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Resumo
A Educação é um direito de todos e deve ser oferecida para todos. Cada vez
mais estudos e reformas buscam tratar este assunto, de forma a garantir a todos
este direito. Neste cenário a Educação Inclusiva é um assunto importantíssimo, no
qual discussões acerca do papel do professor são cada vez mais constantes e
presentes nos estudos atuais, e, além disso, como a utilização de metodologias
diferenciadas podem enriquecer este processo com o intuito de oferecer aos alunos
com necessidades educacionais especiais um ensino de qualidade e digno de todos.
A proposta deste trabalho é discutir o papel do professor na inclusão de alunos com
necessidades educacionais especiais, como isto é feito atualmente tanto na visão
geral de Educação quanto no Ensino de Ciências. O trabalho foi fundamentado com
base em pesquisas bibliográficas a fim de compreender um pouco mais sobre a
Educação Inclusiva como um todo bem como atuação/formação de professores de
Ciências neste contexto.
Introdução
O termo Educação Inclusiva teve início nos Estados Unidos - através da Lei
Pública 94.142, de 1975, segundo informações de Mrech (2001). Em todo o país
(EUA), são estabelecidos projetos e programas voltados para a Educação Inclusiva.
Para Sant'Ana (2005) “Mais especificamente a partir da Declaração de
Salamanca, em 1994, a inclusão escolar de crianças com necessidades especiais no
ensino regular tem sido tema de pesquisas e de eventos científicos”, fazendo com
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Licencianda em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix.
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Professora do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix.
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Segundo Noronha e Pinto(2001), a Educação Especial é o atendimento e educação de pessoas com
deficiências e transtornos de desenvolvimento em instituições especializadas, e a Educação Inclusiva é um
processo que permite a participação de todos os estudantes nos estabelecimentos de Ensino Regular.
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forma como nossa sociedade vive. Isto foi efetivado através de políticas públicas que
buscam viabilizar acessibilidade em diferentes espaços como escolas, serviços
públicos e empresas.
Mrech (2001) refere-se à Educação Inclusiva como um processo de inclusão
de alunos com necessidades especiais ou com algumas dificuldades de
aprendizagem nas redes de ensino e enumera vários quesitos para que isso ocorra
dentro de uma sociedade. Nestes quesitos estão incluídas várias possibilidades,
enfatizando que toda criança com necessidades educacionais especiais tem direito à
escolarização como qualquer outra criança e que para isso é necessário incluir esta
na sociedade; a família deve estar inserida neste processo, apoiar e acompanhar
seu crescimento e aprendizado; todos os que ali estão devem tomar conhecimento
de que dentro de uma escola somos uns pelos outros e o conhecimento une todos
com um só objetivo; o ambiente escolar deve ser flexível e atender a demanda de
todos os alunos e professores; os critérios de avaliação não podem ser os mesmos
aplicados há alguns anos, ou seja, novas formas de avaliação devem ser aplicadas
de modo que atenda as necessidades destes alunos; o acesso físico das escolas
deve proporcionar aos alunos portadores de deficiências locomoção e acesso a
todas as dependências da escola; e finalmente, todos os professores deverão dar
continuidade aos seus estudos, para que desta forma, possam se atualizar sobre as
mudanças a respeito desta educação e como trazer isto para dentro de sala de aula.
Granemann (2005) afirma que a proposta inclusiva veio para marcar uma
etapa importante na educação mundial, que é justamente a educação para todos.
Tal ambição só será possível com metodologias de ensino diferenciadas e que
atendam os alunos com necessidades educacionais especiais, professores com
atitudes e posturas adequadas para lidar com os alunos, integração social, enfim,
tudo que possa proporcionar aos alunos um ensino regular digno para todos os
seres humanos. “O conhecimento é algo que se encontra em constante
transformação, revisão, superação”.
O mesmo autor afirma que tal processo cobra de todos os profissionais certa
aceitação e abertura para novas propostas de ensino. Para que isso ocorra, o
processo envolverá além de professores e alunos, uma reestruturação cultural,
política e das práticas aplicadas nas escolas. Muitas adequações são necessárias
para que este processo ocorra de forma organizada, consciente e que beneficie a
todos que estão inseridos neste processo de inclusão. Tal iniciativa vem sendo cada
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vez mais buscada e procurada nas escolas. Hoje já temos legislações que
asseguram os direitos de alunos com necessidades educacionais especiais e sua
aceitação está cada vez maior, pois estes alunos podem agregar no sentido de
trazer para o ambiente de sala de aula um novo olhar para o aprendizado.
Mas infelizmente este processo por vezes se apresenta um pouco moroso,
pois algumas falhas ainda são evidentes no que diz respeito a laudos e alguns
processos que são necessários para que a inclusão ocorra, e para que seja dada a
devida atenção e cuidado necessário a alunos com necessidades educacionais
especiais.
