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Instalações Elétricas em

Áreas Classificadas
3a. edição

Marco Antônio Ribeiro


Instalações Elétricas
em Áreas Classificadas
3a. edição

Marco Antônio Ribeiro


Dedicado a Maurício Kurcgant e Meva Su Duran, meus amigos da Foxboro. E
também à Foxboro, onde aprendi o pouco que sei do assunto.

Quem pensa claramente e domina a fundo aquilo de que fala, exprime-se


claramente e de modo compreensível. Quem se exprime de modo obscuro e
pretensioso mostra logo que não entende muito bem o assunto em questão ou
entro, que tem razão para evitar falar claramente. (Rosa Luxemburg)

(Foto da capa mostra o resultado do acidente na planta Nypro, em Flixborough, U.K., 01 JUN 1974,
4:53 P.M., fonte HM Stationery Office)

© 1984, 1993, 1999, Tek Treinamento & Consultoria Ltda


Salvador, Verão 1999
Prefácio
Na década de 1970, o autor acompanhou a implantação do polo
petroquímico integrado de Camaçari, BA, primeiro local do Brasil onde foi
aplicada, de modo consistente, a técnica de proteção de segurança intrínseca
à instrumentação eletrónica. Durante muito tempo e em várias palestras, ele
foi questionado acerca de classificação de áreas perigosas, equipamentos
elétricos em áreas perigosas, exigências das áreas perigosas. Assim, ocorreu
ao autor que se houvesse um manual técnico disponível que tratasse das
áreas perigosas e seus problemas correlatos, ele simplificaria o trabalho de
muitos técnicos. Há muitas publicações, no exterior, relacionadas com áreas
perigosas, incluindo as normas para a construção e teste de desempenho
dos instrumentos, normas de instalação, normas e manuais de classificação
de áreas perigosas. Porem, ainda não é disponível, no Brasil e em português,
sobre os aspectos específicos das áreas perigosas.
Este trabalho foi escrito com o objetivo especifico de informar aos
engenheiros e técnicos de instrumentação, eletricidade, operação e
laboratório químico que estejam envolvidos, ocasionalmente ou de modo
constante, com os vários aspectos de instalações elétricas em áreas
perigosas. Ele pretende ajudar a remover medos, preconceitos, conceitos
errados e a falta de conhecimento especifico.
Este trabalho não pretende fornecer detalhes das necessidades que
aparecem em muitas normas publicadas sobre o assunto. Quando o leitor
encontrar referência de algum documento ou norma, deve consultar a ultima
edição deste documento e desta norma. A maioria das normas é atualizada
com freqüência e isso implica em freqüentes revisões, ampliações e
modificações de alguns assuntos.
O autor se sentirá gratificado e terá justificada a feitura deste trabalho, se
a partir dos problemas aqui levantados, as instituições competentes (em
todos os sentidos) passassem a trabalhar de modo que também no Brasil,
fosse proporcionado o local seguro onde todos pudessem trabalhar com
segurança e saúde.
Críticas destrutivas são bem vindas, pois o autor é especialista em
proteção, no e-mail marcotek@uol.com.br ou no endereço:
Marco Antônio Ribeiro
Rua Carmen Miranda 52, A 903, 41820-230 – Salvador, BA
Fone (071) 359-3195, Fax (071) 359-3058 e Cel. (071) 974-3195

2.5
Instrumentação e Segurança

Autor

Marco Antônio Ribeiro nasceu em Araxá, MG, em 27 de maio de 1943. Formou-se pelo
ITA, em Engenharia Eletrônica, em 1969.
Professor de Matemática do Instituto de Matemática, UFBA (1974-5), professor de
Eletrônica da Escola Politécnica, UFBA (1976-7), professor de Instrumentação e Controle
do Centec (1978-85) e professor convidado de Instrumentação e Controle dos cursos de
Engenharia de Petróleo da Petrobrás.
Gerente regional Norte-Nordeste da Foxboro Brasileira Instrumentação (1973-1986). Já
fez vários cursos de especialização em instrumentação e controle analógico e digital, na
Foxboro Co. em Foxboro, MA e Houston, TX e na Foxboro Argentina, Buenos Aires.
Possui dezenas de artigos técnicos publicados em revistas e Anais de Congressos;
ganhador do 2o Prêmio Bristol-Babcock, no Congresso do IBP, Salvador, BA, 1979, com
o trabalho Uso de Instrumentos em Áreas Perigosas e possui várias apostilas escritas e
usadas em seus cursos.
Deste agosto de 1987 é diretor da TeK Treinamento & Consultoria Ltda, firma
dedicada à instrumentação, controle de processo, metrologia, qualidade, medição de vazão
e de temperatura, aplicação de instrumentos elétricos em áreas classificadas, elaboração
de literatura e procedimentos técnicos.
Gosta de xadrez, corrida, fotografia, música (principalmente Beethoven e Schubert),
leitura, trabalho, curtir os filhos e a vida. Corre, todas as tardes cerca de 10 km e joga
xadrez relâmpago, todos os fins de semana. É provavelmente o melhor jogador de xadrez
entre os corredores e o melhor corredor entre os jogadores de xadrez (o que não é
nenhuma vantagem).

1.6
Conteúdo

Prefácio 2. Explosão e Incêndio

Autor Objetivos de Ensino 3.1

1.Conceitos Básicos 3.1


1. Instrumentação e Segurança 1.1. Definições 3.1

1. Introdução 1.1 2. Combustão e Explosão 3.3


2.1. Introdução 3.3
2. Acidentes em Indústrias Químicas 1.2 2.2. Condições para Ignição 3.4
2.1. Tipos de acidentes 1.2 2.3. Processo de Combustão 3.4
2.2. Causas e perdas 1.3 2.4. Propagação da Combustão 3.5
2.3. Processo do acidente 1.3 2.5. Energia Crítica de Ignição 3.5
2.6. Temperatura de Ignição 3.6
3. Normas, Códigos e Certificados 1.5 2.7. Ponto de Fulgor (Flash) 3.6
3.1. Introdução 1.5 2.8. Limites de Flamabilidade 3.7
3.2. Terminologia 1.5 2.9. Mistura mais facilmente flamável 3.8
2.10. Combustíveis 3.9
4. Situação no Brasil 1.6 2.11. Gases de Interesse 3.11
4.1. INMETRO 1.6
4.2. ABNT 1.6 3. Fonte de Energia Elétrica 3.13
4.3. LABEX 1.7 3.1. Introdução 3.13
3.2. Circuito Capacitivo 3.13
5. Situação na Europa 1.7 3.3. Circuito Indutivo 3.13
5.1. IEC 1.7 3.4. Circuito Resistivo 3.13
5.2. Alemanha 1.8 3.5. Faísca, Arco e Efeito Corona3.14
5.3. Inglaterra 1.8 3.6. Contato Elétrico 3.14
3.7. Faísca Mecânica 3.15
6. Situação nos EUA 1.8 3.8. Solda e Corte 3.15
6.1. OSHA 1.8 3.9. Fornalha e Forno 3.15
6.2. NFPA 1.9 3.10. Turbina e Caldeira 3.15
6.3. FM 1.9 3.11. Superfície Quente 3.16
6.4. UL 1.10 3.13. Outras Fontes de Ignição 3.16
3.13. Conclusão 3.16
7. Situação no Japão 1.10

2.5
Instalações Elétricas em Áreas Classificadas

3. Classificação de Áreas 1 3. Instrumento Elétrico 8.6

1. Terminologia e Definições 2.1 4. Classificação de Temperatura 8.6


1.1. Perigo (hazard) 2.1 5. Agrupamento pelo Gás 8.7
1.2. Grau de perigo (danger) 2.1
1.3. Prejuízo (damage) 2.1 6. Classificação Elétrica 8.8
1.4. Segurança (safety) 2.2
1.5. Risco (risk) 2.2 7. Corrosão do Instrumento 8.11
1.6. Normal e Anormal 2.2
1.7. Ventilação 2.2 7.1. Tipos 8.11
1.8. Densidade 2.3 7.2. Efeitos 8.11

2. Área Perigosa 2.3 8. Processos Marginais 8.15


2.1. Avaliação do risco 2.3 8.1. Oxigênio 8.15
2.2. O que a área perigosa não é 2.4 8.2. Hidrogênio 8.15
2.3. O que área perigosa é 2.4 8.3. Cloro 8.15
2.4. Área Não Perigosa 2.5 8.4. Óleo com Traços de Enxofre 8.16

3. Classe, Grupo, Divisão (Zona) 2.5 4. Técnicas de Proteção


3.1. Classe 2.6
3.2. Grupo 2.7 Objetivos de Ensino 4.1
3.3. Divisão - Zona 2.14
1. Redução do Perigo 4.1
4. Classificação da Área 2.15 1.1. Introdução 4.1
4.1. Responsabilidade 2.15 1.2. Princípios Gerais 4.2
4.2. Parâmetros 2.16 1.3. Explosão Controlada 4.2
4.3. Métodos de Classificação 2.18 1.4. Explosão Evitada pela Fonte 4.2
4.4. Método da fonte de perigo 2.18 1.5. Explosão Evitada pela Mistura 4.2
4.5. Método generalizado 2.20
4.6. Extensão de áreas bem ventiladas2.21 2. Técnicas Favoritas 4.3
4.7. Extensão de áreas mal ventilados 2.23 2.1. Invólucro à prova de chama 4.3
2.2. Pressurização e Purga 4.4
5. Pós 2.28 2.3. Segurança Intrínseca 4.5
5.1. Princípios Gerais 2.28
5.2. Método de classificação 2.28 3. Outras Proteções 4.6
5.3. Perigo em Locais com Pó 2.30 3.1. Introdução 4.6
3.2. Segregação 4.7
6. Figuras de Classificação de Áreas 2. 30 3.3. Não-Incenditivo (Ex n) 4.7
3.4. Segurança Aumentada (Ex e)4.9
7. Desclassificação de Área 2.30
3.5. Ignição Contínua 4.10
3.6. Técnicas de Isolação 4.13
8. Classificação dos Instrumentos 3.7. Proteção Especial (Ex s) 4.17

Objetivos de Ensino 8.1 4. Parâmetros para seleção 4.17


4.1. Segurança 4.17
1. Introdução 8.1 4.2. Custo do Equipamento 4.18
4.3. Custo da Instalação 4.18
2. Classificação Mecânica 8.2 4.4. Manutenção 4.18
2.1. Norma NBR - IEC 8.2 4.5. Flexibilidade 4.18
2.2. Norma NEMA 8.5 4.6. Conclusão 4.18

1.6
Instalações Elétricas em Áreas Classificadas

5. Prova de Explosão 14. Testes e Aprovação 5.19


14.1. Teste de Explosão 5.19
Objetivos de Ensino 5.1 14.2. Teste de Temperatura 5.20
14.3. Teste Hidrostático 5.20
1. Definições e Conceitos 5.1 14.4. MESG 5.20

2. Caixa ou Invólucro 5.2 15. Vantagens e Desvantagens 5.21


2.1. Materiais 5.3
16. Normas Aplicáveis 5.22
2.2. Resistência Mecânica 5.3
2.3. Tamanho da Caixa 5.4 16.1. Requisitos Gerais 5.22
2.4. Espaçamentos 5.4 16.2. Máquinas Rotativas 5.22
2.5. Furos 5.5 16.3. Proteção Eex-d 5.22

3. Juntas 5.5 6. Purga ou Pressurização


3.1. Introdução 5.5
3.2. Juntas Planas 5.6 Objetivos de Ensino 6.1
3.3. Juntas Rosqueadas 5.6
3.4. Juntas Rabbet 5.6 1. Princípio de Funcionamento 6.1
3.5. Juntas Labirinto 5.7
3.6. Juntas Eixo 5.7 2. Tipos de Purga 6.2
3.7. Condições Dinâmicas da Junta 5. 7 2.1. Purga Tipo Z 6.2
2.2. Purga Tipo Y 6.3
4. Flanges 5.8
2.3. Purga Tipo X 6.3
2.4. Vantagens e Desvantagens 6.4
5. Selos 5.8
2.5. Normas Aplicáveis 6.4
6. Pressão e Temperatura 5.9 3. Ventilação de Subestação 6.8
6.1. Condições de Operação 5.9 3.1. Introdução 6.8
6.2. Temperatura da Superfície 5.9 3.2. Pressurização e Ventilação 6.8
6.3. Acúmulo de Pressão 5.9 3.3. Tomada do Ar de Purga 6.9
3.4. Unidades de Ventilação 6.9
7. Equipamentos Elétricos 5.10
3.5. Projeto do Sistema 6.9
7.1. Chave 5.10 3.6. Purga contra Pó 6.10
7.2. Transformadores 5.11
7.3. Solenóides 5.11
7.4. Resistores e Aquecedores 5.12
7.5. Motores e Geradores 5.12
8. Prova de Tempo 5.13

9. Vedado a Pó 5.13

10. Marcação 5.14

11. Fiação Elétrica 5.15

12. Manutenção 5.17

13. Cuidados 5.18

1.7
Instalações Elétricas em Áreas Classificadas

7. Segurança Intrínseca 12. Normas 7.29


12.1. Requisitos Gerais 7.29
1. Histórico 7.1 12.2. Proteção de Segurança Intrínseca7.29
13. Conclusão 7.30
2. Conceitos Básicos 7.1
2.1. Segurança Intrínseca 7.1 9. Perigos da Eletricidade
2.2. Nível Perigoso de Energia 7.2
2.3. Área Perigosa 7.3 Objetivos 9.1
2.4. Condição Normal e Anormal 7.3
2.5. Classificação ia e ib 7.4 1. Introdução 9.1

3. Aparato, Sistema e Componente 7.4 2. Choque 9.1


3.1. Aparato Simples 7.4 2.1. Conceito 9.1
3.2. Aparato Não simples 7.5 2.2. Classes de Circuitos 9.1
3.3. Componentes dos Circuitos 7.5 2.3. Efeitos 9.2
2.4. Outros Fatores 9.2
4. Enfoques da SI 7.6
2.5. Causas de Choque 9.3
4.1. Conceito de Sistema 7.6 2.6. Falhas de Isolação Elétrica 9.4
4.2. Conceito de Entidade 7.14 2.7. Falhas do Equipamento 9.4
2.8. Proteção Contra Choque 9.5
5. Barreira Zener de Energia 7.15
2.9. Cuidados com Eletricidade 9.5
5.1. Função 7.15
5.2. Instalação 7.15 3. Eletricidade Estática 9.6
5.3. Descrição 7.16 3.1. Introdução 9.6
5.4. Especificação 7.16 3.2. Aparecimento de Cargas Estáticas9.6
5.5. Escolha 7.16 3.3. Relaxação 9.7
5.6. Tipos Básicos 7.17 3.4. Influência da Umidade 9.7
5.7. Testes 7.18 3.5. Eliminação da Eletricidade Estática9.8
6. Unidades de Interface 7.18 4. Raio (Lightining) 9.9
6.1. Fonte de Alimentação 7.19 4.1. Conceito 9.9
6.2. Isolador Óptico 7.19 4.2. Proteção Contra Raios 9.9
6.3. Relé Isolador 7.19
6.4. Aparato Autocontido 7.19 Conclusão Final 9.12
6.5. Válvula Solenóide 7.19
6.6. Aplicações 7.20
10. Referências Bibliográficas
7. Instalação 7.22
7.1. Instrumentos da Área Perigosa 7.22
7.2. Instrumentos da Área Segura 7.22
7.3. Fiação 7.23
7.4. Caixas de Passagem 7.25
7.5. Aterramento 7.25
8. Manutenção 7.26

9. Inspeção 7.28

10. Certificados 7.28

11. Vantagens e Desvantagens 7.29

1.8
1
Instrumentação e Segurança
constituía motivação suficiente para a
Objetivos de Ensino melhoria e a otimização das técnicas de
segurança existentes. Mesmo se
1. Mostrar os aspectos de segurança considerando o alto custo e a baixa
associada à instrumentação eletrônica segurança dessas técnicas, a pequena
usada em áreas perigosas. quantidade de instrumentos elétricos não
2. Mostrar dados estatísticos acerca de justificava a redução dos custos da
acidentes em indústrias químicas. instalação e o aumento do grau de
3. Listar as normas e laboratórios do segurança com o mesmo custo. Essa
Brasil, Europa, Estados e Japão situação perdurou desde os primórdios da
relacionados com a segurança. instrumentação, circa de 1920 até a
década de 1950.
1. Introdução Atualmente, vários fatores concorrem
para o uso intensivo e extensivo de
O interesse dos fabricantes e usuários instalação com instrumentos eletrônicos,
de instrumentos de controle pelo problema como:
da segurança das instalações está 1. a necessidade de instalações cada
relacionado principalmente com o numero vez maiores, mais espalhadas,
dos instrumentos elétricos usados em mais integradas e interligadas.
áreas perigosas. Enquanto havia a 2. a utilização intensiva dos
predominância do uso da instrumentação computadores, microprocessadores
mecânica e pneumática para a medição e e sistemas digitais na medição e
controle de processos petroquímicos e de controle do processo,
refinarias de petróleo, não havia a 3. a exigência de controles mais
preocupação da segurança da planta, rápidos, mais eficientes, mais
relacionada com os instrumentos de versáteis e mais sofisticados.
controle, porque o ar comprimido de 4. a necessidade crescente do uso de
alimentação não constituía risco de instrumentos analíticos, tais como
incêndio ou de explosão na área industrial. cromatógrafos, analisadores de
Quando apareceram os primeiros composição, colorímetros,
instrumentos eletrônicos para o controle de medidores de pH, para suplementar
processo, sua quantidade era pequena e e otimizar o controle das malhas
seu uso era restrito a algumas áreas não convencionais de pressão, vazão,
perigosas da planta, Mesmo assim, foram temperatura e nível.
desenvolvidas as primeiras técnicas de Tais fatores deslocaram
proteção para evitar incêndio e explosão assimetricamente para a direção da
na área perigosa. A primeira técnica eletrônica a escolha da instrumentação,
desenvolvida e aplicada comercialmente mesmo para o uso em áreas perigosas.
foi a de prova de explosão ou a prova de Assim, grandes instalações com
chama. Porem, a pequena quantidade de instrumentação eletrônica, compreendendo
instrumentos eletrônicos utilizados não centenas e até milhares de equipamentos

2.5
Instalações Elétricas em Áreas Classificadas

elétricos, obrigaram a reconsideração e 2. Acidentes em Indústrias


reavaliação, com o inevitável
aperfeiçoamento, dos métodos usados
Químicas
para garantir a segurança dos locais
perigosos da planta industrial. O custo 2.1. Tipos de acidentes
excessivo de uma malha de instrumentos
eletrônicos à prova de explosão, quando Os acidentes em uma indústria química
multiplicado por 100 ou por 1000 se torna seguem padrões típicos. É importante
proibitivo. Mesmo sendo de alto custo, a estudar estes padrões para se antecipar
instalação poderia ser impraticável ou aos tipos de acidentes que podem
insegura, por causa da necessidade de acontecer.
manutenção e de testes de rotina.
Assim pressionados, os interessados Explosão
envolvidos, principalmente os usuários e nuvem
os fabricantes, começaram a pesquisar e a vapor Outros
desenvolver métodos de segurança mais
42% 1%
convenientes, mais econômicos e mais
eficazes, mesmo em situações rotineiras
de manutenção e testes. Porem, a solução Incendio
desses problemas, de fornecer mais 35%
segurança aos instrumentos elétricos, Explosão
acarretou outros problemas paralelos. 22%
Durante muitos anos, os usuários
desenvolveram suas práticas e normas
próprias. As normas eram praticamente
individuais e exclusivas e os fabricantes de
instrumentos precisavam satisfazer a
todas. A falta de padronização tornava Fig. 1.1 - Tipos de perdas em acidentes de plantas
altíssimo o custo dos instrumentos. O químicas (Hydrocarbon Chemical Industries, 1987)
aumento do numero de instrumentos
eletrônicos com classificação elétrica
especial para o uso seguro em locais Tab. 1.1 - Três tipos de acidentes em plantas
perigosos, também pressionou os químicas (M&M Protection Cons., Chicago, 1987).
envolvidos na direção da padronização.
Era necessária a padronização,
Tipo de Probabilidade Potencial Potencial
principalmente por economia. No princípio
acidente de ocorrência de mortes de perdas
não havia normas, depois, apareceram
normas em demasia, as vezes até Incêndio Alta Baixa Média
Explosão Média Média Alta
dispersivas e conflitantes. Precisou-se,
Escapamento Baixa Alta Baixa
então, de uma unificação das normas e tóxico
práticas existentes. Essa harmonização
das normas atuais está sendo feita a duras
penas, de um modo lento e exasperante. Como mostrado na Tab. 1, os
incêndios são os mais comuns, seguidos
de explosões e escapamentos tóxicos.
Com relação a probabilidade de mortes, a
ordem é inversa, com os escapamentos
tóxicos em primeiro lugar.

2.2. Causas e perdas


As perdas econômicas são sempre
altas para acidentes envolvendo
explosões. O tipo mais perigoso de
explosão é a que ocorre com nuvem de

1.6
Instalações Elétricas em Áreas Classificadas

vapor não confinado, onde uma grande Instrumentos

nuvem de vapor volátil ou inflamável é Bombas


Compressores
liberada e dispersa através do local Torres processo

seguido de da ignição e explosão desta Válvulas


Trocadores calor

nuvem. Uma análise dos maiores Tanques Intermediários

acidentes em plantas químicas (maiores Tubulação Reatores

Tanques Armazenagem

baseando-se na perda econômica) é Miscelânea

mostrada na Fig. 1.1. A explosão com Tubulação

0 5 10 15 20 25 30
nuvem de vapor é responsável pela maior
percentagem destas grandes perdas. Fig. 1.3. - Equipamentos associados com grandes
A fig. 1.2 mostra as causas de perdas perdas (M&M Protection Consultants, 1987).
para os maiores acidentes de plantas
químicas. A maior causa é devida a falha
mecânica. Falhas deste tipo são A Fig. 1.3 apresenta os tipos de
usualmente devidas a problema com equipamentos associados com os grandes
manutenção. Bombas, válvulas e acidentes. Falhas no sistema de tubulação
equipamentos de controle falham se não representam a maioria dos acidentes,
tiverem uma manutenção adequada. seguidos por tanques de armazenagem e
A segunda maior causa é devida a erro reatores. Interessante notar que o estudo
operacional. Por exemplos, válvulas são mostra que os equipamentos mecânicos
abertas ou fechadas em seqüência errada, complicados (bombas e compressores)
reagentes não são colocados no reator na são pouco responsáveis por grandes
ordem certa. Distúrbios no processo acidentes.
causados, por exemplo, por falha de
resfriamento são cerca de 10% das 2.3. Processo do acidente
perdas. Os acidentes seguem um processo de
três etapas. O seguinte acidente de planta
química ilustra estes passos.
Sabotagem Um operador andando em uma rua de
Erro projeto uma planta de processo químico escorrega
Perigo natural
e cai em direção à planta. Para evitar a
Distúrbio processo
queda, ele segura a haste de uma válvula.
Miscelânea

Erro operacional
Infelizmente, a haste da válvula quebra e
Falha mecanica começa a liberar líquido inflamável. Uma
0 5 10 15 20 25 30 35 40 nuvem de vapor inflamável se forma
Fig. 1.2. - Causas de perdas em grandes acidentes rapidamente e entra em ignição por causa
de plantas químicas (M&M Protection Consultants, de um caminhão próximo. A explosão e o
incêndio se espalham rapidamente para os
Chicago, 1987).
equipamentos vizinhos. O fogo resultante
dura seis dias até todo o material
inflamável na planta ser queimado e a
O erro humano é freqüentemente
planta é completamente destruída.
usado para descrever uma causa de
Este desastre ocorreu em 1969 e deu
perdas. Quase todos os acidentes, exceto
um prejuízo de cerca de US$
aqueles causados pela natureza, como um
4.200.000,00. Ele demonstra um ponto
raio ou terremoto, podem ser atribuídos a
importante: mesmo o mais simples
erro humano. Por exemplo, a falha
acidente pode resultar em uma grande
mecânica pode ser devida a erro humano,
catástrofe.
como resultado de uma inspeção ou
A maioria dos acidentes segue uma
manutenção incorreta. O termo erro
seqüência de três passos:
operacional, usado na Fig. 1.2, inclui erros
1. início: o evento que começa o acidente,
humanos feitos no local que provocam
2. propagação: o evento ou eventos que
diretamente as perdas.
mantém e expandem o acidente,

1.7
Instalações Elétricas em Áreas Classificadas

3. término: o evento ou eventos que etapa de terminação. A Tab. 2 mostra


param o acidente ou diminuem o seu alguns modos de se conseguir isso. Em
tamanho. teoria, acidentes podem ser evitados pela
No exemplo, o operador tropeçou para eliminação do passo inicial. Na prática,
iniciar o acidente. O acidente se propagou isso não é muito efetivo. É impossível se
por causa da quebra da válvula e da eliminar todos os passos iniciais. Um modo
explosão resultante e do aparecimento do mais efetivo é trabalhar nas três áreas
incêndio. O evento terminou pelo para assegurar que os acidentes, assim
consumação de todo material inflamável. que iniciados, não se propaguem e sejam
A engenharia de segurança envolve a eliminados rapidamente.
eliminação da etapa inicial e pela
substituição da etapa de propagação pela

Tab. 1.2 - Processo do Acidente

Passo Efeito Procedimento


desejado
Inicio Diminuição Aterramento
Purga com gás inerte
Equipamento à prova de chama
Procedimentos de manutenção
Permissão especial (Hot permit)
Projeto de fatores humanos

Projeto do processo
Cuidados com propriedades perigosas de substâncias
Propagação Diminuição Transferência de emergência de material
Redução de materiais inflamáveis estocados
Layout e espaçamento maior entre equipamentos
Construção com materiais não flamáveis
Instalação de válvulas de bloqueio e de desligamento de
emergência
Terminação Aumento Procedimentos e equipamento de combate a incêndio
Sistemas de alívio
Sistemas de sprinklers
Instalação de válvulas de bloqueio e desligamento de
emergência (shut down)


1.8
3.2. Terminologia
3. Normas, Códigos e Para esclarecer os vários termos
Certificados usados em controle de acidentes, há o
seguinte consenso com relação ao
assunto de segurança.
3.1. Introdução
Critério
O assunto de norma, código,
certificação e aprovação causa Critério é qualquer regra ou conjunto
apreensão por causa da complexidade e de regras que pode ser usado para
variedade dos documentos envolvidos e controlar, dirigir ou julgar.
a tendência de novas normas serem
Norma
publicadas, significando modificações na
rotina de trabalho. Norma é um conjunto de critérios,
Qualquer norma deve ser preparada necessidades ou princípios.
através de um método democrático,
Código
aberto, transparente e consensual, que
permita uma larga discussão e revisão Código é uma coleção de leis,
publicas. Elas devem ser equilibradas, de normas ou critérios relacionados com um
modo que os interesses de um segmento determinado assunto. Exemplo clássico
não prevaleçam sobre os de outros. As de código é o NEC - National Electric
categorias de interesse envolvidos são: Code.
fabricante, projetista, usuário final,
Regulação
instalador, responsável pela manutenção,
autoridade governamental, entidade de Regulação é um conjunto de ordens
pesquisa e desenvolvimento, laboratório publicadas para controlar a conduta de
de teste e aprovação, firma de seguro e pessoas dentro da jurisdição da
consultor independente. autoridade reguladora.
Os atributos desejáveis de um
Especificação
laboratório de certificação são: ser
incorruptível, empregar pessoal Especificação é uma descrição
competente, educado e amigavelmente detalhada de necessidades técnicas.
disponível, cobrar os serviços
Prática
executados e emitir os certificados em
prazos aceitáveis. Deve possuir um Prática é uma série de
conjunto de normas e segui-las com recomendações de métodos, regras ou
responsabilidade, interpretando-as do projetos, geralmente sobre um único
modo menos oneroso possível. Não se assunto.
deve gastar o tempo sonhando e criando Manuais
razões para não emitir o certificado, em
vez de emiti-lo concretamente. Manuais, handbooks, guias ou
O ideal é que todos os equipamentos catálogos conte práticas obrigatórias,
elétricos do mundo fossem certificados e conceitos gerais e exemplos para ajudar
aplicados segundo normas aceitas o projetista ou operador.
internacionalmente, pois os perigos são
os mesmos, em todas as plantas
perigosas. Na prática isso não acontece.
Há muitos interesses comerciais e
políticos envolvidos que são perdoados
mas não aceitáveis. Há absurdo e
cinismo, como o voto americano que
aceita a norma de classificação de área
(1972), mas que não modifica suas
normas para ficarem de conformidade
com ela.

2.5
Instalações Elétricas em Áreas Classificadas

4. Situação no Brasil NBR 8369


Procedimento: Marcação de
A maioria das normas brasileiras se equipamentos elétricos para atmosferas
baseia nas normas européias, explosivas.
principalmente nas alemãs. Porem, há
uma grande influencia das normas NBR 8370, JAN 84
americanas, por causa da grande Terminologia: Equipamentos e
quantidade de firmas americanas instalações elétricas para atmosferas
instaladas no Brasil. Há muitas firmas explosivas (Baseada na IEC 31 S123).
americanas no Brasil que usam normas,
terminologia e unidades inglesas. NBR 8446, ABR 84
Especificação: Aparelho de
4.1. Inmetro faiscamento para ensaio de circuitos
No Brasil, o INMETRO (Instituto intrinsecamente seguros. (Baseada na
Nacional de Metrologia, Normalização e IEC 79-3).
Qualidade Industrial) é o órgão que visa NBR 8447, ABR 84
capacitar melhor a indústria nacional e
dar mais segurança ao consumidor e Equipamentos elétricos para
trabalhador brasileiro. O INMETRO se atmosferas explosivas - Construção e
localiza no município de Xerém, RJ. Ele ensaio de equipamentos elétricos de
conserva os padrões primários nacionais segurança intrínseca e do equipamento
usados para fins legais, científicos e associado - Especificação. (Baseada na
industriais. IEC 79-11).
NBR 8601
4.2. ABNT
Equipamentos elétricos imersos em
O INMETRO credencia a ABNT, óleo para atmosferas explosivas.
Associação Brasileira de Normas (Baseada na IEC 79-6).
Técnicas, para elaborar normas técnicas.
A ABNT é uma empresa não BR 9518, SET 86
governamental e sem fins lucrativos. A Especificação: Equipamentos
ABNT possui as seguintes publicações elétricos para atmosferas explosivas -
sobre projeto, inspeções e ensaios com Requisitos gerais. (Baseada na IEC 79-
equipamentos usados em atmosferas 0/83).
explosivas:
NBR 9883
NBR 5363 Equipamentos elétricos para
Equipamentos elétricos para atmosferas explosivas - Segurança
atmosferas explosivas - Invólucros a aumentada - Tipo de proteção "e".
prova de explosão - Tipo de proteção "d". (Baseada na IEC 79-7).
(Baseada na IEC 79-1).
NBR 9884
NBR 5410 Maquinas elétricas girantes - Graus
Procedimento: Instalações elétricas de proteção proporcionada pelos
de baixa tensão. invólucros. (Baseada na IEC 34-5).
NBR 6146, DEZ 80 NBR 10861
Especificação: Invólucros de Prensa cabos. (Baseada na BS
equipamentos elétricos - Proteção. 6121).
(Baseada na IEC 529/76). Há normas estrangeiras que ainda
não possuem correspondentes
NBR 8368 brasileiras, mas estão em fase de
Classificação: Equipamentos elaboração, como:
elétricos para atmosferas explosivas -
Temperatura máxima de superfície.

1.6
Instalações Elétricas em Áreas Classificadas

EN 50033 autonomia técnica e financeira. As


Cap lamps for mines susceptible to normas IEC devem satisfazer muitos
firedamp. pontos de vista conflitantes e por isso,
não são muito precisas. As normas IEC
IEC 79-15 são a base das normas do CENELEC.
Electrical apparatus with type of A norma básica publicada pelo IEC é
protection "n". a 79 - Electrical apparatus for explosive
gas atmospheres.
4.3. LABEX 79-0 (1971) Introdução genérica.
79-1 (1971) Construção e teste de
No Brasil, o CEPEL/LABEX é o invólucros de aparatos elétricos à prova
laboratório autorizado pelo INMETRO de chama.
(Instituto Nacional de Metrologia, 79-1A (1975) Apêndice D: Método de
Normalização e Qualidade Industrial) teste para o estabelecimento do máximo
para verificar a conformidade de intervalo seguro experimental.
equipamentos elétricos a serem 79-2 (1975) Invólucros pressurizados
instalações em atmosferas explosivas, 79-3 (1972) Aparatos de teste de
emitindo os respectivos certificados. faísca para circuitos intrinsecamente
O LABEX está apto a atuar nas áreas seguros.
de invólucros à prova de 79-4 (1975) Método de teste para
explosão/chama, segurança intrínseca, temperatura de ignição.
segurança aumentada, proteções 79-5 (1967) Aparatos com
especiais e ensaios mecânicos. enchimento de areia.
Os testes se baseiam nas normas 79-6 (1968) Aparatos com imerso em
brasileiras, quando existentes e emitidas óleo.
pela Associação Brasileira de Normas 79-7 (1969) Construção e teste de
Técnicas (ABNT). aparatos elétricos com tipo de proteção
"e".
CEPEL/LABEX
79-8 (1969) Classificação das
Centro de Pesquisas de Energia máximas temperaturas da superfície.
Elétrica 79-9 (1970) Marcação.
Laboratório de Equipamentos para 79-10 (1972) Classificação de áreas
Atmosferas Explosivas perigosas.
Avenida Olinda, s/n 79-11 (1976) Construção e teste de
26000 - Nova Iguaçu, RJ - Brasil aparatos intrinsecamente seguros e
associados.
5. Situação na Europa 79-12 (1978) Classificação de
misturas de gases ou vapores conforme
Com exceção prática da Inglaterra, os máximos intervalos experimentais
em toda a Europa usa-se o sistema seguros e mínimas correntes de ignição.
decimal e o sistema internacional (SI) de 79-13 (1982) Construção e uso de
medidas. salas ou edifícios protegidos por
Pressurização.
5.1. IEC
(International Electrotechnical 5.2. Alemanha
Commission) PTB (Physikalisch-Technische
1 Rue de Varembe, Geneve - Suisse. Bundesanstalt)
O IEC é o corpo internacional Bundesallee 100, D3300
permanente oficial para a normalização Braunschweig, Germany
eletrotécnica no campo do comercio O PTB é o autoridade alemã de
internacional. Ele foi formado em 1906. O certificação, que estabelece as normas
IEC é afiliado a ISO (International usadas em grande parte da Europa. É
Organisation for Standardisation), como um laboratório eficiente e correto, que
sua divisão eletrotécnica, mas possui

1.7
Instalações Elétricas em Áreas Classificadas

influencia as normas do mundo, inclusive 6. Situação nos EUA


as do Brasil.
A classificação de áreas estabelece
Zonas 0, 1 e 2. As construções 6.1. OSHA
permitidas são: prova de chama,
Nos Estados Unidos da América, o
Pressurização, imerso em óleo,
assunto que envolve a segurança e a
enchimento de pó', segurança
saúde ocupacionais é de lei. Em 29 DEZ
aumentada, segurança intrínseca,
70 foi promulgada pelo Congresso a lei
proteção especial e proteção de placa
publica 91-596 da OSHA (Occupational
(bateria).
Safety and Health Administration). Este
As normas de instalação são: VDE
ato define o local seguro para todo o
0107, VDE 0165, Elexv e EX-RL.
americano trabalhar nele, afetando todos
A tensão de alimentação é 380/220 V,
os profissionais envolvidos em projeto,
3 fases, 4 fios, 50 Hz, com neutro
instalação e operação. Os engenheiros,
aterrado.
arquitetos e construtores de
equipamentos e prédios devem incluir em
5.3. Inglaterra
seus planos e projetos tudo que deva
BASEEFA (British Approvals Service satisfazer as normas de segurança e
for Electrical Equipment in Flammable saúde, a fim de evitar as penalidades
Atmospheres) pelo seu não cumprimento. As
Harpur Hill, Buxton, Derbyshire, SK179JN - penalidades podem ser as de refazer os
England. projetos, alterar prédios e equipamentos
A Inglaterra é o berço da segurança já acabados, pagar pesadas multas
intrínseca. Foi por causa do grave financeiras e até fechar plantas. O ato da
acidente da mina Welsh, em OSHA compreende sete grandes áreas:
Glamorganshire, que as pesquisas na 1. local do trabalho,
área de segurança começaram. O 2. maquina e equipamentos,
BASEEFA é o laboratório inglês 3. materiais,
reconhecido como autoridade para testar 4. empregados,
e certificar os equipamentos elétricos 5. fontes de energia,
para uso em atmosferas inflamáveis 6. processos e
industriais (exceto em minas). Além do 7. regras administrativas.
trabalho de certificação, o laboratório A OSHA é uma agência
também fornece consultoria. governamental federal americana
Periodicamente, o BASEEFA emite uma relacionada com a jurisdição sobre certas
listagem dos equipamentos elétricos profissões. Com relação às instalações
certificados e aprovados; a ultima elétricas em áreas perigosas, as
disponível foi editada em 1980. exigências requeridas pela OSHA são
A classificação de áreas estabelece basicamente as mesmas do NEC,
Zonas 0, 1 e 2. As construções embora elas sejam detalhadas em
permitidas são: prova de chama, documentos próprios.
Pressurização, imerso em óleo, Em outras áreas, a OSHA incorpora
enchimento de pó', segurança as normas existentes elaboradas pelas
aumentada, segurança intrínseca, instituições especificas ou outras
proteção especial e não-faiscador. organizações como:
A norma de instalação é a BS5345. AEC (Atomic Energy Commission)
A tensão de alimentação é 415/240 V, AGA (American Gas Association)
3 fases, 4 fios, 50 Hz, com neutro API (American Petroleum Institute),
normalmente aterrado. ANSI (American National Standards
Institute,
ASME (American Society of
Mechanical Engineers),
ASTM (American Society for Testing
and Materials),

1.8
Instalações Elétricas em Áreas Classificadas

IEEE (Institute of Electrical and O artigo 501 cobre as necessidades


Electronic Engineers para os locais perigosos com presença
ISA (Instrument Society of América de gases inflamáveis.
MSHA (Mine Safety and Health O artigo 502 cobre as necessidades
Administration) para os locais perigosos com presença
NEMA (National Electrical Manufacturers de pós inflamáveis.
Association) O artigo 503 cobre as necessidades
NFPA (National Fire Protection para os locais perigosos com presença
Association), de fibras inflamáveis.
Os artigos 510 a 517 incluem as
6.2. NFPA necessidades para os locais perigosos
National Fire Protection Association específicos, tais como postos de
470 Atlantic Ave, Boston, MA 02210- gasolina, garagens comerciais, hangares
EUA de aviação, que são muito comuns e
A NFPA publica a cada três anos a para os quais há orientação especifica de
norma mais importante e usada, classificação.
relacionada com a segurança das
instalações elétricas: o NECR (National 6.3. FM
Electric Code), NFPA - 70. O NEC é
Factory Mutual Research Corp.
reconhecido como norma pelo ANSI
1151 Boston-Providence Turnpike,
(American National Standards Institute) e Norwood MA 2020 - EUA.
é o guia das instalações elétricas em O FM é uma das duas grandes
locais perigosos nos EUA. autoridades americanas de aprovação e
O NEC possui uma introdução e nove é reconhecida pelo OSHA (Occupational
capítulos. Safety and Health Act). O laboratório FM
Os capítulos 1, 2, 3 e 4 se aplicam de foi fundado em 1835 com o objetivo de
modo geral e cobrem as definições, segurar mutuamente um consórcio de
exigências gerais para as instalações fabricas têxteis.
elétricas, projeto e proteção de fiação, Não há diferença no nível de
métodos, fiação e equipamento para uso segurança dos produtos aprovados pelos
geral. dois laboratórios americanos FM e UL.
Os capítulos 5, 6 e 7 se aplicam aos Ambos laboratórios são independentes,
locais especiais e perigosos, aos não comerciais, não governamentais e
equipamentos especiais ou a outras usam normas nacionalmente
condições especiais. Estes suplementam reconhecidas. A aprovação é usualmente
ou modificam as regras dos capítulos 1, baseada em testes feitos em seus
2, 3 e 4. próprios laboratórios segundo suas
O capítulo 8 cobre os sistemas de normas; testes de conformidade com
comunicação e é independente dos outras normas podem também ser feitos.
outros. Os resultados dos testes, juntos com os
O capítulo 9 trata de tabelas e desenhos, formam o relatório que é
exemplos. copiado aos fabricantes. O laboratório
Cada capítulo do NEC é dividido em FM edita anualmente a lista de
artigos, partes, seções e subseções. certificados (Approval Guide).
Os artigos cobrindo os locais Atualmente, o FM tende a enfatizar e
perigosos são organizados e arranjados usar o conceito de parâmetro de
de um modo lógico para tornar fácil achar entidade, que facilita e torna mais flexível
os assuntos específicos. a aplicação da segurança intrínseca ao
O artigo 500 cobre as exigências sistema.
gerais do equipamento e fiação elétricos
para todas as tensões em locais onde
pode existir o perigo de fogo e explosão,
devido a gases, vapores, líquidos, pós e
fibras inflamáveis.

1.9
Instalações Elétricas em Áreas Classificadas

6.4. UL
Underwriters Laboratories Inc.
333 Pfingsten Road, Northbrook,
Illinois 60062, EUA.
O outro laboratório americano de
certificação é o UL, fundado em 1894,
para testar e examinar os equipamentos
elétricos para uso pessoal e industrial e
os perigos de incêndio para as
companhias de seguro. Em 1917 se
tornou uma organização independente,
auto-suficiente, não lucrativa. O UL
prepara suas próprias normas e lista os
serviços que estão relacionados com as
suas normas. Muitas normas do UL são
reconhecidas como normas americanas

7. Situação no Japão
RIIS (Research Institute of Industrial
Safety of the Ministry of Labour)
Shiba, Minatoku, Tokyo - Japan
Esta instituição governamental
japonesa está autorizada a fazer os
testes necessários para a certificação e
aprovação dos equipamentos elétricos
para uso em atmosferas perigosas. As
normas japonesas estão se alterando
rapidamente e ainda não se chegou a um
consenso.
A classificação de áreas estabelece
Zonas 0, 1 e 2. As construções
permitidas são: prova de chama,
Pressurização, imersão em óleo,
enchimento de areia, segurança
aumentada, segurança intrínseca,
proteção especial e proteção de placa
(bateria).



TeKAPOST\PERIGOSA 1INTRODU.DOC 02 DEZ 93

1.10
2
Explosão e Incêndio

Deflagração
Objetivos de Ensino
Uma explosão com uma onda de
1. Conceituar de modo simplificado choque resultante movendo em uma
explosão, ignição, combustão e velocidade menor que a velocidade do som
incêndio. no meio não reagente.
2. Listar as condições necessárias e
suficientes para provocar e evitar a Detonação
ignição. Uma explosão com uma onda de
3. Conceituar fonte de energia elétrica choque resultante movendo em uma
e térmica. velocidade maior que a velocidade do som
4. Mostrar os perigos do instrumento no meio não reagente.
elétrico.
5. Apresentar os princípios gerais de Explosão
redução do perigo. A explosão pode ser considerada como
uma expansão rápida de gases resultando
1.Conceitos Básicos em uma onda de choque ou de pressão se
movendo rapidamente. A expansão pode
ser
1.1. Definições 1. Mecânica, como a ruptura repentina
de uma vaso pressurizado, com gás
Combustão ou Fogo não reativo.
2. Química, como resultado de uma
Combustão é uma reação química em
reação química rápida.
que uma substância combina com um
O dano da explosão é causada pela
oxidante e libera energia, na forma de
pressão ou onda de choque.
calor e, às vezes, luz (chama). Parte da
energia liberada é usada para sustentar a Explosão confinada
reação.
Explosão que ocorre dentro de um
Quando a combustão envolve chama, é
vaso ou edifício. Ela é mais comum e
chamada de fogo.
usualmente mais perigosa que a não
A combustão é uma forma especial de
confinada para as pessoas que estão no
oxidação. Em qualquer lugar, em todo o
local confinado.
tempo, o oxigênio combina com outros
elementos. O ferro se combina com o Explosão não confinada
oxigênio para formar o óxido conhecido
Explosão não confinada ocorre no ar
como ferrugem. A prata escurece, o cobre
livre. Esta explosão geralmente resulta de
fica com um revestimento esverdeado. O
vazamento de gás flamável. O gás é
oxigênio se combina rapidamente com
disperso e se mistura com o ar, atingindo
certos tipos de combustíveis, tais como
uma concentração perigosa, e a mistura
carvão, óleo, gasolina, madeira e é
encontra uma fonte de energia. Explosão
liberada uma grande quantidade de calor.

2.1
Explosão e Incêndio

não confinada é mais rara que a Ignição


confinada, pois geralmente a mistura é A ignição de uma mistura flamável
diluída pelo vento abaixo do limite inferior pode ser causada pelo contato da mistura
de flamabilidade. A explosão não com uma fonte de ignição com energia
confinada geralmente tem maior poder suficiente ou a mistura atingindo uma
destrutivo que a confinada, pois há temperatura alta suficiente para causar
envolvimento de maior quantidade de gás uma auto-ignição.
e de maior área.
Limites de Flamabilidade
Explosão de Pó
As misturas gás – ar só podem entrar
Explosão resultante da combustão em ignição e queimar dentro de uma faixa
rápida de partículas solidas finas. Muitos bem especificada de composições, acima
materiais sólidos, como ferro e alumínio, de um limite inferior flamável (LIF) e abaixo
se tornam muito flamáveis quando de um limite superior flamável (LSF). Os
reduzidos a um pó fino. Limites de Flamabilidade são também
chamados de Limites de Explosividade.

Fig. 3.1. Fogo em processo industrial

Onda de choque
Fig. 3.2. Explosão de um tanque de LPG em Onda de pressão se movendo através
Crescent City, IL, 21 JUN 1970 (Anderson Watseka) de um gás. Uma onda de choque em ar
aberto é seguida por um forte vento.
Ponto de Fulgor
Explosão de Vapor Expandindo de
Líquido Evaporando (BLEVE – Boiling O ponto de fulgor de um liquido é a
Liquid Expanding Vapor Explosion) mínima temperatura em que o liquido se
evapora, para formar uma mistura com ar
Explosão que ocorre se uma vaso
em concentração suficiente para provocar
rompe contendo um líquido, em uma
uma ignição, próxima da superfície do
temperatura acima do ponto de ebulição à
líquido. Em inglês, ponto de fulgor é flash
pressão atmosférica. Esta explosão ocorre
point.
quando uma fonte externa aquece o
conteúdo do tanque com material volátil. Ponto de Fogo
Quando o conteúdo do tanque se aquece,
O ponto de fogo é a mínima
a pressão de vapor do líquido dentro do
temperatura em que um vapor acima da
tanque aumenta e a integridade estrutural
superfície liquida contínua a queimar assim
do tanque diminui por causa do calor. Se o
que entra em ignição. A temperatura do
tanque se rompe, o líquido quente se
ponto de fogo é maior que a do ponto de
vaporiza, causando explosão (mecânica).
fulgor.
Se a nuvem vaporizada for combustível,
pode haver outra explosão ou combustão
(química).

2.2
Explosão e Incêndio

Temperatura de auto-ignição calor. Se o calor não se dissipa


Uma temperatura fixa acima da qual suficientemente rápido, a temperatura
uma mistura flamável é capaz de extrair sobe, aumentando a velocidade de reação
energia suficiente do ambiente para entrar e às vezes ela se torna tão rápida, que é
em combustão espontaneamente. há queima.
Geralmente, a combustão começa
quando se aplica o calor de uma fonte
2. Combustão e Explosão externa a um combustível. A madeira na
churrasqueira não se queima por si.
2.1. Introdução Necessita-se a chama de um fósforo para
acender e iniciar o processo de queima.
O termo explosão é usado, nesse Obviamente, alguns materiais se
trabalho, para designar qualquer queimam mais rapidamente do que outros.
combustão não desejada e não controlada. Em geral, o grau de flamabilidade depende
Outras definições envolvem termos como da facilidade com que a substância de
fenômeno não confinado, deflagração, transforma em gás, porque praticamente
detonação de alta velocidade, ignição, nada se queima, até que seja
chama, fogo. transformado em gás. Esta transformação,
A explosão pode ser considerada como por sua vez, depende da natureza e da
uma onda de combustão autopropagante quantidade da substância, comparada com
que não é mantida sob controle. Não há a quantidade de calor disponível para
diferença fundamental entre uma explosão começar a combustão.
industrial, que destrói propriedades e mata Uma vela ilustra bem o ponto. Para
pessoas e a combustão no forno de um fazer a vela queimar, ela se transforma em
fogão a gás, exceto que a primeira não é gás com a ajuda de um estopim ou fio de
mantida sob controle. Porém, a diferença pano. Pela ação capilar, o fio faz subir uma
diminui sensivelmente quando se abre o quantidade de cera derretida, pequena em
gás do forno e não se o acende logo. relação a chama de um fósforo, mas
Ignição é o processo de começar a suficiente para elevar a temperatura da
queima de uma mistura combustível ou a cera ao seu ponto de vaporização. Uma
própria queima. A combustão é a queima vez a cera seja vaporizada (transformada
de gás, liquido ou sólido, em que o em gás), a queima é relativamente fácil de
combustível é oxidado, envolvendo calor e começar. A queima da cera libera um calor
muitas vezes, luz. Gás combustível é adicional suficiente para continuar o
aquele que se queima. processo de derretimento, vaporização e
Historicamente, os especialistas ignição.
começaram a estudar o fenômeno, Embora o pavio eventualmente seja
debatendo se a ignição de um gás ou consumido, ele realmente não contribui
vapor flamável(*) é de natureza térmica ou nada para o processo de queima. Ele é
iônica. Atualmente, se considera o meramente um dispositivo mecânico para
processo de ignição como um fenômeno criar condições que são necessárias para
químico termal. São processos começar e manter a combustão.
semelhantes a combustão, a chama, o
aquecimento de um corpo e a ignição de 2.2. Condições para Ignição
um arco voltaico.
Sob certas condições, a combustão De um modo muito simplificado, uma
pode começar por si. Por exemplo, o explosão pode ocorrer somente se duas
carvão empilhado fora de casa, combina condições são satisfeitas
lentamente com o oxigênio do ar, liberando simultaneamente:
1. existência de uma mistura flamável,
(*) O autor usará conscientemente a palavra em uma concentração apropriada e
em volume suficiente para manter a
flamável para significar algo que entra em ignição
autopropagação da onda de
ou chama. Em português se usa a palavra
combustão
inflamável com este significado, mas
etimologicamente in significa não.

2.3
Explosão e Incêndio

2. existência de uma fonte de energia para se processar. A substância deve ser


capaz de fornecer um nível de aquecida até sua temperatura de ignição
energia suficiente para causar a para se oxidar rapidamente com criação de
ignição do material flamável. calor e luz. Por exemplo, quando se
Se não houver a ocorrência simultânea queima o gás natural, que é usado
dessas duas condições não há ignição. universalmente como fonte de calor para
Outro modo de dizer a mesma coisa: fins domésticos e industriais, o gás queima
para haver uma combustão (fogo ou imediatamente em chama. Um fósforo
explosão) são necessários três elementos: aceso aumenta a temperatura do gás para
1. combustível, sua temperatura de ignição. O gás é
2. comburente (ar) influenciado por este calor para se
3. a fonte de energia. combinar com o oxigênio. A chama de
O tratamento teórico do fenômeno de queima se propaga e garante a
ignição, considerando-se os aspectos continuação da combustão. A reação é:
cinéticos e termodinâmicos, está além do
objetivo desse trabalho. Porém, é possível metano + oxigênio = dióxido de carbono + água
e necessário se fazer um estudo
simplificado e aproximado do fenômeno de CH4 + 2 O2 = CO2 + 2 H2O
ignição e explosão, para entende-lo e
aplica-lo nas técnicas alternativas de Pode haver sólido com oxidação direta,
segurança de instrumentos elétricos como o enxofre. Quando um fósforo aceso
usados em áreas perigosas. ou outra fonte de calor é aplicada ao
enxofre sólido ou pó de enxofre, o material
se derrete, se vaporiza para produzir uma
mistura de vapor de enxofre e ar em torno
da fonte de calor. Esta mistura atinge seu
ponto de ignição e combina com o oxigênio
no ar. O calor desta reação derrete mais
enxofre, vaporizando mais sólido e o
processo se mantém continuamente. Tem-
se uma ignição, conforme a seguinte
reação química:

enxofre + oxigênio = dióxido de enxofre (gás)


Fig. 3.2. Triângulo do fogo S + O2 = SO2
Tab. 3.1. Queima das Substâncias
2.3. Processo de Combustão
Do ponto de vista químico, a Substâncias que se Substâncias que se
combustão pode ser separada em duas queimam diretamente queimam por pirólise
categorias: Gás natural Madeira
1. oxidação direta de gases, líquidos e (metano)
sólidos combustíveis que não
necessitam se decompor ou alterar Acetileno Papel
por pirólise para se queimar. Enxofre Tintas a óleo
(Pirólise é a decomposição ou
alteração química provocada pela Vapor gasolina (C8H18) Tecidos
ação do calor, independente da Álcool etílico (C2H5OH) Plásticos
temperatura envolvida.)
2. oxidação seqüencial de líquidos ou Carvão, C Borracha
sólidos combustíveis que entram Couro
em pirólise para se queimar.
A combustão ou queima do tipo direto
necessita apenas de um ponto de ignição

2.4
Explosão e Incêndio

A queima de papel ou madeira é um não queimado e deixa atrás de si um rastro


exemplo de combustão com pirólise. O de gás queimado.
papel ou a madeira é uma combinação
química complexa de carbono, hidrogênio
e oxigênio. Para se queimar, estas
moléculas orgânicas devem se decompor
ou entrar em pirólise, sob a influência de
calor para produzir gás e sólidos
combustíveis mais simples que se oxidam.
Quando um fósforo aceso é aplicado a um
pedaço de papel, os compostos de
carbono, hidrogênio e oxigênio começam a
se decompor (pirolisar) em compostos
diferentes ou em seus constituintes.
Alguns produtos desta pirólise são gases
combustíveis que entram em ignição na
Fig. 3.1. Esquema simplificado da combustão de
chama do fósforo. Outro produto da
gás
decomposição é o carbono, que irá se
queimar no envoltório da chama. Quase
todos os produtos da pirólise do papel ou
Na esfera de combustão, a temperatura
madeira se queimam e geram calor em
mais elevada está na zona de combustão.
uma combustão contínua. No mundo real
Adiante da zona de combustão o gradiente
das substâncias combustíveis, quase
de temperatura vai até a temperatura
todos os sólidos e líquidos tendo em sua
ambiente do gás não queimado. Atrás da
composição carbono e hidrogênio
zona de combustão estão os gases
queimam por pirólise e oxidação
queimados, que são resfriados da
seqüencial.
temperatura da chama até a temperatura
ambiente. Admite-se que não há
2.4. Propagação da Combustão compressão dos gases queimados, o que
Assuma-se que uma fonte pontual de complicaria desnecessariamente o modelo.
energia forneça a energia We a uma
mistura combustível, aumentando-se a 2.5. Energia Crítica de Ignição
temperatura local no ponto da descarga da
Dados experimentais evidentes
energia, até que um pequeno núcleo da
mostram que há uma energia de ignição
mistura entre em combustão. Após a
critica, Wc, que deve ser fornecida à
ignição inicial, o material queimado
mistura gasosa para provocar a combustão
acrescenta energia ao núcleo do gás. Ao
inicial. Energia menor que a critica não é
mesmo tempo, a condução e a radiação
capaz de começar e manter o processo de
termais transferem calor ao gás vizinho,
ignição.
ainda não queimado. A faixa de gás não
Os dados experimentais mostram,
queimado que circunda o núcleo em
também, que o valor dessa energia critica,
ignição também atinge a temperatura de
Wc, está relacionada com um diâmetro da
ignição. A ignição dessa nova faixa de gás
esfera de chama, Dc. Se a energia
e a expansão térmica do gás previamente
inicialmente fornecida é menor que a
queimado fazem aumentar o material em
energia critica, então a onda de combustão
ignição. Tem-se a propagação de onda de
não se propagará e extinguirá antes de
combustão. Em uma situação ideal, o
atingir o diâmetro critico Dc. Se a energia
crescimento da combustão é esférico. A
inicial entregue a mistura é igual ou maior
onda de combustão age como uma
que a energia critica, então a onda de
película de uma bolha. Nessa analogia, a
combustão continuará a crescer. Ela
bolha começa com um volume inicial
atingirá o diâmetro critico e continua a se
quase zero e cresce esfericamente. A
propagar e em termos práticos, há uma
onda de combustão progride para o gás
explosão.

