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RESUMO
Nesse sentido, nosso estudo se insere na perspectiva filosófica da Teoria Geral do Estado, ou
ainda da Sociologia Histórica Comparada, de maneira que utilizamos a tipologia de pesquisa
qualitativa, pura e exploratória, de base bibliográfica e documental.
Independentemente dos condicionantes temporais, sua existência tinha por fundamento uma
estrutura política diretiva descentralizada, razão pela qual esses grupos tinham não somente
determinado grau de ingerência política, mas uma ingerência direta nos encaminhamentos dos
negócios da vida pública.
O fato é que, por razões históricas que fogem ao escopo de nosso texto, a partir do século
XVIII se cristalizou um arquétipo de participação política que foi responsável pela inflexão
entre participação direta e representativa e que, para o nosso caso, culminou no esvaziamento
paulatino da participação dos corpos intermediários na estrutura da sociedade.
E o princípio catalizador dessa inflexão foi o princípio filosófico da igualdade política - aqui
utilizada em sentido amplo, enquanto princípio, e não em seu desdobramento jurídico e civil -,
que alterou significativamente o modo de participação dos indivíduos nas sociedades
políticas.
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Câmara dos Deputados. E-mail: jivago.ferreira@gmail.com
Com o advento do princípio, por seu turno, inicia-se um tipo de participação na vida pública
que se assenta na igualdade política dos indivíduos, o que significa falar de uma
homogeneidade (homogeneidade da condição daqueles que se comportam como iguais, por
assim dizer) política de existência, da instauração de um modus vivendi comum a todos, sem
nenhum tipo de privilégio que possa ser estendido a qualquer grupo social.
Para a nossa questão, importa observar essa igualdade sob o aspecto do exercício do poder, e
as consequências oriundas no âmbito da participação dos corpos intermediários, situação que
foi muito bem apontada por Tocqueville (ao analisar o centralismo despótico, mas tratando
dos antecedentes da Revolução de 1789) em relação ao posicionamento de Mirabeau a Luís
XVI, nos seguintes termos: “a ideia de formar uma só classe de cidadãos teria agradado a
Richelieu: esta superfície igual facilita o exercício do poder” (apud GALVÃO DE SOUSA,
2018, p. 60).
Por fim, ainda que as questões aqui tratadas sejam de cunho histórico, mesmo assim elas não
deixam de contribuir para o debate contemporâneo sobre a relação entre os diversos grupos
sociais existentes e a representatividade política.
REFERÊNCIAS
BOBBIO, Norberto. A teoria das formas de governo. São Paulo: Edipro, 2017.
GALVÃO DE SOUSA, José Pedro. O estado tecnocrático. São Luís: Resistência Cultural,
2018.
URBINATI, Nadia. Uma revolta contra os corpos intermediários. Tradução: Sue Iamamoto e
Gabriela Rosa. Leviathan: Cadernos de Pesquisa Política, São Paulo, n. 12, p. 176-200, 2016.
Título original: A revolt against intermediary bodies. Disponível em:
http://www.revistas.usp.br/leviathan/article/view/143426. Acesso em: 2 jul. 2019.