Dentro deste contexto o ensino de Ciências também deve desenvolver
peculiaridades ao ser ministrado para crianças com necessidades educacionais
especiais. Os conteúdos de Ciências muitas vezes, apresentam temas de difícil
compreensão e isso pode ser um desafio para professores e alunos. As aulas
práticas apresentam formas de estudos que nem sempre são acessíveis para todos,
por exemplo, olhar um material no microscópio. Este e outros pontos devem ser
analisados minuciosamente pelo professor para que nenhum aluno seja 'excluído' do
aprendizado (CAMARGO, 2006).
O objetivo deste trabalho é discutir qual o papel dos professores de Ciências
no contexto da Educação Inclusiva, além de identificar as metodologias empregadas
atualmente pelas escolas e por professores de Ciências em situações de aulas com
alunos com necessidades educacionais especiais.
Para a fundamentação deste trabalho foi realizada uma revisão bibliográfica a
fim de compreender um pouco mais sobre a Educação Inclusiva e formação/atuação
de professores de Ciências no que diz respeito à inclusão.
Os descritores utilizados nesta pesquisa foram: Educação Inclusiva, Ensino
de Ciências, Ciências e Educação Inclusiva, Metodologias de Ensino na Educação
Inclusiva, Práticas de Inclusão, Educação para Todos, Educação Especial,
Necessidades Educacionais Especiais, Formação de Professores e Educação
Inclusiva, entre outros termos que foram necessários no decorrer deste trabalho.
Apenas foram utilizados neste trabalho artigos publicados a partir do ano
2000, a fim de envolver as discussões mais recentes sobre o assunto.
toda a escola, da família e dos próprios colegas. Para o bom desempenho destes
alunos e dos demais colegas, não se deve somente atentar para suas características
cognitivas, e sim a forma como ele lida com os demais. Suas características sócio
emocionais são importantes, pois desta forma, analisando a forma como ele vive,
sente, interage com os demais colegas e com a sua família, esta habilidade em
algum campo do conhecimento pode ser utilizada como rumo de aprendizado melhor
para toda a turma.
Lacerda (2006) analisa a inclusão escolar de alunos surdos, e aprofunda na
visão de alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência. “A inclusão deve
ser vista como um processo dinâmico e gradual”, mas na sociedade em que vivemos
e não diferente do que todos os outros autores descreveram em seus textos, tais
alunos necessitam de várias condições e metodologias de ensino que infelizmente
muitas escolas ainda não proporcionam. A autora afirma que a inclusão social é
encarada como um processo lento, gradual, e que deve sempre ser voltada para a
necessidade dos alunos. O aluno surdo não se comunica e não compartilha da
mesma linguagem dos demais colegas e isso pode dificultar seu acesso à maioria
das informações ministradas dentro de sala de aula. Por isso a necessidade de
intérpretes que ajudem estes alunos a acompanhar o ritmo da turma é de grande
importância. Em seu trabalho a autora realizou pesquisas dentro de sala de aula
com alunos do sexto ano do Ensino Fundamental com uma faixa etária de 10 a 12
anos do ensino fundamental, em uma escola privada, que tem em sua grande
maioria alunos ouvintes, apenas uma criança surda e duas intérpretes. A escola se
mostrou bastante interessada em receber um aluno com necessidade especial e
consequentemente interessada na inclusão deste aluno em seu ambiente e que para
recebê-lo deveria mobilizar a todos como, direção, coordenação, família,
professores.
Ao citar os superdotados, Alencar (2007) fez a mesma observação de
Lacerda (2006), no que diz respeito à mobilização geral para que este aluno seja
inserido dentro de sala de aula e que o seu processo de aprendizagem seja
satisfatório. Não há como falar de inclusão sem mobilizar todo o contexto escolar e
tudo que o envolve.
benefício para a saúde, temperatura do alimento, embalagem, ou seja, tudo que era
importante saber ao adquirir tal alimento. Perceberam-se dificuldades no que diz
respeito à compreensão de determinados alunos e por esse motivo não foi possível
a aplicação de um método de ensino de Ciências tradicional. Mas em função disso,
foram desenvolvidas metodologias que integraram estes alunos na turma, trazendo-
os para dentro do contexto de sala de aula, ajudando-o a construir uma linha de
raciocínio a respeito de determinado tema na prática. Os resultados obtidos pela
autora foram satisfatórios porque os alunos com necessidades especiais
demonstravam ter assimilado muito do conteúdo.