2.5
Explosão e Incêndio

Há uma relação entre o nível de determinada pelas suas composições e


energia de ignição critica e o diâmetro da propriedades. A combustão e a queima
esfera de chama critico. Em uma onda de são reações químicas. Para haver estas
combustão plana e permanente, a reações químicas, as moléculas da
quantidade de energia por unidade de substância combustível devem atingir uma
volume da frente da onda, Wa, é determinada temperatura pela adiço de
acrescentada a zona de reação pela energia calorifica. Esta temperatura em
combustão é suficiente justamente para que as moléculas estão prontas para
aumentar a temperatura de ignição gás combinar com as moléculas do oxigênio do
que ainda não queimou e suprir as perdas ar é a temperatura de ignição. Nesta
do gás já queimado, atrás da zona de temperatura, a reação de combustão
combustão. Em uma onda esférica de continua sem qualquer entrada externa de
diâmetro pequeno, menor que o critico, a calor, pois a substância libera calor de sua
energia na zona de reação é insuficiente própria combustão e a queima se auto-
para fazer a onda se propagar. sustenta.
O diâmetro critico da esfera de chama, A temperatura de ignição dos materiais
no qual a propagação alcança combustíveis depende das condições
essencialmente as condições de ambientais e de contorno e por isso não é
propagação (a onda esférica se torna muito precisa. Uma mesma substância
plana) é determinado pelas propriedades pode se queimar em determinada
físicas e químicas do material combustível. temperatura para determinada situação; se
Quanto maior o diâmetro critico, maior a situação mudar, a temperatura de
deve ser a quantidade de energia que ignição também muda.
deve ser suprida pela fonte. Qualquer
mistura combustível é caracterizada por 2.7. Ponto de Fulgor (Flash)
um diâmetro critico e por um nível de
O ponto de fulgor (flash) é mais
energia de ignição critico, que são
definido e preciso que a temperatura de
correlatos.
ignição e por isso é mais útil. O ponto de
A energia critica da ignição, Wc,
fulgor de um liquido é a mínima
representa a quantidade de energia
temperatura em que o liquido se evapora,
requerida para suprir o déficit entre o calor
em concentração suficiente para provocar
fornecido à combustão e o calor
uma mistura flamável com o ar, próxima da
necessário para fazer a chama atingir o
superfície do liquido. No ponto de fulgor, o
diâmetro critico Dc.
vapor se queima, mas por curto período de
Na literatura especializada, o diâmetro
tempo pois o vapor produzido é
critico é frequentemente chamado, por
inadequado para sustentar a combustão.
causa dos testes para sua determinação,
Um liquido flamável ou combustível
de diâmetro de extinção, distância de
deve estar no seu ponto de fulgor ou acima
extinção, distância de resfriamento,
dele, para poder ocorrer uma explosão.
diâmetro de resfriamento (quenching).
Onde um liquido flamável ou combustível
Esses conceitos de energia de ignição
está presente, é necessário que este
critica, diâmetro de extinção, foram
material esteja acima ou em seu ponto de
apresentados de modo muito simplificado,
fulgor para poder haver uma explosão.
porém, o foi de maneira a se entender as
Líquidos combustíveis ou flamáveis são
técnicas de proteção que atuam nas
classificados (NFPA 321) com base na
características da mistura flamável ou na
probabilidade da presença dos vapores
fonte de ignição elétrica.
explosivos.
Liquido flamável é aquele com o ponto
2.6. Temperatura de Ignição
de fulgor abaixo de 37,8 oC (100 oF) e
As substâncias combustíveis não com a pressão de vapor menor que 40
pegam fogo ou começam a se queimar à psia (2.068 mm Hg) a 37,8 oC. São os
mesma temperatura. A temperatura em líquidos da Classe I.
que elas entram em ignição é
característica de cada substância e é

2.6
Explosão e Incêndio

Liquido combustível é aquele com o Todos os gases e líquidos flamáveis e


ponto de fulgor acima de 37,8 oC. São os combustíveis aquecidos acima do seu
líquidos da Classe II. ponto de fulgor podem entrar em ignição.
Por exemplo, a gasolina verde de Para a maioria dos materiais, há uma
aviação tem ponto de fulgor igual a -46 oC concentração mínima e outra máxima no
e por isso emite vapores explosivos em ar (oxigênio) ou outro oxidante para poder
qualquer condição, exceto em haver combustão, quando a mistura entra
temperaturas abaixo de -46 oC. O em contato com uma fonte de energia.
hidrogênio é gás, exceto em temperaturas Não há combustão quando o gás é
criogênicas e por isso é sempre puro (100%) ou não há gás (0%). Nas
considerado perigoso. O óleo diesel 1-D condições de gás puro ou ar ambiente
tem um ponto de fulgor mínimo de 37,8 oC puro, a energia de ignição seria infinita ou
e não emite vapores perigosos, a não ser a velocidade de ignição seria zero. Uma
que seja aquecido acima de 37,8 oC. A mistura gasosa somente provoca a
norma NFPA 325 M lista as propriedades propagação da chama se sua
combustíveis de muitas substâncias. percentagem de gás estiver acima de uma
Quando os líquidos combustíveis e valor mínimo e abaixo de um valor máximo
flamáveis continuam a ser aquecidos de concentração. Essas percentagens são
acima do ponto de fulgor, eles atingem chamadas de limite inferior e superior de
uma temperatura em que a saída dos flamabilidade, respectivamente.
vapores flamáveis estão em equilíbrio com
o ar, de modo que seus vapores continuam
a se queimar mesmo depois da fonte de
ignição ser removida. Este é o ponto de
queima da substância. O ponto de queima
dos líquidos é sempre alguns graus acima
do ponto de fulgor.
O principal perigo de fogo dos materiais
está no ponto do tempo e temperatura em
que as condições potenciais de fogo
começam a existir. No caso de líquidos
flamáveis e combustíveis, o primeiro ponto
de perigo é o ponto de fulgor. As
temperaturas destes líquidos devem ser
Fig. 3.2. Limites de flamabilidade para um vapor
reduzidas abaixo deste ponto para parar a
típico
emissão de vapor. O ponto de queima
estabelece somente um grau de perigo e a
diminuição de temperatura abaixo deste
Todos os gases, vapores, suspensões
ponto não remove o perigo.
de pó combustíveis e flamáveis possuem
limites definidos de concentrações em ar,
2.8. Limites de Flamabilidade dentro dos quais eles se propagam. Fora
Há uma grande quantidade de gases e dos limites de flamabilidade (abaixo do
vapores que são capazes de reagir com o mínimo ou acima do máximo), a energia de
oxigênio do ar. Os gases que não se ignição requerida é tão elevada que não se
queimam são relativamente poucos e são consegue uma chama auto-sustentável.
chamados de inertes. Exemplos de gases Quando se fornece energia a uma mistura
inertes: nitrogênio, hélio, dióxido de que tem concentrações fora dos limites,
carbono, vapor d'água e tetracloreto de pode haver a queima de algum material,
carbono. porém, não haverá propagação da
Há gases oxidantes diferentes do combustão.
oxigênio que podem propagar chama Os limites de flamabilidade dependem
quando misturados com gases do tipo do gás combustível, das condições
combustíveis, como o cloro. ambientes de pressão e temperatura, da

2.7
Explosão e Incêndio

concentração de oxigênio e do nível de gás perigoso com um gás inerte.


energia disponível para testar a mistura. Teoricamente isto é conseguido através
O efeito da temperatura ambiente é da:
alargar os limites de flamabilidade, isto é, o 1. diminuição da quantidade de
aumento da temperatura ambiente diminui oxigênio disponível,
o limite mínimo e aumenta o limite máximo. 2. aumento da quantidade do gás
O efeito da pressão, na qual está inerte introduzido, diminuindo o
submetido a mistura gasosa, também é o limite inferior da mistura.
de alargar os limites. Porém, o aumento da A percentagem de gás inerte
pressão estática não altera o limite necessária para produzir uma atmosfera
mínimo. O aumento da pressão faz segura varia com relação à natureza do
aumentar o limite máximo de gás combustível e do gás inerte. Por
flamabilidade. exemplo, o hidrogênio no ar se torna não
Quando ocorre aumento do oxigênio na flamável quando a mistura contem 62% de
mistura, o limite superior sobe muitíssimo, CO2 ou 75% de N2. Misturas de metano +
aumentando o perigo da área. ar são não flamáveis quando há 38% de
Tab. 3.2. Limites de Flamabilidade de Vapores N2.
Sob o ponto de vista de segurança, os
limites inferiores de flamabilidade são mais
Gás LEI, % LES, %
interessantes que os superiores, pois eles
Acetileno 2,5 100 indicam as concentrações mínimas em que
a combustão começa. Porém, certas
Acetona 2,6 12,8
substâncias como acetileno, hidrazine e n-
Álcool 2,5 19,0 propil nitrato tem limites superiores de
Benzeno 1,3 7,1 100%. Estas substâncias queimam sem
oxidante (ar, oxigênio). Estas substâncias
Butano (GLP) 1,9 8,5 que queimam na ausência de oxigênio,
Gás natural 3,8 17,0 como os combustíveis de foguete, são
chamados de monopropelentes.
Gasolina 1,4 7,6
Hidrogênio 4,0 76,0 2.9. Mistura mais facilmente flamável
Metano (GN) 4,5 15,0 Toda mistura gasosa de ar possui,
ainda, uma concentração ótima para a
Propano (GLP) 2,2 9,5 ignição que requer a mínima energia de
Querosene 0,7 5,0 ignição. Em qualquer outra concentração,
a energia para provocar a combustão é
Solvente 2,6 12,8 maior que a mínima energia de ignição. A
Legenda concentração em que a energia de ignição
LEI - Limite explosivo inferior é mínima chama-se concentração mais
LES - Limite explosivo superior facilmente queimada.
O desenvolvimento da onda de
As substâncias com limites mais largos combustão depende basicamente da
de flamabilidade são mais perigosas por transferência da energia térmica da zona
causa da maior possibilidade de de queima do gás para uma zona
confrontação com uma mistura flamável adjacente de gás não queimado.
ocorrendo em uma faixa mais larga de Transferência mais rápida implica em
circunstâncias. desenvolvimento da chama mais veloz. Ou
Por exemplo, para se ter uma ignição seja, a onda de combustão viaja dentro
de mistura de metano + ar a concentração dos gases não queimados em uma
da mistura deve ser maior que 4,5% e velocidade definida, chamada de
menor que 15% de metano. velocidade de queima. Essa velocidade
Um método eficiente para diminuir e depende da composição da mistura,
eliminar a capacidade dos gases entrar em variando de valores nulos, nos dois limites
combustão ou explodir é pela diluição do de flamabilidade e atingindo um valor

2.8
Explosão e Incêndio

máximo na concentração mais facilmente Tab. 3.3. Energia Mínima de Ignição


flamável.
Produto Energia (mJ)
Acetileno 0,017
Ciclopropano 0,18
Etileno 0,08
Hidrogênio 0,017
Metano 0,30
Propano 0,25

(Do Bureau of Minas, RI 5671)


Fig. 3.2. Energia de ignição em relação à
concentração de hidrogênio e propano com ar
Para a mistura hidrogênio + ar a Tab. .3.4. Energia Mínima de Ignição
velocidade máxima de queima vale 3 m/s.
Para os hidrocarbonetos, a velocidade de Produto Energia (mJ)
combustão vale tipicamente 0,5 m/s.
A velocidade de queima pode ser Alumínio 15
aumentada sensivelmente quando há Magnésio 40
turbulência ou detonação. Carvão 30-60
Os pós combustíveis também possuem Enxofre 15
limites de flamabilidade, usualmente Fenol formaldeido 15
chamados de concentrações explosivas,
(Do NMAB 353-4)
embora eles não sejam bem definidos
como o são para os líquidos e gases.
Os testes mostram que os gases e
vapores de produtos petroquímicos
2.10. Combustíveis
requerem aproximadamente 0,25 mJ de Diz-se que para um fogo começar
energia para entrarem em combustão, basta um combustível, um comburente
quando em mistura adequada com o ar. (oxidante) e uma fonte de ignição. Isto é
A energia de ignição das misturas super simplificado pois o processo é mais
ótimas de pós e fibras com o ar é complexo.
aproximadamente o dobro ou o triplo A fonte deve ter uma energia suficiente
daquelas dos gases e vapores. para provocar e manter a combustão. A
Os materiais explosivos não precisam mistura do combustível com o oxidante
estar necessariamente no estado gasoso; precisam estar em proporções
pó, fibras finas e líquidos atomizados convenientes (estequiométricas), em
também podem queimar-se muito contato íntimo entre si, em modo
rapidamente e explodir. Quanto mais fino apropriado para entrar em reação e em
for o tamanho do grão, maior é a quantidade suficiente para a combustão se
velocidade da chama. A velocidade da manter.
chama ou velocidade de queima dos Combustível é a substância que age
materiais varia com o material e com a sua como redutor, devolvendo elétrons para
concentração no ar. Quanto maior a um oxidante em uma combinação química.
velocidade da chama, mais violenta é a O combustível pode ser
explosão resultante, ou seja, maiores são 1. um elemento, como o carbono,
a pressão da explosão e a velocidade de hidrogênio ou magnésio
aumento da pressão. O acetileno possui a 2. compostos simples, como
maior velocidade de chama possível. monóxido de carbono (CO), metano
(CH4)

2.9
Explosão e Incêndio

3. composto complexo, como madeira Materiais flamáveis


ou borracha Materiais não flamáveis ou de baixa
4. uma mistura de todos eles. flamabilidade no ar são aqueles que
5. Oxidante é a substância que podem queimar somente com um forte
adquire os elétrons do agente oxidante, alta concentração de oxigênio,
redutor em uma reação química. temperatura muito elevada ou forte fonte
Ele pode ser de ignição. Tipos de materiais não
6. um elemento como o flúor, oxigênio flamáveis são:
ou cloro, 1. hidrocarbonos halogenados, como
7. um composto que libera facilmente tri-cloro-etileno,
flúor, oxigênio e cloro 2. borrachas e sabões de silicone,
8. um acido forte como o nítrico e 3. plásticos e polímeros retardantes,
sulfúrico isolantes de fios,
9. composto que libera radicais 4. metais na forma massissa, como
negativos complexos. magnésio, alumínio, titânio e
zircônio.
Materiais flamáveis
5. metais em pó cromo magnésio,
Exemplos de materiais flamáveis alumínio, titânio e ferro.
normalmente incluem: 6. material selante e de
1. combustíveis para aquecimento e engaxetamento.
para acionamento de motores de
combustão interna e de foguetes
2. solventes e agentes de limpeza
3. lubrificantes
4. revestimentos como tintas e graxas
5. refrigerantes como amônia e metil-
cloreto
6. inseticidas,
7. plásticos e polímeros,
8. produtos de madeira e vegetais,
9. produtos de papel,
10. materiais de tecidos e fibras,
11. produtos de borracha,
12. metais como sódio, potássio, césio,
rubídio,
13. pós, fibras, fitas ou fios finos
metálicos
Produtos de outras reações
Produtos de outras reações ou
processos que agem como combustíveis
incluem:
1. monóxido de carbono (CO), produto
da combustão incompleta de
compostos orgânicos,
2. hidrogênio liberado durante a carga
de baterias, pela composição de Fig. 3.1. Líquidos combustíveis e flamáveis
água em superfícies muito quentes
e pela relação entre água e hidratos
de sódio, potássio ou lítio
3. gases liberados de destilação de
materiais orgânicos,

2.10
Explosão e Incêndio

2.11. Gases de Interesse refrigerante e como fonte de hidrogênio


pela decomposição em altas temperaturas.
Acetileno Dióxido de carbono
O acetileno é um gás flamável, O dióxido de carbono (CO2 ) ou gás
extremamente reativo que não pode ser carbônico é inerte. É transportado em
armazenado em estado comprimido cilindros e containers nas fases líquida -
sozinho sem a possibilidade de se gasosa sob pressão. Ele é não tóxico, mas
dissociar em carbono e hidrogênio, com é um perigoso asfixiante em quantidades
liberação de energia. Ele é armazenado maiores do que 5 a 7% em volume de ar.
em cilindros que contem uma massa Ele é um gás mais pesado que o ar. Em
monolítica muito porosa feita de cimento, temperaturas acima de 30 oC o dióxido de
asbestos, terra diatomácia e carvão. A carbono existe somente na fase gasosa
massa de enchimento anidro, contendo em seu container. Ele é usado em
cerca de 80% de espaço vazio, é extintores de incêndio, porque a descarga
preenchida com acetona. O gás acetileno rápida da pressão do gás resfria o dióxido
é bombeado no cilindro com tabulação de de cargo, formando partículas solidas
diâmetro pequeno, para suportar a (neve).
eventual pressão de decomposição, até O monóxido de carbono (CO) não é
uma pressão máxima de 250 psig. A inerte, mas flamável, pois ele ainda pode
acetona dissolve 25 vezes seu próprio reagir com oxigênio (oxidar ou queimar)
volume de acetileno por cada 14,7 psig. transformando-se em CO2 .
Um cilindro típico de acetileno para solda
contem cerca de 18,5 litros de acetona, Etileno
com aproximadamente 19 kg de acetona e O etileno é transportado como um gás
9 kg de acetileno. comprimido em alta pressão e é usado no
O acetileno é extremamente flamável, amadurecimento de frutas em
com uma faixa de 2,5% a 81%. Sob certas concentrações muito baixas. Ele é
condições, ele se dissocia em altamente flamável na faixa de 2,7% a 36%
concentrações de gás de 81 a 100%, em volume de ar. Ele reage violentamente
liberando energia de calor no processo. com gases oxidantes e como sua
Por isso, autores consideram que o densidade é aproximadamente igual à do
acetileno entra em ignição em qualquer ar, ele se mistura rapidamente quando
percentagem acima de 2,5% até 100%. liberado na atmosfera e pode formar
Por causa de sua altíssima reatividade misturas explosivas.
e método não convencional de
armazenagem, todos os tanques de Hidrogênio
acetileno são providos de plugs fusíveis O hidrogênio é um gás permanente
que se abrem em torno de 100 oC. Isto elementar, sem cheiro, mais leve que o ar
deve ocorrer próximo de uma fonte de e tendo uma alta relação de difuso. Ele é
ignição, uma tocha acesa de gás extremamente flamável, com uma faixa de
queimando a uma distância de 3 a 3,6 m flamabilidade larga de 4,0% a 75% por
da abertura do vent. volume. Ele queima com uma chama
Amônia anidra quase não luminosa e entra em ignição
com baixo nível de energia, como faísca de
A amônia anidra é um gás transportada fricção. Quando misturado em proporções
nas fases líquida - gasosa sob pressão. estequiométricas corretas com o oxigênio
Ela é razoavelmente perigosa com relação (2 volumes de H2 e 1 volume de O2), ele
à combustão e à explosão, nas faixas explode com intensidade, gerando vapor
entre 16% e 25% em volume de ar e é d'água.
tóxica para os tecidos humanos, por causa
de sua rápida solubilidade em água para
produzir hidróxido de amônia caustico. A
amônia é usada como fertilizante, como

2.11
Explosão e Incêndio

Nitrogênio volumes flamáveis de 260 vezes a


O gás nitrogênio é inerte. Ele não quantidade de liquido presente.
reage com outras substâncias, exceto em O GLP é possui uma larga utilização,
condições especiais de temperatura e desde isqueiros a grandes fornalhas
pressão. Ele é transportado em forma industriais. Para detectar vazamentos, os
criogênica (baixa temperatura) ou gases possuem um cheiro artificial à base
comprimida (alta pressão). Ele não é de enxofre (mercaptano)
tóxico, exceto que ele substitui O gás liquefeito do petróleo é diferente
rapidamente o oxigênio, asfixiando as do gás natural liquefeito. O gás natural tem
pessoas. Ele também pode ser usado para predominância de metano e sua faixa de
produzir atmosferas gasosas para impedir flamabilidade está entre 5,3% a 14%.
combustão.
Oxigênio
O oxigênio é transportado como um
gás comprimido em cilindros em alta
pressão. Ele não é flamável, mas é capaz
de suportar e acelerar chamas e
explosões. Ele reage com um grande
número de substâncias e é especialmente
reativo com materiais de todos os tipos
que contenham carbono e hidrogênio. O
oxigênio muda materialmente as
tendências de combustibilidade das
substâncias até o ponto que elas possam
se queimar em explosões. As
características de facilidade e promoção
de combustão do oxigênio o tornam
perigoso, mesmo que ele não seja
flamável em si. Fig. 3.3. Armazenamento em esferas em alta
pressão
Gás liqüefeito de petróleo (GLP)
O gás liquefeito de petróleo é uma
mistura de propano e butano com menores As composições típicas de gás natural
quantidades de etano. Eles são usado como combustível são variáveis e
transportados em bujões ou cilindros nas as faixas típicas estão mostradas abaixo:
fases líquida e gasosa sob pressão. O gás
e o liquido são altamente flamáveis e metano 70 - 96%
explosivos na faixa de 1,55% a 9,60% em etano 1 - 14%
volume de ar. Não se pode armazenar propano 0 - 4%
GLP em tanques pressurizados por causa butano 0 - 2%
da possibilidade de escape da fase liquida. pentano 0 - 0,5%
O liquido produz cerca de 260 volumes de hexano 0 - 2%
gás flamável por volume de liquido. Os CO2 0 - 2%
tanques de GLP estão sujeitos ao oxigênio 0 - 1,2%
fenômeno de fogo conhecido como BLEVE nitrogênio 0,4 - 17%
(boiling liquid expanding vapor explosion),
quando são aquecidos pela combustão do Alguns constituintes, como vapor
gás acidentalmente escapado de um ponto d'água, sulfeto de hidrogênio, hélio,
onde o vaso possui fraturas causadas pelo gasolina são removidos antes da
aquecimento. Quando isso acontece, a distribuição.
fase gasosa escapa e queima em uma
grande bola de fogo e a fase liquida
imediatamente ferve e expande para

2.12
Explosão e Incêndio

3. Fonte de Energia Elétrica uma tensão induzida, que tenta impedir a


variação da corrente elétrica. A alta tensão
induzida provoca o arco voltaico. Quanto
3.1. Introdução maior a corrente, maior a energia
armazenada pois é valida a equação
Na prática, a ignição de um gás
seguinte:
flamável pode ser provocada por
instrumentos elétricos quando ocorrer
algum dos seguintes eventos:
1 2
EL = LI
1. aparecimento de faísca ou fagulha 2
(spark)
2. aparecimento de arco voltaico onde
3. alta temperatura de superfícies ou EL é a energia armazenada no circuito
componentes elétricos indutivo
4. efeito corona. L é o valor da indutância, efetiva e/ou
Os circuitos elétricos passivos podem parasita
ser resistivos, capacitivos e indutivos. O I é a corrente que circula no circuito
circuito resistivo só pode dissipar energia, indutivo
em forma de calor. Os circuitos capacitivo Quanto mais rápido for a abertura do
e indutivo armazenam energia. circuito indutivo, maior o perigo de
aparecimento do arco voltaico.
3.2. Circuito Capacitivo
A energia elétrica está armazenada no
circuito capacitivo por causa do campo L
R Atmosfera perigosa
elétrico e a energia é liberada quando o
contato se fecha. Quanto maior a tensão,
maior a energia armazenada, pois é valida
a seguinte equação: V C

1
EC = CV 2
2
Fig. 3.4. Circuito com resistência, indutancia e
capacitância
onde
EC é a energia armazenada no circuito
capacitivo,
3.4. Circuito Resistivo
C é o valor da capacitância, efetiva e
parasita, Nos casos limites, quando a
V é a tensão aplicada ao circuito. capacitância e indutância tendem para
Quanto mais lento for o fechamento do zero, resta apenas o circuito resistivo.
contato capacitivo, maior o perigo de Embora pouco provável, é possível o
aparecer o arco voltaico. aparecimento de arco voltaico no
fechamento e abertura de um circuito
3.3. Circuito Indutivo resistivo. Como não há tensão induzida
para manter o arco, o processo é menos
Também, há a formação do arco
perigoso e menos provável. Mais
voltaico na abertura de contatos de
frequentemente e de mesma natureza que
circuitos indutivos. A energia elétrica está
a abertura de contato, é a queima de um
armazenada no circuito indutivo por causa
fusível que pode provocar o aparecimento
de um campo magnético e a energia é
de faísca.
liberada quando o contato se abre,
Um instrumento elétrico pode se
interrompendo a corrente. Outro modo de
transformar numa fonte térmica, através do
explicar o arco voltaico: pela lei de Lenz,
efeito Joule. Ou seja, componentes e fios,
quando se pretende interromper (desligar)
percorridos por corrente elétrica podem
a corrente de um circuito indutivo, aparece
dissipar energia, na forma de calor e se

2.13
Explosão e Incêndio

aquecerem, Quando a temperatura do espaçamento entre dois condutores é


componentes ou do fio atingir a parcial. A tensão se eleva muito,
temperatura de auto-ignição da mistura insuficiente para provocar arco ou faísca
flamável, pode haver ignição e explosão. mas suficiente para ionizar o gás. A
Obviamente, um fio elétrico que se aquece descarga corona começa mais facilmente
só pode atingir uma temperatura menor em proximidade de pontas e
que sua temperatura de fusão. Ao atingir a protuberâncias. Os íons formam uma
sua temperatura de fusão, o fio se rompe, nuvem que começa a se deslocar para o
zerando a corrente elétrica. O rompimento eletrodo oposto, estabelecendo uma
do fio pode provocar o aparecimento de pequena corrente contínua, chamada de
arco voltaico. corrente corona. Este efeito pode produzir
brilho no escuro, ruído sibilante e
3.5. Faísca, Arco e Efeito Corona interferência eletromagnética. Em casos
severos, o brilho é tão intenso em torno da
Faísca é uma descarga rápida e
superfície que é chamado de fogo de
elevada de elétrons. Ela pode ser uma
Santelmo. Quando o potencial entre as
simples descarga que consome toda a
superfícies aumenta, pode haver uma
energia em um sistema elétrico ou pode
ruptura completa do dielétrico e o
ser uma série, quando a energia da
aparecimento de faísca.
descarga é reposta. O contato inicial entre
Os arcos, faíscas e coronas destroem a
condutores não é necessário para
utilidade de isolação dos isolantes. A
provocar uma faísca. Pode ocorrer uma
ionização produz óxido nitroso do
faísca quando um caminho ionizado é
nitrogênio atmosférico. O óxido e a
completado entre dois condutores ou um
umidade foram acido, que afeta a isolação.
condutor e o terra.
O efeito destrutivo da descarga corona é
Arco é um jato sustentado de elétrons
menos aparente e mais lento, porém é
através de um espaçamento criado quando
mais perigoso pois diminui a isolação sem
duas superfícies metálicas que estavam
ser notado e provoca faísca, quando a
em contato se separam. Embora o arco
isolação fica pequena.
seja também chamado de faísca de
Os arcos, faíscas e coronas também
abertura, o arco é usado para indicar uma
geram ruído elétrico, que reduz a eficiência
corrente que flui através de uma pequena
do equipamento elétrico. Porém, o pior
distância. Quando a distância aumenta, o
efeito dos arcos e faíscas é a causa de
comprimento do arco aumenta até haver
ignição ou explosão de atmosferas
uma separação tão grande que o arco se
combustíveis e explosivas.
extingue. A energia para manter um arco é
menor que a necessária para iniciar o arco.
3.6. Contato Elétrico
A formação de um arco depende
principalmente da distância entre as Como já visto, o fechamento e abertura
superfícies, tensão, corrente, pressão, de contatos elétricos podem provocar
constante dielétrica do meio, materiais das faíscas e arcos voltaicos. Estes fenômenos
superfícies. Por exemplo, a pressurização dependem
pode evitar o aparecimento de arco em um 1. do material dos contatos e dos
sistema elétrico. eletrodos
Os arcos podem ser intencionalmente 2. dos níveis de tensão e de corrente
produzidos ou podem ser inconvenientes. dos circuitos
O arco de uma maquina de solda é 3. da freqüência das tensões e das
desejável e serve para provocar calor e correntes alternadas
fundir metais. Os arcos provocados no 4. da velocidade de abertura ou de
fechamento e abertura de contatos são fechamento dos contatos.
inconvenientes, pois danificam as Há interesse no conhecimento
superfícies de contato, soldam e removem profundo dos fenômenos de ignição
materiais. provocada por contatos elétricos para o
O efeito corona ocorre em circuitos de pessoal que executa os testes de
alta tensão, quando a ruptura de um aprovação e de certificação dos

2.14
Explosão e Incêndio

equipamentos. Para aplicação em técnicas 3.8. Solda e Corte


de proteção de instrumentos elétricos em
áreas perigosas é importante ressaltar o As operações a quente, de solda e
seguinte: corte de chapas metálicas, feitas
1. nem toda faísca provocada por impropriamente, são provavelmente a
fonte elétrica é suficiente para causa mais comum de explosões em
provocar e manter a ignição de uma locais perigosos. A chama aberta ou o arco
mistura especifica do gás. Há exposto é uma fonte de ignição explícita.
faíscas elétricas, provocadas por Muitas vezes, o que provoca a ignição é a
curto circuitos ou mau contato temperatura quente da chapa, após a
elétrico que não possuem níveis de operação de solda e com um resfriamento
energia suficientes para provocar e insuficiente.
manter a ignição. É clássico o acidente provocado em
2. a mínima energia de ignição solda de tanque vazio, provocado por falta
geralmente é um fenômeno de alta de purga ou por purga mal feita.
tensão. Não há técnica automática de proteção;
A maioria dos instrumentos de controle somente o controle dos serviços pode ser
e comunicação manipulam níveis de sinais efetivo para evitar ignição ou explosão
elétricos de baixa potência: tensão de devida à solda.
alimentação típica de 24 V cc e corrente de
transmissão padrão de 4 a 20 mA cc. 3.9. Fornalha e Forno
Atualmente, com a aplicação de circuitos a Fornalha, forno e caldeira são fontes de
microprocessadores digitais, a tendência é ignição obvias, por causa da alta
a de se usar níveis de tensão próximos de temperatura envolvida. Ainda, a fornalha
5 V cc. Os arcos voltaicos ocorrem em ou o forno pode funcionar com a queima
tensões acima de 300 V. de óleo combustível, de modo que sempre
há a presença de atmosferas perigosas
3.7. Faísca Mecânica em seu redor. O perigo é maior durante a
A faísca criada pelo choque de dois partida ou parada da fornalha, quando se
objetos também pode causar explosão. reduz ou corta o suprimento de ar,
Muito pouco trabalho tem sido feito para permitindo a formação de misturas ar +
determinar esta energia de ignição das vapores flamáveis dentro da faixa de
faíscas provocadas mecanicamente, flamabilidade.
embora seja evidente que elas podem Porém, se o forno ou fornalha for
começar o fogo, como usado no isqueiro adequadamente instalado, mantido e
primitivo. operado, não será uma fonte incontrolada
A faísca mecânica pode ocorrer de ignição para o óleo fóssil ou seus
sempre que duas superfícies se chocam, vapores. A filosofia da segurança é o
sob condições normais ou em operações controle correto, mantendo-se a vazão de
de esmerilhagem, onde se forma um ar de modo que os vapores flamáveis
chafariz de faíscas ou em condições estejam sempre abaixo do limite mínimo
anormais, quando uma peça móvel contata de flamabilidade.
acidentalmente outra peça móvel ou
estacionária. 3.10. Turbina e Caldeira
O uso de metal não-faiscador, como o Por causa do grande volume de ar
bronze a algumas ligas de alumínio e de passando através da turbina de gás e a
material não metálico pode reduzir a câmara de combustão, a turbina
probabilidade de criação de faísca normalmente não é considerada uma fonte
mecânica. Deve-se evitar a introdução de de ignição. Os locais onde estão montadas
materiais estranhos, como rebarba de a turbina e caldeira não são classificadas
metal, em moedores, ventiladores e outros como perigosos, somente por causa da
equipamentos com peças moveis. turbina. Mesmo assim, os componentes
elétricos externos devem ter alguma
proteção.

2.15
Explosão e Incêndio

No controle de caldeira é clássico o uso 4. ondas eletromagnéticas de alta


dos limites cruzados. Controlam-se as frequência (rádio, TV, radar)
vazões de ar e do combustível em uma 5. radiação óptica (fontes de laser)
relação fixa. Neste controle, quando a 6. radiação de ionização (sensores de
carga da caldeira aumenta, aumenta-se espessura a raios X)
primeiro a vazão de ar; quando a carga da 7. ondas ultra-sônicas (medidores de
caldeira cai, diminui-se primeiro a vazão do densidade ou de nível)
combustível. Em ambos os casos, evita-se 8. compressão súbita
a formação de excesso do combustível 9. correntes de fuga (corrosão, terra)
que seria perigoso. 10. raios naturais.

3.11. Superfície Quente 3.13. Conclusão


Superfície quente é uma fonte de Para a finalidade de prover segurança
ignição potencial. Em geral, se a a instrumentos elétricos montados em
temperatura de uma superfície excede a atmosfera perigosas, os fatos mais
temperatura de ignição do material importantes são:
envolvido, ela pode ser considerada como 1. não há perigo de incêndio ou
fonte de ignição potencial. explosão, quando os valores de
Porém, outras considerações devem concentração da mistura são
ser feitas. Se o material flamável se move mantidos fora do intervalo
rapidamente através da superfície quente, estabelecido pelos limites mínimo e
como uma mistura de gás e ar em uma máximo de flamabilidade. As
condição turbulenta ou em um jato, a técnicas de proteção de purga
mistura não será aquecida até a (pressurização), respiração restrita,
temperatura da superfície quente. diluição e segregação se baseiam
Se a superfície quente é pequena em no controle da concentração da
comparação com a área em que está mistura perigosa.
localizada, a superfície quente não é capaz 2. não há perigo quando o nível de
de aquecer a mistura até a sua energia liberado para a mistura
temperatura. Esta é a situação típica de gasosa perigosa está abaixo da
luminárias e motores instalados em locais mínima energia de ignição. A
perigosos. Um exemplo extremo de técnica de proteção de segurança
superfície pequena é um fio quente. intrínseca, segurança aumentada e
As normas evitam o uso de não incenditivo se baseiam na
equipamento tendo uma temperatura de limitação da energia manipulada na
operação maior do que a temperatura de área perigosa, através de
ignição da mistura especifica envolvida; colocação de barreiras de energia
tipicamente a temperatura de operação ou de projetos especiais.
não deve exceder a 70% ou 80% da 3. o efeito de resfriamento das
temperatura de ignição, em graus Celsius. paredes do vaso estreitam os
limites de flamabilidade da mistura.
3.13. Outras Fontes de Ignição Abaixo de uma distância critica a
chama é apagada, mesmo que
Além das faíscas e arcos elétricos
esteja na percentagem ótima e que
produzidos pelo fechamento ou abertura
haja energia suficiente. A proteção
dos circuitos elétricos e pelo aquecimento
de prova de explosão ou de chama
de condutores com corrente elétrica,
se baseia no resfriamento da
muitas outras fontes potenciais de ignição
chama produzida no interior do
podem estar presentes, nem sempre
equipamento, que é resfriada para
claras e devem ser consideradas:
uma temperatura segura.
1. faíscas mecânicas
2. faíscas eletrostáticas causadas por
componentes carregados
3. reação química exotérmica
TeKAPOST\PERIGOSA 3EXPLOSA.DOC 15 MAR 94 (Substitui 02 DEZ 93)

2.16
3
Classificação de Áreas
perigo inerente de eletrocutar pessoas,
Objetivos de Ensino quando energizado. Um alto grau de
perigo existe se o transformador está não
1. Mostrar a terminologia e o conceito protegido e colocado em uma área
de área perigosa e não-perigosa. movimentada com passagem de gente. O
2. Apresentar os conceitos de classe, mesmo perigo está presente mesmo
grupo e divisão ou zona segundo quando o transformador é completamente
normas americanas e européias. fechado e colocado em um cubículo
3. Estabelecer parâmetros para subterrâneo trancado. Porém, o grau de
classificar e desclassificar áreas. perigo é quase zero para o pessoal. Uma
4. Apresentar os métodos clássicos de instalação acima do chão, protegida e
classificação de áreas: generalizado trancada, possui um grau de perigo
e baseado na fonte de perigo. intermediário entre as duas anteriores.
5. Mostrar critérios para determinar a Um trabalhador em uma estrutura
extensão das zonas classificadas. elevada está sujeito ao perigo de cair e
6. Apresentar as recomendações morrer. Quando ele trabalha com um cinto
quantitativas para a classificação das de segurança adequado, o perigo é o
áreas. mesmo porém o grau de perigo é menor
7. Mostrar as figuras típicas de mas não é zero, pois o cinto pode se partir.
classificação de áreas em redor de
equipamentos. 1.3. Prejuízo (damage)
Prejuízo é a severidade da perda física,
1. Terminologia e Definições funcional ou monetária que resulta quando
se perde o controle do perigo. Um homem
1.1. Perigo (hazard) sem proteção caindo de uma altura de um
metro pode quebrar um braço ou deslocar
Perigo é uma condição com potencial o ombro. Porém, se ele cair de uma altura
de causar ferimento em pessoas, estrago de 20 metros, certamente morrerá. O
em equipamentos ou estruturas, perdas de perigo (possibilidade) e o grau de perigo
material ou redução da habilidade de (exposição) de cair são os mesmos, mas
desempenhar uma determinada função. os resultados finais das quedas são
Quando há um perigo, existe a totalmente diferentes.
possibilidade da ocorrência destes efeitos
adversos. 1.4. Segurança (safety)

1.2. Grau de perigo (danger) Segurança é a ausência de perigo.


Porém, é praticamente impossível eliminar
Risco expressa a exposição relativa a completamente todos os perigos. A
um perigo. Um perigo pode estar presente, segurança é um assunto de proteção
mas pode haver pequeno risco por causa relativa de exposição ao perigo. Segurança
da precauções tomadas. Um é o contrario de risco de perigo.
transformador de alta tensão possui um

3.1
Classificação de Áreas
1.5. Risco (risk) ocasião, porém não tão freqüentemente.
Exemplos de condições anormais de uma
Risco é a expressão da possível perda planta química moderna seriam:
de segurança, durante um determinado colapso do selo de uma bomba,
período de tempo ou número de ciclos falha na gaxeta de uma tubulação,
operacionais. O risco pode ser indicado perda de controle da operação manual de
pela probabilidade de um acidente vezes o drenagem de um tanque,
prejuízo em vidas, dólares, unidades fratura de um pequeno trecho de uma
operações ou tempo da planta parada. tubulação,
vazamento acidental de pequenas
1.6. Normal e Anormal quantidades de líquido flamável.
Os termos normal e anormal requerem Uma condição anormal é indesejável,
algumas explicações. Normal é o oposto imprevisível, pouco freqüente e não
de anormal. Normal não pretende significar catastrófica. Geralmente a condição
ideal ou perfeito ou outra conotação anormal pode ser evitada através de um
similar. Normal significa atual ou real, projeto correto e por uma manutenção
aplicado às condições existentes em uma preventiva eficiente. No caso da ocorrência
dada planta - a norma de projeto usada de uma condição anormal, ela pode ser
realmente, o estado conseguido pela rapidamente consertada. Sob condições
manutenção, as limitações esperadas do bem controladas, a condição anormal é um
ambiente, as operações usuais e as evento pouco freqüente e de curta
práticas de operação empregadas. duração.
Em plantas modernas manipulando
materiais flamáveis, o principal objetivo do 1.7. Ventilação
projeto, manutenção e operação é garantir A ventilação é um parâmetro
que haja poucos modos de ocorrência de fundamental na classificação de área,
uma atmosfera flamável. Isto será servindo até como meio de desclassificar
conseguido através de uma área perigosa. As definições
1. escolha correta do equipamento do apresentadas na norma NBR 8370 são:
processo,
2. colocação de ventilação especial, Ambiente adequadamente ventilado
3. layout adequado de produtos e Sala, prédio ou invólucro de
equipamentos, equipamento que possui ventilação natural
4. boa manutenção, ou artificial.
5. boa supervisão de produção,
6. precauções especiais similares. Ambiente com ventilação natural
Onde tais precauções podem ser Ambiente que não possui nenhum
consideradas como estado normal de obstáculo ao movimento do ar. São
tarefas, elas refletirão a ausência ou considerados ambientes com ventilação
diminuição no número de áreas natural:
designadas como Zona 1 e na extensão de 1. ambiente aberto para o meio externo
tais áreas. Quando o estado de normal é em todas as direções
menos rigorosamente controlado, a 2. ambiente protegido por telhado, parede
expectativa de classificação de Zona 1 e a ou tela e com área livre, sem
sua extensão é maior. fechamento nas paredes laterais ou
Anormal não se refere a eventos superiores, maior ou igual a 60% da
catastróficos, como a explosão de um área obtida multiplicando-se o
vaso, de um reator ou de uma grande perímetro (em metros) do ambiente por
tubulação. A classificação das áreas do 2,5. No caso de gases ou vapores mais
processo não consideram tais pesados que o ar, as áreas livres
eventualidades. devem abranger as partes inferiores e
Entre estes dois extremos, a catástrofe para gases mais leves que o ar, as
e a normalidade, se situa o evento partes superiores.
anormal, que pode ocorrer em alguma

3.2
Classificação de Áreas
Ambiente com ventilação limitada estiver presente junto com um material
Ambiente que possui obstáculos que flamável.
dificultam, porém não impedem a
circulação natural do ar.
Ambiente com ventilação impedida
Ambiente com ausência de
movimentação do ar e como
conseqüência, existe a probabilidade de
acúmulo de gases ou vapores flamáveis.
Ambiente com ventilação artificial
Ambiente com sistema artificial de
insuflamento de ar para evitar a formação
de mistura flamável. O sistema artificial de
insuflamento deve ser capaz de efetuar, no Fig. 3.1. Área de risco ou classificada
mínimo, 12 trocas de ar por hora ou capaz
3
de fornecer um fluxo de ar de 0,46 m /min
2
por m de área de piso do ambiente No projeto e layout da planta e de seus
considerado, o que for maior, nas equipamentos associados, é uma premissa
condições de pressão atmosférica e fundamental se evitar, sempre que
o
temperatura entre -10 e 40 C. possível, a criação de atmosfera flamável.
Quando não for possível a ausência
1.8. Densidade completa desta atmosfera, deve-se
empregar métodos de proteção ou
A densidade absoluta é expressa como
salvaguarda nos equipamentos elétricos
a relação entre a massa e o volume de
para reduzir, a proporções aceitáveis, a
uma substância, a uma determinada
probabilidade da ocorrência da atmosfera
pressão e temperatura. É comum se tomar
flamável.
a densidade relativa dos líquidos em
Para se ter uma ignição, deve-se ter
relação à da água e a densidade relativa
simultaneamente uma atmosfera flamável
dos gases em relação à do ar, nas
e uma fonte de ignição. Uma probabilidade
mesmas condições de pressão e
reduzida da existência de um destes
temperatura. As densidades da água e do
fatores permite uma probabilidade maior
ar são consideradas iguais a 1,0.
do outro, sem aumentar o risco final.
Para efeito da norma NBR 8370, tem-
Porém, na ausência de dados suficientes
se
para a avaliação quantitativa destas
Gás mais pesado que o ar é o com
probabilidades, o julgamento baseado na
densidade relativa igual ou maior que 1,1.
experiência deve ser aplicado na seleção
Gás mais leve que o ar é aquele com
dos métodos apropriados de salvaguarda a
densidade relativa igual ou menor que 0,75
ser usado em dada situação.
Gás com mesma densidade que a do O primeiro passo neste julgamento é a
ar tem densidade relativa entre 0,75 e 1,1. classificação da planta em zonas em que a
probabilidade da existência da atmosfera é
2. Área Perigosa grosseiramente assumida. Este
procedimento, conhecido como
classificação de área, será tratado aqui.
2.1. Avaliação do risco
Em plantas onde gases, vapores, 2.2. O que a área perigosa não é
líquidos ou pós flamáveis estão presentes, Para se entender o que seja uma área
podem-se formar atmosferas flamáveis, perigosa, é interessante entender primeiro
quando eles forem liberados. Pode existir o que ela não é.
também uma atmosfera flamável dentro do A simples presença ou probabilidade
equipamento da planta se ar ou oxigênio da presença de um material combustível

3.3
Classificação de Áreas
ou flamável não classifica 2.3. O que área perigosa é
automaticamente um local como área
perigosa. Por exemplo, a cozinha Locais perigosos são aqueles locais,
residencial que possui um fogão a gás áreas, espaços onde pode existir perigo de
natural de petróleo poderia ser classificada explosão, devido a gases ou vapores
como um local perigoso, pois pode haver flamáveis, líquidos flamáveis, pós
vazamento através das conexões, as combustíveis ou fibras flamáveis. De um
válvulas de bloqueio podem falhar e modo geral, diz-se que uma área industrial
realmente há vários casos de vazamentos é perigosa quando nesse local é
e de falhas de válvulas, resultando até em processado, armazenado, transportado e
explosões mortíferas. Porém, o número de manuseado material que possua vapores,
tais ocorrências é muitíssimo pequeno, gases, pós ou fibras flamáveis ou
quando comparado com o número de explosivos.
residências com fogão a gás. Em adição, a As áreas perigosas (classificadas), se
ignição da mistura flamável gás + ar é tratadas corretamente, não são
usualmente provocada por uma fonte não necessariamente mais perigosas para
elétrica, como fósforo, cigarro, acendedor trabalhar do que as áreas seguras. No
do fogão. Deste modo, a cozinha com um Brasil, muito mais pessoas são mortas no
fogão a gás NÃO é classificada como área tráfico e em acidentes industriais genéricos
perigosa, porque a retirada de do que em acidentes com explosões em
equipamento elétrico do local reduziria áreas perigosas. As áreas perigosas não
muito pouco a probabilidade de haver são necessariamente perigosas para a
acidentes catastróficos. saúde, se são tomadas precauções
A presença de materiais pirofóricos corretas, embora a maioria dos materiais
(materiais que entram em ignição (exceto hidrogênio e metano) seja perigosa
expontânea em contato com o ar), tais para a saúde, se liberados na atmosfera
como o fósforo, pó de zircônio, solução de em concentrações suficientes.
alquila alumínio e a presença de Na prática, em muitas normas e no
explosivos, como a dinamite, não presente trabalho, área perigosa, área de
significam que uma área deva ser risco e área classificada possuem o
classificada como perigosa. Onde há um mesmo significado. Também são
material pirofórico, o perigo de haver uma intercambiáveis os termos área, local e
explosão provocada por uma fonte elétrica espaço. Sempre que o termo for usado,
é muito pequeno, quando comparado com deve-se assumir um espaço tridimensional
o perigo de haver explosão provocada por e não uma área bidimensional.
outra fonte diferente de energia. As A possível presença de uma mistura
normas que regulam estas áreas incluem flamável gás e ar requer a tomada de
as exigências referentes aos dispositivos precauções especiais para reduzir a
elétricos presentes. probabilidade que qualquer equipamento
elétrico colocado no local se torne uma
fonte de ignição ou de explosão. Como
isso é muito vago e pouco operacional,
normalmente, se classifica uma área
perigosa considerando-se todos os
parâmetros que estão relacionados com o
grau de perigo presente.

2.4. Área Não Perigosa


Por inferência, qualquer local que não
seja área perigosa, é uma área segura.
Muitas autoridades preferem o uso de área
Fig. 3.2. Vazamentos potenciais no processo não perigosa por razões semânticas e
legais. Nas áreas não-perigosas podem
ser usados instrumentos elétricos de uso

3.4
Classificação de Áreas
geral, sem nenhuma técnica adicional ou 3. Classe, Grupo, Divisão
especial de segurança.
Numa indústria, são consideradas
(Zona)
áreas seguras: A classificação de área é uma das
¾sistemas fechados, mas sem exigências básicas para a operação do
nenhuma probabilidade de haver sistema e a classificação adequada da
vazamentos, mesmo que não haja área perigosa é um requisito legal. Na
ventilação forçada, prática, a classificação de área é o elo
¾sistemas fechados, mesmo com mais fraco na cadeia da segurança.
tubulações com válvulas, flanges e Os critérios de classificação das áreas
medidores, desde que seguramente da planta são:
exista ventilação positiva. 1. a natureza da atmosfera perigosa,
¾áreas para armazenamento em 2. a probabilidade da presença desta
vasos seguros (conforme normas atmosfera.
aprovadas, NB-98). A classificação de áreas perigosas
¾áreas onde há outras fontes de pode diferir de um pais para outro, mas na
ignição permanentes não elétricas, essência se obtém o mesmo resultado.
que não sejam queimadores ultra- Classificar uma área é lhe atribuir números
rápidos, como chaminés, maçaricos e letras relacionados com os seguintes
e tochas. parâmetros:
A sala de controle do processo deve 1. classe,
ser considerada área segura, mesmo 2. grupo,
quando situada dentro de áreas 3. divisão ou zona.
classificadas. Para ser considerada não A partir da classificação das áreas de
perigosa, devem ser satisfeitas as uma planta, especifica-se e usa-se o
seguintes exigências: equipamento com classificação elétrica
¾Pressurização na sala através de coerente, tornando a sua presença no local
compressor de ar limpo, localizado segura e simples para a avaliação do
em área segura ou com tomada especialista. Os critérios de classificação
especial, do equipamento são a máxima energia da
¾vedação nas portas e nas janelas, faísca que ele pode produzir e a
¾selos em todos cabos e conduites temperatura máxima de sua superfície.
que se comunicam com as áreas
classificadas, 3.1. Classe
¾controle nas entradas e saídas de
ar, A classe da área se relaciona com o
¾ventilação e temperatura estado físico da substancia flamável. A
adequadas. classe denota a natureza genérica do
Há ainda uma confusão semântica material perigoso e está relacionada com a
acerca do termo não classificada. Uma apresentação física do material.
área perigosa, antes de ser classificada, São aceitas e definidas três classes
pode ser chamada de não classificada. distintas:
Depois, da classificação, ela pode ser 1. Classe I - locais onde há gases ou
considerada perigosa ou classificada. vapores na presença com o ar em
Quando ela é classificada como segura é quantidades suficientes para
também chamada de não-perigosa ou não- produzir misturas explosivas e
classificada. flamáveis.
2. Classe II - locais onde o perigo é
devido à presença de pó
combustível.
3. Classe III- locais onde estão
presentes fibras e partículas
sólidas.

3.5
Classificação de Áreas
Classe I comparadas às da queima de gases e
Os locais de classe I envolvem gases e vapores. As diferenças básicas entre
vapores de líquidos voláteis flamáveis. explosões de pós e de gases são devidas
É geralmente aceito que o perigo às diferenças físicas dos materiais
apresentado pelo gás é maior que o do pó combustíveis:
e fibra e requer a proteção mais rigorosa. 1. Em geral, as nuvens de pó
Por isso, quando de se tem um local com a possuem energia mínima de
presença simultânea de gás e pó ou gás e ignição cerca de 10 a 20 vezes
fibras solidas, basta aplicar a proteção maior que aquelas da Classe I,
para o gás. Não faz sentido classificar um Grupo D; com exceção dos pós
local por causa da presença de líquido não metálicos, como alumínio e
volátil, porém, classifica-se a área vizinha magnésio.
ao armazenamento de líquido volátil, cujo 2. Classe II possui menor limite
gás é flamável ou explosivo. O que torna o mínimo explosivo, porém o seu
líquido perigoso são os seus vapores e limite superior é muito elevado.
gases. 3. os gases e os vapores são
Os materiais não precisam estar no uniformes; os pós não são
estado gasoso para ocorrer uma explosão. partículas uniformes, nem no
Pode haver explosão com pó combustível tamanho e nem na distribuição.
e líquidos finamente atomizados queimam 4. os pós podem se acumular e não
com extrema rapidez, mesmo à se dissiparem, se localizados
temperatura abaixo do ponto de fulgor. desigualmente. Por isso são
freqüentes explosões múltiplas de
Classe II pós perigosos.
O NEC define os locais de Classe II 5. as características de ignição dos
como aqueles que são perigosos por pós dependem do tamanho,
causa da presença de pó combustível. A formato, conteúdo de umidade,
intenção é evitar explosões e fogos por conteúdo de voláteis e da
causa da presença do pó. concentração.
Há pó combustível presente em
Classe III
pequenas quantidades em quase todos os
locais. A maioria dos pós orgânicos é O NEC define como local de Classe III
combustível. Assim, os locais onde se aquele que é perigoso por causa da
manipulam papeis, tecidos, carpetes e presença de fibras que entram facilmente
tapetes são tecnicamente capazes de criar em ignição mas em que tais fibras não são
uma explosão. Em tais locais, porém, a prováveis de estar em suspensão no ar em
quantidade de pó presente, mesmo se quantidades suficientes para produzir
todo ele fosse lançado em suspensão no misturas flamáveis.
ar ao mesmo tempo, é insuficiente para Não há subdivisão de Grupo na Classe
causar uma explosão. É necessária uma III. O agrupamento dos materiais em
concentração mínima de pó antes que uma Classes I e II é usado para separar
chama se propague do seu ponto de materiais com características de ignição
ignição. Somente os locais onde há grande que sejam facilmente afetadas pela
quantidade de pós são classificados como construção do equipamento elétrico. Não
Classe II. há tal condição em locais de Classe III. As
É raro em refinarias de petróleo o fibras são suficientemente grandes para
manuseio de pó. As aplicações típicas de penetrar em juntas flangeadas e não são
sistemas de segurança relacionados com eletricamente condutoras.
pós perigosos (Classe II) estão na área de Os materiais típicos são: algodão,
siderurgia, mineração de carvão e rayon, sisal, juta, fibra de coca, serragem
indústrias de artefatos de pneu e nos de madeira (embora o pó de madeira
ensacamentos de pós petroquímicos. também seja Classe II).
As características de ignição de pó são O principal perigo dos materiais da
mais facilmente entendidas, quando Classe III não é a explosão, mas o perigo

3.6
Classificação de Áreas
de incêndio. As fibras entram em ignição iguais relacionadas com a explosão. Isto
facilmente e se queimam rapidamente. permitiu a construção de equipamentos
que não fossem mais caros que o
necessário para sua aplicação específica.
Como mau resultado, isto impede que um
equipamento apropriado para um
determinado local perigoso (por exemplo,
em atmosfera de gasolina) possa ser
usado em outro local perigoso (por
exemplo, em atmosfera de hidrogênio).
Até a edição de 1971 do NEC, os
grupos eram selecionados através de três
critérios:
1. máximo espaçamento seguro
experimental (MESG - maximum
Fig. 3.3. Exemplo simplificado das áreas de risco experimental safe gap)
2. pressão final de explosão,
3. temperatura de ignição.
O agrupamento dos materiais é
3.2. Grupo usualmente especificado em normas e
A designação do grupo é mais códigos. As normas americanas diferem
específica e constitui uma subdivisão da levemente das européias.
classe. O grupo, associado a classe, é O NEC estabelece o seguinte:
uma especificação de natureza química. 1. Classe I possui os Grupos A, B, C e
Até a publicação da edição de 1937 do D.
NEC, a Classe I das áreas perigosas não 2. Classe II possui os Grupos E, F e
era dividida em grupos. Todos os gases e G.
vapores flamáveis eram classificados 3. Classe III não possui grupo
como um único grau de perigo. Foi associado.
No sistema europeu os grupos são
reconhecido, porém, que os graus de
diferentes:
perigo variavam e que o equipamento
1. Grupo I: minas subterrâneas,
conveniente somente para o uso onde a
onde pode haver gases. Assume-
gasolina era manipulada não era
se, na prática que o perigo é
adequado para uso onde o hidrogênio ou
causado pelo gás metano.
acetileno eram manipulados.
2. Grupo II: locais de superfície,
Foi também verificado que a fabricação
onde os materiais são indicados
de equipamentos e invólucros para uso em
pelos sufixos A, B e C.
atmosferas de hidrogênio era muito difícil e
IIC similar ao NEC Grupo A e B
mesmo que se fabricasse o equipamento,
IIB similar ao NEC Grupo C.
ele era muito caro. Assim, não era lógico,
IIA similar ao NEC Grupo D.
sob o ponto de vista de engenharia, exigir
que o equipamento à prova de explosão
para uso em local com vapores de
Tab. 2.1. Comparação dos Grupos de Gases
gasolina também fosse seguro para uso
Europa (IEC) e EUA (NEC)
em atmosfera de hidrogênio. Esta não
necessidade aumentaria os custos do
Gás Típico Grupo Grupo
equipamento e poderia tornar impossível a (EUA) (Europa)
construção de alguns tipos de D I
Metano
equipamentos. Até hoje, por exemplo, não
há motores classificados para uso em Propano D IIA
atmosferas de acetileno e de hidrogênio. Etileno C IIB
A solução foi dividir os locais perigosos
de Classe I em grupos, com cada grupo Hidrogênio B IIC
contendo materiais com características

3.7
Classificação de Áreas
Acetileno A (IIC) área contendo um material desconhecido e
não listado ou desconhecido? Há várias
publicações da NFPA com listas de
Grupos da Classe I produtos:
Em 1937, o NEC definiu os seguintes NFPA 49 que fornece as informações
grupos: relacionadas com os perigos de explosão e
1. Grupo A: atmosferas contendo fogo, perigo de vida, proteção pessoal e
acetileno. combate a incêndio.
2. Grupo B: atmosferas contendo NFPA 325 inclui informação acerca do
hidrogênio ou gases com perigo ponto de fulgor, temperatura de ignição,
equivalente. limites de flamabilidade, densidade do
3. Grupo C: atmosferas contendo éter vapor, densidade relativa, ponto de
etílico. ebulição, métodos de extinguir o fogo e a
4. Grupo D: atmosferas contendo identificação do perigo.
gasolina, nafta, petróleo, álcoois, NFPA 497 informa a identificação dos
acetona, gás natural. grupos e a temperatura de ignição.
Na edição de 1968, o NEC expandiu os A determinação dos grupos
grupos: apropriados dentro da Classe I se baseia
1. Grupo A: atmosferas contendo em três critérios:
acetileno. 1. máximo espaçamento seguro
2. Grupo B: atmosferas contendo experimental (MESG)
hidrogênio ou gases com perigo 2. pressão de explosão
equivalente. 3. temperatura de ignição
3. Grupo C: atmosferas contendo éter MESG (Máximo Espaçamento Seguro
etílico, etileno e ciclopropano.
Experimental)
4. Grupo D: atmosferas contendo
gasolina, nafta, petróleo, álcoois, Sabe-se desde antes do uso comercial
acetona, gás natural, hexano, da eletricidade, que a ignição de uma
benzina, butano, propano, benzol. atmosfera flamável pode ser evitada pela
A edição de 1971 do NEC acrescentou separação entre a atmosfera flamável não
mais materiais nos grupos B, C e D. A queimada e a fonte de ignição por uma
edição de 1981 do NEC identificava cerca tela ou material perfurado com aberturas
de 45 diferentes materiais no Grupo D. Por muito pequenas. Este princípio foi usado
causa da expansão contínua dos materiais, em operação nas minas, onde o gás
a edição de 1984 voltou a especificar metano é um perigo constante. Os
somente os grupos principais dos produtos mineiros portam lanternas, em que a fonte
químicos, como era feito no passado. de iluminação é uma chama, em
Atualmente, os gases constituintes dos atmosferas com gases flamáveis. A chama
grupos da Classe I estão listados na não causa ignição da mistura gasosa
Tab.2.2. circundante por que ela é cercada por uma
Com relação a classificação do NEC, e tela metálica fina. Este é o princípio da
dentro da Classe I, o perigo maior se lâmpada de Davy, inventada em 1815, por
refere ao grupo A e o menor se relaciona Humphry Davy. Esta lâmpada serve
com o grupo D. Como conseqüência, um também para detectar a presença de uma
instrumento classificado para uso em atmosfera flamável, pois o gás dentro da
grupo A certamente pode ser usado nos lâmpada próxima da chama entra em
grupos C e D e um equipamento para o ignição, criando uma chama mais
grupo C pode ser usado em local de grupo alongada quando há metano.
D mas não pode ser usado nos grupos B e Foram feitas pesquisas para determinar
A. Equipamento para o Grupo A não a dimensão da máxima abertura que
necessariamente pode ser usado no Grupo impedisse a propagação da chama de um
B. lado para outro, tendo-se uma mistura
Uma questão que se coloca perigosa de um lado e uma fonte de
freqüentemente é: como classificar uma ignição de outro. Este princípio foi usado,

3.8
Classificação de Áreas
quando se introduziu a eletricidade dentro chama). Além deste processo de
das minas, em invólucros de equipamentos resfriamento, há outros fenômenos de
elétricos, como motores, comutadores e mistura e ejeção em alta velocidade. Estes
chaves, de modo que as aberturas nos processos complicados tornam difícil a
invólucros para os eixos rotativos dos determinação do MESG para um
motores fossem pequenas. Deste modo, determinado material flamável. Na
pequenas aberturas entre as superfícies determinação do MESG devem ser
apresentam uma trajetória que impede a considerados os seguintes parâmetros:
propagação de uma explosão do interior 1. tamanho e formato do
para fora, mesmo que haja mistura espaçamento,
perigosa próxima do invólucro. 2. pressão forçando a ejeção do
Esta trajetória, conhecida como material,
caminho da chama, foi sujeita a muita 3. duração da ejeção dos gases
pesquisa, no esforço para determinar quentes,
como ela pode ser determinada, 4. temperatura do gás quente
baseando-se nas propriedades químicas e ejetados
de combustão do material flamável 5. grau de turbulência,
envolvido. Paralelamente, vários métodos 6. condutividade termal da mistura.
diferentes foram desenvolvidos para
determinar este espaçamento seguro entre
superfícies para testes de explosões. Este
intervalo assim determinado é conhecido
como MESG (maximum experimental safe
gap).

Fig. 3.1. Lâmpada de Davy (Koehler Mfg. Co.)

No invólucro à prova de explosão é


assumido que a mistura flamável entre no
interior do invólucro, através de folgas
entre eixos e outras aberturas. Além do
invólucro robusto suportar a provável
explosão interna (prova de explosão), ele
esfria a chama ou os gases quentes que
vão para a atmosfera perigosa externa
para uma temperatura segura (prova de

3.9
Classificação de Áreas
Tab. 2.2. - Grupos da Classe I 24. hexano
25. isopreno
Grupo A ou Grupo IIC (1 gás) 26. metano
1. Acetileno 27. metanol
28. metil etil cetona
Grupo B ou Grupo IIC (6 gases) 29. metil isobutil cetona
1. Acrolein (inibido) 30. 3-metil-1-butanol (álcool isoamil)
2. Butadieno 31. 2-metil-1-propanol (álcool isobutil)
3. Hidrogênio 32. 2-metil-2-propanol (álcool butil
4. Gases com >30% de H2 (por terciário)
volume) 33. nafta de petróleo
5. Óxido de propileno 34. octanos
6. Óxido de etileno 35. óxido mesitil
36. pentanos
Grupo C ou Grupo IIB (16 gases) 37. pentanol
1. acetaldeido 38. piridine
2. álcool alquil 39. propano
3. n-butil-aldeildo 40. 1-propanol
4. ciclopropano 41. 2-propanol
5. croto-aldeido 42. propileno
6. di-etil-amina 43. tolueno
7. dimetil hidrazine assimétrico 44. xileno
8. epiclorohidrin
9. éter dietil
10. etilenimina
11. etileno
12. monóxido de carbono
13. morfoline
14. 2-nitropropano
15. sulfeto de hidrogênio
16. tetrahidrofuran
Grupo D ou Grupo IIA (44 gases)
1. acido acético (glacial)
2. acetato etil
3. acetato vinil
4. n-acetato butil
5. acetato isobutil
6. acetona
7. acrilato etil
8. acrilonitrila
9. amônia
10. benzeno
11. butano
12. 1-butanol (álcool butílico)
13. 2-butanol (álcool butílico
secundário)
14. cloreto vinil
15. diamina etileno
16. dicloro etileno
17. di-isobutileno
18. estireno
19. etano
20. etanol (álcool etílico)
21. éter isopropílico
22. gasolina
23. heptano

3.10
Classificação de Áreas
A pressão forçando o jato para fora do conhecido como o Vaso de Teste de
invólucro através do espaçamento está Explosão de Westerberg.
relacionada com a composição da mistura
queimando no interior do invólucro,
formato do invólucro, volume do material, Pressão da Explosão
ponto e energia de ignição dentro do Depois das tentativas de classificação,
invólucro. ela é revista ainda, baseando-se nas
A duração se relaciona com o volume pressões de explosão registradas.
do material e sua taxa de queima. Em geral, verifica-se
O formato do jato dos gases quentes experimentalmente que os materiais tem
se relaciona com a configuração da junta maiores pressões de explosão e menores
nas condições de explosão. O MESG’s em condições turbulentas de teste
equipamento de teste projetado para do que sob condições quiescentes.
determinar o MESG é construído de modo Também se verifica que o MESG é
que o formato do espaçamento e a geralmente menor com a ignição próxima
distância entre as superfícies de encaixe ao espaçamento e que a pressão de
não se alterem como resultado da explosão é muito maior com a ignição no
explosão. Esta condição é improvável de fim do comprimento da tubulação.
se ter, na prática. Mesmo invólucros Este fenômeno de maior pressão de
pesados de ferro fundido com juntas explosão com um comprimento de tubo,
planas aparafusadas alteram a forma representando um conduite rígido, é
durante o processo dinâmico de uma conhecido como propagação de pressão
explosão dentro do invólucro. (pressure piling). Ela pode ser atribuída à
Quanto maior a pressão para um dado pre-pressurização da mistura não
invólucro, maior é o espaçamento entre os queimada adiante da frente de onda da
parafusos. Assim, mesmo que o chama móvel, embora isso seja algo muito
espaçamento seja menor que o MESG simplificado.
medido com um apalpador, ele pode ser Alguns materiais exibem a
muito maior nas condições reais de característica de propagação de pressão
explosão e permitir assim a propagação da em grau maior que outros. Estes materiais
explosão de dentro do invólucro para o possuem uma dupla classificação: para
exterior. uso normal e para uso onde há a
possibilidade de haver propagação da
pressão (invólucro ligado a conduite
longo). Por exemplo, o butadieno tem um
MESG de 0,787 mm, grupo D, para
aplicações comuns. Porém, em aplicação
com propagação de pressão, ele é
classificado como grupo C (mais perigoso).
Outros materiais com dupla
classificação são: óxido de etileno, óxido
de propileno e acroleína, que pertencem
ao grupo C (normal) e grupo B (com
propagação de pressão).
Embora o hidrogênio e o acetileno
tenham o mesmo MESG, o acetileno
Fig. 3.1. Vaso de teste de explosão Westerberg (UL) produz uma maior pressão de explosão e
por isso possui o próprio grupo A. O
hidrogênio pertence ao grupo B, (menos
O método usado para classificação de perigoso que A).
materiais de Classe I em grupos pelo NEC Temperatura de Ignição
e NFPA é o desenvolvido pelo Underwriter
A temperatura de ignição de um gás ou
Laboratories Inc. e descrito, em detalhes,
vapor flamável é crítica na determinação
na procedimento UL 58. O equipamento é
da aceitação do equipamento que opera

3.11
Classificação de Áreas
em temperatura de superfície externa conhecida. Uma quantidade de material,
relativamente alta, como em aquecedores cuidadosamente medida, é injetada no
e motores. O equipamento à prova de vaso de teste. Se não ocorrer ignição, a
explosão é projetado para conter uma temperatura do vaso é aumentada e o
explosão evitar a propagação da explosão teste é repetido. O teste é também
para a atmosfera externa. Mas, se a repetido usando-se várias concentrações
superfície externa do invólucro à prova de até se encontrar a mais baixa temperatura
explosão está a uma temperatura acima da de ignição para determinada concentração.
temperatura de ignição da mistura do gás O aumento do volume do vaso de
ou vapor, a superfície externa funciona teste normalmente resulta em uma
como uma fonte de ignição em si, diminuição da temperatura de ignição
eliminando o objetivo de proteção do observada. A mudança do formato do vaso
invólucro. (relação entre superfície e volume) afeta a
Altas temperaturas de superfície temperatura observada. O material do
externa podem ser criada pela operação vaso também a temperatura de ignição. O
normal do equipamento elétrico, como uma vidro de boro-silicato resulta na menor
lâmpada incandescente em uma luminária temperatura de ignição.
ou pela operação anormal do Como os testes são projetados para
equipamento, como a superfície de um aquecer a mistura flamável inteira em sua
motor quando o rotor fica bloqueado ou concentração mais facilmente ignitável, há
por causa de uma condição de falha, como um fator de segurança. Na maioria das
o arco voltaico de uma chave. instalações com equipamentos elétricos, a
Por definição, a temperatura de ignição mistura flamável será aquecida quando em
de uma substância, se sólida, líquida ou contato com a superfície quente e a
gasosa, é a temperatura mínima requerida turbulência resultante na superfície impede
para iniciar ou causar uma combustão que a mistura flamável nunca fique à
auto-sustentada, independente do mesma temperatura da superfície.
elemento de aquecimento ou aquecido. Ele Quando a mistura flamável estiver em
é também chamada, mais corretamente, uma câmara fechada aquecida, como um
de temperatura de auto-ignição ou forno de secagem, que tem volume muito
temperatura de ignição aparente (NFPA maior que o do vaso de teste, a ignição
325M). pode ocorrer em temperatura menor que a
As temperaturas de ignição observadas registrada.
em um conjunto de condições podem Antes de 1971, a temperatura de
variar muito, em função de mudança das ignição do material flamável era parte do
condições, incluindo o método de teste. processo de classificação do grupo. Os
Por isso, a temperatura de ignição deve equipamentos projetados para locais de
ser usada somente como aproximação. Grupo A, B e D eram limitados a uma
Algumas das variáveis que afetam as temperatura de superfície máxima de 280
o
temperaturas de ignição são: C. O equipamento para uso em Grupo C
1. percentagem da composição da mistura era limitado a uma temperatura de
o
gás - ar ou vapor - ar, superfície externa de 180 C, que, na
2. formato e tamanho do espaço onde época era a temperatura de ignição do éter
ocorre a ignição, etílico. Testes posteriores indicaram uma
3. taxa e duração do aquecimento, temperatura de ignição do éter etílico de
o
4. tipo e temperatura da fonte de ignição, 160 C. Assim, um novo material sendo
5. efeito catalítico dos materiais presentes, investigado para classificação e
6. concentração de oxigênio. classificado no Grupo D por causa da
A maioria dos dados encontrados nas pressão de explosão e MESG, deve ser
várias publicações para a determinação da classificado no Grupo C se a temperatura
o
temperatura de ignição foram obtidos do de ignição for menor que 280 C. Material
procedimento padrão: ASTM E659. com temperatura de ignição menor que
o
O método do teste envolve um frasco 180 C não precisa ser classificado; por
de vidro de boro silicato, aquecido em um exemplo, o bi-sulfeto de carbono, com
o
invólucro fechado até uma temperatura temperatura de ignição igual a 90 C.

