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O PAPEL DA INTEGRAÇÃO MODAL NA CONSTRUÇÃO DA MOBILIDADE

URBANA SUSTENTÁVEL

Maíra Mesquita Maciorowski


Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Transportes e Gestão Territorial
Maria Luiza Tremel de Faria Lima
Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo
João Carlos Souza
Universidade Federal de Santa Catarina
Departamento de Arquitetura e Urbanismo

RESUMO
A integração dos diferentes modos de transporte é uma alternativa para o aumento da mobilidade urbana
sustentável, visto que, possibilita incremento no número de trajetos, reduz custos, minimiza impactos ambientais
e contribui na redução dos congestionamentos das vias urbanas. Portanto, para melhorar as circulações nas
cidades e aumentar a qualidade de vida dos habitantes, deve-se otimizar o sistema com o aumento da integração
entre os diversos modos. O objetivo desta pesquisa é (i) realizar um estudo referencial sobre conceitos e soluções
em mobilidade urbana sustentável e integração modal a fim de identificar as principais variáveis referentes aos
temas, (ii) analisar um caso de sucesso na integração -Copenhague na Dinamarca- e assim, (iii) vislumbrar
perspectivas para planejamentos futuros. A partir da análise desenvolvida, percebeu-se que a implantação da
integração modal passa, necessariamente, pelo aprofundamento do planejamento urbano integrado, onde os
diferentes sistemas possam interagir e oferecer oportunidades de escolha aos usuários.

ABSTRACT
The integration of different modes of transport is an alternative to increase sustainable urban mobility, since it
allows an increase in the number of routes, reduces costs, minimizes environmental impacts and contributes to
the reduction of urban congestion. Therefore, in order to improve circulation in the cities and increase the quality
of life, the system must be optimized by increasing the integration between modes. The objective of this research
is (i) carry out a reference study on concepts and solutions in sustainable urban mobility and modal integration to
identify the variables related to the themes, (ii) to analyze a successful case of integration in Copenhagen -
Denmark and thus, (iii) to envision perspectives for future planning. From the analysis developed, it was noticed
that the implementation of modal integration necessarily involves the deepening of integrated urban planning,
where different systems can interact and offer users opportunities of choice

1. INTRODUÇÃO
Os estudos relacionados aos transportes e à mobilidade são de especial interesse para o
desenvolvimento urbano, já que os atuais padrões de transportes e mobilidade têm refletido
em fortes impactos à sustentabilidade das cidades, afetando de forma direta a qualidade de
vida de seus cidadãos. Assim, a maneira de planejar as cidades e seus sistemas de circulação
tem sofrido fortes revisões, resultando em novas estratégias de atuação e na construção de um
novo paradigma para a mobilidade urbana.

Conforme Costa (2008), este novo paradigma reconhece que os problemas de mobilidade não
se limitam apenas ao acesso a esses meios de transporte. Estes problemas envolvem também
questões ambientais, econômicas, sociais e comportamentais mais complexas, aspectos
ligados ao planejamento físico das cidades, além de preocupações com o financiamento e a
gestão sistêmica da mobilidade. Desta forma, o novo paradigma em desenvolvimento volta-se
para a melhoria das condições de mobilidade e acessibilidade da população buscando, em
última análise, a melhoria da qualidade de vida e a construção e manutenção do que se
denomina de mobilidade urbana sustentável.
Entre as questões que mais afetam a qualidade de vida dos centros urbanos, certamente os
aspectos relacionados à mobilidade têm impacto significativo, especialmente no que se refere
ao aumento dos custos e tempos de viagem, poluição atmosférica, ruído, acidentes de trânsito,
fragmentação do espaço urbano, entre outros (COSTA, 2008).

A integração dos diferentes sistemas de transporte é uma alternativa para o aumento da


mobilidade urbana, uma vez que, aumenta as possibilidades de trajetos (nem todos os
percursos são atendidos pelo ônibus, por exemplo), reduz custos e ainda pode reduzir os
problemas de congestionamento nas vias urbanas. Em cidades maiores, mostra-se necessário o
transporte eficiente de massas, priorizando o transporte coletivo no lugar do transporte
individual.

