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Universidade de Brasília - UnB

Instituto de Artes – IdA


Departamento de Artes Visuais – VIS

MONOGRAFIA - ATELIÊ 2
Leonardo Palhares Lopes
15/0135629

Brasília - DF
2021
Resumo

O trabalho apresenta minha produção atual a partir de suas origens,


explicitando a escolha da fotografia como linguagem artística e o início da
abordagem do corpo como tema principal, que se deu em 2018. Perpassa a
produção feita desde então, que teve seu foco conceitual alternado algumas vezes,
mas que agora se volta para o mesmo do início da produção, dessa vez embasado
por teorias psicanalíticas. Finaliza apontando as referências mais diretas que
nortearam minhas escolhas e atravessam o que faço.
Origens do meu trabalho

Irei começar falando da escolha da fotografia como minha linguagem artística,


e para isso irei começar discorrendo sobre a linguagem que usei antes dela e que
embora eu não a tenha deixado de usar, está em segundo plano, o desenho. Assim
como em minhas fotos, as referências para os meus desenhos são surrealistas. Eu
fazia uso, principalmente, da técnica que estava na base do movimento, o
“automatismo psíquico”, que se refere ao livre fluxo mental na produção de obras,
sem tentar tolher ou exercer algum controle sobre o que é feito. No caso do
desenho, deixar o lápis percorrer o papel livremente na formação de linhas, rabiscos,
formas e borrões. Esse era o processo inicial básico em meus desenhos, mas não
completo, já que o que se dava depois era feito de forma consciente e
discriminatória, até que se formasse uma imagem que me satisfizesse. Entretanto, o
automatismo era a semente do meu trabalho no desenho.

Quando comecei a fotografar de forma séria, e principalmente, comecei a


fotografar o meu corpo e fazer minhas montagens, percebi que elas me provocavam
mais sensações do que meus desenhos. Depois de refletir sobre o motivo disso, me
dei conta de que é porquê a fotografia me permite captar um instante da realidade e
fazer o que eu quiser a partir desse registro, ou seja, posso alterar a realidade de
forma mais “direta”. Sendo os meus desenhos “surrealistas”, o que me interessava
era a interferência na realidade ou o contato com “outras realidades”, diz-se que as
imagens formadas pelo processo automático são representações de conteúdos do
subconsciente e inconsciente de quem usa a técnica. Em resumo, nesse momento
vejo essa interferência de forma mais substancial na fotografia e por isso ela é a
minha ferramenta principal atualmente.

Adentrando no que faço em fotografia, meu tema principal é o corpo. Sempre


tive um grande interesse pelo tema, já era algo muito explorado em meus desenhos
e na fotografia eu pude me debruçar mais intensamente sobre o tema. Vejo o corpo
como o nosso bem mais precioso. Por mais que seja um tema frequente na história
da arte, o corpo ainda nos permite inúmeras possibilidades.
O que faço atualmente

O que faço atualmente teve início em 2018, onde comecei a abordar o corpo
de forma integral, eu já fazia fotografias usando o corpo, porém a maior diferença foi
que comecei a usar recursos digitais para alterar meu corpo, duplica-lo ou modificar
o fundo, adentrando em arte digital.

Na maior parte das vezes começo o processo de elaboração das fotos sem
muitas imagens claras em mente do que pretendo alcançar no resultado final. Início
preparando algum tipo de cenário para que o fundo não interfira muito nas
alterações digitais que eu pretendo fazer em meu corpo posteriormente, e o melhor
para isso é deixá-lo o mais vazio possível. Por muito tempo usei um pano preto, que
cobria a parede e o chão. Coloco a câmera no temporizador e me dirijo para frente
dela. A partir desse momento, se torna algo um tanto performático, tento fazer poses
variadas, usando o máximo dos meus membros. A foto é tirada e esse processo se
repete várias vezes. Com isso eu busco fotos em que meu corpo possa se integrar
em diferentes poses durante a segunda parte do processo, que é a edição no
computador. Minhas últimas fotos passaram a ser mais planejadas, porém eu nunca
tenho em mente a imagem exata do resultado pretendido.

