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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INSTITUTO DE QUÍMICA

APOSTILA DE FÍSICO-QUÍMICA EXPERIMENTAL

Professores responsáveis:

Elaine Kikuti – Turma QB


Daniel Pasquini – Turma QC

Uberlândia
2021
Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Química
Disciplina: Físico-Química Experimental
Experimento 1: Lei de Boyle

Fundamentos Teóricos:

No século XVII o químico inglês Robert Boyle estabeleceu uma relação empírica
que descreve a variação de volume em função da pressão. Essa relação desde então
conhecida como “Lei de Boyle” afirma que: o volume de certa quantidade fixa de um
1
gás mantido a temperatura constante é inversamente proporcional à pressão.
Boyle estudou, primeiramente, a relação que havia entre a pressão e o volume
de um gás. 1
Para realizar seus experimentos, Boyle utilizou um tubo em formato de “J” com a
parte menor lacrada. Ele introduziu mercúrio no tubo, prendendo o ar do lado menor.
Assim, ele observou que quanto mais mercúrio ele adicionava, menor se tornava a
coluna de ar, isto é, o gás era cada vez mais comprimido. Dessa maneira, ele concluiu
que quando a pressão exercida sobre certa quantidade fixa de gás aumenta, o volume
do gás diminui como mostra a Figura 1: 2

Figura 1: imagem ilustrativa do aparelho utilizado por


Robert Boyle 3
Quando duas grandezas são inversamente proporcionais, à medida que uma se
torna maior, a outra se torna menor. Matematicamente, a Lei de Boyle pode ser
expressa como: 1
ou

O valor de a depende da quantidade e da temperatura do gás na amostra. A Lei


de Boyle é aplicada toda vez que respiramos. Para respirar desenvolve-se uma baixa
pressão nos pulmões de maneira que o ar atmosférico entre para os pulmões a uma
pressão mais alta. Em concordância com a Lei de Boyle, o volume nos pulmões deve
ser aumentado para diminuir a pressão existente nos mesmos. Este aumento no
volume irá gerar uma região de baixa pressão que irá provocar o deslocamento do ar
atmosférico para dentro dos pulmões. Por outro lado, para que o ar saia dos pulmões, o
volume dos pulmões é diminuído, tornando a pressão nos pulmões maior e gerando,
consequentemente, o escoamento do ar para a atmosfera externa, que está a uma
pressão mais baixa. 4

Objetivo:

Verificar se o ar aprisionado no manômetro segue a Lei de Boyle. E determinar a


aceleração da gravidade a partir dos dados experimentais

Materiais:
- Aparelho para leitura de hgás e hHg;
- Manômetro;
- Termômetro
- Barômetro

Procedimentos:
1 – Ler a pressão atmosférica.
2 – Medir a temperatura
3 - Efetuar a leitura de hHg e hgás, após nivelar as duas colunas de mercúrio,
considerando esse ponto como o zero.
4 - Repetir o procedimento variando hHg de 3 cm por mais 8 vezes, sendo 4 valores
positivos e 4 negativos.
5 - Desenvolver a equação de Boyle de modo a compará-la com a equação de reta.

Bibliografia:
1- BROWN, T. L, LEMAY, BURSTERn Química: A ciência central, 9ª ed., 2005
2 - ATKINS, Peter; PAULA, Julio de. Físico-Química. Vol. 1. Local: LTC, 2008,
3- http://engenhariaquimica.webnode.com.pt/galeria-de-fotos/
4 -www.demec.ufmg.br/disciplinas/ema890/aula11.pdf
5 -CHANG, Raymond. Físico Química para as ciências químicas e biológicas. 3ªed.São
Paulo: McGraw-Hill, v. 1. p. 232-235, 2008.
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Instituto de Química
Disciplina: Físico-Química Experimental
Experimento 2: Razão entre as capacidades caloríficas

Fundamentos Teóricos:
No século XIX os químicos Charles Bernard Desormes e Nicolas Clément
realizaram um experimento o qual consiste em aplicar a um gás, considerado ideal,
dois processos. O primeiro realizado foi o de expansão adiabática e em seguida um
aquecimento isocórico, que é uma transformação a volume constante. 1
De acordo com a Primeira Lei da Termodinâmica:

Em que é a variação da energia interna; q é o calor envolvido na reação e w


é o trabalho realizado.
Um processo adiabático é aquele em que não há troca de calor entre o sistema
e a vizinhança, ou seja, q = 0.2 Então a primeira lei da Termodinâmica se reduz para:

Em que a energia interna é alterada apenas pela troca de energia em forma de


trabalho. Como numa expansão o trabalho é negativo (o sistema perde energia), sua
energia interna diminui e, consequentemente, a sua temperatura também. Um
processo adiabático não envolve nenhum fluxo de calor. Assim não ocorre troca de
energia por radiação, nem por condução e convecção.
Diversos processos presentes no nosso cotidiano podem ser considerados
adiabáticos, tais como:
- Processos que são tão rápidos que não há, praticamente, tempo para a troca de calor.
Isso ocorre, por exemplo, quando o ar numa garrafa de refrigerante apresenta uma
névoa logo após abertura. O ar expande, esfria e o vapor de água condensa em
conseqüência.
- Processos que envolvem volumes de matéria tão grandes que a interface com o meio
é relativamente pequena, dificultando a troca de calor. É o caso de grandes massas de
ar que sobem ou descem na atmosfera terrestre, resultando em variações de pressão e
de temperatura. Quando o ar sobe, a pressão diminui, ocorrendo uma expansão
2
adiabática com conseqüente redução de temperatura.
O objetivo do experimento de Clément-Desormes foi determinar a relação entre
as capacidades caloríficas molares de um gás à pressão constante, C p,m e a volume
constante Cv,m.
A capacidade calorífica de um objeto é a quantidade de calor absorvida em uma
reação para que tal objeto aumente sua temperatura em 1K (ou 1°C). Capacidade
calorífica molar para substâncias puras é a capacidade calorífica de 1mol de
substância.3
No entanto o experimento de Clément-Desormes foi objeto de revisão por outros
pesquisadores devido a alguns aspectos como o escape de gás, a reversibilidade da
expansão de um gás contra a atmosfera e a politropia, que é a troca de calor entre um
sistema termodinâmico e sua vizinhança favorecida pela imperfeição do isolamento
térmico. 4
Como o resultado da relação entre as capacidades caloríficas depende de detalhes
experimentais que variam com o gás usado, o experimento de Clément-Desormes não
é confiável para obter medidas exatas. Mas devido aos aspectos citados anteriormente
o experimento é uma fonte de conceitos, contextualizações e discussões no ensino de
Físico-Química. 4

Objetivos:
Determinar a razão entre as capacidades caloríficas molares de um gás.
Verificar se o gás usado tem um comportamento mais próximo de um gás monoatômico
ou diatômico.

Materiais:
- Garrafa de 20 L
- Bomba de vácuo
- Coluna manométrica preenchida com água
- Barômetro

Procedimentos:
1 - Montar a aparelhagem de acordo com a Figura 1. A Figura 1 ilustra o equipamento
utilizado por Clement e Desormes em seu experimento.

Figura 1: Expansão adiabática de gases (aparelho de Clement e Desormes).

2 - Equilibrar as duas colunas de água, tomando-se esse ponto de referência como


sendo o zero.
3 - Fechar a mangueira c e ligar a bomba de vácuo para que o ar circule dentro da
garrafa.
4 - Fechar a mangueira b e, em seguida, a mangueira a .
5 - Abrir lentamente a mangueira c observando-se a variação de altura da água no
manômetro. Anotar a diferença entre as alturas das duas colunas.
3 - Abrir e fechar rapidamente a tampa do galão. Anotar a diferença entre as alturas
das duas colunas.
4 - Repita o procedimento
Bibliografia:
1- www.gradadm.ifsc.usp.br
2 - http://www.leb.esalq.usp.br
3 - BROWN, T. L.; LEMAY, H. E.; BURSTEN, B. E.; Química: A ciência central, 2005, 9ª
Ed.
4 - BOTTECCHIA, O. L. O experimento de Clement-Desormes no século XXI – 2010.
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Instituto de Química
Disciplina: Físico-Química Experimental
Experimento 3: Determinação da Condutividade de Solução aquosa de Ácido Acético
com diferentes concentrações

Fundamentos Teóricos:
Eletrólitos são substâncias que, quando dissolvidas em água ou outro solvente,
formam íons conduzindo, assim, corrente elétrica. Existem eletrólitos fortes, fracos e
não eletrólitos.
Eletrólitos são, em geral, substâncias orgânicas como sais, ácidos e bases. Os
não eletrólitos são compostos orgânicos como glicerina, sacarose, glicose etc.
Os eletrólitos forte são substâncias químicas que ionizam completamente em um
solvente. Os eletrólitos fracos são substâncias químicas que ionizam parcialmente em
um solvente. Já os não-eletrólitos, não se ionizam em solução. 1
Medidas de condutância elétrica permitem diferenciar eletrólitos fracos e fortes.
Eletrólitos fortes seguem a lei de Kohlrausch enquanto que eletrólitos fracos são
descritos pela lei de diluição de Ostwald.
Examinando a dependência da condutividade com a concentração é possível
determinar a condutividade de eletrólitos a uma diluição infinita e desta forma calcular o
2
grau de dissociação e a constante de dissociação de eletrólitos fracos.
Um equipamento utilizado para medir a condutância e um eletrólito é o
condutivímetro. Para medir a condutividade dos eletrólitos fracos, utilizaremos neste
experimento um condutivímetro de bancada.
Condutivímetro de bancada é um equipamento de laboratório utilizado para
medir a condutividade de variadas amostras. O condutivímetro de bancada é indicado
para as medições confiáveis de maneira simples e exata, tendo como vantagem a
indicação e compensação automática da temperatura na faixa de 0 ºC a 100 ºC.
Um condutivímetro de bancada combina a possibilidade de medição de
condutividade em Siemens por centímetro ou Siemens por metro, sólidos totais
dissolvidos (STD), teor de cinzas e temperatura de uma amostra. O condutivímetro de
bancada é utilizado em indústrias eletrônicas, químicas, controle de qualidade de água,
formulações e soluções. 3

Objetivos:
Utilizar adequadamente o condutivímetro de bancada e determinar a
condutividade do ácido acético.