Muitas vezes um único meio de transporte não consegue resolver por si só a necessidade de
deslocamento do cidadão. A caminhada ou a bicicleta, por exemplo, não permitem que o
cidadão percorra grandes distâncias; o ônibus, por sua vez, muitas vezes não permeia toda a
malha viária e; o metrô assim como o trem possuem sistemas ainda mais rígidos no que se
refere à malha que percorre. Uma boa alternativa para atingir maiores distâncias com mais
rapidez, eficiência e ocupando menos espaço é a integração das diversas formas de transporte,
isto é, permitir que mais de um meio de transporte seja associado a fim de alcançar mais
destinos. Para isso, a preparação do espaço urbano para a transição dos usuários entre os
diversos modais deve ser incorporada ao planejamento do transporte urbano.

Assim, o presente trabalho visa discutir a mobilidade urbana sustentável, seu conceito e
aspectos integrantes, as alternativas de integração entre modos disponíveis, seus impactos na
mobilidade urbana das cidades e o seu papel na construção da mobilidade urbana sustentável.

Para tanto, foram realizados: (I) revisão bibliográfica sobre a mobilidade urbana e integração
entre modos com vistas a reunião do referencial teórico necessário ao desenvolvimento do
trabalho; (II) estudo de caso na cidade de Copenhague/Dinamarca e; (III) análise dos dados
levantados e proposição de recomendações com o intuito de estimular o poder público a
estruturar a implantação de soluções que fomentem a integração entre modos.

2. MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL


A mobilidade urbana é um atributo associado à cidade, e corresponde à facilidade de
deslocamento de pessoas e bens na área urbana. A mobilidade traduz as relações dos
indivíduos com o espaço que habitam, com os objetos e meios empregados para seu
deslocamento e com os demais indivíduos que integram a sociedade (Ministério das Cidades,
2004).

O aumento da demanda por transporte, resultado do incremento dos fluxos de pessoas e bens,
tem implicado em impactos negativos sobre o ambiente local e global, sobre a qualidade de
vida e sobre o desempenho econômico das cidades. Estes impactos incluem
congestionamentos, emissão de poluentes, ruído, fragmentação de comunidades, acidentes,
uso de energia não-renovável e produção de resíduos sólidos (BERTOLINI et al., 2008 apud
COSTA, 2008).

Para Costa (2008), o agravamento dos problemas de transportes e a necessidade de uma nova
abordagem para o planejamento da mobilidade têm motivado a adoção dos conceitos de
sustentabilidade, resultando em uma série de estudos e documentos, os quais apresentam
definições distintas para o tema.

O conceito dado pelo grupo de especialistas em transportes e meio ambiente da comissão


europeia e aceito como referência pelo conselho europeu de ministros de transportes, define o
transporte sustentável como aquele que contribui para o bem-estar econômico e social, sem
prejudicar a saúde humana e o meio ambiente. Integrando as dimensões social, econômica e
ambiental, além disto, pode ser definido como aquele que:
• Permite a satisfação das necessidades básicas de acesso e mobilidade de pessoas,
empresas e sociedade, de forma compatível com a saúde humana e o equilíbrio do
ecossistema, promovendo igualdade dentro das gerações e entre as mesmas;
• Possui custos aceitáveis, funciona eficientemente, oferece a possibilidade de escolha
do modo de transporte e apoia uma economia dinâmica e o desenvolvimento regional;
• Limita as emissões e os resíduos em função da capacidade da Terra para absorvê-los,
utiliza recursos renováveis a um ritmo inferior ou igual à sua renovação, utiliza os
recursos não renováveis a um ritmo inferior ou igual ao desenvolvimento de
substitutos renováveis e reduz ao mínimo o uso do solo e a emissão de ruído” (OECD,
2000).

Conforme Gudmundsson (2004), algumas questões incorporadas na definição de transporte


sustentável dizem respeito a: (1) Maior integração entre as questões econômicas e ambientais
na tomada de decisão e a necessidade de maior participação e engajamento dos cidadãos nos
processos políticos; (2) Mudanças para novas tecnologias e energias alternativas; (3)
Otimização da logística dos fluxos de transporte; (4) Mitigação dos congestionamentos
urbanos, poluição do ar e ruído; (5) Conservação de recursos e eficiência econômica dos
transportes.

