O documento resume e analisa o filme "Silenciadas" sobre a caça às bruxas na Idade Média. Apresenta três pontos principais: 1) A Inquisição perseguia e matava mulheres por sua cultura e costumes, não por bruxaria real. 2) Uma cena mostra como a protagonista manipula os inquisidores através de seus desejos. 3) A opressão das mulheres está ligada ao medo da liberdade feminina e da mulher como ser irracional.
O documento resume e analisa o filme "Silenciadas" sobre a caça às bruxas na Idade Média. Apresenta três pontos principais: 1) A Inquisição perseguia e matava mulheres por sua cultura e costumes, não por bruxaria real. 2) Uma cena mostra como a protagonista manipula os inquisidores através de seus desejos. 3) A opressão das mulheres está ligada ao medo da liberdade feminina e da mulher como ser irracional.
O documento resume e analisa o filme "Silenciadas" sobre a caça às bruxas na Idade Média. Apresenta três pontos principais: 1) A Inquisição perseguia e matava mulheres por sua cultura e costumes, não por bruxaria real. 2) Uma cena mostra como a protagonista manipula os inquisidores através de seus desejos. 3) A opressão das mulheres está ligada ao medo da liberdade feminina e da mulher como ser irracional.
Docente: Jonas Gonçalves Coelho FAAC – UNESP – 09.12.21
Relatório sobre o filme “Silenciadas”, de Pablo Agüero
Questão 1: Escolher e comentar aspectos éticos.
Questão 2: Escolher e comentar uma cena. Questão 3: Fazer associações. Assistindo a um filme sobre o assunto, é fácil se esquecer de que o Tribunal da Santa Inquisição e a Caça às Bruxas foi um evento real na história da Humanidade. Parece risível pensar que, em nome de Deus, inúmeras mulheres tenham sido queimadas em uma fogueira ou amarradas e jogadas em rios, graças ao seu ‘culto ao diabo’, ou o sabbath, como vemos no filme. É interessante a sutil demonstração do filme de que o que verdadeiramente incriminava essas mulheres eram rituais, canções e costumes muitas vezes presentes em sua própria cultura. No caso de “Silenciadas”, a cultura basca era reprimida. Vemos, no início da obra, os dois inquisidores protagonistas do filme em um questionamento de ‘quantas mortes seriam necessárias’. A desculpa seria a de que esperavam que as mulheres revelassem os segredos do sabbath e, se não revelassem, seriam mortas. O inquisidor, então, questiona: “E se o sabbath não existir?” É interessante o conceito de que, mesmo sabendo da possibilidade, isso não impediu a Inquisição de torturar e matar mulheres. É interessante pensar que, se existiu realmente, a Igreja nunca colocou as mãos em nada. O filme, para mim, demonstra bem a contradição do cristianismo. Utilizando o nome e a imagem de Deus, fizeram o que em entendiam e se sentiam os deuses da humanidade. Desde guerras até o genocídio deliberado de povos nativos, mulheres. Os crimes da Igreja Católica poderiam escrever milhares de livros. Me parece, honestamente, muita arrogância pressupor que um humano – tão abaixo de Deus, segundo o cristianismo – poderia falar e agir em nome Dele. Um dos aspectos mais interessantes são a representação da cultura basca e o fato de grande parte do filme ser feito em euskera, língua basca. A cena em que Ana, protagonista do filme, inventa histórias sobre o ritual das bruxas para satisfazer a curiosidade dos inquisidores ressoou bastante. No conflito entre as cenas do interrogatório e suas memórias, temos um contraste de iluminação, cores e sons que passam os exatos sentimentos sentidos pela protagonista. É uma construção bonita e bem pensada, que transporta algo imaterial em imagens e nos permite sentir junto à personagem. Essa cena mostra, também, algo interessante: a protagonista nota que sua cultura e sua liberdade, as histórias e músicas de seu povo eram o que significavam ‘bruxaria’ para a Santa Inquisição e traziam tanto medo aos cristãos. Isso, até hoje, se relaciona com a vivência feminina na sociedade: uma mulher livre causa medo e espanto, repulsa e ódio. Decisões que deveriam ser pessoais se tornam debates sociais intensos. Crescer os pelos púbicos ou da axila, para uma mulher, é aceitável? Vestir roupas curtas, é aceitável? Usar maquiagem, cortar o cabelo curto ou raspá-lo, se relacionar sexualmente com mais de uma pessoa em um curto período de tempo, isso tudo, é aceitável? Observando minunciosamente o comportamento social dentro do patriarcado, mínimos atos de liberdade pessoal são, para as mulheres, uma luta. A própria cena do sabbath criada no filme demonstra a fascinação dos inquisidores. Eles queriam oprimir ou participar? Ana descreve o diabo com a exata aparência de Rostegui, e isso é certamente proposital. Durante a cena, enquanto o homem se encontra dançando em meio às mulheres, entendemos que Ana o manipulou através do desejo. Ele, inquisidor e supostamente um homem de mínimos pecados, se vê tentado a tomar o papel do “diabo” em um ritual satânico para ter mulheres dançando e cantando para o seu prazer. O filme “A Bruxa”, de Robert Eggers, traz um cenário e mensagens semelhantes quanto a liberdade feminina, mas são construídos de forma diferente. Se tratando de um filme de terror atmosférico e psicológico, a escolha do final de fazer com que Thomasin, a protagonista, aceitasse a oferta de Lúcifer e se juntasse à clássica imagem de um sabbath – com mulheres nuas dançando em volta de uma fogueira – contrasta com a abordagem mais racional de “Silenciadas”. Pensando no discurso da razão ocidental, que atua dentro de uma lógica tipicamente masculina – que sustenta a dominância da razão sobre o sensível, sobre o corpóreo e sobre a experiência. Platão, preocupado em dominar os afetos e as paixões, define a virtude como força moral da vontade de cumprir o dever, acreditando que através do controle dos apetites é que se pode chegar à justiça social. É possível associar essa desvalorização da dimensão sensível da existência como que construída paralelamente à identificação da mulher com a natureza, com o corpo e com o irracional; sendo elas, portanto, desprovidas dos conceitos necessários para serem consideradas seres sociais.