Materiais:
- Solução de ácido acético 1 M
- Água destilada
- Béqueres de 50 mL
- Balões volumétricos de 100 mL
- Pipetas graduadas de 1, 5, 10 e 25 mL
- Calculadora
- Condutivímetro BEL w12D (Figura 1)

Figura 1: imagem ilustrativa do Condutivímetro BEL w12D

Metodologia:
Preparar 100 mL de soluções de ácido acético (0,5, 0,1, 0,05, 0,01, 0,005, 0,001
mol/L) a partir da diluição da solução concentrada (1 M), de acordo com a Tabela 1:
Tabela 1: concentrações, em mol/L, de cada solução de ácido acético
Solução 1 2 3 4 5 6 7
Concentração 0,001 0,005 0,01 0,05 0,1 0,5 1,0
(mol/L)

Medir a condutividade das sete soluções de ácido acético, utilizando-se o


condutivímetro, cujas concentrações estão dispostas na Tabela 1. Anotar os respectivos
valores obtidos para cada uma delas.

Bibliografia:
1 CHANG, Raymond. Físico Química para as ciências químicas e biológicas. 3ªed.São
Paulo: McGrawHill
2-www1.univap.br/spilling/FQE2/FQE2_EXP7_Eletrolitos.pdf
3-http://www.splabor.com.br/equipamentos-laboratorio/condutivimetro-de-bancada.html
4-ATKINS, Peter; PAULA, Julio de. Físico-Química. Vol. 1. Local: LTC, 2008, Cap. 21,
189.
5-http://pt.scribd.com/doc/2974443/Quimica-Condutividade-Eletrolitos
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Instituto de Química
Disciplina: Físico-Química Experimental
Experimento 4: Determinação do calor de neutralização

Fundamentos Teóricos:

Quando uma solução de um ácido e a de uma base são misturadas, ocorre uma
reação de neutralização. Os produtos da reação não têm características de soluções
ácidas nem básicas.1 Por exemplo quando o ácido clorídrico é misturado a uma
solução de hidróxido de sódio, a seguinte reação ocorre:

A maioria das reações químicas ocorre produzindo variações de energia, que


frequentemente se manifestam como variações de calor, ou variações de entalpia. Esta
é uma função de estado, assim é caracterizada por um valor numérico bem definido
para cada estado e independente da maneira pela qual o estado é alcançado.2
O calor que é liberado ou absorvido em uma reação química é determinado por
calorímetros. Este é constituído por um recipiente que funciona como um sistema
fechado onde ocorre transformações adiabáticas, ou seja, não ocorre troca de calor
com a vizinhança. Além de um termômetro e uma tampa/rolha. 3
A reação de neutralização entre um ácido forte e uma base forte libera uma
quantidade de calor que pode considerada numericamente igual ao valor do calor de
formação da água líquida, como pode ser observado na reação:

H+(aq) + A-(aq) + B+(aq) + OH-(aq) H2O+ B+(aq)+ A-(aq)

Que pode ser reescrita como:


Sendo o ácido e a base estão totalmente ionizáveis, o calor que é liberado na
reação de neutralização independe da natureza do ânion do ácido e do cátion da
base.3

Objetivo:

Aplicar uma técnica experimental simples, como a calorimetria utilizando um


frasco de Dewar, que permita determinar o calor de neutralização da solução de
hidróxido de sódio em presença de ácido clorídrico.

Materiais:

- 1 frasco de Dewar de 500 mL (Figura 1)

Figura 1: imagem ilustrativa do Frasco de Dewar

- 2 provetas graduadas de 50,0 mL


- Termômetro digital
- Termômetro de mercúrio ( 0 – 50 ºC +- 0.002 ºC)
- Densímetro
- 1000 mL de ácido clorídrico (HCl) 1 M
- 2000 mL de hidróxido de sódio (NaOH) 1 M
Procedimentos:
1 - Montar o esquema experimental de acordo com a Figura 2:

Figura 2: Frasco de Dewar usado como calorímetro

2 - Colocar no calorímetro exatamente 150,0 mL de água destilada à temperatura


ambiente e agitar moderadamente. Observar e ler a temperatura no momento em que o
calorímetro atingir o equilíbrio térmico (Ta), isto é, quando a temperatura ficar
constante.
3 - Mediu-se 50,0 mL de água gelada com a temperatura rigorosamente conhecida (Tf)
e introduzir no calorímetro.
4 - Abrir e fechar a tampa rapidamente. Agitar a mistura e anotar a temperatura no
momento em que ficou constante (Te).
5 - Medir a densidade das soluções de ácido e de base.
6 - Adicionar no calorímetro exatamente 150,0 mL de solução de hidróxido de sódio 1M
e agitar moderadamente. Esperar a temperatura ficar constante e anotar este valor
(Tb).
7 - Medir e anotar a temperatura de ácido clorídrico 1M (Tac). Colocar 50,0 mL desta
solução no calorímetro. Abrir e fechar a tampa rapidamente. Agitar e anotar a
temperatura quando a mesma ficar constante (Tn).
8- Repetir todo procedimento.
Bibliografia:
1. BROWN, T. L.; LEMAY, H. E.; BURSTEN, B. E.; Química: A ciência central, 2005,
9ª Ed.
2. MAHAN, B. M; MYERS, R.J; Química: Um curso universitário, 1995, 4ªEd.
3 . C a n o b r e , S . C . Roteiro de Laboratório: Determinação do calor de
neutralização, Universidade Federal de Uberlândia, 2012
4.http://w3.ufsm.br/juca/fsc310r1_2003_1.htm
5. LIDE, D. R. Handbook of chemistry and physics 73 rd. ed. Boca Raton: CRC, 1992
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Instituto de Química
Disciplina: Físico-Química Experimental
Experimento 5a: Determinação da Tensão superficial de líquidos puros pelo método do
anel (Du Nouy)
Fundamentos Teóricos:
Uma molécula num líquido esta sujeita a forças exercidas por todas as
moléculas vizinhas. A força resultante atuando em uma molécula na superfice, não é
zero, mas direcionada para o interior do mesmo. Para aumentar esta superfície é
necessário fazer trabalho contra as forças coesivas do líquido. O trabalho necessário
para modificar a área superficial (σ) de uma amostra, de uma quantidade infinitesimal
dσ é dado por:
dw = ϒ dσ (1)
sendo o coeficiente ϒ designado de tensão superficial; suas dimensões são de
energia/área e suas unidades são J m-2 ou N m-1.
A pressão e temperatura constantes dw = dG, logo:

(2)

onde G é a energia de Gibbs (ou trabalho máximo).

Tensão Superficial e Temperatura

A tensão superficial de quase todos os líquidos aumenta linearmente com a


temperatura segundo a equação abaixo, logo um gráfico de γ em função de T é uma
reta.

γ = γ’ (T’c -T) (3)

onde T’c é a temperatura próxima a temperatura crítica.


A tensão superficial molar pode ser definida em referência ao volume molar Vm
por:
γm = γ. Vm2/3 (4)
Que junto com a equação anterior resulta em:
γm = γ’. Vm2/3(T’c -T) (5)
onde o coeficiente de temperatura é dado por kγ = γ’. Vm 2/3, e é igual para quase todos
os líquidos (equação de Eötvös) = 2,1 .10-7 J/K.
Valores abaixo deste valor indicam associação de moléculas no líquido e valores
acima deste indicam dissociações no líquido. Algumas substâncias dão relacionamento
linear inverso da tensão superficial com a temperatura (reta decrescente), como é o
caso do óleo de oliva. Neste caso resultados experimentais fornecem:
γ(20 °C) = 41,3. 10-3 Nm-1,
e γ(120 °C) = 34,6. 10-3Nm-1,
logo ∆ γ/∆T = 6,7. 10-5 Nm-1 K-1.