No Brasil, a difusão do conceito de mobilidade sustentável tem sido coordenada pelo


Ministério das Cidades, por meio da Secretaria Nacional de Transportes e da Mobilidade
Urbana. Conforme a referida secretaria, mobilidade sustentável é o conjunto de políticas de
transporte e circulação que visa proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano,
por meio da priorização dos modos de transporte coletivo e não-motorizados de maneira
efetiva, socialmente inclusiva e ecologicamente sustentável (SEMOB, 2016).

No que se refere à relação entre mobilidade e sustentabilidade urbana, as cidades que


implementam políticas de mobilidade sustentável garantem maior dinamismo das funções
urbanas, maior e melhor circulação de pessoas e mercadorias. Todos estes aspectos se
traduzem na valorização do espaço público, na sustentabilidade e no desenvolvimento
econômico e social da cidade (Ministério das Cidades, 2004).

Campos e Ramos (2005), a fim de estabelecerem um conjunto de temas voltados à mobilidade


sustentável, consideraram como principais objetivos a serem atingidos: aumentar o uso do
transporte público e do transporte não motorizado; integrar transporte e uso do solo; melhorar
a qualidade ambiental; racionalizar o uso de automóveis; e promover a economia urbana.

Em outro trabalho, Campos (2005), conclui que podemos identificar como estratégias para
alcançar a mobilidade sustentável no contexto social, econômico e ambiental, aquelas que
visem: o desenvolvimento urbano orientado ao transporte; o incentivo a deslocamentos de
curta distância; Restrições ao uso do automóvel; a oferta adequada de transporte público; uma
tarifa adequada a demanda e a oferta do transporte público; a segurança para circulação de
pedestres, ciclistas e pessoas de mobilidade reduzida; a segurança no transporte público;
investimento em transporte público utilizando energia limpa; políticas de restrição de uso do
transporte individual em áreas já poluídas; aumento da qualidade do transporte público;
implantação de sistemas de controle de tráfego e de velocidade; adequação de veículos de
carga, vias e pontos de parada e; conforto urbano: calçadas adequadas, ciclovias, segurança
em travessias e arborização de vias.

3. A INTEGRAÇÃO MODAL
Para Carvalho (2005), a integração é a base para solucionar os desafios da mobilidade urbana
e regional, sendo um dos pilares para a sustentabilidade. Para este autor, a integração
possibilitará ao transporte público reinventar-se e tornar-se um serviço que oferecerá soluções
de mobilidade complementar e global, não mais restritas ao papel do transporte de alta
capacidade.

Segundo Gray & Hoel (1979), os sistemas de integração são um conjunto de técnicas de
gestão aplicadas para um grupo de funções que atualmente estão administradas de maneira
independente, as quais poderiam ser mais eficientes se forem tratadas como partes inter-
relacionadas de um único sistema.

A implantação dos sistemas de integração entre modos traz uma contribuição significativa à
problemática do transporte, no entanto, existem outras medidas que devem executar-se
paralelamente, com a finalidade de complementar e ajudar ao desempenho do gerenciamento
da mobilidade nas cidades que estão em processo de desenvolvimento (AYURE, FERREIRA,
LEITE, 2014).

Para a ANTP (1999), a integração concebida como um sistema funcionando em rede é um


procedimento de organização operacional com os seguintes objetivos:
• Otimizar os recursos utilizados no transporte, racionalizando seu uso e reduzindo seus
custos;
• Racionalizar o uso do espaço viário melhorando a circulação urbana e;
• Melhorar a qualidade de vida urbana e a preservação ambiental, na medida em que
racionaliza o uso de fontes energéticas não renováveis.

A intermodalidade nos sistemas de transportes proporciona complementaridade e soluções em


cadeia que permitem a conexão entre diferentes modos de transporte, com o objetivo de
satisfazer da melhor forma, determinada deslocação entre a origem e um destino pré-
definidos. Engloba a utilização de, pelo menos, dois modos diferentes de transporte de forma
integrada e implica numa articulação entre os modos, o dimensionamento cuidadoso das
interfaces, sistemas de informação e bilhetagem integrada (RUXA, 2013).