3.12
Classificação de Áreas
Este problema foi entendido e o NEC, a magnésio e suas ligas comerciais e
partir de 1971, deixou de incluir a outras metais com características
temperatura de ignição do material como similares de perigo, tendo a
critério de classificação de grupo. Passou- resistividade menor ou igual a 102
se a ter uma classificação de temperatura Ω.cm.
do equipamento elétrico, onde a 2. Grupo F: atmosferas contendo pó
temperatura máxima da superfície de de coque, carvão ou negro de
algum componente ou superfície deve ser fumo, tendo mais de 8% de material
marcada. Um equipamento elétrico não volátil ou atmosferas contendo
pode ser usado em um local onde a estes pós misturados com outros
temperatura de ignição da mistura flamável materiais, tendo resistividade maior
seja menor que a sua temperatura da do que 102 Ω.cm mas igual ou
superfície externa. menor do que 108 Ω.cm.
3. Grupo G: atmosferas contendo pós
Grupos da Classe II
agrícolas ou pós químicos e
As normas do IEC não estabelecem plásticos combustíveis, tendo uma
grupo para as classes II e III. resistividade maior do que 108
As normas americanas dividiram os Ω.cm.
locais de Classe II em três grupos. Os A edição de 1984 do NEC eliminou o
critérios para agrupar os gases da Classe I Grupo F e alterou a descrição dos grupos
se baseavam na pressão da explosão, E e G:
temperatura de ignição e espaçamento 1. Grupo E: atmosferas contendo
seguro; os critérios para agrupar os pós da qualquer pó metálico combustível,
Classe II se baseavam na resistividade independente da resistividade ou
elétrica, tamanhos do pó e no efeito termal qualquer outro pó combustível de
das camadas de pó nos equipamentos característica de perigo similar
elétricos. Originalmente, o agrupamento tendo resistividade menor do que
dos pós se baseava na temperatura de 105 Ω.cm.
ignição da camada de pó, mas este 2. Grupo G: atmosferas contendo
conceito está sendo gradualmente qualquer pó combustível, com
abandonado. resistividade maior ou igual a 105
Os grupos dos pós, pelas normas Ω.cm.
americanas, foram estabelecidos pelas Na edição de 1987 do NEC o grupo F
condutividades térmica e elétrica dos pós. foi reinstalado com a mesma definição de
Deve-se tomar maior cuidado com o pó 1981, mas as definições de 1987
metálico pois ele é duplamente perigoso: continuaram válidas. Espera-se que a
porque é flamável e combustível e porque edição de 1990 do NEC ajuste as
é eletricamente condutor. definições dos grupos E e G com relação
A edição de 1937 do NEC dividiu a às resistividades, similares à edição de
Classe II nos seguintes grupos: 1981.
1. Grupo E: atmosferas contendo pó A intenção clara é a de classificar os
metálico. pós metálicos, condutores elétricos, no
2. Grupo F: atmosferas contendo pó grupo E e os pós químicos e plásticos,
de coque, carvão ou negro de isolantes elétricos, no grupo G. O
fumo. pensamento era o de eliminar o Grupo F,
3. Grupo G: atmosferas contendo pó dividindo os pós nos grupos E e G,
em grãos. baseando-se em suas resistividades
Estes grupos permaneceram elétricas e tomando como linha divisória a
essencialmente os mesmos, exceto pela resistividade de 105 Ω.cm. Os pós de
adição dos limites de resistividade e dos carvão seriam incluídos no Grupo G, por
pós químicos e de plásticos. causa de sua resistividade ser maior que
A edição de 1981 do NEC dividiu a
105 Ω.cm. Porém, descobriu-se nos EUA,
Classe II nos seguintes grupos:
pós de carvão com resistividade menor
1. Grupo E: atmosferas contendo pó
que
metálico, incluindo alumínio,

3.13
Classificação de Áreas
105 Ω.cm, que deveriam pertencer ao
Grupo E. O melhor, então, foi conservar os Grupo E Pós metálicos: alumínio, magnésio,
pós de carbono no original Grupo F. titânio e suas ligas metálicas
Os pós de zircônio, tório e urânio não Grupo F Pós carbonáceos: carbono coloidal,
são classificados como perigosos, porque carvão, negro de fumo, coque.
eles possuem uma baixa temperatura de Grupo G Pós agrícolas: polvilho, fécula, pó de
ignição (cerca de 20 oC) e muito baixa grãos, pós químicos e plásticos.
energia mínima de ignição.
Há dois critérios básicos para
classificar um pó em um de seus três Para obter informação acerca de
grupos: o tipo do material (o mais materiais desconhecidos há as seguintes
importante) e a sua resistividade elétrica. publicações:
Tradicionalmente, os pós metálicos tem NFPA 497M, que fornece informação
sido classificados no Grupo E, porque acerca da temperatura mínima para
apresentam dois problemas: provocar a ignição de camada deposta ou
1. eles são mecanicamente abrasivos. de nuvem de uma grande variedade de
Se eles entram em rolamentos pós.
mecânicos, o aquecimento O Bureau of Mines possui várias
resultante pode provocar ignição na publicações sobre o assunto: RI 5753, RI
camada de pó do lado externo e se 6516, RI 6597, RI 7132, RI 7208.
este rolamento é parte de um
equipamento elétrico, pode haver 3.3. Divisão - Zona
ignição ou explosão,
2. eles são eletricamente condutores. O NEC usa o termo Divisão,
Se eles entram em caixas contendo equivalente ao termo Zona, usado nas
partes descobertas com tensão, normas internacionais, brasileiras e
eles podem provocar curto circuito européias.
entre estas partes, provocando A divisão ou zona de uma área
ignição ou explosão. expressa a probabilidade relativa do
Os pós agrícolas e de alimentos, a material perigoso estar presente no ar
maioria dos pós químicos e os pós ambiente, formando uma mistura em
plásticos são pouco abrasivos e concentração perigosa e provável de
praticamente são isolantes elétricos. provocar uma explosão ou incêndio. A
Os pós do carbono são materiais com probabilidade varia de zero (local seguro)
resistividade elétrica media. Experiências até 1 (local onde a presença é certa e
em minas de carvão mostram que tensões contínua, como no interior de um tanque
menores de 600 V não apresentam contendo líquido volátil).
problemas; os problemas ocorrem com Do ponto de vista de engenharia,
tensões acima de 600 V. maiores precauções são necessárias se
Nos locais de Classe II os pós podem um particular conjunto de circunstancias é
estar suspensos no ar em uma nuvem ou provável de acontecer, tal como a
em uma camada depositada no presença de uma mistura flamável dentro
equipamento elétrico. Os dados publicados dos limites de explosividade e menores
indicam que a temperatura da superfície precauções são necessárias se é
quente necessária para causar ignição de improvável acontecer uma mistura
uma camada de pó é quase sempre menor perigosa. Esta é a razão de dividir os
que a temperatura requerida para queimar locais em duas ou três divisões.
uma nuvem de pó. Neste aspecto, as divergências entre
Atualmente, os grupos da Classe II as normas americana e européia são
são: maiores. As normas americanas definem
duas divisões: Divisão 1 e Divisão 2. As
normas brasileiras e européias se referem
a três divisões: Zonas 0, 1 e 2.

3.14
Classificação de Áreas
Divisão 1/Zona 1 mais o já difícil problema de diferenciar
Local onde é alta a probabilidade Divisão 1 da Divisão 2.
relativa de ocorrer alguma das seguintes
Divisão 2/Zona 2
situações:
1. concentração perigosa existe Local onde é baixa, porém não nula, a
continuamente, intermitentemente probabilidade de existência de misturas de
ou periodicamente, em condições produtos explosivos ou flamáveis com o ar
normais de operação. ambiente. Mais detalhadamente definem-
2. concentração perigosa existe se como Divisão 2:
freqüentemente, por causa de 1. os locais perigosos onde líquidos
operações de reparo e voláteis e gases flamáveis são
manutenção. manipulados, usados ou
3. concentração perigosa existe por transportados, porém estão
causa de vazamentos freqüentes. confinados em sistema fechados e
4. falha do equipamento ou do dos quais podem escapar somente
processo ocorre freqüentemente e em caso da ruptura ou quebra
provoca simultaneamente acidental dos sistemas ou em caso
desprendimento de concentração da operação anormal do
perigosa dos gases e defeitos equipamento.
elétricos. 2. locais que não são considerados
Todas as situações se referem a perigosos porque e quando há
concentração perigosa de gases, ventilação forçada, mas há a
significando que esta concentração se probabilidade de falha de
situa entre os limites mínimo e máximo de equipamento de ventilação
explosividade ou flamabilidade. tornando o local perigoso.
Na Divisão 1 é provável haver a 3. as áreas adjacentes a Divisão 1,
presença de gases flamáveis mesmo sem ventilação positiva e com
durante a operação normal da planta. A garantia que não há falha no
probabilidade da presença de uma sistema de ventilação.
atmosfera perigosa na Divisão 1 é A área de Divisão 2 é perigosa apenas
relativamente elevada e, na prática, é em situações anormais da planta, quando
considerada igual a 1. A divisão 1 é a área há acidentes, falhas de equipamentos,
de maior perigo, pela classificação das vazamentos de tanques, ruptura de discos,
normas americanas. corrosão entre flanges.
A Divisão 2 pode ser a área que separa
Zona 0 a Divisão 1 de áreas seguras. A Divisão 2
Nas normas européias, existe uma é uma área mais segura que a Divisão 1,
mais perigosa ainda: Zona 0, que é porém, é ainda um local perigoso,
definida como o local onde a presença da classificado. A probabilidade de ocorrer
mistura perigosa é constante e é igual a condições de perigo é pequena, quando
100%. Exemplos de Zona 0 são o interior comparada a probabilidade da Divisão 1,
de um tanque cheio de gás ou o espaço porém não é zero.
cheio de vapor dentro de um tanque com Outra característica da Divisão 2 é a
líquido volátil. curta duração da presença do gás
O principal argumento a favor do uso perigoso, que já é pouco provável.
da Zona 0 é que se deve tomar Tipicamente, em uma planta
precauções especiais em lugares onde a petroquímica e refinaria de petróleo, 90%
probabilidade de perigo é constantemente das áreas classificadas são Divisão 2.
elevada. As normas americanas não As eqüivalências são as seguintes: a
aceitam o conceito de Zona 0. O maior Divisão 1 equivale a soma das Zona 0 e
argumento contra o uso da Zona 0 é a falta Zona 1; a Divisão 2 é igual à Zona 2.
de demonstração prática da utilidade Algumas companhias individuais tem
dessa nova divisão, que complica ainda definido arbitrariamente e para seu uso
locais de Divisão 3, que estão além da

3.15
Classificação de Áreas
Divisão 2 e a única exigência básica é para 4. Classificação da Área
o uso de equipamento fechado.

3.4. Enfoque Quantitativo 4.1. Responsabilidade


Pelo fato de não serem quantificáveis, Classificar uma área industrial, onde se
as expressões frequentemente, manipulam gases, vapores, líquidos
periodicamente, muito provável, pouco voláteis, pós e fibras flamáveis, como já
provável e outras semelhantes, são aceitas visto, é lhe atribuir Classe, Grupo e Zona.
com pouca satisfação. Elas parecem Uma área segura é um local não
vagas e de pouca confiabilidade. Há uma classificado como Zona 0, 1 ou 2.
tendência de se adotar números para a A responsabilidade da classificação das
classificação das áreas perigosas. áreas perigosas de uma indústria é
Há, por exemplo, a seguinte exclusiva do usuário, embora haja
proposição: influência de autoridades governamentais
competentes, companhias de seguro,
Local Probabilidade Horas/Ano laboratórios de aprovação e certificação de
Zona 0 0,1 a 1,0 Acima de 1000 equipamentos, firmas de engenharia
Zona 1 0,001 a 0,1 10 a 1000 especializadas e outros. A
Zona 2 0,000 01 a 0,001 0,1 a 10 responsabilidade da classificação é do
Seguro Menor que 0,000 01 Menor que 0,1
usuário, porque ele é o único responsável
pelas modificações do projeto, pela
Sugestões mais tolerantes seriam:
manutenção dos equipamentos e pela
Local Probabilidade Horas/Ano armazenagem dos produtos e matérias
Zona 0 Maior que 0,01 Acima de 100 primas.
Zona 1 0,001 a 0,01 10 a 100 Quando se estabelece a classificação
Zona 2 0,0001 a 0,001 1 a 10 de área de uma planta, devem ser
Seguro Menor que 0,0001 Menor que 1 conhecidas e disponíveis:
1. as propriedades e as condições dos
materiais do processo a serem
Teoricamente esse procedimento de manipulados, armazenados,
atribuir números a classificação de áreas processados ou envolvidos,
parece mais operacional e exato, mas, na 2. seus volumes e
prática, é também vago. Inicialmente, nem 3. as disposições dos equipamentos e
há consenso de qual número é aceitável e 4. as possibilidades de escape e
seguro. Depois, o número é pouco vazamento do material flamável.
significativo e difícil de ser determinado A experiência prática com relação às
experimentalmente ou teoricamente. E condições prováveis durante a partida e na
finalmente, o número não é crucial. Em condição de operação normal da planta
segurança industrial o importante é se deve ser obtida, onde possível, do pessoal
conseguir uma uniformidade de de operação de plantas existentes de tipo
entendimento na designação da Divisão, similar. A informação prévia associada
depois de se ter assimilado os conceitos com o conhecimento do projeto e dos
fundamentais da classificação e das detalhes de construção da planta, a
técnicas alternativas de proteção. ventilação proposta, drenagem, topografia
da planta e outros fatores relevantes
fornecem a base para a classificação.
Por causa da grande variedade de
materiais de processo e situações que
aparecem em qualquer ponto da planta,
não é possível fixar regras para
classificação de área. Só é possível
fornecer recomendações e princípios
gerais.

3.16
Classificação de Áreas
O grupo responsável pela classificação certificado e as precauções devem ser
de área deve garantir que a classificação tomadas para garantir que eles não podem
seja importante para a planta quando ela ser inadvertidamente usados.
for comissionada. O gerenciamento do Também pode ocorrer o contrário,
processo deve considerar as alterações quando se tem um maior risco de
temporárias na classificação de área que ocorrência de atmosferas flamáveis
podem ser necessárias durante o temporárias, de modo que deve-se tomar
comissionamento quando materiais precauções especiais, tais como ventilação
flamáveis estão sendo introduzidos na mecânica temporária ou, em caso extremo,
planta, principalmente quando estes o desligamento dos equipamentos
materiais podem causar uma classificação elétricos.
mais onerosa do que a permitida
inicialmente. 4.2. Parâmetros
A determinação da classificação de
Quando se classifica uma área
área durante o projeto e construção é
perigosa devem-se considerar vários
baseada no julgamento de como o
fatores, entre os quais se destacam:
processo e o equipamento são esperados
1. quantidade do material perigoso,
funcionar. A classificação de área deve,
2. natureza do gás e suas
portanto, ser revista em função da
características
experiência de operação, o mais rápido
3. topografia do local: depressões e
possível após a partida e, em qualquer
colinas
caso dentro de alguns meses,
4. direção do vento
principalmente se for evidente que o
5. grau de ventilação
processo ou equipamento estão operando
6. planta e localização da indústria:
de um modo diferente que o projetado
edifícios e interligação de unidades
como ideal.
7. histórico e acidentes na indústria
A revisão da classificação deve
específica ou, se a planta nova, o
também ocorrer antes de qualquer
histórico de plantas de mesmas
alteração da planta existente, do seu
características: mesmo processo,
método de operação ou da disposição ou
mesmo produto e mesmas
tipos de materiais flamáveis, para garantir
dimensões.
que tais alterações não levem a um perigo
8. conseqüências da explosão e do
de maior grau do que aquele para o qual a
incêndio e se estão envolvidas
área já está classificada. Se o grau de
vidas humanas.
perigo é alterado significativamente, as
Como a segurança final da planta está
áreas relevantes devem ser
associada diretamente com a classificação
reclassificadas.
de sua área, como há pouca realimentação
Uma revisão similar deve ser feita
nesse campo, como os dados disponíveis
anualmente para verificar se a
possuem grandes desvios e
classificação de área está sendo afetada
principalmente, por motivos psicológicos, a
pela deterioração de desempenho do
tendência natural e humana é classificar
equipamento de processo ou por outras
uma área com maior rigor que o
alterações.
necessário. Como a classificação da área
Sob certas condições de desligamento
vai determinar o tipo de segurança a ser
(shutdown) ou outras condições especiais,
exigido dos instrumentos e dos métodos
pode não haver risco da ocorrência de
de manutenção, o exagero não justificado
uma atmosfera flamável durante um
tecnicamente da área acarreta uma série
período temporário. Se isto pode ser
de desvantagens ao usuário. A pior
garantido pela autoridade responsável (e
penalidade está relacionada diretamente
deve haver um certificado documentado
com os altos gastos adicionais na compra
para este efeito), é permissível o uso
e a restritiva manutenção futura dos
temporário de equipamentos elétricos sem
equipamentos.
proteção adicional. Tais equipamentos e
A classificação das áreas perigosas em
todas as ligações temporárias devem ser
uma planta é uma tarefa difícil. Não há
retirados da área antes de expirar o

3.17
Classificação de Áreas
números exatos. Porém, existem algumas pesados não sobem; os gases
recomendações para a classificação, onde pesados são detectados apenas ao
são ressaltados os seguintes tópicos: nível do chão.
1. o conhecimento das propriedades 2. Os gases leves tendem a subir e a
dos materiais e produtos do se acumular próximos aos
processo, relacionadas com a sua eventuais tetos. Os gases leves
flamabilidade: densidade do líquido, podem ser detectados, inclusive,
densidade do vapor ou do gás, pelo nariz humano. A toxicidade e
ponto notáveis de ebulição, irritância dos líquidos flamáveis,
sublimação e temperatura de com os vapores menos pesados
ignição. O ponto de partida é a que o ar, podem ser consideradas
Classe - Grupo. para a determinação da Zona -
2. o conhecimento dos dados de Divisão do local. O local que exige
processo: diagramas P & I (Piping & o uso de máscaras para o pessoal
Instruments), locais de que trabalha no local é certamente
armazenamento, pontos potenciais um lugar de Zona - Divisão 1.
de vazamento e escapamento de 3. Uma brisa leve pode ser portadora
produto, locais dos equipamentos de grande quantidade de gases a
críticos, como dos reatores, das grandes distâncias, tornando toda a
colunas de destilação, das torres de área perigosa. Porém, um vento
resfriamento e dos compressores. muito forte serve para dispersar o
Nas tubulações, os locais gás, eliminando o perigo.
propensos a liberar material são: Tipicamente, vento com velocidade
conexões das válvulas de controle, superior a 0,25 m/s já é
pontos de tomada de amostra, considerado suficiente para dissipar
tomadas dos elementos sensores, o perigo.
suspiros, drenos, válvulas de alivio, 4. Uma área pode ser contaminada
flanges e sensores de vazão. por produtos flamáveis produzidos
3. conhecimento das condições em outros locais. Os conduites e os
ambientais e de contorno do cabos podem servir como dutos
processo e das instalações: para transportar gases flamáveis a
elevação e depressão, ventilação grandes distâncias. A contaminação
natural e forçada, direção do vento é evitada com o uso de filtros e
mais comum, umidade, temperatura selos.
ambiente e corrosão do meio 5. Na maioria dos casos e exceto nos
ambiente. sistemas com purga, a classificação
4. estabelecimento da Zona - Divisão da área é a mesma do interior do
do local, tomando-se como base o instrumento de campo.
local das fontes de desprendimento 6. Os gases flamáveis liberados de
de materiais flamáveis e explosivos. vasos pressurizados ou contendo
A classificação para atribuição de líquidos voláteis produzem volumes
Divisão pode se basear em de gases na atmosfera muito
diagramas geométricos, curvas e maiores que o volume do recipiente
ábacos da literatura técnica e pressurizado ou o volume do líquido
cálculos teóricos diretos. que os formou.
Algumas idéias elementares e 7. É muito fácil e freqüente se adquirir
conhecidos conceitos de segurança devem um conceito exagerado do que seja
ser considerados e associados, para se Zona - Divisão 1. A maioria das
garantir uma classificação criteriosa e instalações petroquímicas e de
profissional. Eis algumas lembranças: refinarias de petróleo é constituída
1. os gases e os vapores mais de uma multiplicidade de áreas de
pesados que o ar se difundem Zona - Divisão 1, porém de
pouco, ficando próximos dos locais tamanhos extremamente pequenos
de liberação. Não existem em e limitados. Tipicamente, são Zona
lugares elevados, pois os gases - Divisão 1 apenas os espaços

3.18
Classificação de Áreas
compreendidos num raio de 0,5m A classificação de área não é uma
próximos aos vasos, tanques e ciência exata e inevitavelmente se baseia
torres de resfriamento que contém em um certo grau de experiência e de
material flamável, facilmente julgamento subjetivo. Isto é mais
vazado. facilmente aparente no método
8. Uma área de Divisão 2 geralmente generalizado de classificação de área.
limita uma Divisão 1 com área Há dois métodos básicos para
segura. Os arredores de bombas, classificar as áreas da indústria:
válvulas de controle, flanges de 1. Método das fontes de perigo
tubulações são considerados 2. Método generalizado.
Divisão 2, desde que sejam bem Os dois métodos de classificação
ventilados. possuem alguns pontos em comum, pois
9. As bombas que freqüentemente ambos procuram:
apresentam falhas de selagem, por 1. identificar as partes da planta em que o
causa de condições adversas de perigo existe, incluindo, onde
operação ou do meio ambiente já apropriado, o interior do equipamento
exigem a classificação de Divisão 1 do processo, como o espaço de vapor
em suas proximidades. em tanques e vasos,
2. estabelecer a severidade dos perigos
4.3. Métodos de Classificação identificados, estabelecendo a
classificação zonal apropriada em sua
Em toda planta, deve haver a
vizinhança,
classificação de área, onde se divide a
3. delinear os limites destas zonas.
planta em zonas de acordo com o risco
A diferença básica entre os dois
progressivamente decrescente de
métodos está na exatidão do enfoque. O
ocorrência de uma atmosfera flamável e
método mais recente e difundido
em áreas não - perigosas, onde este risco
atualmente, se baseia na fonte de perigo e
é inexistente ou desprezível.
no estabelecimento quantitativo do risco
As plantas onde os materiais flamáveis
resulta em uma classificação mais precisa
não são manipulados não apresentam
e por isso deve ser o preferido.
nenhum risco e elas são classificadas
evidentemente como não perigosas, mas
4.4. Método da fonte de perigo
este status deve ser formalmente
estabelecido. Uma fonte de perigo é definida como
Em plantas onde há manipulação de qualquer ponto do qual pode se
líquidos flamáveis, deve-se garantir que desprender material flamável capaz de
1. a temperatura do líquido não criar uma atmosfera flamável.
ultrapasse seu ponto de fulgor. Isto O método de classificação através
é conseguido através de cuidados fonte de perigo tem o duplo objetivo de
relativos às causas prováveis do 1. reduzir o grau de julgamento arbitrário e
aquecimento do líquido, como 2. produzir um resultado significativo em
processo, ambiente, solar ou termos práticos.
acesso acidental a superfícies Este método, diferente do
quentes. generalizado, que olha o risco potencial de
2. o risco de liberação do líquido sob grandes seções da planta, concentra a sua
pressão como uma mistura flamável atenção em cada item do equipamento do
seja desprezível. processo e, tendo identificado as fontes de
Todas as outras plantas devem ser perigo, faz uma graduação individualmente
classificadas em zonas, de acordo com o de acordo com o seu risco potencial. Para
grau de risco de ocorrência de uma se conseguir isso, são reconhecidas três
atmosfera flamável. fontes de perigo:
No estabelecimento da classificação de 1. fonte de risco contínuo
área de uma planta, a influência da 2. fonte de risco de grau primário
classificação de plantas adjacentes deve 3. fonte de risco de grau secundário
ser considerada.

3.19
Classificação de Áreas
Fonte de perigo 0 (contínua) operação, porém em menor quantidade
A fonte de perigo 0 ou de risco de grau que o indicado no item 1, tais como:
contínuo libera continuamente material • gaxetas de vedação, compressores,
flamável ou por longos períodos. Para misturadores sem vents
equipamento em uso contínuo, longos • gaxetas de vedação de válvulas de
períodos significa mais de 1000 horas/ano. controle, retenção e bloqueio
Exemplo de fonte de risco contínuo é o • respiros (vents) das válvulas de alívio
espaço contido de acima da superfície de e segurança e discos de ruptura
líquido flamável dentro de tanques de • respiros (vents) dos flares sem
armazenamento ou em vaso de processo queimador piloto permanentemente
acesos.
Fonte de perigo 1 (primário) 3. máquinas e equipamentos para
A fonte de perigo 1 ou de risco de grau transporte, manipulação ou
primário libera material flamável de modo armazenamento de substâncias
freqüente, ou mesmo se for infreqüente, flamáveis que podem liberar estas
pode persistir por um tempo considerável. substâncias durante as operações de
Para equipamento em uso contínuo, é controle ou manobra por um período
sugerido que o tempo considerável total entre 5 e 20 minutos a cada 24
significa entre 10 e 1000 horas/ano. A horas, tais como
liberação da substância flamável ocorre • bocas de visita e janelas de inspeção
em condições normais ou são causadas para acesso à parte interna de
por operações de reparo ou manutenção máquinas e recipientes fechados
freqüentes. Pode ainda ser causada por manualmente
rompimento ou falha no equipamento de • respiros (vents) abertos e drenos de
processo, que são causas anormais mas equipamentos de processo
previstas, onde aparece simultaneamente • pontos de coleta de amostra de
a mistura explosiva e a fonte de ignição gases ou líquidos voláteis flamáveis
o
elétrica. (ponto de fulgor abaixo de 21 C),
Exemplos de fontes de risco primário: sem dreno
1. equipamentos destinados ao transporte, • drenos de equipamentos de controle
manipulação ou armazenamento de de nível de líquidos voláteis
substâncias flamáveis, de onde há flamáveis.
liberação freqüente e em grande
quantidade destas substâncias para a Fonte de perigo 2 (secundário)
atmosfera, como A fonte de perigo 2 ou de risco de grau
• bocais de carregamento de secundário libera a substância flamável de
caminhões, tanques e navios para modo pouco freqüente e em períodos
carga e descarga ao ar livre, curtos. Para equipamento em uso
• dispositivos de descarga para a contínuo, é sugerido que a curta duração
atmosfera por período total de 20 significa menos que 10 horas/ano. A
minutos a cada 24 horas, liberação da substância flamável ocorre
• equipamentos abertos em condições anormais de operação ou
• respiros (vents) causadas por condições anormais e
• drenos previstas, mas com pouca freqüência ou
• tanques abertos com substâncias durante curtos períodos.
flamáveis Exemplos de fontes de risco de grau
• separadores secundário:
• equipamentos para carga e descarga 1. máquinas e equipamentos destinados
2. máquinas e equipamentos associados ao transporte, manipulação ou
para manipulação, transporte ou armazenamento de substâncias
armazenamento de substâncias flamáveis que podem liberar tais
flamáveis com probabilidade de substâncias somente em condições
liberação destas substâncias para a anormais mas previstas de operação
atmosfera, em condições normais de

3.20
Classificação de Áreas
dos dispositivos de vedação e Nestas circunstâncias, o método
segurança, tais como: generalizado é mais apropriado.
• visores de nível (LG) e vazão (FG) A classificação de área pelo método
• conexões de tubulações e de generalizado requer um julgamento a ser
instrumentos, como flanges, juntas feito, usualmente para grandes seções da
flexíveis e uniões planta (por isso o termo generalizado),
• gaxetas de vedação de bombas, atribuindo-se um perigo final alto (Zona 0
compressões e misturadores, com ou Zona 1) ou baixo (Zona 2). O
tubulação de segurança ou com julgamento é feito por referência a um
dispositivos de pressurização e conjunto de critérios arbitrários ou por
lavagem e vedações mecânicas do critérios totalmente subjetivos. Por causa
tipo sem vazamento disso, ele resulta em uma aplicação
• gaxetas de vedação de válvulas de aproximada de definições zonais. Os
operação manual em tubulação ou resultados obtidos da classificação da
dispositivo de segurança mesma área através dos dois métodos,
• gaxetas de vedação de válvula de fonte de perigo e generalizado, podem ser
controle na saída ou entrada de diferentes.
equipamento ou válvula que opere Os padrões de classificação do método
somente para bloqueio ou generalizado são os seguintes:
fechamento, no caso de avarias 1. uma Zona 1 é maior do que a ocupada
• selos mecânicos de máquinas ou de pelo equipamento do processo com
válvulas previstos sem perdas uma Zona 2 vizinha, separando-a de
2. máquinas e equipamentos para uma área não-perigosa.
transporte, manipulação ou 2. uma Zona 1 é maior do que a ocupada
armazenamento de substâncias pelo equipamento de processo e
flamáveis que podem ser liberadas limitada por uma linha sendo cercada
durante operações de controle ou por uma área não-perigosa.
manobra, por um período total de 5 3. uma Zona 2 é maior do que a ocupada
minutos em cada 24 horas, tais como pelo equipamento de processo e é
• portas para acesso aos internos de limitada por uma linha sendo cercada
máquinas e recipientes normalmente por uma área não-perigosa.
fechados Nos casos acima, pequenas Zonas 0
isoladas podem ser identificadas dentro de
• acessórios de tubulação de
uma Zona 1 ou 2.
drenagem de equipamentos de
O método generalizado geralmente
processo
resulta em maiores áreas de Zona 1, pois
• pontos de amostra de gases ou de
a tendência natural é atribuir uma
líquidos com ponto de fulgor menor
o classificação mais rigorosa, em caso de
que 21 C
dúvida. O método generalizado geralmente
• pontos de amostra de gases ou de
erra para o lado da segurança. A
líquidos com ponto de fulgor maior
o tendência comum do método generalizado
que 21 C sem dispositivo de
é a de classificar uma grande área como
drenagem
Zona 1, quando ela contém poucos pontos
• pontos de drenagem de condensado de alto risco de perigo. Outra tendência e a
e instrumentos de controle de de classificar toda a área como Zona 2,
líquidos. ignorando os pontos de perigo de alto
risco. O mais correto é classificar toda a
4.5. Método generalizado área como Zona 2, com poucas ilhas de
Quando não for possível identificar e Zona 1.
graduar as fontes de perigo em uma
planta, por causa da falta de dados
adequados, o método da fonte de perigo
não pode ser aplicado adequadamente.

3.21
Classificação de Áreas
4.6. Extensão de áreas em locais uma atmosfera flamável é capaz de se
bem ventilados mover antes de se dispersar e atingir uma
concentração menor que o seu limite
Uma situação bem ventilada é uma inferior de flamabilidade.
área ou edifício substancialmente aberto, Esta dispersão é afetada pela
onde há pequena ou nenhuma restrição 1. quantidade do escape
para a passagem natural do ar através 2. velocidade de escape
dela. Por exemplo, a carcaça de um 3. densidade do gás ou vapor
compressor com um grande ventilador no 4. taxas de difusão
teto e com os lados abertos para permitir a 5. correntes de ar de ventilação
livre passagem do ar através de todas as 6. características topográficas do local
partes do edifício é considerada como bem envolvido.
ventilada. Com gases ou vapores mais leves que
Considerações preliminares o ar, um escape em baixa velocidade irá
se dispersar muito rapidamente para cima
Com relação as condições afetando a em uma situação bem ventilada. Porém, a
formação de uma atmosfera flamável, os presença de um teto irá aumentar
seguintes pontos são importantes em inevitavelmente a área de dispersão sob
estabelecer o tamanho das áreas ele. Se o escape ocorre em alta velocidade
perigosas em todas as situações, bem em um jato livre, a ação do jato, embora
ventiladas ou não: entrando ar que dilui o gás, pode aumentar
1. misturas de gases ou vapores flamáveis a distância em que a mistura gás-ar
com ar são capazes de ignição somente permanece acima de seu limite mínimo de
dentro dos seus limites inferior e flamabilidade.
superior de flamabilidade, que variam Com gases ou vapores mais pesados
consideravelmente para os diferentes que o ar, um escape em baixa velocidade
materiais. Os limites de flamabilidade irá tender vazar para baixo e pode
das substâncias mais comuns são caminhar grandes distâncias sobre a terra
publicados na literatura técnica. antes de ser dispersado de modo seguro
2. a evolução do vapor de um material pela difusão atmosférica. Deve-se ter
flamável que é um líquido em atenção especial à topografia de qualquer
temperatura e pressão ambientes lugar sob consideração e também as áreas
normais é pequeno e, no evento do vizinhas, para determinar onde os gases
escape sob estas condições, a ou vapores podem ficar acumulados em
atmosfera flamável resultante é limitada buracos ou descer para níveis mais baixos.
a uma pequena área tem torno da Se o escape é em alta velocidade em um
superfície do líquido. Se, porém, o jato livre, a ação da mistura do jato pela
material que é líquido à temperatura e entrada de ar pode reduzir a concentração
pressão ambientes normais é aquecido da mistura a níveis mais baixos que o
acima de seu ponto de ebulição inicial, limites inferior de flamabilidade em uma
então o vapor irá flachear em grande distância muito mais curta em comparação
quantidade se houver um escape para a com o escape de baixa velocidade.
atmosfera. Quanto maior a temperatura, Em muitas situações da planta, um
maior o flacheamento; podendo chegar escape que começa com jato de alta
a 100%. velocidade pode bater em um obstrução,
3. De modo análogo, com gases flamáveis de modo que a energia cinética do jato é
liqüefeitos, a quantidade de vapor que dissipada e a dispersão ocorre
flacheia de um escape para a atmosfera simplesmente por difusão, como no caso
é sempre grande. O vapor resultante é de um escape de baixa velocidade.
frio e a tendência é compartilhar com A dispersão de gás ou vapor em uma
muitos outros vapores do líquido para atmosfera aumenta com a velocidade do
cair e se esparramar, pois eles são mais vento mas há uma velocidade mínima de 5
pesados que o ar. a 8 km/h requerida para iniciar uma
A dimensão da área perigosa depende difusão turbulenta. Abaixo deste limite,
da distância estimada ou calculada que ocorre a formação de camada de gás ou

3.22
Classificação de Áreas
vapor e a distância para a dispersão Zona 1. Exemplo de área mal ventilada é
segura é muito aumentada. As velocidades um buraco ou bandeja de cabos.
do vento geralmente são maiores que esta Depressões rasas e largas, como as
velocidade de 8 km/h mas em áreas vizinhas de tanque ou conjunto de bombas
fechadas ou engavetadas por grandes não exigem esse tratamento rigoroso de
vasos ou estruturas, a velocidade do ar consideração de Zona 1.
pode ficar muito abaixo de 5 km/h. Nestas
áreas, porém, a obstrução do movimento Método da fonte de perigo
do ar pelos equipamentos tende a manter Em situações bem ventiladas, as
a turbulência, mesmo em baixas seguintes regras determinam a extensão
velocidades do ar. das áreas classificada em torno de
Deve-se ter muito cuidado e ter diferentes graus de fontes de perigo:
conhecimentos especializados e
Fonte de perigo 0
experimentais para se estabelecer a área
Para liberação de produto flamável no
de dispersão do gás ou vapor antes da
modo de fonte de perigo 0, a Zona 0 se
diluição ficar abaixo de limite inferior de
estende da fonte até o limite em que se
flamabilidade. Quando não se tiver esta
julga que a atmosfera flamável tenha
experiência para determinar o tamanho da
concentração abaixo de seu limite mínimo
área ou se os dados não estiverem
de flamabilidade. Além desta linha, se
disponíveis para se fazer cálculos
aplicável, há uma Zona 1 ou 2 se
confiáveis, deve-se fazer testes
estendendo até outro limite, definido de
experimentais com detetores portáteis de
modo similar mas fornecendo o que é
gás. Tais testes devem ser feitos,
exigido pela liberação no modo de fonte de
variando-se os parâmetros de velocidade e
perigo 1 ou fonte de perigo 2.
direção do vento, topografia, tipos de
A área não perigosa começa no limite
gases. Os testes devem cobrir as
da Zona 1 ou 2, exceto nos casos raros
condições mais desfavoráveis possíveis.
onde nenhuma Zona 1 ou 2 é considerada
As dimensões de áreas de perigo
necessária e ela começa na Zona 0.
resultante de pequenos vazamentos em
situações bem ventiladas não devem ser Fonte de perigo 1
exageradas. Por exemplo, onde um selo Para liberação de produto flamável no
de bomba deve ser molhado para operar, modo de fonte de perigo 1, a Zona 1 se
isto significa que sempre há um pequeno estende da fonte até o limite em que se
vazamento, mas ele é normalmente tão julga que a atmosfera flamável tenha
pequeno que o perigo é desprezível. Vapor concentração abaixo de seu limite mínimo
de gotas de líquido volátil é improvável de de flamabilidade. Além desta linha, se
causar uma atmosfera flamável além de aplicável, haverá uma Zona 2 se
0,3 metro do vazamento. estendendo até outro limite, definido de
Vazamento que pode causar um perigo modo similar mas fornecendo o que é
significativo deveria ter uma vazão exigido pela liberação no modo de fonte de
contínua de líquido volátil e em uma planta perigo 2.
bem supervisionada, ele seria detectado e A área não perigosa começa no limite
corrigido em um curto intervalo de tempo. da Zona 2, exceto nos casos raros onde
Um maior perigo com vazamentos de nenhuma Zona 2 é considerada necessária
líquido é o que pode se esparramar sobre e ela começa na Zona 1.
uma superfície de água e então entrar em
Fonte de perigo 2
ignição em um ponto distante do ponto
Zona 2 se estende de uma fonte de
original de vazamento, colocando em risco
perigo até o limite em que é julgado que a
uma grande área da planta.
concentração da atmosfera flamável cairá
Quando se estabelece a extensão das
abaixo do limite mínimo de flamabilidade.
áreas perigosas, e importante considerar a
A área não perigosa começa neste
dispersão rápida da atmosfera flamável.
limite.
Em uma área mal ventilada, o que seria
Onde as zonas criadas por fontes de
uma classificação de Zona 2 passa a ser
perigo adjacentes se superpõem e são de

3.23
Classificação de Áreas
diferentes classificações zonais se aplica a 4.7. Extensão de áreas em locais mal
classificação de maior risco. Onde as ventilados
zonas superpostas são de mesma
classificação, a classificação comum deve A classificação de locais mal ventilados
ser aplicada, exceto em casos difere da classificação de situações bem
excepcionais que requerem uma ventiladas mais em grau do que em
classificação de maior risco. princípio. A área pode ser classificada por
qualquer um dos dois métodos (fontes de
Método generalizado perigo ou generalizado), mas a extensão
Quando uma seção da planta que é das zonas considera as condições menos
bem ventilada é classificada pelo método favoráveis, em que um desprendimento de
generalizado como inteiramente Zona 1 ou gás ou vapor flamável pode se dispersar
2, a extensão da área perigosa será para concentrações abaixo do limite
determinada pela máxima distância que mínimo flamável. Sem exceção, as
uma atmosfera flamável criada dentro da distâncias envolvidas são maiores do que
planta pode se mover em qualquer direção as distâncias estabelecidas para as
antes de ficar diluída abaixo de seu limite situações bem ventiladas.
mínimo de flamabilidade. Os seguintes pontos são muito
Se outros meios (recomendação do importantes para situações de interiores
especialista, medições com detetor de gás, não ventilados:
cálculos e experiência anterior de plantas 1. fontes contínuas de perigo devem ser
similares) não estão disponíveis, pode-se evitadas. Quando elas forem
determinar a distância das fontes de perigo inevitáveis, deve-se arrumar ventilação
para o limite das áreas perigosa e não- especial para o local.
perigosa através de dados tabelados da 2. cada sala de um edifício fechado deve
literatura técnica. A distância assim ser considerada separadamente para
determinada pode ser de 30 metros ou possíveis fontes de perigo. As aberturas
mais. Recomenda-se o mínimo de 3 de uma sala para outra e para o exterior
metros. requerem atenção especial.
Quando o padrão decidido da 3. muito processos que ocorrem em
classificação é de uma Zona 1 cercada por ambientes fechado envolvem o
Zona 2, o perigo diminui progressivamente movimento de vasos contendo líquidos
assim que se afasta dos pontos potenciais flamáveis. Deve-se tomar muito cuidado
de desprendimento de material flamável. A com as fontes móveis de perigo na
determinação da fronteira Zona 2 - área classificação de uma planta.
não-perigosa é análoga à determinação da 4. investimentos especiais devem ser
fronteira Zona 1 - Zona 2. O critério é que feitos para o maior risco resultante de
qualquer atmosfera flamável criada dentro vazamentos acidentais quando líquidos
da planta sob operação normal deve flamáveis são manipulados em vasos
dispersar até atingir concentrações abaixo portáteis e transportáveis ou quando a
do limite inferior flamável dentro da área manipulação é feita com o vaso aberto,
classificada como Zona 1 e também deve- como parte do processo.
se consultar um especialista. 5. onde uma sala que não contém uma
Os limites da Zonas 0 são fonte de perigo é situada em uma Zona
determinados de modo similar àqueles 1 ou Zona 2, a classificação a ser
usados com o método da fonte de perigo. adotado para o interior da sala depende
da probabilidade do material flamável
entrar na sala e da ventilação do
interior. Pode ocorrer três situações:
• no caso de ventilação inadequada,
onde há uma possibilidade de
material flamável entrar e ficar na
sala, a classificação do local deve
ser de Zona 1, mesmo que a

3.24
Classificação de Áreas
classificação da área externa seja de um sistema de intertravamento dos
Zona 2. equipamentos elétricos ou um sistema de
• no caso de uma sala com ventilação alarmes para evitar uma condição perigosa
mecânica adequada, o interior pode na eventual falha do sistema de ventilação.
ser classificado como não perigosa, Os termos pequena e grande sala se
mesmo que a área externa seja relacionam com a área provável de
classificada como Zona 2. Neste espalhamento da atmosfera flamável.
caso, deve-se considerar a A classificação de áreas vizinhas a
necessidade de colocar um alarme áreas internas contendo fontes de perigo
para operar na falha na ventilação. deve ser determinada pela consideração
• no caso de uma sala com sistema de da probabilidade de espalhamento da
pressurização mecânico, janelas e atmosfera flamável liberada através de
portas seladas convenientemente, o portas, janelas e outras aberturas.
interior pode ser classificado como
não perigoso, mesmo que a Método generalizado
classificação da área externa seja de Para situações externas mal ventiladas,
Zona 1. as recomendações para locais bem
6. onde se usa ventilação mecânica como ventilados se aplicam, tomando cuidado
um meio de reduzir o perigo em um especial de considerar piores as condições
espaço fechado, a classificação zonal de dispersão da atmosfera flamável.
do espaço pode ser modificado. Este Para áreas internas, os métodos
procedimento é uma forma de purga, generalizado e fonte de perigo não
que é uma proteção adicional. produzem classificações muito diferentes,
com o método da fonte de perigo tendendo
Método da fonte de perigo a convergir para o método generalizado.
O tratamento para classificar locais mal
ventilados é similar ao relacionado com
locais bem ventilados, exceto que as
distâncias cotadas devem ser aumentas
por um fator consistente com a diminuição
da ventilação e deve-se ter a opinião de
um especialista experiente.
O efeito disso em uma situação de
interior pode ser que, se é identificado um
número de fontes de perigo 1 na sala, a
classificação de Zona 1 deve ser estendida
por toda a sala.
Se forem identificadas somente fontes
de perigo 2, a classificação do interior deve
ser de Zona 2, desde que haja ventilação,
drenos e outros meios de controle que
garantam a dispersão rápida da atmosfera
flamável em menos de 5 minutos. Onde
isso não for possível, a classificação passa
para Zona 1 para toda a sala.
Em caso de grandes salas contendo
fontes de perigo, devem ser tomadas
precauções para localizar qualquer
atmosfera flamável (por exemplo,
ventilação especial), todo o ambiente da
sala não necessariamente deve ter a
mesma classificação e alguma parte da
sala pode mesmo ser não perigosa. Onde
se emprega ventilação forçada, deve-se ter

3.25
Fig. 3.4. Classificação de área para um local com um compressor reciprocante ou centrífugo manipulando um
gás mais leve que o ar, com laterais abertas e ventilação no teto (Imperial Chemical Industries Ltd, ICI/RoSPA
1972 IS/91)

Fig. 3.5. Classificação de área para um local com um compressor reciprocante ou centrífugo manipulando um
gás mais pesado que o ar, com laterais abertas e ventilação no teto (Imperial Chemical Industries Ltd,
ICI/RoSPA 1972 IS/91)

26
Classificação de Áreas

Fig. 3.6. Classificação de área para um tanque de armazenamento de líquido flamável com ponto de fulgor
menor que 32 oC e com teto fixo (Imperial Chemical Industries Ltd, ICI/RoSPA 1972 IS/91).

Fig. 3.7. Classificação de área para um tanque de armazenamento de líquido flamável com ponto de fulgor
menor que 32 oC e com teto flutuante (Imperial Chemical Industries Ltd, ICI/RoSPA 1972 IS/91).

Fig. 3.8. Classificação de área para separador de óleo/água aberto no topo

3.27
Classificação de Áreas

Fig. 3.9. Classificação de área para local onde há carregamento de líquido flamável em caminhões tanque

3.28
explosão secundária e um incêndio
5. Pós consideravelmente mais perigoso do que a
primeira explosão de origem. Em uma
planta manipulando pó flamável deve
5.1. Princípios Gerais haver norma rigorosa de armazenamento.
Os problemas associados com as
A classificação de área deve ser feita
camadas e nuvens de pó são complexos.
para todas as plantas que manipulem pós
Os dados que podem ser relevantes no
flamáveis. A literatura técnica lista os
caso de ignição de camadas e nuvens de
principais pós que podem entrar em
pó são:
ignição, sob certas condições.
1. temperatura de ignição
Os princípios envolvidos são similares
2. mínima energia de ignição
aos usados para classificar plantas
3. estabilidade termal
manipulando gases, vapores ou líquidos
4. limite inferior flamável (caso de
flamáveis mas deve-se reconhecer que o
nuvem de pó)
comportamento dos pós flamáveis não é
Valores típicos para o limite mínimo
tão previsível quanto o dos gases ou
flamável estão na faixa de 0,01 a 0,06 kg
vapores. 3
de pó flamável disperso em cada m de ar
Quando um pó é liberado em uma
e tal concentração é claramente visível.
atmosfera ele dispersa no ar como uma
Porém, estes parâmetros não fornecem
nuvem ou pode se espalhar por grandes
uma medida direta da sensitividade do pó
áreas através do movimento do ar. Uma
para a ignição e estão sujeitas a certas
nuvem de pó flamável dentro de sua faixa
limitações.
flamável pode entrar em ignição e, em
No caso de camadas de pó, os dados
espaço confinado, pode explodir. Um pó
são afetados pela:
leve permanece em suspensão por mais
1. espessura da camada
tempo que um pó pesado, mas ambos
2. temperatura da superfície que recebe
eventualmente formam camadas nas
o pó
superfícies expostas. Se estas superfícies
3. vizinhança imediata
estiverem quentes ou se houver alguma
A temperatura de ignição pode cair
outra fonte de energia, uma camada de pó
quando a espessura da camada aumenta.
flamável é um risco constante e pode
No caso de nuvens de pó, os dados
entrar em ignição produzindo um incêndio
podem ser afetados por
cuja severidade depende das
1. conteúdo do solvente
características de queima do material.
2. presença de aditivos
Alguns pós flamáveis em forma de
3. distribuição do tamanho da partícula
camada quando entram em ignição
na nuvem.
possuem a habilidade de propagar a
Para um dado material, uma nuvem de
combustão pela chama ou se queimam
pó com uma maior proporção de pequenas
lentamente, particularmente quando estiver
partículas é mais provável de ter uma
em grande quantidade. Em alguns casos,
menor temperatura de ignição que a
quando a fonte de ignição é removida, a
nuvem com uma predominância de
combustão da camada de pó cessa. Em
grandes partículas. Assim, é essencial
outros casos, ela continua e a camada de
obter a orientação de um especialista para
pó é chamada de fogo trem.
fornecer tais dados.
Uma camada de pó flamável pode
sofrer perturbada para formar uma nuvem
de pó que pode se espalhar e
5.2. Método de classificação
eventualmente formar outra camada em Como uma nuvem de pó flamável pode
outro local. Este ciclo pode ser repetido de se formar como o resultado de liberação
tempos em tempos. Quando ocorrer uma de pó do equipamento da planta e também
pequena explosão, camadas de pó de distúrbios de depósitos de pó e por
flamável de uma grande área podem ser causa da dificuldade de quantificar o
perturbadas para formar uma nuvem que, tamanho da área de espalhamento das
entrando em ignição, pode criar uma nuvens de pó, é recomendado o uso do

29
Classificação de Áreas

método generalizado de classificação portanto, a classificação de Zona 1 se


baseado no julgamento e experiência, aplica somente para pequenas áreas.
como o descrito para classificar plantas Porém, em uma sala que contém vários
com gases e vapores. Em alguns casos, locais de Zona 1, é recomendável
porém, deve-se usar as técnicas do classificar toda a sala como Zona 1.
método de fonte de perigo, descrito em Exemplos típicos de Zona 1 são as
2.3.1. áreas de ensacamento e esvaziamento e
Quando se faz a classificação de área equipamento de manipulação de pós, dos
é necessário: quais pode ocorrer liberação de produtos
1. identificar as partes da planta onde em condição normal em quantidade
pode existir o pó flamável e onde suficiente para produzir uma nuvem de pó
apropriado, o interior do equipamento flamável. Outro exemplo é o espaço dentro
do processo de um container onde uma nuvem de pó
2. estabelecer a probabilidade de flamável pode existir periodicamente.
ocorrência de uma atmosfera flamável,
considerando o nível geral de Zona 2
armazenamento que é mantido na Esta classificação se aplica onde uma
planta e a partir destes dados, fazer a atmosfera flamável não é provável de
classificação zonal apropriada da área. ocorrer em operação normal e, se ocorrer,
3. delinear os limites de zonas, é somente por pouco tempo.
considerando o efeito da probabilidade Exemplos típicos de zona 2 são as
do movimento do ar. áreas em torno de equipamento que
No estabelecimento da classificação de manipule pó e do qual é pouco provável de
plantas, a influência da classificação das haver liberação de pó durante a operação
plantas adjacentes deve ser considerada. normal do equipamento da planta e áreas
A classificação deve ser feita de acordo em torno daquelas classificadas como
com os seguintes critérios. Zona 1 onde há uma probabilidade de
liberação anormal de pó flamável
Zona 0 estendendo além do limite do local de
Esta classificação se aplica onde uma Zona 1.
atmosfera flamável está continuamente
presente ou presente por longos períodos. Área não-perigosa
Exemplos típicos de zona 0 são os Estas áreas são usualmente
espaços dentro de equipamentos como clarividentes depois da classificação das
sistemas de esteira de pó, e filtros áreas perigosas.
contendo pó flamável. Em circunstâncias excepcionais, uma
área não perigosa pode ser conseguida
Zona 1 por um muito alto nível de armazenamento
Esta classificação se aplica onde uma ou um eficiente sistema de extração.
atmosfera flamável é provável de ocorrer Áreas em que tubos ou dutos contendo
em operação normal. pós flamáveis são instalados sem juntas
Uma concentração de pó flamável ou com juntas fortes projetadas para não
acima do limite mínimo flamável deve vazar, podem ser consideradas como não
formar uma atmosfera através da qual é perigosas, desde que o risco de danos
difícil enxergar e na qual é quase seja desprezível.
impossível de se trabalhar. Em operação
normal, tal situação é pouco provável de
acontecer em grandes áreas da planta.
Mesmo assim, há certas operações
manuais e mecânicas, que necessitam ser
identificadas positivamente, que podem
formar uma atmosfera flamável local mas é
pouco provável que ela se espalhe por
mais de um metro além da área imediata.
Em plantas manipulando pós flamáveis,

3.30
Classificação de Áreas

5.3. Redução do Perigo em Locais 6. Figuras de Classificação de


com Pó Áreas
Os princípios de redução de perigo em
locais com pó são diretos e simples. Deve- IEC [31J(S)10, 1987], NEC, API,
se Petrobrás e ICI (Imperial Chemical
1. evitar o acúmulo de pó. Se não há Industries) propõem algumas figuras para
pó, ele não pode entrar em ignição. orientar a classificação de áreas, indicando
2. eliminar fonte de ignição, através de distâncias e estabelecendo os limites das
a) uso de aparatos elétricos de Zonas 0, 1 e 2, para gases mais leves e
projeto especial, mais pesados que o ar A Petrobrás
b) aterramento das partes desenvolveu seus desenhos baseando-se
metálicas das máquinas que nos desenhos do API:
manipulem pó para reduzir as N-2166 (JUL. 88): Classificação de
cargas estáticas, Áreas para Instalações Elétricas em
c) seleção dos materiais de Refinarias de Petróleo.
esteiras e N-2167 (JUL. 88): Classificação de
d) reforço das normas de Áreas para Instalações Elétricas em
segurança relativas a chamas Unidades e Transporte de Petróleo, Gás e
abertas e soldas. Derivados.
3. tratar o pó e manuseá-lo de modo Nas Fig. 3.4 a Fig. 3.9 tem-se
que seja difícil sua ignição. exemplos de figuras da ICI.
4. projetar máquinas e equipamentos
para minimizar a probabilidade de 7. Desclassificação de Área
ocorrência de explosão, através de
a) corta chama para evitar a Existem várias normas e práticas
propagação de incêndio recomendadas para a difícil classificação
b) vent da pressão de alivio e de locais de uma grande variedade de
c) redução do risco para a processos e locais.
estrutura. A existência de locais fechados e
5. detectar o inicio do aumento da ventilação forçada podem tornar uma área
pressão quando ocorrer uma perigosa em segura. Por isso, é uma
explosão em um sistema fechado e questão de simples análise a conveniência
extingui-la com um material inerte. do usuário deixar a área classificada e
Independente da classificação zonal, a usar instrumentos com classificação
temperatura de todas as superfícies em elétrica especial ou fechar locais ou
que um pó flamável pode se alojar, deve colocar ventilação forçada, transformando
ser menor que a temperatura de ignição a área perigosa em segura e usando-se
da camada de pó formada. Do mesmo instrumentos de uso geral. É uma questão
modo, a temperatura de todas as econômica e de segurança a opção em se
superfícies com que uma nuvem de pó ter um local naturalmente perigoso com
flamável pode entrar em contato deve ser instrumentos elétricos classificados
menor que a temperatura de ignição do pó especialmente e mais caros ou um local
em forma de nuvem. artificialmente seguro, conseguido por
Em alguns casos excepcionais, por fechamento com paredes de alvenaria ou
razões de processo, quando é inevitável se por ventilação com instrumentos elétricos
ter uma temperatura de superfície maior comuns e mais baratos.
que a temperatura de ignição do pó 
presente, o aparato deve ser projetado e
mantido para evitar o acúmulo de pó em
tais superfícies quentes e as plantas
devem ser operadas e mantidas para
evitar a formação de nuvens de pó.

Apostilas\Perigosa 2ClassIA.DOC 15 JAN 99 (Substitui 15 MAR 94)

3.31
4
Classificação dos Instrumentos
um instrumento elétrico de uso geral, em
Objetivos de Ensino um local onde existe um gás inflamável
ou explosivo. Em casos menos
1. Conceituar classificação mecânica aparentes, um processo pode falhar ou
do invólucro conforme NEMA e IEC se romper, por causa de um instrumento
IP. mal especificado. Essa ruptura pode
2. Conceituar a classificação de desprender alguma coisa indesejável às
temperatura e elétrica do instrumento pessoas ou aos equipamentos que
elétrico. estejam próximos, tais como pressão,
3. Apresentar o conceito de corrosão vapor, gás tóxico, liquido corrosivo ou pó
química, seus efeitos e como evitá-la. explosivo. Isso pode provocar mortes,
4. Listar e analisar os processos danos físicos, perda de materiais e de
típicos marginais, envolvendo equipamentos. O instrumento, em virtude
oxigênio, cloro, hidrogênio e enxofre de sua natureza funcional, pode ser o elo
mais frágil em uma linha de processo,
1. Introdução com relação à capacidade de conter o
processo rigoroso e resistir à corrosão.
De um modo simplificado, o A economia, embora menos visível, é
instrumento é construído por um também fundamental. É quase
fabricante, especificado por uma firma de impossível colocar em números o quanto
engenharia e aplicado pelo usuário final. custa a corrosão do instrumento. Porém,
Quando se considera essa cadeia de é fácil entender que ela custa a todos. A
eventos: fabricação, especificação e uso corrosão custa ao fabricante, em termos
do instrumento, há cuidados que devem de vantagem de competição, ela custa
ser considerados para garantir a ao usuário final em termos de
integridade e o funcionamento do manutenção, paradas forçadas, mau
instrumento. Deve ser entendido e aceito funcionamento do instrumento e pobre
que um instrumento, antes de eficiência do processo e finalmente, ela
desempenhar a sua função desejada, custa ao consumidor por causa do maior
deve sobreviver. Nenhum amontoado de custo do produto.
sofisticação na sua fabricação ou na sua O conhecimento da classificação da
especificação compensa a incapacidade área é fundamental e é o ponto de
do instrumento viver em um ambiente partida para a especificação correta dos
hostil. instrumentos. A especificação do
Há duas razões para justificar a instrumento enviada ao fabricante pela
harmonia de cooperação na fabricação, firma de engenharia ou pelo usuário,
especificação e uso do instrumento: deve determinar qual Classe, Grupo e
segurança e economia. Zona (Divisão) do local de montagem.
A segurança de um local pode ser
comprometida com a simples presença
de um instrumento. É o caso do uso de

4.1
Classificação dos Instrumentos

2. Classificação Mecânica normas elétricas brasileiras se baseia


nas normas do IEC (International
A operação de um instrumento pode Electrotechnical Comission).
ser afetada pela temperatura ambiente, A norma válida que fixa as condições
umidade, interferência eletrônica, exigíveis aos graus de proteção dos
vibração mecânica e atmosfera invólucros de equipamentos elétricos de
circundante. Tipicamente, os baixa voltagem é a NBR 6146, DEZ 90 -
instrumentos de medição e controle de Invólucros de equipamentos elétricos -
processo podem estar montados ou na Proteção: Especificação, baseada na
sala de controle ou na área industrial. norma IEC 529/76. Ela substitui e
A sala de controlo é um local cancela as NBRs 5374, 5408 e 5423/77.
fechado, onde a temperatura e a Esta norma fornece os métodos de
umidade são geralmente controladas classificar os instrumentos com relação
através de ar condicionado. O aos ambientes em que eles podem ser
instrumento de campo pode estar usados e os procedimentos de teste para
totalmente desprotegido ou ter uma verificar se tal classificação é
proteção rudimentar adicional contra o conveniente.
sol, a chuva ou o vento. De qualquer
modo, quando usado no ar livre, a caixa
do instrumento fica exposta aos efeitos
da luz ultra violeta, da chuva, da
umidade, do orvalho, das poeiras, dos
respingos dos líquidos de processo e das
sujeiras contaminantes que circulam no
ar. Eles estão ainda submetidos a
grandes e rápidas variações de
temperatura durante o dia, podendo
haver um gradiente de temperatura entre
o sol e a sombra do instrumento exposto.
Por esses motivos, os invólucros dos
instrumentos devem ser de alta
qualidade, cuidadosamente testados e
precisamente classificados de acordo
com normas concernentes, de modo que Fig. 4.1. Instrumento montado na área externa
possam fornecer proteção contra os agredido pelo ambiente
ambientes adversos. Os invólucros dos
instrumento, mesmo montados em
ambientes nocivos, devem protege-los, Os tipos de proteção cobertos pela
de modo que durem o máximo e que as norma são os seguintes:
condições ambientes não interfiram na 1. contra o contato ou aproximação
sua operação. de pessoas às partes vivas,
Existem basicamente duas normas contra o contato às partes moveis
para a classificação mecânica dos no interior do invólucro e contra a
invólucros dos instrumentos. A escolha penetração de corpos sólidos
de uma delas é função do pais. estranhos ao equipamento e
2. contra a penetração prejudicial de
2.1. Norma NBR - IEC água no interior do invólucro onde
está o equipamento.
No Brasil, o órgão credenciado pelo A norma não trata dos graus de
INMETRO (Instituto Nacional de proteção contra danos mecânicos, risco
Metrologia e Qualidade Industrial) para de explosão ou condições como
emitir a maioria das normas técnicas é a umidade, vapores corrosivos, fungos,
ABNT (Associação Brasileira de Normas vermes ou animais daninhos.
Técnicas), empresa não governamental A designação da norma começa com
sem fins lucrativos. A maioria das as letras IP (Ingress Protection - proteção

4.2
Classificação dos Instrumentos

de ingresso ou Proteção Internacional) e É possível haver uma codificação


inclui um sufixo com dois números. com a omissão de um dos dois dígitos
Opcionalmente, pode ainda conter uma (substituído por X). Por exemplo, IEC IP
letra suplementar: S, M ou W. X5 significa que o instrumento é
As letras suplementares finais protegido apenas de jato d'água. Outro
significam: exemplo, IEC IP 5X é uma proteção
S teste com equipamento em apenas contra pó.
repouso (stationary),
M teste com equipamento em
operação mecânica.
A ausência das letras S e M significa
que o grau de proteção vale para todas
as condições normais de serviço.
A letra W após as letras IP significa
que o equipamento é apropriado para
uso em condições de tempo (weather)
especificadas e possui características
adicionais de proteção, estabelecidas Fig. 4.2. Multímetro eletrônico, sem proteção
entre o fabricante e usuário. mecânica do invólucro, apenas para uso interno e
sem proteção adicional, somente para uso em
área segura.
Tab. 8.1. Primeiro dígito - proteção contra sólidos:

0 sem proteção,
1 objetos com diâmetro acima de 50 mm
2 objetos com diâmetro acima de 12 mm
3 objetos com diâmetro acima de 2,5 mm
4 objetos com diâmetro acima de 1 mm
5 protegido contra pó
6 vedado a pó

Tab. 8.2. Segundo dígito - proteção contra


líquidos

0 sem proteção, Fig. 4.3. Indicador de pH, com proteção mecânica


1 água pingando verticalmente do invólucro, podendo ser usado externamente,
2. água pingando com ângulo de 75o a 90o desde que o local não seja classificado
3 spray d'água
4 respingo d'água
5 jato d'água),
6 alto mar
7 efeitos de imersão em água
8 efeitos de imersão indefinidos

Por exemplo, um instrumento que a


prova de pó e a prova de jato fraco
d'água tem a designação de IEC IP 55. A
colocação de respiradouro para dreno
pode alterar a classificação mecânica do
invólucro, por exemplo, de IEC IP 65 Fig. 4.4. Transmissor eletrônico, d/p cell,
para IEC IP 55. protegido mecanicamente para uso externo e com
proteção elétrica para uso em local perigoso (e. g.,
Classe I, Grupos A, B, C e D, Divisão 1 ou Zona 1)

4.3
Tab. 8.3. Proteção do equipamento contra ingresso de sólidos e líquidos, conforme IEC IP

PRIMEIRO DÍGITO SEGUNDO DÍGITO


1o Teste Grau de Proteção 2o Teste Grau de Proteção
Sem proteção de pessoas contra Sem proteção
0 contato com peças vivas ou móveis
0
dentro do invólucro.
Nenhuma proteção do equipamento
contra ingresso de corpos sólidos
estranhos
Proteção contra contato acidental Proteção contra gotas de água
1 ou involuntário com pecas móveis
1 condensada.
ou vivas dentro do invólucro por Gotas de água condensada caindo
uma grande superfície do corpo no invólucro não tem nenhum efeito
humano, p. ex., uma mão mas sem nocivo
proteção contra acesso deliberado
de tais partes.
Proteção contra ingresso de corpos
sólidos estranhos de tamanho
grande
Proteção contra contato com pecas Proteção contra gotas de líquido.
2 móveis ou vivas dentro do invólucro
2 Gotas de líquido caindo no invólucro
pelos dedos. não tem nenhum efeito nocivo,
Proteção contra ingresso de corpos quando o invólucro está deslocado
sólidos estranhos de tamanho de um ângulo de até 15o da vertical
médio

Proteção contra contato com pecas Proteção contra chuva.