Tensão Superficial e Concentração


Quando dois líquidos são misturados, o líquido que tem menor tensão superficial
vai enriquecer a área superficial da mistura. A tensão superficial γ da solução de
concentração c é definida de acordo com a equação (Szyskowski) por:
γ0 - γc = α’. Log ( 1 + b’c) (6)

onde γ0 é a tensão superficial do solvente. A constante α’ varia muito pouco de


substância para substância, enquanto b’ pode variar consideravelmente. A tensão
superficial de tal mistura não é linear com a percentagem de composição. A Tabela 1
ilustra a tensão superficial de alguns líquidos.
Tabela 1- Tensões superficiais de alguns líquidos a 25 °C.
Substância Literatura (N m-1)
Água 71,99 x 10-3
Etanol 21,97 x 10-3
Etileno glicol 47,99 x 10-3

Objetivos:
Medir a tensão superficial de líquidos puros e de misturas água/álcool etílico de
diferentes composições.
Procedimentos:
- Procedimento geral
Há várias maneiras de se medir a tensão superficial de líquidos. No presente
experimento, o equipamento a ser usado é o tensiômetro de Du Nouy, ilustrado na
Figura 1. Uma força é medida em um anel imediatamente antes de um filme líquido
desprender da superfície do líquido, utilizando um medidor de torção. A tensão
superficial é calculada do diâmetro do anel e da força aplicada:
(7)

onde F é a força que atua ao longo da aresta de comprimento L tangencial à


superfície, e se o raio do anel é r, então L = 2. 2πr (o fator 2 indica a existência de duas
películas).
O anel de medida deve estar devidamente limpo antes do uso. O anel é
colocado no equipamento segundo a figura menor e imerso no líquido a ser analisado.
O dinamômetro de torção é posicionado em “0” (figura direita), e o peso do anel
é compensado pelo ajuste da torção para que o nível do braço fique posicionado entre
as marcas (seta na figura direita). O líquido sob investigação é colocado no recipiente
(disco de cristalização) completamente limpo e o anel é totalmente submerso no
mesmo. O correto posicionamento do anel no instante da medida é feito pelo
ABAIXAMENTO da superfície do líquido (seta na figura esquerda), mantendo o braço
de torção ENTRE ASMARCAS (seta na figura direita). Isto pode ser feito abaixando o
recipiente com o líquido, visto na figura abaixo.
Figura 1: Tensiômetro Du Nouy
No experimento o líquido pode ser aquecido e agitado usando uma unidade
aquecedora e agitador magnético. Quando a temperatura alcançar a marca desejada,
desliga-se o aquecedor e espera-se estabilizar a temperatura (calor residual do prato
aquecedor). Depois se desliga o agitador e espera-se o líquido repousar em equilíbrio
mecânico. Então se ajusta continuamente o dinamômetro enquanto (simultaneamente)
a superfície do líquido é abaixada, para manter o nível do braço entre as duas marcas.
A medida (torção) é feita até no momento em que o filme líquido no anel é
arrancado da superfície do líquido (com o braço do dinamômetro mantido na horizontal
bem posicionado entre as marcas) e se lê o valor referente no dinamômetro, anotando
simultaneamente a temperatura do líquido na hora da medida. Durante todo o
procedimento de medida assegure-se que o aparato não esteja sujeito a vibrações e
esteja bem nivelado. A operação é repetida para várias concentrações e/ou
temperaturas.

Procedimento específico
Material:
- Tensiômetro de Do Nouy;
- Termômetro.
- 2 bequeres;
- 2 pipetas graduadas de 10 mL;
- Álcool etílico PA;
- Água destilada;
Uma série de experimentos será feita, à temperatura constante, para determinar
a tensão superficial de líquidos:
1- Meça a temperatura ambiente
2- Efetue a limpeza do anel: para isto, desengordure-o com álcool etílico, depois o lave
copiosamente com água destilada e seque-o;
3- Meça a tensão superficial da água pura, usando o volume indicado na Tabela 1;
4- Meça a tensão superficial de cada mistura, após a adição de cada volume de álcool
etílico no mesmo recipiente, agite o frasco para homogeneizar a solução (Tabela 1);
5-Lave o anel novamente com álcool etílico antes de medir a tensão superficial do
álcool etílico puro;
6- Meça a tensão superficial partindo do álcool etílico puro, usando o volume indicado
na Tabela 2;
7- Meça a tensão superficial de cada mistura, após a adição de cada volume de água
no mesmo recipiente, agite o frasco para homogeneizar a solução (Tabela 2).

Tabela 1- Misturas água/ álcool etílico para medida da tensão superficial.

Tabela 2 - Misturas álcool etílico/água para medida da tensão superficial.

Interpretação dos resultados:


Compare os valores de γ experimentais dos líquidos puros com os tabelados.
Com os valores de tensão superficial, medidos experimentalmente, construa os
gráficos de γ em função da porcentagem de álcool etílico e de γ em função da
porcentagem de água. Discuta os resultados obtidos em relação ao comportamento
previsto pela teoria.

Bibliografia:
1-SHOEMAKER,D.P., GARLAND, C.W., NIBLER, J.W., Experiments in Physical
Chemistry, 5th Ed., McGraw Hill, N.York, 1989.
2- SHAW, D. J., Introdução à Química dos Colóides e de Superfícies, trad. J. H. Maar,
São Paulo: Edgard Blucher/EDUSP, 1975.
3- LIDE, D. R. Handbook of chemistry and physics 73 rd. ed. Boca Raton: CRC, 1992.
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Disciplina: Físico-Química Experimental
Experimento 5b: Determinação da Tensão superficial de líquidos puros pelo método da
bolha
Fundamentos Teóricos:
A tensão superficial é a quantidade de energia necessária para alterar uma
superfície em condições isotérmicas e isobáricas e corresponde a mudança na energia
livre pela variação da área superficial.

(1)

Este método é o método em que uma bolha de gás, normalmente o ar, emerge
do tubo capilar que é imerso no líquido de análise. A sobre-pressão requerida para isto
terá que sobrepor a pressão hidrostática (ph) da coluna dada por:
ph = ρ.g.h (2)
onde h = altura de imersão do tubo capilar, g = aceleração da gravidade, e ρ =
densidade do líquido. Por outro lado a pressão capilar (pσ) deve ser sobreposta. Ela é
a diferença entre a pressão interna e externa da bolha. Durante o aumento do volume
da bolha de gás, um trabalho a pressão constante ocorre tal que:

dw = pσ dV = pσ 4π r2 dr (3)
onde r é o raio do capilar.
Este trabalho referente à energia do aumento da área superficial σ obtida da
equação (1), é dado por:

dG = γ dσ = γ d(4π r2) = γ (8π r dr )(4)


Como dw = dG temos que 8γ π r dr = pσ 4π r2 dr ou pσ = 2γ/r que é a equação
de Laplace para superfícies curvas. Logo, a pressão total para que a bolha seja
empurrada tubo abaixo até emergir dentro do líquido é a soma da pressão capilar (pσ)
mais a pressão hidrostática (ph). Ou seja, Pmax = ρ.g.h + 2γ/r. Desta forma, pode-se
calcular a tensão superficial sem necessidade de saber o ângulo de contato do líquido
com o capilar, através de: γ = r/2 (pmax - ρgh). Se o raio do capilar não é um parâmetro
conhecido, pode-se determiná-lo usando um líquido de tensão superficial conhecida
como a água. Então,
(5)

A pressão pmáx é medida pela diferença de altura entre os dois meniscos do


manômetro. Para a conversão em N m-2 é válida a relação 1 mm de altura da coluna de
água corresponde a 9,798 N m-2.
Dados: g = 9,807 m s-2, densidades do álcool etílico (0,7893 .103 kg.m-3) e do
Etilenoglicol (1,1088 . 103 kg.m-3) e tensões superficiais ilustradas na Tabela 1.
Tabela 1- Tensões superficiais de alguns líquidos a 25 °C.

Objetivos:
Determinar o diâmetro do tubo capilar usando água destilada como líquido de
calibração. Determinar a tensão superficial do álcool etílico e do etilenoglicol.

Materiais:
- Aparato para medida da tensão superficial, como ilustrado na Figura 1;
- Termômetro.
- Álcool etílico PA;
- Etileno glicol;

Procedimento:
1- Monte o experimento de acordo com a Figura 1. O tubo capilar deve estar
devidamente desengordurado antes do uso. Para isto faça uma imersão por pelo
menos uma noite em água régia (um volume de ácido nítrico concentrado para 3
volumes de ácido clorídrico concentrado). Depois, lave-o copiosamente com água
destilada e seque-o.
2- Conecte uma pipeta Pasteur ao capilar com mangueira fina de silicone, de tal
maneira que a ponta inferior do capilar fique posicionado cerca de 20 mm abaixo do
nível do líquido.
3- Determine a medida exata desta altura imersa (~20 mm) com uma régua precisa,e
guarde este dado. Esta medida, que corresponde exatamente à profundidade de
imersão do tubo capilar no líquido é a altura h da equação 2.
4- Molhe o capilar internamente subindo o béquer até que o líquido suba uma altura
máxima em seu interior. Retorne o mesmo à sua posição inicial e inicie o experimento.
A regulagem da pressão no arranjo experimental é feita com a ajuda de garrafas de
água de acordo com o princípio de tubos comunicantes como na Figura 1. Com a
torneira aberta iguale os dois ramos do manômetro.
5- Feche a torneira e gere uma sobre-pressão para levar o líquido a sair pela
extremidade inferior do capilar, pela elevação muito lenta de uma das garrafas cheias
de água, pelo macaco.
6- Determine a diferença de altura entre os dois ramos do manômetro em U,
rapidamente antes que a bolha saia do capilar dentro do líquido.

