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2007
Estrutura
Transduto
r Desloca=12
Condicionador mm
Cabo
Cabo
Peça
Os elementos da figura 2.1 são arranjados de tal maneira que o deslocamento medido
(estímulo) vai sendo seqüencialmente transformado em sinal proporcional, em cada elemento,
até ser apresentado um resultado observável no monitor (resposta). Pode-se dizer que os
elementos assim arranjados e que transformam o sinal medido, constituem uma cadeia de
medição. Segundo a terminologia internacional, Cadeia de medição é a seqüência de
elementos de um instrumento ou sistema de medição, que constitui o trajeto do sinal de
medição desde o estímulo até a resposta.
Sinal y(t). É aquilo que flui através do sistema de medição, entre o objeto da medição e a
saída do sistema de medição. O sinal de medição mais usado é de natureza elétrica (tensão,
corrente ou freqüência). Mas pode ser um movimento mecânico ou vibração, luz, som ou
outra forma de energia.
Dados. São números associados ao sinal, usualmente numa forma de indicação digital ou
valores indicados na tela do computador.
Deslocament
o a medir
Captar Transformar Preparar Processar
deslocamento deslocamento sinal sinal
em sinal elétrico
elétrico
Se estes elementos físicos fossem arranjados como na figura 2.3, mas em quatro
módulos, onde cada um recebesse sua própria denominação, a rigor, seria representada uma
estrutura física (ou morfológica). Mas a maioria dos autores de livros sobre o assunto tem
usado denominações associadas aos nomes dos elementos do sistema de medição. Por isso,
os elementos do exemplo apresentado são representados como na figura 2.4, caracterizando
uma cadeia de medição.
Resultado
Deslocamento observado
Transdutor Condicionador Computador Monitor
Sinal
Grandeza proporcional Resultado
a medir Sinal tratado observado
Figura 2.5 - Estrutura funcional geral de um sistema de medição, segundo NORTON (1982).
Armazenador/recu
perado de dados
Grandeza Resultado
a medir observado
Grandeza Resultado
a medir observado
Transdutor Condicionador Indicador
Objeto
da
medição
Nos demais itens deste capítulo, são comentados os seguintes tópicos relacionados
com os módulos das estruturas funcionais apresentadas: transdutor, condicionador de sinais,
processador de sinais, indicador e transmissão de sinais.
2.3.1 Definições
Os transdutores são os elementos que estão em contato com o processo e dão um sinal
proporcional à grandeza a medir. O transdutor representado na figura 2.1 é constituído
basicamente de uma haste, com núcleo ferromagnético, cuja extremidade livre (o apalpador)
sente a grandeza a medir deslocando o núcleo dentro de bobinas, e gerando assim sinais
elétricos proporcionais aos deslocamentos medidos (figura 2.8). Diz-se então que o transdutor
tem princípio de funcionamento magnético.
Transdutor de medição. Dispositivo que fornece uma grandeza de saída que tem correlação
determinada com a grandeza de entrada. Para muitos autores, transdutor é o elemento que
converte um sinal de medição de uma forma de energia em outra. Assim, no transdutor em
consideração, o núcleo ferromagnético e as bobinas convertem energia mecânica
(deslocamento) em energia elétrica (tensão alternada). O inverso também pode ocorrer, como
nos transdutores piezoelétricos, na geração de som hidroacústico, onde é aceitável usar o
termo “transdutor de saída” de um sistema de medição.
De acordo com estas definições, para o exemplo da figura 2.8, o apalpador e a haste
representam o sensor e o núcleo ferromagnético com as bobinas pode ser interpretado como
transdutor. Porém, se a grandeza a medir for interpretada como grandeza de entrada, o
dispositivo completo da figura 2.8 (ou instrumento de medição) fornece uma grandeza de
saída (tensão elétrica) correlacionada com a grandeza a medir, e assim constitui um
transdutor. Com este entendimento de transdutor, adotado neste capítulo, sensores (ou
conversores) são elementos de transdutores que convertem suas grandezas de entrada em
diferentes e proporcionais grandezas de saída. Admite-se também que os transdutores possam
ter outros elementos funcionais. Em alguns casos, de conveniência em aplicações industriais,
o sinal de saída de tensão é transformado em sinal de corrente elétrica e assim, o instrumento
denomina-se de transmissor.
U0
Apalpador Bobinas
Núcleo
Haste
Us
X y
Grandeza sinal de
a medir Apalpador-haste Núcleo ferromagnético e medição
Bobinas
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Estes sensores são usados junto com sensores elásticos e transformam as deformações
específicas do elemento elástico em uma variação de resistência elétrica (na bibliografia
escrita em inglês, são conhecidos como strain gauges). Para entender tal transformação,
considera-se um fio condutor elétrico de comprimento L, área de secção transversal A e
resistividade . A resistência elétrica R do fio pode ser estimada por
L
R
A
Uma força de tração aplicada ao fio causa uma deformação L. Conseqüentemente, a
área da seção transversal diminui de A e a resistividade aumenta e, portanto, a resistência
elétrica é alterada para R+R. Então a variação R é proporcional à deformação L aplicada.