3 móveis ou vivas dentro do invólucro
3 A água caindo da chuva em um
por ferramentas, fios ou outros ângulo igual ou menor que 60o com
objetos de espessura maior que 2,5 relação à vertical não terá nenhum
mm efeito nocivo.
Proteção contra ingresso de corpos
sólidos estranhos de tamanho
pequeno
Proteção contra contato com pecas Proteção contra borrifo.
4 móveis ou vivas dentro do invólucro
4 A liquido borrifado de qualquer
por ferramentas, fios ou outros direção não terá nenhum efeito
objetos de espessura maior que 1 nocivo.
mm
Proteção contra ingresso de corpos
sólidos estranhos de tamanho
pequeno
Proteção completa contra contato Proteção contra jatos d'água.
5 com pecas móveis ou vivas dentro
5 A água projetada por um bocal de
do invólucro. Proteção contra qualquer direção sob condições
depósitos nocivos de pó. O ingresso determinadas não terá nenhum efeito
de pó não é totalmente evitado, mas nocivo.
o pó não pode entrar em quantidade
suficiente para interferir com a
operação satisfatória do
equipamento envolvido.
Proteção completa contra contato Proteção contra condições de deck
6 com pecas móveis ou vivas dentro
6 de navio (equipamento vedado a
do invólucro. Proteção contra água). A água de mar profundo não
ingresso de pó. entra no invólucro sob condições
determinadas

Proteção contra imersão em água.


7 Não deve ser possível a entrada de
água no invólucro sob condições
determinadas de pressão e tempo.
Proteção contra imersão indefinida
8 em água, sob condições
determinadas de pressão. Não deve
ser possível a entrada d'água no
invólucro.

4.4
Tab. 8.4. Resumo da denominação NEMA
2.2. Norma NEMA
NEMA 1 uso geral
A norma NEMA (National Electrical
NEMA 2 a prova de respingos
Manufacturers Association) fornece outro
NEMA 3 a prova de tempo
método de classificação do invólucro do
NEMA 4 vedado a jatos d'água
instrumento para indicar os vários
NEMA 5 vedado a poeira
ambientes para os quais o instrumento é
adequado. A norma cobre os detalhes de NEMA 6 uso imerso
construção e os procedimentos de teste NEMA 7 a prova de explosão, Classe I
para verificação se o instrumento está NEMA 8 prova de explosão, contato em óleo
conveniente com a classificação NEMA 9 a prova de explosão, Classe II
recebida. Todas as designações NEMA NEMA 10 a prova de explosão, minas
requerem invólucros resistentes à NEMA 11 resistente a ácidos
ferrugem. Basicamente, há dois locais de NEMA 12 resistente a choque mecânico leve
uso: interno ou externo. Os dígitos que NEMA 13 a prova de poeira, não vedado.
designam a classe NEMA variam de 1 a
13. Tab. 8.5. Conversão de Números NEMA para IEC
Há três termos chaves nas
designações NEMA: NEMA IEC
1. prova de - significa que o ambiente
não atrapalha o funcionamento ou 1 IP 10
operação do instrumento. Por 2 IP 11
exemplo, instrumento à prova de
3 IP 54
tempo funciona normalmente mesmo
quando submetido aos rigores do 3R IP 14
tempo: vento, umidade, orvalho. Ele
3S IP 54
não é necessariamente vedado ao
tempo, porém, se garante que, 4 e 4X IP 56
mesmo que o ambiente entre no seu
5 IP 52
interior, ele continua funcionando
normalmente. 6 e 6P IP 67
2. resistente a - significa que o 12 e 12K IP 52
instrumento não se danifica quando
na presença do determinado 13 IP 54
ambiente. O equipamento resistente
a é mais frágil que o a prova de. O Não pode ser usado para converter
equipamento resistente a geralmente IEC em NEMA.
possui uma restrição, por exemplo, Embora o NEC tenha algumas
de pressão máxima. Por exemplo, um classificações de invólucro que incluem a
relógio resistente a água para 100 classificação elétrica, a classificação
metros significa que funciona quando mecânica não pode ser confundida com
usado dentro d'água, sem se a classificação elétrica. Elas são
danificar, mas até uma profundidade independentes. Por exemplo, o uso do
de 100 metros. Além deste limite, ele instrumento em local externo nem
pode se danificar e deixa de sempre é necessário para um local de
funcionar. Zona 1. Assim como a classificação
3. vedado a - significa que o mecânica de uso externo não assegura
instrumento é hermeticamente selado que o instrumento possa ser montado em
para aquele determinado ambiente. local perigoso, a classificação para uso
Por exemplo, instrumento vedado a em área classificada não garante que o
pó evita a entrada de pó no seu instrumento possa ser montado em áreas
interior. externa. Pode haver qualquer
combinação entre as classificações
mecânica (uso externo e interno) e

4.5
Classificação dos Instrumentos

elétrica (para uso geral ou classificado) As lanternas para uso em locais de


do instrumento. Classe I devem ser aprovadas para
locais de Classe I, Divisão 1, por que é
3. Instrumento Elétrico difícil controlar a área em que ela será
usada. Lanternas portáteis são prováveis
Na prática e no presente trabalho, de serem levadas do local de Divisão 2
instrumento elétrico e eletrônico para o de Divisão 1. Ainda mais,
possuem o mesmo significado. O normalmente elas são usadas em
instrumento elétrico é aquele que, por atividades de manutenção que são
algum motivo, recebe uma alimentação prováveis de desprender grandes
elétrica. Geralmente são alimentados quantidades de gases ou vapores
com 110 V ca ou 24 V cc. O sinal padrão inflamáveis.
de transmissão em corrente é de 4-20 A utilização de equipamento portátil
mA cc. Em instrumentação, há ainda deve estar de conformidade com as
circuitos que envolvem termopares, mesmas exigências dos equipamentos
resistência para detecção de semelhantes de natureza fixa. A principal
temperatura, eletrodos de pH e células diferença entre o equipamento portátil e
de carga. São elementos que geram o fixo é o método de fiação permissível.
sinais de milivoltagem contínua ou que Os cabos flexíveis usados nos
variam sua resistência elétrica e são equipamentos portáteis devem ser
polarizados com tensões de alguns volts especiais, para uso extra pesado.
contínuos para sua medição. O presente trabalho também irá
Para efeito de classificação elétrica, o considerar a instalação de equipamentos
enfoque é mais amplo. Por exemplo, um elétricos, como luminárias, motores,
registrador pneumático ou mecânico, geradores, caixas de passagem, caixas
com acionamento elétrico do gráfico é de terminais, transformadores e
considerado como instrumento elétrico. subestações elétricas em áreas
Quando se incorporam alarmes classificadas.
acionados eletricamente por micro
chaves a instrumentos mecânicos ou 4. Classificação de
pneumáticos, também se muda sua
classificação para elétrica. Finalmente, a
Temperatura
opção extra de aquecimento elétrico, Todos os materiais possuem
quando se tem, o risco de congelamento temperaturas em que ocorrerá ignição
ou quando se quer reduzir a viscosidade mesmo na ausência de uma fonte
do fluido de enchimento, torna-se o externa. Esta temperatura é chamada de
instrumento envolvido em elétrico. Como temperatura de ignição deste material.
conclusão, instrumento elétrico é todo A eletricidade, por causa do efeito
aquele que incorpora um circuito Joule, pode provocar aquecimento. A alta
funcional ou auxiliar de natureza elétrica. temperatura, por sua vez, pode se
O uso de equipamento elétrico portátil constituir em fonte de energia, capaz de
em locais perigosos é muito limitado. A inflamar ou provocar explosão de
maioria dos equipamentos é usada para determinada mistura ar-gás perigoso. Em
manutenção, como lanterna portátil e vista desses fatos, todo instrumento
ferramentas elétricas portáteis. Desde elétrico deve também possuir uma
que a manutenção normalmente requer a classificação de temperatura.
abertura dos equipamentos, é necessária A classificação de temperatura está
a autorização especial (hot permit). relacionada com a máxima temperatura
Quando for necessário usar ferramentas que a superfície ou qualquer componente
portáteis em locais perigosos, é interno do instrumento pode atingir, em
necessário desligar o equipamento sob funcionamento normal, quando a
manutenção e as ferramentas portáteis temperatura ambiente é de 40 oC.
devem ser adequadamente aprovadas Foram estabelecidas e definidas seis
para uso na área perigosa. classes T de temperatura (IEC 79-8),

4.6
Classificação dos Instrumentos

cinco classes G (VDE 0171) de grupos Tab. 8.7. Temperaturas de ignição para os
de ignição e 14 classes de temperatura grupos
pelo NEC.
A classe de temperatura do Grupo Temperatura de Ignição (oC)
instrumento deve ser marcada na sua
A 280
plaqueta de identificação. Equipamentos
B 280
cujas superfícies ou componentes não
C 160
excedem a 100 oC não necessitam de
D 215
marcação explícita (Classes T5 e T6).
Para se usar um instrumento elétrico
em área perigosa é importante se
comparar sua classe de temperatura com 5. Agrupamento pelo Gás
a mínima temperatura de auto-ignição do
Nos anos recentes, é uma prática
gás presente. A máxima temperatura
quase universal usar o sistema IEC de
alcançada pelo instrumento deve estar
agrupar os aparatos de modo que seja
abaixo da mínima temperatura de auto-
indicado quando e onde o instrumento
ignição do gás presente. A norma
pode ser usado com certos gases.
brasileira (ABNT EB 239) estabelece que
Rigorosamente, em vez de se agrupar os
a temperatura máxima que o instrumento
gases, agrupam-se os equipamentos que
pode alcançar deve ser igual ou menor
podem ser usados na presença de
que 70% da mínima temperatura de
determinados gases. Sob o ponto de
ignição do gás inflamável.
vista prático de segurança, o
O instrumento a ser montado na área
agrupamento dos aparatos é equivalente
perigosa deve ter uma classe de
ao agrupamento dos gases perigosos. A
temperatura (classe T) quando
máxima temperatura da superfície do
certificado, ou no caso de aparato não
instrumento da área perigosa não pode
certificado, uma classificação de T4 (135
oC) é assumida se a saída de potência exceder a temperatura de ignição do gás.
Quanto maior a classificação de
da fonte de alimentação é igual ou menor
temperatura do instrumento, menor é a
que 1,3 watt na temperatura ambiente de
máxima temperatura de sua superfície e
40 oC.
mais seguro ele é.
O agrupamento internacional dos
Tab. 8.6. Classes de Temperatura gases aloca o numero romano I para os
ambientes subterrâneos de mina, onde
Classe T Classe G (NEC) Temperatura
há a predominância do metano e do pó
máxima (oC) de carvão.
Todos os equipamentos industriais,
T1 G1 T1 450
T2 G2
de superfície, são marcados com o
300
T2A 280
algarismo romano II e os grupos de
T2B 260 gases são subdivididos em função do
T2C 230 mais significativo:
T2D 215 IIA (propano)
T3 G3 200 IIB (etileno)
T3A 180 IIC (hidrogênio).
T3B 165 O grupo IIA é o menos inflamável e
T2C 160 requer o maior nível de energia da faísca
T4 G4 135 para entrar em ignição.
T4A 120 A principal vantagem da classificação
T5 G5 100 do gás é o uso da mesma classificação
T6 - 80 para a segurança intrínseca e para a
proteção de prova de chama.
A norma européia (EN 50014) coloca
o acetileno, bi-sulfeto de carbono e
nitrato de etileno no grupo IIC, o mais

4.7
Classificação dos Instrumentos

perigoso. Estes gases são considerados prata com um revestimento de verniz


difíceis, por causa do risco adicional de especial.
formação de acetilatos de cobre e de Os gases podem entrar em ignição,
prata, disponíveis em componentes quando em contato com superfícies
eletrônicos, que se comportam como quentes ou por causa de faíscas. A
pequenos detonadores. Adicionalmente, classificação dos gases se refere à
o nitrato de etileno e o bi-sulfeto de energia da faísca que provoca sua
carbono possuem uma temperatura de ignição. Não há relação entre a facilidade
ignição muito baixa. de ignição provocada pela faísca e pela
superfície quente. Por exemplo, a
energia de ignição da faísca para
Tab. 8.8. Temperatura de Ignição de Materiais provocar a ignição do hidrogênio é muito
baixa, mas é muito elevada a
temperatura necessária para causar sua
Material Temperatura
o
Ignição. C
ignição.

Acetaldeido 175 6. Classificação Elétrica


Acetato vinil 402
Acetileno 305 No presente trabalho, instrumento
Acetona 465 pode ser qualquer equipamento ou
Acido acético 464 aparato usado para sentir, indicar,
Amônia 498 transmitir, controlar, registrar, converter,
Benzeno 498 alarmar, totalizar ou analisar qualquer
Bissultfeto carbono 90 variável de processo. Pode ser portátil,
Butano 288 ou montado permanentemente no
Butileno 385 processo.
Cloro-etileno 510 Por elétrico se entende o instrumento
Etano 472 alimentado por energia elétrica, alternada
Etanol 363 ou contínua. A alimentação elétrica pode
Éter etílico 160 ser para fazer o instrumento funcionar,
Estireno 490 para acionar um gráfico, para prover um
Etileno 450 alarme, para iluminar o seu interior. O
Gasolina 280-471 instrumento pode ser auto-alimentado
Heptano 204 por bateria ou pilha ou alimentado
Hexano 225 através de fontes ca/cc. Não importa se a
Hidrogênio 520 pilha é primaria ou recarregável, nem o
Metano 630 nível de tensão. Também, não há
Metanol 385 restrições quanto a freqüência e a forma
Monóxido carbono 609 de onda.
Nafta 272 O instrumento elétrico, mesmo de uso
Octanol 206 geral em área segura, deve fornecer
proteção pessoal contra choque elétrico,
Oxido etileno 450 contra efeito de temperatura excessiva,
Pentano 243 contra propagação de fogo, contra os
efeitos de explosão ou implosão, contra
Propano 450
os efeitos de ionização e radiação de
Propileno 455 microondas, pressão de ultra-som. Um
instrumento elétrico para uso em área
Querosene 210
perigosa deve fornecer todas as
proteções dos instrumentos de uso geral
mais a proteção contra a ignição da
Os instrumentos eletrônicos atmosfera externa.
classificados para uso em áreas do Na especificação de um instrumento
grupo IIC devem possuir os circuitos devem ser conhecidos e fornecidos ao
impressos e outras partes com cobre e fabricante os seguintes parâmetros:

4.8
Classificação dos Instrumentos

1. classificação da área onde o quando houver duas falhas


instrumento vai ser montado ou independentes e de pequena
usado de modo portátil, probabilidade individual).
2. o tipo de proteção a ser aplicado, 4. Local de Zona 1 (grande
3. a norma de conformidade, probabilidade de haver gás) com
4. o laboratório certificador. um instrumento não-incenditivo
Por exemplo, quer-se um transmissor (pequena probabilidade de falha)
eletrônico para ser usado em local de com pressurização (pequena
Classe I, Grupos B, C e D, probabilidade de falha no sistema
intrinsecamente seguro, conforme norma de pressão).
NBR 8447, certificado emitido pelo 5. Local de Zona 1 (grande
Labex. probabilidade de haver gás) com
Há vários tipos de proteção para um instrumento de uso geral
evitar que um instrumento elétrico (grande probabilidade de perigo)
provoque ignição ou explosão de com pressurização (pequena
misturas gasosas perigosas. Qualquer probabilidade de falha) e com
proteção é aceitável, desde que o salvaguarda adicional, tal como
instrumento seja adequadamente colocação de pressostato
instalado e todas as instruções (pequena probabilidade de falha).
mencionadas nos certificados e relatórios De qualquer modo, em um local com
sejam seguidas. Deve ser levado em determinada classificação só pode ser
conta que a classificação elétrica do montado um instrumento elétrico que
instrumento deve garantir que a sua possua uma classificação elétrica e de
simples presença não compromete a temperatura, marcada em sua etiqueta e
segurança do local. As normas de compatível com a do local. O instrumento
segurança nada dizem, nem poderiam para Zona 1 pode ser usado em Zona 2,
dizer, acerca do funcionamento assim como o instrumento para Grupo B
operacional do instrumento de controle. pode ser usado em Grupo C e D. Porém,
A classificação elétrica do qualquer exagero de classificação do
instrumentos deve ser compatível com a instrumento é inconveniente. Só se deve
classificação do local perigoso. Um usar um instrumento com classificação
princípio básico comum a todos os tipos elétrica especial quando exigido, pois a
de proteção e aceito por todos é o de classificação elétrica especial pode
que há segurança quando e somente custar mais e principalmente, exige
quando são providos dois eventos cuidados de operação e manutenção
independentes, cada um de baixa mais rigorosos e restritivos.
probabilidade, entre a probabilidade de Os instrumentos elétricos montados
haver a presença do gás perigoso com a na sala de controle, são na sua maioria,
probabilidade de falha do equipamento de uso geral, sem técnica especial de
elétrico. proteção. Porém, deve-se considerar o
Desse modo, há segurança nos sistema completo e a técnica de
seguintes casos combinatórios: proteção aplicada. Por exemplo, com a
1. Local seguro (probabilidade zero segurança intrínseca há instrumentos
de haver gás perigoso) com um montados na área segura que requerem
instrumento de uso geral aprovação.
(probabilidade 1 de haver fonte
perigosa).
2. Local de Zona 2 (pequena
probabilidade de haver gás) com
um instrumento não-incenditivo
(pequena probabilidade de falhar).
3. Local de Zona 1 (grande
probabilidade de haver gás) com
um instrumento intrinsecamente
seguro (só se torna inseguro

4.9
Tab. 8.9. Condições de Transporte, Armazenamento e Operação (*)

Influência Condições de Condições de Limites de Limites de


Operação de Operação Operação Armazenagem e
Referência Normal transporte
o o o
Temperatura do 24 ± 2 C -29 a +82 C -46 e +121 C Não aplicável
sensor com silicone
o o o
Temperatura do 24 ± 2 C -29 a +82 C -29 e +121 C Não aplicável
sensor com fluorinert
o o o o
Temperatura do 24 ± 2 C -29 a +82 C -40 e +85 C -54 e +85 C
circuito eletrônico
o o o o
Opção com LCD 24 ± 2 C -20 a +82 C -29 a +85 C -54 e +85 C
Umidade relativa 50 ± 10% 0 a 100% 0 e 100% 0 e 100%
não condensante
Tensão de 30 ± 0,5 V cc 12,5 a 42 V cc 12,5 a 42 V cc Não aplicável
alimentação Ver Fig. 4.5 Ver Fig. 4.5
Carga de saída com 650 Ω 0 e 1450 Ω 0 e 1450 Ω Não aplicável
saída de mA Ver figura Ver figura
2 2 2 2
Vibração 1 m/s (0,1 "g") 0 a 30 m/s 30 m/s 11 m/s
(0 a 3 "g") (3 "g") (1,1 "g")
de 5 a 500 Hz de 5 a 500 Hz (Na embalagem)
Posição de montagem Horizontal ou Horizontal ou Sem limite Não aplicável
para cima para cima

Notas:
1. Embora o LCD (display de cristal líquido) não seja danificado em qualquer temperatura dentro dos
Limites de Armazenagem e Transporte, as atualizações ficam mais lentas e a facilidade de leitura piora
em temperaturas fora das Condições Normais de Operação
2. Com a tampa superior colocada e as entradas dos conduítes seladas.
3. Carga mínima de 200 Ω é necessária para a comunicação apropriada (Ver figura).
4. Parte molhada do diafragma sensor em um plano vertical.
5. Ver exigências de fonte de alimentação e limites de carga

Fig. 4.5. Tensão de alimentação e impedância da malha de transmissão


(*) Retirado de catálogo da Foxboro Co.

4.11
corrosivo especifico. Ela é a causa de
7. Corrosão do Instrumento muitas falhas em ligas metálicas. A
corrosão por ruptura de tensão ocorre
De um modo simplificado, a corrosão comumente em materiais metálicos que
é o ataque destrutivo sofrido por um entram em contato com produtos de
material e causado por um produto exploração de petróleo, óleo ou gás, que
químico. Os engenheiros de corrosão possuam enxofre ou acido sulfídrico
conhecem de 50 a 60 tipos diferentes de como impurezas.
corrosão, embora as diferenças entre
alguns tipos sejam mais técnicas do que
práticas.

7.1. Tipos
Sob o ponto de vista de
instrumentação são importantes e mais
encontradas três modalidades de
corrosão: química, galvânica e ruptura
por tensão (stress cracking). Fig. 4.6. Efeito da corrosão em peça metálica
A corrosão química é, muito
simplesmente, o que o nome implica: o
produto químico de ataque dissolve ou 7.2. Efeitos
reage com o material com o qual ele está
em contato direto. Essa é a corrosão que Os resultados da corrosão de um
ocorre com as partes molhadas que instrumento dependem tanto do tipo da
estão em contato com o processo corrosão como do tipo ou função do
industrial. instrumento. Para efeitos didáticos pode-
A corrosão galvânica ocorre quando se dividir em duas grandes categorias as
dois metais diferentes são colocados em falhas resultantes da corrosão:
contato e expostos a uma solução contenção do processo e funcionais do
condutora. O efeito final é a destruição instrumento.
do metal mais reativo e proteção do A válvula de controle e alguns
metal menos reativo. Essa propriedade medidores de vazão contem em seu
pode ser usada, beneficamente, para interior o próprio processo a ser
proteção contra corrosão. A corrosão controlado,. com todos os seus rigores.
galvânica pode ocorrer em tubulações Quando tais instrumentos sofrem
com isolação térmica , simplesmente se corrosão, de modo a perder sua
forem usados dois metais levemente integridade física, a linha onde o
diferentes, por exemplo, aço carbono e instrumento está montado certamente
aço inoxidável, um para o tubo interno e vaza produto para o exterior. Os
outro para o externo. A corrosão resultados desse tipo de falha podem
galvânica pode ainda acontecer entre variar desde um pequeno inconveniente,
diferentes partes de um mesmo metal. facilmente reparável, até um prejuízo
Ou seja, quando se tem um mesmo pessoal, envolvendo fogo e explosão,
material, porém, com diferentes níveis de com perda de vidas e destruição de
tensão mecânica, com efeitos térmicos equipamentos.
de solda ou de tratamento, com As falhas funcionais podem ser de
impurezas, pode se ter a corrosão dois tipos:
galvânica entre suas partes. A corrosão 1. perda total da função, exigindo
galvânica é mais importante para as reparo ou substituição do
partes do instrumento expostas à instrumento completo ou
atmosfera. 2. perda parcial da função, que pode
A corrosão por ruptura de tensão é a resultar na queda da eficiência do
falha do metal devida à combinação da processo. A falha funcional parcial
tensão mecânica e um ambiente pode ficar totalmente

4.12
Classificação dos Instrumentos

desconhecida durante longos considerado uma pequena percentagem,


períodos de tempo ou degradar é necessária e suficiente uma única má
contínua e vagarosamente a aplicação para causar um numero
eficiência do processo. elevado de problemas e grandes
Os fatores que estimulam e prejuízos. O problema da seleção do
aumentam a corrosão são: não material poderia parecer de fácil solução,
homogeneidade dos metais, solda pois todo técnico tem conhecimento de
imprópria, acabamento rugoso, tensão tabelas de corrosão, que mostram como
mecânica, impureza, maior concentração se comporta um determinado material na
na solução eletrolítica, solução gasosa presença de certo produto químico. Seria
na fase liquida, turbulência, uso de apenas uma fácil e simples questão de
metais muito diferentes, presença de casamento do processo com o material
oxigênio, maior umidade e mofo. Os do instrumento. Infelizmente as coisas
fatores que inibem a corrosão são: não ocorrem de modo tão simples., É
melhor acabamento, alivio de tensões difícil o próprio conhecimento do
mecânicas, passivação de metais e processo real. Certamente se conhece o
revestimento de superfícies e proteção principal produto, porém, há sub
catódica. Aliás, a proteção catódica é produtos, contaminantes variáveis com o
feita por métodos envolvendo eletricidade tempo e o lugar, há diferenças de
e portanto há restrições de aplicação, composição da matéria prima, há
quando aplicada em área perigosas diferentes fornecedores de materiais, há
classificadas. variações não controladas de pressão e
temperatura. O material para um simples
Partes em contato com o processo tanque é selecionado considerando-se a
As partes molhadas pelo processo corrosão tolerável durante toda sua vida
são geralmente os elementos sensores, útil. As coisas se complicam quando se
selos, poços de temperatura, bulbos, seleciona material das partes de um
internos das válvulas e o interior de instrumento. Os materiais devem ser
alguns medidores de vazão. As partes resistentes à corrosão e paralelamente
molhadas devem suportar temperatura e devem satisfazer as necessidades
pressão extremas e devem resistir ao funcionais, tais como resistência
ataque corrosivo dos produtos químicos mecânica, constante de mola,
manipulados. O principal problema é que flexibilidade, ductilidade e elasticidade.
os produtos de processo aparecem em Muitas vezes, se reconhece que
uma variedade infinita e os materiais de determinado material é o mais indicado
construção não. Para piorar a situação, a para uma aplicação corrosiva, porém, ou
corrosão das partes molhadas ele não é processável ou suas
geralmente provoca falha do tipo propriedades inerentes não satisfazem a
contenção do processo, cuja tarefa a que seria destinado.
conseqüência é a pior possível. Depois de escolhido o material mais
Para evitar ou limitar a ocorrência da adequado, os procedimentos de
corrosão, quatro áreas devem ser fabricação envolvem tratamentos
consideradas: seleção de materiais, térmicos, manipulação física das peças,
procedimento de fabricação, projeto do com cortes, usinagem e acabamento que
sistema e inspeção de campo. As partes podem estimular ou inibir a corrosão.
envolvidas continuam sendo as três já A responsabilidade da escolha do
mencionadas: o fabricante, o engenheiro material, porém, é do usuário final. O
de especificação e o usuário. fabricante não tem nenhum controle
A seleção do material é a mais sobre o que acontece aos instrumentos
complexa das áreas a serem definidas, depois que eles são entregues ao
tanto por causa da atribuição da usuário. Apenas o usuário final tem
responsabilidade como pelo problema condições de fazer as sucessivas
em si. Pela lei de Paretto, 10 % das inspeções aos equipamentos, essenciais
aplicações envolvem cerca de 90% dos à garantia da integridade dos
problemas. Mesmo que isso possa ser instrumentos.

4.13
Classificação dos Instrumentos

Materiais de revestimento com produto plástico, adequado para


Além do material de fabricação, é resistir à corrosão química.
interessante a aplicação de materiais de As partes internas do instrumento
revestimento. É uma prática comum o apresentam problemas diferentes
revestimento de cápsula de transmissor, daqueles das partes em contato com o
por causa de um dos seguintes motivos: processo e da caixa do instrumento.
1) proteção contra corrosão provocada Embora as peças internas do
pelo fluido do processo ou 2) proteção instrumento não estejam submetidas às
contra aderência e deposição dos condições desfavoráveis do ambiente
produtos sólidos, também provocada externo e do processo, elas possuem
pelo fluido do processo. uma função muito mais importante.
Um produto típico para revestimento Assim, a corrosão da tampa ou mesmo
de superfícies de contato é o Ryton do corpo de um transmissor
(Phillips Petroleum) porque apresenta provavelmente não afetará sua
uma boa resistência à corrosão e tem a operação, enquanto que uma leve
habilidade de formar uma película fina e deposição de material orgânico na sua
não porosa. Em algumas aplicações que cápsula ou no seu conjunto bico e
envolvam fortemente oxidantes, tais palheta, pode introduzir erros grosseiros
como flúor, cloro, acido nítrico, o Ryton de medição ou transmissão.
não é recomendado. A alternativa ideal é Geralmente, não se pode usar
o uso de Kel-F (Kellogg) para fins de revestimento de proteção nas partes
corrosão. Kel-F é um polímero de tri- internas do instrumento. Barras de força,
elos de ligação, foles, conjuntos bico e
fluor-etileno. O revestimento de Teflon
palheta, molas, flexores, fulcros de apoio,
(E. I. Du Pont de Nemours) é excelente
todas essas peças não podem ter
para aplicações onde se quer evitar a
nenhum tipo de revestimento que lhes
deposição de materiais lodosos. Embora
daria maior resistência à corrosão, por
o Teflon seja inerte à maioria dos
causa de suas funções associadas ao
produtos corrosivos, o seu revestimento
princípio de funcionamento. A resistência
não é adequado para proteção da
dessas peças é provida apenas pelo
corrosão da cápsula, por causa da
material e seu acabamento.
dificuldade de se conseguir uma camada
fina e não porosa. Instrumentos pneumáticos
Partes expostas ao ambiente Do ponto de vista de corrosão, os
instrumentos pneumáticos levam
O invólucro do instrumento deve ser
vantagem nítida sobre os
de um material que resista à corrosão
correspondentes instrumentos
ambiental e também deve fornecer as
eletrônicos. A razão é simples: há
necessidades estruturais. O invólucro é
sempre um suprimento de ar puro ao
sempre protegido pelo seu próprio
instrumento, geralmente suficiente para
acabamento. Superfícies polidas
manter a sua caixa purgada dos
resistem melhor à corrosão que as
materiais contaminados externos. Mesmo
rugosas. A tendência atual para materiais
assim, quando aplicável, é necessária a
de caixa de instrumentos é na direção
seleção de materiais especiais,
dos plásticos. O plástico tem
principalmente dos elementos sensores.
demonstrado um desempenho
Algo que deve ser considerado é a
satisfatório em vários ambientes nocivos.
tubulação de interligação do sistema
Muitos técnicos ainda pensam,
pneumático. Os instrumentos
erradamente, que os invólucros à prova
pneumáticos são alimentados e
de explosão devam ser metálicos.
interligados por tubos, tipicamente de
Também é muito comum a associação
cobre (caro, porém mais fácil de ser
das vantagens do metal com as do
trabalhado) aço inoxidável, aço carbono
plástico: tem-se uma caixa metálica,
ou plástico.
excelente para fins estruturais, revestida
A presença de um instrumento
pneumático não compromete a

4.14
Classificação dos Instrumentos

segurança, quando usado em locais poliuretano. Quando seco e curado, tal


perigosos. Não faz sentido, por exemplo, revestimento é transparente, estável e
associar o instrumento pneumático puro resistente à abrasão e à corrosão de
com o conceito de prova de explosão. vários produtos. A escolha do produto, a
espessura e o numero de camadas
Instrumentos eletrônicos protetoras são funções do tipo do
A corrosão ocorre em muitas áreas ambiente, da umidade relativa e da
da instrumentação eletrônica. Ela pode temperatura.
ocorrer na isolação dos cabos, nos Em locais de alta temperatura
contatos elétricos, nos conectores e ambiente e elevada umidade relativa,
chaves. Os componentes passivos e como nos trópicos, fala-se da
ativos podem se deteriorar, por causa da tropicalização do circuito eletrônico. Este
corrosão através de seus termo nunca foi claramente definido e
encapsulamentos ou terminais. Os historicamente, foi primeiro usado em
circuitos impressos, usados para equipamentos militares. Na
suportar e interligar os componentes, tropicalização, nenhum componente é
podem ser corroídos, principalmente por modificado ou protegido individualmente,
respingos e ataque de produtos mas a placa do circuito é totalmente
químicos. A corrosão do circuito revestida por uma resina de poliuretano.
impresso pode provocar, inclusive, a pior Tal resina é transparente, inerte à
falha possível: a falha intermitente. Esta umidade e principalmente, não nutriente
falha é aquela prevista pela lei de para fungos.
Murphy: ela não aparece na hora do A principal desvantagem de todos
teste e manutenção mas somente esses revestimentos de proteção e
quando o instrumento está em operação tropicalização aparece quando se faz
e provoca prejuízo ao processo. manutenção. Geralmente, é necessário
Os primeiros instrumentos eletrônicos destruir parte do revestimento durante a
apresentam uma proteção inerente à sua manutenção. Obviamente, deve se ter
natureza: fonte de calor no seu interior. cuidado na remoção da proteção, para
Essa fonte de calor natural tornava não se danificar o circuito impresso,
baixíssima a umidade relativa do ar principalmente quando se usa ferro de
dentro do instrumento. solda de grande potência. Depois da
Infelizmente, o progresso do uso de manutenção, é necessária nova
circuitos integrados a semicondutores aplicação do revestimento para recuperar
reduziu tremendamente a potência dos a proteção ou tropicalização do circuito.
circuitos, aumentou sua versatilidade e As vezes se usa ventilador externo
eficiência, porém tirou a maior proteção à para a dissipação de calor de alguns
corrosão do circuito, que era o calor. A equipamentos, como a fonte de
proteção dos circuitos eletrônicos, alimentação. Nessas aplicações, deve se
componentes, circuitos integrados, anular a possibilidade do ventilador ser
circuitos impressos e contatos, nas um agente concentrador de impurezas e
condições do processo é um grande causador de corrosão aos componentes
desafio. Há soluções mecânicas: uso de do circuito. É recomendado o uso de um
ouro em contatos de precisão e há sistema de alarme, para indicar a falha
soluções eletrônicas: uso de chaves do ventilador.
estáticas a semicondutores e sem Outra prática para diminuir os efeitos
contatos moveis. O encapsulamento dos do ambiente industrial é a fabricação de
componentes críticos torna o módulo duas caixas de ligação nos transmissores
encapsulado inerte a muitas atmosferas eletrônicos. Uma caixa aloja o circuito
nocivas, além de diminuir a influência da eletrônico e raramente é aberta no
umidade e da temperatura ambientes. É campo. Na outra, separada da primeira
uma boa prática de proteção o caixa, há o bloco terminal de ligações,
revestimento de todo o circuito eletrônico onde se requer maior numero de
da placa. Há vários materiais apropriados aberturas para a manutenção. Ambas as
para tal revestimento: silicone, epoxy e

4.15
Classificação dos Instrumentos

caixas são seladas e vedadas à entrada embora apresente segurança, sob o


de umidade e de atmosferas corrosivas. ponto de vista de medição apresenta
Deve ser entendido que uma caixa uma grande variação da viscosidade com
vedada à entrada de umidade, o é relação à variação da temperatura do
também para a saída de condensados. processo e ambiente. Seu uso é
Se por algum motivo houve entrada de recomendado para faixas de temperatura
o
água no interior da caixa, essa água de -20 a +10 C e em condições
o
ficará retida no instrumento e certamente aceitáveis entre +10 e +45 C.
interferirá no seu funcionamento. A
solução é proteger a entrada de água, 8.2. Hidrogênio
através de selos nos conduites de
O gás hidrogênio puro, em alta
ligação e da tampa. Quando a entrada da
pressão estática, é uma aplicação difícil,
água é causada pela remoção da tampa
pois ele é capaz de vazar através de
do instrumento, a recomendação é o uso
diminutos buracos e através de partes
de sílica gel no interior da caixa, que
finíssimas. Em aplicação com pressão
deve ser renovada periodicamente. Outra
acima de 20 kg/cm2, o hidrogênio pode
alternativa é a de se fazer a manutenção
vazar diretamente através da parede do
do instrumento em horários com menor
diafragma de aço inoxidável de um
umidade relativa, no começo e no fim do
transmissor. Quando se remove ou se
dia.
reduz a pressão estática, o hidrogênio
difuso no interior da cápsula danifica-a.
8. Processos Marginais O método de proteção é revestir a
superfície do diafragma da cápsula com
uma finíssima camada de ouro. A nova
8.1. Oxigênio
superfície criada prove um potencial
O oxigênio puro, quando na presença eletroquímico suficiente para aumentar a
de traços de óleo e poeira, pode dissociação e adicionalmente, oferece
provocar incêndio. Por isso, qualquer uma estrutura mais densa que dificulta a
equipamento que possa entrar em difusão do íon H+.
contato direto com o oxigênio deve ser Estatisticamente, uma cápsula de aço
manipulado em sala especial de limpeza. inoxidável normal, submetida à pressão
O instrumento é limpo, montado, de 20 kg/cm2, em atmosfera de
calibrado e embalado em condições de hidrogênio dura cerca de 1 a 5 semanas.
limpeza especiais. Suas peças de Quando, nas mesmas condições, usa-se
reposição são empacotadas uma cápsula de aço inoxidável revestida
individualmente em sacos de polietileno e de ouro, a duração da cápsula passa
são manuseadas sempre com luvas de para vários anos. O revestimento de ouro
polietileno. O material de limpeza usado representa a melhor solução disponível
normalmente é o tri-cloro-etileno. para a aplicação de hidrogênio. Porém,
Adicionalmente, além da ausência de sempre deve se ter bem claro tal
lubrificação, quando a cápsula do revestimento não é por questão de
transmissor possui liquido de corrosão, mas apenas impedir ou
enchimento, deve se cuidar da natureza diminuir grandemente a penetração do
desse liquido. O fluido normal de hidrogênio no interior da cápsula.
enchimento é o silicone DC 200 (Dow
Corning). Quando há a possibilidade de 8.3. Cloro
vazamento ou entrada de contato do
O cloro é um gás pesado, , nas
silicone com um meio oxidante (oxigênio,
condições ambientais de temperatura e
cloro, acido nítrico, e.g.) deve se usar um
pressão, de cheiro pungente, verde
fluido especial, totalmente livre de
amarelo (brasileiro ?), altamente tóxico
hidrogênio. Recomenda-se o uso de
aos animais de sangue quente. É um
Fluorolube (Hooker Chemical), que é
forte oxidante.
um polímero de cloreto de tri-fluor-vinil.
Esse novo liquido de enchimento,

4.16
Classificação dos Instrumentos

Para efeito de manipulação e a seleção de materiais para resistir à


corrosão, o cloro seco é bem corrosão. Seu objetivo é o de limitar os
comportado. Tipicamente, o cloro seco é materiais metálicos que estão
armazenado em tanque de aço carbono. diretamente expostos aos produtos de
Quando o cloro é úmido, poucos petróleo que contenham enxofre ou já o
materiais comerciais podem lhe resistir acido sulfídrico. A NACE não certifica" o
satisfatoriamente. Em instrumentação, os material, mas apenas define as
materiais de interesse são: prata, especificações de alguns materiais.
tungstênio, tântalo e Hastelloy C Embora seja custoso e demorado, novos
(Haynes Stellite). O instrumento para materiais podem ser analisados. Os
trabalho com cloro é também limpo, materiais comumente envolvidos são:
montado, calibrado e embalado em sala aço carbono, aço inoxidável de várias
limpa. classes, Monel (International Nickel),
O eventual liquido de enchimento é Hastelloy e Havar.
também isento de hidrogênio e A norma se refere à construção de
tipicamente se usa o Fluorolube. elementos sensores, selos, parafusos,
A seleção da válvula para a termopoços, conjuntos distribuidores. Os
manipulação do cloro é controversa. A tratamentos especiais que os materiais
filosofia da proteção, porém, é comum a são submetidos podem comprometer a
vários processos corrosivos. Ou se usam sua resistência original. O projetista e
equipamentos baratos com materiais usuário do equipamento devem conhecer
pouco resistentes e tem-se a a menor resistência do parafuso e aplica-
manutenção e a substituição freqüentes lo adequadamente.
ou se usam equipamentos caríssimos A norma NACE MR-01-75 deve ser
com materiais resistentes, com a aplicada a todo equipamento exposto a
manutenção e a substituição das peças produtos com enxofre e que fica sujeito à
pouco freqüentes. Aplicando-se tal corrosão do tipo ruptura por tensão pelo
filosofia na manipulação de cloro, pode- enxofre. A ruptura do material seria
se ter: a válvula barata de corpo de ferro extremamente perniciosa, pois impediria
fundido, com a haste de aço inoxidável, o equipamento de ser reparado sob
com o planejamento da substituição em pressão, tornaria perigoso qualquer
curtos períodos ou a válvula de Hastelloy sistema sob pressão e comprometeria o
com selo de teflon para evitar a entrada funcionamento básico do instrumento. A
do cloro no seu interior, sem observância da norma evita o
necessidade de troca de peças ou de aparecimento da corrosão tipo ruptura
equipamentos. por tensão do enxofre. O equipamento
construído com material de conformidade
8.4. Óleo com Traços de Enxofre com a norma deverá ser marcado com
NACE MR-01-75.
Quando um material metálico,
principalmente o aço, entra em contato
com hidrocarbonetos com traços de
enxofre, é possível o aparecimento do
acido sulfídrico (H2S). Tal produto se
torna agudamente tóxico acima de 100
ppm e considerado o segundo gás
comercial mais perigoso (o campeão é o
acido cianídrico, HCN). Desde que 85%
do petróleo do mundo, inclusive o do
Brasil, possuem traços ou alta
percentagem de enxofre, a manipulação
segura desses materiais interessa tanto
ao fabricante como ao usuário final.
Nos Estados Unidos há uma norma
da NACE, que é um guia completo para TeKAPOST\PERIGOSA 8CLASSIN.DOC 16 MAR 94 (Substitui 02 DEZ 93)

4.17
5
Técnicas de Proteção
ocorrer uma explosão, provocada pelo
Objetivos de Ensino instrumento elétrico.
Quando existe um material combustível
6. Apresentar os princípios gerais de pode haver explosão ou incêndio. Mesmo
redução do perigo. que não haja a presença humana, mesmo
7. Apresentar as técnicas de proteção que não seja usado o equipamento
menos comuns a sistemas mas elétrico, em alguma ocasião, uma fonte de
igualmente importantes porque ignição pode aparecer e provocar uma
aplicadas à componentes e partes, combustão. A probabilidade de haver fogo
como segregação, ignição contínua, ou explosão nunca é absolutamente zero
não incenditivo, segurança aumentada, se uma substância combustível é
selagem, enchimento de areia ou pó, frequentemente presente. Do mesmo
imersão em óleo, respiração restrita, modo. a probabilidade de explosão nunca
diluição contínua e especial. é absolutamente igual a zero se uma fonte
8. Comparar as três principais técnicas de ignição está frequentemente presente.
de proteção, prova de explosão, purga Eventualmente, um material combustível
e segurança intrínseca. pode também estar presente, provocando
então um incêndio ou explosão.
1. Redução do Perigo Por isso é comum haver o incêndio de
um escritório, que no presente trabalho é
considerado um local seguro. Embora não
1.1. Introdução possua material flamável, ele possui
Na maioria das aplicações, reduzir o continuamente fontes de energia e de
perigo de explosão significa reduzir a ignição, como a alimentação elétrica dos
probabilidade de danos significativos as condicionadores de ar, luminárias,
instalações ou perda de vidas humanas, motores. Analogamente, é freqüente
como resultado de explosão ou incêndio incêndios em postos de gasolina, onde
em produtos flamáveis, provocados pelos constantemente há a manipulação de
instrumentos elétricos da área. Sob o materiais combustíveis, como gasolina,
ponto de vista de perigo industrial, o álcool, óleo diesel. Basta haver a
incêndio é mais catastrófico que a conjunção de uma fonte de energia,
explosão isolada. Infelizmente, muitos elétrica ou térmica, para provocar o
incêndios são provocados ou começam incêndio ou explosão.
com uma explosão. A redução do perigo não é portanto, um
Esse trabalho enfatiza a relação entre o exercício de números absolutos. É um
uso de instrumento elétrico e a segurança assunto de baixas probabilidades e,
de uma planta que possui materiais especialmente, incremento de baixas
flamáveis. O objetivo de reduzir o perigo é probabilidades. O princípio básico e
assegurar que a adição do instrumento fundamental da redução do perigo, através
elétrico a uma instalação não aumenta de técnicas alternativas de segurança, é o
significativamente a probabilidade de de fornecer, no mínimo, dois eventos
independentes, cada um com baixa

5.1
Técnicas de Proteção

probabilidade. Assim, a probabilidade final da temperatura de auto-ignição da


que ambos ocorram simultaneamente é mistura especifica de gás envolvida.
praticamente zero.
Algumas técnicas de proteção
apresentadas se aplicam também a
instrumentos de potência e a motores,
geradores e iluminarias; outras se aplicam
apenas em componentes. Por questão de
completude e analogia, serão mostrados
todos os métodos.

1.2. Princípios Gerais


Como visto, a explosão é uma
combustão não desejada e não controlada
de uma mistura especifica de gás flamável
Fig. 5.1. Triângulo do fogo
com ar.
Os vértices do triângulo de combustão
são:
1.4. Explosão Evitada pela Fonte
1. o combustível
2. o comburente ou o oxidante Na mesma linha de raciocínio, são
3. a fonte de ignição, térmica ou apresentados os conceitos básicos
elétrica relativos aos métodos de segurança que
Como não há triângulo com apenas previnem e evitam a explosão, que
dois vértices, também não há combustão basicamente podem ser agrupados em
sem a ocorrência dos três eventos. duas opções distintas:
Confiando-se nesses pressupostos e 1. controle da fonte de ignição
definições, foram desenvolvidas todos os 2. controle da atmosfera flamável
meios possíveis e alternativos de tornar No primeiro grupo, cuidado da fonte de
seguro o uso de instrumentos elétricos em ignição, são considerados os conceitos:
áreas perigosas. 1. segurança intrínseca, onde o nível
As técnicas de segurança são de energia disponível na área
apresentadas e conceituadas segundo perigosa não é suficiente para
dois critérios principais: provocar a ignição da mistura
1. há explosão, porém ela é confinada perigosa em condições normais e
e controlada anormais especificas,
2. não há explosão. 2. equipamentos não-incenditivos,
onde o nível de energia disponível
1.3. Explosão Controlada na área perigosa não é suficiente
para provocar a ignição da mistura
Na classe da previsão e ocorrência da
perigosa em condições normais.
combustão, são considerados os dois
3. segurança aumentada, onde o
métodos:
projeto e a disposição dos
1. ignição contínua (flare), onde a
componentes evita o aparecimento
presença de uma ignição localizada
de faíscas e arcos voltaicos.
e pequena evita o aparecimento de
uma grande ignição incontrolável.
2. prova de explosão ou prova de
chama, onde a explosão é confinada
no interior de uma caixa robusta ou
a chama interna é resfriada quando
se propaga para fora a uma
temperatura baixa segura. A
superfície externa é mantida abaixo

5.2
Técnicas de Proteção

1.5. Explosão Evitada pela Mistura classificados para determinada área


classificada (Classe, Grupo e Divisão).
Na segunda categoria, quando se cuida Pode-se ter instrumento à prova de
do controle da atmosfera flamável, são explosão adequado para uso em um local
apresentadas as seguintes técnicas de (Classe I, Grupos C e D) e impróprio para
segurança, não necessariamente uso em local diferente (Classe I, Grupos A
aplicáveis a instrumentos de controle e B). As outras técnicas de proteção, como
completos: purga, selagem, imersão em óleo,
1. purga ou Pressurização, onde uma independem do tipo da mistura. Porém,
pressão positiva ou vazão contínua deve-se considerar com cuidado os
de um gás inerte impede o contato sistemas híbridos, que associam dois tipos
da mistura flamável com a fonte de de proteção. Por exemplo, o sistema de
energia. A fonte elétrica fica isolada purga que possua aparatos elétricos de
da mistura gasosa perigosa. salvaguarda com proteção de prova de
2. encapsulamento, quando o explosão depende do tipo da mistura
componente ou circuito é envolvido gasosa.
por uma resina que impede a
formação de faíscas ou o
desenvolvimento de alta 2. Técnicas Favoritas
temperatura.
3. imersão em óleo, quando o óleo 2.1. Invólucro à prova de chama
evita o aparecimento de faíscas
perigosas que possam entrar em O invólucro à prova de chama é aquele
ignição a mistura gasosa, para um aparato elétrico que irá suportar
4. enchimento de areia, quando um uma explosão interna do gás ou vapor
material finamente dividido em pó inflamável que pode entrar em seu interior,
impede o aparecimento de faíscas sem sofrer dano e sem comunicar a
perigosas que possam flamar a chama interna para o gás ou vapor externo
mistura gasosa para o qual foi projetado, através de
5. selagem (potting), quando se evita o quaisquer abertura ou junta da estrutura
contato íntimo entre a fonte perigosa nos invólucros. No invólucro à prova de
com a mistura flamável através de chama, é assumido que ocorre uma
material inerte, explosão no interior do invólucro, porém a
6. respiração restrita, técnica especial chama não irá passar para a atmosfera
que impede a mistura flamável externa através de qualquer abertura
atingir os limites perigosos de existente. Há máximas dimensões
flamabilidade. O processo mantém a permissíveis para as aberturas no
mistura ou muito rica ou muito pobre invólucro à prova de chama. A abertura
e incapaz de se flamar ou explodir. precisa ter um comprimento suficiente e
7. segregação, onde se evita a uma construção adequada para evitar a
explosão usando um instrumento passagem da chama para o exterior. A
sem fonte perigosa de energia, abertura é responsável pelo resfriamento
como o mecânico ou pneumático, ou ou extinção da chama originada no interior
somente usando o instrumento do invólucro.
elétrico em local garantidamente O equipamento também deve ser
seguro e isento de atmosferas suficientemente robusto para suportar a
flamáveis ou explosivas. explosão ocasional que ocorre no seu
As técnicas de proteção de prova de interior, sem se distorcer e sem alterar as
explosão e de segurança intrínseca dimensões dos espaçamentos. Por isso, o
dependem do tipo especifico da mistura invólucro é também chamado de prova de
gasosa perigosa (Classe e Grupo). Nestes explosão.
sistemas, os aparatos elétricos devem ser

5.3
Técnicas de Proteção

2.2. Pressurização e Purga


Atmosfera perigosa A pressurização e a purga são usadas
Interstício para controlar a atmosfera em uma sala ou
no interior de um equipamento. Tal
controle permite o uso seguro de
instrumentos elétricos que não poderiam
ser usados em a pressurização ou purga
do local.
Comprimento A pressurização ou proteção tipo “p” é
da junção
uma proteção em que a entrada de uma
atmosfera vizinha em um invólucro que
contém o equipamento elétrico é evitada
pela manutenção de uma pressão positiva
Fig. 5.2. Esquema simplificado da proteção de dentro do tal invólucro. A pressão positiva
prova de explosão ou prova de chama no interior do invólucro (maior que a
pressão da atmosfera externa) é mantida
com ou sem uma vazão contínua do gás
Os invólucros à prova de chama são inerte de proteção.
classificados pela Temperatura e pelo Na pressurização, uma pressão
subgrupo do aparato. Não existe uma positiva de ar ou gás inerte é mantida no
caixa à prova de chama que possa ser interior do invólucro de modo que a mistura
usada indistintamente em qualquer local, inflamável não pode entrar. Na purga, uma
com qualquer gás ou vapor. vazão de ar ou gás inerte é mantida
Quando um invólucro à prova de através do invólucro, de modo que a
chama é exposto às intempéries do tempo, atmosfera inflamável não se forma. Às
ele deve ser também à prova de tempo. A vezes, se emprega a proteção purga -
proteção de prova de tempo geralmente é pressurização.
conseguida pelo uso de gaxetas e juntas A ventilação mecânica pode ser usada
colocadas nas aberturas do equipamento. para fins de purga e pressurização. Na
É complicado conciliar a proteção de prova purga, a ventilação de ar ou gás inerte
de chama, onde as dimensões das pode ser forçada ou induzida.
aberturas são cientificamente calculadas O ar é o meio de pressurização mais
com a proteção de prova de tempo, onde conveniente e é preferível ao gás inerte,
devem ser colocadas juntas de vedação de por ser mais barato e por não constituir um
umidade e água pelas aberturas. Mesmo perigo de asfixia. Para a purga, o gás
sendo complexo, são disponíveis inerte fornece um maior grau de proteção
comercialmente muitos instrumentos contra o perigo de inflamabilidade e é mais
simultaneamente à prova de tempo e à conveniente para pequenos invólucros mas
prova de chama. o ar ainda é mais conveniente para
grandes invólucros e para salas, por causa
do perigo de asfixia. A fonte de ar ou gás
inerte deve ser livre de gases inflamáveis e
deve ser confiável. Pode ser necessário
limpar ou secar o ar ou gás inerte usado
na pressurização ou purga.
A pressão mínima recomendada pelas
Fig. 5.3. Caixa à prova de explosão normas é de 0,5 mbar. A pressurização
não deve ser usada em áreas de Zona 0.
Exemplos típicos de invólucros à prova
de chama são os motores elétricos e
luminárias. A principal aplicação para
invólucros à prova de chama é na Zona 1.
Não se pode usar equipamento à prova de
chama em Zona 0.

5.4
Técnicas de Proteção

2.3. Segurança Intrínseca


Atmosfera perigosa
A segurança intrínseca é uma técnica
de proteção baseada na restrição da
energia elétrica dentro de aparatos e da
fiação de interligação, exposta a uma
atmosfera potencialmente explosiva, a um
nível abaixo do qual se possa causar
∆P ignição por faisca ou por aquecimento. O
Atmosfera
inerte método considera os equipamentos
expostos à atmosfera explosiva e os outros
equipamentos elétricos interligados,
Fig. 5.4. Esquema simplificado da proteção por
purga ou pressurização mesmo que estejam em locais seguros. O
método também cuida da fiação de
ligação, pois ela pode armazenar energia
em níveis perigosos.
Para área de Zona 1 com aparatos de
A proteção de segurança intrínseca
uso geral (faiscadores), deve haver um
trata de sistema, circuito e aparato. O
alarme e intertravamento para falha do
aparato elétrico é intrinsecamente seguro
sistema de pressão. O intertravamento
quando todos os seus circuitos são
deve desligar a fonte elétrica na falta de
intrinsecamente seguros. Circuito
pressão exceto quando isso pode criar
intrinsecamente seguro é aquele que não
uma condição perigosa, quando devem ser
produz faísca elétrica ou efeito termal
tomadas outras precauções. Para Zona 1
capaz de causar ignição de uma dada
com aparatos para Zona 2 (não
atmosfera explosiva, nas condições de
faiscadores) deve-se ter um sistema de
teste prescritas na norma, que incluem a
alarme de pressão.
operação normal e condições anormais
A ação a ser tomada em caso de falha
específicas.
da purga requer a consideração das
Como a energia de ignição mínima de
circunstâncias particulares. Deve-se
misturas inflamáveis é muito pequena, o
considerar os aspectos do sistema de
método de proteção de segurança
monitoração, projeto da sala e do
intrínseca só se aplica a sistemas de baixa
invólucro, tubulação e equipamentos
potência, em particular, sistemas de
auxiliares.
instrumentação e comunicação.
No sistema de segurança intrínseca
deve-se tomar precauções para garantir
que a fonte de potência do sistema não
possa liberar quantidades inseguras de
energia na área perigosa e também que a
potência de outras fontes não possam
invadir o sistema. Por isso, há exigências
de isolação, aterramento e segregação.

