentes cenários (Yalom & Leszcz, 2006). Os autores reiteram que a
mudança psicoterapêutica é um processo complexo que ocorre por uma interação intrincada
de experiências humanas.
mais para que o cliente desenvolva sua capacidade de relacionar-se. Yalom e Leszcz (2006)
Selecionou-se três aspectos, tendo em vista que esses fatores são preponderantes nos
beneficiar outros, de modo que proporcionem apoio e compartilham problemas entre si;
habilidades básicas sociais como fator terapêutico que opera em todos os grupos;
Diversos autores discutem, por meio de suas observações, as fases pelas quais os
grupos se desenvolvem. Assim, faz-se necessário citar alguns teóricos que contribuíram no
Shultz, citado por Castilho (1992) e por Ciornai (2015), propõe o estudo do processo
grupal em quatro fases, sendo: fase da inclusão, fase do controle, fase da afeição e a fase da
separação. As autoras relatam que a fase da inclusão é a etapa inicial do grupo, uma vez que
ele é novo e os participantes ainda não se conhecem. Yalom e Leszcz (2006) referem-se à
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primeira reunião como um momento de inclusão, cujo propósito é explicitar aos participantes
Kepner (1980) nomeia a primeira fase de identidade e dependência, uma vez que os
membros buscam identificar como são recebidos e acolhidos por cada integrante do grupo,
rebeldia. Para Castilho (1992) e Ciornai (2015), essa etapa é conhecida como fase do controle
e a consideram como conturbada, uma vez que o grupo não consegue extrair toda a confiança
relação de confiança mútua e na definição dos papéis de cada membro (Castilho, 1992;
Kepner, 1980). Castilho (1992) e Yalom e Leszcz (2006) descrevem a última fase como o
Observa-se que cada grupo passa por um desenvolvimento singular (Yalom & Leszcz,
2006). Sendo assim, os autores ressaltam que “pacientes que lidam com estigma, isolamento
comprometida com o sujeito e sua capacidade de produção de vida (Cambuy & Amatuzzi,
2012). Assim sendo, Brito (2015) destaca que o modelo de trabalho grupal propicia
uma prática clínica da Gestalt-terapia, a qual faz interface com a psicologia social, como é o
Dutra (2008) salienta que a psicologia clínica, inicialmente, não tratava dos
determinantes sociais, uma vez que focava somente no indivíduo, deixando de fora seu
contexto social. Nos últimos anos, fez-se necessário uma reestruturação e criação de novos
psiquiátrica bem como da ênfase dada à atenção primaria em saúde do Brasil (Brito, 2015).
Dessa maneira, Dutra (2008) define clínica ampliada como “prática que se propõe a
para a adesão no grupo (CFP, 2009). Para tanto, o conhecimento de mudanças esperadas no
Gomes, 2005). Nesse sentido, Papalia e Feldman (2013) descrevem a adolescência como a
A delimitação dessa fase de vida não é mensurável pela quantidade de anos. Todavia,
(Assis, Deslandes & Santos, 2005). Contudo, para este trabalho utilizou-se a delimitação do
Para Papalia e Feldman (2013), os adolescentes enfrentam hoje vários perigos para o
seu bem-estar físico e mental. Sendo assim, Minayo (2005) salienta que o quadro de
Segundo os dados do estudo Mapa da Violência 2015, as mortes por causas naturais entre os
1980, em contraste com o aumento por causas não naturais, entre as quais se destaca a
disparada no número de mortes por homicídios. Como aponta os dados da UNICEF 2011,
cerca de 70 milhões de adolescentes, devido às coações, estavam fora da escola por motivos
ou poder, real ou ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa ou grupo, que resulte ou
define violência como qualquer ato ou omissão de pais e/ou responsáveis, familiares,
instituições e a sociedade em geral, que redunde em dano emocional, físico, sexual e moral às
mortes causadas por violências correspondem a altos custos psicológicos e sociais para as
negligência (omissão por parte dos pais, responsáveis ou instituições), abuso físico, abuso
1990. Veio para resguardar a todas as crianças e adolescentes o tratamento e o apoio com
como política pública que deve ser universalizada, com garantia de qualidade e integrada às
(Bezerra, 2006).