Na prática, essa relação é estabelecida mediante a seguinte expressão matemática:
R L
Sg
R L
ou
R
Sg
R
Além da utilização como sensor secundário, para medição de força, pressão, torque,
etc, os extensômetros elétrico-resistivos são muito usados para medir deformações
específicas, na análise experimental de tensões e deformações de elementos estruturais.
elásticos de silício, difusos logo abaixo da superfície do elemento elástico, usando tecnologia
similar a de circuitos integrados.
R R0 (1 )
R R0 (1 2 3 ...)
Deslocamento
Deslocamento
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Os sensores de indutância variável sem contato têm outro similar, usado basicamente
como sensor de proximidade ou na medição de velocidades (conhecido como sensor
magnético de proximidade), e que é constituído de um núcleo ferromagnético imantado (ímã
permanente) sobre o qual está enrolada uma bobina. A proximidade de um material metálico
muda seu fluxo magnético, gerando uma tensão de saída na bobina que serve para acusar a
presença próxima do material metálico.
Deslocamento
Bobina ativa Bobina inativa
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Posição de referência
A exemplo dos sensores de indutância variável, estes sensores também são construídos
usando princípios magnéticos, neste caso a variação da indutância mútua. O termo LVDT é
constituído pelas letras iniciais do seu significado em inglês: Linear Variable Differential
Tranformer. Os sensores LVDT são usados principalmente para medir deslocamentos de
translação, mas também existem os RVDT (Rotary Variable Differential Transformer) para
medir deslocamentos de rotação.
A
CK
h
Observa-se, nessa expressão, que a capacitância pode variar dos seguintes modos:
piezoelétrico e sua descoberta é creditada aos irmãos Pierre e Jacques Curie, em 1880. Os
materiais mais usados em sensores piezoelétricos são quartzo natural, quartzo artificial (os
mais comuns), sal de Rochelle, titânio de bário.
Figura 2.18 – Polarização de material piezoelétrico: a) sob carga normal e b) sob carga
cisalhante.
2.3.13 Termistores
2.3.14 Termopares
passagem das componentes com freqüência portadora, inclusive os sinais de ruído. Assim, só
passa o sinal do transdutor.
R1
U S iR1 U0
R1 R2
R1 R1
U S U S U0
R1 R1 R2 R2
Explicitando ΔUs, tem-se
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R1 R1 R1
U S U0 U0
R1 R1 R2 R2 R1 R2
que pode ser expressa como
R2 R1 R2
R1 R1 R2 1
U S
R2
2
R1 R2
1 1
R1 R1 R2
Nota-se que a variação do sinal de saída tem dependência não-linear com as variações de
resistência. Observa-se que o segundo grupo de termos dessa expressão é menor do que 1,
mas bem próximo deste valor. Denominando-o por 1-, onde é definido como a não-
linearidade e fazendo r=R2/R1, tem-se que
r R1 R2
U S (1 )U 0
(1 r ) 2 R1 R2
1
1
1 R1 R
1 r 2
1 r R1 R2
Em muitas aplicações, a resistência R2 não varia (ΔR2=0) e se usa r=9. Então, quando se tem
ΔR1/R1 < 0,1, ΔUs apresenta não-linearidade menor do que 1%. Neste caso, R1 é a resistência
do sensor, doravante denominada por RS, e assim a variação do sinal de saída determina-se
por
r RS
U S (1 )U 0
(1 r ) RS
2
e a não-linearidade por
1
1
1 RS
1
1 r RS
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Observa-se que, quanto maior U0, maior é a variação do sinal de saída ΔU s. Mas U0 é limitado
pela capacidade de dissipar a potência gerada na resistência do sensor.
Este tipo de circuito pode ser usado para medições dinâmicas com extensômetros
elétricos resistivos, mas existem perdas no circuito devido ao comprimento dos cabos de
transmissão do sinal o que torna seu uso restrito.