Figura 1:aparato para medida da tensão superficial de líquidos pelo método da pressão da
bolha

Interpretação de resultados:

-Mede-se a pressão máxima a partir da diferença da altura de água nos dois ramos do
manômetro em U que será utilizada na equação 5.
- A partir da calibração com água, utilizando-se a equação 5 calcula-se o raio do capilar.
- Troca-se a água por álcool etílico ou etilenoglicol e com o valor do raio do capilar
calculado anteriormente para a água, utilizando-se a equação 5 calcula-se a tensão
superficial do respectivo líquido puro.
- Compare o valor da tensão superficial do líquido determinado experimentalmente com
o valor tabelado do Handbook e comente as possíveis fontes de erro.

Bibliografia:
1-SHOEMAKER,D.P., GARLAND, C.W., NIBLER, J.W., Experiments in Physical
Chemistry, 5th Ed., McGraw Hill, N.York, 1989.
2- SHAW, D. J., Introdução à Química dos Colóides e de Superfícies, trad. J. H. Maar,
São Paulo: Edgard Blucher/EDUSP, 1975..
3-LIDE, D. R. Handbook of chemistry and physics 73 rd. ed. Boca Raton: CRC, 1992
Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Química
Disciplina: Físico-Química Experimental
Experimento 6: Diagrama Binário

Fundamentos Teóricos:
Um diagrama de fase se traduz em um gráfico no qual é possível observar as
condições de equilíbrio entre fases termodinamicamente distintas. Mais
especificamente na química, quando se trata de estados da matéria, um diagrama de
1
fase é também chamado de carta termodinâmica.
Este diagrama, seja de uma substância pura ou de uma mistura de substâncias,
mostra em que regiões de pressão e temperatura as diversas fases são
termodinamicamente estáveis. 1
Podem ser construídos diagramas de fases onde mais de um componente puro
está presente. Assim, a concentração torna-se uma variável importante de se
observar. Esses diagramas de fases com mais de duas dimensões, mostras o efeito
1
de duas ou mais variáveis na fase de uma substância.
Ao traçar um diagrama de fase da temperatura em função das concentrações
relativas em uma mistura binária, temos um diagrama de fases chamado de diagrama
1
binário, mostrado na Figura 1.

Figura 1: Representação gráfica de um diagrama de fases binário em que a temperatura está


2
em função da concentração das substâncias envolvidas.
Nas regiões bifásicas, é possível determinar as quantidades relativas de casa
3
fase em equilíbrio utilizando a Regra da Alavanca:
Em uma mistura há alguns aspectos importantes de serem observados: a fase,
o número de constituintes e a quantidade de componentes.
A fase identifica um estado uniforme da matéria, não apenas no que diz
respeito à composição química, mas também no que se refere ao estado físico.
Constituinte é qualquer espécie química (íon ou molécula) que esteja presente no
4
sistema. Componente é um constituinte independente do sistema.
Tendo como base alguns conceitos termodinâmicos, J. W. Gibbs derivou uma
equação em que se define o número de fases que, em certas condições de pressão,
temperatura e composição, podem coexistir em um determinado sistema. Esta
equação, denominada Regra de Fases de Gibbs, é dada por:

Onde P é o número de fases coexistentes no sistema, C é o número de


componentes do sistema e F é o grau de liberdade do sistema. Geralmente, um
componente do sistema é um elemento, ou um composto ou ainda uma solução. O
grau de liberdade é definido pelo número de variáveis (pressão temperatura e
composição de fase) que podem ser mudadas independentemente se alterar o
número de fases em equilíbrio no sistema. 5
Uma mistura de líquidos composta de dois ou mais componentes que, em
determinadas proporções dos constituintes, formam uma mistura com ponto de
1
ebulição (P.E.) fixo e constante, é chamada de mistura azeotrópica.
Nas misturas cujo ponto de ebulição é maior que os das substâncias que as
formam, temos um azeótropo de máximo. Um azeótropo de mínimo é aquele que
possui um P.E. menos que das substâncias que o forma. Em um azeótropo de
máximo, as interações entre as substâncias A e B são favoráveis. O contrário
acontece nos azeótropos de mínimo, onde as interações são desfavoráveis. Os
3
gráficos das misturas azeotrópicas estão representados nas Figuras 2 e 3.
Figura 2: Gráfico representativo de um azeótropo de mínimo de duas substâncias qualquer.
Este gráfico pode variar de acordo com a temperatura de ebulição de cada substância 1

Figura 3: Gráfico representativo de um azeótropo de máximo de duas substâncias qualquer.


Este gráfico pode variar de acordo com a temperatura de ebulição de cada substância 1

Um azeótropo homogêneo é aquele em que não há separação das fases


líquidas quando este é condensado. Há completa miscibilidade, tornando a separação
mais difícil. Uma mistura azeotrópica heterogênea é aquele em que as fases líquidas
são imiscíveis numa faixa de composição e se separam quando condensadas. Há um
equilíbrio entre uma fase vapor e as duas fases líquidas. 1

Objetivos:
Construir o diagrama de fases da mistura clorofórmio e acetona e medir o
índice de refração da mistura.
Materiais:
- Sistema de destilação (Figura 4)

RESÍDUO

Destilado

Figura 4: Imagem ilustrativa do sistema de destilação utilizado no experimento 3


- Clorofórmio PA
- Acetona PA
- Béquer de vidro de 250 mL
- Funil de vidro
- 2 provetas de 50 mL
- Refratômetro de Abbe (Figura 5)

6
Figura 5: Imagem ilustrativa do Refratômetro de Abbe utilizado no experimento
Procedimentos:

1ª Parte:

1 - Colocar 69,0 mL de acetona no balão de destilação e destilar até que a temperatura


fique constante.
2 - Coletar 2 mL da solução destilada e desligar a manta de aquecimento.
3 - Após resfriar, coletar 2 mL da solução contida no frasco resíduo.
4 - Medir o índice de refração desta solução coletada e da solução destilada.
5 - Adicionar 15 mL de clorofórmio ao balão de destilação e repetir o que foi feito em 1,
2, 3 e 4.
6 - Repetir o procedimento adicionando-se os volumes de clorofórmio contidos na
Tabela 1:

Tabela 1: volumes de acetona e clorofórmio a serem destilados


Acetona / mL Clorofórmio / mL
69 0
69 15
69 22
69 37,5
69 60

2ª Parte:
1 - Colocar 65 mL de clorofórmio no balão de destilação e destilar até que a
temperatura permaneça constante.
2 - Coletar 2 mL da solução destilada e desligar a manta de aquecimento.
3 - Após resfriar, coletar 2 mL da solução contida no frasco resíduo.
4 - Medir o índice de refração desta solução coletada e da solução destilada.
5 - Adicionar 5 mL de acetona ao balão de destilação e repetir os passos 1, 2, 3 e 4.
6 - Repetir o procedimento adicionando-se os volumes de acetona contidos na Tabela
2.
Tabela 2: volumes de clorofórmio e acetona a serem destilados
Clorofórmio / mL Acetona / mL
65 0
65 15
65 12,5
65 20
65 32,5

Bibliografia:
1 -http://pt.scribd.com/mariana_henrique_3/d/57259172-Relatorio-8
2 -Atkins, P. e de Paula, J., Físico-Química. 7a Ed., Vol 3, Livros Técnicos e Científicos
Editora, 2003.
3- C a n o b r e , S . C . Roteiro de Laboratório: Determinação do calor de
neutralização, Universidade Federal de Uberlândia, 2012
4-www.quimica.ufpb.br
5- http://www.fem.unicamp.br/~caram/capitulo9.pdf
Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Química
Disciplina: Físico-Química Experimental
Experimento 7: Determinação de volumes parciais molares

Fundamentos teóricos:
O conceito de propriedade parcial molar é relevante na análise de sistemas
homogêneos, pois a partir deste é possível determinar a variação de uma propriedade
com temperatura, pressão e a composição de outros componentes da mistura
constantes. É fácil visualizar o volume molar parcial de uma substância em uma
mistura. Este volume molar é definido pela variação do volume total da mistura quando
1
se adiciona 1 mol desta substância à um grande excesso da mistura.
É necessário ressaltar que, apesar de o volume parcial molar do componente A, VA,
se referir apenas ao componente A, tal volume expressa a influência das interações
entre A e os demais componentes da mistura. Isso significa que VA depende, além das
suas variáveis termodinâmicas, da natureza de todos os componentes da mistura. Isto
1
é válido também para as demais propriedades parciais molares.
Ao preparar uma solução, tendo temperatura e pressão constantes, de nA mols de
uma substância A e nB mols de uma substância B, o volume final da mistura, quando
ela for ideal, Vid, será a somatória entre os volumes de A e de B puros. Isto é, não
existe variação no volume (∆mist) em consequência da mistura.
∆mist = 0 Equação 1
Vid = nA x V°m, A + nB x V°m, B Equação 2