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nas sessões iniciais em acolher o adolescente e sua família, bem como levantar a demanda
inicial, atentando-se para as situações de emergência que possam surgir em alguns casos
(CFP, 2009). Juliano (2009) ressalta que os indivíduos que aderem à psicoterapia iniciam o
reconhecendo que se constitui na sua convivência com o outro. Nesse sentido, resgata-se o
que fora proferido por Sartre (2005), e que se interpreta da seguinte maneira: o que importa
não é o que foi feito com uma pessoa, mas o que ela pode fazer ao significar e ressignificar,
(CEPSI) da PUC Goiás e do Projeto ViraVida, vinculado ao SESI sob o atendimento de duas
estagiárias de Psicologia.
Assim sendo, o objetivo geral deste artigo é compreender como ocorre o processo de
forma mais específica, o presente estudo tem o objetivo de investigar a importância das
primeiras sessões da psicoterapia de grupo para estes adolescentes, compreender aspectos que
grupo pode ou não favorecer o desenvolvimento pessoal do adolescente. Para tanto, uma
questão norteou este trabalho: como adolescentes com direitos violados conseguem ou não
fortalecer o senso de pertença ao grupo psicoterápico nas sessões iniciais do processo grupal?
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(a) no atendimento ao público infanto-juvenil com direitos violados”, aprovado pelo Comitê
Método
Participantes
Goiás (CEPSI), os quais serão identificados pelos nomes fictícios: Beatriz, 16 anos;
Materiais
como lápis de cor, giz de cera, gravador, canetas para anotação, folha A-4 e notebook.
Procedimentos
Goiás em 2013.
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grupos. As estagiárias, que serão chamadas de PT¹ e PT², selecionaram dez participantes
sete pacientes das triagens realizadas no CEPSI, dos quais quatro concordaram em
participar do grupo.
mediante autorização prévia dos participantes. O grupo teve seis encontros até a montagem
deste trabalho, dos quais foram selecionados os três primeiros para serem transcritos,
categorizados e analisados.
flutuante dos discursos dos participantes. A segunda fase diz respeito à exploração do
material, processo por meio do qual os dados brutos são transformados em categorias. A
terceira e última fase refere-se ao tratamento dos resultados, de modo que as categorias
Resultado e Discussão
adolescentes que tiveram os direitos violados. Os teóricos de psicoterapia de grupo (Yalon &
Leczsz, 2006; Ribeiro, 1994; Ciornai, 2015; Kepner, 1980; Delacroux, 2009; Castilho, 1992),
destacam a importância das primeiras sessões para evolução do processo grupal. Assim
sendo, realizou-se análise de conteúdo dos discursos, o qual possibilitou encontrar nos relatos
gráfico representativo que foram contemplados na Figura 1 e com recortes dos atendimentos.
22% - 237
discursos
47% - 496
discursos
31% - 325
discursos
Esta categoria obteve o maior escore dentre as três analisadas, corresponde a 47% dos
relatos e equivale a 496 dos fragmentos de discursos. Este grupo psicoterápico possibilitou a
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difíceis de trabalhar nas três primeiras sessões. Como destaca Juliano (2009), os assuntos
superficiais trazem leituras surpreendentes do outro lado da história, uma vez que eles
integrantes. Assim, propôs-se na primeira sessão uma atividade em folha chamex contendo
sentindo, o que estavam pensando e o que eles tinham vontade de fazer naquele momento
específico. Em seguida, cada adolescente se apresentou para os demais. Ressalta-se que nesta
idade, escola, gostos alimentares e moradia. Nesse sentido, analisou-se na primeira sessão
como se vê no trecho:
Carlos: Ah.
Beatriz: Mas assim ó, lá também é uma casa de acolhimento com as adolescentes que
Beatriz revela seu contexto social ao informar que atualmente reside numa casa de
Tal revelação favoreceu o discurso de Clara. Ela relatou uma situação da sua vida e
(Risos)
Beatriz: Ficou legal, pulando essa parte (Risos). Ficou legal minha frase.
Clara: O meu é “A vida não é feita de... a vida não é feita de brinquedo”.
Beatriz: Hã?
Clara: Eu tava pensando que a vida não é feita de brinquedo, porque no meu
A primeira sessão do grupo ofereceu suporte para que os conteúdos relatados fossem
trabalhados e respeitando os limites que cada integrante noticiou, seja no discurso ou nas
expressões. Além disso, a sessão inicial abriu caminhos para a discussão de diversos temas e
(1980) define esse contexto como a primeira fase do grupo, em que os membros buscam
experiência grupal. Um deles se refere à universalidade, descrito por Yalom e Leszcz (2006),
alívio, ao perceberem certas semelhanças entre si. Os autores reiteram que, apesar das
oportunidade de apoio mútuo (Motta, 2001). Como se vê nos trechos da segunda sessão:
PT¹: Como que toca de ouvir o Carlos falar de algo que tá deixando ele sofrendo?