Área segura
FI
R R F Atmosfera perigosa
Suprimento
da purga
V
Z

Barreira de S.I.
Fig. 5. 5. Instrumento protegido por purga
Fig. 5.6. Esquema da segurança intrínseca

5.5
Técnicas de Proteção

Há dois principais tipos de sistemas de 3. Outras Proteções


segurança intrínseca. Um sistema possui
alguns componentes na área perigosa,
mas a fonte de alimentação está na área 3.1. Introdução
segura. Com este método, é necessário
Além das três técnicas clássicas de
que os equipamentos da área perigosa e
proteção, já vistas, como prova de
da área segura sejam intrinsecamente
explosão, purga e segurança intrínseca, há
seguros e que eles sejam interligados de
ainda:
modo que o sistema também seja
1. técnicas de proteção ainda não
intrinsecamente seguro. A fonte de
muito conhecidas e usadas ou com
alimentação não pode sobrecarregar os
aplicações restritas a locais de
dispositivos de limitação de corrente.
divisão 2,
Usam-se barreiras de segurança
2. técnicas aplicadas ao ambiente que
intrínseca, que limitam a corrente e a
protegem todos os equipamentos
tensão entregues da área segura para a
localizados nele,
área perigosa.
3. técnicas de proteção que são
O outro sistema tem todas as partes na
impraticáveis de aplicação em
área perigosa e tem a sua própria fonte de
instrumentos inteiros, mas, são úteis
alimentação, como uma bateria. Este tipo
quando aplicadas a componentes e
de sistema pode ser uma instalação fixa ou
a peças dos instrumentos e
um instrumento portátil.
4. técnicas que não se aplicam a
equipamentos que contenham
peças móveis, mas são aplicáveis,
com grande utilidade e tradição, em
equipamentos elétricos de alto
potencial, como nos
transformadores.
Tais métodos serão apresentados
superficialmente, principalmente para fins
Fig. 5.7. Barreira zener de segurança intrínseca de analogia e completude de raciocínio:
1. segregação
É fundamental que se garanta que o 2. não-incenditivo
sistema de segurança intrínseca não seja 3. segurança aumentada
usado fora do escopo da certificação. 4. ignição continua ou flare
Os sistemas de segurança intrínseca 5. encapsulamento
são classificados por Temperatura e pelo 6. hermeticamente selado
subgrupo dos aparatos. 7. imersão em óleo
Exemplos de segurança intrínseca 8. enchimento de areia ou de pó
incluem sistemas de instrumentação e 9. proteção especial
analisadores portáteis de gases. 10. respiração restrita
Há aplicações de sistemas de Embora diferentes no método, todos
segurança intrínseca em todas as Zonas fornecem segurança final ao equipamento
de perigo, inclusive Zona 0, porém os onde são aplicados e quase todos
sistemas devem ser adequados. possuem uma característica comum:
Há duas categorias de sistemas: impedem o contato físico e direto entre a
1. ia, apropriado para uso em áreas fonte de energia de ignição e a atmosfera
perigosas incluindo Zona 0, inflamável, evitando desse modo o
2. ib, apropriado para uso em áreas aparecimento de chamas ou extinguindo-
perigosas para Zona 1 e 2 e as quando iniciadas.
excluindo Zona 0

5.6
Técnicas de Proteção

3.2. Segregação vapor inflamável na mistura com o ar,


devido ao arco voltaico ou a temperatura
O meio anticoncepcional mais eficaz da superfície, quando em uso normal.
possível é a abstenção sexual. O método A norma brasileira chama este
mais eficaz e obvio de segurança é o de instrumento de não acendível.
não usar instrumento elétrico em área Não incenditivo é uma técnica de
perigosa. É fazer a segregação do construção que elimina as faíscas ou
instrumento elétrico do local perigoso. superfícies quentes incenditivas em
As alternativas possíveis relacionadas operação normal; as falhas não são
com a segregação do instrumento consideradas. Por isso, há quem chame o
eletrônico perigoso da área de risco são: equipamento não-incenditivo de
1. usar o instrumento elétrico em local instrumento não faiscador (no-sparking) ou
seguro, quando possível. não provocador de fagulha. É
2. usar instrumento pneumático, que é conceitualmente errado, pois o instrumento
inerentemente seguro, para não incenditivo pode provocar uma faísca
substituir o eletrônico no local em operação normal, porém, a energia
perigoso. contida nessa faísca é insuficiente para
3. usar tecnologias eletrônicas provocar ignição do gás inflamável que
alternativas, como as ópticas e circunda o equipamento. Outra diferença
acústicas. É possível gerar, fundamental é que o equipamento não-
condicionar, processar e transmitir incenditivo inclui as considerações de
sinais compatíveis com a eletrônica abertura, curto-circuito ou contato com o
através de fibras ópticas sem terra da fiação de campo como uma
introduzir correntes e tensões condição de operação normal.
perigosas nas áreas perigosas. O equipamento não incenditivo é
aquele incapaz de liberar energia
suficiente, elétrica ou térmica, para causar
a ignição ou explosão de uma mistura
especifica de gás inflamável, somente nas
condições normais de operação.
Pode se dizer que o equipamento não
incenditivo é quase intrinsecamente seguro
ou que o equipamento não incenditivo é
intrinsecamente seguro apenas nas
condições normais de operação. O
equipamento não-incenditivo é
intrinsecamente seguro somente para
locais de Divisão 2. Geralmente, em
Fig. 5.8. Instrumento pneumático é naturalmente segurança intrínseca se refere a sistema
seguro e pode ser usado em área classificada sem completo e coerente. O conceito de não
restrições incenditivo pode se aplicar a equipamentos
isolados.
3.3. Não-Incenditivo (Ex n) Os pontos chaves são o arco voltaico e
as superfícies quentes. O equipamento
Conceito não-incenditivo é uma fonte de ignição
Equipamento não-incenditivo, circuito durante os raros momentos de operação
não-incenditivo, componente não- anormal. Por esta razão, o equipamento
incenditivo, circuito de campo não- não-incenditivo é associado apenas a
incenditivo são termos correlatos, que locais perigosos de Divisão 2, onde a
incluem o termo não-incenditivo, que não presença das misturas inflamáveis é pouco
aparece nos dicionários mas aparece no freqüente e de curta duração. O
NEC e na ISA S12.1: equipamento não-incenditivo é permitido
o equipamento não-incenditivo é aquele na Divisão 2, pois a probabilidade da
incapaz de causar a ignição de um gás ou presença da mistura perigosa com a

5.7
Técnicas de Proteção

ocorrência simultânea da falha do não-incenditivo é aquele em que qualquer


equipamento é extremamente pequena. arco ou efeito termal produzido nas
No Brasil, não-incenditivo é chamado condições normais de operação do
de não acendível. equipamento não é capaz, sob condições
predeterminadas, de produzir a ignição da
Características mistura gasosa especifica ou da mistura
O projeto de equipamento não- vapor + ar ou pó + ar.
incenditivo requer que todas as faíscas e Algumas normas (p. ex., a canadense
as superfícies quentes sejam incapazes de CSA) usam o termo faísca em lugar de
provocar a ignição durante a operação arco e substitui as condições
normal. A avaliação do equipamento predeterminadas por condições normais.
requer a definição de outros termos, tais Há duas importantes mudanças:
como: componente liga-desliga (make- termo não-incenditivo é usado com
break), arco voltaico, faísca, componente referência à ocorrência da faísca e
selado, componente não faiscador. a faísca ocorre com um produto.
O componente liga-desliga pode O termo não-incenditivo não se refere a
interromper o circuito, mesmo se a um circuito capaz de provocar a ignição
interrupção é transitória. Exemplos são que não é uma fonte de energia somente
relés, disjuntores, potenciômetros, chaves, porque ele não contem um componente
plugs, receptores e escovas de motor. liga-desliga. O circuito não-incenditivo
O dispositivo provocador de arco é um considera apenas a faísca provocada pelo
componente liga-desliga que, durante a componente liga-desliga e não considera a
sua operação normal, produz um arco faísca ou provocada pelo curto circuito e
voltaico com energia suficiente para causar contato com a terra.
a ignição de uma mistura gasosa O resultado de abrir, fazer o curto e
inflamável. ligar com o terra o circuito não-incenditivo
O arco voltaico causa a ignição da aparece no NEC. A fiação que é
atmosfera inflamável. A faísca se refere a classificada como não-incenditiva é isenta
descarga elétrica que ocorre quando um das exigências do NEC. Entretanto, esta
componente liga-desliga interrompe o isenção requer que a fiação seja incapaz
circuito. Esta faísca pode ser capaz ou de causar a ignição quando é aberto,
incapaz de provocar a ignição. colocado em curto ou aterrado. A fiação
Há cinco modos em que a ignição da externa ao equipamento não-incenditivo é
atmosfera inflamável por arcos pode ser a fiação de campo do circuito não-
evitada, durante a operação normal do incenditivo. Ela entra ou deixa a caixa do
equipamento: equipamento e nas condições normais de
1. substituir os contatos mecânicos operação ela é incapaz de provocar a
móveis por chaves estáticas a ignição de mistura gasosa especifica,
semicondutor, devido aos efeitos do arco e da
2. limitar a energia no circuito (circuito temperatura elevada. As condições
não-incenditivo), normais incluem a abertura, o curto e a
3. usar um componente que torne o ligação com o terra da fiação de campo.
arco impotente (componente não- De modo a diferenciar o circuito não-
incenditivo), incenditivo interno usado nas normas de
4. evitar que a atmosfera inflamável projeto e a fiação de campo externa aos
entre em contato com o arco circuitos não-incenditivos, a fiação é
(componente selado), considerada um circuito não-incenditivo.
5. evitar a ocorrência do arco durante a O equipamento não-incenditivo não
operação normal (componente necessita ser alimentado somente por
normalmente não provocador de circuito não-incenditivo. O circuito não-
arco). incenditivo pode ser alimentado com 24 V
Quando a energia é limitada, de modo cc, 120 ca. O ponto importante é que toda
que o arco criado não seja capaz de fiação capaz de provocar ignição deve ser
provocar a ignição, o circuito é chamado conveniente para o local perigoso.
de não-incenditivo. Por definição, o circuito

5.8
Técnicas de Proteção

Em geral, a fiação do local perigoso instrumento desligado da energia elétrica


requer conduite metálico rígido, que é ou com a garantia de que não há mistura
difícil de ser instalado e modificado. A perigosa no local.
intenção dos circuitos não-incenditivos é o Os invólucros são basicamente IEC IP
uso de métodos de fiação mais flexíveis. 54 e capazes de satisfazer o teste de
As normas permitem o uso de impacto 7 N-m.
conduites não metálicos em locais de Os equipamentos não incenditivos só
Divisão 2. Os cabos não metálicos podem ser usados em locais de Divisão 2,
requerem o uso de fiação de campo não porém, sem requerer despesas adicionais
incenditiva. Há muitas razões para não se de pressurização, de invólucros robustos
usar circuitos não-incenditivos na fiação de prova de explosão e de barreiras de
externa. Dentro do equipamento, a tensão, segurança intrínseca.
a corrente, a indutância e a capacitância A norma relacionada com os
do circuito são fixas. Porém, as fontes de equipamentos não-incenditivos é a IEC 79-
alimentação, os cabos e as ligações entre 15 - Electrical apparatus with type of
os equipamentos pode afetar o nível de protection "n".
energia das faíscas provocadas pela
abertura, curto e ligação com o terra da 3.4. Segurança Aumentada (Ex e)
fiação de campo.
O componente não-incenditivo possui Conceito
contatos para ligar ou desligar um circuito
incenditivo especifico onde o mecanismo A sua origem é alemã e erhochte
de contato ou a caixa em que os contatos sicherheit significa segurança aumentada,
estão alojados é construído de tal modo dai a abreviatura de Ex e para a técnica.
que o componente não é capaz de A técnica alternativa de proteção de
propagar a ignição da mistura perigosa segurança aumentada inclui medidas
especifica quando testada. O invólucro de adicionais às adotadas na prática normal
um componente não incenditivo não é industrial, de modo a dar uma segurança
projetado para excluir a atmosfera aumentada contra a possibilidade de
inflamável. temperaturas excessivas e a ocorrência de
Três pontos devem ser destacadas: arcos ou faíscas nos aparatos elétricos
1. a faísca criada normalmente é que não produzem arcos ou faíscas em
capaz de provocar ignição (i.e., um condições normais de operação.
arco),
2. componente não é selado para
evitar a entrada da mistura gasosa
perigosa, Atmosfera perigosa
3. componente não é considerado ter
um invólucro à prova de explosão.
O componente selado evita ou
restringe a entrada da atmosfera
inflamável no seu interior. Uma chave ou
relé hermeticamente selado é a forma mais
obvia desta proteção. Porém, há regras
para selos que somente atrasam a entrada
do gás e não evitam a sua entrada.
Um componente normalmente não Fig. 5.9. Esquema simplificado da proteção
provocador de arco refere usualmente a aumentada e não incenditiva: equipamento não
soquetes de lâmpadas, soquetes de
faiscador
fusíveis e conectores. Usualmente, um
operador não necessita e nem tem acesso
livre para ligar ou desligar conectores ou Além dos conceitos de segurança
substituir fusíveis ou lâmpadas. Este aumentada (europeu) e de não-incenditivo
serviço de manutenção é feito por técnicos (americano), há o equivalente a não
de instrumentação e é realizado com o

5.9
Técnicas de Proteção

faiscador. Aparato não faiscador é aquele normas alemãs consideram a segurança


que em operação normal não produz arco aumentada também para a Zona 1.
ou faísca capaz de provocar a ignição da As normas brasileiras relativas à
atmosfera circundante inflamável, embora segurança aumentada são:
ele possa provocá-la como o resultado de 1. NBR 9883, Equipamentos elétricos
falha mecânica ou elétrica. para atmosferas explosivas -
A instrumentação raramente possui a Segurança aumentada - Tipo de
proteção Ex "e" desde que nenhum proteção "e".
contato descontinuo é permitido, ou seja, 2. IEC 79-11 - Electrical apparatus for
nenhum potenciômetro de ajuste de zero explosive atmospheres -
ou de amplitude de faixa (span). As Construction and test of electrical
aplicações incluem motores de indução, apparatus, type of protection "e".
tomadas de luminárias, caixas de junção, 3. EN 50019 - Electrical apparatus for
válvulas solenóides. potentially explosives atmospheres -
Increased safety "e".
Características
É uma técnica de construção baseada 3.5. Ignição Contínua
na boa qualidade dos materiais, projeto,
montagem e layout do circuito para Introdução
eliminar qualquer faísca ou ponto quente.
Embora seja obvio que uma chama ao
O invólucro não precisa ser robusto
ar livre seja uma fonte de ignição, ela pode
suficiente para conter uma explosão (pois
ser usada para evitar a transmissão de
não há explosão) mas necessita ser à
gases inflamáveis de um lugar para outro.
prova de tempo, resistente a impacto e à
A ignição continua é um método de
prova de solvente. A classificação
proteção, praticamente aplicado a toda
mecânica IEC IP 54 é a mínima exigida
planta petroquímica e refinaria de petróleo.
A prática de fiação alemã é muito
É o uso do flare, com um queimador ou
diferente da norma inglesa; cabos
chama piloto.
blindados são raramente usados e são
Enquanto houver a queima controlada
preferidos os proteções plásticas. As
e localizada da chama piloto, tem-se a
entradas dos cabos não precisam ser
segurança no local, pois se garante que
consideradas, i.e., os cabos devem ser
não há acumulo nem concentração
firmemente suportados antes da conexão
perigosa de gases e vapores inflamáveis
de entrada,
no local.
O retorno do terra de alimentação é
A filosofia é a de provocar uma ignição
disponível em um terminal interno e
continua, localizada, pequena para se
necessita ser ligado a um condutor de
evitar a concentração de gases em
retorno de terra especifico.
volumes que possam provocar a explosão,
As caixas de passagem nos sistemas
que é a ignição indesejável e
Ex "e" precisam ser incorporadas a
descontrolada.
terminais com aprovação "e" a capacidade
O sistema de chama piloto possui
da caixa é determinada por fatores de
outras funções paralelas, como, a de
especificação.
convergir para o sistema de queima
A técnica de segurança aumentada é
produtos e materiais, em condições de
usada especialmente em motores sem
falhas e emergências. Há normas e
faíscas e em luminárias. Os motores são
requisitos para a ignição continua,
projetados especialmente para
relacionadas com a velocidade de queima,
permanecer dentro de limites
garantia de não extinção da chama.
estabelecidos de temperatura, mesmo com
o rotor bloqueado e possui ligações Sistema de flare
especiais para evitar o afrouxamento
A função de um sistema de flare é
mesmo com vibração severa.
geralmente para manipular os materiais
Equipamentos com segurança
desprendidos durante a operação normal,
aumentada podem ser usados somente
em Zona 2. Embora controverso, as

5.10
Técnicas de Proteção

principalmente durante a partida e durante 1. explosão do sistema de flare,


as emergências. 2. obstrução do sistema de flare,
Os sistemas de flare consiste de uma 3. entupimento da tubulação pela baixa
chaminé e de tubos associados que temperatura,
coletam os gases a serem liberados. 4. radiação de calor do flare,
Outras características incluem o tipo do 5. transporte de liquido do flare,
flare, que tipicamente tem bocais de vapor 6. emissão de materiais tóxicos do
para assistir a injeção de ar no flare, selos flare.
instalados na chaminé para evitar o retorno Outros problemas envolvendo o
da chama e um tambor de separação na ambiente são:
base da chaminé para remover o liquido 1. fumaça poluente no flare,
dos gases passando para o flare. 2. ruído do flare.
O tipo do sistema de flare necessária e A combustão eficiente no flare depende
os perigos associados dependem muito da da boa mistura obtida entre o gás
política de vent. Assim por exemplo, a combustível e o ar e da ausência de uma
decisão de ventar certas colunas frias de chama de difusão pura. Quando não se
uma planta de etileno direta para a tem uma combustão eficiente, resulta uma
atmosfera pode reduzir grandemente o chama cheia de fumaça escura.
tamanho do sistema e evitar a Há vários modos de se promover boa
necessidade de usar selos especiais combustão. O principal é a injeção de
necessários para manipular gases frios. vapor. A principal função do vapor é
O uso de sistemas de trip pode aumentar a mistura de ar e melhorar a
também reduzir significativamente a reação de combustão.
quantidade de gás perdido a ser queimado O controle do estado da chama é feito
no flare. pela manipulação do suprimento de vapor
Os arranjos do flare podem ser através do operador de processo
divididos em duas partes separadas, uma observando a chama. Há ainda sistema
manipulando o gás molhado e a outra automático baseado na medição da
manipulando o gás seco e frio. A divisão radiação de calor da base da chama, onde
pode tomar a forma de sistemas a diferença de calor irradiado pela chama
separados, levando a uma chaminé de com e sem fumaça é muito grande.
flare comum ou a dois sistemas
separados, cada um com sua chaminé.
Em muitos casos os arranjos do flare
consistem de um flare elevado combinado
com um de baixo nível. As cargas de
operação e de partidas normais são
manipuladas pelo flare de baixo nível,
enquanto ambos os flares são usados para
manipular os grandes volumes das pouco
freqüentes emergências.
A chama em uma chaminé de flare é
muitas vezes de grande comprimento
(vários metros) e o desprendimento de
calor é da ordem de 107 BTU/h.
Há uma intensa radiação de calor do
flare. É geralmente necessário ter uma
área em torno do flare em que o pessoal
não deve trabalhar ou permanecer.
Há um grande numero de problemas
envolvidos na obtenção da ignição positiva
e manutenção da chama na ponta do flare,
bem como de evitar o retorno. Estes
problemas são particularmente difíceis e Fig. 5.10. Plataforma com flare
os perigos associados são:

5.11
Técnicas de Proteção

No sistema de ar há um perigo de o ar especifico de evitar a passagem de ar


entrar e formar uma mistura inflamável. O através das válvulas abertas.
perigo é particularmente sério porque está O ar pode entrar também por difusão
sempre presente uma fonte de ignição, na chaminé, quando o flare não estiver
que é a chama na ponta do flare. operando. Um selo molecular é instalado
O ar pode entrar no sistema do flare para evitar isso. O uso do selo molecular
devido a fatores como abertura de reduz muito a vazão do gás de purga
válvulas, corrosão, difusão para baixo da necessário para evitar a difusão de ar de
ponta do flare, quando não estiver volta na chaminé. A desvantagem do selo
operando a chama. molecular é que ele tende a se bloquear. A
Algumas precauções devem ser principal causa do bloqueio é o acumulo de
tomadas contra o perigo de uma explosão água e falha dos meios de drenagem
de ar no sistema do flare; como: desta água do filtro.
1. usar purga do gás, A concentração de oxigênio no sistema
2. usar selos de água e corta chama, de flare deve ser monitorada, de modo a
3. eliminar vazamentos, garantir que uma grande quantidade de ar
4. usar selos moleculares, entre e não seja detectada.
5. monitorar a concentração de A obstrução do sistema de flare é um
oxigênio. perigo que pode ocorrer de vários modos,
A descarga do gás perdido para o por exemplo:
sistema do flare é naturalmente aleatória. 1. bloqueio de equipamentos, como
Se a vazão de gás é muito pequena e há corta chama e selo molecular,
vazamento de ar no sistema, pode ocorrer 2. congelamento dos selos de água
uma mistura inflamável. Se a vazão de gás em lugares muito frios.
é muito pequena, a chama pode se Em alguns sistemas de flare o vapor é
apagar, voltar para a chaminé ou ficar injetado na base da chaminé. A
pulsante. Por isso, é uma prática comum combinação de contato com um gás frio,
usar um gás de purga de modo a manter a como o etileno e o tempo frio pode causar
vazão do gás no sistema de flare. Este gás o congelamento da água injetada. Ponto
de purga é usualmente combustível. de congelamento do benzeno: 5,5 oC; do
Os dispositivos que são usados para ciclohexano, 5,5 oC. A solidificação de
evitar a volta da chama são os corta óleos pesados pode criar entupimentos.
chama e os selos de água. Pode haver fratura nos tubos do
Uma desvantagem do corta chama é a sistema de coleta, principalmente se a
tendência de entupimento das pequenas temperatura do aço é tomada abaixo de
passagens. seu valor de transição. Por isso pode ser
Uma alternativa para evitar o retorno da necessário usar aço inoxidável nas partes
chama é o uso de selos de água. Porém, do sistema onde existem destas
há problemas com selos de ar: condições. O uso de aço inoxidável é caro
1. a criação de uma passagem e deve ser mantido ao mínimo necessário
ininterrupta através da água de altas e depende da política de descarga
vazões de gás, que podem tornar o adotada.
selo ineficaz e A combustão no flare é um processo
2. a tendência de surge, que pode complexo, que depende do gás queimado
afetar a operação do flare. e até do numero de Reynolds.
3. a perda de água dos selos. A chaminé do flare irradia um calor
4. em países frios, o congelamento da intenso que constitui um perigo. O nível
água. aceitável é estabelecido de modo que as
O melhor enfoque para evitar a pessoas podem sair imediatamente de sua
explosão nos sistemas de flare é evitar a vizinhança sem perigo. O nível proposto é
entrada de ar no sistema e monitorar o de 3.154 W/m2. Para fins de comparação
conteúdo de oxigênio para verificar se isso a radiação solar é de 788 W/m2. Se for
está sendo feito. A eliminação de entrada necessário o trabalho de pessoas nesta
de ar na tubulação tem o objetivo área de radiação, o nível deve ser limitado
a 1.577 W/m2.

5.12
Técnicas de Proteção

O liquido carregado da chaminé do transmissão de chama e nem pelo


flare resulta em uma chama mais escura e superaquecimento de qualquer peça.
com muita fumaça, na dispersão de gotas O encapsulamento é qualquer
de material inflamável em combustão ou envolvimento de um componente ou
dispersão de gotas de material tóxico. conjunto de partes em um meio solido ou
O modo mais usado para evitar que semi sólido, como plástico, cerâmica,
gotas de liquido atinjam a chama é o uso resina, PVC, epoxy.
de um tambor separação na base da As vantagens do encapsulamento são
chaminé. Porém, é difícil eliminar múltiplas e não necessariamente se
completamente a condensação e o spray. referem apenas a segurança:
Em flares contendo material como cloro 1. torna o componente mais resistente
e enxofre, os gases queimados são a impacto e vibração mecânica,
compostos como HCl e SO2. Nestes 2. reduz a influência da atmosfera
casos, a altura da chaminé deve ser circundante, quanto a umidade, a
suficientemente grande para evitar a temperatura, a pressão e a gases
concentração destes gases tóxicos no corrosivos,
nível do chão. 3. serve como dissipador de calor por
As objeções ambientais do flare são: causa de sua maior superfície para
luz, fumaça e ruído. A eliminação da dissipação do calor,
fumaça já foi discutida. Pouca coisa pode 4. torna o componente eletricamente
ser feita para eliminar a luz da chama. Se inacessível,
isso é sério, pode ser necessário usar um 5. quanto a segurança, o
sistema de queima fechado e a um nível encapsulamento torna o
baixo, em vez do flare. O ruído gerado componente não faiscador e seguro,
pelo flare é função da energia liberada na 6. quando usado em segurança
chama. intrínseca, o encapsulamento do
circuito elétrico impede que um
3.6. Técnicas de Isolação ponto de junção especifico do
circuito seja aterrado ou conectado
Há técnicas que impedem o contato
indevidamente a outro ponto do
entre a fonte de ignição e a atmosfera
circuito, comprometendo a
inflamável e extinguem qualquer chama
segurança.
incipiente.
Estas técnicas são:
1. encapsulamento
2. selagem Atmosfera perigosa
3. imersão em óleo
4. enchimento de areia
A técnica de selagem, comumente mas
não necessariamente chamada de
selagem hermética pode assumir nomes
diferentes como de respiração restrita ou Resina
diluição. A ventilação é também
reconhecida como técnica de proteção e
possui o mesmo princípio de operação. Fig.4.11. Esquema simplificado da proteção de
Encapsulamento (Ex m) encapsulamento
Como técnica de proteção alternativa, o Não há normas relacionadas com o
encapsulamento é o envolvimento íntimo encapsulamento para fins de segurança. O
do equipamento elétrico que está sendo bom senso diz que
tratado com um material conveniente, de 1. conjunto encapsulado não deve se
modo que nas condições de uso para o rachar nem se quebrar, como
qual ele é projetado, não haverá nenhuma resultado de choques mecânicos ou
condição externa que irá provocar ignição térmicos, provocados na sua
da atmosfera explosiva exterior, nem pela prevista e devida aplicação.

5.13
Técnicas de Proteção

2. material de encapsulamento deve sempre não perigosa, porque a


ser compatível e quimicamente concentração dentro da caixa selada
estável com relação a todo gás ou eventualmente pode atingir a concentração
vapor presente na atmosfera de media do lado de fora.
uso, A selagem hermética foi originalmente
3. a temperatura de qualquer ponto desenvolvida para evitar a entrada em um
normalmente acessível a atmosfera container de atmosfera úmida, suja,
combustível deve ser menor que combustível, corrosiva ou degradante. No
80% da temperatura de ignição da aspecto de segurança, os selos são
mistura, expressa em oC. comumente usados para se evitar a
O aparato encapsulado pode ser usado contaminação de áreas seguras por áreas
em locais de Zona 1. perigosas através de conduites e cabos.
Algo parecido com o encapsulamento, Os cabos e conduites são selados,
é a tropicalização de circuitos elétricos. interrompendo e impedindo a passagem
Consiste na aplicação de resinas de gases entre equipamentos interligados.
especiais, em todo o circuito impresso, de Todos os cabos e conduites que entram e
modo a tornar o circuito insensível a saem da sala de controle devem ser
umidade elevada e evitando-se o selados. Todos os conduites e cabos que
aparecimento e crescimento de fungos e entram e saem das caixas pressurizadas
mofos. Enfim, torna-se o circuito adequado devem ser selados. Para se evitar o
para ser usado num pais tropical. acúmulo de pressão, conduites longos ou
de interligação de instrumentos a prova de
Hermeticamente Selado (Ex h) explosão também devem ser selados.
De um modo genérico, selo é um Aparato totalmente fechado é aquele
dispositivo que impede o contato de duas contido em um invólucro que administra o
substâncias. Por exemplo, um conduite risco de entrada de uma pequena
selado impede que os gases que estão de atmosfera inflamável. Vedação total é
um lado do conduite se transfiram para o aplicada a conexões de luminárias. Ele
outro lado. Uma tampa selada impede que também pode ser aplicado a um aparato
os gases entrem no interior da caixa, não faiscador, como uma salvaguarda
através da tampa. adicional. Um exemplo: motor fechado de
gaiola.
Para riscos de pó o método mais
largamente usado de proteção é uma
Atmosfera perigosa combinação de invólucro do aparato e
eliminação de superfícies quentes.
A selagem hermética é uma técnica
usada somente na Divisão 2 (EUA),
embora, na Europa, seja questionável
também o seu uso em Zona 1.
Nas proteções de selagem e purga (ou
pressurização), a atmosfera perigosa não
entra dentro do instrumento ou aparato. Na
purga (pressurização), a vazão (pressão)
do gás inerte evita a entrada do gás
Fig.4.12. Esquema simplificado da proteção de flamável e na selagem, o selo impede a
selagem hermética entrada do gás flamável no interior do
aparato. Em ambos os casos, deve haver
um meio positivo de detectar a perda da
Um selo ideal é hermético, totalmente vazão (purga), pressão (pressurização) e
fechado. Na prática sempre há pequenos selo (hermeticamente fechado).
vazamentos. Por isso, uma condição Há quem considere a selagem idêntica
implícita para o uso de selo é que a a proteção de respiração restrita.
concentração media na atmosfera
circundante ao aparato selado deve ser

5.14
Técnicas de Proteção

Imersão em Óleo (Ex o) 2. nível de óleo normal deve


Há quem considere a imerso em óleo ultrapassar em 150 mm, no mínimo,
um método de isolação e não uma técnica qualquer circuito elétrico que
de proteção. De qualquer modo, na técnica produza faísca ou arco voltaico.
imersão em óleo, Ex "o" o aparato elétrico 3. nível do óleo deve ser indicado por
ou peça do aparato elétrico é imerso em um visor, com graduações que
óleo, de modo que uma atmosfera indiquem o nível normal, mínimo e
explosiva, que pode estar acima ou fora do máximo. Deve haver um aviso para
invólucro de óleo, não entra em ignição. garantir a manutenção do nível de
É largamente usada a técnica de óleo sempre acima do mínimo
proteção de imersão em óleo em indicado.
equipamentos estáticos de potência, como 4. buraco de dreno, se existente, deve
transformadores de grande capacidade. ser provido com uma conexão
Ela é útil para transformadores, pois o óleo tampão, com o mínimo de 5 filetes
serve adicionalmente como refrigerante e de roscas completos.
permite o movimento de contatos sem 5. não se pode usar fusíveis dentro da
faíscas de ignição. Não se conhecem caixa.
aplicações de técnica de imersão para 6. os limites da temperatura exterior
instrumentos de controle, pois ela são os mesmos para as caixas a
atrapalha a operação funcional. prova de explosão, baseando-se na
O óleo em si pode se romper e há temperatura ambiente de 40 oC.
limites de temperatura impostos. 7. deve haver marcação externa e
Atualmente somente Óleos de Isolação visível, com os seguintes dados:
Mineral (silicone) são permitidos. A historia 8. identificação do fabricante, do
registra casos de transformadores imersos modelo, dos dados de calibração,
em óleo que explodiram (Chicago, 1973). 9. especificação elétrica completa,
10. classe, grupo e divisão de uso
permitido,
11. máxima temperatura de operação,
Atmosfera perigosa 12. advertência para desligar o
equipamento da alimentação antes
de se abrir a caixa e manter a caixa
totalmente fechada, quando em
operação.
As normas relacionadas com imerso
em óleo são as seguintes:
Óleo 1. NBR 8601, Equipamentos elétricos
imersos em óleo para atmosferas
explosivas
2. IEC 79-6 - Electrical apparatus for
Fig.4.13. Esquema simplificado da proteção de explosive gás atmospheres - Oil
imersão em óleo immersed apparatus.
3. EN 50019 - Electrical apparatus for
potentially explosives atmospheres -
Poucos certificados são emitidos para Oil immersion "o".
aparatos aprovados com Ex o; onde
usado, tende a ser parte de outros Enchimento de Areia ou Pó (Ex q)
métodos combinados de proteção. A proteção de enchimento de areia
Em resumo, as principais idéias (sand filled) ou de pó (powder filled) possui
relacionadas com imerso de óleo são: um invólucro para equipamento elétrico em
1. a caixa deve ser metálica, projetada que todas as partes vivas do equipamento
para eliminar a possibilidade de são inteiramente envolvidas em uma
produção de faísca e fagulha acima massa de material finamente granulado
do nível de óleo. tendo a consistência de areia, de modo
que, sob as condições de uso para a qual

5.15
Técnicas de Proteção

o equipamento é projetado, qualquer arco 1. teste de meia pressão, onde a caixa


que ocorra dentro da caixa não irá é pressurizada e mede-se o tempo
provocar ignição na atmosfera explosiva que a pressão leva para atingir a
externa, nem pela transmissão da chama metade da pressão inicial.
nem pelo superaquecimento das paredes Desenvolveu-se uma relação
do invólucro. baseada nas constantes de difusão
O enchimento de areia é considerado de vários materiais inflamáveis da
uma forma de isolação, normalmente qual se pode determinar para que
aplicado a cabos enterrados, onde serve materiais a caixa é conveniente.
como um material adequado de extinção 2. teste da meia concentração, onde a
de faísca, na eventualidade de ruptura do caixa é cheia de uma material
cabo. conhecida, usualmente o dióxido de
Equipamentos elétricos com carbono (CO2). A atmosfera interna
enchimento de areia podem ser usados em é monitorada e o tempo medida
locais de zonas 1 e 2 mas não podem ser para a caixa atingir a metade da
usados em locais de zona 0. concentração inicial. Desenvolveu-
Esta técnica não é reconhecida nos se uma relação para vários
EUA. materiais inflamáveis.
Esta técnica de proteção é aplicada na
Europa, principalmente na Suíça, porém,,
pouco conhecida e usada em outras partes
Atmosfera perigosa do mundo, exceto em alguns componentes
selados, como relés.
Um aparato elétrico com esta proteção
só pode ser usado em locais de Zona 2,
pois a perda da selagem compromete a
segurança.

Pó Diluição Contínua
Além da purga-pressurização, selagem
e respiração restrita existe a técnica de
proteção de diluição continua. Ela se aplica
Fig.4.14. Esquema simplificado da proteção de a equipamentos onde a mistura inflamável
enchimento de areia perigosa é injetada dentro do instrumento,
como em analisadores e cromatógrafos.
A diluição continua se baseia na
Respiração Restrita introdução de gás protetor em quantidade
suficiente para diluir qualquer mistura
O aparato com proteção de respiração
inflamável presente durante a operação
restrita é construído de tal modo que a
normal ou sob condições de falha do
ocorrência de misturas explosivas de gás
equipamento, como quebra do tubo de
ou vapor com o ar interno do invólucro é
amostragem. A diluição garante que a
evitada durante um certo tempo limitado e
mistura sempre fica abaixo do limite
que não causa explosão externa por suas
inferior de explosividade e inflamabilidade;
partes externas.
tipicamente 50% destes limites.
A respiração restrita se baseia na
selagem. O princípio básico é isolar as
3.7. Proteção Especial (Ex s)
partes elétricas dentro de um invólucro
através de um selo hermético que evita a Um conceito que foi adotado para
entrada casual de qualquer atmosfera permitir a certificação dos tipos de
inflamável externa. aparatos elétricos que, por sua natureza,
A certificação de uma caixa para não estão de conformidade com as
respiração restrita é determinada por teste. exigências de construção especificas do
Há dois tipos de testes: aparato com tipos estabelecidos de
proteção, mas que, mesmo assim, pode

5.16
Técnicas de Proteção

ser mostrado que é conveniente para uso 4.1. Segurança


em áreas perigosas, em locais específicos.
A comprovação de sua segurança é Quando se considera a segurança em
estabelecida, onde necessário, através de si, não faz muito sentido questionar qual é
testes. O certificado de qualificação limita a mais segura. Qualquer técnica de
onde pode ser usado. segurança, quando satisfaz todas as
O equipamento típico para receber exigências da norma, instalada
proteção especial é o detetor de gás corretamente e mantida adequadamente
inflamável, com invólucro e conexões a oferece segurança. Quando se determina
prova de chama: o gás tem acesso via a probabilidade de ocorrência de ignição
plug metálico sinterizado. através de analise matemática, pode-se
A categoria de proteção especial pode encontrar números como 10-7 para
ainda se referir a invólucros à prova de explosão e 10-17
1. novas técnicas criadas e ainda não para segurança intrínseca. Embora à
reconhecidas ou certificadas, primeira vista isto possa parecer muito
2. combinação de técnicas de diferente e a técnica de segurança
proteções existentes, por exemplo intrínseca muito mais segura que a de
pressurização de caixa e prova de explosão, na prática, ambas as
componentes de salvaguarda à técnicas são igualmente seguras.
prova de explosão, Estatisticamente, nenhuma caixa à prova
3. atualizações, evoluções e casos de explosão foi causa de qualquer
particulares de técnicas existentes. explosão industrial. A probabilidade de sua
Por exemplo, um instrumento que ocorrência em 107 é um intervalo de mais
quase satisfaz as normas de de 50 anos de uso. Na prática ela é
segurança aumentada e quase considerada segura.
satisfaz as de segurança intrínseca Mesmo com essa consideração, a
pode ser considerado como de segurança intrínseca é considerada a mais
segurança especial. segura de todas as técnicas, pois é a que
Um instrumento com proteção especial menos depende de falha humana. O
pode ser usado em locais de Zona 0, 1 e 2. operador ou o instrumentista de
manutenção deve fazer muita coisa
anormal para conseguir eliminar a
4. Parâmetros para seleção segurança oferecida pelo sistema
As três técnicas principais de proteção intrinsecamente seguro. A pessoa precisa
aplicadas a instrumentos e equipamentos fazer erro grosseiro e visível de fiação ou
industriais são: mesmo destruir o equipamento que
1. segurança intrínseca, estabelece o nível limitado de energia.
2. prova de explosão ou de chama Um invólucro à prova de explosão
3. purga ou pressurização. perde sua segurança quando está sem a
Com relação a estas três proteções, é tampa ou quando os espaçamentos estão
comum se fazer uma comparação, quando danificados ou arranhados. Se o pessoal
são confrontados os parâmetros de: de manutenção não entende ou não
1. segurança acredita por que deve haver tantos
2. custos de equipamentos parafusos para manter uma tampa firme -
3. custos de instalação e deixa um único parafuso de fora, a caixa
4. manutenção perdeu sua segurança.
5. flexibilidade Na pressurização o elemento humano é
ainda mais importante, pois o sistema
requer manutenção e depende menos do
projeto e mais da instalação. Por causa
desta maior dependência do fator humano,
o sistema de pressurização é considerado
o menos seguro dos três.

5.17
Técnicas de Proteção

4.2. Custo do Equipamento ausência comprovada da mistura perigosa


no local.
O custo direto do equipamento é o O sistema pressurizado é o mais
mais fácil de ser quantificado. A técnica de exigente de manutenção e cuidado, pois
Pressurização possui o menor custo de inclui os sistemas de dutos do gás inerte e
equipamento pois é permitido o uso de de equipamentos de salvaguarda
instrumentos de uso geral, sem nenhuma (pressostatos, temporizadores, chaves fim
técnica adicional individual. O custo extra de curso).
se refere apenas a algumas etiquetas e as
entradas e saídas de exaustão para o gás
4.5. Flexibilidade
inerte.
O equipamento com invólucro à prova Com relação à flexibilidade, o sistema
de explosão tem um custo maior, por melhor é o pressurizado. A Pressurização
causa das exigências de maior robustez e de gás inerte vale para qualquer tipo de
de espaçamentos com comprimentos e mistura perigosa. O sistema elétrico
larguras críticos. protegido é de uso geral e sem restrições.
O sistema intrinsecamente seguro O sistema com segurança intrínseca é
também tem um custo adicional para o menos flexível de todos. Ele requer a
satisfazer os cuidados especiais de projeto aprovação do sistema completo ou então,
e disposição dos componentes e há ainda no conceito de entidade, há limitações
o custo real das barreiras zener ou impostas nos parâmetros armazenadores
unidades de isolação. de energia (capacitância e indutância) e
nos níveis de potência (tensão e corrente).
4.3. Custo da Instalação Qualquer modificação deve ser analisada
individualmente e aprovada.
Sob o ponto de vista de custo de O invólucro à prova de explosão
instalação, o da segurança intrínseca é o depende da classe e grupo da mistura
mais baixo. A fiação da segurança inflamável do local.
intrínseca difere muito pouco de uma
fiação de uso geral.
4.6. Conclusão
A instalação de prova de explosão
possui custo mais elevado, pois devem ser Quando se tem o conhecimento dos
usados conduites e prensa cabos níveis de energia envolvidos, a filosofia
especiais à prova de explosão. básica usada no projeto da segurança e
A instalação protegida por uma visão geral das várias técnicas
Pressurização é a mais cara das três. aplicadas, fica fácil:
Deve haver um sistema completo de dutos 1. fazer a comparação correta entre
conduzindo o gás inerte. Os equipamentos elas,
de salvaguarda, quando necessários, 2. escolher a mais adequada para a
como microswitches, temporizadores, aplicação,
indicadores e alarmes de pressão ou 3. perceber que a segurança real
vazão encarecem a instalação do sistema. depende muito mais dos indivíduos
envolvidos na operação e
4.4. Manutenção manutenção da planta,
4. concluir que o treinamento
A manutenção segue os custos da adequado de cada indivíduo e o zelo
instalação. A segurança intrínseca possui no processo inteiro são os
a vantagem da manutenção "viva" (sem responsáveis pela garantia
desligamento da energia). O uso de continuada da segurança da planta.
componentes mais confiáveis resulta em
menor taxa de defeitos e falhas, no mínimo
nas portes relacionadas com a segurança.
As caixas à prova de explosão
requerem maior nível de manutenção e
inspeção. A manutenção só pode ser feita
com o equipamento desligado ou com a

5.18
Técnicas de Proteção

Tab. 4.1. Áreas e Proteções

Zona Riscos de gás ou vapor Riscos de pó


Zona 0 Sistema intrinsecamente seguro, tipo ia Sistema intrinsecamente seguro, tipo ia
Zona 1 Invólucro à prova de chama Sistema intrinsecamente seguro, tipo ia ou ib
Sistema intrinsecamente seguro, tipo ia ou ib Pressurização ou purga
Proteção do tipo especial, “s” Certos tipos de invólucros
Pressurização ou purga
Proteção do tipo “e”
Zona 2 Qualquer método para Zona 1 Sistema intrinsecamente seguro, tipo ia ou ib
Proteção do tipo “N” Pressurização ou purga
Aprovado para Divisão 2 Certos tipos de invólucros
Proteção do tipo “e”
Aparato não-faiscador
Aparato totalmente vedado

Tab. 4.2. Proteções, marcações e normas aplicáveis

Tipo de Proteção Ex IEC NBR EUA


Uso geral 79-0 9518 NEC
Prova de explosão ou de Chama d 79-1 5363 UL 698/886
Segurança aumentada e 79-7 9883 Não aceita
Segurança intrínseca i 79-11 8446/8447 NFPA 493/UL 913
Hermeticamente selado h 3-36 FM 3610
Encapsulamento (potting) m 79-5 EN 50017
Não incenditivo (no-sparking) n 31-49 Não aceita
Imersão em óleo o 79-6 8601 UL 698
Pressurização ou Purga p 79-2 e 79-13 169 NFPA 496 e ISA 12.4
Enchimento de areia q 79-5 Não aceita
Especial s
Placa protegida
Respiração restrita Suíça BS 4137
Instalação 79-14 158 NFPA 70 e ISA RP 12.6

5.19
Técnicas de Proteção

IGNIÇÃO PERMITIDA
IGNIÇÃO EVITADA

Sem fonte de energia Controle da atmosfera flamável

Ignição contínua
ou Flare Segurança Controle da concentração Isolação da fonte

Prova de explosão Segurança


Seleção do local Encapsulamento
ou
Prova de chama Não incenditivo
Purga ou pressurização Imersão em óleo

Controle da composição Enchimento de areia

Respiração restrita

Fig. 5.15. Visão geral das técnicas de proteção de instrumentos, equipamentos e aparatos elétricos

Apostilas\Perigosa 5proteções.doc 17 ABR 01 (Substitui 15 JAN 99)

5.20
6
Prova de Explosão
A definição dada pelo NEC para
Objetivos de Ensino equipamento a prova de explosão é a
seguinte:
1. Conceituar instrumento à prova de equipamento fechado em uma caixa
explosão ou prova de chama. que é capaz de suportar uma explosão
2. Apresentar os parâmetros envolvidos de uma mistura gasosa específica que
com o conceito de prova de explosão. pode ocorrer dentro dela e de evitar a
3. Resumir as principais recomendações ignição de uma específica mistura
relacionadas com a montagem, gasosa externa e em redor da caixa,
operação e manutenção de através de faísca, chama ou explosão
equipamentos à prova de explosão. da mistura gasosa interna e que opera
4. Listar as normas relacionadas com a em uma temperatura externa de modo
proteção de prova de explosão. que a mistura inflamável externa não
entre em combustão por causa dela.
1. Definições e Conceitos Esta definição inclui vários critérios e
conceitos.
A proteção de prova de explosão ou de 1. O circuito elétrico deve ser
chama é, possivelmente, o mais comum e envolvido por um invólucro ou caixa
facilmente reconhecível método alternativo (invólucro a prova de explosão),
de proteção aplicado a equipamentos 2. A caixa deve ser capaz de suportar
elétricos montados em áreas perigosas. O as pressões geradas pela explosão
conceito foi desenvolvido no início do que pode ocorrer no seu interior.
século, cerca de 1906, porém até hoje Para desempenhar sua função
ainda possui aspectos nebulosos e pouco protetora, a caixa a prova de
conhecidos. explosão é caracterizada por uma
Nos Estados Unidos é chamado de construção robusta, resistente,
prova de explosão; na Europa, de prova de contendo materiais apropriados,
chama. Aliás, a escolha do nome implica, com tampas rosqueadas ou
já, em diferenças de conceitos, embora o aparafusadas de modo diferente
resultado final seja equivalente: em ambos que o normal, com espaçamentos
os casos há uma proteção efetiva, através bem determinados, acabamentos
do confinamento da explosão no interior do especiais nas superfícies de
equipamento ou pelo resfriamento da contato dos flanges, volume e
chama quando ela escapa para o exterior. formatos adequados, colocação
Durante o trabalho se fará referência a correta do circuito elétrico. O
ambos nomes indistintamente, à prova de invólucro a prova de explosão ou
explosão e à prova de chama. prova de chama deve conter a
A sua abreviação é Ex-d, "d" de explosão sem se danificar ou
druckfest, alemão, que significa vedado a deformar.
pressão. 3. Os invólucros a prova de explosão
não são vedados à entrada de

6.1
Prova de Explosão

gases inflamáveis. É permitido e até hoje não foi construída e


esperado que a mistura gasosa aprovada uma caixa para uso em
inflamável penetre no interior da Classe I, Grupos A (acetileno). No
caixa, atinja concentrações Brasil, até hoje, ainda não se
perigosas e entre em contato com construiu uma caixa para local de
as fonte de ignição, elétrica ou Grupo B (típico de hidrogênio).
térmica, constituída pelos circuitos 8. Finalmente, mas não menos
elétricos. Há explosões freqüentes importante, o instrumento continua
no seu interior, porém, são operando normalmente, sem se
pequenas explosões, confinadas ao danificar e sem alterar seu
interior dos equipamentos e desempenho. Este ponto é talvez o
controlada. A proteção à prova de mais difícil de ser aceito pelo não
chama ou à prova de explosão especialista, pois há o preconceito
permite o acesso da mistura ar-gás de que explosão ou incêndio
perigosa dentro da caixa, através sempre destrói, danifica, estraga,
dos espaços entre suas peças, arrebenta, rompe, produz grande
entradas de conduites, barulho.
espaçamentos entre eixo e suporte, Vários fatores devem ser atendidos na
espaços entre roscas. Os construção, montagem e manutenção do
espaçamentos são calculados e equipamento. Todos esses parâmetros
projetados especificamente para que garantem a segurança do
fazer o resfriamento da chama equipamento são definidos em normas
interna. específicas e diferentes. Como conclusões
4. Há uma explosão ou ignição práticas, a partir dos princípios de
interna, porém a proteção evita a funcionamento da proteção de prova de
transferência da ignição para o explosão ou prova de chama, tem-se:
exterior, resfriando a chama, 1. não é necessário que uma chama
quando ela se propaga para a se propague através dos
atmosfera exterior ao equipamento espaçamentos para provocar
ou confinando a explosão em seu explosão no exterior; basta que o
interior. O que nunca pode haver é gás queimado chegue ao exterior a
uma explosão ou combustão na uma temperatura superior a
área externa, que seria catastrófica temperatura de auto-ignição da
e incontrolável. mistura exterior.
5. Os circuitos elétricos no interior da 2. nem toda chama que se propaga
caixa a prova de explosão são de ao exterior provocará,
uso geral e contem energia elétrica necessariamente, a ignição da
em altos níveis perigosos e suas mistura inflamável exterior.
peças internas podem atingir 3. são fundamentais os valores dos
temperaturas elevadas, também espaçamentos e as condições de
capazes de provocar ignição. acabamento das juntas, pois eles
Cuidado: a temperatura externa não são responsáveis pelo resfriamento
pode exceder determinado limite dos gases, portanto, pela
estabelecido por normas ! segurança.
6. O equipamento deve operar de O conceito de prova de explosão é
modo que nenhuma temperatura aplicado não apenas a instrumentos de
externa possa provocar ignição ou controle e comunicação, que manipulam
explosão da mistura gasosa baixo nível de energia, como é aplicado
externa. também a motores, geradores, luminárias,
7. A explosão ou ignição deve ser de caixas de passagem, conectores, chaves,
uma mistura de gás especifico com dutos.
o ar. Não existe uma caixa a prova
de explosão que possa ser usada
indistintamente em qualquer
atmosfera perigosa. Por exemplo,

6.2
Prova de Explosão

2. Caixa ou Invólucro por um período de tempo. Este fenômeno


ocorre mesmo para material de poliéster
A caixa do equipamento a prova de reforçado de fibra de vidro. Por isso, os
explosão protege os circuitos e fiação plásticos são normalmente limitados a
internos contra estragos devidos ao juntas de rosca e labirinto, onde o efeito da
manuseio mecânico normal. Além disso, a degradação é menos pronunciado.
caixa deve prover a segurança adicional, Em caixas metálicas, a percentagem
pelo fato de estar sendo usada em local de magnésio é limitada. O maior perigo,
perigoso. porém, está na presença de partículas de
alumínio e magnésio entre os flanges.
2.1. Materiais Invólucros feitos de ligas leves (alumínio e
magnésio) se batidos com muita força por
As caixas a prova de explosão
aço enferrujado pode produzir faísca capaz
geralmente são metálicas, por exemplo, de
de produzir ignição, como resultado da
ferro fundido, aço ou alumínio. Como as
reação química entre os materiais. Por isso
normas não exigem que devam ser
estas ligas são inaceitáveis em invólucros
necessariamente de metal, também podem
à prova de explosão ou em operações
ser de cerâmica, resinas, poliéster
subterrâneas de mineração.
reforçado com fibra de vidro e outros
As caixas a prova de explosão podem
plásticos, que apresentam vantagens
conter portas de vidro ou material
relacionadas com resistência à corrosão e
transparente, desde que sejam resistentes
peso leve. O problema apresentado pelo
a testes de impacto específicos e tenham
uso de materiais não metálicos se
dimensões limitadas.
relaciona com a dificuldade de manter a
continuidade do terra, o ataque de solvente
e a eletricidade estática.
Embora os metais também estejam
sujeitos ao ataque químico e à corrosão, o
efeito de tais deteriorações é mais
evidente visualmente nos metais do que
nos plásticos. Os plásticos perdem sua
resistência sem evidencia visual da
degradação.

Fig. 6.2. Resfriamento da chama ou dos gases


queimados na caixa à prova de explosão

2.2. Resistência Mecânica


As caixas devem ser resistentes,
capazes de suportar, sem ruptura ou
deformação permanente, um teste
Fig. 6.1. Esquema simplificado da proteção de hidrostático de quatro vezes a pressão
prova de explosão ou de chama máxima que é de desenvolvida dentro da
caixa, durante um teste real de explosão.
Câmaras de pressão típicas de 75 a 150
Dados experimentais mostram que psig são comuns. Como não é e nem pode
juntas feitas de materiais plásticos ser hermeticamente fechada, uma caixa a
(polímeros) comportam diferentemente das prova de explosão funciona normalmente à
juntas metal-metal ou metal-vidro. Os pressão atmosférica, tanto fora como no
plásticos tendem a se desgastar e corroer interior.
quando são conduzidos os testes de Quanto maior a pressão gerada
explosão, reduzindo a eficiência da junta durante uma explosão, maior deve ser a

6.3
Prova de Explosão

resistência da caixa para suportar esta prova de explosão, que dependem do


pressão, sem deformação permanente. A material usado e do método de fabricação,
deformação permanente pode ser tão com o objetivo de fornecer um grau de
severa como a ruptura da caixa e o proteção contra queima ou temperaturas
aumento do comprimento do parafuso. externas elevadas.
Os testes para caixas a prova de
explosão são feitos com a mais alta 2.4. Espaçamentos
pressão provável nas condições de
Quanto mais perigoso for o
explosão, considerando o tipo (Grupo) da
equipamento, menor deve ser o
mistura inflamável e a fiação. Os testes
espaçamento para o escape de gases.
consideram e incluem a propagação da
Quando todos os parâmetros são mantidos
pressão (pressure piling).
constantes, a mesma caixa com menor
Os testes tem mostrado que a pressão
espaçamento é mais segura que aquela
da explosão aumenta quando a energia da
com maior espaçamento. A atmosfera
fonte de ignição aumenta. Por exemplo,
mais perigosa exige espaçamentos
para uma mesma mistura gasosa, a
menores para o escape de gases.
explosão provocada pela alta corrente que
Assim, a grosso modo, mede-se a
circula por uma chave resulta em pressão
eficiência da caixa de prova de explosão
muito maior que a provocada por uma
pelo seus espaçamentos de escape dos
faísca, que é o método mais comum de
gases queimados. MESG, máximo
provocar explosão durante os testes.
espaçamento seguro experimental, é
determinado através de testes, com o
2.3. Tamanho da Caixa
instrumento na atmosfera inflamável.
O tamanho da caixa é importante. Provoca-se uma explosão no interior do
Quando todos os outros parâmetros são instrumento e observa-se o que ocorre no
idênticos, uma caixa pequena é mais exterior. Quando há explosão no exterior, o
segura que uma caixa grande. instrumento não é seguro e diminui-se o
Também o formato da caixa, esférico, espaçamento de escape de gases
quadrado ou retangular, influi na queimados que provocam a explosão
segurança da caixa à prova de explosão. exterior. Repete-se a experiência. Quando
Formatos que podem provocar se tem o equipamento, com o máximo
turbulências nos gases de escape são espaçamento e sem provocar a ignição na
mais seguros, pois, com a turbulência, o atmosfera exterior, ele está seguro e esse
resfriamento é mais eficiente. espaçamento é o MESG.
É também importante a distancia entre
a fonte de ignição, que é o circuito elétrico
do equipamento, e o ponto de escape dos
gases. Há maior perigo quando a fonte
está próxima ao local de escape dos
gases. Quando a fonte de ignição está
distante do ponto de passagem dos gases
queimados, há maior resfriamento, pode
haver turbulência e portanto há maior
segurança. Quando a caixa contem
suspiros e buracos de dreno, a turbulência
é diminuída e a caixa é mais perigosa.
Quando o formato da caixa é comprido, Fig. 6.3. Espaçamentos da caixa a prova de
e a fonte é localizada a distancia do explosão
espaçamento de escape de gases, os
gases queimados são resfriados
substancialmente pela longa extensão de O MESG depende da composição do
paredes, tornando a caixa mais segura. gás, a pressão e temperatura iniciais da
Há exigências de espessura mínima mistura gasosa, a localização da fonte de
para as caixas usadas em equipamentos a ignição e a geometria da caixa. O MESG

6.4
Prova de Explosão

está intimamente ligado a distancia de da conexão igual ou maior que 5 mm, para
extinção ou resfriamento da mistura caixas menores que 100 cm3 ou 8 mm,
gasosa. para caixas maiores que 100 cm3 de
Para caixa com volume menor que 100 volume. Os furos rosqueados não usados
3
cm o espaçamento é de 6 mm. devem ser preenchidos com tomadas ou
bujões de selagem, que os vedem
totalmente.
Tab. 5.1. Parâmetros de Explosão de Caixa Por causa do fenômeno de acúmulo de
Fechada pressão, todos os conduites devem ser
selados. Não deve haver união, conexão
Pmax kPa Tempo para MESG, ou caixa de acoplamento no conduite entre
Material o selo e ponto em que o conduite deixa a
(psig) Pmax, ms mm
área perigosa. Os cabos e condutores
Metano 704 (102) 70 1,17 elétricos também devem ser selados, a
Propano 842 (122) 46 0,96 não ser que sejam incapazes de
transportar gases.
Pentano 847 (123) 53 1,00 Quando se usam parafusos para
Éter 804 (131) 49 0,86 fixação de tampas ou flanges, as normas
estipulam o numero e a distancia mínimos.
Etileno 870 (126) 25 0,71 E o furo do parafuso não deve ser
Hidrogênio 725 (105) 7 0,10 considerado como trajetória da chama e
por isso não deve ser maior que o
Acetileno 1002 (146) 14 0,025
diâmetro de parafuso além de 0,045".

3. Juntas
2.5. Furos
Em princípio, os gases quentes da 3.1. Introdução
explosão interna só devem sair através dos
espaçamentos normalizados entre flanges. A eficiência de uma junta depende de
Qualquer outro furo ou buraco deve ser vários fatores. A experiência mostra que
evitado. Os furos na caixa para colocação uma junta simples, satisfazendo as
da plaqueta de identificação devem ser mínimas exigências de construção em uma
fechados por solda ou rebite. Furos para norma, não necessariamente satisfaz as
fixação dos mecanismos devem exigências de prova de explosão. Para
rosqueados e não podem ter menos que 5 fornecer segurança ao invólucro, os
filetes completos de rosca. Parafusos parafusos da devem ser suficientemente
removíveis não podem nunca traspassar a fortes e ter espaçamentos pequenos,
parede da caixa. A espessura metálica no principalmente para o equipamento
fim do furo do parafuso deve ser maior que projetado para locais de Grupo A e B.
1/3 do diâmetro do furo. Praticamente quase todo invólucro usado
É permissível a entrada para cabo ou em locais do Grupo A é rosqueado. Os
conduite. O tipo mais comum de junta é a fabricantes perceberam que é impraticável
rosca, usada em sistemas de conduites construir motores e geradores elétricos
para a fiação elétrica, em tampas redondas para uso em locais de Grupos A e B, não
e plugs. Para fins de proteção à prova de somente porque há pouca demanda para
explosão, a rosca é muito eficiente, pois tais equipamentos mas por que deveria
ela não se abre quando submetida às haver tolerâncias extremamente rigorosas
condições de explosão e apresenta uma entre o eixo girante e o estator que seria
longa trajetória para a chama, esfriando-a impraticável em uma produção de linha.
eficazmente. Todas as conexões devem
ser projetadas para permitir 5 filetes de
rosca (ABNT sugere 6), comprimento total

6.5
Prova de Explosão

espaçamento pratico mínimo que pode ser


mantido na produção. Os espaçamentos
são medidos através do apalpador de folga
com larguras de 3.2 a 12.7 mm.
O acabamento da superfície da junta
deve ter uma rugosidade media não maior
que 0,0064 mm, de acordo com a norma
ANSI B46.1. O acabamento industrial
padrão (usinagem, fresa ou corte) é
suficiente; não é necessário o polimento
Fig. 6.4. Rosca para caixa à prova de explosão com adicional, que poderia mesmo reduzir a
o mínimo de cinco filetes totalmente rosqueados eficiência da junta.
A junta plana é comumente usada para
grandes invólucros, para tampas
3.2. Juntas Planas retangulares e onde a junta rosqueada é
impraticável. Ela deve ser projetada e
A junta plana está relacionadas testada com relação ao MESG. As normas
diretamente com o MESG (maximum definem o acabamento, rugosidade media,
experimental safe gap) e é o tipo de junta espaçamentos máximos entre as
mais comum. superfícies, comprimento e furos dos
As necessidades de construção das parafusos.
juntas planas são baseadas na espessura
mínima de 3/4" (19 mm) e um 3.3. Juntas Rosqueadas
espaçamento máximo entre as superfícies
da junta de 0,038 mm. Para caixas com Outro tipo de junta extremamente
volumes menores, particularmente se o comum é o rosqueado. A junta rosqueada
equipamento é limitado a locais de Grupo é usada em sistemas de fiação com
D, a mínima espessura pode ser reduzida conduites, em tampas redondas e plugs de
a 1/2" (12.7 mm), 3/8" (9.5 mm) ou até 1/4" drenos. A junta rosqueada é
(6.4 mm). Um parafuso é permitido na provavelmente a mais efetiva, porque ela
espessura da junta se a distancia do não se abre nas condições de explosão e
interior da caixa para o canto mais próximo principalmente porque ela apresenta uma
do furo para o parafuso satisfaz a distancia trajetória muito longa para o resfriamento
mínima, como 1/2" (12.7 mm) para 3/4" da chama. Para ser eficiente, a junta
(19.1 mm). rosqueada deve ser apertada
corretamente. Embora o numero mínimo
de filetes em muitas normas seja de cinco
roscas completas, o numero mínimo pode
aumentar, se há mais de uma rosca por
milímetro.

Fig. 6.5. Junta plana usada geralmente para


grandes invólucros e onde é impraticável usar rosca,
como invólucros retangulares

A distancia máxima de 0,038 mm entre


as superfícies da junta não é baseada no Fig. 6.6. Vários tipos de juntas rosqueadas
MESG para algum material particular, mas (Appleton Electric Co.)
é baseada no consenso da indústria e no

6.6
Prova de Explosão

3.4. Juntas Rabbet peças pequenas, como eixos rotativos,


onde uma junta rosqueada normal não
A junta rabbet é uma junta plana com pode ser usada.
um curva em ângulo reto. Há duas
dimensões básicas nesta junta: a seção
3.6. Juntas Eixo
axial da junta e a seção radial da junta. O
espaçamento da junta na seção axial é Sempre que um eixo rotativo de alta
identificada como o espaçamento velocidade deve passar através da caixa,
diametral, que é a diferença real entre o tipicamente em motores e geradores, usa-
diâmetro interno e o diâmetro externo. O se uma junta eixo.
espaçamento na seção radial da junta é A exigência para junta de eixo de alta
tratado de modo semelhante ao velocidade (100 rpm ou mais) permite
espaçamento entre as partes que se espaçamentos maiores entre o eixo e a
encaixam da junta plana. caixa do que a permitida para as juntas
Uma junta rabbet tem duas vantagens: planas. O objetivo é o de evitar contato
1. por ser uma junta em ângulo reto, entre as duas partes e desgaste na junta.
oferece maior resistência ao fluxo Porém, ela requer que o comprimento
de gases quentes do que a junta (espessura em termos das juntas planas)
plana, da junta eixo seja maior que o da junta
2. é idealmente adaptada para uma plana equivalente. Como a junta eixo está
fixação cilíndrica, como entre a naturalmente sujeita a desgaste, ela deve
carcaça do motor e a sua tampa. ser verificada periodicamente após a
instalação do equipamento.

(a) Esquema da junta no eixo rotativo do motor

Fig. 6.8. Junta labirinto

3.7. Condições Dinâmicas da Junta


Quando ocorre uma explosão dentro de
um invólucro a prova de explosão, o
formato da caixa e o espaçamento entre as
superfícies da junta podem ser afetadas
(b)Junta no eixo rotativo do motor pela alta pressão gerada pela explosão.
Fig. 6.7. Junta Rabbet Para uma dada caixa, quanto maior a
pressão da explosão, maior é a
modificação na caixa. Os critérios para a
classificação dos Grupos da Classe I, (A,
3.5. Juntas Labirinto B, C e D) consideram o MESG (máximo
A junta labirinto é uma série de juntas espaçamento experimental seguro) e a
rabbet e tem a mesma eficiência da junta pressão gerada pela explosão. A principal
rosqueada. A junta labirinto é útil para razão de colocar o Acetileno no Grupo A
separando-o do Hidrogênio (Grupo B) é

6.7
Prova de Explosão

que a pressão gerada pela explosão da por norma, usar gaxetas entre
mistura Acetileno + ar é muito maior que a flanges.
da mistura de Hidrogênio + ar. Mesmo que 3. alguns grupos, como por exemplo,
o Hidrogênio e o Acetileno possuam o acetileno + ar, não podem ser
mesmo MESG, a propagação da explosão usados com equipamentos
através de uma junta plana é mais flangeados. Usam-se, então, juntas
provável em uma explosão acetileno + ar cilíndricas.
do que uma explosão hidrogênio + ar, por 4. o acabamento das superfícies de
que o espaçamento entre as superfícies da contato dos flanges deve ser
junta provavelmente irá abrir mais sob as excelente, no mínimo de 6,3 um.
condições dinâmicas da explosão. 5. na montagem dos flanges, deve-se
A deformação da junta entre as duas garantir que não haja nenhum
superfícies depende de vários fatores: obstáculo, sujeira, graxa ou
1. resistência da caixa em si, qualquer partícula estranha,
resultante do seu formato, material, principalmente metálica, entre o
espessura e método de fabricação, intervalo dos flanges.
2. massa da caixa,
3. taxa de variação do aumento da
pressão da explosão,
4. material e tamanho dos parafusos,
5. espaçamento entre os parafusos.
A maior resistência do parafuso é
conseguida pelo aumento do seu diâmetro
e pelo uso de um material com maior
resistência à tensão. Para uma junta plana
típica, os parafusos são mais resistentes e
menos espaçados para o invólucro para
local de Grupo B ou C do que os
requeridos para uma caixa para local de Fig. 6.9. Os únicos invólucros permitidos pelo NEC
Grupo D. entre o selo e a caixa selada à prova de explosão
são: união, cotovelo e conduites tipo L, T e X.
4. Flanges
Nas caixas à prova de explosão com
flanges, é entre os flanges que os gases 5. Selos
quentes escapam para o exterior e por
Em locais de Classe I, Divisão 1, os
isso elas são responsáveis pelo
selos servem para vários propósitos:
resfriamento desses gases. No projeto dos
1. devem ser usados em cada
flanges devem ser considerados os
conduite que deixa um local mais
seguintes parâmetros: espaçamento,
perigoso (Divisão 1) para entrar em
tamanho, material, acabamento, possíveis
um local menos perigoso (Divisão
obstáculos entre os espaçamentos,
2) ou seguro, para impedir ou
quantidade de parafusos e distancias entre
minimizar a passagem de gases
furos.
através do conduite, que estaria
Considerando-se o flange como
agindo como um gasoduto,
dissipador de calor tem-se:
2. para completar a caixa a prova de
1. os flanges menores são menos
explosão, pois o conduite é parte do
eficazes, portanto devem ser
sistema do invólucro a prova de
montadas mais próximas, para
explosão, desde que ele é uma
manter a mesma proteção que
entrada.
flanges maiores e mais distantes.
3. para evitar a passagem da chama
2. os flanges devem ser também
ou explosão de uma parte da
metálicas e o contato deve ser
instalação para outra, através do
metal contra metal. Não se pode,
conduite (propagação da pressão).

6.8
Prova de Explosão

4. para isolar chaves, circuitos de 20 oC para 250 oC, o espaçamento


interruptores e peças de alta para escape da mistura pentano + ar deve
temperatura e outras fontes de ser diminuído de 0.11" para 0,08", para
ignição sob condições normais, manter o mesmo grau de proteção.
dentro da caixa a prova de
explosão, por exigência de normas. 6.2. Temperatura da Superfície
O selo em todos os conduites, Externa
independente de tamanho ou do que eles
envolvam, permite o uso de equipamento a Se a máxima temperatura de operação
prova de explosão mais barato e com na superfície externa do equipamento em
maior probabilidade de ser disponível. condição normal ou anormal excede 100
oC, deve-se marcar esta máxima
temperatura atingida na caixa a prova de
6. Pressão e Temperatura explosão, junto com os outros dados
necessários, como Classe e Grupo do
6.1. Condições de Operação material para o qual a caixa foi investigada.
Se a temperatura não exceder 100 oC, o
Como não são perfeitamente vedadas, equipamento é considerado como não
as caixas a prova de explosão não estão produtor de calor e não é necessário fazer
pressurizadas, quando em funcionamento a marcação da classe de temperatura.
normal. Porém, é extremamente As condições em que a temperatura é
importante a pressão instantânea, gerada medida inclui as condições de operação
pela explosão do material inflamável do normal e anormal. As condições normais
interior da caixa. Quanto maior a pressão são: tensão e potência especificada e
máxima de explosão e também maior a posição de operação. Como condições
variação da velocidade de aumento da anormais tem-se a perda de fase,
pressão, mais perigoso é o gás e menor sobrecarga, motor travado, solenóide com
devem ser os espaçamentos de escape do armadura bloqueada, curto circuito,
gás. O gás com queima mais lenta é o contato com terra, sobrecorrente e curto
metano. entre condutores com faíscas.
É a pressão alta que força os gases
escaparem para o exterior. Quanto maior a 6.3. Acúmulo de Pressão (Pressure
velocidade de saída, menor o resfriamento, Piling)
menor deve ser a distancia entre os
flanges. Maior pressão provoca mais Geralmente as caixas a prova de
turbulência no jato de gases de saída, o explosão são de geometria simples,
que favorece o resfriamento. pequenas, onde as pressões de explosão
Quando há obstrução nos espaços de valem, tipicamente, 100 psig. Na prática,
escape dos gases e a caixa se torna pressões muito maiores podem ser
hermeticamente fechada é possível o geradas no interior da caixa quando há
aumento da pressão interna. Quando se acúmulo de pressão. O acúmulo de
dobra a pressão interna e inicial da caixa, pressão é um aumento na pressão de
o perigo de haver explosão é dobrado e explosão, provocado pela pré compressão
para manter o mesmo grau, deve-se do gás, antes da ignição.
reduzir o espaçamento pela metade . Por exemplo, as pressões de explosão
O aumento da temperatura inicial no em câmara fechada valem de 5 a 8
interior da caixa aumenta a probabilidade kgf/cm2, quando a pressão inicial está em
de explosão no exterior, desde que o 1 kgf/cm2. Aumentando-se a pressão
resfriamento térmico é o principal inicial para 2 kgf/cm2 a pressão de
mecanismo de atuação da segurança explosão aumenta para 10 a 16 kgf/cm2.
provida pelas caixas a prova de explosão. Conclui-se, pois, que a pressão da
Quando se aumenta a temperatura inicial , explosão é aproximadamente proporcional
deve-se diminuir o espaçamento de a pressão inicial.
escape. Dados experimentais mostram: Se duas caixas a prova de explosão
quando se aumenta a temperatura interna são interligadas, e isso é um fato comum

6.9
Prova de Explosão

em instrumentação, a ignição em uma pode aumentar tanto que a combustão


caixa pode aumentar consideravelmente a térmica pode se transformar em uma
pressão da segunda caixa. Produtos da detonação.
combustão são expandidos e empurram os Os maiores aumentos de pressão em
gases não queimados para a outra caixa, equipamentos industriais ocorrem, porém,
através dos tubos de comunicação, em grandes motores, resfriados por
aumentando a pressão interna da segunda ventiladores. Como a máquina é rotativa,
caixa. Quando a onda de combustão entrar os gases são comprimidos pela rotação
na segunda caixa, ela provoca a ignição mecânica, aumentando-se a velocidade da
dos gases previamente comprimidos. chama e provocando detonações.
Nessas condições, a explosão na segunda
caixa é muito maior que na primeira por
causa do acúmulo de pressão.
Um efeito similar seria observado se a
ignição ocorresse na extremidade de um
longo conduite e transportasse os gases
do conduite para a caixa. Por isso os
conduites longos devem ser selados. Na
prática, conduites grandes, com tamanhos
muitos maiores que seu diâmetro, podem
ser o causador de explosão, pois pelo
fenômeno de acúmulo de pressão, podem
transformar a onda de combustão em onda
de detonação. Para se evitar isso, todo
conduite longo, que entra ou sai de uma
caixa a prova de explosão, deve possuir Fig. 6.11. Neste caso, o NEC requer dois selos de
selo adequado. modo que o caminho entre as caixas 1 e 2 seja
selado. Mesmo que a caixa 3 não exija selo, deve-
se selar o conduite vertical na posição correta,
porque o conduite sai de um T vindo da caixa 1

7. Equipamentos Elétricos
Os artigos 500 e 501 do NEC fornecem
os parâmetros básicos para o equipamento
usado nas áreas perigosas de Classe I. O
artigo 500 contem definições, restrições de
temperatura e marcação. As exigências
principais estão no artigo 501; as
necessidades específicas nos artigos 511-
517.