Sendo V°m, A = volume molar de A puro


e
V°m, B volume molar de B puro

No entanto, as expressões (1) e (2) não são válidas pois, ao misturar as


substâncias A e B, verifica-se um volume diferente da soma dos volumes inicias das
duas substâncias participantes da mistura. Se faz necessário deduzir equações
equivalentes para soluções reais. 2
Considerando-se o volume total (V) de uma mistura, que é uma propriedade
termodinâmica extensiva (que depende do tamanho, da quantidade de massa que
contém) e um sistema binário composto por n A mols de uma substância A e nB mols
de uma substância B e as frações molares xA = nA / n e xB = nB / n. As propriedades
parciais médias (X) são definidas por: Xm = X / n. As propriedades parciais molares são
dadas por:
Xm,A = (∂ X / ∂ nA) p,T, nB e Xm,B = (∂ X / ∂ nB) p,T, nA Equação 3
No caso de volumes parciais molares:
Vm,A = (∂ V / ∂ nA) p,T, nB e Vm,B = (∂ V / ∂ nB) p,T, nA Equação 4
Onde Vm,A e Vm,B são os volumes parciais médios de A e B, respectivamente.
Os volumes parciais molares estão relacionados com os volumes totais da
solução. Assim:
V = nA x Vm,A + nB x Vm,B Equação 5

As derivadas parciais mostram a colaboração de um mol de certa substância de


uma dada solução, mantendo-se as frações molares constantes, tendo pressão e
temperatura conhecidas. Sendo os volumes parciais molares nossa propriedade em
estudo, o volume parcial molar do componente A (ou B) equivale à mudança de volume
da solução, com pressão e temperatura constantes, desencadeada pela adição de um
mol de A (ou de B) a uma quantidade infinitamente grande de solução, de tal forma que
a adição desta não altere a sua composição. 2
A diferença entre o volume da solução, V, e o volume dos componentes não
misturados, Vid, é resultado das diferenças entre as forças intermoleculares na solução
e nos componentes puros e das diferenças entre o empacotamento das moléculas na
solução e nos componentes puros, devidas aos diferentes tamanhos e formas das
2
moléculas das substâncias misturadas.

Objetivos:
Determinar os volumes parciais molares dos componentes de uma solução
binária constituída por etanol e água.

Materiais:
- álcool etílico absoluto PA
- água destilada
- 2 pipetas graduadas de 10 mL
- 2 bequeres de 250 mL
- 9 frascos de vidro com tampa cap. 100 mL
- 01 picnômetro de 10 mL
- pêra de borracha
- papel higiênico
- 01 termômetro de vidro escala -10/110 °C
- termostato

Procedimentos:

Figura 1: imagem ilustrativa do esquema experimental


1 - Monte um esquema experimental de acordo com a figura 1. É necessário garantir a
temperatura constante durante o experimento. Para isso, utiliza-se o termostato a
temperatura ambiente.
2 - Calibre um dos picnômetros de 5,00,10,00 ou 25,00 ml, pesando a massa de sua
capacidade volumétrica de água cuja densidade é conhecida, com uma precisão de no
mínimo 0,001g. Prepare misturas de etanol-água de acordo com o quadro abaixo,
pesando os frascos âmbar no laboratório de acordo com a tabela abaixo, com precisão
de 0,001g. Isto é feito adicionando cuidadosamente com uma pipeta (de preferência
Pasteur) gota a gota em um frasco com tampa (tarado), o primeiro componente (por
exemplo água), até atingir a massa desejada (anote).
3 - Após zerar (tarar) a balança, adicionar o segundo componente no mesmo frasco,
até atingir o peso desejado (anote), tampando rapidamente o frasco. Após esta etapa,
preencha até a marca o picnômetro com cada uma das misturas conhecidas.
4 – Pese os picnômetros meticulosamente tomando o cuidado de verificar o volume e
secando-o exteriormente. Das diferenças de peso é possível determinar a massa do
volume da mistura.
Tabela 1: volumes de etanol e água a serem colocados nos picnômetros

Interpretação dos resultados:


1- Calcule as composições fracionais molares partindo das massas pesadas de Etanol
(A) e da água (B) nas misturas.
2- Pelas densidades das misturas ( = m/V) e as massas das mesmas, pode-se
calcular o volume das misturas Vr feitas inicialmente . Este valor pode ser convertido
em volume molar médio V̅r utilizando a equação (4) e, então em Volume molar médio
da mistura ( MV̅) das equações (2) e (5).
3- Os volumes molares dos líquidos puros a 20 °C ou 293,15K, são 58,277 mL mol-1
(etanol) e 18,073 ml mol -1 (água).
4- Grafique o MV̅ em função de XA, e determine os quocientes diferenciais das
curvaturas em cada composição.
5- Calcule os volumes parciais molares dos dois componentes, equações (7), e
construa as curvas destes valores em função da composição da mistura.

Bibliografia:
1- CHANG, Raymond. Físico Química para as ciências químicas e biológicas. 3ªed.São
Paulo: McGraw-Hill
2- ATKINS, Peter; PAULA, Julio de. Físico-Química. Vol. 1. Local: LTC, 2008
Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Química
Disciplina: Físico-Química Experimental
Experimento 8 : Determinação do ponto de congelamento

Fundamentos Teóricos:
As propriedades de elevação do ponto de ebulição (elevação ebulioscópica), o
abaixamento do ponto de congelamento (abaixamento crioscópico) e a pressão
osmótica, são provocadas pela presença de um soluto no solvente. Em soluções
diluídas, estas propriedades dependem exclusivamente do número de partículas do
soluto presente e não da natureza das partículas. Por isso, essas propriedades são
chamadas de propriedades coligativas ou coletivas (significa que “dependem do
conjunto” e não do indivíduo). 1

Para derivar as equações que descrevem esses fenômenos, admitem-se duas


suposições: 1) o soluto não seja volátil, de modo que ele não contribui para o vapor da
solução; 2) o soluto não se dissolve no solvente sólido, ou seja, o solvente sólido puro
se separa quando a solução é congelada. 1Todas essas propriedades provêm da
diminuição do potencial químico do solvente líquido provocado pela presença do soluto.
A redução faz este potencial passar de µA*, quando o solvente está puro, para µA*+
RTlnXA, quando o soluto presente está presente (ln xA é negativo, pois xA<1). Não há
nenhuma influência direta do soluto sobre o potencial químico do solvente na fase de
vapor ou do solvente sólido, pois não existe soluto o vapor ou no sólido, pelas
hipóteses adotadas. A Figura 1 apresenta a redução do potencial químico do solvente
implica que o equilíbrio líquido-vapor ocorra em temperaturas maiores (o ponto de
ebulição do solvente se eleva) e que o equilíbrio sólido- líquido ocorra em temperaturas
menores (o ponto de congelamento do solvente fica menor). Esse abaixamento do
potencial químico do líquido tem efeito maior sobre o ponto de congelamento em
virtude dos ângulos de interseção das retas. 1
Figura 1:Representação gráfica do potencial químico do solvente na presença do soluto. Fonte:
Atkins 2002
Uma das propriedades coligativas é o abaixamento do ponto de congelamento.
As pessoasque moram em clima frio presenciam um exemplo de abaixamento no ponto
de congelamento: no inverno, o gelo nas estradas e nas calçadas derrete-se
prontamente quando se joga um pouco de sal sobre ele. Este método de derretimento
abaixa o ponto de congelamento da água. Outro exemplo é o composto orgânico
etilenoglicol que é um anticogelante comum de automóvel e para remover camadas de
1 2
gelo sobre aviões. , Uma análise termodinâmica do abaixamento no ponto de
congelamento é feita para a elevação do ponto de ebulição. Neste caso considera-se
que o equilíbrio heterogêneo ocorre entre um solvente A puro, sólido, e a solução com
o soluto presente numa fração molar xB. No ponto de congelamento, os potenciais
químicos de A nas duas fases são iguais:

Neste caso no caso do cálculo deve-se considerar o potencial químico do sólido


puro em lugar do potencial químico de vapor puro. Portanto, pode-se escrever que:
Onde ∆T é abaixamento do ponto de congelamento e ∆fusH é o entalpia molar
de fusão dosolvente. Os abaixamentos maiores são obervados para solventes que têm
entalpias defusão baixas e pontos de fusão elevados. Quando a solução é diluída, a
fração molar é proporcional à molalidade do soluto, b, e é comum escrever-se a
equação anterior na forma ∆T = K f b, no qual K f e a constante crioscópica. Sendo
conhecida a constante crioscópica do solvente, o abaixamento crioscópico pode ser
usado para medir a massa molar do soluto; esta técnica é conhecida como crioscopia. 1
O fenômeno de abaixamento do ponto de congelamento pode também ser
entendidoestudando a Figura 2 a seguir:

Figura 2:Representação do Diagrama de fases da água pura (linhas vermelhas contínuas)e da


água numa solução aquosa com um solvente não volátil (linhas vermelhas tracejadas) Fonte:
Chang (2008)
Observa-se na Figura 2 que a 1 atm, o pondo de congelamento da solução se
localiza no ponto de intersecção da linha tracejada (entre as fases sólido e líquido) e a
linha horizontal a 1 atm. É interessante notar que, enquanto o soluto deve ser não
volátil no caso da elevação do ponto de ebulição, tal restrição não se aplica ao
abaixamento decongelamento. Uma prova dessa afirmação está no uso do etanol
(P.E.= 361,65 K) como anticongelante. 2
Objetivos:
Determinar a diminuição no ponto de congelamento da água após adição de
uma quantidade de um eletrólito forte (NaCl). Com esse valor, determinar a Massa
Molar do soluto e o número de íons gerados em solução de eletrólito (fator de van’t
Hoff).

