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Emergência da Psicologia

Psicologia como parte da filosofia

A preocupação do ser humano como ser pensante inserido na natureza foi de encontrar respostas
para suas dúvidas e fatos que comprovem e expliquem a origem, as causas e as transformações do
mundo durante milhares de anos. Personagens Mitológicos foram utilizadas na busca de
explicações para as questões naturais e humanas. Para os Gregos, os Mitos eram narrativas
sagradas sobre a origem de tudo. Eram tudo em que acreditavam como verdadeiro. Os poetas-
videntes, que narravam os Mitos, possuíam uma autoridade mística sobre os demais, pois eram
"escolhidos dos deuses" que lhe mostravam os acontecimentos passados através de revelações e
sonhos, para que esses fossem transmitidos aos ouvintes.

O nascimento da filosofia (Amizade pelo Saber) no inicio do sec. VI A.C. definiu uma nova forma
característica de pensar (pensamento racional), uma vez que a mitologia ja nao conseguia
responder a todas as preocupações do Homem.

Contribuíram para o surgimento da Filosofia na Grécia as viagens marítimas (descobertas de novos


mundos), a invenção do calendário (abstracção do tempo), a invenção da moeda (forma de troca),
o surgimento da vida urbana (ambiente para propagação), a invenção da escrita alfabética (registo
abstracto de ideias), a invenção da política (Ética da Polis), que introduziu três factores decisivos:
as leis, o surgimento de um espaço público, e a estimulação de um pensamento colectivo, onde as
ideias eram transmitidas na forma de discurso público.

A Filosofia Grega, permitiu conhecer as bases e os princípios fundamentais de conceitos que


conhecemos como razão, racionalidade, ética, política, técnica, arte, física, pedagogia, cirurgia,
cronologia e, principalmente o conceito de ciência.

Até o século XVII os filósofos estudavam a natureza humana mediante a especulação, a intuição
e a generalização, porque baseavam-se na sua pouca experiência. Até este período, o homem
olhava para o passado para obter respostas de suas dúvidas. O uso dos instrumentos e métodos
científicos que já tinham se mostrado bem sucedidos nas ciências físicas e biológicas, permitiu
uma transformação substancial nos estudos, fazendo assim um estudo essencialmente científico,
apoiado em observações e experimentações cuidadosamente controlada s para estudar a mente
humana, fazendo com que a Psicologia alcançasse uma identidade que a distinguia de suas raízes
filosóficas.

Quando o empirismo se tornou dominante, surgiu uma nova desconfiança sobre todo o
conhecimento até então obtido, dos conceitos e da visão que se tinha das coisas, dos dogmas
filosóficos e teológicos do passado aos quais a ciência estava presa. Vários homens contribuíram
na elaboração de questões tão importantes para a mudança. Dentre eles, um se destacou por
contribuir directamente para a história da Psicologia Moderna, libertando-nos dos dogmas
teológicos e tradicionais rígidos que dominaram desde a época Aristotélica. Esse grande homem,
que simboliza a transição da Renascença para o período moderno da ciência e que representa os
primórdios da Psicologia Moderna foi René Descartes.
A maior contribuição de Descartes para a História da psicologia Moderna foi a tentativa de resolver
o problema corpo-mente que era uma questão controvertida e que perdurava desde o tempo de
Platão, quando a maioria dos pensadores deixaram de adotar uma visão monista (mente e corpo
era uma só entidade) e adotaram essa posição dualista: mente e corpo eram de naturezas distintas.
Contudo essa posição implicava numa outra questão: Qual é a relação entre mente e corpo? A
mente e o corpo influenciam-se mutuamente ou só a mente influenciava o corpo conforme se
pensava até então?

A psicologia surgiu a partir da filosofia com objectivo de incluir o método empírico na hora de
enfrentar as perguntas que são elaboradas pela filosofia. Por isso, a filosofia acrescentou à
psicologia diversos temas de estudo como por exemplo a sensação, a percepção, a inteligência e a
memória. Portanto, a filosofia fornece à psicologia uma visão geral do ser humano, que é a base
de uma grande parte das teorias psicológicas. Por sua vez, a filosofia serve-se algumas vezes da
metodologia cientifica da psicologia para alcançar os seus objectivos.

Apesar disso, a filosofia e a psicologia apresentam algumas diferenças especialmente em termos


de metodologia, seus objectivos e na consideração moral. Com relação ao método, a filosofia
trabalha com categorias conceituais e as relações que acontecem entre elas. Por isso, está aberta a
qualquer método. Por sua vez, a psicologia se apoia no empírico e na estatística, fazendo uso uso
da pesquisa qualitativa e quantitativa. Concentra-se na realização de experiencias e no contraste
empírico da hipótese como via de entender o nosso comportamento e validar os instrumentos,
como as terapias que ela coloca à nossa disposição.