Fig. 6.10. O NEC permite um único selo entre dois 7.1. Chave
invólucros, se o conduite não for maior que 0,9 m e A chave é um dispositivo atuado
o selo não seja mais distante que 0,6 m dos manual ou mecanicamente para ligar-
invólucros. desligar e selecionar ligações de circuitos
elétricos.
A chave pode gerar arco voltaico no
Não somente a pressão máxima da seu fechamento ou abertura. Por isso,
explosão é maior, como também o quando usada em áreas classificadas, ela
acúmulo de pressão aumenta a velocidade deve ter classificação elétrica compatível
de variação da pressão. Ou seja, o com a classificação da área. Na prática,
acúmulo de pressão torna a velocidade de ele deve ser ou à prova de explosão ou
combustão maior. A velocidade de queima purgada ou intrinsecamente segura. Em

6.10
Prova de Explosão

locais de Classe I, Divisão 2, pode ser outras aberturas não permitam


necessário usar chave especificada para comunicação entre o local de Divisão 1 e o
Classe I, Divisão 1, por que em operação transformador. Acúmulos de gás ou
normal, a chave pode se tornar uma fonte vapores devem ser minimizados por um
de ignição após a área ter ficado perigosa. sistema de ventilação capaz de fornecer a
Os equipamentos de Divisão 2 não podem remoção contínua dos gases ou vapores
representar uma fonte de ignição sob inflamáveis. Qualquer abertura de
condições normais de operação. As ventilação ou duto na parede do local do
chaves imersas em óleo ou com contatos transformador deve ter uma parede
hermeticamente selados podem ser exterior que não permita a comunicação do
usadas, por que estes métodos de gás do local perigoso. A abertura de vent
proteção não permitem que a mistura ou duto deve ser suficientemente grande
perigosa atinja os contatos. para aliviar qualquer pressão de explosão.
Os transformadores que contem
líquidos que não queimam podem ser
instalados do mesmo modo que os
transformadores contendo liquido que não
queimam ou eles podem ser aprovados
para locais de Classe I. As construções
aprovadas incluirão invólucros a prova de
explosão ou purgados. Não é possível
construir transformadores de distribuição
ou potência com segurança intrínseca, por
causa da alta indutancia necessária no
primário e secundário do transformador.
Fig. 6.12. Instalação de botoeira à prova de Isto implica em invólucros a prova de
explosão explosão, enchimento de óleo ou purga.

7.3. Solenóides
O solenóide é uma bobina energizada
eletricamente que produz um campo
magnético em seu interior. A criação deste
campo serve para movimentar a haste da
válvulo solenóide.
Em locais de Classe I, Divisão 1, os
solenóides devem ser aprovadas para este
local. As construções mais típicas
aprovadas são a prova de explosão e
intrinsecamente seguras.
Os solenóides a prova de explosão são
Fig. 6.13. Detalhe da botoeira à prova de explosão disponíveis em uma variedade de
tamanhos. Os solenóides intrinsecamente
seguras são limitadas a tamanhos
7.2. Transformadores pequenos. A limitação é devida a maior
O transformador consiste de duas indutancia e maior corrente que a maior
bobinas colocadas em indução mútua para solenóide necessita para operar. Sob
alterar níveis de voltagem, corrente ou condições de falha, a energia armazenada
impedância em circuitos de corrente pela indutancia pode se somar a corrente
alternada. de falha fornecida pela fonte de
Em locais de Classe I, Divisão 1, os alimentação. A energia combinada da
transformadores contendo líquidos que fonte de alimentação mais a indutancia
queimam, devem ser instalados fora da pode ser suficiente para provocar ignição
área em um poço separado. Este local da atmosfera perigosa.
deve ser arranjado de modo que a porta e

6.11
Prova de Explosão

Em local de Classe I, Divisão 2,


solenóides sem formação de arco ou sem
contato deslizante podem ser instaladas
em invólucros de uso geral, por que estos
solenóides não tem contatos capazes de
provocar a ignição de atmosfera perigosa
sob condições normais. Onde há arcos ou
faíscas provocados por contatos, o
invólucro de uso geral pode ser usado se
os arcos ou faíscas dos contatos estão
imersos em óleo ou em um invólucro que
seja hermeticamente selado contra a Fig. 6.14. Luminária à prova de explosão
entrada de gases ou vapores. Um
invólucro de uso geral é também permitido
se o circuito não libera energia suficiente 7.5. Motores e Geradores
para provocar a ignição da atmosfera Em locais de Classe I, Divisão 1, os
perigosa específica nas condições motores e geradores são usualmente a
normais. prova de explosão, que é a construção
Em locais de Classe II, Divisão 1, os mais prática e econômica. Há vários
solenóides e os mecanismos de fabricantes produzindo motores para locais
chaveamento associados devem ser de Classe I que são limitados para o Grupo
instalados em invólucros a prova de D, com alguns poucos para o Grupo C.
ignição de pó. Para locais de Classe II, Não são disponíveis motores e geradores
Divisão 2, os solenóides deve ser para uso em locais de Grupos A e B. Para
instaladas em invólucros metálicos rígidos estas instalações, é usualmente
sem aberturas de ventilação. Os necessário usar motores purgados com ar
mecanismos de chaveamento associados limpo ou algum outro gás inerte. Motores
devem ser instalados em invólucros com aprovação de segurança intrínseca só
vedados a pó. Em locais de Divisão II, são disponíveis em tamanhos muito
Divisão 2, o solenóide sem contatos de pequenos (pequeníssimas frações de HP).
chaveamento ou deslizantes requer um Frequentemente, a única solução é
invólucro metálico rígido para evitar o localizar o motor fora do local de Divisão 1.
acúmulo de poeira nas bobinas. Em local de Classe I, Divisão 2, as
necessidades são grandemente
7.4. Resistores, Reatores e simplificadas. Se o motor tem contatos
Aquecedores produtores de arco ou chaveamento,
resistências elétricas integrais ou chaves
Em locais de Classe I, Divisão 1,
do tipo centrífugo, então o motor deve ser
resistores, reatores e aquecedores deve
aprovado para Classe I, Divisão 1 ou as
estar em invólucros a prova de explosão,
partes que provocam arco voltaico devem
purgados ou pressurizados. Em locais de
ser convenientemente protegidas por
Divisão 2, pode-se usar um invólucro de
invólucros a prova de explosão. Onde não
uso geral, se os contatos são make-and-
há contatos de chaveamento, escovas ou
break ou deslizantes estão em invólucros a
outros mecanismos provocadores de
prova de explosão, imerso de óleo ou
faíscas ou arcos, um motor aberto comum
hermeticamente selado e se a máxima
ou de uso geral pode ser usado (motor de
temperatura de operação de qualquer
indução com gaiola de esquilo). É porém
superfície exposta não exceda 80% da
necessário considerar a temperatura das
temperatura de ignição em graus Celsius
superfícies interna e externa. Estas
do gás ou vapor envolvido. Uma caixa de
superfícies seriam fonte de ignição se o
uso geral é também permitida se o
equipamento da Divisão 2 está exposto em
equipamento foi testado e é incapaz de
uma atmosfera inflamável.
provocar ignição do gás.

6.12
Prova de Explosão

8. Prova de Tempo
A maioria das normas proíbe o uso de
gaxetas de vedação em espaços de
flanges, exceto sob tampas de vidro. Como
a gaxeta é que faz a vedação do
instrumento, tornando-se a prova de
tempo, é problemático a conciliação de
instrumento simultaneamente à prova de
explosão e à prova de tempo.
Fig. 6.15. Junta do eixo do motor que o torna à Na prática, são disponíveis
prova de explosão instrumentos a prova de explosão e a
prova de tempo. A solução é o uso de
Os motores e geradores em locais de anéis O, especiais, que não atrapalham o
Classe II, Divisão 1 devem ser de um dos resfriamento dos gases queimados, ao
dois tipos: ponto de provocar explosão exterior.
1. prova de ignição de pó ou Usam-se anéis O na conexão rosqueada,
2. totalmente fechado, ventilado por colocando-os na saída da rosca. Em
tubo. conexões flangeadas, os anéis O são
Para usar motor totalmente fechado e colocados na saída do flange. Deve-se
ventilado por tubo, a máxima temperatura projetar os flanges de modo que o
da superfície não pode exceder os valores espaçamento requerido para fornecer a
estabelecidos pela norma [NEC 500-3(d)]. segurança contra a explosão não seja
O tubo de ventilação não pode permitir a excedido pela inclusão do anel O. O anel
entrada de pó. O impede a entrada de água no interior da
Os motores para Classe III devem caixa, porém não impede o resfriamento
satisfazer as exigências da Classe II: ou dos gases queimados que saem da caixa,
seja: os anéis O devem ser movidos e
1. totalmente fechado sem ventilação, colocados apenas para operação real, pois
2. totalmente fechado com ventilação eles se danificam, irrecuperavelmente,
por tubo ou durante os testes de explosão.
3. totalmente fechado resfriado com Quando os instrumentos a prova de
ventilador. explosão não são a prova de tempo e
Em locais onde a autoridade necessitam ser instalados em área
responsável julga que somente ocorre externa, deve-se fornecer meios extras
acúmulo moderada de fibras e onde a que os protejam das intempéries, chuva,
máquina é facilmente acessível para umidade. Por exemplo, fazendo um
limpeza, permite-se o seguinte: pequeno abrigo para colocar o instrumento
1. motor têxtil com gaiola de esquilo a prova de explosão.
autolimpante,
2. motor aberto padrão sem contatos
deslizantes, centrífugo ou outros
tipos de mecanismos de
chaveamento, incluindo o
dispositivo de sobrecarga do motor.
3. motor aberto padrão tendo contatos
de chaveamento ou resistência
fechado dentro de invólucro rígido
sem ventilação ou outra abertura.

Fig. 6.16. Caixa à prova de tempo e de explosão

6.13
Prova de Explosão

9. Prova de Ignição e Vedado a Pó


Os invólucros à prova de ignição de pó
é reconhecida pelo NEC como adequada
para uso em Divisão 1, para todos os tipos
de equipamentos elétricos. As
características de uma caixa à prova de
ignição de pó são:
1. juntas herméticas para evitar a
entrada de pó e escape de
partículas quentes dos contatos que
provocam arco voltaico, Fig. 6.17. Transmissor eletrônico com marcação
2. construção robusta para proteção
contra estrago mecânico e para
minimizar pontos quentes no caso Tab. 5.2. Máxima Temperatura da Caixa DIP (oC)
de falha elétrica para o invólucro e
3. manutenção de temperatura da Grupo Equipamento Equipamento com sobrecarga
superfície externa suficientemente normal
baixa para evitar ignição de Normal Anormal
camadas de pó externas. E 200 200 200
As caixas devem ter uma construção F 200 150 200
especial e mais resistente, geralmente de G 165 120 165
metal. As junções metal-metal são
preferidas e devem ter, no mínimo, largura
de 3/16". O espaçamento entre as
superfícies de encaixe não podem exceder 10. Marcação
0,0015". Pode-se usar gaxeta, se for
mecanicamente fixada para protege-la de Todo equipamento com característica
abuso. Porém, não se pode usar gaxetas de prova de explosão ou prova de chama
de materiais sensíveis à idade. deve ter uma indicação visual de que o é.
Os invólucros à prova de ignição de pó A etiqueta de identificação de um
são testados em uma câmara cheia de pó instrumento a prova de explosão, além dos
em agitação, com ligação intermitente do dados normais como:
equipamento dentro da caixa, de modo 1. nome do fabricante, marca
que o ciclo de temperatura aumente a registrada, modelo do instrumento
probabilidade de entrar pó. O equipamento 2. especificações elétricas de uso:
é examinado para determinar se o pó tensão, frequência, corrente
entrou. Não pode haver acúmulo de pó, máxima
mesmo depois de anos de operação, que 3. classificação da área onde pode ser
possa interferir com a operação ou criar usado: Classe, Grupo e Divisão
uma ignição ou explosão perigosa. Não 4. classe de temperatura ou máxima
pode haver ignição. temperatura de operação.
As temperaturas da superfície são 5. Deve também conter advertências
medidas com os aparatos bloqueados com de uso relacionadas com a classe
uma camada de pó. Esta máxima de proteção a prova de explosão.
temperatura depende do grupo do pó. Assim, deve ainda estar claramente
É disponível ainda o invólucro vedado a escrito:
pó, adequado para uso em locais de INSTRUMENTO à PROVA DE
Classe II, Divisão 2 e em Classe III, EXPLOSÃO PARA USO EM
Divisões 1 e 2. A principal característica é LOCAL DE CLASSE __, GRUPO
uma construção hermeticamente vedada __ E DIVISÃO ___.
para excluir o pó ou fibra do interior da PARA EVITAR IGNIÇÃO EM
caixa onde é possível haver arcos e ATMOSFERA PERIGOSA
faíscas.

6.14
Prova de Explosão

DESLIGAR A ALIMENTAÇÃO Um cabo flexível não é um método de


ANTES DE ABRIR A TAMPA fiação reconhecido no NEC, embora ele
MANTER A CAIXA FECHADA permita o uso destes cabos flexíveis em
QUANDO EM OPERAÇÃO aplicações de equipamentos portáteis e de
A marcação dessas informações deve motores e geradores, por causa dos
ser feita por meio de letras em relevo, problemas de vibração. Onde usado, o
fundidas integralmente na carcaça do cabo deve ser do tipo aprovado para
equipamento ou por meio de plaqueta serviço ultrapesado. Como o cabo é o elo
metálica, com texto gravado ou em relevo, mais fraco no sistema de proteção o seu
de forma indelével e afixada de modo que uso é muito limitado. O NEC não
não prejudique as características de prova reconhece cabo de extensão a prova de
de explosão. explosão. Além de impor limitações
severas ao uso de cabo flexível em locais
11. Fiação Elétrica de Classe I, Divisão 1, o NEC adverte
contra possível deterioração da isolação
Há poucos métodos de fiação dos materiais envolvidos.
permitidos para uso em locais de Classe I,
Divisão 1, porque a proteção dos
condutores energizados é tão importante
quanto a proteção dos outros
equipamentos. O método mais comum é o
uso de conduite metálico rígido rosqueado
(aço, alumínio ou bronze). Um mínimo de 5
filetes de rosca, apertado com chave, é
necessário para tornar a conexão
adequada entre as partes do sistema. As
ligações com a caixa também devem ser
rosqueadas. Conexões com buchas não
são aceitáveis em Classe I, Divisão 1. Os
sistemas de fiação dos conduites são
caixas a prova de explosão.
Todas as conexões, rígidas ou Fig. 6.18. Em local de Classe I, Divisão 1, todos os
flexíveis, devem ser a prova de explosão. conduites maiores ou iguais a 50 mm (2 “) devem
Estas conexões são disponíveis em ser selados a partir de 0,5 m (18 “) da caixa,
comprimentos padronizados com uma independente do conteúdo da caixa.
conexão metálica rosqueada em cada
extremidade. Elas consistem de tubo
metálico corrugado sem costura protegido
contra dano mecânico. Elas podem
também ter um revestimento interno não
metálico para reduzir a probabilidade de
arco voltaico, faísca e queima no tubo.
Cabo metálico com isolação mineral
(MI - mineral insulated) é também aceitável
em locais de Classe 1, Divisão 1. Embora
este método de fiação não seja, por Fig. 6.19. Cabo multicondutor
definição, a prova de explosão, ele
consiste de algo maleável mas não de um
Se um cabo multicondutor é usado em
cabo flexível, feito de condutores não
conduite e o cabo é capaz de transmitir
isolados envoltos por óxido de magnésio
gases através de seu núcleo, a jaqueta do
compacto e protegido por um tubo de
cabo deve ser removida na conexão de
metal sem costura. O óxido de magnésio
selo e os condutores isolados individuais
age como isolador elétrico para os
do cabo e a jaqueta externa devem ser
condutores e como um selo continuo.
selados. Se o cabo multicondutor é

6.15
Prova de Explosão

incapaz de transmitir gases em seu núcleo,


o cabo pode ser considerado como
condutor simples isolado e selado como
tal.
Em locais de Classe I, Divisão 1, todas
as caixas e conexões devem ser
classificadas para e marcadas para indicar
sua conformidade com os perigos do local.
Isto inclui caixas de passagem, cotovelos,
corpos de conduites e uniões. A única
exceção são as conexões rosqueadas que
fazem parte dos conduites rígidos ou
conduites metálicos intermediários.

(a) Em local de Classe I, Divisão 2, não


se requer selo no limite da Divisão com
área segura, se o cabo é selado no
invólucro e tem uma blindagem contínua
vedada a gás e vapor. O selo do cabo
pode ser uma conexão para uso em local
de Divisão 2 em vez de uma combinação
de niple, selo do conduite e conexão do
cabo, como mostrado em (b).

(b) Se o cabo não tem uma blindagem


contínua vedada a gás e vapor, e.g., cabo
do tipo isolação mineral com armadura
intertravada, é necessário usar o selo no
limite da Divisão 2 e o local seguro.

(c) Se o cabo é capaz de transmitir


gases ou vapores através de seu núcleo e
o terminal do cabo na Divisão 2 é
pressurizado (acima de 1,5 kPa (0,2 psig),
é requerido um selo entre o invólucro e o
limite da Divisão 2. Se o cabo não possui a
blindagem contínua de vedação, o selo é
requerido no limite ou ele pode estar em
qualquer ponto entre a conexão do cabo
no invólucro e o limite.

Fig. 6.20. Fiação em local de Classe I, Divisão 2

6.16
Prova de Explosão

12. Manutenção tipo que não endureça com a idade, não


contenha solvente volátil ou cause
A manutenção ou serviço de corrosão na superfície da junta.
equipamento elétrico em caixa a prova de Deve-se tomar cuidado para garantir
explosão deve ser feita somente em duas que todas as peças de um particular
condições: equipamento a prova de explosão tenham
1. após o desligamento da energia sido testadas em conjunto. Por exemplo, a
elétrica de alimentação do sistema, tampa de uma caixa pode encaixar
garantindo-se que não há fonte de mecanicamente em uma caixa, porém,
ignição, nem elétrica nem térmica. elas só podem ser usadas juntas, se forem
2. após a garantia de que não há testadas juntas, quanto a segurança contra
atmosfera inflamável ao redor do a explosão.
instrumento elétrico, assegurada Deve-se garantir, na instalação original
através de testes com detetores de ou nas modificações posteriores, que a
gases. marcação do local da caixa esteja de
Em qualquer situação, depois de conformidade com a classificação do local
executado o serviço necessário, deve-se onde efetivamente a caixa irá operar.
assegurar a integridade da segurança do Após a instalação, as caixas devem ser
invólucro. inspecionadas periodicamente, quanto a
Se a caixa deve ser pintada após a corrosão. A frequência das verificações
instalação, deve-se tomar cuidado para depende do grau de corrosividade do
que a tinta não obstrua as superfícies das ambiente e dos registros estatísticos.
juntas e os espaçamentos de resfriamento. A continuidade do terra deve ser
Os parafusos e porcas devem ser verificada visualmente e testada, se
apertados corretamente; se o fabricante necessário. Durante os testes, não pode
determina o torque, este aperto deve ser haver a presença de gases perigosos no
usado. Parafusos não colocados ou não ambiente.
apertados podem reduzir ou destruir a Como a proteção oferecida por uma
eficiência da segurança provida pela caixa caixa a prova de explosão depende do
a prova de explosão. Os conduites, as resfriamento do gás quente, pelos flanges
tampas rosqueadas, os plugs devem ser colocadas em espaçamento normalizado
apertados por ferramentas. O aperto ou pelas roscas, é imperativo que a
manual não é adequado. integridade das juntas flangeadas ou
Deve-se determinar que os vários rosqueadas seja mantida durante toda a
componentes do sistema sejam vida da caixa. Qualquer estrago, arranhão
compatíveis entre si. Os compostos de ou material estranho entre o espaçamento
selagem de diferentes fabricantes não pode prejudicar a segurança de todo o
podem ser misturados, por causa da equipamento. Portanto, as seguintes
expansão diferente durante o processo de precauções são necessárias:
secagem. 1. durante a montagem ou
Alguns equipamentos a prova de desmontagem das caixas, tomar
explosão usam parafusos especiais, com muito cuidado com as superfícies
alta resistência. A substituição destes de contato dos flanges. As
parafusos por outros de resistência ferramentas não devem ficar em
diferente pode reduzir a eficiência da contato com as superfícies dos
caixa. A resistência é usualmente marcada flanges, pois, podem arranhá-las.
por um código na cabeça do parafuso. Se Os flanges não devem ser
um parafuso é perdido ou estragado, deve colocadas sobre superfícies
ser substituído por outro do mesmo ásperas e rugosas. As roscas não
tamanho e mesma resistência. podem se espanar.
Não se pode usar fitas de teflon nas 2. armazenar os equipamentos e suas
roscas das juntas a prova de explosão. Se peças de modo especial, para se
é necessário proteção contra corrosão ou evitar estragos acidentais as
penetração de umidade, pode-se usar superfícies dos flanges e roscas
graxa inibidora de corrosão especial, do das conexões.

6.17
Prova de Explosão

3. a limpeza deve ser observada, de estes intervalos de tempo. Este


modo que pequenos materiais fenômeno ocorre mesmo em
estranhos não fiquem presos entre materiais de poliéster reforçados
os flanges, aumentando com fibra de vidro.
perigosamente os espaçamentos 5. drenar corretamente as caixas a
de resfriamento. Durante a prova de explosão que acumulam
operação normal é difícil a entrada grande quantidade de condensado.
de material estranho entre as Embora a umidade seja favorável a
juntas, porém é grande a segurança, pois ajuda o
probabilidade disso acontecer resfriamento dos gases quentes,
durante a montagem do quando a temperatura e umidade
equipamento. Após remover uma ambientes são grandes, pode haver
tampa, limpe as juntas o acúmulo exagerado do ar
cuidadosamente, removendo a condensado prejudicial ao
graxa velha, sujeira, pintura ou funcionamento dos circuitos
outro material, usando um solvente elétricos da caixa.
como querosene. Depois de
lubrificada, se necessário, evitar 13. Cuidados
que as sujeiras grudem a superfície
ou rosca. 1. Todo equipamento à prova de explosão
4. o cuidado deve ser maior quando selecionado para uso em áreas
se tem atmosfera corrosivas, que perigosas deve ser projetado para
podem danificar tampas lisas ou classe e grupo específicos. Há
flangeadas, eixos rotativos e diferenças no ponto de fulgor, pressão
mancais. Deve-se especificar de explosão e temperatura de ignição.
material compatível com a 2. O sistema à prova de explosão deve
atmosfera corrosiva específica. ser instalado e mantido somente por
Quando necessário, usar inibidores pessoal treinado e autorizado.
de corrosão. Na ocorrência de 3. Todas as modificações e reparos
corrosão, os produtos dela devem devem ser documentados e feitos
ser removidos com solvente. conforme as normas atualizadas
Quando os produtos da corrosão existentes.
são incapazes de serem removidos, 4. Os circuitos devem ser desligados
ou quando sua remoção altera os antes da desmontagem de roscas ou
espaçamentos críticos, a caixa a juntas ou parafusos. Todas as caixas
prova de explosão perde sua devem ser remontadas seguramente
segurança e utilidade. Inspecionar antes de religar os circuitos elétricos.
periodicamente a caixa. O período Garantir que as conexões rosqueadas
de inspeção depende do grau de tenham, no mínimo, cinco roscas
corrosividade da atmosfera, das completas fixadas.
paredes e das tampas das caixas. 5. as juntas planas de terra devem ser
Embora os metais também sejam protegidas contra danos mecânicos e
sujeitos ao ataque de solventes e materiais estranhos que poderiam
corrosão como os plásticos, os evitar um encaixe perfeito. Martelos ou
efeitos desta deterioração são ferramentas de impacto devem ser
diferentes nestes materiais. O evitadas para danificar estas
resultado da corrosão nos metais é superfícies; graxas, sujeiras, tintas e
visivelmente evidente; nos outros materiais devem ser removidos
polímeros químicos, eles perdem a cuidadosamente antes da remontagem
resistência sem evidencia visual do das juntas. Não se deve usar material
estrago. Os dados de testes abrasivo para remover a corrosão
mostram que as juntas com acumulada. Se a corrosão não puder
polímeros tendem a desgastar ou ser removida por solvente, as peças
se corroer durante as explosões, devem ser substituídas.
reduzindo sua eficiência durante

6.18
Prova de Explosão

6. Quando se remove o composto de 3. teste hidrostático de pressão,


selagem para modificação ou reparo, o 4. teste para determinação do MESG.
sistema deve ser resselado de acordo
com as normas originais. O composto 14.1. Teste de Explosão
de selagem deve ter um ponto de
O teste de explosão serve para
fusão maior do que 100 oC e não deve
1. determinar a pressão a ser usada
ser afetado pelos gases ou líquidos
para o teste hidrostático,
voláteis cuja presença constitui o
2. determinar a resistência da
perigo.
construção do invólucro durante a
7. Quando se armazenam equipamentos
explosão
à prova de explosão, as tampas devem
3. garantir que o equipamento
ficar montadas em seus corpos
continua desempenhando sua
correspondentes. Deve-se aplicar um
função, durante as severas
fino filme de óleo leve ou lubrificante do
condições da ignição e da explosão
tipo recomendado pelo fabricante do
e depois delas.
equipamento entre as superfícies da
Na condução dos testes de explosão
tampa e do corpo.
usam-se as misturas gasosas especificas
8. Deve-se apertar os parafusos
para o uso final da caixa. Tipicamente,
corretamente quando se instala a caixa
usa-se o gás representativo de cada
à prova de explosão. Somente os
grupo:
parafusos fornecidos pelo fabricante
1. acetileno para o grupo A,
podem ser usados.
2. hidrogênio para o grupo B,
9. Deve-se apertar adequadamente as
3. etileno ou éter etílico para grupo C,
conexões rosqueadas para evitar o
4. propano, pentano para grupo D.
afrouxamento devido às vibrações. Os
O invólucro aprovado para o Grupo A
espaçamentos entre juntas, eixos e
não pode ser usado no Grupo B mas pode
suportes devem ser mantidas dentro
ser usado nos Grupos C e D. O invólucro
das tolerâncias estabelecidas pelo
aprovado para o Grupo B não pode ser
fabricante.
usado no Grupo A, mas pode ser usado
10. as tomadas de luminárias à prova de
nos Grupos C e D. O invólucro aprovado
explosão devem ter a marcação
para o Grupo C não pode ser usado no
adequada indicando a máxima
Grupos A e B, mas pode ser usado no
potência que pode ser usada. O limite
Grupos D. O invólucro aprovado para o
máximo nunca pode ser excedido.
Grupo D só pode ser usado neste local e
não pode ser usado em nenhum outro
14. Testes e Aprovação Grupo.
Os testes para aprovar uma caixa à
prova de explosão são feitos por um
laboratório aceitável. O aparato é, então,
fornecido com a opção extra de prova de
explosão e eventualmente possui um
certificado de teste. Obviamente, os testes
e o certificado são idôneos e confiáveis, de
modo que o usuário deve acreditar na
integridade da segurança do instrumento.
É da exclusiva responsabilidade do usuário
a montagem e a manutenção do
equipamento adequadas, que não
comprometam a segurança.
Há quatro tipos básicos de testes
aplicados na aprovação de um invólucro a
prova de explosão:
1. teste de explosão, Fig. 6.21. Montagem para teste de explosão no
2. teste de temperatura, Underwriters Laboratories Inc.

6.19
Prova de Explosão

A série de testes é realizada nas 14.3. Teste Hidrostático de Pressão


composições criticas, em torno da
estequiométrica. A mistura que produz a O teste de pressão hidrostática é feito
mais alta pressão não é a mais facilmente para demonstrar que a resistência da caixa
inflamável e nem a estequiométrica. é adequada para suportar a explosão, com
Os motores e geradores são testados o fator de segurança exigido.
em condições dinâmicas e estáticas. A Usa-se água ou outro liquido, em vez
turbulência normalmente provoca pressões de ar, por questão de segurança durante
de explosão mais elevadas. os testes. O teste hidrostático é feito
Os testes são repetidos com uma enchendo a caixa de água, tirando todo o
variedade de misturas inflamáveis dentro ar e pressurizando o seu interior numa
da faixa critica conhecida, em condições progressão de 100 a 600 psig/minuto até
selecionadas, completando 10 a 20 testes. atingir a pressão máxima exigida. O
invólucro deve suportar a pressão
especificada durante um minuto, sem se
romper e sem ficar permanentemente
deformado. A pressão do teste hidrostático
vale quatro vezes a pressão máxima da
explosão da mistura específica.

Fig. 6.22. Montagem para teste de explosão no


Factory Mutual Research Corp.

14.2. Teste de Temperatura Fig. 6.23. Arranjo típico para teste de explosão, com
tubulações paralelas. A seção não metálica da
O teste de temperatura é usado para: tubulação serve para isolar eletricamente o
1. determinar se o produto satisfaz as
equipamento sob teste. As chaves colocam em
exigências de temperatura em
curto circuito o sistema no enchimento e purga, para
todos os componentes e
evitar o aparecimento de eletricidade estática.
2. colocar a marcação de temperatura
adequada.
Os testes de temperatura feitos no
14.4. Máximo Espaçamento Seguro
equipamento a prova de explosão são
essencialmente iguais aos feitos em Experimental
equipamento de uso geral, com duas Sabe-se, desde o século passado, que
exceções: a ignição de uma atmosfera inflamável
1. as temperaturas são medidas na pode ser evitada pela separação da
superfície externa da caixa a prova atmosfera da fonte de ignição por uma tela
de explosão para determinar a ou um material com pequenas aberturas.
temperatura de operação, no Este princípio foi usado em operações
ambiente de 40 oC, subterrâneas de minas, onde o metano é
2. os testes são feitos também em um perigo constante (lâmpada Davy,
condições anormais, com 1815).
sobrecarga, rotor bloqueado, com Este princípio foi usado quando os
apenas uma fase (motores e equipamentos elétricos começaram a ser
geradores) e com a armadura usados em atmosferas inflamáveis e
bloqueada (solenóides). explosivas. Fez-se muita pesquisa para
determinar os espaçamentos seguros em
invólucros contendo circuitos elétricos

6.20
Prova de Explosão

perigosos localizados em atmosferas Há uma grande variedade de


inflamáveis. Este espaçamento é chamado equipamento a prova de explosão
de máximo espaçamento seguro disponível para uso em locais Grupo D,
experimental ou MESG - maximum porque este é o local mais comum na
experimental safe gap. Classe I. Há grande quantidade de
No instrumento à prova de chama é equipamento, diferentes de motores e
esperado que a mistura inflamável entre no geradores, convenientes para locais de
interior do instrumento, encontre uma fonte Grupo C. Motores e geradores para locais
de energia perigosa e haja a ignição da de grupo C são pouco disponíveis.
mistura no interior. Porém, os gases Não há motores e geradores a prova
queimados devem ser resfriados de modo de explosão para uso em local de Grupos
que a combustão não se propague para A e B. Isto não significa que eles não
fora. A proteção da caixa é feita pelo pudessem ser projetados e construídos.
resfriamento destes gases, que ocorre Os problemas de projeto podem e, em
neste espaçamento critico. O processo é circunstancias especiais, são superados. O
complicado pois há turbulência, fator é econômico. O problema é que as
velocidades supersônicas e misturas pequeníssimas tolerâncias para as juntas
complexas de gases quentes queimados e de eixo geralmente não podem ser
gases frios não queimados. É muito difícil atendidas em equipamentos fabricados em
determinar com precisão o MESG para linha. Além disso, a demanda de motores
determinada mistura. O tamanho e formato para locais de Grupos A e B é
do espaçamento, a pressão forçando a extremamente limitada, não havendo
ejeção do material, o tempo que os gases incentivo econômico para seu projeto e
levam para saírem, a temperatura dos fabricação.
gases queimados, o grau de turbulência e As principais vantagens da proteção a
as condutividades termais das misturas prova de explosão ou prova de chama são
são fatores críticos nesta determinação. as seguintes:
A pressão de injeção dos gases da 1. permite aparatos faiscadores e
caixa para fora através do espaçamento manipulando altos níveis de energia
depende da composição da mistura dentro em áreas perigosas,
da caixa, do formato da caixa e do volume 2. a maioria das pessoas pensa que
do material, da temperatura e energia de entende como a proteção funciona.
ignição dentro da caixa. O tempo depende As desvantagens e limitações são:
do volume do material e sua taxa de 1. ninguém sabe como ela funciona
queima. mas obviamente ela funciona,
O equipamento clássico para 2. o projeto mais antigo da caixa era
determinar o MESG é o Vaso de Teste de difícil para prova de tempo,
Explosão Westerberg. 3. não é permitido o serviço em
operação sem a certeza da
15. Vantagens e Desvantagens ausência do gás,
4. as caixas tendem a ser grandes e
Os equipamentos a prova de explosão pesadas,
custam muito mais para o usuário comprar 5. as conexões especiais são
e montar do que os equipamentos de uso necessárias,
geral. Assim, é desejável projetar uma 6. os erros de instalação ou as falhas
instalação de modo seguro, mas com o são perigosas,
mínimo necessário de equipamento a 7. a integridade da segurança pode
prova de explosão. Isto é feito com bom ser perdida com o tempo, com a
senso, a partir da classificação de área, manutenção inadequada e com a
localização do equipamento e escolha de corrosão dos materiais.
outras proteções alternativas mais
econômicas. Quanto maior um
equipamento, menos provável é que ele
seja disponível na versão a prova de
explosão.

6.21
Prova de Explosão

16. Normas Aplicáveis


As normas brasileiras relacionadas, de
algum modo, com a técnica de proteção
alternativa de prova de explosão ou prova
de chama são:

16.1. Requisitos Gerais


IEC 529 - Classification of degrees of
protection provided by enclosures.
NBR 6146, Invólucros de equipamentos
elétricos - Proteção - Especificação.
NBR 8370, JAN 84, Equipamentos e
instalações elétricas para atmosferas
explosivas - Terminologia.
NBR 9518, SET 86, Equipamentos
elétricos para atmosferas explosivas -
Requisitos gerais.
EN 50014 - Electrical apparatus for
potentially explosive atmospheres -
General requirements.

16.2. Máquinas Rotativas


NBR 9884 - Máquinas elétricas girantes
- Graus de proteção proporcionados pelos
invólucros.
IEC 34-5 - Rotating electrical machines.
Classification of degrees of protection
provided by enclosures for rotating
machines.

16.3. Proteção à Prova de Explosão


NBR 5363 - Equipamentos elétricos
para atmosferas explosivas - Invólucros à
prova de explosão - Tipo de proteção "d".
IEC 79-1 - Electrical apparatus for
explosive atmospheres - Construction and
test of flameproof enclosures of electrical
apparatus.
EN 50018 - Electrical apparatus for
potentially explosives atmospheres -
Flameproof enclosure "d".



TeKAPOST\PERIGOSA 4EX-D.DOC 15 MAR 94 (Substitui 02 DEZ 93)

6.22
7
Purga ou Pressurização
ar ou gás inerte é mantida através da caixa
Objetivos de Ensino para evitar a entrada de qualquer gás ou
vapor inflamável que pode estar presente
1. Conceituar equipamentos com a na atmosfera ambiente em que o invólucro
proteção de purga ou pressurização, está instalado.
mostrando vantagens, limitações e Em qualquer situação, o sistema de
aplicações, inclusive em purga-pressurização evita a entrada do
subestações. gás inflamável no interior do instrumento
2. Mostrar as características dos elétrico pela manutenção de uma vazão ou
diferentes tipos de purga conforme pressão de um gás inerte ou ar puro para
NEC. o interior do instrumento. Tem-se, assim,
3. Listar as normas concernentes uma área classificada no exterior do
aplicáveis. instrumento e uma área segura, sem
presença de gás inflamável, no interior do
1. Princípio de Funcionamento instrumento.
Os circuitos elétricos no interior do
Os conceitos de purga e de equipamento pressurizado são de uso
Pressurização são usados indistintamente, geral, manipulando alto nível de energia e
embora sejam diferentes. Rigorosamente, seus componentes podem atingir
a purga está relacionada com a vazão, a temperaturas elevadas. Os volumes,
Pressurização está associada com a diferentemente os aparatos a prova de
pressão. explosão, podem ser grandes, podendo
A purga ou a Pressurização (Ex "p") é o inclusive ter proporções de sala de
mais importante método alternativo de controle.
proteção de equipamentos elétricos
usados em atmosferas inflamáveis cujo
princípio de funcionamento se baseia no
controle da composição da atmosfera Atmosfera perigosa
perigosa. É também chamada de diluição
continua.
Embora a Pressurização seja uma
técnica complexa e cara, em algumas
aplicações, é a única solução disponível.
Um invólucro para maquinas e
equipamentos elétricos em que a entrada
de gases ou vapores inflamáveis é evitada ∆ Atmosfera
pela manutenção de ar ou outro gás não inerte
inflamável dentro do invólucro em uma
pressão especificada acima da atmosfera
externa.
Um invólucro para equipamentos
elétricos em que uma vazão suficiente de Fig. 7.1. Esquema simplificado da proteção purga

7.1
Purga ou Pressurização

O conceito de Pressurização para Dependendo do tipo de purga-


segurança é aplicado também a pressurização deve-se fornecer o sistema
equipamentos de potência, como motores, com técnicas adicionais de salvaguardas
geradores e analisadores de composição. ao sistema inicial de proteção.
A Pressurização pode ser feita com gás As normas europeias, por exemplo,
inerte, sendo o mais comum o nitrogênio. não aceitam tipos diferentes de purga,
Por questões econômicas e de segurança como as americanas que definem purga
humana, pode-se usar ar comprimido. O ar dos tipos X, Y e Z.
de instrumento é aceitável, porque é limpo
e seco. O ar de serviço não serve para 2.1. Purga Tipo Z
prover a purga pois é sujo e pode conter
A purga tipo Z reduz a classificação de
partículas de óleo.
área de Divisão 2 para não perigosa. Ela
Quando a purga é feita com ar
permite a instalação de equipamento de
comprimido, a tomada do compressor de
uso geral no interior da caixa pressurizada
ar deve estar localizada em local seguro.
ou purgada. Para se ter uma explosão de
Toda a linha de sucção deve ser montada
um sistema de purga tipo Z, deve-se ter
em local isento de gás inflamável. Quando
uma falha no sistema de purga (pouco
a linha de secção através área classificada
provável) e outra falha no processo, para
deve-se garantir que não haja
liberar gases inflamáveis (conceito de
possibilidade de entrada de gás perigoso
Divisão 2), que também é pouco provável.
para o seu interior.
Como são necessárias duas falhas
A caixa a ser purgada ou pressurizada
independentes e pouco prováveis, a
deve ser robusta, o suficiente para não ser
proteção total do sistema já é suficiente e
danificada em acidentes de natureza
não se necessita fornecer salvaguarda
previsível e nas condições normais de uso.
adicional ao sistema de purga.
As janelas e tampas devem ter a
A instalação com purga tipo Z possui,
espessura de 1/4", podendo ser de vidro
geralmente, um indicador ou alarme para
temperado a prova de estilhaço. As caixas
indicar que o sistema de Pressurização
e os dutos devem suportar uma
está operativo. A probabilidade que o
sobrepressão igual a 1,5 vezes a máxima
processo falhe e torne o local perigoso
pressão de trabalho nominal, porem, não
antes que o sistema de alarme do sistema
menor que 2 mbar. As normas americanas
de falha da purga seja acionado é admitida
recomendam apenas 1 mbar.
como zero. Qualquer indicador ou alarme,
se elétrico, deve satisfazer as exigências
2. Tipos de Purga de Divisão 2. Geralmente deve ser a prova
Dependendo da Divisão onde é de explosão, pois durante a ausência de
utilizado o equipamento (Divisão 1 ou Pressurização, quando o sistema ficar
Divisão 2) e dependendo do tipo de circuito perigoso, o circuito elétrico não pode
elétrico contido no interior da caixa (por provocar explosão ao exterior.
exemplo, uso geral, não-incenditivo, não- Quando se usa um manômetro para
faiscador), são definidos três tipos de indicar a pressão do sistema de proteção,
Pressurização; segundo ISA S 12.4: nenhuma válvula pode ser instalada entre
1. Tipo Z - purga para reduzir a o indicador e a caixa pressurizada.
classificação do interior do Qualquer restrição entre a caixa
instrumento de Divisão 2 para não- pressurizada e o indicador de pressão não
perigosa. pode ser menor que a menor restrição no
2. Tipo Y - purga para reduzir a lado de suprimento da pressão. Essa
classificação do interior do exigência diminui a probabilidade da
instrumento de Divisão 1 para restrição se entupir, evitando a indicação
Divisão 2. de que houve falha no sistema de
3. Tipo X - purga para reduzir a Pressurização.
classificação do interior do Se a caixa pressurizada precisa ser
instrumento de Divisão 1 para não- aberta, deve-se garantir que a área não
perigosa. contenha a atmosfera perigosa ou a

7.2
Purga ou Pressurização

alimentação elétrica seja desligada do grau de segurança, nenhum


instrumento sob purga. Depois que um intertravamento é requerido para a purga
instrumento é aberto e recolocado em tipo Y. Só poderá haver explosão no
operação, ele deve ser purgado com o sistema quando houver uma falha, pouco
mínimo de quatro volumes da caixa antes provável, no equipamento não-incenditivo
de ser energizado, a não ser que e outra falha no sistema de purga, também
seguramente a atmosfera do interior seja pouco provável. Embora a Divisão 1, onde
não perigosa. está aplicado todo o sistema, seja
Quando o sistema de purga está em altamente provável de ter gás perigoso, o
operação deve haver uma pressão mínima sistema de purga Y é seguro e nenhum
de 2,5 mm de coluna d'água no interior da sistema de proteção à purga é necessário.
caixa. A vazão requerida para manter essa A unidade elétrica da caixa deve
pressão é quase desprezível e é somente possuir fusível. O tamanho do fusível é
uma função da construção da caixa. escolhido levando-se em conta a
Muitas pessoas consideram essa espessura da caixa e a composição do gás
pressão de 2,5 mm de coluna d'água muito do exterior. Gráficos, obtidos de testes
pequena; a norma CENELEC recomenda experimentais, devem ser usados para
5,0 mm de coluna d'água. Porem, 2,5 mm determinar o dimensionamento do fusível e
de coluna d'água é uma pressão suficiente são disponíveis na literatura técnica
para garantir a segurança com ventos de especializada.
aproximadamente 25 km/h. Com um vento Todas as exigências da purga tipo Z,
acima de 25 km/h é pouco provável que a mostradas anteriormente, devem ser
atmosfera seja perigosa, pois o vento com satisfeitas na purga tipo Y.
esta velocidade já dispersa os vapores de
qualquer fonte gasosa perigosa. 2.3. Purga Tipo X
A temperatura da caixa do sistema de
A purga tipo X reduz a classificação no
purga Z não deve exceder 80% da
interior do instrumento de Divisão 1 para
temperatura de ignição, dada em oC, do
uso geral, e desse modo, permite o uso de
gás ou vapor envolvido, quando o
equipamento de uso dentro da caixa sob
equipamento estiver operando na situação
purga, montada em Divisão 1. A purga tipo
menos favorável de 125% da tensão
X é projetada para permitir a operação de
elétrica nominal.
equipamento de uso geral, que é o mais
Uma advertência deve ser colocada
perigoso possível, pois pode provocar
numa plaqueta facilmente visível, talvez
faíscas de alto nível de energia, dentro de
vermelha, fixada no instrumento,
caixa colocada na área perigosa de
recomendando que a caixa só pode ser
Divisão 1, que é a mais perigosa possível,
aberta em duas condições possíveis:
pois pode conter gases inflamáveis em
1. a fonte elétrica de alimentação está
condições normais.
desligada
Como o sistema de purga é a única
2. a atmosfera vizinha a caixa é
proteção, ele sozinho é insuficiente para
segura, garantida por analisadores
fornecer a segurança necessária para o
de gás.
uso em Divisão 1. Usa-se, pois, outro
Deve estar claramente indicado no
sistema de proteção que desliga a energia
instrumento o local onde deve ser aplicada
elétrica quando houver falha no sistema de
a purga-pressurização.
purga. Nessa situação nova, só haverá
explosão quando houver duas falhas, de
2.2. Purga Tipo Y
probabilidades individuais pequenas: uma
A purga tipo Y reduz a classificação do no sistema de purga e outra no sistema de
interior do instrumento de Divisão 1 para intertravamento do sistema de purga.
Divisão 2 e permite o uso de equipamento Todas as exigências para as purgas do
classificado para Divisão 2 em Divisão 1, tipo Z e do tipo Y devem ser satisfeitas.
como o instrumento não-incenditivo e de Essas exigências incluem a correta
segurança aumentada. Como o dimensão do fusível, espessura das
equipamento não-incenditivo já possui

7.3
Purga ou Pressurização

paredes da caixa e instalação de 5. classe de temperatura ou valor


pressostato. máximo da temperatura,
Em adição, deve-se incorporar um 6. numero de série do fabricante,
sistema que desligue automaticamente 7. indicação dos testes ou numero de
todos os circuitos elétricos dentro da caixa, certificação,
que não podem estar energizados na 8. volume livre interno da caixa e
Divisão 1, que passa a ser a classificação mínima quantidade de gás protetor
no interior da caixa, na falta de necessária para a purga,
Pressurização. Essa chave de 9. mínima sobrepressão permissível
desligamento elétrico pode ser acionada em serviço e, se necessário,
por pressão ou por vazão. Qualquer que mínima vazão,
seja, como é de natureza elétrica, deve 10. advertência do tipo:
satisfazer as exigências para uso em INSTRUMENTO COM PURGA
Divisão 1, mesmo que ela seja usada em NÃO ABRIR QUANDO ENERGIZADO.
local seguro, porque a chave pode estar SÓ LIGAR DEPOIS DE (x) MINUTOS
energizada antes que o sistema de purga DE PURGA
torne seguro o interior do equipamento e
durante os períodos de falha do sistema. 4. Vantagens e Desvantagens
Como a atmosfera circundante à caixa
é Divisão 1, a tampa do instrumento deve As vantagens da Pressurização ou
ser trancada a chave ou então só pode ser Purga como técnica de proteção são:
aberta com ferramenta especial. Essas 1. algumas vezes, a única solução
características diminuem a possibilidade 2. pode proteger grandes volumes,
de pessoas não autorizadas possam painéis e salas de controle
comprometer a segurança do sistema. 3. pode ter grande margem de erro
Finalmente, quando aberta, a caixa antes de resultar em perigo
deve ser automaticamente desligada da As desvantagens são:
alimentação elétrica. A chave elétrica, 1. o ar limpo para ser livre de
atuada por microchaves de fim de curso, é contaminantes deve ser bombeado,
também de natureza elétrica e portanto filtrado e secado.
deve satisfazer as exigências de uso em 2. o sistema de controle é complexo,
Div. 1. incluindo outras formas de proteção
Um temporizador deve ser adicionado 3. a manutenção em operação não é
para evitar que se aplique potência elétrica permitida
antes que seja purgado o volume mínimo 4. a isolação completa de todas as
de quatro caixas e seja mantida a pressão interligações pode ser difícil
mínima de 2,5 ou 5,0 mm de coluna d'água
no interior da caixa. O temporizador, se 5. Normas Aplicáveis
elétrico, deve satisfazer normas de uso em
Divisão 1.
Como nas outras purgas, deve-se Proteção de equipamentos
fornecer os equipamentos sob purga com pressurizados
etiquetas de identificação com IEC 79-2 - Electrical apparatus for
advertências especificas de segurança. A explosive atmospheres - Electrical
marcação do equipamento deve fornecer apparatus - Type of protection "p".
as informações: EN 50018 - Electrical apparatus for
1. nome do fabricante ou marca potentially explosives atmospheres -
registrada, Pressurized apparatus "p"
2. modelo do instrumento, função,
dados de calibração,
3. símbolo da proteção purga (IEC, .
EEx "p"),
4. classe, grupo, divisão do local onde
pode ser usado,

7.4
Caixa do instrumento Caixa do instrumento

Placa de Placa de
advertência advertência

PA ou PI
Restrições
opcionais PI

Suprimento Suprimento
da purga da purga

Caixa do instrumento

Placa de advertência
Seguro

Falta de ar Entupido
PI
Restrição B

Restrição B não menor que A

Restrição A

Suprimento
da purga

Fig. 7.2. Instalações aceitáveis para purgas do tipo Y e Z (ISA S12.4)

7.5
Purga ou Pressurização

Caixa do instrumento Caixa do instrumento

Placa de Placa de
advertência advertência

Restrição opcional

Restrições
PS
opcionais PS

Suprimento Suprimento
da purga da purga

Caixa do instrumento

Placa de advertência
Seguro

Falta de ar PSL Entupido

Restrição B

ou PSH Restrição B não menor que A

Restrição A

Suprimento
da purga

Fig. 7.3. Instalações aceitáveis para purgas do tipo X (ISA S12.4)

7.6
Purga ou Pressurização

Fig. 7.4. Abrigo fechado com instrumentos de análise que requer pressurização se montado em local
classificado.

Fig. 7.5. Interior do abrigo com instrumentos de análise, que deve ser pressurizado se localizado em área
perigosa

Fig. 7.6. Interior da sala de controle, que deve ser pressurizado quando envolvido por área classificada

7.7
temperatura interna também não deverá
3. Pressurização e Ventilação ultrapassar um valor predeterminado,
normalmente 40 oC para subestações sem
de Subestação operador a fim de não causar danos aos
dispositivos elétricos.
3.1. Introdução O diferencial de pressão entre a
pressão interna e externa típico de projeto
Por motivos econômicos, operacionais é de 6 mm de coluna d'água. , valor esse
e disponibilidade de espaço os prédios considerado como de projeto. A
das subestações são geralmente temperatura do ar de insuflamento típica
localizados próximos às unidades de de projeto é a temperatura máxima medida
processo industriais e por isso eles ficam no local, no verão.
em locais de área classificada. Depois de definidos os valores da
A classificação da área requer pressão diferencial e da temperatura,
equipamentos elétricos com construção deve-se calcular a quantidade de calor
adequada compatível com o risco recebida pela fontes externas e gerada
apresentado (Classe, Grupo, Divisão). pelas fontes internas no ambiente. São
Considerando as desvantagens da exemplos de fontes internas de calor:
técnica alternativa de prova de explosão, luminárias, reatores, transformadores,
como alto custo de equipamentos e sua barramento, fiação, lâmpadas de
instalação, difícil manuseio de sinalização, resistores de aquecimento,
componentes por causa do grande peso e bobinas de solenóides e reles. A principal
volume, restrições de acesso e fonte externa de calor é o sol. Os dados de
impossibilidade de execução de dissipação térmica dos equipamentos
manutenção em circuitos vivos, a técnica internos do prédio geralmente são
de proteção mais usada é a de pressurizar fornecidos pelo respectivos fabricantes. O
a sala da subestação ou então fornecer calor devido à insolação, incluindo a
uma ventilação forçada para alterar a transmissão pelas paredes e teto deve ser
classificação da área para segura. calculado.
Se o local ficar seguro, por causa da Após levantados todos os dados
ventilação forçada ou da pressurização, térmicos, a vazão de ar necessária para
podem ser utilizados equipamentos de uso que o sistema opere dentro dos valores
geral, resultando em vantagens como esperados pode ser calculada. Este valor é
menor custo de aquisição e manutenção usado para o dimensionamento dos
dos equipamentos, facilidade de manuseio equipamentos. A pressão fornecida pelo
dos componentes, possibilidade de fazer ventilador deve levar em conta também as
manutenção em partes vivas do circuito, perdas de carga totais, incluindo eventuais
intercambialidade de componentes, os dutos de insuflamento.
facilidade de executar interligações e O ar insuflado será expelido para o
intertravamentos. meio externo através de venezianas
automáticas de pressão. A posição correta
3.2. Pressurização e Ventilação destas venezianas mantém o diferencial de
O sistema de pressurização e pressão necessário. Em caso de falta da
ventilação deve ser projetado pressão, um pressostato irá fecha-las
considerando-se a pressão, temperatura e automaticamente. Quando fechadas, elas
umidade internas. Através do insuflamento devem fornecer vedação completa.
de ar não contaminado para o ambiente a Quando o prédio da subestação possui
ser pressurizado, consegue-se que a sala de baterias de reserva, deve-se
pressão interna maior que a externa, manter a pressão nesta sala ligeiramente
evitando a entrada de misturas de gases inferior à dos demais ambientes, com a
ou vapores inflamáveis no ambiente onde finalidade de evitar que os gases
há a presença permanente de corrosivos emanados pelas baterias
equipamentos elétricos com nível de penetrem na sala de painéis e demais
energia elétrica e termina perigoso. A dependências. Isto é conseguido fazendo-
se com que o ar penetre na sala de

7.8
Purga ou Pressurização

baterias através de venezianas colocadas normais e anormais de operação. Devem


na porta de entrada desta e seja expelido ser alarmadas: pressão (mínima) e
para o exterior depois de passar por toda a temperatura (máxima) e indicados: : status
extensão da sala. Esse caminho de cada estação (ligada ou desligada),
obrigatório do ar é suficiente para manter a temperatura e pressão ambientes.
sala de baterias com uma pressão No caso de prédios situados em áreas
ligeiramente inferior à sala dos painéis. não classificadas, onde não seria
necessário instalar um sistema de
3.3. Tomada do Ar de Pressurização pressurização e ventilação, há um
consenso de que as vantagens que se
A captação de ar deve feita em local
obtém aplicando um tal sistema
livre de contaminação de gás ou vapor
compensam o investimento. Os painéis
inflamável. O ar deve ser limpo e por isso
operam em ambientes livres de poeira e de
deve passar por filtros e secadores. A
partículas estranhas e com temperatura
localização do duto de captação de ar deve
amena, o que aumenta a vida útil dos
ser cuidadosamente analisado em função:
dispositivos elétricos, principalmente os
1. do mapa de classificação de áreas
seus contatos. Neste caso, adota-se um
2. das direções predominantes de
único sistema de Pressurização, com
vento.
apenas uma unidade operando, uma vez
3. das eventuais fontes de liberação
que uma eventual parada não causaria
de gases ou vapores inflamáveis,
nenhum problema de segurança. As
explosivos ou tóxicos.
demais condições geralmente são
Da análise desses dados, definem-se a
mantidas.
posição e a altura em relação ao solo da
Antes de se energizar o ambiente em
tomada de ar. O material do duto de
que tenha havido anteriormente falha no
captação de ar não poderá ser inflamável.
sistema de Pressurização deve-se verificar
Neste caso é comum preferir-se dutos de
através de analisadores apropriados a
alvenaria ou concreto, uma vez que os
existência de mistura explosível ou
dutos metálicos requerem manutenção
inflamável.
constante contra a corrosão.
No projeto do sistema, as chaves,
A área livre para a passagem do ar
contatores, reles e motores usados no
deve ser calculada de modo que a
sistema de Pressurização devem ser
velocidade do ar fique dentro de valores
adequados à classificação da área sem a
considerados como dutos de baixa
Pressurização. Quando se perde a
velocidade (1,5 m/s) com a finalidade de
Pressurização, por qualquer motivo, a área
limitar o nível de ruído.
fica perigosa, pois é a Pressurização que a
torna segura.
3.4. Unidades de Ventilação
Para subestação localizada em área 3.5. Projeto do Sistema
classificada, comumente se especificam
Além das plantas de arquitetura e o
duas unidades de pressurização e
layout de equipamentos, devem ser
ventilação, dimensionadas de modo que
fornecidas ao projetista do sistema as
somente uma unidade seja capaz de
seguintes informações adicionais:
manter o sistema operando nas condições
quantidade de pessoas presentes
de projeto e a outra permanecendo como
normalmente no ambiente;
reserva, entrando em funcionamento
quantidade, tipo e características dos
sempre que houver queda acentuada de
equipamentos instalados no prédio, como
pressão ou elevação de temperatura acima
painéis, baterias, carregadores de baterias,
do esperado. Pressostatos e termostatos
transformadores, luminárias.
convenientemente ajustados nos valores
temperaturas ambientes máximas
selecionados efetuam a entrada e saída de
permitidas para operação dos
operação da segunda unidade.
equipamentos, dissipação térmica dos
Usam-se também alarmes e
mesmos, inclusive relativo às cargas de
indicadores para monitorar as condições
iluminação;

7.9
Purga ou Pressurização

planta da localização do prédio onde 


será instalado o sistema, em relação à
unidade de processo, bem como o plano
de classificação de áreas da região.
Devem ser consideradas também as
direções predominantes de vento.

3.6. Purga contra Pó


As exigências para a purga de redução
de perigo em locais de Classe II são
semelhantes às de Classe I, ou seja:
1. a pressão interna não pode ser
menor do que 25 Pa, se a
densidade da partícula especifica
do pó for igual ou menor do que 2,1
x 103 kg/m3. Se a densidade for
maior, a pressão interna deve ser
mantida, no mínimo, em 125 Pa.
2. não é necessário o intertravamento
nas portas se houver chave ou
ferramenta especial para abertura.
Deve haver avisos contra abertura
da porta.
3. a máxima temperatura da superfície
das peças expostas ao pó não pode
exceder a 80% da temperatura de
ignição da camada do pó (oC), mas
deve ser, no mínimo, 50 oC abaixo
da temperatura de ignição da
camada. Os componentes internos
tendo temperatura maior do que
destes limites devem ser fechadas
em uma câmara selada ou com
gaxeta. Alternativamente, o
invólucro pode ser equipado com
uma placa de advertência instruindo
o usuário para desenergizar o
equipamento durante um tempo
suficiente antes de abrir o invólucro
para garantir que o componente
quente foi resfriado para uma
temperatura segura.
4. deve haver alarme (sonoro ou
visual) ou indicação da perda da
pressão de purga.
5. motores, transformadores e outros
aparatos sujeitos a sobrecarga
devem ter mecanismos automáticos
de desligamento por causa de alta
temperatura.

TeKAPOST\PERIGOSA 5EX-P.DOC 15 mar 94 (Substitui 02 DEZ 93)

7.10
1

8
Segurança Intrínseca
1976 e 1984. Há ainda pequenas
Objetivos de Ensino divergências de terminologia entre a
comunidade européia e os EUA-Canadá.
1. Conceituar a proteção de segurança A técnica de segurança é muito usada
intrínseca e os parâmetros associados na Europa, recebida com confusão nos
de condição segura e insegura e EUA, pouco usada no Japão e pouco
componentes infalíveis. conhecida no Brasil. Muitos usuários tem
2. Apresentar a barreira zener de ouvido falar sobre ela e querem conhece-la
segurança intrínseca e unidades de mais, porém, se sentem confusos em
isolação e os meios de especificar, aplicar produtos com aprovação de
escolher, testar, instalar e inspecionar segurança intrínseca. Nos EUA, somente a
as diferentes barreiras. partir da edição de 1990 do NEC, a
3. Listar os cuidados relacionados com segurança intrínseca passou a ser parte da
a instalação e sistema intrinsecamente Seção 504. A grande variedade de
seguro, como aterramento, fiação, equipamentos no mercado e o aparente
segregação e inspeção. grande número de cálculos afugentam o
4. Listar as normas concernentes à instrumentista do conceito de segurança
segurança intrínseca. intrínseca.

1. Histórico 2. Conceitos Básicos


A segurança intrínseca foi desenvolvida
pela primeira vez na Inglaterra, depois do 2.1. Segurança Intrínseca
acidente de Welsh (1913) onde 439
mineiros foram mortos. As investigações A segurança intrínseca é uma técnica
mostraram que as faíscas do sistema de alternativa de proteção, aplicada a
sinalização provocaram a ignição do gás instrumentos de controle e de
metano presente. A explosão não teria comunicação, que manipulam baixo nível
acontecido se as faíscas fossem de energia elétrica e térmica, que evita a
suprimidas. Esta técnica foi usada apenas explosão ou incêndio, pelo cuidado
em minas até 1936, quando foi emitido o especial da fonte de ignição. É um
primeiro certificado para a aplicação em conceito intimamente associado à
superfície. A primeira norma formal foi limitação da energia fornecida e
emitida em 1945 (BS 1259). Em 1960 foi armazenada na área perigosa.
introduzida a barreira de segurança com Por definição, um sistema é
diodo Zener em paralelo. Desde então a intrinsecamente seguro quando seu
segurança intrínseca se desenvolveu equipamento e incapaz de liberar energia
continuamente e as normas relevantes elétrica ou térmica e sua respectiva fiasco
convergem todas para um único objetivo, é incapaz de armazenar energia elétrica
sob a orientação da Comisso Internacional suficiente para provocar a ignição de uma
de Eletrotécnica (IEC): Norma IEC 79-11, mistura específica de gás inflamável, em
condições normais e duas condições

8.1
Segurança Intrínseca
anormais específicas. A segurança determinam-se a tensão e a corrente
intrínseca evita explosões causadas por elétricas máximas permissíveis. Na prática
faíscas elétricas e superfícies quentes e felizmente, os níveis permitidos de
cuidando da fonte de energia. Essa tensão e corrente para o uso seguro são
definição se refere a sistema completo, compatíveis com os níveis de tensão e
porém, é aplicável também a instrumentos corrente típicos de instrumentação. Para
e equipamentos individuais, se estendendo facilitar as aplicações, são disponíveis
à fiasco do campo. curvas que fornecem diretamente a
O conceito genérico de segurança corrente de ignição versus a tensão do
intrínseca é extremamente simples, porém circuito aberto, para misturas específicas
os detalhes de aplicação são complicados. dos gases. Como as faixas de corrente e
Para a aplicação prática do conceito tensão para instrumentação são da ordem
devem ser atendidas três questões: de 4 a 20 mA cc e 24 V cc, mesmo para as
1. qual a energia necessária para misturas mais perigosas de acetileno e
causar a ignição, hidrogênio, há um grande fator de
2. como é definida a atmosfera segurança na aplicação de segurança
perigosa, intrínseca.
3. o que é condição anormal de
operação.

R L
Atmosfera perigosa

V C

Fig. 8.1. Na proteção de segurança intrínseca a


energia disponível na área perigosa é insuficiente
Fig. 8.2. Energia mínima para ignição de misturas
para provocar ignição na mistura de gases flamáveis
de gases flamáveis e explosivos (NFPA).