Procedimentos:
Monte um esquema experimental de acordo com a figura. O aparato consiste de
dois frascos cilíndricos arranjados de forma concêntrica e envoltos por uma jaqueta
refrigerante. O recipiente externo (jaqueta externa) que envolve os recipientes
concêntricos (frasco de congelamento + frasco cilíndrico) é preenchida com uma
mistura recentemente preparada de gelo moído e água e NaCl (técnico) que constitui a
mistura refrigerante, que quando na proporção de 23% de NaCl e 77% de H2O
ponderais é o ponto eutético da mistura que funde a –21,1°C.

O frasco cilíndrico,
que envolve o frasco de congelamento, é preenchido somente com etanol técnico para
que a transmissão de calor entre o frasco mais interno (solvente/solução) e o mais
externo (jaqueta refrigerante), seja o mais uniforme possível. No frasco de
congelamento(solvente/solução) serão colocados o solvente puro, num primeiro
momento e depois a solução, e o ponto de congelamento será medido nos dois casos.
O líquido tem que estar sendo homogeneizado (agitação mecânica ou magnética) para
um congelamento uniforme. A temperatura é medida de tempos em tempos através de
um termômetro (ou um termopar) enquanto o solvente/solução vai resfriando. Uma
curva de resfriamento (T) em função do tempo (t) pode ser construída. Esta curva
(figura abaixo) só pode ser bem construída quando a temperatura externa estiver bem
abaixo da temperatura ambiente em pelo menos –15 °C. Para isto a mistura
refrigerante deve ser muito eficiente, e a troca de calor entre a jaqueta refrigerante e o
ambiente deve ser evitado. O envolvimento em isopor é recomendado.
1- Coloque 15,00 ml de água pura com uma pipeta dentro do tubo interno de amostra.
2- Prepare a mistura refrigerante (gelo moído + água) dentro do frasco refrigerante
(jaqueta externa) (deixando um buraco cilíndrico para inserir a jaqueta interna isolante)
e envolva-o rapidamente com o isopor.
3- Na jaqueta interna isolante coloque pequena quantidade de etanol técnico (30-50 ml)
para atuar como isolante. Insira o tubo interno com a amostra (água). Quando a
temperatura da amostra atingir ~ 15 °C, inicie o processo de medida da temperatura da
amostra (água) em função do tempo de contato (60-60 seg.).
4- Determine, segundo os gráficos abaixo, a temperatura de congelamento da água
(T*).
5- Jogue fora toda a água congelada do tubo interno lavando com água destilada
através de uma pisseta.
6- Repita o procedimento adicionando no tubo interno uma solução contendo uma
quantidade precisa de 600 mg de NaCl dissolvida em 15,00 ml de água destilada,
obtendo- se o T1.
7- Uma segunda medida pode ser feita em seguida com uma nova solução contendo
900 mg de NaCl dissolvidos em 15,00 ml de água destilada, obtendo-se T’1. Os ∆T
podem ser então medidos e correlacionados com a molalidade da solução, de acordo
com ∆T = Kf.b, onde b é a concentração molal da solução em mols de soluto por
kilograma de solvente e Kf a constante crioscópica da água (= 1,86 K Kg mol-1). A partir
do Kf da água e de b calculado corretamente se obtém a massa molar do soluto
dissociado .
8- Compare os valores obtidos da massa molar de NaCl com a massa molar deste
composto.
Bibliografia:
1- ATKINS, P. e PAULA, J de. Físico- Química. 7 ª ed. Rio de Janeiro: LTC-
LivrosTécnicos e Científicos, v. 1, p. 180- 183, 2002.
2- CHANG, Raymond. Físico Química para as ciências químicas e biológicas. 3ªed.São
Paulo: McGraw-Hill, v. 1. p. 232-235, 2008.
Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Química
Disciplina: Físico-Química Experimental
Experimento 9: Adsorção do ácido acético em carvão ativado

Fundamentos Teóricos:
A adsorção é um fenômeno de caráter físico-químico no qual o componente em
uma fase líquida ou gasosa é deslocado para a interface de uma fase sólida. Os
componentes que ficam aderidos à superfície são chamados adsorbatos e, a fase
sólida que retém o adsorbato é chamada adsorvente. Quando as moléculas são
removidas a partir da superfície tem-se o nome de dessorção. A migração dos
componentes de uma fase para outra acontece devido a diferença existente entre as
concentrações, o seio do fluido e a interface do adsorvente. Em geral, utilizam-se
adsorventes cuja composição é feita de partículas que são empacotadas em um leito
fixo por onde atravessa a fase fluida de maneira contínua até que não haja mais
transferência de massa. Quanto maior for a superfície do adsorvente, maior será a
eficiência da adsorção, tendo em vista que o adsorbato concentra-se na interface do
adsorvente. Por essa razão, geralmente os adsorventes são sólidos com partículas
1
porosas.
Um adsorvente bastante utilizado é o carvão ativado. O carvão ativado é uma
variação do carbono tratado, poroso, de origem natural e de grande importância devido
às suas propriedades adsortivas. Elimina odores, mau gosto e substâncias orgânicas
adsorvidas. Sua enorme área superficial interna de 600 a 1.200 m²/g é a característica
física mais significativa. Esta área superficial interna é produzida por oxidação e o
material cabonáceo desenvolve uma rede porosa que retem a substância a ser
adsorvida. 2
Os compostos continuam adsorvidos na superfície do adsorvente pela ação de
diversos tipos de interações químicas como as Ligações de Hidrogênio, Interações
Dipolo-Dipolo e Forças de London ou Van der Waals.1
Existem duas maneiras de as moléculas e átomos se ligarem a uma superfície
sólida. Numa adsorção física o liga o adsorbato e o adsorvente são interações de Van
der Waals. Essas interações possuem longo alcance, mas são fracas, e a energia
liberada na adsorção de uma partícula é da mesma ordem de grandeza que a entalpia
de condensação. Essa energia pode ser absorvida como vibrações da rede do
adsorvente e dissipada como movimento térmico. Ao se deslocar sobre a superfície
adsorvente, a molécula perde energia e acaba por ser adsorvida. A este processo é
dado o nome de acomodação. Para medir a entalpia de adsorção física, basta
acompanhar a elevação da temperatura de uma amostra com capacidade calorífica
conhecida. Estes valores estão na faixa de 20 kJ mol -1. Essa variação de entalpia,
apesar de pequena, é suficiente para romper as ligações químicas, e por esse motivo
uma molécula adsorvida fisicamente retém sua identidade, mesmo podendo ser
deformada pela presença de campos de força da superfície. 3
As moléculas ou átomos, numa adsorção química, unem-se à superfície
adsorvente por ligações químicas, geralmente covalentes, e se acomodam em sítios
que são propícios a um número de coordenação máximo com o substrato. A entalpia de
adsorção está na faixa de 200 kJ mol -1 e a distância entre a superfície do adsorvente e
o átomo mais próximo do adsorbato é menor do que na adsorção física. Uma molécula
adsorvida quimicamente pode ser decomposta devido as forças de valência dos
átomos na superfície. É a existência de fragmentos moleculares adsorvidos que
3
responde, em parte, pelo efeito catalítico das superfícies sólidas.
A variação de θ com a pressão, a uma temperatura constante, é uma isoterma
de adsorção. Sendo que, θ= número de sítios .

Um dos modelos teóricos mais simples de adsorção é o de Langmuir, para


adsorção química. Sua isoterma está baseada em três hipóteses:
1 – A adsorção não pode ir além do recobrimento com uma monocamada.
2 – Todos os sítios de adsorção são equivalentes uns aos outros e a superfície é
uniforme.
3 – A capacidade de uma molécula ser adsorvida num certo sítio é independente da
ocupação dos sítios vizinhos.3
Outra isoterma é a de Freundlich. Ela corresponde a uma variação logarítmica e
procura levar em conta a influência das interações substrato-substrato existentes na
3
superfície. A equação de Freundlich foi originalmente introduzida, admitindo-se uma
distribuição logarítmica de sítios ativos, que constitui um tratamento válido quando não
existe interação apreciável entre as moléculas de adsorbato.O modelo de Freundlich
admite adsorção em multicamadas, ou seja, se trata de adsorção física. A capacidade
de adsorção Qe é dada pela equação 1:

Equação 1

Em que:
KF é a constante de Freundlich (mg g-1);
n é um parâmetro empírico;
A constante de Freundlich (KF) relaciona-se com a capacidade de adsorção, ea
constante n relaciona-se com a intensidade de adsorção. Valores de n na faixa 1< n
<10 indicam adsorção favorável. Em sua representação linear a Equação de Freundlich
assume a forma da equação 2.

Equação 2

O gráfico de lnQe em função de lnCe é uma reta com interseção igual a ln KFe
inclinação igual a 1/n.4
No presente experimento estudaremos as propriedades adsortivas do carvão
mineral e as isotermas de Langmuir e Freundlich.