R1 kR p
US Ue U e kU e
R1 R2 Rp
Este circuito está representado na figura 2.21. Neste caso, a fonte de alimentação é de
corrente constante. No resistor R1, a tensão de saída é
U S IR1
R1
U S IR1 IR1
R1
Este tipo de circuito é usado para sensores tais como termo-resistivos, termistores e
extensômetros elétrico-resistivos, tendo a função de transformar variações de resistência
elétrica em tensão elétrica. Na figura 2.22, representa-se um circuito ponte de Wheatstone
aberto. As correntes que circulam no circuito são determinada por
U0
i1
R1 R2
U0
i2
R3 R4
A diferença de potencial entre os nós B e A é
R1
VBA VB VA i1R1 U0
R1 R2
e entre os nós D e A,
R4
VDA VD VA i2 R4 U0
R3 R4
R1 R3 R2 R4
US U0
( R1 R2 )( R3 R4 )
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Nota-se que é possível obter tensão de saída nula (U s = 0). Neste caso diz-se que a ponte está
balanceada e isso ocorre para a condição
R1 R3 R2 R4
Se, depois de balanceada, cada resistência for incrementada de uma pequena variação, as
resistências passarão aos valores R1 + ΔR1, R2 + ΔR2, R3 + ΔR3 e R4 + ΔR4 e o sinal de saída
sofrerá uma variação ΔUs determinada por
r R R R R 1
U S ( 1 2 3 4 )U 0
(1 r ) R1
2
R2 R3 R4 r R2 R3 1 R1 R4
1 ( ) ( )
1 r R2 R3 1 r R1 R4
1
1
r R2 R3 1 R1 R4
1 ( ) ( )
1 r R2 R3 1 r R1 R4
Para a maioria dos problemas de medição (por exemplo, usando strain gauges),
R1=R2=R3=R4 (obs.: essa igualdade não implica que as variações das resistências sejam
iguais). Então, a expressão da não-linearidade reduze-se para
4
Ri
R
i 1 4 i
R
2 i
i 1 Ri
Observa-se que é possível obter não-linearidade nula quando todas as variações forem de
mesmo módulo, mas duas positivas (ΔR1 e ΔR3) e duas negativas (ΔR2 e ΔR4).
Figura 2.23 - Exemplo de uso do circuito ponte de Wheatstone com sensor resistivo.
0,002
U S 4,99.10 3V 5mV
Com este exemplo, mostrou-se que o termo não-linear pode ser desprezado no cálculo
de US. Além disso, o sinal de saída tem valor pequeno e necessita de amplificação.
Estes tipos de circuitos não são abordados neste capítulo por se tratar de um assunto
mais complexo para engenheiros mecânicos e principalmente porque podem ser melhor
analisados na engenharia elétrica. Apenas como ilustração, na figura 2.24, são representados
dois circuitos: um com sensores capacitivos e outro com sensores indutivos. Nota-se que a
tensão de alimentação Uo é alternada. Mesmo com sensores resistivos, pode-se ter
alimentação com tensão alternada e a análise do circuito também se faz em termos de
impedâncias (valores com números complexos). Pontes de impedância são usadas para
sensores capacitivos, indutivos, resistivos ac e de correntes parasitas.
Figura 2.24 – Pontes de impedância reativa: (a) com sensores capacitivos e (b) com sensores
indutivos.
atender a certas condições a fim de não introduzirem alterações significativas nos valores dos
sinais sendo transmitidos.
US
i
RS RC
Então, a tensão UC é
RC 1
U C iRC US U
RS RC RS S
1
RC
Se RC >> RS, UC US, ou seja, praticamente o sinal de tensão não é alterado. Usando
amplificador operacional, particularmente o denominado seguidor de tensão, consegue-se
atender essa condição. Isso equivale a estabelecer que a resistência de entrada do
condicionador deve ser muito maior do que a de saída do sensor.
RS RC
Re
RS RC
U C IRe iC RC
de onde se obtém
Re RS 1
iC I I I
RC RS RC RC
1
RS
Agora, se RC << RS, iC I. A solução geralmente adotada, para evitar a alteração significativa
do sinal, é usar um sensor cuja resistência de saída seja bem maior do que a de entrada do
condicionador.
US
A
U 2 U1
ou, quando o ganho tiver um valor muito grande, usa-se o ganho em decibéis (símbolo Adb).
Neste caso, tem-se
US
Adb 20 log( )
U 2 U1
Tensão de offset. É uma tensão de saída que aparece mesmo quando as entradas estejam
aterradas. Os pinos 1 e 5 são previstos para cancelar essa tensão que representa um sinal de
erro na saída. Assim, estes pinos são conectados a um potenciômetro e ao pino 4.
Dentre os circuitos lineares básicos com AOPs, estão os amplificadores inversor, não-
inversor, seguidor de tensão (buffer) e o de instrumentação, apresentados a seguir.
US R
A f
U1 R1
US R
A 1 f
U2 R1
Seguidor de tensão (buffer). Este tipo de circuito AOP é representado na figura 2.31. Suas
características importantes são altíssima impedância de entrada e baixíssima impedância de
saída. Seu ganho é determinado fazendo R1=∞ (circuito aberto) e Rf=0 (circuito em curto) na
expressão do ganho do circuito não-inversor. Portanto, resulta ganho igual a 1. Uma aplicação
importante deste circuito é de aumentar a impedância de entrada de amplificadores de baixa
impedância de entrada.
US 2 R2
A 1
U 2 U1 Rg
Observa-se que o ganho pode ser regulado mediante ajuste do resistor externo Rg.
2.6 INDICADORES
Freqüentemente, junto com o sinal de medição, estão presentes sinais indesejados, que
aparecem por influências externas, ou ação de outras grandezas de medição que interagem
com o processo sob controle. Os sinais indesejados de natureza aleatória geralmente são
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BIBLIOGRAFIA
NORTON, H. N., (1982), Sensor and Analyser Handbook, Prentice-Hall, New York.
DALLY, H.N., RILEY, W.F. and McCONNELL, K.G, Instrumentation for engineering
Measurements. John Wiley and Sons, Inc., 1983.