O conceito de segurança intrínseca se


2.2. Nível Perigoso de Energia baseia na limitação da energia entregue da
Os testes de laboratório fornecem área segura para a área perigosa. Para
dados e curvas relacionadas com a ignição executar e garantir a limitação da energia
das misturas perigosas específicas. Cada que entra na área perigosa, são usadas
mistura específica possui sua curva barreiras passivas de energia ou unidades
característica de energia de ignição. A com isolação galvânica.
curva (energia de ignição x % da mistura Além da limitação da energia que entra
com o ar) é parabólica, com seus limites no sistema, deve-se preocupar também
inferior e superior de inflamabilidade e sua com o limite da energia armazenada pela
energia mínima de ignição que fiasco do sistema ou por outros aparatos.
corresponde à concentração mais Os componentes elétricos que armazenam
facilmente inflamável. energia são os capacitores e os indutores.
A partir da mistura gasosa envolvida Por isso, os circuitos elétricos localizados
na aplicação, determina-se qual a energia na área perigosa devem possuir os valores
mínima de ignição. A partir da energia de indutância e capacitância, reais e
mínima capaz de provocar a ignição da parasitas, limitados. Também para a
mistura em questão, considerando sempre determinação desses valores críticos de
a concentração de mais fácil ignição, capacitância e indutância existem curvas

8.2
Segurança Intrínseca
experimentais levantadas de testes de 4. as aberturas de qualquer um dos
laboratório e de aplicações. Assim, a partir fios do campo, curto circuito entre
da tensão máxima usado no sistema quaisquer dois fios de campo,
determina-se a máxima capacitância contato com o terra de qualquer fio
permissível. Analogamente, a partir da do campo do circuito
máxima corrente fornecida ao sistema, intrinsecamente seguro sendo
determina-se a máxima indutância considerado.
permissível.

2.3. Área Perigosa


Para o sistema intrinsecamente seguro,
área perigosa tem o mesmo significado
geral: local em que há ou é esperado
haver misturas explosivas ar e gás
combustível em quantidades que exijam
precauções especiais para a construção e
uso de aparatos elétricos. Quanto a
definição de atmosfera perigosa ou o nível
de perigo apresentado pela atmosfera
inflamável, o ponto de partida é a
classificação da área: Classe, Grupo e Fig.7.3. Classificação de áreas de risco na indústria
Zona Divisão.
O instrumento com certificação de
segurança intrínseca deve ter aprovação Condição anormal ou falha é um
específica para determinada área. O defeito de qualquer componente ou de
certificado determina e limita o uso do uma conexão entre componentes, da qual
equipamento aprovado para determinada depende a segurança intrínseca do
Classe e Grupo. A técnica de segurança circuito. Se uma falha resulta em outra
intrínseca é uma das poucas proteções falha subseqüente, as duas falhas são
que pode ser usada em locais de Zona 0. consideradas como apenas uma falha. São
exemplos de falhas, para o sistema
2.4. Condição Normal e Anormal intrinsecamente seguro:
A definição de segurança intrínseca 1. curto circuito entre o primário e o
considera as condições normal e anormal secundário de um transformador,
de operação do sistema. 2. abertura de circuito do diodo Zener
A operação normal para o sistema em paralelo,
intrinsecamente seguro ou associado 3. curto circuito do resistor limitador de
ocorre quando ele está de conformidade corrente da barreira de segurança,
com as especificações de seu projeto 4. curto circuito e contato com o terra
elétrico e mecânico e é usado dentro dos de qualquer componente protetor
limites especificados pelo fabricante. Em ou que esteja relacionado com a
detalhes, a operação normal inclui todas segurança.
as seguintes situações: O projeto e a construção do sistema
1. a tensão de alimentação no máximo intrinsecamente seguro através de arranjos
valor especificado, mecânicos e componentes críticos
2. as condições de contorno dentro protetores (chamados infalíveis) tornam
das especificações dadas para os muito pequena a probabilidade de
aparatos intrinsecamente seguros ocorrência destas falhas. Desde que as
ou associados, normas de construção sejam satisfeitas, o
3. as tolerâncias de todos os equipamento é considerado não sujeito a
componentes na combinação que falhas. Porém, se as condições não são
representa a condição mais satisfeitas, presume-se que o equipamento
desfavorável, possa falhar e isso é levado em conta para
o fator de segurança.

8.3
Segurança Intrínseca
O curto-circuito, a abertura do circuito, 3. Aparato, Sistema e
o contato direto com o terra, situações
muito prováveis, são consideradas como
Componente
operação normal, pois o sistema é O equipamento em uma malha de
projetado de modo que elas não segurança intrínseca podem ser:
comprometam a segurança. 1. simples,
As falhas específicas se referem a 2. não simples
outros circuitos e a outros tipos de
problemas. Na segurança intrínseca, só se 3.1. Aparato Simples
perde a segurança quando ocorrem duas
falhas específicas e independentes entre Aparato simples é o equipamento que
si, o que constitui uma pequeníssima não gera tensão maior que 1.2 V e
probabilidade. corrente maior que 0.1 A e não armazena
É importante também ter a garantia de energia maior que 20 µ J ou a potência
que o circuito intrinsecamente seguro irá maior que 25 mW no sistema de
funcionar quando o sistema estiver nas segurança intrínseca, nas condições
condições normais. Com a colocação do normal e anormal, de acordo com as
resistor limitante de corrente, haverá uma especificações do fabricante. Os aparatos
queda de tensão através dos terminais simples são componentes ativos ou
entrada-saída da barreira. Esta queda de passivos puramente resistivos e seus
tensão deve ser considerada no projeto do exemplos típicos são: contatos simples,
circuito. termopares, RTDs, LEDs, fotocélulas,
strain-gages, potenciômetros não
2.5. Classificação ia e ib indutivos, resistores, caixas de passagem
e de terminais, plugs e soquetes.
A norma (CENELEC EN 50 020) define Os aparatos e componentes elétricos
dois graus de proteção: simples podem ser usados em sistemas
1. Ex ia - Segurança intrínseca com intrinsecamente seguros, sem certificação.
duas falhas, para uso em Zonas 0, Eles devem satisfazer as exigências de
1 e 2. isolação e distâncias das normas. A
2. Ex ib - Segurança intrínseca com classificação de temperatura dos aparatos
uma falha, para uso em Zonas 1 e é no máximo de T4 (135 oC). As caixas de
2, junção e as chaves devem ter classificação
O aparato elétrico da categoria ia deve de temperatura T6 (85 oC), por não
ser incapaz de causar ignição em conter componentes dissipadores de
operação normal, com uma única falha e energia.
com qualquer combinação de duas falhas, Um aparato simples, sem certificação
com o seguinte fatores de segurança: de segurança intrínseca, ligado a uma
1, 5 em operação normal e com uma barreira de segurança intrínseca, constitui
falha um sistema intrinsecamente seguro.
1,0 com duas falhas. O sistema simples é aquele em que
O aparato elétrico da categoria ib deve todos os aparatos elétricos são certificados
ser incapaz de causar ignição em como intrinsecamente seguros e por isso
operação normal e com uma única falha, não precisa ser certificado individualmente,
com os seguintes fatores de segurança: pois está completamente claro das
1. 1, 5 em operação normal e com informações disponíveis que o sistema é
uma falha intrinsecamente seguro.
2. 1,0 com uma falha, se o aparato
não contem contatos de chave 3.2. Aparato Não simples
desprotegidos em peças prováveis
de serem expostas a uma Aparato não simples é o equipamento
atmosfera potencialmente explosiva que gera tensão maior que 1.2 V e
e a falha é auto-revelante. corrente maior que 0.1 A e armazena
energia maior que 20 µJ ou potência
maior que 25 mW.

8.4
Segurança Intrínseca
Um aparato não simples pode criar ou componentes críticos, também chamados
armazenar energia, com parâmetros infalíveis:
indutivo e capacitivo. Exemplos típicos de 1. o arranjo mecânico e a disposição
aparatos não simples são: transmissor física dos componentes devem
eletrônico indutivo ou capacitivo, transdutor evitar a chance de haver curto
I/P, indicador, detector de proximidade, circuitos, mau contato e montagem
alto-falante, válvula solenóide e relé. Os errada.
aparatos armazenadores de energia 2. os componentes de montagem
devem ser certificados para fazer parte de devem resistir aos efeitos
um sistema intrinsecamente seguro ou ter previsíveis e normais de vibração e
os parâmetros de entidade dentro dos choque mecânico.
limites permitidos (tensão, corrente, 3. as tomadas e os receptáculos, bem
capacitância e indutância). como os cartões tipo plug in não
podem ser intercambiáveis, ou
então, deve haver uma marcação
simples e visível que diminua a
probabilidade de troca.
4. as distâncias dos terminais, tanto
no ar (clearance) como no circuito
impresso (creepage), devem
obedecer as normas, tendo valores
mínimos que dependem
principalmente do valor da tensão
aplicada.
Os componentes infalíveis são aqueles
cujas falhas reconhecidamente afetariam a
segurança do sistema e por isso tem
Fig. 8.4. Elementos sensores de temperatura (RTD construção especial para garantir seu
e termopar) que devem ter invólucros à prova de funcionamento sem falha. A garantia de
explosão mas que são considerados aparatos sua pequeníssima probabilidade de falha é
simples (não armazenadores de energia) em obtida através da construção e de testes
segurança intrínseca individuais ou através apenas dos testes. É
fundamental, também, que a pouco
provável falha do equipamento infalível
nunca leve o sistema para situação de
3.3. Componentes dos Circuitos perigo. Os mais comuns e usados
Os equipamentos de segurança componentes infalíveis são:
intrínseca não possuem componentes 1. os transformadores especiais,
especiais, mas utilizam componentes contendo enrolamentos
comuns e disponíveis comercialmente, independentes, com separação
com algumas características criticas positiva entre os enrolamentos de
comprovadas em testes individuais e potência, enrolamentos de
especiais. Por exemplo, os componentes segurança intrínseca e enrolamento
críticos são submetidos ao tratamento normais. Deve-se garantir que
termal de burn in que torna os nunca o primário entre em contato
componentes mais estáveis e imutáveis com os enrolamentos secundários.
com a idade e as condições ambientais. 2. os resistores limitadores de
Há normas de construção e desde que corrente, que devem ser de filme
elas sejam seguidas, admite-se que não metálico ou de uma única camada
haverá falhas. Com a advertência de que de fio enrolado. Sua resistência
não devam ser tomadas como resumo ou nunca deve cair de 10% do valor
sumario das normas existentes, eis os nominal e eles devem suportar até
principais cuidados tomados com os 1,5 vezes a tensão de falha e
quando falhar, nunca deve ficar em
curto circuito mas em circuito

8.5
Segurança Intrínseca
aberto. Por redundância, eles são 4.1. Conceito de Sistema
usados em serie.
3. os capacitores de bloqueio, devem O conceito de sistema foi o primeiro
suportar, em teste, a tensão de aplicado à segurança intrínseca. A
falha mais 1000 V RMS. Nunca segurança intrínseca se aplica a sistemas
podem ser eletrolíticos e são completos e não a componentes isolados.
geralmente usados em serie. Um sistema de segurança intrínseca
4. os diodos zener, sempre usados possui quatro tipos de componentes:
em dois ou três e em paralelo. 1. componentes de campo,
5. os fusíveis, que devem abrir dez 2. equipamento limitador de energia,
vezes mais rápido que o diodo usualmente a barreira zener
zener. Para se obter isso 3. fiação na área perigosa
geralmente se usa o circuito 4. equipamentos na área segura
eletrônico com efeito alavanca associados.
(crow bar). Geralmente são usados Neste conceito os componentes do
dois fusíveis em serie, com valores campo, chamados de aparatos
levemente diferentes para garantir intrinsecamente seguros, deviam ter uma
que eles sejam provenientes de certificação de determinado laboratório. A
lotes diferentes e para diminuir a barreira de segurança intrínseca ou o
probabilidade de haver falhas de aparato associado responsável pela
fabricação ou de armazenamento. limitação de energia devia ter certificação
6. as barreiras de energia, chamadas do mesmo laboratório. A fiação precisão
também de barreira Redding ou atender os requisitos da norma coerente
barreira zener. Normalmente são de certificação, quanto aos parâmetros de
circuitos passivos, contendo capacitância e indutância. Os
resistores, diodos zener (mínimo de equipamentos da área segura associados,
dois) e fusíveis (opcionais). É exceto a barreira, não necessitavam de
comum serem encapsuladas, para aprovação de segurança intrínseca,
se evitar a troca não autorizada de porém, a norma limitava o valor máximo de
componentes críticos à segurança. tensão de alimentação, típica de 250 V
7. as unidades de interface, fontes de RMS.
alimentação, instrumentos auto Este enfoque da segurança intrínseca
contidos, que fazem a mesma era pouco flexível e pratico. Era possível
função da barreira de diodos Zener, se usar instrumentos de fabricantes
mas que possuem componentes diferentes, porém, todos os instrumentos
ativos e oferecem segurança da malha precisam ser aprovados pelo
através da isolação galvânica. mesmo laboratório certificador.
Periodicamente, o laboratório publicava
listas com a combinação cruzada de todos
4. Enfoques da SI os aparatos aprovados e possíveis de ser
Há basicamente dois enfoques distintos combinados de modo seguro.
aplicados ao conceito de segurança
intrínseca:
1. conceito de sistema
2. conceito de entidade.

8.6
Segurança Intrínseca

Fig. 8.5. Características de ignição, aparato padrão IEC, circuitos resistivos

8.7
Segurança Intrínseca

Fig. 8.6. Características de ignição, aparato de teste IEC com disco de estanho, circuitos resistivos

8.8
Segurança Intrínseca

Fig. 8.7. Características de ignição, aparato de teste IEC com disco de cádmio e estanho, circuitos capacitivos,
8,3% de metano com ar

8.9
Segurança Intrínseca

Fig. 8.8. Características de ignição, aparato de teste IEC com disco de cádmio e estanho, circuitos capacitivos,
22% de hidrogênio com ar

8.10
Segurança Intrínseca

Fig. 8.9. Características de ignição, aparato padrão IEC , circuitos indutivos de 24 V

8.11
Segurança Intrínseca

Fig. 8.10. Características de ignição, aparato IEC com disco de estanho, circuitos indutivos de 24 V

8.12
Segurança Intrínseca

Fig. 8.11. Relações entre corrente de ignição mínima e tensão de circuito aberto – aparato padrão IEC, para
mistura de metano.

8.13
Segurança Intrínseca

1. Uo - tensão máxima de saída,


4.2. Conceito de Entidade 2. Io - corrente máxima fornecida na
saída,
No inicio dos anos 80 foi
3. Co - capacitância máxima permitida
consensualmente aceito o conceito de
para ser ligada no circuito de saída,
entidade ou de parâmetros da entidade,
4. Lo - indutância máxima permitida
introduzido justamente para eliminar o
para ser ligada no circuito de saída,
problema e a complexidade da
5. Vm - máxima tensão que pode ser
combinação de diferentes aparatos em
aplicada na entrada,
uma mesma malha ou sistema
6. Po - potência máxima fornecida na
intrinsecamente seguro. O conceito de
saída,
entidade permite a interligação de
A saída da barreira significa área
equipamentos sem a necessidade da
perigosa e a entrada, área segura.
aprovação individual deles e sem a No instrumento a ser usado na área
verificação desta combinação. perigosa devem ser conhecidos os
O critério para a interligação de seguintes parâmetros:
diferentes aparatos é que a tensão e a 1. Ui - tensão máxima de entrada,
corrente que o equipamento 2. Io - corrente máxima permitida,
intrinsecamente seguro pode receber e 3. Ci - capacitância equivalente
permanecer intrinsecamente seguro, 4. Li - indutância equivalente
devem ser iguais ou maiores que a tensão 5. Pi - potência máxima aplicável
e a corrente que podem ser liberadas Para que o sistema seja seguro, deve-
pelos aparatos associados (geralmente a se ter:
barreira de energia), considerando as 1. Uo < Ui
falhas e os fatores aplicáveis. Em adição, 2. Io < Ii
as máximas capacitância e indutância não 3. Po < Pi
protegidas dos aparatos intrinsecamente 4. Co > Ci + Cc
seguros, incluindo a fiação de interligação, 5. Lo > Li + Lc
devem ser iguais ou menores que a onde
capacitância e a indutância que podem ser
ligadas com segurança aos aparatos Cc e Lc são a capacitância e indutância
associados (geralmente a barreira de parasitas dos cabos de ligação entre o
energia). Se estes critérios são satisfeitos, instrumento da área perigosa e a barreira.
então a combinação pode ser ligada.
O conceito se baseia na indutância e
capacitância totais da malha, incluindo as Tab. 7.1. Parâmetros Típicos de uma Barreira MTL
dos instrumentos e da fiação
correspondente. Quando os componentes Parâmetro Valor
são claramente simples (termopar, chave, Uo 28,12 V
RTD, LED), as únicas capacitância e Io 93 mA
indutância a considerar são as da fiação. Co 0,12 µF
Para os equipamentos não simples Lo 4,0 mH
(transmissores, células de carga, Vm 250 V RMS
transdutores) devem ser consideradas as
capacitâncias e indutâncias da fiação e
dos equipamentos.
A barreira de energia, colocada na
interface área perigosa - área segura, é o
aparato associado da área segura onde
estão marcados os parâmetros máximos e
mínimos que podem ser ligados, do lado
seguro e da área de risco.
Tipicamente, na barreira de energia
devem estar determinados os seguintes
parâmetros:

8.14
Segurança Intrínseca

5. Barreira Zener de Energia 4. a barreira deve ser aterrada,


geralmente no único terra equipotencial
da planta.
5.1. Função
Atualmente, o enfoque mais econômico
e usado para realizar o conceito de
segurança intrínseca é através da barreira
de energia. A barreira de energia é um
dispositivo elétrico, geralmente com
componentes passivos, constituído de
resistores (limitadores de corrente), diodos
Zener (limitadores de tensão) e
opcionalmente fusíveis (cortadores de
Fig. 8.12. Aparência física de uma barreira de S.I.
corrente), usado na interface das áreas
perigosas e seguras.
A função da barreira de energia é a de
5.2. Instalação
limitar a energia elétrica entregue à área
perigosa pela área segura, através da A instalação deve estar de acordo a
limitação da corrente e da tensão. O diodo documentação do sistema e as
Zener não conduz corrente até que tensão recomendações dos fabricantes.
aplicada nos seus terminais atinja um A localização das barreiras deve ser
determinado valor. Neste ponto, ele permanentemente marcada para mostrar o
conduz, divergindo o excesso de corrente tipo correto da barreira de substituição
para o terra, mantendo constante a tensão para esta posição.
e assim limitando o nível de energia Normalmente a barreira é colocada na
seguro na área perigosa. O nível de área segura, o mais próximo possível do
energia deve ser tão baixo de modo a não limite da área perigosa. Essa colocação na
poder provocar ignição ou explosão na área segura permite que a classe da
área perigosa, mesmo que haja falhas barreira seja de uso geral e a proximidade
específicas na área perigosa ou na área do campo tem as seguintes vantagens:
segura. 1. a simplificação do projeto da
Tipicamente, a tendência de aumentar barreira e do sistema completo
a corrente é causada por problemas de 2. a facilidade para montagem e
curto-circuito, contato com o terra nos inspeção posterior do sistema
aparatos da área perigosa e a tendência
de aumentar a tensão é causada por
aplicação de maior nível na alimentação,
no lado seguro do sistema. Área segura
As considerações acerca do uso de R R F Atmosfera perigosa
barreira de energia são:
1. o enfoque é simples, tanto na idéia V
Z Z
teórica como na aplicação prática
2. o sistema é flexível, pois a única
exigência é a limitação de 250 V RMS
do lado seguro, o que é absolutamente Barreira de S.I.
aceitável e normal.
3. exige-se o certificado apenas para Fig. 8.13. Esquema da proteção de segurança
os aparatos armazenadores de energia intrínseca
ligados depois da barreira, montados
na área classificada. Os aparatos
simples e não armazenadores de Opcionalmente a barreira de energia
energia não necessitam de pode ser colocada na área perigosa.
certificação. Porém, nessa montagem, como na sua
entrada o nível de energia pode ser

8.15
Segurança Intrínseca

perigoso, a classificação da barreira deve continuamente entre o terminal do lado da


ser compatível com o perigo da área; ela área segura de qualquer canal da barreira
deve ser à prova de explosão ou e o terra, a 20 oC, sem queimar o fusível.
pressurizada com gás inerte. A barreira de Para as barreiras básicas, é especificado
energia fornece a segurança intrínseca ao com o terminal do lado da área perigosa
sistema, porém, ela não é intrinsecamente em aberto. Se há corrente de vazamento
segura e deve ter proteção compatível com na área perigosa, a tensão máxima desta
a classificação do local. barreira é reduzida.
Em sistema modular é possível que a A especificação do fusível é a maior
barreira seja também modular e seja corrente que pode circular continuamente
distribuída por vários componentes. Nessa (1.000 horas a 35 oC), através do fusível.
configuração a barreira de energia não é A corrente especificada pode ser excedida
explicita, nem é constituída por um único em 60%, por períodos curtos (1.000
equipamento. Os circuitos de limitação de segundos).
energia estão distribuídos por outros
circuitos elétricos. Isto acontece, por 5.4. Especificação
exemplo, na linha modular SPEC-200® (®
Os fabricantes de barreira devem
Foxboro), onde a barreira de segurança
definir claramente as especificações gerais
intrínseca está contida nos módulos de
da barreira, fornecendo os limites de
entrada e de saída (resistores) e no
temperatura e umidade ambientes, para a
módulo de distribuição de potência (diodos
operação contínua (tipicamente -20 a + 60
zener, circuito alavanca com SCR e oC) e armazenagem (-40 a +80 oC),
fusíveis).
corrente de vazamento, terminações,
código de cores, montagem e aterramento.
5.3. Descrição
Os parâmetros característicos de uma 5.5. Escolha
barreira de energia são os seguintes: a
A seleção da barreira de segurança
polaridade, a resistência terminal a
intrínseca adequada deve considerar dois
terminal, tensão de trabalho, tensão
aspectos: o funcional e o de segurança.
máxima e fusível.
A barreira deve ser escolhida
As barreiras podem ser polarizadas +
considerando primeiro sua necessidade
ou - ou não polarizadas (ca). As barreiras
operacional, garantindo-se que ela não
polarizadas aceitam ou fornecem tensões
provoca distúrbio na malha de
da área segura com polaridade definida.
instrumentação, principalmente o seu
As barreiras não polarizadas são usadas
aterramento. São parâmetros importantes:
com tensões alternadas.
a tensão de entrada, a resistência entre
A resistência entre os terminais de
entrada-saída, energia a ser transmitida,
entrada e saída da barreira incluem os
efeito das correntes de vazamento através
resistores e o fusível. Quando são usados
dos diodos Zener.
diodos e transistores, deve-se somar a
A barreira deve ser selecionada de
queda de tensão quando os transistores
modo que suas características não afetem
estão conduzindo. O valor desta
a segurança exigida pelas normas
resistência terminal a terminal é tomado a
concernentes. Sob este aspecto, devem
20 oC.
ser considerados os seguintes parâmetros:
A tensão de trabalho é a maior tensão
polaridade, interligação de varias barreiras,
em regime que pode ser aplicada entre o
tensões e correntes.
terminal do lado da área segura de um
canal da barreira básica e o terra, a 20 oC
e obedecendo a polaridade correta, com o
terminal do lado da área perigosa em
aberto, com a corrente de vazamento
especificada.
A máxima tensão é a maior tensão em
regime que pode ser aplicada

8.16
Segurança Intrínseca

Tab. 7.2. Tipos e aplicações de barreiras SI 5.6. Tipos Básicos


Na instrumentação para a medição e
Aparato IS Aplicação (%) controle de processo, os instrumentos e os
Chaveamento 32,0 elementos mais comumente usados são o
transmissor eletrônico, o transdutor I/P, a
(mecânico 85%) solenóide, a chave, o circuito detector com
(proximidade 15%) ponte de Wheatstone, o termopar, a
resistência detectora de temperatura e a
Transmissor 2 fios 22,0 célula de carga. Como resultado, foram
Termopar e RTD 13,0 desenvolvidas comercialmente barreiras
padrão para cada um destes aparatos,
Célula de carga 8,5 tornando mais simples, econômico e fácil a
Válvulas solenóide 4,5 escolha da barreira mais apropriada.
O conceito de barreira "chave"
Potenciômetros 2,5 simplifica o processo complexo da seleção
LEDs 2,0 da barreira para a maioria das aplicações.
As sete barreiras básicas, que atendem à
Transdutor I/P 2,0 maioria absoluta das aplicações (90%) e
Outros equipamentos 13,5 são aplicadas com os seguintes aparatos:
1. Detector de Temperatura a
Total 100,0 Resistência, dois canais de baixa
resistência.
2. Termopar e sensor de corrente
Há situações onde é simples e direta a alternada, sinal flutuante.
escolha da barreira aplicável; em outras 3. Controlador com um lado da saída
situações mais complexas deve-se: aterrado, fornece 28 V.
1. estabelecer área, gás/aparato e 4. Controlador com saída flutuante,
classe de temperatura necessários. dois canais de 28 V.
2. verificar se os parâmetros reais da 5. Transmissor de 2-fios, fornece 13-
segurança são conhecidos. 15 V para o transmissor e 5 V para
3. calcular a tensão equivalente de a carga.
circuito aberto, corrente de curto 6. Chaves, falha segura com falhas de
circuito e a impedância da fonte de terra.
todas as combinações possíveis. 7. Solenóides, alarmes, LEDs, falha
4. plotar os resultados contra as segura com potência suficiente.
curvas de ignição para determinar o As outras barreiras, geralmente
mais baixo grupo de gás e aplicáveis em situações específicas, estão
classificação de temperatura para o associadas a transmissores inteligentes,
sistema. multiplexadores e displays.
5. ler a capacitância (com a máxima As vezes, por questão de segurança e
tensão) e a indutância (com a de funcionalidade, são necessárias
máxima corrente) das curvas para interligações de varias barreiras para um
determinar o cabo permitido. único dispositivo na área perigosa. É um
6. calcular o parâmetro L/R para cada exemplo típico, a aplicação de barreiras
combinação, tomando-se quatro com as células de carga. É possível
vezes a corrente dividida pela também a combinação de barreiras com
impedância equivalente da fonte. unidades de interface.
7. trabalhar com uma margem
aceitável de segurança,
considerando-se as flutuações da
alimentação e a resistência do
cabo.

8.17
Segurança Intrínseca

5.7. Testes 3. a barreira introduz restrições ao


resto do circuito por causa de sua
A remoção e o teste não são tarefa de compatibilizar os circuitos
recomendados em uma base regular. da área segura, da área perigoso e
A resistência terminal a terminal é o
do terra.
teste mais simples, quando se verifica a
integridade do fusível. 4. a barreira possui fusível
Os diodos são de muito alta qualidade encapsulado por razões de
e foram individual e completamente segurança e a unidade toda é
testado, de modo que é pouco provável perdida quando ele se queima.
sua falha. O teste do diodo requer o 5. a barreira é sempre aterrada. Se o
conhecimento das características do diodo aparato do campo também é
e dos medidores usados no teste. aterrado, pode haver problemas de
A medição da resistência através dos precisão e de segurança quando os
diodos da barreira podem localizar um terras do campo e da barreira não
diodo em curto-circuito (quando normal, os são equipotenciais.
valores das resistências através do diodo Uma unidade de interface de isolação
são alto e muito alto, dependendo se o substitui a barreira zener e possui as
diodo está polarizado direta ou seguintes vantagens adicionais, também a
inversamente. um custo adicional:
As barreiras não são reparáveis pelo 1. contem seus próprios relés,
fabricante. amplificadores e condicionadores
de sinal.
2. contem seus próprios circuitos de
6. Unidades de Interface regulagem de tensão da fonte de
A barreira de energia com diodos Zener alimentação,
não é a única interface entre as áreas 3. possuem fusíveis substituíveis,
perigosa e segura. Há outras alternativas 4. possuem circuitos de entrada e
que substituem, são extensão ou podem saída independentemente
ser associadas à barreira, como as fontes flutuantes, permitindo o
de alimentação intrinsecamente seguras, aterramento dos aparatos do
as unidades com isoladores ópticos, com campo e da sala de controle e
relés e os aparatos autocontidos. Estes eliminando a exigência de terra de
dispositivos são chamados comercial e alta integridade na interface.
genericamente de unidades de interface ou 5. simplificam o projeto e trajetória dos
unidades de isolação galvânica. Eles são cabos por causa da isolação
chamados, por norma, de aparatos entrada-saída.
associados. Todas as vantagens listadas se
As unidades de interface isolam referem apenas à operação. Não há
eletricamente os circuitos da área segura e diferenças relacionadas com a segurança
os da área perigosa entre si, da fonte de entre uma barreira zener e uma unidade
alimentação e do terra, podendo ainda de isolação.
amplificar os sinais e prover saída de relé. As principais funções incorporadas às
Elas não requerem a alta integridade do unidades de isolação são:
sistema de terra. 1. relés para transferir o status da
Embora a barreira zener seja a solução chave em ambos os sentidos,
mais simples e econômica de segurança 2. relés para operar de detectores de
intrínseca há as seguintes limitações: proximidade,
1. a barreira simplesmente transmite o 3. acionadores liga-desliga para
sinal de medição ou controle sem válvulas solenóides ou alarmes,
fazer nenhum processamento sobre 4. fontes de alimentação ou
repetidores de alimentação para
ele,
transmissores a dois fios,
2. a barreira requer ligação de alta
5. isoladores cc para transdutores I/P,
integridade para o terra para drenar
6. isoladores cc para sistemas de
as correntes de falha e
detecção de fogo,

8.18
Segurança Intrínseca

7. amplificadores de trip para uso com 6.2. Isolador Óptico


termopares e RTDs,
8. detectores de vazamento de terra O isolador óptico é um meio ideal de
para sistemas flutuantes de interfacear alguns tipos de circuitos
monitoração. intrinsecamente seguros, separando
fisicamente a fonte de luz e o receptor e
fornecendo a segurança necessária.
Analogamente à fonte de alimentação
intrinsecamente, os refinamentos e opções
podem incorporar outros circuitos básicos
à isolação óptica.

6.3. Relé Isolador


Um relé pode ser usado para
Fig. 8.14 Aplicação de barreira Zener de SI interfacear contatos colocados na área
perigosa com a alimentação da área
segura, usando sua capacidade de
segregação e isolação. Por questão de
operação, como uma falha causando um
aumento de temperatura poderia destruir a
segregação da segurança, este dispositivo
incorpora alguma forma de trip termal.
Normalmente a bobina fica no lado da
área segura. Quando a bobina também
fica na área perigosa e como ela é um
elemento armazenador de energia, ela
Fig. 8.15. Aplicação de unidade de isolação SI deverá ser certificada e usa-se outra
bobina interfaceando a área perigosa, mas
colocada na área segura.
6.1. Fonte de Alimentação
A fonte de alimentação intrinsecamente 6.4. Aparato Autocontido
segura é geralmente usada quando as É possível ter um sistema inteiro
exigências de alimentação são muito localizado dentro da área perigosa, com
elevadas e não podem ser cumpridas certificação de segurança intrínseca, como
pelos circuitos da barreira, principalmente um sistema portátil de medição, rádio
para locais com gases dos grupos IIA ou walkie-talkie, lanterna de iluminação. Estes
IIB, onde é permitida uma energia mais aparatos são chamados autocontidos e
elevada. não requerem uma interface entre as
A fonte pode incorporar no mesmo áreas segura e perigosa, pois ele não
invólucro, por questão de funcionalidade, possui nenhuma ligação com a área
outros circuitos como sensor remoto de segura. O aparato autocontido possui uma
tensão, sinal de retorno e barreira de bateria de alimentação incorporada ao
chave. invólucro, com alta impedância interna,
A base da fonte intrinsecamente segura que fornece a segurança em caso de falha
é um transformador protetor, que permite a interna.
saída para a área perigosa ser controlada
com circuitos limitadores de corrente, em 6.5. Válvula Solenóide
vez do simples resistor limitador de
corrente da barreira. Ela tem a vantagem Atualmente, são disponíveis válvulas
de uma regulação muito melhor e fornece solenóides para uso em sistemas
mais potência útil à área perigosa. intrinsecamente seguros com aprovação
de entidade, podendo ser usadas com
quaisquer barreiras que também tenham
aprovação de entidade. Os valores

8.19
Segurança Intrínseca

máximos e uma válvula solenóide (ASCO) estão abertas ou fechadas, se variáveis de


são: 34 V cc e 125 mA cc. processo atingiram algum limite
A válvulas solenóide com aprovação de predeterminado ou para atuar
segurança intrínseca é identificada pelo equipamento que tenham atingido
invólucro azul e com a correspondente determinada posição. O status de uma
etiqueta que determina o local especificado chave pode ser levado diretamente para
onde ela pode ser usada. uma barreira comum de dois canais, de
O fabricante fornece a expressão modo que o relé associado desenergiza se
matemática para calcular a tensão mínima houver falha de terra ou algum problema
necessária para operar a válvula na linha de alimentação.
solenóide, a 15 oC. Esta tensão é Porém, a montagem de relés
diretamente proporcional a: separados é inconveniente. O desejável é
1. resistência entre terminais entrada- usar uma unidade de interface que
saída da barreira, combine todas as funções necessárias em
2. resistência da bobina, que depende uma única caixa.
da temperatura ambiente,
3. resistência da fiação, Detector de proximidade
4. corrente mínima necessária para O detector de proximidade é
operar a solenóide, típica de 25 mA basicamente um pequeno oscilador
A válvula solenóide com aprovação de controlado por uma peça metálica
segurança intrínseca possui bobina separada, agindo como chave. Ele
especial. A substituição de componentes substitui a chave por vários bons motivos:
pode afetar a segurança da válvula. 1. é mais confiável, pois não possui
Quando se usa o kit de reconstrução da peças moveis e não se baseia na
válvula, não se deve misturar peças do kit manutenção de superfícies limpas
com peças antigas. Deve-se instalar todas de contato,
as peças do kit. A base da solenóide e o 2. é robusto e resistente a choque
carretel são peças casadas. O número e o mecânico,
tamanho dos espaçadores da base são 3. suas resistências nos status ligado
críticos e importantes para a operação e a e desligado são finitas e podem ser
segurança da válvula solenóide. Não se diferenciadas dos circuitos abertos
deve acrescentar ou tirar qualquer ou em curto. (Para uma chave, uma
espaçador ou misturar peças entre os linha em curto circuito parece como
subconjuntos. um fechamento e implica que a
placa está segura, mesmo quando
6.6. Aplicações não esteja). Esta característica útil
permite que o status do detector
As aplicações mais apropriadas de
seja transmitido com grande
unidades de interface em lugar das
confiabilidade e discriminação
barreiras zener incluem: chaves,
contra falhas de linha.
detectores de proximidade, transmissores,
detectores de fogo, solenóides, alarmes e
transdutores I/P.
Chave
Chave é um dispositivo elétrico que
altera seus contatos de saída quando
acionada, manual ou automaticamente. As
chaves manuais podem ter contatos
retentivos (liga-desliga) ou não retentivos Fig. 8.16. Sensores de proximidade
(botoeira). Chaves automáticas são
pressostato, termostato, de nível, vazão e
chave limite. Seria difícil interpretar e agir sobre
A chave limite ou chave fim de curso é todas estas informações usando barreira
usada largamente para mostrar se portas zener. A unidade de interface para detector

8.20
Segurança Intrínseca

de proximidade faz melhor uso das


informações. Em operação normal,
ignorando falhas, a unidade pode estar em
fase de modo que o relé desenergiza para
dar um alarme em qualquer estado do
detector.
Se a linha ficar em curto ou em aberto,
um detector de falha de linha na unidade
abre o relé de modo que a unidade falha
segura. Um projeto mais complexo com
um segundo relé poderia avisar a falha
sem acionar um alarme. Igualmente, falhas
de terra podem ser detectadas
independentemente.
Fig. 8.17. Transmissor eletrônico com classificação
Transmissor elétrica de segurança intrínseca
Milhares de transmissores eletrônicos
de 2-fios com saída de 4 a 20 mA cc
funcionam satisfatoriamente com barreira
zener, mostrando que ela é uma boa Solenóide
solução. A barreira introduz um erro A principal vantagem de usar uma
desprezível. A barreira entrega 1-5 V para unidade de interface de isolação
o controlador e alimenta o transmissor e substituindo uma barreira zener com uma
sua linha com 16 V cc, desde que tenha válvula solenóide ou com um sistema de
uma tensão mínima de alimentação de 24 alarme ou transdutor I/P é a imunidade
V cc. Uma unidade de interface teria as para falhas de terra na área perigosa e a
seguintes vantagens sobre uma barreira monitoração por um detector de
ou combinação de barreiras: vazamento de terra.
1. os circuitos da área perigosa
podem ser aterrados em qualquer
ponto ou deixado flutuante,
2. a fiação da área segura é muito
mais simples,
3. não há necessidade de qualquer
ligação para o terra e menos ainda,
de um terra com alta integridade,
4. a tensão disponível para o
transmissor e linha pode ser de até
17,5 V, independente da carga,
5. o desempenho não é afetado pelas
variações de tensão da alimentação
entre 20 V e 35 V.
Fig. 8.18. Marcação de aprovação de segurança
Detector de fogo intrínseca
Quando se usa uma unidade de
interface com detectores de fogo, a
unidade fornece uma alimentação flutuante
para energizar vários detectores em
paralelo. Com equipamento de
monitoração adequando e um resistor no
fim da linha, curtos-circuitos na linha não
vão acionar um alarme falso.

8.21
Segurança Intrínseca

7. Instalação sinal padrão pneumático de 20 a 100 kPa


(3 a 15 psig). O transmissor eletrônico e o
transdutor I/P devem ser certificados e
7.1. Instrumentos da Área Perigosa aprovados para segurança intrínseca, para
uso na área perigosa específica. Devem
Com o conceito de segurança
estar ligados ou a uma barreira de energia
intrínseca baseado na barreira de energia,
ou a um instrumento receptor, ambos
há alguns sensores e outros dispositivos
certificados pela mesma instituição que
simples que não necessitam do certificado
aprovou os instrumentos de campo.
de aprovação de segurança intrínseca,
Os instrumentos certificados e
mesmo que estejam na área perigosa.
aprovados devem possuir etiquetas com
Uma característica necessária para
indicação de que são intrinsecamente
prescindir da aprovação é ser puramente
seguros. A marcação de segurança
resistivo e não armazenador de energia
intrínseca deve possuir, além dos dados
elétrica. Exemplo dessa classe de
normais de todo instrumento como o nome
componentes: resistência detectora de
do fabricante, modelo, número de serie,
temperatura e a chave.
dados de calibração,
Há alguns elementos sensores ativos,
1. nome da instituição certificadora e o
que geram força eletromotriz. Desde que
pais,
os níveis não ultrapassem a 1,0 V de
2. a classificação da área onde o
tensão e 100 mA de corrente, também eles
instrumento pode ser usado com
não requerem aprovação. É o caso de
segurança: classe, grupo e divisão,
termopares, células de carga, fotocélulas e
3. a observação relativa a segurança,
diodos emissores de luz (LED).
como, por exemplo: deve ser ligado
Embora estes dispositivos não
a instrumento receptor com mesmo
requeiram a certificação de segurança
certificado de aprovação,
intrínseca, os seus circuitos necessitam de
4. a observação relativa a cuidados de
barreira de energia, por causa da tensão
substituição de peças criticas,
disponível no instrumento receptor
5. o tipo da segurança (EX "ia" ou
localizado na área segura.
"ib").
Em qualquer situação deve se cuidar
das características do instrumento
7.2. Instrumentos da Área Segura
receptor, mesmo colocado na área segura.
Ou seja, deve-se considerar ainda a Nem todo equipamento montado na
máxima tensão de alimentação, típica de área segura requer o certificado e a
250 V RMS, a barreira de energia e o aprovação de segurança intrínseca. Alias,
aterramento. apenas os instrumentos que contem os
Os componentes não armazenadores componentes limitadores de energia ou
de energia, com exclusão do contato, explicitamente, a barreira de energia
podem ser usados até na Zona O, local devem ser certificados.
com maior probabilidade de perigo. A proteção ambiental deve ser, no
Os componentes armazenadores de mínimo, IEC IP20.
energia são aqueles que possuem Nenhuma tensão na área segura deve
capacitância e indutância diferentes de exceder a especificação da tensão da
zero. Por exemplo, um transmissor interface certificada, típica de 250 V RMS.
eletrônico, capacitivo ou indutivo, é um Qualquer outro instrumento que utilize
instrumento armazenador de energia. O tensões mais elevadas não pode ser
transmissor recebe da área segura a usado, interligado com o sistema de
tensão de alimentação de 24 V cc e segurança intrínseca.
transmite o sinal padrão de corrente de 4 a As alimentações principais devem ser
20 mA cc, através dos mesmos dois fios, derivadas de um transformador com duplo
para um instrumento receptor colocado no enrolamento, com fusíveis convenientes.
painel da sala segura. Outro componente Atualmente, com o uso intensivo e
armazenador de energia é o transdutor I/P, extensivo de painéis de leitura utilizando
que converte o sinal padrão de corrente no monitores com tubos de raios catódicos

8.22
Segurança Intrínseca

(TRC) foram revistas as normas e blindagens devem ser aterradas apenas


incorporados circuitos que possibilitam o em um ponto, usualmente o mesmo ponto
uso de tais dispositivos em sistemas de aterramento da interface. No campo, as
intrinsecamente seguros. É porém, blindagens devem ser isoladas do terra e
necessário o contato com o fornecedor dos entre si e a blindagem final também deve
equipamentos para assegurar a ser isolada.
integridade da segurança intrínseca. Teoricamente, nem há exigência
É interessante também o uso de quanto a isolação do condutor, porém, a
osciloscópios para medição e testes dos prática da boa engenharia requer a
equipamentos elétricos. Atualmente há um isolação mínima de 0,75 mm entre
consenso de que tais instrumentos, que condutores, para assegurar a
também possuem tubos com alta tensão confiabilidade do sistema.
gerada internamente, podem ser usados A principal exigência é que a fiação de
em testes de sistemas intrinsecamente segurança intrínseca não pode armazenar
seguros, porém, quando ligados devem energia elétrica em níveis perigosos. Isso
estar sempre assistidos por alguém. quer dizer: a fiação deve ter capacitância e
Na prática, o principal cuidado deve ser indutância limitadas em valores
tomado com as barreira de energia. Por predeterminados e definidos,
questões psicológicas de humanas, principalmente, pela mistura gasosa
geralmente se tomam menos precauções e inflamável do local. Por isso deve-se medir
se opera com menor grau de cuidado e o valor da capacitância e indutância dos
atenção com os equipamentos montados fios. É comum considerar os valores
na área segura, mesmo que estejam típicos de 180 pF/m e 0,6 mH/m, de fio de
associados a segurança intrínseca do cobre AWG 14. Geralmente, a maioria das
sistema. Nunca fazer ligações, mesmo distâncias envolvidas em instrumentação
provisórias e para testes, que contornem a não apresenta problema.
barreira de energia. Para evitar essas falha Quando a fiação possui capacitância e
humana, a norma exige a marcação visual indutância efetivas e reais, é comum o uso
dos fios e terminais relacionados com a de pequenos artifícios para diminuir os
segurança intrínseca com a cor azul. valores. Assim, usa-se diodo em paralelo
com a bobina do relé, a fim de diminuir os
7.3. Fiação efeitos da indutância do relé. É
recomendável o uso de resistores em serie
Assume-se que todo cabo e fio de
com capacitores, para diminuir o efeito da
instrumentação, intrinsecamente seguro ou
capacitância. A bitola do fio altera o valor
não, tenha sido previamente testado,
de sua capacitância e indutância parasitas.
quanto a isolação, continuidade,
As interfaces certificadas cotam os
polaridade, isolação com terra.
valores máximos de capacitância e
A fiação intrinsecamente segura deve
indutância permitidos, usualmente dando
satisfazer todas as normas e
os parâmetros para o grupo IIC.
recomendações relativas a fiação ordinária
O valor para IIB = valor para (IIC) x 3.
de controle, e.g., não misturar com a
O valor para IIA = valor para (IIC) x 8.
fiação de potência e com a fiação de
A especificação dos cabos é muito
instrumentação comum. A fiação
simples:
intrinsecamente segura não precisa
1. a isolação mínima deve ser 0.3 mm
satisfazer nenhuma norma e
PVC ou equivalente.
recomendação relativa a segurança de
2. capaz de suportar teste de isolação
prova de explosão ou purga, pois ela
de 500 V.
possui normas específicas.
3. deve ser compatível com as
As normas de segurança intrínseca não
condições reais da instalação,
exigem, mas também não proíbem, o uso
quanto a corrosão, temperatura,
de fios blindados, cabos coaxiais ou cabos
vibração.
especiais.
Os tamanhos mínimos do condutor são
Quando são usados cabos blindados
especificados.
em sistemas de segurança intrínseca, as

8.23
Segurança Intrínseca

A proteção mecânica para os cabos fiação de controle, com baixo nível de


não é necessária para a segurança, energia.
podendo ser desejável por razões Os sistemas intrinsecamente seguros
operacionais. diferentes devem ser separados. São
Os parâmetros dos cabos não podem considerados diferentes quando:
ser excedidos; raramente eles se 1. operam com diferentes níveis de
aproximam dos limites, exceto para tensão,
aplicações em locais IIC, i.e., hidrogênio, 2. operam com polaridades diferentes
com altas tensões (30 V) e comprimentos de tensão,
acima de 500 m. 3. são aprovados para locais com
Os cabos multicondutores são classificações diferentes de
permitidos em sistemas intrinsecamente classe/grupo/divisão,
seguros mas podem somente conter 4. possuem terras diferentes,
circuitos intrinsecamente seguros. 5. possuem certificados de aprovação
Geralmente os cabos devem suportar de agências diferentes.
um teste de 500 V RMS e adicionalmente Não é mandatório o uso de conduites
1.000 V entre condutor-condutor e ou bandejas, porém, quando utilizados, os
condutor-blindagem. conduites devem ser selados na entrada
Tipo A: usa blindagem com, no mínimo da área segura, para se evitar o transporte
60% de cobertura, não precisa considerar de gases inflamáveis para a sala de
falhas entre os circuitos separados. controle.
Tipo B: usa blindagem com menos de O conceito de fiação e conexões
60% de cobertura. Se o cabo é fixado em internas, dentro dos armários e painéis é
toda a sua extensão e nenhuma tensão no ainda controverso. Para alguns a fiação
circuito exceda 60 V, então não precisa interna dos painéis é considerada fiação
considerar falhas entre circuitos de campo, para outros, é considerada
separados. fiação interna dos componentes. Essa
Tipos C e D: varias falhas simultâneas duvida não é apenas acadêmica, pois da
entre circuitos separados precisam ser definição de fiação interna depende a
consideradas (circuito aberto e curto- interpretação de falhas específicas. Se um
circuito). condutor em curto com o terminal de outra
Os cabos devem passar por locais malha do mesmo sistema intrinsecamente
onde é pequena a possibilidade de haver seguro, o nível de energia não é excedido.
estragos mecânicos e ser fixados em toda a Entretanto, se o condutor contata
sua extensão. simultaneamente dois ou mais terminais do
A máxima tensão aplicada deve ser de mesmo sistema intrinsecamente seguro, é
60 V pico. possível que o nível de energia tenha sido
Os circuitos da Zona 0 devem ter excedido. Atualmente, a tendência é
blindagens individuais. considerar a fiação interna dos painéis
A fiação de segurança intrínseca deve como fiação interna dos instrumentos e
ser identificada. A identificação deve ser deve ser feita de acordo com as instruções
visível, discriminada e suficientemente detalhadas do fabricante.
durável, suportando as condições Em principio, todas as fiações do
ambientes adversas. Universalmente se sistema intrinsecamente seguro devem ser
reservam as cores azul ou verde para os definitivas e permanentes, ou seja, não
terminais e, as vezes, para os fios de são permitidos soquetes e tomadas
segurança intrínseca. moveis.
As blindagens externas não necessitam A separação das fiações deve
obrigatoriamente ter a cor azul, reservada continuar dentro dos painéis, inclusive nas
para os sistemas de segurança intrínseca, placas terminais. É aceitável a separação
mas devem ter uma fácil identificação de mínima de 50 mm entre circuitos
que sejam intrinsecamente seguros. intrinsecamente seguros e circuitos não
Deve se impedir a intrusão da fiação intrinsecamente seguros, também de sinal
não intrinsecamente segura no sistema e não de potência. Além do espaçamento
intrinsecamente seguro, mesmo que seja adequado, deve-se cuidar da disposição

8.24
Segurança Intrínseca

relativa dos terminais, de modo a se 1. proteção do pessoal contra


prevenir curtos-circuitos, contatos entre choques elétricos,
fios, curto com terra. Por isso, as placas 2. proteção do sinal contra ruído e
terminais para segurança intrínseca são interferência,
normalmente horizontais e raramente 3. remoção de eletricidade estática.
verticais, de modo que seja mais O aterramento, embora usado na
improvável um fio solto contatar o fio maioria dos circuitos eletrônicos, é um
vizinho. assunto extremamente complexo,
controverso e responsável pelo mau
7.4. Caixas de Passagem funcionamento de muitos sistemas de
controle. Existem, ainda, terras virtuais,
As caixas de passagem e caixas de
retorno de terra, terras com níveis de
junção são utilizadas para facilitar a
tensão diferentes entre si e diferentes do
manutenção, possibilitando o acesso fácil
zero volt. As normas mundiais cobrem o
a pontos de testes e medição. São
aterramento com objetivos similares e
também necessárias para facilitar a
geralmente resulta em instalações
montagem de cabos e tornar mais
similares mesmo com caminhos diferentes.
confiáveis as instalações, evitando-se
O aterramento em segurança intrínseca
emendas de cabos. Embora elas
não é magica, nem impossível e tampouco
apresentem todas essas vantagens,
contrario as normas elétricas comuns de
quando usadas em áreas perigosas podem
aterramento; é uma extensão lógica das
comprometer a segurança do sistema. Em
práticas naturais de aterramento. Qualquer
sistemas com aprovação de segurança
exigência de aterramento especificada no
intrínseca, essas caixas devem ser
certificado ou nas normas deve ser
especialmente projetadas e construídas,
atendida. Quando não especificado,
de modo que os terminais tenham
devem-se considerar o seguinte:
espaçamento apropriado, não entre em
1. o circuito intrinsecamente seguro
curto entre si e em contato com o terra
deve ser aterrado em apenas um
facilmente.
ponto. Esse ponto pode estar,
As caixas de junção devem conter
indistintamente, na área segura ou
apenas circuitos intrinsecamente seguros
na área perigosa.
do mesmo sistema. Quando é inevitável a
2. o barramento da barreira de energia
coexistência de sistemas diferentes, deve
deve estar aterrado. Quando a
haver separação positiva, provida por uma
barreira estiver na área segura, não
placa metálica, devidamente aterrada.
pode haver outro terra na área
Quando as caixas forem metálicas,
perigosa.
devem ser aterradas. Não podem conter
3. quando se usa cabo blindado, a
os metais mais facilmente inflamáveis,
blindagem deve ser aterrada em um
como zinco, cádmio, magnésio e similares.
ponto.
Normalmente o bronze, com 40% de zinco,
4. os invólucros dos circuitos
é permitido. Caixas não metálicas devem
intrinsecamente seguros, metálicos
ser de material não estático.
ou de material não estático, devem
As caixas de junção que contem
ser aterrados.
circuitos de segurança intrínseca podem
5. o sistema intrinsecamente seguro
ser abertas sem restrição, mesmo na
não necessita de proteção de terra,
presença garantida de atmosfera
ou seja, não precisa de meio que
inflamáveis.
assegure o desligamento
automático no caso do falha.
7.5. Aterramento 6. a resistência do terra não deve
Por definição, o terra significa zero volt. exceder 1 ohm; na prática, este
Na eletrônica, os circuitos eletrônicos são valor e outros menores são
aterrados, por uma ou pela combinação facilmente conseguidos.
das seguintes razões: 7. as bandejas de fiação e os
conduites, quando usados, devem
ser aterrados. Tal aterramento

8.25
Segurança Intrínseca

elimina qualquer possibilidade de seguro e por isso seu uso deve ser
ignição provocada por potenciais evitado. Como os instrumentos portáteis
eletrostáticos. estão sujeitos a maior desgaste e estrago,
8. a separação física dos terras do eles também devem ser mais
sinal intrinsecamente seguro, do frequentemente inspecionados e sua
sinal não intrinsecamente seguro e entrada na área perigosa deve ser
da potência de alimentação, pode controlada rigorosamente. Há
ser verificada através de diagramas especialistas, que sugerem a proibição do
de fiação e deve ser confirmada uso de qualquer instrumento de teste na
pela inspeção visual, no local. A área perigosa, mesmo com certificado, a
inspeção se resume no exame das não ser que se garanta a não presença de
terminações do cabo e nas gases inflamáveis na atmosfera. Seus
condições físicas do cabo. argumentos, bastantes lógicos, são que os
As barreiras devem ser ligadas ao equipamentos especiais, com aprovação
ponto de terra elétrico do sistema principal de segurança intrínseca, frequentemente
com uma resistência menor que 1 R. A se tornam de uso indiscriminado para tudo
resistência importante é entre o fio do terra que é medição necessária.
da barreira e o ponto de conexão da barra A manutenção de segurança intrínseca
de terra principal. exige a substituição exata do componente
A instalação das interfaces de isolação e o cuidado em manter as distâncias entre
deve ser similar a da barreira, embora as terminais no ar e no cartão do circuito
conexões de terra não sejam necessárias. impresso.
É extremamente difícil garantir o
8. Manutenção cumprimento de normas e regras de
procedimentos pelo técnico que executa os
A manutenção do sistema, relacionada serviços. Depois do reparo ou da
com o funcionamento e operação do modificação, a norma requer uma inspeção
sistema de controle pode ser feita, com por uma pessoa competente para garantir
poucas restrições, nos equipamentos do a conformidade com a documentação do
sistema de segurança intrínseca. Os sistema. O inspetor deve ser outra pessoa
instrumentos com aprovação de segurança diferente do reparador.
intrínseca podem ser abertos em locais O equipamento reparado deve ser
garantidamente perigosos. As medições e marcado convenientemente.
os ajustes de teste, como de zero, de As exigências de segurança durante a
largura de faixa, de sintonia dos manutenção são idênticas às requeridas
controladores, podem ser feitas durante a operação normal. Antes de fazer
normalmente em equipamentos qualquer medição, ajuste ou calibração, é
intrinsecamente seguros e na presença de essencial entender como o instrumento de
atmosfera perigosa. A exigência requerida teste interage com o sistema sob reparo.
é que tais medições e testes sejam feitos Nenhuma ação deve ser tomada a não ser
com instrumentos certificados para uso de que seja especificamente permitida ou que
segurança intrínseca. A limitação é todas as consequências possíveis sejam
justamente a pouca disponibilidade de previsíveis e não haja nenhum risco de
equipamentos de testes e medição com qualquer perigo.
aprovação de segurança intrínseca. De um modo geral, pode-se afirmar
A maioria dos instrumentos de teste é que, em sistemas intrinsecamente
portátil e para o uso em medições no seguros:
sistema intrinsecamente seguro, os 1. a manutenção só deve ser feita por
instrumentos devem ser obrigatoriamente pessoal competente.
auto-alimentados por baterias especiais, 2. é proibido o uso de voltímetros e
com baixa tensão e de alta resistência amperímetros, mesmo que não
interna. Geralmente há resistores em serie tenha alimentação interna, sem
para limitar a corrente em casos de falhas. aprovação de segurança intrínseca.
O fato de um instrumento ser portátil e O perigo de seu uso pode estar
transportável o torna pouco confiável e relacionado com armazenamento

8.26
Segurança Intrínseca

de energia pela bobina A alimentação principal pode ser


galvanométrica. usada, desde que sejam aplicadas as
3. é proibido o uso de medidores de precauções normais.
isolação, tipo megger cujo principio Desligar a fiação da área perigosa e
de operação requer a geração de usar o simulador local para a duração do
altas correntes trabalho. A fiação desligada pode ser
4. é proibido o uso de ohmímetro, que isolada ou aterrada durante a manutenção,
possui bateria para alimentação, para garantir a segurança.
quando não aprovado para As barreiras passivas podem ser
segurança intrínseca. verificadas pela medição de sua
5. é permitido o uso de instrumentos resistência terminal a terminal. As barreiras
aprovados, porém sua aplicação ativas e/ou os isoladores necessitam de
deve ser limitada, restrita e não malhas de simulação para a verificação do
incentivada. desempenho.
6. é permitido o uso de lanternas, As interfaces intrinsecamente seguras
rádios de comunicação, sistemas não são projetadas usualmente para
de chamada pessoal, desde que serem reparadas no campo, de modo que
aprovados para segurança o reparo da malha é por substituição da
intrínseca. unidade, se a interface está defeituosa.
7. é permitido o uso de relógios O teste regular de interfaces de
digitais de pulso, com mostradores segurança intrínseca não é necessário e
a LED ou quartzo liquido, pois nem recomendado.
embora sejam alimentados com A vantagem absoluta do conceito de
bateria, o risco é desprezível. segurança intrínseca está exatamente
8. é proibido o uso de rádios portáteis, relacionada com a manutenção: há
maquinas fotográficas com flash de pouquíssimas restrições.
qualquer tipo, a não ser que haja a As inspeções relacionadas com a
garantia, por analisadores de segurança intrínseca se referem
gases, da ausência de atmosfera basicamente, quando da primeira vez a:
perigosa. 1. garantir que a fiação não possua
9. obviamente é proibido o uso de níveis de capacitância e indutância
isqueiro, fósforo, solda elétrica ou a maiores que o estipulado pelo
gás, ferro de solda, que são fontes projeto,
termais de energia. 2. garantir que não haja mistura da
10. o transito de veículos automóveis, fiação de segurança intrínseca com
elétricos, a gasolina ou a diesel é outras fiações estranhas e
limitado a algumas áreas e devem diferentes, mesmo que seja de
atender exigências extras, como, controle,
por exemplo, cortador de chama no 3. garantir que a marcação do sistema
escapamento. de segurança intrínseca continue
11. em caso de duvida, consulte a visível e respeitada.
agência responsável pelo As inspeções posteriores requerem a
certificado e enquanto não há verificação da barreira e do terra. A
resposta, não tome nenhuma ação. barreira não pode ser testada em
Em situações duvidosas, tomar os operação, mas apenas em bancadas
cuidados de desligar a energia localizadas em área segura. Deve se
elétrica ou assegurar que a área tomar cuidado para não destruir a barreira,
não contenha a atmosfera perigosa. pelo rompimento do fusível, quando se faz
Na manutenção dos equipamentos da o teste.
área segura, associados aos sistema de
segurança intrínseca, também deve se
tomar cuidado, pois pode provocar
catástrofes na área perigosa.

8.27
Segurança Intrínseca

9. Inspeção A caixa à prova de tempo não é


fundamental para a segurança mas é
A inspeção dos sistemas instalados é importante operacionalmente.
necessária: As terminações requerem distâncias de
1. após a instalação e antes do 4 mm para o fio do terra e 6 mm em outros
comissionamento circuitos
2. durante a vida da planta para As terminações devem ser confiáveis e
garantir que a segurança da planta corretamente dimensionadas.
não foi comprometida através de:
a) modificações não autorizadas 10. Certificados
b) ataques ambientais
c) desgaste e uso gerais O conceito de segurança intrínseca se
As normas sugerem inspeção de rotina refere mais a sistema do que a
em intervalos não excedentes de 2 anos, equipamentos individuais. Porém, para o
com testes de isolação em amostras de, sistema completo ser intrinsecamente
por exemplo, 10%. seguro, há normas que se referem aos
A manutenção dos sistemas equipamentos do sistema, outras se
instalados é necessária: referem a fiação.
1. para manter a planta operando Há diferentes concepções, quanto aos
2. para retornar a planta ao seu nível equipamentos com segurança intrínseca: a
original de segurança, quando ele certificação individual de todos os
tiver sido comprometido. componentes da malha e o conceito de
As exigências globais da inspeção de parâmetros da entidade.
segurança intrínseca são: A primeira filosofia é a de atribuir
1. os aparatos devem ser instalados certificados aos equipamentos. O sistema
de acordo com os desenhos e de segurança intrínseca é constituído de
diagramas, completamente componentes montados no campo e na
identificados e em perfeito estado
sala de controle, todos com o mesmo
funcional
certificado de segurança intrínseca.
2. os cabos intrinsecamente seguros e
Mesmo certificado significa o certificado
não intrinsecamente seguros
fornecido pela mesma agência
devem ser segregados
certificadora, podendo ser atribuído a
adequadamente.
equipamentos de diversos fabricantes.
3. as distâncias dos terminais no ar e
Normalmente, o sistema inclui a barreira
no circuito impresso devem ser
de energia, que também é certificada.
aceitáveis onde os núcleos dos
Essa filosofia de certificados coerentes dos
cabos entram em blocos terminais.
equipamentos é mais restritiva e menos
4. a conexão do terra intrinsecamente
flexível, pois exige certificados de mesma
seguro deve ser separado do terra
agência e o conhecimento prévio de listas
da planta e outros terras elétricos,
cruzadas de referência, para indicar quais
exceto em um ponto - o ponto do
equipamentos de fabricantes diferentes
terra principal do sistema elétrico.
são compatíveis.
5. as malhas devem ser ligadas ao
Em segurança intrínseca, embora seja
terra em um único ponto,
crucial o conceito de aprovação, a situação
usualmente o mesmo ponto do terra
é complicada pois há vários tipos de
das barreiras.
certificação, a nível de componente, de
6. os resultados da inspeção devem
aparato e de sistema; há certificado de
ser registrados para posterior
teste, de aprovação e de conformidade.
verificação e uso.
Além do certificado, há a licença concedida
As caixas de junção em circuitos de
pelo laboratório ao fabricante de
segurança intrínseca são basicamente
equipamentos.
requeridas para evitar o aterramento e o
curto-circuito dos cabos inadvertidos.