Objetivos:
Determinar a isoterma de adsorção do ácido acético sobre a superfície de
carvãoativo e discutir quais fatores que podem influenciar na adsorção.
Materiais:
- Pipetas graduadas de 5 e 10 mL;
- 1 balão volumétrico de 250 mL e 5 de 100 mL;
- 1 erlenmeyer 125 mL;
- 1 bureta 25 mL;
- balança analítica;
- carvão ativo;
- 5 erlenmeyers de 250 ou 300 mL com rolha;
- funil de vidro;
- papel de filtro qualitativo de diâmetro 12,5 cm;
- suporte universal para filtração com argola;
- ácido acético 2 M.
- 500 mLNaOH 0,5 M com fator de correção = 1,005;
- fenolftaleína;
- etiquetas.

Procedimentos:
1 - Preparar de uma solução de 250 mL de ácido acético de 2 M.
2 – Padronizar uma alíquota de 5 mL empregando uma solução de NaOH.
3 – Repetir o procedimento 1 e 2 e calcular a médias dos valores encontrados.
4 – Preparar 100 mL de solução de ácido acético nas concentrações de 2,0; 0,7; 0,25;
0,1; 0,05 M.
5 - Pesar aproximadamente 2 g de carvão e transferir para cada um dos 5 frascos com
as concentrações de ácido acético e deixá-los em repouso por uma semana.
6 - Filtrar as soluções separando–as do carvão.
7 – Titular alíquotas das 5 soluções com a mesma solução de NaOH da semana
anterior.
8 - Anotar os volumes gastos de NaOH em cada titulação para posteriores cálculos.

Bibliografia:
1 - http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/10607/10607_4.PDF
2 - http://www.meiofiltrante.com.br/materias.asp?action=detalhe&id=254
3 –ATKINS, Peter. Físico-Química. Oitava Edição. Rio de Janeiro: LTC, 2008.329 –334
4 –PORPINO, Karla. BIOSSORÇÃO DE FERRO (II) POR CASCA DE CARANGUEJO.
Paraíba: UFPB, 2009. 93 p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação em
Química, Departamento de Química, Centro de Ciências Exatas e da Natureza,
Universidade Federal da Paraíba, 2009.
Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Química
Disciplina: Físico-Química Experimental
Experimento 10 - DETERMINAÇÃO DA LEI DE VELOCIDADE DA REAÇÃO DO
CRISTAL-VIOLETA COM O HIDRÓXIDO DE SÓDIO

Fundamentos Teóricos:
O cristal violeta (cloreto de hexametilpararosanilina, Figura 1), um corante
do grupo dos trifenilmetanos, desde 1890, é de amplo uso na medicina e como corante
em processos industriais1. É um agente anti-séptico indicado para infecções, e bastante
comercializada em soluções aquosas nas concentrações de 1 a 2%.
Para exemplificar o trabalho de determinação da ordem de uma reação ou da
sua lei de velocidade, estudaremos a reação entre o cristal violeta e a hidroxila. Nesta
reação, um cátion de um sal orgânico reage com a hidroxila formando um álcool:

(1)

Figura 1- Reação do cátion do cristal violeta com a hidroxila.


O cátion do cristal violeta (cujo ânion é o cloreto) é um híbrido de duas estruturas,
uma das quais (I) tem o carbono terciário central deficiente eletronicamente. A hidroxila
liga-se a este carbono, formando um derivado carbinol. Como o cristal violeta é
fortemente colorido (roxo) e o derivado carbinol (assim como a hidroxila) é incolor, o
desenvolvimento da reação é caracterizado pela descoloração gradativa do meio
reacional. As variações de concentração podem ser avaliadas de um modo
conveniente por espectrofotometria 2.
A lei de velocidade generalizada para uma reação bimolecular leva em conta as
concentrações presentes dos dois reagentes 3:

d  cristal
 K2  OH    cristal
m

n
(2)
dt

Para determinação da ordem de reação em relação a um dos reagentes (m ou n) é


conveniente efetuar a reação sob circunstâncias que eliminem a dependência da
velocidade em relação à concentração do outro reagente. No método da concentração
em excesso, iniciamos a reação com a concentração de um dos reagentes muito mais
alta que a do outro. Deste modo, a concentração do primeiro reagente praticamente
não varia com o tempo, e a lei de velocidade simplifica-se. No nosso caso, se a
concentração de OH- estiver em excesso, teremos a seguinte lei:

d  cristal
  K cristal
n
(3)
dt

onde o fator concentração constante de OH- é englobado na nova constante K:

K  K2  OH  
m
(4)

Agora podemos determinar K e n acompanhando a variação da concentração do


cristal violeta com o tempo, independente da concentração da hidroxila. O tipo de
relação entre concentração e tempo será determinado pela integração da
equação (3) com o valor correto de n. Como ainda não sabemos o valor de n,
integramos a equação (3) com vários valores de n, obtendo vários tipos de relação
entre concentração e tempo. Compara-se então estas relações com a obtida
experimentalmente, escolhendo a que melhor descreve os pontos experimentais.
Com n = 1, por exemplo, obtemos a seguinte relação:
ln
cristal t   Kt (5)
cristal 0
Com n = 2, obtém-se:
1 1
 Kt 
[cristal ]t [cristal ]o (6)

onde [cristal]o e [cristal]t são as concentrações inicial e no tempo t, respectivamente, do


cristal. (Obtenha a relação para n = 0, que é uma possibilidade real).
Como a concentração será monitorada pela absorbância medida em um
espectrofotômetro, deve ser medida a absorbância de uma solução padrão para
obtenção da lei de Lambert-Beer para o cristal violeta:

A =  d [cristal]

onde  é a absortividade molar e d a distância percorrida pelo feixe através da


amostra.
Podemos colocar a lei na forma [cristal] = Kespec. A, onde Kespec. é uma reunião
conveniente de constantes que será determinada experimentalmente com a
medida de absorbância (A) do padrão.
Designando Ao e At como as absorbâncias inicial e no tempo t, respectivamente,
e usando a lei de Lambert-Beer na equação (5) temos, para n=1:

At
ln   Kt
A0
ou

ln At   Kt  ln Ao (7)

Assim, se a ordem de reação em relação ao cristal violeta fosse 1, o gráfico


experimental de ln At em função de t deveria ser uma reta cujo coeficiente angular
seria o valor de -K. (Verifique que relações existiriam entre A e t para n = 2 e para n
= 0; nestes casos, a constante espectroscópica K espec. apareceria nas
expressões). Para testar estas relações com os dados experimentais, é conveniente
definir as variáveis que serão graficadas uma em função da outra de modo que o
gráfico seja uma reta. Se for verificado que se obtém outro tipo de curva, descarta-se a
relação.
Tendo sido escolhido o correto valor de n, o valor de K é obtido ao mesmo tempo
pelas características da reta experimental. O valor de K, juntamente com a
concentração conhecida de hidroxila podem ser usados então na equação (4) para
obtenção da ordem de reação m, em relação à hidroxila, mas existe uma segunda
incógnita (K2). Podemos obter uma segunda equação com as mesmas incógnitas se
repetirmos a experiência com outra concentração inicial (também alta) de hidroxila.
Será obtido outro valor para K e o sistema de duas equações do tipo da equação (4)
poderá ser resolvido.

Objetivos:
Determinar a Lei de Velocidade da reação do cristal violeta com o hidróxido de
sódio.

Materiais:

- Solução de cristal violeta 0,030 g/L;


- Solução de NaOH 0,10 mol L-1;
- 2 pipetas graduadas de 10 ml;
- 2 balões volumétricos de 100 mL;
- 2 balões volumétricos de 50 mL;
- 1 proveta de 100 mL;
- 1 erlenmeyer de 250 mL;
- Cronômetro;
- Espectrofotômetro.

Procedimento

1- Prepare uma solução de cristal violeta tomando 10 mL da solução 0,030 g/L e dilua
para 100 mL. Meça a absorbância desta solução e calcule a constante espectroscópica
Kespec..
2- Prepare uma solução de cristal violeta tomando 10 mL da solução 0,030 g/L e dilua
para 50 ml. Prepare uma solução de NaOH tomando 4 mL da solução 0,10 mol L-1 e
dilua para 50 ml.
3- As duas soluções do item anterior serão misturadas para dar início à reação: coloque
primeiro uma das soluções em uma proveta e a outra em um erlenmeyer; misture
rapidamente as duas soluções no erlenmeyer, iniciando ao mesmo tempo a contagem
de tempo. Note que a concentração de cristal violeta no momento da mistura será a
mesma da solução do primeiro item deste procedimento, e, portanto a absorbância
medida naquele item é a absorbância Ao do início da reação.
4- Coloque um pouco da mistura na cubeta e meça absorbâncias em intervalos de 4
em 4 minutos a partir do início da contagem de tempo. Faça pelo menos 8 medidas.
5- Repita o procedimento a partir do segundo item, desta vez preparando uma solução
de NaOH duas vezes mais concentrada. Note que a absorbância Ao ainda é a mesma
medida no primeiro item, pois a concentração inicial de cristal violeta não mudou na
repetição.

INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS:

- Com os dois conjuntos de dados absorbância-tempo, teste a validade de se assumir


que n=1 graficando ln At em função do tempo.

- Se não forem obtidas retas, teste as expressões para n=2 e n=0, graficando
quantidades convenientes para obtenção de retas. Escolhida a expressão mais
adequada, calcule o valor de K através dos gráficos para os dois conjuntos de dados.
Haverá duas constantes K (K’ e K’’), correspondendo às duas concentrações de
hidroxila ([OH-]’ e [OH-]’’).

- Escolhido o valor de n, monte a equação (4) para os dois conjuntos de dados e as


resolva para as incógnitas K2 e m.

- Teste a validade de seus resultados verificando se a soma das ordens de reação m e


n é igual à molecularidade da reação, que é 2 (bimolecular).
BIBLIOGRAFIA
[1] Santos, G. S.; Marques, E. P.; Silva, H. A. S.; Bezerra, C. W. B.; Marques, A. B..
Química Nova, Vol. 28, No. 4, 2005.
[2] Rangel, R. Nunes, Práticas de Físico-Química. 3ª Ed., Edgard Blucher, 1995.
[3] Atkins, P. e de Paula, J., Físico-Química. 7a Ed., Vol 3, Livros Técnicos e Científicos
Editora, 2003.
Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Química
Disciplina: Físico-Química Experimental
Experimento 11: Determinação da energia de superfície pelo método de ângulo de
contato.

Fundamentos Teóricos

A interação entre uma superfície e um determinado líquido pode ser estudada


através da medida do chamado ângulo de contato θ. Este é definido como o ângulo
entre um plano tangente a uma gota do líquido e um plano contendo a superfície onde
o líquido se encontra depositado, conforme esquematizado na Fig. 1.

Fig. 1. Definição do ângulo de contato θ entre uma gota líquida e uma superfície
plana e horizontal. Nesta figura, γS e γLV são a energia de superfície do sólido e a
tensão superficial do líquido em equilíbrio com o vapor, respectivamente; γSL é a
energia da interface sólido – líquido.

O conceito de energia de superfície pode ser mais facilmente compreendido


usando um líquido como exemplo. Átomos e moléculas do líquido podem se mover
livremente procurando ocupar uma posição de menor energia potencial. Ou seja, um
lugar onde eles as forças (atrativas e repulsivas) agindo em todas as direções estejam
em equilíbrio. Por outro lado, as partículas na superfície do material experimentam
apenas forças dirigidas para dentro do líquido (Fig. 2).
Devido a isto, as superfícies são sempre regiões de maior energia. E é
justamente a diferença entre as energias das espécies na superfície e no interior do
material que se denomina energia de superfície ou tensão interfacial.
De acordo com o princípio da menor energia, a natureza tende sempre a um
estado de mínima energia. É por esta razão, por exemplo, que uma gota de água tende
à forma esférica, pois esta é a forma geométrica de mesmo volume com a menor área
superficial. Da mesma forma, a adesão de um material sobre outro será tanto melhor
quando maiores forem as energias de superfícies envolvidas.
Fig 2. Forças atuando em átomos ou moléculas no interior e na superfície de um
material.

Rigorosamente falando, γS como apresentado na Fig. 1 é a energia de superfície


do sólido apenas quando este se encontra no vácuo. A diferença é denominada
pressão de espalhamento πe (πe = γS - γSV, onde γSV seria a energia de superfície do
sólido em equilíbrio com um vapor). Todavia, é assumido que a adsorção de vapor em
sólidos de baixa energia de superfície, como é o caso dos polímeros, é desprezível.
Com isto, γSV = γS, representa a energia de superfície do sólido em uma atmosfera
qualquer.
Considerando que a gota da Fig. 1 esteja em equilíbrio, tem-se:

γS = γSL + γLV cos θ (1.1)


ou,
γLV cos θ = γS - γSL (1.2)

que é conhecida como equação de Young.


O trabalho de adesão, Wa, o negativo da energia de adesão Gibbs [1], entre o
sólido e o líquido pode ser expressa pela equação de Dupré [2]:

Wa = γLV + γS - γSL (1.3)

Assim, combinando-se (1.2) e (1.3) obtém-se a equação de Young-Dupré:

Wa = γLV (cos θ + 1) (1.4)

Esta última equação é mais útil que a equação de Dupré, pois relaciona duas
grandezas determináveis com relativa facilidade e precisão, θ e a tensão superficial do
líquido γLV.
Quando θ = 0, cos θ = 1 e então

Wa = 2 γLV (1.5)

A quantidade 2γLV, ou seja, o dobro da tensão superficial, é denominada trabalho


de coesão do líquido [3]. Portanto, ângulo de contato igual a zero se observa quando o
trabalho de adesão líquido - sólido iguala, ou supera, o trabalho de coesão do líquido.
Assim, o líquido se espalha pela a superfície sólida quando as forças de atração líquido
– sólido igualam ou superam as forças de atração líquido – líquido. Por outro lado,
quando θ = 180°, tem-se cos θ = -1 e o trabalho de adesão líquido – sólido é zero. Este
é o caso limite quando não há adesão entre as duas fases.
Fowkes [4] propôs que a energia de superfície pode ser descrita como a soma
de contribuições de interações dispersivas (γd) e não – dispersivas, também chamadas
de polares, γp:

γ = γd + γp (1.6)

Fowkes ainda afirmou que apenas interações dispersivas eram importantes


através da interface e contribuiriam para o trabalho de adesão, como expresso pela
média geométrica da energia de superfície dispersiva:

Wa = 2 (γdS γdLV)1/2 (1.7)

Com isto, a equação de Young-Dupré pode ser escrita como:

γLV (1 + cos θ) = 2 (γdS γdLV)1/2 (1.8)

Estritamente falando, a equação acima fornece um método para estimar o valor


de γdS e não da energia total γs, a partir de uma única medida do ângulo de contato,
onde apenas forças dispersivas atuem no líquido, como é o caso de hidrocarbonetos
líquidos, por exemplo.
Owens e Wendt [5] e Kaelble [6] estenderam a equação de Fowkes para uma
forma mais geral:

Wa = 2 (γdS γdLV)1/2 + 2 (γpS γpLV)1/2 (1.9)

Que, combinada com (1.8) fornece:


γLV (1 + cos θ) = 2 (γdS γdLV)1/2 + 2 (γpS γpLV)1/2 (1.10)

onde os sobrescritos d se refere às componentes de dispersão (não-polar) e p às


componentes polares (não-dispersivas) incluindo todas as interações entre o sólido e o
líquido, tais como dipolo - dipolo, dipolo induzido – dipolo, pontes de hidrogênio, etc.
A equação (1.10) é conhecida como aproximação da média geométrica e
fornece uma maneira de estimar a energia de superfície de um sólido. Usando pelo
menos quatro líquidos com γdLV e γpLV conhecidos, com a medida do ângulo de contato
pode-se facilmente determinar γdS e γpS empregando-se a eq. (1.10) rearranjada da
seguinte maneira:

γLV (1 + cos θ) / 2 (γdLV)1/2 = (γdS)1/2 + (γpS)1/2 [(γpLV)1/2 / (γdLV)1/2] (1.11)

Nos trabalhos realizados, θ é determinado pela captura da imagem da gota do


líquido depositada sobre o material. Um programa de tratamento de imagens determina
o perfil desta gota e então calcula o ângulo de contato. Medindo-se θ com os líquidos
em estudo e conhecendo γdLV e γpLV dos líquidos, a energia de superfície do material é
determinada pela equação 1.11.

Parte Experimental:

Materiais:
Substratos sugeridos:
 Vidro;
 Teflon;
 Polietileno;
Solventes sugeridos:
 Água;
 Etileno Glicol;
 Dimetilsulfóxido;
 N,N-Dimetilformamida;
 Isopropanol (para limpeza).
Outros
 Seringa;
Procedimento:

Os substratos devem ser sempre limpos com isopropanol. As gotas do líquido de


interesse na superfície devem ser sempre de mesmo volume, e depositadas com o
auxílio de uma seringa.
Em cada um dos substratos devem ser depositados os líquidos citados, sendo o
perfil de cada uma das gotas imediatamente fotografados com auxílio de uma câmera.
Os ângulos de contato entre o líquido e a superfície sólida, de ambos os lados,
podem ser calculados com a ajuda de um transferidor (no caso do papel) ou de um
software (no caso da fotografia).
Com os ângulos medidos, é possível o cálculo das energias de superfície
através da equação 1.11, que irão permitir a caracterização de cada um dos substratos
estudados.

Referências:
[1] T. Rabockai em Físico-Química de Superfícies, Departamento de Assuntos
Científicos da Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos, cap. 3, 1979.
[2] K-X. Ma, C-H Ho, F. Zhu, T-S. Chung, Thin Solid Films, 371, 140 (2000).
[3] P.J. Sell, A. W. Neumann, Angew. Chem. 78(6), 321 (1966).
[4] F. M. Fowkes, Ind. Eng. Chem. 56, 40 (1964).
[5] D. K. Owens, R. C. Wendt, J. Appl. Polym. Sci. 13, 1741 (1969).
[6] D. H. Kaelble, J. Adhes. 2, 50 (1970).

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