Após Descartes, a ciência moderna e a psicologia se desenvolveram rapidamente e nos meados do


século XIX o pensamento europeu foi impregnado por um novo espírito: o Positivismo. Esse
conceito foi obra de Auguste Comte que para tornar seus conceitos os mais viáveis possíveis, se
limitou nessa obra a apenas factos cuja verdade estava acima de qualquer suspeita, ou seja, somente
aos factos que poderiam ser comprovados cientificamente, observáveis e indiscutíveis. Esse
espírito materialista gerou ideias de que a consciência poderia ser explicada através da Física e da
Química e os pesquisadores se concentraram na estrutura anatómica e fisiológica do cérebro.

Durante esse período histórico, na Inglaterra, estava em grande actividade um terceiro grupo de
filósofos, os empiristas. Investigavam como a mente adquire os conhecimentos e diziam ser
somente através das experiências sensoriais.

Positivismo, materialismo e empirismo convertiam-se em alicerces filosóficos de uma nova


psicologia, na qual os fenómenos psicológicos eram constituídos de provas factuais,
observacionais e quantitativas, sempre baseados na experiência sensorial. O método dos empiristas
apoiava-se na observação objectiva, na experimentação e defendia que a mente se desenvolve
através da acumulação progressiva das experiências sensoriais o que ia de encontro às teorias de
Descartes, que dizia que algumas ideias eram inatas.

Dentre os empiristas britânicos e suas principais contribuições para a Psicologia temos John
Locke (1632-1704) - Ensaio Acerca do Entendimento Humano - 1690, que começou a negar a
existência de idéias inatas e que através da experiência o homem adquire conhecimentos e
que esse processo era composto de duas fases: as sensações e as reflexões e através das
reflexões os indivíduos recordam e combinam as impressões sensoriais para formar abstracções
e outras ideias de nível superior. Outros três filósofos historiadores que contribuíram para a
história da Psicologia foram David Hume (1711-1776) com a obra Tratado Sobre a Natureza
Humana (1739), David Hartley (1705-1757) com sua obra: Observações Sobre o Homem, Sua
Constituição, Seu Dever e Suas Expectativas (1749) e James Mill (1773-1836) com sua obra:
Análise dos Fenómenos da Mente Humana (1829).

Influências Fisiológicas:

As influências da fisiologia na Psicologia ocorram devido as diferenças individuais, dadas


pelos factores pessoais, que foram percebidas e sobre as quais não se tem controlo. Trata-se
da subjectividade influenciando na percepção dos fenómenos mentais. Os cientistas, no final do
século XIX, passaram então à investigação e estudo dos órgãos dos sentidos, através dos quais,
recebemos as informações acerca do mundo externo e temos as sensações e percepções.

Vários foram os cientistas que recorreram ao método experimental para estudo da psicologia
e realizaram estudos sobre o comportamento, os movimentos voluntários, involuntários e os
movimentos reflexos. Dentre eles, na Alemanha, tivemos quatro que são responsáveis directos
pelas primeiras aplicações desse método: Hermann von Helmholtz, Ernest Weber, Gustav T.
Fechner e Wilhelm Wundt. Todos eles estavam integrados com o desenvolvimento da fisiologia e
da ciência que ocorreu na metade do século XIX. Seus trabalhos foram decisivos para a fundação
da Nova Psicologia

O método de estudo de Wundt era o da introspecção analítica, cujo conceito ele adaptou de
Sócrates, inovando apenas no uso de um controle experimental preciso no método. Considerava
as sensações e os sentimentos formas elementares da experiência, apesar de considerar a mente e
o corpo sistemas paralelos mas não interatuantes, e como a mente não dependia do corpo, era
possível estudá-la eficazmente em si mesma.

No ano de 1879, acontece o nascimento da Psicologia enquanto ciência, quando Wilhelm Wundt
(1832-1920), influenciado pelo ponto de vista dos filósofos empiristas, criou o primeiro laboratório
de Psicologia na Universidade de Leipzig, Alemanha, investigando principalmente os processos
de percepção humana sobre as sensações recebidas do meio, na tentativa de encontrar os princípios
por onde estes elementos simples (as sensações) se associariam entre si e com outras informações
para produzir percepções complexas (tomadas de significado pessoal), com o objectivo de tentar
entender o que podemos chamar de “conteúdo mental”, e a estrutura da mente, acreditando que
essas estruturas poderiam ser analisadas em elementos ou partes. Mais tarde, o estruturalismo
seria difundido na América do Norte por E.B. Titchener, discípulo de Wundt.

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