Beatriz: Eu fico curiosa (Risos) de você... [...] Ter tido a coragem de falar de algo seu
Carlos: Ah, eu... Esse negócio tava preso dentro de mim, então eu... O que eu tenho
pra falar eu falo. E eu sei que você vai me ajudar... Você e a menina (PT¹ e a PT²), a
esquecer...
PT¹: Alguém se identifica com o Carlos? Com essa situação de se envolver com
alguém e depois ser machucado depois?
Beatriz: Hummm ... (Risos)
Clara: (Risos)
Destacou-se nos trechos relatados que Carlos viu no grupo uma possiblidade
Clara, elas demonstraram por meio das expressões (“risos” e “hum”) que se identificaram
com o discurso de Carlos, mas naquele momento não sentiram confiança de aprofundá-las.
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descreverem suas opiniões e sensações. Um dos temas apresentados foi tristeza, ao que se
PT¹: Como que é ouvir o Carlos falar um pouco de que ele tá triste, mas tá passando
bem pela tristeza, do Marcos também falar que passou por um momento difícil e tá
triste hoje.
Sara: Ah tipo... Não sei, mas, eu não costumo ficar tipo muito triste, não mostrar pros
Sara: É, às vezes eu meio que fico rindo, você (Carlos) falando ai... [...]
PT¹: Rindo, então você se identifica com o Carlos de novo? Você consegue falar pra
Carlos: (risos)
grupal, de modo que Sara conseguiu se identificar e perceber as semelhanças. Nesse sentido,
foi possível encontrar integrantes que se envolveram com as discussões do grupo e souberam
expressar e descrever aquilo que pensaram e sentiram; e outros que expressaram, mas no
momento não demonstraram. Como ressalta Andrade (2007), cada pessoa do grupo é
sentem.
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PSICOTERAPIA DE GRUPO COM ADOLESCENTES
Esta categoria obteve escore de 31% dos relatos e equivale a 325 relatos discursivos.
Verificou-se que os aspectos relevantes nesta categoria se referem às atitudes dos integrantes
destacam Yalom e Leszcz (2006), cada grupo passa por um desenvolvimento singular. O
grupo em questão foi almejado com o propósito de atender adolescentes com direitos
Desse modo, o caminho encontrado para acessar estes adolescentes se deu ante a
Como descreve Castilho (1992) e Ciornai (2015), o processo de inclusão é a etapa inicial do
grupo, uma vez que ele é novo e os participantes ainda não se conhecem. Percebeu-se essa
dinâmica com Clara nas duas primeiras sessões, sendo que na primeira ela relata sua
felicidade de estar no grupo, mas não conseguiu descrevê-la e na segunda ela citou e
da primeira sessão:
Clara: Bom, meu nome é Clara, todos já sabem, tenho 15 anos. Cheguei muito feliz,
Clara: É... Alguma coisa me deixa feliz, mas não sei o quê que é.
E na segunda sessão:
Clara: Ai na hora que eu tava lá embaixo eu peguei o elevador e eu entrei pela porta
errada. Fui lá no corredor onde a gente tava semana passada, ai depois eu voltei ne e
pensei assim, meu Deus do céu será que o povo já começou e já foi embora e eu fiquei
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aqui sozinha? Ai eu fiquei tipo assim, com vergonha sabe, igual tem os dois aqui. Aí
pensei, meu Deus do céu como é que vai ser agora com mais gente.
Clara: Bom, pra mim tá sendo legal já que eu não conhecia ela. [...]
Clara: Legal. Bom que a gente conhece mais sobre eles e eles sobre a gente.
Jourard, citado por Friedman (1985), refere-se à confirmação como um ato de amor
no qual se reconhece o outro como alguém que existe em sua forma peculiar e tem o direito
de fazê-lo. O autor também menciona Hans Trub, que define a desconfirmação como uma
pessoa inconfirmada pelo mundo. Além disso, sabe-se que o adolescente estigmatizado e que
de espaço e tempo para se revelar e expressar aquilo que realmente pretende dizer. No grupo
em questão, percebeu-se nas sessões inicias que eles trouxeram conteúdos que, no momento,
abordaram como se sentiram quando alguém tentou retirar informações deles, ao que Beatriz
relata:
Beatriz: (Risos) que falando dessas coisas, eu lembrei de uma conversa que eu estava
tendo com um amigo, que ele perguntou assim pra mim, no dia que eu não tava bem,
a gente tava conversando e ele falou "você tá bem?" ai eu falei "tô", ai ele olhou pra
mim e falou "você tem certeza que você tá bem?" ai eu falei" na verdade eu não tô
bem, eu só falo que tô bem pra mim ficar bem" ai eu vi eles falando isso e lembrei
Beatriz: É porque às vezes é chato a gente falar e a pessoa fica "ai quê que foi?" fica
pessoa escolhida por eles as suas fragilidades e problemas. No caso do grupo, os integrantes
relatam Sorter, Neumann e Cardoso (2013) a confiança e a aceitação são responsáveis pelos
bons relacionamentos, contribuindo para que outros fatores terapêuticos operem, deixando os
Esta categoria refere-se às principais emoções presentes nas sessões inicias do grupo,
corresponde a 22% dos discursos e equivale a 237 relatos discursivos. Percebeu-se na análise
ser julgado.