Na segunda parte do processo, a edição, que é tão importante quanto a


primeira e as vezes mais importante ainda, há primeiro uma análise das fotos que
foram tiradas, escolho algumas que acho que tenham algum potencial e depois
apenas uma para começar. De início é feita uma colagem no photoshop com base
nessa foto principal. Muitas vezes eu faço variações dessa mesma colagem, com
algumas mudanças. As colagens normalmente são compostas por membros do meu
corpo, como uma reconstrução do corpo em computador. Depois verifico o que
preciso melhorar no fundo das fotos. As vezes retiro o fundo inteiro e coloco um
preto chapado, como na minha primeira série de fotos. Ou retiro o fundo inteiro e
coloco algo semelhante a uma parede cinza esfumaçada. Nas fotos mais recentes
que estou fazendo, estou usando uma parede real com um buraco. Essa questão do
fundo ainda é um problema para mim, principalmente por limitações de espaço e
também financeiras para poder montar algo que realmente me agrade. Porém estou
contente com a parede usada nas minhas fotos atuais. Esse processo de edição é
um tanto demorado, normalmente fico alguns dias fazendo isso durante algumas
horas, é necessário ter paciência.

Nas fotos a seguir tentei criar composições com o meu corpo multiplicado, o
resultado me agradou e pretendo fazer mais fotografias como essas.
Nas fotos seguintes dessa mesma série, eu não fiz modificações nas formas
do meu corpo através de softwares, tentei acrescentar o elemento da deformação
através das poses.
As fotografias que se seguiram depois dessa série, mantiveram a temática do
corpo, porém com algumas mudanças e variações entre si, por seguir um formato
mais livre, já que não havia a pretensão de ser uma série, portanto não precisavam
seguir uma linha estética.

Nessa primeira eu comecei a usar um fundo diferente e menos chapado. Tem


o título “Pareidolia", pois tento criar o formato de alguma tipo de rosto com o meu
corpo.
A próxima imagem foi o caso de uma fotografia que eu tinha guardada, pois
tenho um acervo de muitas fotos que acabo não usando em nenhuma edição. E
nessa acabei tendo a ideia de modificar o meu rosto para criar algo como um
tetragrama e acabei por tentar recriar o símbolo do tetragrammaton com a minha
cabeça, usando o mesmo fundo acinzentado da foto anterior. Esse foi a primeira foto
que tentei inserir a temática ocultista e gostei do resultado. O tetragrammaton
mescla um conjunto de letras do alfabeto grego, hebraico e latino com diversos
símbolos conhecidos do ocultismo, sendo geralmente usado em talismãs e para
potencializar rituais.
Na próxima fotografia tentei criar algo como uma forma humanoide usando
minha coluna e membros inferiores duplicados.
A próxima fotografia é um trabalho em que mais uma vez tentei adicionar a
temática ocultista. Utilizei imagens de um livro em latim de 1775 que contém
diversas ilustrações de monstros, demônios e símbolos esotéricos. Mesclei elas a
foto e tirei suas cores para que ficassem melhor assentadas na imagem.
Na próxima foto estou em uma posição de yoga, tirei o fundo e inverti a
posição das minhas pernas, eu pretendia fazer uma série de fotos só com poses de
yoga distorcidas no photoshop, isso ainda não foi feito, mas será em breve.
Após isso, eu comecei a fazer uma série de fotos inspiradas nas cartas do
tarô. A ideia era que o tema geral da foto se relaciona-se ao significado das cartas,
mas não se limitasse a isso. Eu não pretendia criar um tarô ou algo semelhante.

Eu pensei no 10 de espadas para produzir essa primeira foto, ele se relaciona


a exageros, ou coisas que são maiores em nossas mentes do que na realidade, por
isso tentei fazer várias cabeças na fotos
A próxima foto é mais diretamente relacionada ao 6 paus, para produzi-la eu
turei várias fotos segurando um tronco fino de árvore representando o nipe de paus
do tarot, Tambem há a questão da força da carta, que indica triunfo e simbolizo na
foto através dos músculos. de resto eu apenas tentei fazer uma composição
interessante.
A foto seguinte foi baseada no Cavaleiro de Ouros, tentei fundir o cavalo da
carta com o cavaleiro, o que resultaria em um centauro. Na minha mão um
pentáculo que é o simbolo do nipe de ouros no tarot de Rider Wite, que é o que
possuo e que me inspirou. O hibridismo entre animais e plantas é algo que me
inspira e que ainda pretendo levar mais vezes para as minhas fotografias
Conceito e rumos mais recentes que o meu trabalho toma

Como pode ser observado, o foco conceitual dos meus trabalhos em


fotografia usando o corpo como objeto principal foi variando com o passar do tempo,
tarô, yoga, ocultismo... Porém, minha primeira ideia ao começar a fazer essas fotos
era tratar do corpo com relação as suas subjetividades e incongruências quando
visto de diferentes pontos de vista, as diversas formas como um mesmo corpo pode
ser visto e, ironicamente, me questionava qual seria a sua forma, levando isso as
minhas fotos como uma não-forma. Eu tentava simbolizar isso principalmente
através de distorções feitas em programas de edição de imagem. Sendo assim, as
distorções são um dos aspectos mais importantes nas minhas fotografias. Havia
inicialmente essa intenção de demonstrar uma não linearidade do corpo através de
expansões, recortes, multiplicações, achatamentos, encolhimentos e deslocamentos
das diferentes partes do meu corpo.