8.28
Segurança Intrínseca

Os principais documentos envolvidos aparatos simples podem ser usados


emitidos, por exemplo, pelo CENELEC, sem aprovação.
são: 2. tolerantes a falhas: é a única
Licença técnica que permanece segura
Certificado do componente após falhas acontecidas nos cabos
Certificado do aparato e nos componentes falíveis.
Certificado do sistema 3. manutenção viva: é a única técnica
Certificado de conformidade que permite a manutenção com o
instrumento ligado sem a garantia
Licença da ausência de gás nas
Documento renovável em base de proximidades e sem o desligamento
alguns anos, que permite ao seu detector da alimentação.
reproduzir a marca de certificação do 4. cabos sem armadura: o sistema é
laboratório nos equipamentos cobertos eletricamente protegido e no
pela certificação correspondente. Este mecanicamente.
documento, na realidade, não faz parte da 5. segurança para o pessoal: as
certificação. É o único documento correntes e as tensões são muito
renovável. baixas.
6. a técnica mais segura possível:
Certificado do componente única técnica permitida para Zona
Apresenta os parâmetros de aprovação 0.
para um componente.
Certificado do aparato
12. Normas
Apresenta os parâmetros aprovados
para os aparatos relacionados. 12.1. Requisitos Gerais
Certificado do sistema NBR 6146, Invólucros de equipamentos
elétricos - Proteção - Especificação.
Apresenta as condições em que os
NBR 8370, JAN 84, Equipamentos e
aparatos especificados em certificados
instalações elétricas para atmosferas
separados podem ser usados, por
explosivas - Terminologia.
exemplo, combinação de transmissores
NBR 9518, SET 86, Equipamentos
com barreiras.
elétricos para atmosferas explosivas -
Certificado de conformidade Requisitos gerais.
EN 50014 - Electrical apparatus for
Apresenta os parâmetros de aprovação potentially explosive atmospheres -
para o aparato relacionado, que está de General requirements.
conformidade com as exigências de IEC 529 - Classification of degrees of
determinada norma. protection provided by enclosures.
Em termos gerais, a maioria dos
aparatos recebe dois documentos: o
12.2. Proteção de Segurança
certificado de aparato e o de
conformidade. Obviamente, o fabricante
Intrínseca
possui a licença do laboratório certificador. NBR 8447, Equipamentos para
atmosferas explosivas - Segurança
11. Vantagens e Desvantagens Intrínseca - Tipo de proteção "i".
IEC 79-11 - Electrical apparatus for
Podem ser destacadas as seguintes explosive atmospheres - Construction and
vantagens para a proteção segurança test of intrinsically-safe and associated
intrínseca: apparatus.
1. mais econômica: não requer EN 50020 - Electrical apparatus for
isoladores com fusíveis e com potentially explosives atmospheres -
bloqueio, cabos protegidos ou Intrinsic safety "i".
conexões especiais. Vários

8.29
Segurança Intrínseca

13. Conclusão remotamente. Eles também tornaram


possível o multiplexador intrinsecamente
Como resultado de sua longa evolução, seguro, que recebe dados de muitos
a segurança intrínseca finalmente atingiu a sensores localizados na área perigosa e
sua maturidade, quando um maior sai um único sinal serial, através de dois
entendimento levou às importantes fios. Com a adição da baixa potência, o
simplificações: multiplexador se torna uma estação de
1. todas as autoridades de certificação controle local com segurança intrínseca,
concordam que os dispositivos capaz de acessar todas as informações na
simples, que no geram e nem sala de controle principal e, se necessário,
armazenam energia elétrica assumir muitas de suas funções.
significativa, podendo ser usados Como conclusão final, certamente a
sem certificação. Os sensores tipo segurança intrínseca continuará a
RTD, termopar, células de carga, substituir a técnica de prova de explosão
LEDs, fotocélulas, chaves podem ou prova de chama para a medição e
ser usados livremente, sem controle.
aprovação, desde que ligados à
barreira apropriada. 
2. CENELEC aboliu sua exigência
para um fator adicional de
segurança para circuitos
empregando chave em Zona 0
(1984).
3. Todas as autoridades de
certificação adotam agora o
enfoque simplificado e direto, que
possibilita ao usuário montar
sistemas de segurança a seu gosto,
usando equipamentos de qualquer
fabricante, desde que eles tenham
os parâmetros elétricos críticos em
valores compatíveis com as
exigências da barreira de energia.
Até então, os sistemas deviam ser
certificados como um sistema
global, de modo inflexível e
restritivo. Este avanço importante
foi feito na Alemanha (1970),
adotado pelo CENELEC, pelos EUA
e recentemente pelo Japão. O
mercado muito rapidamente sentiu
que isso deveria ter um nome e o
chamou de conceito de entidade ou
parâmetros da entidade ou de
parametrização.
Atualmente e no futuro, novos
dispositivos eletrônicos estão sendo
desenvolvidos, permitindo mais coisas a
serem feitas dentro dos limites da energia
de segurança intrínseca. Por exemplo, os
microprocessadores modernos permitiram
o transmissor inteligente, que corrige suas
próprias imprecisões, relata seu
desempenho operacional e pode ser
configurado, calibrado e recalibrado Apostilas\Perigosa 7EX-i.DOC 18 JAN 99 (Substitui 15 MAR 94)

8.30
9
Manutenção
duráveis) de equipamento elétrico e, deste
Objetivos de Ensino modo, traze-lo para suas condições
normais, para garantir as propriedades de
Descrever a manutenção dos seguintes proteção contra explosão.
equipamentos elétricos, bem como dos
ambientes de contorno: 1.4. Reparo
4. Equipamento elétrico e fiação
Reparo é o trabalho de levar o
instalados nas áreas perigosas.
equipamento elétrico para as condições
5. Equipamento associado e fiação
normais por conserto ou restauração,
intrinsecamente segura em áreas
dentro de um limite, de partes danificadas
perigosas.
ou desgastadas, para garantir as
6. Protegendo equipamentos
propriedades de proteção contra explosão.
indispensáveis para garantir as
propriedades da proteção contra
explosão. 2. Tipos de manutenção
O período da manutenção deve ser
1. Definições determinado considerando:
1. tipos de equipamento elétrico
2. tipo da proteção contra explosão
1.1. Manutenção 3. sistemas de fiação
Manutenção significa inspeções, 4. condições de operação
recondicionamento ou reparo de 5. condições ambientais
equipamento elétrico e seu ambiente de 6. registros históricos
contorno, como resultado de inspeção,
para garantir as propriedades da proteção 2.1. Manutenção diária
contra explosão.
A manutenção diária é o trabalho feito
Remodelagem ou atualização de
diariamente no equipamento elétrico e a
equipamento elétrico não é considerado
ênfase é colocada nas inspeções.
trabalho de manutenção.
2.2. Manutenção periódica
1.2. Inspeções
A manutenção periódica é o trabalho
Inspeção significa verificação (check
feito a períodos regulares e programados,
up) do equipamento elétrico e seu
no equipamento elétrico e a ênfase é
ambiente de contorno de modo visual,
colocada no recondicionamento e reparos.
áudio, táctil ou por meio de instrumentos.
2.3. Manutenção corretiva
1.3. Recondicionamento
A manutenção corretiva é o trabalho
Recondicionar significa o trabalho de
feito nem diariamente e nem
substituir peças descartáveis (não
periodicamente, mas quando solicitado

9.1
Manutenção

pelo usuário, no equipamento elétrico e o 5. Referencias de dispositivos de


trabalho é similar ao feito na manutenção proteção dos equipamentos
diária e periódica. elétricos
6. Referencias de peças de reposição
3. Fundamentos da 7. Manuais de instrução dos
equipamentos elétricos
manutenção 8. Resultados de testes de
A manutenção do equipamento elétrico equipamentos elétricos
deve ser feita na base dos seguintes 9. Registros de informação da
fundamentos e iniciativas do usuário: manutenção do equipamento
1. considerar não apenas os aspectos elétrico.
específicos da proteção contra
explosão, mas também o desempenho 4.2. Qualificação do pessoal de
do equipamento elétrico, assim manutenção
cumprindo os objetivos da manutenção O pessoal de manutenção deve ter o
na totalidade e balanceando a conhecimento e as habilidades
manutenção individual do equipamento relacionadas com:
elétrico com o gerenciamento da 1. Princípios e desempenhos de
manutenção global da planta. equipamento elétrico protegido
2. conduzir a manutenção de acordo com contra explosão
um plano bem programado, por tipo de 2. Conhecimento técnico da fiação de
equipamento e proteção contra proteção contra explosão
explosão, métodos de fiação e 3. Procedimentos e técnicas para
ambiente. operar, tratar, desmontar e montar
3. fazer a manutenção com pessoas que equipamento elétrico
tenham o conhecimento e habilidades 4. Precauções para a prática da
necessários do equipamento elétrico manutenção
envolvido. 5. Itens e métodos de manutenção
4. entender que há um certo limite além 6. Regulacoes, regras, normas e leis.
do qual a manutenção não consegue
mais garantir a propriedade de 4.3. Cuidados na manutenção feita
proteção contra explosão e, neste
caso, o equipamento elétrico deve ser
no equipamento energizado
substituído por outro, de modo 1. A manutenção diária deve ser feita nas
conveniente. condições energizadas, quando seu
ênfase é colocado nas inspeções.
4. Preparações e 2. As manutenções periódicas e
corretivas devem ser feitas em
procedimentos da manutenção condições desenergizadas, quando seu
ênfase é colocado nos reparos e
4.1. Documentação necessária recondicionamentos. Porém, nestes
casos, a manutenção pode ser feita na
Os documentos necessários para condição energizada se
manutenção devem ser selecionados dos 3. não houver perigo da instalação
seguintes: elétrica se tornar uma fonte de ignição
1. Desenhos mostrando os limites das 4. não houver perigo da atmosfera
áreas perigosas. perigosa estar presente no local da
2. Diagramas de fiação manutenção
3. Desenhos mostrando locais e Neste caso, o local é designado
combinações de equipamento temporariamente como área não perigosa.
elétrico
4. Desenhos mostrando tamanhos de 4.4. Implementação da manutenção
equipamento elétrico individual
Embora os detalhes da implementação
da manutenção sejam diferentes para

9.2
Manutenção

diferentes tipos de equipamentos elétricos, 2. Confirmação deve ser feita com


dependendo do tipo da proteção contra relação aos itens importantes.
explosão, algumas práticas comuns devem
ser seguidas, como: 4. Manutenção do ambiente de contorno
Diariamente, periodicamente ou
1. Antes da manutenção temporariamente, deve ser feita a
1. Tornar claro os objetivos da manutenção do ambiente de contorno
manutenção ligado a pó, gás corrosivo, temperatura,
2. Preparar ferramentas, materiais, umidade e tudo que afeta as propriedades
peças de reposição de proteção contra explosão das
3. Ver a necessidade de desligar a instalações elétricas.
alimentação elétrica A Tab. 1. sumariza os itens de
4. Ver a possibilidade de ocorrência inspeção que devem ser considerados.
da atmosfera perigosa, para
designar o local como área não 5. Manutenção de equipamento
perigosa
5. Rever o conhecimento e
a prova de explosão ou chama
habilidades do executante da
manutenção. 5.1. Preservação das propriedades
2. Durante a manutenção A proteção contra explosão a prova de
1. Durante a inspeção em condições explosão ou de chama é garantida pela
energizadas, o invólucro principal, aderência de cada item da norma
caixa terminal ou janelas correspondente.
transparentes do equipamento A Tab. 2. sumariza os itens de
elétrico não podem ser abertas, inspeção que devem ser considerados
exceto no caso de equipamento durante a manutenção, com relação a
intrinsecamente seguro. resistência mecânica do invólucro,
2. É desejável que o reparo e o espaçamentos das superfícies de junção,
recondicionamento do equipamento aumento da temperatura das superfícies
elétrico seja feito em áreas não do invólucro.
perigosas, depois de ser transferido
do local perigoso. 5.2. Itens a serem confirmados para
3. Quando a manutenção é feita na restabelecer a propriedade de
área perigosa, tomar cuidado para proteção de prova de explosão
não produzir faísca mecânica.
Para restabelecer a propriedade de
4. Quando o recondicionamento e
proteção de prova de explosão ou chama,
reparo envolverem desmontagem e
devem ser confirmados os seguintes itens:
montagem de peças de
1. Não pode haver nenhum dano nas
equipamento elétrico que garante a
superfícies de junção do invólucro
proteção contra explosão, a
2. Com relação ao espaçamento e
implementação desta manutenção
comprimento do caminho de
deve ser cuidadosamente feita, de
resfriamento, os valores relevantes
modo que não apenas estas peças,
devem ser restabelecidos para
mas todas as outras que estão
garantir a proteção de prova de
relacionadas com a proteção, não
chama
sejam trocadas durante a
3. Não deve haver nenhum dano nas
manutenção.
superfícies externas ou partes
3. Depois da manutenção transparentes do invólucro
1. Garantir que a proteção contra 4. O aperto dos parafusos deve ser
explosão tenha sido restabelecida feito de modo uniforme e
em cada aspecto do equipamento apropriado, preferivelmente com
elétrico como um todo. torquímetro e nunca apenas com a
mão.

9.3
Manutenção

5. Superfícies metálicas relacionadas com métodos resistentes a


com a propriedade de prova de ferrugem.
chama não podem estar
enferrujadas e devem ser tratadas

Tab. 1. Itens de inspeção de ambiente

Item de inspeção Medida da Conteúdo da inspeção Observações


inspeção
Temperatura Táctil, termômetro Não pode exceder limites
ambiente pré determinados
Respingo de água, Visual, táctil Não pode estar molhado
umidade Não pode entrar água
Pó Visual Não pode acumular pó
Não pode estar
contaminado
Atmosfera: gás Visual, olfato Sem vazamento Verificar com detector,
corrosivo se necessário
Atmosfera: gás Visual, olfato Sem vazamento Verificar com detector,
explosivo se necessário
Vibração Visual, táctil Sem vibração exagerada

Tab. 2. Itens de inspeção de equipamento elétrico à prova de explosão ou chama

Item de inspeção Medida da Conteúdo da inspeção Observações


inspeção
Invólucro Visual Sem ferrugem Limpeza
Sem dano Tratamento anti-
ferrugem
Janelas transparentes Visual Sem danos Substituição
Superfícies de junção Visual Sem rugosidade devida a Limpar
danos, ferrugem, arranhão
Aperto dos parafusos Visual, táctil Apertado, sem depósito de Reaperto e limpeza
pó e sem ferrugem
Gaxetas e buchas Visual Sem quebra Substituição
Sem deformação adversa
Mancais Visual Sem vazamento Substituição da graxa
Sem deterioração da graxa
Porção dos condutores Visual Sem danos Substituição
Sem deterioração
Porção dos condutores Visual, táctil Sem danos Substituição e reaperto
flexíveis Sem deterioração
Sem desaperto
Terminais Visual, táctil Sem desaperto do conector Reaperto e limpeza
Sem sujeira no material
isolante
Terminais de terra Visual, táctil Sem desaperto do conector Substituição e reaperto
Sem dano
Aumento da Termômetro, táctil Deve ser menor que o valor Investigação da causa
temperatura da especificado
superfície do invólucro

9.4
Manutenção

7. Manutenção de equipamento
6. Manutenção de equipamento elétrico à segurança
elétrico pressurizado para aumentada
proteção contra explosão
7.1. Preservação das propriedades
6.1. Preservação das propriedades
A proteção contra explosão com
A proteção contra explosão com segurança aumentada é garantida pela
pressurização ou purga é garantida pela aderência de cada item da norma
aderência de cada item da norma correspondente.
correspondente. A Tab. 4. sumariza os itens de
A Tab. 3. sumariza os itens de inspeção que devem ser considerados
inspeção que devem ser considerados durante a manutenção preventiva, diária e
durante a manutenção preventiva, diária e temporária, com relação às partes que
temporária, com relação a construção do garantem a segurança, bem como
invólucro que pode afetar a manutenção garantindo a operação normal.
da pressão, dispositivos relacionados com
o invólucro, aumento da temperatura das 7.2. Itens para restabelecer a
superfícies externas do invólucro. segurança aumentada
6.2. Itens para restabelecer a Para restabelecer a propriedade de
proteção de segurança aumentada, devem
proteção de prova de explosão
ser confirmados os seguintes itens:
Para restabelecer a propriedade de 1. Valores das medições de aumento de
proteção de pressurização ou purga, temperatura de todas as partes
devem ser confirmados os seguintes itens: relevantes devem ser menores que os
1. Gaxetas e buchas devem ser fixadas valores especificados
em porções relevantes e não devem ter 2. Espaçamentos entre componentes no
nenhum dano, ruptura, distorção ou ar e no circuito devem ser iguais a
deterioração valores especificados e função das
2. Todo equipamento elétrico dentro do tensões
invólucro deve ser o especificado e 3. O aperto dos parafusos deve ser
deve ser montado como especificado uniforme e conveniente
3. Dispositivos de proteção, estrutura dos 4. Os dispositivos de proteção devem
dutos de ventilação, válvulas e operar em valores especificados
dampers devem ser os especificados 5. As porções de ligação, principalmente,
4. O aperto dos parafusos deve ser feito devem ser evitadas de ferrugem,
de modo uniforme e apropriado aplicando-se tratamento anti-ferrugem
5. Equipamento que fornece o gás
protetor deve operar corretamente
como o especificado
6. Dispositivos de proteção devem ser
testados para confirmar seu
desempenho

9.5
Manutenção

Tab. 3. Itens de inspeção de equipamento elétrico pressurizado ou purgado


Item de inspeção Medida da Conteúdo da inspeção Observações
inspeção
Invólucro Visual Sem ferrugem Limpeza
Sem dano Tratamento anti-ferrugem
Janelas transparentes Visual Sem danos Substituição
Aperto dos parafusos Visual, táctil Apertado, sem depósito de pó e Reaperto e limpeza
sem ferrugem
Gaxetas e buchas Visual Sem quebra Substituição
Sem deformação adversa
Dutos de ventilação para o gás Visual, táctil Sem vazamento considerável Revisão da causa
Pressão e volume da vazão Manômetro ou Devem ser convenientes para Revisão da causa
medidor de vazão valores especificados
Dispositivos de proteção Teste de desempenho Para operar em valores ajustados Ajuste
especificados
Filtro na entrada Visual Sem entupimento apreciável Limpeza e substituição
Porção dos condutores Visual Sem deterioração e danos Substituição
Terminais Visual, táctil Sem desaperto do conector Reaperto e limpeza
Sem sujeira no material isolante
Terminais de terra Visual, táctil Sem desaperto do conector Substituição e reaperto
Sem dano
Aumento da temperatura da Termômetro, táctil Deve ser menor que o valor Investigação da causa
superfície do invólucro e dutos de especificado
ventilação e exaustão

Tab. 4. Itens de inspeção de equipamento elétrico com segurança aumentada


Item de inspeção Medida da Conteúdo da inspeção Observações
inspeção
Invólucro Visual Sem ferrugem e sem dano Limpeza
Tratamento anti-
ferrugem
Janelas transparentes Visual Sem danos Substituição
Aperto dos parafusos Visual, táctil Apertado, sem depósito de pó Reaperto e limpeza
e sem ferrugem
Gaxetas e buchas Visual Sem quebra Substituição
Sem deformação adversa
Mancais Visual Sem vazamento Substituição da graxa
Sem deterioração da graxa
Porção dos condutores Visual Sem danos Substituição
Sem deterioração
Porção dos condutores Visual, táctil Sem danos Substituição e reaperto
flexíveis Sem deterioração
Sem desaperto
Porção de conexão Visual, táctil Sem desaperto e sem sujeira Reaperto e limpeza
no material isolante
Isoladores Visual Sem sujeira, sem deterioração Limpeza e substituição
e sem descoloração
Terminais de terra Visual, táctil Sem desaperto do conector Substituição e reaperto
Sem dano
Aumento da temperatura Termômetro, Deve ser menor que o valor Investigação da causa
das peças onde o gás táctil especificado
explosivo pode ter acesso
Dispositivo de proteção Teste de Deve operar normalmente Substituição
contra sobrecarga desempenho
Tensão, corrente e Checks por Deve ter valores especificados Investigação da causa
freqüência medidores

9.5
Manutenção

Tab. 5. Itens de inspeção de equipamento elétrico com segurança intrinseca


Item de inspeção Medida da Conteúdo da inspeção Observações
inspeção
Combinação de Visual A combinação de equipamento IS Retirar a equipamento
equipamento e associado deve estar de não aprovado que não
intrinsecamente seguro conformidade com a especificação esteja especificado em
(IS) e associado documento relevante
Marcação Visual A marcação deve ser lida Limpeza e substituição
facilmente
Partes de ligação de Visual, táctil As partes de ligações externas Reaperto e limpeza
peças com corrente devem estar apertadas, sem
sujeira no material isolante
Invólucro Visual Sem ferrugem Limpeza
Sem dano Tratamento anti-
ferrugem
Verificação do Medições por Para funcionar normalmente na
desempenho (*) instrumentos tensão especificada
Tensão de circuito Medições por Para medir a tensão de circuito Aplicado somente em
aberto através de instrumentos aberto através dos terminais de equipamento
terminais do circuito IS circuitos IS quando a tensão associado
(*) especificada é aplicada através
dos terminais de circuito não IS
Corrente de curto Medições por Para medir a corrente de curto Aplicado somente em
circuito em terminais do instrumentos circuito em terminais de circuitos equipamento
circuito IS (*) IS quando a tensão especificada é associado
aplicada através dos terminais de
circuito não IS
Isolação (teste Medições por Para testar a isolação entre
dielétrico) (*) instrumentos terminais IS e não IS
Para testar a isolação entre
terminais IS e terminais de terra

Manutenção marcada com (*) deve ser feita de acordo com instruções e manuais publicadas pelo
fabricante.

9.6
Manutenção

Equipamento associado
8. Manutenção de 3. Quando a manutenção do
equipamento elétrico com equipamento associado é feita em
uma área não perigosa, a fiação
segurança intrínseca externa relevante para o equipamento
IS na área perigosa deve ser
8.1. Preservação das propriedades desligada do equipamento associado,
exceto no caso de inspeção visual.
A proteção contra explosão com 4. Quando a manutenção do
segurança intrínseca é garantida pela equipamento associado é feita em
aderência de cada item da norma uma área perigosa, os métodos de
correspondente. manutenção aplicados a outros tipos
A propriedade de segurança de proteção contra explosão devem
intrínseca é estabelecida com base na ser observados, quando apropriado,
construção mecânica e física do alem do item acima (3).
equipamento e também das 5. No caso do equipamento associado
características elétricas de circuitos e estar localizado em uma área não
componentes usados na área segura e perigosa, os resistores variáveis ou
na área perigosa. parafusos ajustáveis do equipamento,
A Tab. 5. sumariza os itens de que são operados do lado de fora do
inspeção que devem ser considerados invólucro podem ser variados ou
durante a manutenção preventiva, diária ajustados em condição energizada,
e temporária, de equipamentos sem desligar os fios do circuito IS que
intrinsecamente seguros. vão para as áreas perigosas.

8.2. Implementação da manutenção Substituição de peças e componentes


Equipamentos intrinsecamente 6. Qualquer peça e unidade do
seguro (IS) e associado podem ter seus equipamento IS e associado devem
invólucros abertos para inspeção das ser substituídas por peças que
partes internas em condições tenham as mesmas especificações
energizadas. Porém, há limites elétricas e mecânicas sugeridas pelo
praticáveis quanto aos itens de inspeção, fabricante
medidas da inspeção e conteúdo da 7. Substituição ou carga de baterias
inspeção. contendo equipamento IS deve ser
Devem ser tomadas as seguintes feita fora da área perigosa.
precauções:
8.3. Itens a serem confirmados
Equipamento IS para restabelecer a propriedade de
1. Quando a manutenção do proteção de segurança intrínseca
equipamento IS é feito usando O restabelecimento da propriedade
equipamentos elétricos em uma área de proteção contra explosão
perigosa, os equipamentos em si intrinsecamente segura deve ser
devem ser IS. Se o dispositivo será confirmado com relação aos seguintes
ligado ao equipamento elétrico a ser itens:
mantido, é necessário que a 1. Os equipamentos IS e seguro são
combinação não afete a segurança restabelecidos por suas
intrínseca do sistema inteiro. especificações.
2. Quando a inspeção é feita de peças e 2. A isolação do equipamento IS e
fiações dentro do invólucro em uma associado é satisfeita com os valores
área perigosa, é desejável inspecionar especificados
somente visualmente ou limitar a uma 3. Ligações da fiação externa entre
extensão de ajustes. Reparos que equipamento IS e associado são feitas
precisam ser feitos em peças devem como especificado.
ser feitos em áreas não perigosas.

9.8
Manutenção

9. Manutenção da fiação
elétrica

9.1. Preservação de propriedades


de fiação elétrica com proteção
contra explosão
Como a instalação da fiação elétrica é
feita de acordo com normas, a
manutenção deve ser feita com o pleno
conhecimento destas exigências.

9.2. Implementação da manutenção


da fiação
A manutenção da fiação elétrica deve
ser feita especificamente como segue:
1. A fiação elétrica é instalada e corre
em vários locais de uma planta e por
isso pode existir diferentes condições
ambientais que podem afetar a fiação,
mesmo quando as especificações da
fiação sejam iguais.
2. As condições ambientais podem se
alterar devido a alterações,
reconstrução de novas unidades.
3. Quando a fiação é vulnerável às
condições ambientais, é importante ter
uma manutenção visual diária.

9.3. Itens da inspeção


Os itens da inspeção diária ou
periódica da fiação elétrica são listados
na Tab. 6 e se relacionam principalmente
com fiações de segurança intrínseca.
Não há discriminação entre manutenção
diária ou periódica.

Apostilas\Perigosa Manutenção.doc 17 NOV 99

9.9
Manutenção

Tab. 6. Itens de inspeção da fiação elétrica


Item de inspeção Medida da Conteúdo da inspeção
inspeção
Resistência de isolação dos condutores Ler com instrumentos Devem estar acima dos valores especificados
isolados
Visão externa dos conduites Visual, táctil Sem dano, sem corrosão e sem falha na pintura
metálicos
Fiação em conduite metálico

Estado de aperto da junções Visual Sem quebra, sem folga e sem corrosão
rosqueadas
Visão externa das conexões de Visual Sem danos
selagem
Conduites metálicos

Visão externa das conexões de Visual Sem água


dreno
Visão externa das conexões Visual Sem danos, sem corrosão, sem falha na pintura, sem
flexíveis torção. Ter um raio de curvatura apropriado
Visão externa dos suportes Visual, táctil Sem danos, sem corrosão e sem folga
metálicos
Visão externa dos cabos Visual, táctil Sem danos, sem endurecimento, sem encharcamento
Cabos Resistência de isolação Ler com instrumento Devem estar acima dos valores especificados
Visão externa das tubulações de Visual e táctil Sem dano, sem corrosão e sem falha na pintura
proteção
Visão externa de dutos, Sem danos, sem corrosão, sem desaperto e sem
racks Visual e táctil falhas na pintura. Sem quebra no duto, sem objetos
Fiação por cabo

estranhos no duto
Dutos, Visão externa dos suportes Visual e táctil Sem danos, sem corrosão, sem falha na pintura
buracos, metálicos
etc Estado dos buracos Visual Sem danos, sem quebras das bordas, sem ingresso
de água, óleo ou solvente
Estado dos selos Visual Sem cavidade no composto de enchimento
Estado das blindagens Visual Sem anormalidade nas blindagens
aterradas
Identificação do Visual Devem ser identificáveis
Fiação de equipamento e fiação
circuitos IS Estado da segregação Visual Sem contatos e sem mistura. Sem normalidade de
separação e barreiras de isolação
Visão externa dos Visual e táctil Sem danos, sem corrosão e sem desaperto
Condutores de condutores de terra
terra Resistência de terra Ler com instrumentos Sem contatos e intermitências.
Visão externa caixas de Visual e táctil Sem danos, sem corrosão e sem desaperto
conexão Sem ingresso de água e sem falhas na pintura
Caixas de Estado das porções de Visual e táctil Sem desaperto e com tomadas normais
conexão e conexão
passagem Estado das porções dos Visual e táctil Devem estar em condições normais
fios condutores
Posição e vista externa da indicação de cabos Visual Devem estar em posição e estado normais
queimados, condutores de terra

9.10
10
Perigos da Eletricidade
corrente dependerá do valor da diferença
Objetivos de voltagem e da resistência do corpo.
O corpo humano é também um
1. Conceituar choque elétrico, suas equipamento elétrico. Os seus sistemas
principais causas e efeitos, nervoso e muscular se baseiam em sinais
apresentando os meios de proteção elétricos e reações eletroquímicas. Porem,
e os cuidados a serem tomados estes sinais envolvem níveis de energia
com a eletricidade. extremamente baixos. Sinais elétricos
2. Mostrar o aparecimento e os externos facilmente perturbam o
métodos para eliminação da funcionamento correto do corpo humano.
eletricidade estática. Corrente elétrica de 20 µA passando
3. Apresentar o conceito de raio e os diretamente no coração pode causar
métodos de proteção. fabricação e morte. (Para passar 20 µA
através de uma resistência de 100 Ω do
1. Introdução coração requer a voltagem de 2 mV e a
potência de 0,04 µW.
Os perigos envolvendo a eletricidade e De um modo grosseiro, o nível de
os equipamentos elétricos podem ser perigo da eletricidade para o homem é
divididos em cinco categorias: algo menor que 1 W; para iniciar uma
1. choque para pessoal combustão de gás, 5 W e para incendiar
2. ignição e explosão de materiais materiais sólidos, cerca de 100 W.
combustíveis
3. superaquecimento com dano e 2.2. Classes de Circuitos
queima de equipamentos
4. explosões elétricas O artigo 725 do NEC estabelece três
5. ligamento acidental de tipos de circuitos elétricos relacionados
equipamentos. com os perigos de choque e incêndio.
1. Um circuito de classe 1 tem um
2. Choque máximo de 30 V RMS e uma
potência transferível de 2500 V-A.
Por causa de sua potência, este
2.1. Conceito circuito é perigoso para provocar
incêndio, porem, por causa de sua
Choque elétrico é um estimulo baixa voltagem, ele não é
repentino e acidental do sistema nervoso considerado perigoso para choque.
do corpo por uma corrente elétrica. A As regras prescritas para circuitos
corrente flui através do corpo quando ele de potência geralmente se aplicam
torna parte de um circuito elétrico que aos circuitos de Classe 1.
possui uma diferença de voltagem 2. Um circuito de classe 2 tem um
adequada. A voltagem através da máximo de 30 V RMS ou 60 V cc,
resistência do corpo faz circular uma corrente máxima de 5 A e potência
corrente através dele. O valor desta

1
Perigos da Eletricidade

transferível de 100 V-A. Este deixa de funcionar, a circulação


circuito não é considerado perigoso para e há falta de oxigênio no
para provocar incêndio e nem cérebro. Neste aspecto, a corrente
perigoso para choque. Não há alternada é mais perigosa que a
regras especificas de instalação continua. O coração raramente se
para estes circuitos, exceto que recupera sozinho da fabricação
eles devem ser separados de ventricular. Um contra choque
outros circuitos. A maioria dos violento e rápido pode parar a
sistemas de instrumentação fabricação e restabelecer o ritmo
eletrônica operam dentro destes normal do coração, desde que ele
níveis e por isso não possuem excite todas as fibras musculares
perigo particular. ao mesmo tempo.
3. Um circuito de classe 3 tem um 5. A corrente de 2,5 A ou maior: uma
máximo de 150 V RMS , corrente corrente deste valor para o coração
máxima de 5 A e potência enquanto estiver circulando. A
transferível de 100 V-A. Este pressão do sangue cai, quando a
circuito é considerado perigoso circulação para. O batimento do
para provocar choque mas não é coração e a circulação do sangue
perigoso para incêndio. A isolação usualmente retornam quando a
mínima da fiação é estabelecida corrente é cortada. Geralmente
para a fiação destes circuitos. Parte ocorre a inconsciência. Altas
dos sistemas de instrumentação voltagens normalmente produzem
eletrônica cai nesta categoria, como paralisia respiratória. Correntes
os circuitos de alarme. alternadas acima de 2,5 A
produzem queimaduras na pele e
2.3. Efeitos em órgãos internos.
Os efeitos produzidos por uma corrente
alternada de 60 Hz variam conforme o
seguinte:
1. A corrente de 1 mA (0,001 A)
produz um choque perceptível. O
principal efeito é uma reflexo
involuntário, que pode fazer a
pessoa cair, perder o equilíbrio,
bater a cabeça, resultando em algo
mais grave que o choque em si.
2. A corrente de 5 a 25 mA (0,005 a
0,025 A) faz um adulto perder o
controle muscular. A vitima pode se
agarrar ao condutor, perdendo a
capacidade de solta-lo.
3. A corrente de 25 a 75 mA (0,025 a
0,075 A) provoca dor. O contato
prolongado pode produzir o
colapso, inconsciência e morte, por
causa da paralisia dos músculos
respiratórios. A asfixia além de três Fig. 9.1. Circuito equivalente possível do corpo
minutos pode provocar a morte. humano
4. A corrente de 75 a 300 mA (0,075 a
0,300 A) com duração de um quarto
de segundo ou mais pode ser
quase imediatamente fatal, pois
provoca fabricação ventricular. O
ritmo do coração é perturbado e ele

10.2
Perigos da Eletricidade

2.4. Outros Fatores a de uma pessoa com pele úmida. A


sujeira da pele aumenta a sua resistência.
A intensidade e os efeitos do choque A corrente que passa através do corpo
elétrico também dependem da trajetória da depende também de outras resistências
corrente, frequência e duração. Correntes que ela encontra, incluindo a resistência
relativamente altas podem passar de uma interna dos tendões, músculos e sangue. A
perna para outra com apenas queimadura resistência interna do corpo é
nos contatos. Uma corrente igual de um
relativamente baixa, entre 300 e 500 Ω. A
braço para outro ou do braço para a perna
trajetória da corrente através do corpo
pode influenciar o coração ou paralisar os
modifica a severidade e o efeito do
músculos respiratórios. Os efeitos de
choque. Trajetórias através do coração e
qualquer corrente variam com a
tórax são muito mais perigosas do que de
frequência. A corrente alternada é mais
uma perna para outra. As correntes
perigosa que é continua. Uma corrente
através do coração, músculos do pulmão e
deve ser de 3 a 5 vezes maior que a
do cérebro são as mais criticas.
alternada para produzir os mesmos efeitos.
Quando a pele está seca, a resistência
Correntes com frequências entre 20 e 100
é tão alta que pode ser adequada para
Hz são as mais perigosas. A corrente de
proteger a pessoa contra choques médios.
60 Hz, que é a mais encontrada, é
Mas raramente a pele está seca. Qualquer
especialmente perigosa porque sua
pessoa trabalhando está suando ou em
frequência está próxima da frequência
uma atmosfera úmida. Por isso, sempre se
mais favorável para a existência da
pode assumir que o corpo humano está
fabricação ventricular. A fabricação é
úmido e sua resistência é baixa e o efeito
menos provável em frequências acima de
do choque elétrico é desastroso.
100 Hz. A probabilidade da fabricação é
inversamente proporcional à frequência.
2.5. Causas de Choque
As correntes de alta frequência são menos
perigosas, sob este ponto de vista, pois Os principais modos de uma pessoa
elas fluem na superfície e não no interior levar um choque elétrico são:
do condutor ou do corpo. Correntes com 1. contato com um condutor
frequências acima de 2000 Hz causam energizado sem isolação,
queimaduras severas porem produzem 2. contato com um condutor
menos efeito interno. energizado em que a isolação se
Pela lei de Ohm, a corrente que flui deteriorou ou se danificou,
através de um corpo é inversamente perdendo seu valor protetor,
proporcional à sua resistência. A 3. falha de equipamento que causa
resistência do corpo humano está contida um curto-circuito ou um circuito
quase inteiramente na pele. A pele aberto.
consiste de duas camadas. A camada 4. descarga de eletricidade estática,
externa, composta de células escamosas e 5. descarga de um raio.
mortas, possui uma alta resistência ôhmica Os acidentes são freqüentes com
quando seca. Seca, limpa e sem pessoas eletrocutadas for falta de atenção
ferimentos ela possui uma resistência ou cuidado próximas de condutores sem
elétrica de 100 a 600 KΩ . A resistência da isolação. A causa mais comum é o contato
pele molhada ou machucada cai para 500 com linhas elétricas energizadas sem
Ω ou menos. Isto se deve ao fato que a isolação elétrica. Isto é muito freqüente em
corrente pode passar para a camada construção civil, quando as linhas de
interna da pele, que tem menor resistência. alimentação entram em contato com
A menor resistência da camada interna escadas ou peças metálicas.
resulta dos fluidos do corpo, que são Os cubículos que abrigam
úmidos e condutores. A resistência da pele equipamentos e instalações de alta
varia muito com as condições. Uma voltagem devem ser trancados. As chaves
pessoa com a pele naturalmente seca devem ficar com eletricistas qualificados e
possui uma resistência 10 vezes maior que autorizados. Os painéis devem ser
trancados ou ter intertravamento, de modo

10.3
Perigos da Eletricidade

que a sua abertura desliga 2.6. Falhas de Isolação Elétrica


automaticamente a alimentação elétrica. É
recomendável colocar blindagens As linhas de alimentação e os
adicionais em torno de condutores ou equipamentos devem ser isolados
barramentos energizados para evitar o eletricamente. A isolação pode ficar
contato mesmo depois da abertura do defeituosa por causa da deterioração ou
invólucro. Deve-se colocar avisos no estrago e uma pessoa pode levar um
acesso da área perigosa e no equipamento choque. Há vários modos de deterioração
para alertar o pessoal do perigo. ou perda da isolação elétrica:
O trabalho em linhas energizadas é a 1. os materiais não são uniformes e
causa mais comum de eletrocussão de áreas localizadas podem ter
pessoas. Quando este trabalho for diferentes isolações. O calor devido
absolutamente necessário, ele deve ser à perda de potência no condutor
feito por pessoal qualificado consciente do pode deteriorar ou tornar desigual a
perigo envolvido, equipado e protegido isolação,
adequadamente. 2. os elétrons do condutor ou os
Acidentes podem ocorrer quando um quanta de energia da radiação
circuito é aberto e um eletricista começa a externa podem destruir
trabalhar nele. Outra pessoa, querendo quimicamente a isolação,
usar uma parte do circuito e não sabendo 3. calor e temperatura elevada devida
que está havendo trabalho na linha, religa à corrente elétrica causam uma
o circuito. diminuição gradual da resistência
Os circuitos elétricos desligados para de alguns polímeros,
reparo, manutenção ou modificação devem 4. umidade altera as propriedades de
ser bloqueados depois de desligados. A absorção da isolação. A umidade
chave que liga o equipamento deve ser oferece caminhos alternativos para
desenergizada e aberta. Deve-se colocar a corrente através da isolação
etiqueta de aviso na chave aberta que aumentando sua condutividade,
controla o circuito. O circuito só pode ser 5. a oxidação devida ao oxigênio,
ligado através de uma chave ou uma ozone ou outros oxidantes diminui a
combinação. A pessoa que irá fazer o resistência. O ozone, criado
serviço na linha deve ser a única com principalmente em materiais que
posse da chave ou combinação de provocam arcos voltaicos e
religação. Se mais de uma pessoa é descargas elétricas, é mais reativo
responsável pelo serviço, cada uma deve e instável que o oxigênio,
ter uma chave individual. O supervisor do 6. a radiação ultravioleta e nuclear
trabalho pode ter também uma chave. degradam as propriedades de
Cada chave permanece no lugar até que o isolação dos polímeros e borrachas,
serviço seja terminado. 7. a corrosão química, que é a
Circuitos com capacitores podem incompatibilidade química dos
armazenar cargas elétricas com alto produtos do processo com os
potencial. Quando a alimentação do materiais de isolação também
sistema é desligada, o capacitor pode causam a diminuição da isolação,
permanecer carregado, quando não estiver 8. o desgaste físico, provocado pela
aterrado. Uma pessoa descuidada que abrasão, flexão, curvatura e corte,
toque o capacitor ou o circuito do qual o diminui a isolação dos cabos,
capacitor faz parte, pode levar um choque. principalmente de ferramentas e
Porem, embora pareça alta, a corrente instrumentos elétricos portáteis. A
envolvida é geralmente baixa. O choque vibração é uma causa freqüente do
provoca mais um susto do que dor ou estrago por abrasão. A dobra ou
ferimento. A descarga do capacitor ocorre compressão de cabos pode
somente uma vez e é não recarregável. danificar a sua isolação,
9. fatores biológicos, como fungos,
roedores e insetos podem comer
literalmente o material orgânico da

10.4
Perigos da Eletricidade

isolação, diminuindo ou eliminando Painéis, geradores, motores,


a isolação, baterias, barramentos e outros
10. o vácuo pode causar a eliminação equipamentos elétricos que
de materiais voláteis dos isoladores oferecem perigo, devem ser
orgânicos, reduzindo sua fechados ou protegidos para evitar
resistividade. o contato acidental.
5. marcar os pontos de acesso para
2.7. Falhas do Equipamento os equipamentos elétricos
perigosos com etiquetas e avisos
Além da falha da isolação, outras
convenientes. Algumas normas
partes do equipamento podem falhar,
recomendam que os internos dos
provocando choque no operador. Uma
disjuntores, caixas de fusíveis
linha de alimentação quebrada e
sejam pintados com coroes e
energizado pode cair sobre uma maquina
projetos que indiquem
ou diretamente sobre uma pessoa. Falhas
imediatamente quando eles
no equipamento elétrico podem tornar sua
estiverem abertos.
carcaça energizada. Quem toca-la leva um
6. dispositivos de indicação de status
choque. Se a ferramenta ou equipamento
e alarme, que avisem quando o
não está aterrada e o operador que toca o
equipamento estiver ligado.
equipamento não está isolado, o operador
7. interruptor do circuito de falha de
fornece uma ligação para o terra, levando
terra (ground fault circuit
um choque.
interrupter), que abre o circuito
Uma ferramenta elétrica portátil pode
elétrico para a carga quando a
ser protegida:
corrente de falha para o terra
1. por uma isolação dupla,
exceder algum valor
2. por alimentação com três fios, onde
predeterminado que seja menor
um fio está aterrado,
que o valor necessário para operar
3. por aterramento adequado.
o equipamento protetor de
sobrecorrente da alimentação. O
2.8. Proteção Contra Choque interruptor detecta pequenas
Os principais meios de garantir correntes, protegendo pessoas de
proteção ao pessoal que manipula levar choque. O fusível e o disjuntor
equipamentos elétricos são: atuam normalmente com grandes
1. isolar as partes do equipamento correntes, que seriam fatais para o
elétrico que o operador entra em operador.
contato rotineiramente ou
acidentalmente durante a operação. 2.9. Cuidados com Eletricidade
Devem ser isolados: knobs, dials,
Acidentes em plantas devidos à
botoeiras, chaves e medidores,
eletricidade são frequentemente
2. isolar o pessoal com sapatos com
associados com falhas de isolação ou de
solados de borracha, luvas e
terra ou com defeitos permanentes ou
roupas de material isolante.
temporários de equipamentos.
3. usar circuitos de intertravamento
O equipamento elétrico deve ser
monitorando equipamentos.
instalado, inspecionado, testado e mantido
Quando uma caixa perigosa for
somente por eletricistas competentes.
aberta, oferecendo perigo potencial
O equipamento deve ser regularmente
ao operador, o circuito interno deve
inspecionado e mantido. O equipamento
ser desligado automaticamente.
que está sendo reparado deve ser
4. segregar e separar o equipamento
desligado da alimentação até que o
elétrico de alta voltagem, impedindo
trabalho seja completado. A importância
a aproximação do pessoal não
desta instrução deve ser feita claramente
autorizado e não treinado.
para o eletricista ou outro pessoal de
Transformadores devem ser
manutenção. O equipamento defeituoso
alojados em cubículos apropriados.
deve ser tirado fora de uso e

10.5
Perigos da Eletricidade

completamente desligado da alimentação se forma paralelamente à primeira, na face


até que seja consertado. oposta. Enquanto as superfícies
A fiação temporária deve ser evitada, permanecem próximas com as cargas se
sempre que possível, mas se for usada, opondo entre si, de modo que para todos
deve ser segura e aterrada corretamente. os efeitos externos, a combinação delas é
Ela deve ser inspecionada regularmente e eletricamente neutra. A magnitude das
reparada, quando necessário e deve ser cargas que se acumulam depende
substituída pela instalação permanente o basicamente da natureza do material, da
mais rápido possível. área e geometria das superfícies de
O circuitos não devem ser contato. Não é necessário haver atrito para
sobrecarregados, pois isso aumenta o gerar eletricidade estática. Porem, o atrito
risco de incêndio. A carga do circuito aumenta o desprendimento de elétrons e a
elétrica deve ser cuidadosamente produção de partículas ionizadas.
supervisionada e os circuitos protegidos Como a geração de eletricidade
por fusíveis ou disjuntores. estática depende das áreas em contato e
Os fios devem ter cores padronizadas sendo o fenômeno superficial, a vazão de
(por exemplo, marrom para a fase viva, um fluido através de uma tela, filtro ou
azul para neutro e verde e amarelo para o qualquer outro dispositivo restritivo produz
terra. cargas estáticas. O filtro pode provocar
Uma grande proporção de acidentes grandes faíscas elétricas, mesmo quando
elétricos envolve equipamentos e o sistema estiver aterrado.
ferramentas portáteis. É essencial garantir A eletricidade estática é gerada pela
que uma ferramenta aterrada não seja separação de cargas, usualmente por
usada a não ser que esteja corretamente materiais moveis de baixa condutividade
aterrada. Todas as ferramentas portáteis rapidamente afastados. A eletricidade
devem ser mantidas e testadas estática da planta de processo é gerada
regularmente. em ambientes secos, poeirentos e onde
Cabos e plugs são vulneráveis e fluidos são bombeados.
requerem atenção especial. O desgaste
ocorre principalmente nos pontos onde o 3.2. Aparecimento de Cargas Estáticas
cabo entra na ferramenta ou no plug.
Para que a eletricidade estática seja
Prendedor de cabo reduz este problema.
uma fonte potencial de ignição, são
Cabos flexíveis devem ser posicionados de
requeridas quatro condições:
modo que não sejam danificados pelo
1. existência de um meio efetivo de
equipamento pesado.
geração estática,
2. existência de meios de acumulo
3. Eletricidade Estática das cargas separadas e
manutenção de uma diferença de
potencial elétrico adequada,
3.1. Introdução
3. existência da descarga de uma
A eletricidade estática é uma fonte de faísca com energia suficiente,
ignição para líquidos combustíveis e 4. existência de uma mistura
inflamáveis, gases, vapores, pós e fibras inflamável gás-ar na hora da faísca.
inflamáveis. A eletricidade estática é gerada quando
A eletricidade estática consiste de um dois corpos estão em contato direto entre
exceção ou deficiência de elétrons na si, causando a transferência de elétrons
superfície de um material. Infelizmente, a entre eles e o aparecimento de uma força
manifestação que a eletricidade estática de atração. Quando os corpos são
está presente é uma descarga elétrica que separados, deve se fazer trabalho em
elimina este excesso ou deficiência. oposição à força de atração, resultando em
Quando duas superfícies estão muito dois corpos carregados eletricamente, um
próximas, os elétrons estarão presentes com carga positiva e o outro com carga
em um lado da interface e a segunda negativa. Isto cria uma diferença de
camada com cargas de polaridade oposta potencial entre os corpos carregados e

10.6
Perigos da Eletricidade

também entre eles e o terra. Se for provido 3.3. Relaxação


um meio de condução entre eles, as
cargas se reunirão e os corpos voltam a Relaxação é o processo pelo qual os
ficar neutros eletricamente. Se não há elétrons deixam regiões carregadas
contato elétrico entre eles, as cargas negativamente e fluem para o terra ou
permanecem separadas. Eventualmente regiões carregadas positivamente, quando
esta carga pode se dissipar, as superfícies são separadas. O tempo de
descarregando através do ar, gerando uma relaxação depende da facilidade com que
faísca. A indução também pode provocar os elétrons podem fluir através do material
eletricidade estática, como ocorre na (condutividade). As superfícies condutoras
operação do capacitor e do indutor. tem pequena tendência para reter cargas
A eletricidade estática pode ser elétricas assim que elas estejam aterradas.
produzida intencionalmente ou Sempre que superfícies carregadas
acidentalmente quando: são separadas rapidamente, os elétrons
1. correia isolante passa rapidamente podem ser impedidos de mover para
por uma superfície estacionária, neutralizar cargas opostas, se a
coletando cargas geradas e condutividade do material através da qual
gerando alta voltagem, os elétrons devem passar for baixa. A
2. se fabricam folhas de papel, tecido, resistência ao movimento dos elétrons por
plásticos, fibras de vidro e de outros um metal é extremamente baixa e
materiais isolantes, facilmente ocorre a neutralização. A
3. há vazão de fluidos isolantes, eletricidade estática raramente é um
4. há interação entre superfícies problema quando ambas as superfícies
isolantes. são metálicas. Com outras substâncias,
As aplicações praticas onde pode como isolantes, o movimento dos elétrons
existir perigos estáticos são as seguintes: será impedido e após a separação, o
1. linhas de enchimento de botijões de excesso de elétrons permanece na
gás, superfície do isolante.
2. carga e descarga de veículos e Quando um tanque metálico está ligado
tanques com o terra, é considerado eletricamente
3. produção de pós orgânicos neutro (voltagem zero). O líquido
4. fabricação de explosivos carregado no tanque terá uma carga na
5. fabricação de tecidos, papel, filmes superfície. Esta carga da superfície irá
de plástico. atrair um carga oposta no tanque que está
ligado ao terra. Eventualmente, as cargas
opostas se reunirão e o líquido carregado
se torna neutro. Esta reunião de cargas é
chamada de tempo de relaxação. Quando
um líquido é isolante, o tempo de
relaxação é muito grande. O tempo de
relaxação varia de frações de segundos
até alguns minutos, dependendo da
condutividade elétrica do líquido. Se a
diferença de potencial entre a superfície do
líquido e o tanque metálico é muito
elevada, pode ocorrer a ionização do ar e
uma faísca pode pular para o tanque. Se
uma mistura vapor inflamável com ar está
presente, ocorre uma explosão ou
combustão.
No tanque isolado do terra, quando o
tanque está sendo cheio do líquido,
Fig. 9.1. Acumulação de eletricidade estática em aparece uma carga na superfície. Esta
uma linha de alimentação devida à vazão do fluido carga na superfície atrairá uma carga de
polaridade contrária no interior da parede

10.7
Perigos da Eletricidade

do tanque metálico. O exterior do tanque internamente a 21 oC fica com umidade


terá carga livre da mesma polaridade da relativa aproximada de 20%)
carga da superfície do líquido. Esta carga Em geral, a umidade relativa maior ou
é capaz de produzir uma faísca para o igual a 50% é capaz de dissipar e impedir
terra. Num caminhão tanque, esta faísca a acumulação de cargas elétricas.
pode ser entre o reservatório aberto e a O aterramento é o modo mais direto de
tabulação de enchimento, que está impedir o acumulo de cargas elétricas em
aterrada. objetos isolantes, neutralizando-os.
Acontece problemas quando o sistema
3.4. Influência da Umidade possui terras diferentes. Por definição, o
terra ideal equivale a zero volt.
A condutividade de uma folha de
A eletricidade estática deve ser
material será aumentada por qualquer
controlada pela ligação eficiente entre as
umidade presente. Um estudo da
as tubulações e veículos, colocação de
potencialidade de gerar potenciais elétricos
aditivos no produto, redução na vazão de
em fabricas têxteis capazes de iniciar a
bombeamento.
detonação de misturas explosivas ou
Os invólucros de plástico devem ser
inflamáveis indicam os seguintes efeitos da
marcados com advertências, para que
umidade a 25 oC:
sejam limpos apenas com um pano úmido
65% - os potenciais produzidos eram
para evitar a geração estática
inadequados para detonar as misturas
inadvertidamente.
explosivas ou incendiar as inflamáveis.
Outro modo de eliminar o acumulo de
35% - os contatos de nylon e lã, nylon
cargas elétricas é através da ionização do
e algodão produziram potenciais maiores
ar, tornando-se o ar condutor elétrico.
que 2650 volts, suficientes para provocar a
Os principais modos de controlar e
ignição de materiais mais sensíveis.
diminuir os efeitos da eletricidade estática
20% - potenciais mais elevados foram
são:
produzidos pelas combinações acima e
1. seleção dos materiais
pelo contato entre lã e algodão.
convenientes, evitando aqueles que
Menos de 20% - voltagens perigosas
geram eletricidade estática. Por
produzidas no corpo, mesmo com algodão.
exemplo, onde o corpo da pessoa
pode criar problema com geração
3.5. Eliminação da Eletricidade Estática de carga, deve-se usar roupa de
A eletricidade estática pode ser algodão, em vez de usar roupa de
controlada e eliminada em processos lã ou de nylon.
industriais. Podem ser usados vários 2. modificação do material, através de
métodos diferentes para dissipar as cargas revestimento da superfície com
estáticas ou para impedir a sua material condutor.
acumulação. 3. fazendo aterramento das
Há muitos materiais que são superfícies que possam acumular
normalmente isolantes, como o papel, cargas, neutralizando-as. O
madeira, pano. mas que são condutores aterramento pode ser feito para
quando úmidos. Estes materiais não qualquer reservatório de cargas
acumulam eletricidade estática apreciável, onde os elétrons podem ser
quando submetidos a uma atmosfera descarregados ou de onde eles
úmida. podem fluir. Antigamente os
A eletricidade estática se torna mais caminhos tanque eram equipados
problemática no inverno. Isto ocorre com correntes metálicas para
porque o ar atmosférico externo, que pode aterrar as cargas estáticas. Porem,
ter uma alta umidade relativa, é trazido achou-se que isso era ineficaz
para os interiores e aquecido. Quando este durante o inverso por causa da
ar é aquecido, a umidade relativa diminui baixa condutividade da superfície
(um ar externo a 0 oC quando aquecido da estrada e era desnecessário
quando a estrada estava úmida.
Seu uso não é mais recomendado.

10.8
Perigos da Eletricidade

4. neutralizadores eletrostáticos, dos podem atingir a altura de 20 km. As bases


tipos radioativo, de alta voltagem e estão à altura de 1 km a 4 km e possuem
de indução. Seu uso deve ser diâmetros de 8 a 50 km. Estas nuvens
considerado cuidadosamente pois o contem gotas d'água, partículas de gelo,
neutralizador radioativo pode ser neve e pedras de gelo. A chuva destas
perigoso para as pessoas e o de nuvens pode corresponder a 40 mm em
alta voltagem pode provocar um período curto, sobre uma área mínima
choque no pessoal. de 3 km2. Esta água pesaria mais de cem
5. umidificando o ambiente, mil toneladas, requerendo ventos
aumentando a umidade relativa ascendentes com grande velocidade para
acima de 65% para dissipar as mante-las suspensas no ar.
cargas estáticas. Este movimento de ar para cima em
Para maiores informações acerca da uma nuvem também provoca movimento
eletricidade estática, ver a norma NFPA nas pedras de geo, gotas d'água,
77. partículas de gelo e neve dentro das
nuvens. O movimentos destas cargas
entre si forma cargas elétricas dentro da
nuvem, similar à geração de cargas
estáticas. As cargas tendem a se separar,
com as negativas embaixo e as positivas
em cima das nuvens. Quando as nuvens
se movem sobre a superfície terrestre, a
carga negativa no fundo da nuvem atrai a
carga positiva da terra. Em algum
momento, uma carga vai para baixo,
saindo da nuvem, ionizando o ar e
permitindo o fluxo de uma corrente. Em
Fig. 9.2. Procedimentos de ligação e aterramento alguma distância da terra, conhecida como
para tanques e vasos distância da queda, o intervalo é
completado e isto é chamado de ponto de
discriminação. O retorno da terra contem a
4. Raio (Lightining) maior parte da descarga do raio. Um único
relâmpago pode ser composto de até 40
componentes. A velocidade varia de 160
4.1. Conceito km/h (inicio) até 32.000 km/h (raio
principal). A corrente pode atingir até
O raio é uma corrente que flui entre a
270.000 A, durante alguns micro-segundos
nuvem e os centros de carga da terra ou
ou então 10.000 A e durando mais tempo.
entre duas nuvens, usualmente de
A diferença de potencial pode chegar a 15
altíssimo valor e curtíssima duração. Se
x 106 V.
esta corrente fluir horizontalmente na
Toda esta potência pode provocar
planta pode ser gerada grande diferença
diretamente a ignição de tanque de
de potencial.
armazenagem cheio de líquido
O raio é uma causa freqüente de fogos
combustível, se o raio cai diretamente
e muitas vezes é uma causa indireta de
sobre ele ou indiretamente, induzindo
incêndio e explosões porque ele induz
faíscas, quando o raio cai na proximidade
voltagens e faíscas.
do tanque.
Há quatro tipos diferentes de raios:
1. o raio negativo para baixo,
2. o raio positivo para baixo,
3. o raio positivo para cima,
4. o raio negativo para cima.
O raio pode ocorrer entre a nuvem e o
terra e entre nuvens. O raio é gerado nas
nuvens. Estas nuvens são muito grandes e

10.9
Perigos da Eletricidade

Adicionalmente, deve-se colocar o


pára-raios, o sistema de terra e os
condutores de interligação. Teoricamente,
isto dá a corrente do raio uma trajetória de
baixa resistência para o terra. Quando a
corrente do raio encontra um caminho com
alta resistência (como madeira, pedra,
concreto), haverá perigo por causa do
altíssimo calor e das forças mecânicas.

Fig. 9.4. Fenômeno do raio

4.2. Proteção Contra Raios


Os tanques e vasos contendo líquidos
e gases inflamáveis devem ser protegidos
contra raios e não necessitam de proteção
adicional se eles são:
1. de estrutura metálica que é
Fig. 9.4. Raio e corrente elétrica associada
eletricamente continua,
2. selados para evitar o escapamento
de líquidos, vapores ou gases, Todo terminal aéreo deve ter dois
3. espessos de mm, no mínimo. condutores ligados ao terra. O terra do
Se os tanques não tem estas sistema é muito importante. O objetivo é se
características, então deve-se providênciar ter um terra com baixíssima resistência
o seguinte: (teoricamente zero ohm). O sistema típico
1. os líquidos inflamáveis devem ser do terra consiste de barras de cobre sólido,
armazenados em estruturas aço inoxidável, com diâmetro mínimo de
essencialmente vedadas a gás, 1/2" e comprimento mínimo de 2,5 metros.
2. as aberturas onde as A barra de terra deve ser enterrada, no
concentrações de vapor ou gás mínimo, 3 metros.
inflamável podem escapar para a As partes do edifício mais prováveis de
atmosfera devem ser fechadas, receber o raio são aquelas que se
3. as estruturas e todos os acessórios projetam acima dos objetos vizinhos, como
(drenos, válvulas de alivio) devem chaminé, torre, caixa d'água, poste,
ser mantidas em boas condições de parapeito. Em um teto plano, o canto é o
operação, ponto mais provável de receber o raio.
4. as misturas inflamáveis gás e ar As estruturas verticais da planta devem
devem ser evitadas de acumulação possuir um terra bem projetado. Os
em algum ponto externo da tanques e torres de processo que são
estrutura,

10.10
Perigos da Eletricidade

aterradas corretamente não necessitam de ficar em contato com as superfícies


pára-raios. metálicas ou com equipamentos
Como proteção, os pára-raios são elétricos.
colocados de modo que suas extremidade Em área externa, no campo ou no mar,
superior fique acima de qualquer estrutura uma pessoa distante de pontos altos deve
vizinha. Os terras com baixa resistência permanecer deitada. A proteção em áreas
fornecem uma passagem fácil para a abertas deve ser procurada em
corrente até o terra. Isto protege os depressões e vales, se não houver perigo
circuitos elétricos e todos equipamentos de inundação. Em área arborizada, deve-
metálicos no edifício ou estrutura de serem se procurar proteção contra chave debaixo
percorridos pela corrente do raio. O efeito de árvore de altura pequena, distante das
secundário do raio, a indução em qualquer árvores mais altas. Devem ser evitadas
condutor vizinho, pode ser absorvido pelos estruturas metálicas, pois elas agem como
terras do sistema e proteção de terra.
sobrecarga. Para informações adicionais acerca da
Durante uma tempestade elétrica, os proteção contra raio, referir a NFPA 78.
objetos naturais ou fabricados e as
pessoas podem agir como terra se ele 
estiver mais alto que a vizinhança. Mesmo
uma pessoa em um barco ou em campo
aberto é suficientemente alta para
apresentar uma trajetória de menor
resistência do que a mesma altura de ar.
Uma pessoa recebendo um raio é
eletrocutada. Uma árvore é outro terra
natural para o raio. Sozinha no campo, a
árvore fornece proteção contra a chuva
mas ela fica perigosa quando começa a
cair raios.
Certos tipos de terrenos e estruturas
são mais sujeitos a raios do que outros,
por causa das trajetórias que eles
fornecem. Tais estruturas requerem
proteção adicional para evitar danos,
outras possuem proteção inerente. Todos
edifícios com estruturas metálicas
fornecem grandes áreas indutivas que
protegem seus habitantes. Porem, a não
ser que tenham terras específicos, a
corrente proveniente do raio pode seguir
uma trajetória aleatória para o terra,
danificando circuitos e equipamentos e
dando choque em pessoas em contato
com superfícies metálicas.
As precauções que devem ser tomadas
pelas pessoas dentro de edifícios durante
tempestades com raios são as seguintes:
1. se o edifício possui estrutura
metálica e possui proteção de pára-
raios e terra adequados, ele
constitui uma proteção segura e
não se requer nenhum cuidado
especial,
2. se o edifício com estrutura metálica
não possui pára-raios, não se deve Apostila\Perigosa 92Eletricidade.doc 17 ABR 01 (Substitui 02 DEZ 93)

10.11
Conclusão Final

Todas as técnicas de proteção se baseiam em normas,


recomendações e praticas existentes, sugeridas e aplicadas em plantas
com muitos anos de experiência e comprovadamente seguras. Todos os
métodos de segurança, quando aplicados corretamente, são satisfatórios.
Todos apresentam vantagens e desvantagens, como aliás, tudo na vida.
A escolha do melhor método de proteção se baseia em aspectos técnicos
e económicos e devem se referir ao sistema completo.
As recomendações finais seriam:
1. conhecer profundamente as normas, códigos, recomendações e
praticas das agências certificadoras, legais e dos fabricantes dos
instrumentos.
2. assegurar que todas as exigências estão satisfeitas, de modo a fornecer a
segurança da sala de controle.
3. assegurar que todas as áreas da planta estejam razoavelmente
classificadas.
4. investigar a possibilidade de usar os seguintes métodos de
proteção, em ordem de prioridade:
a) segurança intrinseca
b) prova de explosão ou prova de chama
c) purga ou Pressurização
5. depois de definida e escolhida a técnica principal, conseguir a
literatura técnica sobre o sistema escolhido: as normas, os certificados de
aprovação, as recomendações e os guias do fabricante.
6. fornecer a identificação apropriada a todos os equipamentos do
sistema.
7. definir toda a filosofia de segurança e instalação e garantir a sua
aplicação total.
8. Os aparatos só devem ser usados para o objetivo para o qual ele foi
projetado e certificado. O aparato não pode ser alterado por modificação.
Não se pode permitir a deterioração devida ao tempo ou corrosão. O
aparato deve ser mantido adequadamente.
9. manter-se atualizado com todas as revisões, modificações,
correções necessárias e feitas durante a montagem, a operação e a
manutenção.
10. enfim, aceitar que segurança é, principalmente uma questão de
comportamento e de conhecimento.

12
Referências Bibliográficas

Normas de Laboratórios e Institutos

1. ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)


1.1. NBR 5363- Equipamentos elétricos para atmosferas explosivas - Invólucros a prova de
explosão - Tipo de proteção "d". (Baseada na IEC 79-1).
1.2. NBR 5410, Procedimento: Instalações elétricas de baixa tensão.
1.3. NBR 6146, DEZ 80, Especificação: Invólucros de equipamentos elétricos - Proteção.
(Baseada na IEC 529/76).
1.4. NBR 8368, Classificação: Equipamentos elétricos para atmosferas explosivas -
Temperatura máxima de superfície.
1.5. NBR 8369, Procedimento: Marcação de equipamentos elétricos para atmosferas
explosivas.
1.6. NBR 8370, JAN 84, Terminologia: Equipamentos e instalações elétricas para
atmosferas explosivas (Baseada na IEC 31 S123).
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1.8. NBR 8447, ABR 84, Equipamentos elétricos para atmosferas explosivas - Construção e
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1.9. NBR 8601 - Equipamentos elétricos imersos em óleo para atmosferas explosivas
(Baseada IEC 79-6).
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i
Instalações Elétricas em Áreas Classificadas

4. ISA (Instrument Society of America)


4.1. Electrical Apparatus for Use in Class I, Zones 0 and 1 Hazardous (Classified) Locations:
General Requirements, ISA S12.0.01, 1998 (IEC 79-0 MOD)
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Locations: Type of Protection – Increased Safety “e”, ISA S12.16.01, 1998 (IEC 79-7
MOD).
4.3. Electrical Apparatus for Use in Class I, Zone 1, Hazardous (Classified) Locations: Type
of Protection – Flameproof “d”, ISA S12.16.01, 1998 (IEC 79-1 MOD).
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of Protection – Encapsulation “m”, ISA S12.23.01, 1998 (IEC 79-18 MOD).
4.3. Recommended Practice for Classification of Lacations for Electrical Installations
Classified as Class I, Zone 0, Zone 1, or Zone 2, ISA S12.24.01, 1998 (IEC 79-10
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4.5. Electrical Apparatus for Use in Class I, Zone 1, Hazardous (Classified) Locations: Type
of Protection – Powder Filling “q”, ISA S12.25.01, 1998 (IEC 79-5 MOD).
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ii
Instalações Elétricas em Áreas Classificadas

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ATEK\APOSTILA\PERIGOSA BIBLIO.DOC 20 OUT 94

iii

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