emoção. Romero (2009) entende a emoção como uma função psicológica, que implica uma
forma de relação homem-mundo. O autor reitera que se trata de reações afetivas intensas e de
destacou-se a inquietação para falar de si e descrever como chegou. Nesse aspecto, Ribeiro
(1994) ressalta que na fase inicial do grupo ocorrem manifestações corporais como ansiedade
grupal começa com a experiência presente dos integrantes. Nesse sentido, da maneira como
iniciaram um diálogo.
Clara que apresente seu desenho e explique as alterações realizadas nele, conforme o trecho:
Clara: Vergonha.
PT¹: Vergonha? Então passa o olho no grupo todo e vê se alguém te deixa com
vergonha.
Marcos: (risos).
PT¹: Você consegue perceber algum olhar de julgamento pra te deixar com
vergonha?
Beatriz: (risos).
PT¹: Quando você olha pra todo mundo e percebe que ninguém tá te julgando?
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PSICOTERAPIA DE GRUPO COM ADOLESCENTES
Clara: Eu não sei né ela... Se tá me julgando. Tipo assim, por dentro ela pode tá me
receio pelo julgamento dos participantes. Nota-se que após a psicoterapeuta (PT¹) solicitar
que Clara confirme essa preocupação olhando para o grupo, a integrante consegue descrever
sua preocupação, mas em seguida não cita o nome. Percebe-se neste trecho diversas
expressões, emoções – vergonha, risos e não sei – presentes nos discursos dos adolescentes e
como se viu no grupo, a aceitação da pessoa pelo outro lhe possibilita a própria
autoaceitação.
expressões e emoções ditas e até mesmo as evitações dos integrantes. Nesse contexto,
Delacroix (2009) afirma que existe um fenômeno de atração e repulsão e que constitui a
função do grupo no primeiro momento, se situa mais no não dito do que no dito.
Este trabalho possibilitou uma breve reflexão sobre a importância das sessões iniciais
No grupo em questão, o contexto social em que os adolescentes estão inseridos apareceu nas
Vale ressaltar como este trabalho possibilitou uma ressignificação do contexto social
ressignificados. Como afirma Boff (1999), “não existimos, co-existimos, con-vivemos e co-
Considera-se, finalmente, que este breve estudo é apenas o início de uma reflexão,
uma vez que o tema explorado é amplo e existem diversos teóricos com suas respectivas
abordagens e outras fases de desenvolvimento humano a ser explorado. Sendo assim, este
trabalho configura-se como uma pequena amostragem, dentre outras questões a serem
pesquisadas.
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Referências
Boff, L. (1999). Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela Terra. Petrópolis: Vozes.
Delacroix, J. (2009). Encuentro con la psicoterapia (2ª ed.). Santiago: Cuatro Vientos.
Dutra, E. (2008). Afinal, o que significa o social nas práticas clínicas fenomenológico-
existenciais? Periódicos eletrônicos em Psicologia (Pepsic), 8(2), 226.
Juliano, J. C. (2009). A estrada para o encontro: por onde começo? Em E. B. Pinto (org.).
Gestalt-terapia: Encontros (pp. 80-92). São Paulo: Instituto Gestalt de São Paulo.
Kepner, E. (1980). Beyond the hot seat: Gestalt approaches to group. Em Feder, B. & Ronall,
R. (Orgs.). Gestalt group process (pp. 5-24). Nova York: Brunner/Mazel.
Papalia, D. E. & Feldman, R. D. (2013). Desenvolvimento Humano. (12ª ed.). (C. Monteiro &
M. de C. Silva, trad.). Porto Alegre: Artmed.
Yalom, I. D. & Leszcz, M. (2006). Psicoterapia de grupo: teoria e prática. Porto Alegre:
Artmed.