Recentemente comecei a ter contato com conceitos do corpo na psicanálise


que vão de encontro com o que eu já pensava sobre essas fotos, mas que ainda não
havia desenvolvido teoricamente. Agora estou retomando a ideia de uma forma mais
embasada e irei apresentar aqui esses conceitos tendo como base o livro “Meu
corpo e suas imagens” do psicanalista e psiquiatra Juan-David Nasio.

A proposta do livro é estudar e comparar dois conceitos psicanalíticos de


imagens do corpo que são complementares e interativos e que formam a essência
do eu, isto é, a sensação inefável de sermos nós mesmos. Essas duas são a
imagem mental do corpo e a imagem especular do corpo. A primeira se refere a
imagem do corpo que você sente e a segunda é a imagem do corpo que você vê, a
registrada na consciência e a visível no espelho.

A teoria da imagem mental do corpo de Nasio foi baseada no conceito de


imagem inconsciente do corpo da pediatra e psicanalista Françoise Dolto, que é
explicada por Nasio (2009, p. 19-20) da seguinte forma:

“A imagem inconsciente do corpo é o conjunto das primeiras impressões gravadas no


psiquismo infantil pelas sensações corporais que um bebê e até mesmo um feto sente ao contato de
sua mãe, ao contato carnal, afetivo e simbólico com sua mãe. Sensações que foram sentidas pela
criança antes do domínio completo da palavra e antes da descoberta de sua imagem no espelho, isto
é, antes dos três anos.”

Nasio se refere ainda a imagem inconsciente do corpo como o próprio


inconsciente, que tem suas bases lançadas nos primeiros anos de vida de uma
pessoa. E o corpo é o solo fértil desse inconsciente, mas não o corpo físico
individual e separado dos outros, o corpo relacional e desejoso do contato, da
presença e das trocas com outros pessoas, que nesses primeiros anos de vida são
tidas através da família. São as sensações tidas nesse corpo que serão imprimidas
no psiquismo e formarão a imagem inconsciente do corpo.

Além disso, a imagem desse corpo não é visual, não é figurativa, nem
narrativa. O que fica gravado nele e reverbera por toda a vida são ritmos, são
percepções de tempos fortes e tempos fracos da intensidade do contato carnal e
afetivo vivenciado. “A imagem inconsciente do corpo é, antes de tudo, a imagem de
uma emoção partilhada, a imagem do ritmo da interação carinhosa, desejante e
simbólica entre uma criança e sua mãe.” (NASIO, 2009, p35)

Embora o conteúdo desse corpo não seja figurativo, o autor demonstrou no


livro, através de exemplos, que durante a prática psicanalítica com pacientes se faz
necessário um processo mental do psicanalista para que ele possa acessar o
inconsciente dos pacientes e lhe falar em sua própria linguagem para poder ajudá-lo.
Durante esse processo, há um momento em que o psicanalista visualiza qual seria o
estado da imagem inconsciente do corpo do seu paciente, como podemos ver no
próximo trecho.

Em seguida, o analista sente-se capturado, aspirado por uma palavra ou gesto do paciente e,
quase à sua revelia, visualiza o corpo inconsciente de sensações patogênicas que fazem o
analisando sofrer. O psicanalista vê então surgir em seu espírito a representação de um corpo
bizarro, tal como se desenharia a partir das sensações vividas por um bebezinho; um corpo torcido à
maneira daqueles pintados por Hyeronimus Bosch ou Francis Bacon. Esse corpo imagético pode
assumir o aspecto de um estranho aglomerado de órgãos: no lugar da mão figura uma boca, no lugar
do baixo-ventre perfila-se uma cabeça e, como se não bastasse, a cabeça de uma mãe; em cima de
um rosto, brilha o buraco de olhos arrancados; ou ainda, no exemplo de Clara, desenha-se um corpo
retesado, desprovido de suas costas, os braços estendidos em busca de um objeto inacessível, um
corpo de bebê sem âncora, boiando no espaço (NASIO, 2009, p44).
A segunda das duas imagens do corpo que formam o eu, a imagem
especupar, foi fundamenta por Jacqkes Lacan como “o estadio do espelho”
indicando um processo que começa quando as crianças observam a própria imagem
no espelho pela primeira vez e começam a dar conta de suas individualidades,
processo esse que vai até os 3 anos de idade. É descrita por Nasio como a imagem
vista principalmente no espelho, mas não só nele. Se trata do corpo visto, ou do
corpo imaginário. É a silhueta que vemos no espelho, ou em algum suporte -
escultura, pintura, fotografia ou cinema -. Essa imagem é fascinante, pois negativa
ou positivamente, nunca nos deixa indiferentes.