Vários alunos são incluídos no cenário relatado por Mathias (2009), como,
deficientes visuais, surdos e mudos, deficientes físicos, deficientes mentais e
superdotados, e, independente de cada um ter sua necessidade especial, estes
podem ter alguma facilidade em um determinado tema ou estratégia didática , o que
pode acrescentar e muito os estudos para os demais alunos.
As técnicas apresentadas por Mathias (2009) para se incluir um aluno com
necessidades educacionais dentro das escolas são bastante aplicados no ensino
regular, o que é de fato importante, é perceber como estas metodologias
diferenciadas trazem um resultado positivo para alunos com necessidades
educacionais especiais. Muito do que foi explorado pela autora já está inserido
dentro de uma sala de aula de Ciências, sabemos que é complicado inserir um aluno
com necessidades educacionais especiais o tempo todo, pois são muitas as
necessidades especiais. Mas a rotina diária pode ajudar muito na compreensão de
cada necessidade especial e qual o tempo de cada um para determinada tarefa ou
assunto tratado dentro de sala de aula.
Ribeiro (2004) discute a respeito da inclusão relatando as práticas adotadas
no Museu de Ciências Morfológicas situado na Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG). Vários projetos estão sendo realizados neste Museu e se
enquadram no cenário da inclusão social e consequentemente, educação inclusiva.
Dentre eles está o projeto “A célula ao alcance da mão” que contempla a inclusão de
deficientes visuais para conhecer a estrutura e funcionamento do corpo humano. A
autora descreve o processo de implantação deste projeto, que se inicia na
percepção das dificuldades de alunos com necessidades especiais, como
portadores de deficiência visual, em disciplinas de cursos das áreas Biológicas e da
Saúde. Mecanismos diferentes são necessários para que tal aluno conheça todas as
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particularidades do corpo humano, qual a forma dos órgãos, o que isso interfere em
sua função, enfim, fazê-lo conhecer o ‘todo’ que os demais colegas de turma
aprendem através de figuras, atlas, microscópios ópticos, manipulação de órgãos e
estruturas reais, entre outros.
O projeto acima foca nesta dificuldade do aluno aprender sem conseguir ‘ver’
e tentar minimizar os problemas de aprendizado. Vários modelos didáticos foram
confeccionados para que os alunos possam compreender um pouco mais sobre
cada estrutura do corpo humano apresentado e isso pode também beneficiar alunos
com déficit de atenção. Segundo a autora ainda é uma dificuldade encontrar
recursos didáticos, professores especializados e fazer com que o acesso desses
cidadãos seja amplo e completo. Tal projeto, do Museu de Ciências Morfológicas,
está em fase experimental em escolas de Ensino Fundamental e Médio, e a
realidade ainda é um pouco distante de todos os planos e práticas que o projeto
propõe. Mas nesta fase do projeto os resultados têm sido os melhores possíveis
como, por exemplo, em turmas onde há alunos com diversas deficiências, a
limitação de um compensa a limitação do outro e assim todos aprendem de forma
dinâmica.
Viveiros e Camargo (2006) discutem como metodologias diferenciadas podem
acrescentar no ensino de Ciências e como isto pode interferir no ensino dentro de
uma aula inclusiva. Vários métodos de ensino são propostos, dentre eles métodos
de ensino para deficientes visuais, acompanhado de recursos didáticos e sugestões
de metodologias de ensino. Os autores acreditam que em se tratando de um
deficiente visual, o diálogo deve sempre estar presente dentro e fora de sala de aula,
acompanhado de um tom de voz calmo, normal, sem parecer um esforço ou algo
feito sem naturalidade e firmeza. Indicam que os professores devem solicitar ajuda
aos demais alunos quanto às orientações em determinadas atividades e temas
apresentados em sala de aula. Apontam que o posicionamento do alunos com
necessidades educacionais especiais em sala de aula também é importante para
que este aluno apresente um bom desempenho.
A formação dos professores de Ciências (e das demais áreas) deve ser
completa e o ensino no âmbito da inclusão deve ser vivenciado na prática, para que
tudo que diz respeito às novas metodologias de ensino possam ser aplicadas e
aproveitadas em benefício dos alunos. Segundo Viveiros e Camargo (2006) o
professor deve assumir uma postura de responsabilidade buscando todos os
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Considerações Finais
Referências Bibliográficas
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MONTOAN, Maria Teresa Égler. Todas s crianças são bem-vindas à escola. Rev.
online Bibl. Prof. Joel Martins, Campinas, SP, v.1, n.3, jun. 2000
3%87%C3%83O%20ESPECIAL%20E%20EDUCA%C3%87%C3%83O%20INCLUSI
VA-%20APROXIMA%C3%87%C3%95ES%20E%20CONVERG%C3%8ANCIAS.pdf.
Acesso em: 25/04/2013.