O autor ainda fala sobre como a imagem do nosso corpo é sempre uma
imagem distorcida por nossas interpretações afetivas, alimentadas pelo amor e pelo
ódio que temos por nós mesmos, são imagens volúveis que se apresentam
fatalmente deformadas em maior ou menor grau para cada pessoa. Porém, todos
nós somos cegos para a realidade objetiva do nosso corpo, nunca o vemos ou
sentimos como ele realmente é, mas sim como queremos ou tememos que ele seja,
sempre guiados por aspectos inconscientes. “Nosso eu é um conjunto de imagens
de si mutantes e frequentemente contraditórias.” (NASIO, 2009, p. 55-56). “A
imagem do corpo é a substância deformante do nosso eu. Não existe eu puro; o eu
resulta sempre da interpretação pessoal e afetiva do que sentimos e do que vemos
de nosso corpo.”(NASIO, 2009, p. 56).

Através dessas descrições acredito ser possível identificar a relação do que


faço em meu trabalho com as investigações psicanalíticas do inconsciente. Ou seja,
quero levar para o meu corpo na fotografia o que seria a “imagem inconsciente do
corpo”.

Trazendo isso para o que tenho trabalhado mais recentemente, comecei a


tirar fotos usando uma parede com um buraco que dá para a dispensa da minha
casa. Na primeira foto finalizada da série tentei fazer algo que desse a impressão de
que há algo saindo do buraco, a figura nessa foto possui vários braços, que no caso
são os meus braços multiplicados e colocados na mesma foto através de um
processo de colagem no photoshop, há ainda um braço que se bifurca com outro e
uma mão com seis dedos. Nas próximas fotos pretendo continuar trazendo a figura
para fora do buraco e em diferentes fotos ela vai ter diferentes formas, pois ela é
polimorfica. Minha ideia é tratar a figura como um conteúdo saído do inconsciente
representado pelo buraco. Os conteúdos do inconsciente que chegam ao consciente
sempre são confusos e disformes assim como a figura será.
Minhas referências

Minha primeira referência para os tipos de fotografia que faço foi o britânico
Chris Cunningham. Ele é mais conhecido como videoartista e seu trabalho em vídeo
me inspirou mesmo sendo uma linguagem diferente da que uso, porém como
fotógrafo ele também me inspira. Em sua obra são trabalhos os conceitos de corpo
ciborgue e corpo freak. Citando alguns de seus trabalhos que me serviram como
referência, irei começar por “Rubber Johnny” de 2005. É um curta-metragem que
nasceu de uma parceria com a músico Aphex Twin, a partir da música “Afx 237 v.7”,
do álbum Drukqs. Filmado todo em night-vision, mostra um alienígena, interpretado
por Cunningham cheio de próteses, em um porão numa espécie de histeria
remixada. Para além do conteúdo de vídeo, há o trabalho fotográfico da capa e do
encarte do DVD da obra, que se relacionam mais diretamente com o que desenvolvo
em meu trabalho, principalmente no que diz respeito ao corpo. Em segundo lugar, o
ensaio fotográfico com a cantora Grace Jones para a revista Dazed and Confused,
retratos da cantora em que o artista faz bastante uso de programas de edição para
criar distorções no corpo da cantora. O próprio artista disse ter se baseado no curta
“Rubber Johnny” nesse editorial.

Fotos da capa e encarte do DVD “Rubber Johnny” de Chris Cunningham

Fonte: <maxolander.com/blog/rubber-johnny/>

Capa da Dazend & Confused com Grace Jones por Chris Cunningham
Fonte: <https://tecoapple.com/2008/10/16/grace-jones-com-o-diabo-no-corpo-na-dazed-confused/>

Outra das minhas principais referências é o artista australiano Joseph Häxan,


suas fotografias exploram tópicos como metamorfose, evolução, clima e outros
processos naturais, tendo o corpo do próprio artista como principal elemento e a
natureza como plano de fundo na maior parte das fotos. Segundo o artista, seu
objetivo usando o próprio corpo em seu trabalho é explorar sua própria realidade
corporal como um meio de se conectar profundamente com o mundo ao seu redor.
Há um caráter ocultista no tema de suas fotos, o que também tento inserir no meu
trabalho, porém ainda é algo pouco explorado. Também me identifico com a forma
como ele usa o flash em suas fotografias. Na série “Body Horror”, o artista fala sobre
o que seria o apocalipse, são fotografias de cenas de degradação humana e histeria
iluminadas por uma luz branca estéril e punitiva.

Visitor from the stars – Joseph Häxan, da série Body Horror

Fonte: <https://www.facebook.com/photo?fbid=1586217358123204&set=a.713363815408567>
Uma terceira referência é o dinamarquês Asger Carlsen. Esse é o que mais
usa de distorções e montagens em corpos nus, tornando seu trabalho familiar e
misterioso ao mesmo tempo. Os corpos em suas fotos preto e branco se
assemelham a esculturas e sua obra realmente confunde o limite entre a fotografia e
outras linguagens como o desenho. Na série Hester (2010-2013) o artista criou
corpos incrivelmente amorfos e quase que humoristicamente mutilados, mas sem
sangue posando em seu estúdio, em todos os corpos não há nenhum rosto dando a
impressão de ser algo inanimado. Mais do que imagens sobre o corpo, elas também
são um comentário sobre a fotografia e a forma.

Hester (10) - Asger Carlsen

Fonte: < https://dittrich-schlechtriem.com/hester/>


Cindy Sherman foi uma faz minhas primeiras inspirações em fotografia, sua
série “Sex Pictures" de 1992 é a que mais tem impacto no que eu faço. São imagens
de próteses e manequins desmembrados, recombinados e estranhamente
sexualizados. As fotos da série são mais sobre horror do que sobre erotização e são
comentários sobre a pornografia e a sexualidade.

Untitled #264 – Cindy Sherman

Fonte: <https://www.thebroad.org/art/cindy-sherman/untitled-264>

Indo mais distante na história da arte, há Andre Kertész no quadro de minhas


referências. Nascido em 1894, na Hungria, fez uso de três espelhos para criar a
série “Distortions” que são dezenas de fotos de modelos bastante surrealistas.

Distortion 165 - André Kertész


Fonte: <https://grobgallery.com/artists/59-andre-kertesz/works/815/>

Em suma, minhas inspirações são todas derivadas do surrealismo. Ainda posso citar
Hans Bellmer com suas bonecas perturbadoras e Man Ray com seus rayogramas.
Entretanto, se os surrealistas viam nos sonhos a principal via para o inconsciente,
em minhas fotos eu aposto no corpo como seu principal revelador.
Bibliografia

NASIO. J.-D. Meu corpo e suas imagens. Tradução de André Telles. Rio de Janeiro:
Zahar, 2009.

Andrade, S. Chris Cunningham: Autoria em videoclipe. TCC (Mestrado em


Comunicação e Semiótica) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, p. 81.
2009.

Chris Cunningham Photographs Grace Jones for D&C. Dazed & Confused
Magazine. 16 de out. de 2008. Disponível em:
<https://www.dazeddigital.com/artsandculture/article/1273/1/chris-cunningham-
photographs-grace-jones-for-dc>. Acesso em:15 de maio de 2021.

An interview with Joseph Häxan. Life Framer. Disponível em: < https://www.life-
framer.com/joseph-haxan/>. Acesso em: 15 de maio de 2021.

HÄXAN, Joseph. Ecatus x Joseph Häxan. Ecatus. Disponível em:


<https://www.ecatus.com/joseph-haxan>. Acesso em: 15 de maio de 2021.

Where's Art. Assembling realities: interview with Danish artist Asger Carlsen.
Where's Art. Disponível em: <www.wheresart.eu/assembling-realities-interview-with-
danish-artist-asger-carlsen/> Acesso em: 15 de maio de 2021.

LOOMIS, Paul. Asger Carlsen – ‘Hester’ (2012). American Suburb X. 25 de fev. De


2013. Disponível em: <https://americansuburbx.com/2013/02/review-asger-carlsen-
hester-2012.html> Acesso em 15 de maio de 2021.
JONES, Jonathan. Why I'm seduced by Cindy Sherman's Sex Pictures. The
Guardian. 26 de nov de 2012. Disponível em:
<https://www.theguardian.com/artanddesign/jonathanjonesblog/2012/nov/26/cindy-
sherman-sex-pictures> Acesso em: 17 de maio de 2021.

COHEN, Alina. The Distorted, Haunting Vision of Dada Photographer André Kertész.
Artsy. 7 de maio de 2012. Disponível em: <https://www.artsy.net/article/artsy-
editorial-distorted-haunting-vision-dada-photographer-andre-kertesz> Acesso em: 18
de maio de 2021.

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