O transporte intermodal é um fator chave para a atratividade do transporte público de


qualidade e para o nível de integração entre estes. Mais intermodalidade significa mais
integração e complementaridade entre os modos, que prevê a possibilidade de uma utilização
mais eficiente do sistema de transportes (REIS et al. apud RUXA, 2013).
Cada modo de transporte apresenta valências e desvantagens ao nível da capacidade,
flexibilidade, consumo de energia, segurança e desempenho ambiental. Assim, para
maximizar os benefícios subjacentes a cada um, é fundamental que se combinem e enquadrem
numa cadeia de transportes globalmente mais eficiente, com custos acessíveis e mais
favorável ao ambiente (FERREIRA, 2011).

Segundo a Comissão Europeia, para tornar as cidades mais sustentáveis é essencial


desenvolver uma nova visão integrada para o transporte urbano, com mais eficiência,
infraestruturas seguras e condicionar o transporte individual no centro das cidades, atenuando
em simultâneo o ruído do tráfego e a poluição (HEGGER, 2007).

Para Carvalho (2005), um sistema de transporte integrado é vital para o bom funcionamento
de uma cidade. O universo da população é beneficiado com uma operação conjunta de todos
os serviços, públicos ou privados, que elimina duplicações desnecessárias, possibilita a
transferência eficaz e confortável entre os diferentes modos com uma única tarifa, estende a
disponibilidade de serviço e melhora as condições viárias. A unificação e integração da tarifa
é um dos elementos chaves da integração entre modos, e a correta implantação pode garantir
em grande parte a eficácia do sistema.

Conforme observado por Gray & Hoel (1979), a integração de um sistema modal acontece em
três níveis, institucional, operacional e física:
• A integração institucional se refere à criação uma estrutura organizacional dentro da
qual o planejamento e a operação de serviços de transporte podem ser realizados em
conjunto.
• A integração operacional envolve a aplicação de técnicas de gerenciamento para
aperfeiçoar a alocação dos recursos do transporte e coordenar serviços.
• A integração física se refere à provisão de instalações de uso comum e equipamento
para operação manutenção do sistema.

Ruxa (2013), entretanto, afirma que não existe uma receita universal. Porém, a implantação de
sistemas multimodais depende sempre de fatores locais como a tipologia da via, velocidade de
circulação do tráfego de automóveis, número de veículos e objetivo final dos usuários, e
ainda, é de extrema importância (em todos os casos) que o desenvolvimento e implementação
das infraestruturas sejam feitos com rigor técnico e que garantam a segurança e conforto para
os utilizadores.

4. O CASO DE COPENHAGUE
Quando o assunto é mobilidade urbana, Copenhague ocupa uma posição de destaque mundial.
A capital dinamarquesa conta com transporte público eficiente que engloba diversos modais
como: trem, metrô, bicicleta, ônibus, ônibus aquático além de transmitir confiabilidade pela
diversidade de horários e pontualidade. A cidade possui, ainda, segundo o programa cidades
sustentáveis, quase 400km de ciclovias e praticamente 50% da população usando diariamente
a bicicleta para se deslocar, sendo, por esses motivos, internacionalmente conhecida como a
capital das bicicletas.

A população construiu ao longo dos anos a cultura da utilização da bicicleta que veio em
conjunto com o fornecimento de infraestrutura e informação adequada que viabilizou o
crescimento do número de usuários mesmo sendo um transporte individual utilizado em uma
cidade localizada em um país com inverno muito rigoroso.

A prefeitura disponibiliza para os que não possuem sua própria bicicleta a possibilidade de
pegar uma bicicleta emprestada depositando uma moeda de 20 coroas (aproximadamente
R$12,00) que será devolvida ao se fixar a bicicleta em um dos diversos pontos espalhados
pela cidade. No ano de 2014, foi inaugurada a Cykelslangen (Figuras 1 e 2), que é uma via
suspensa de uso exclusivo para ciclistas com 365m de extensão.

Figura 1: Ponte Cykelslangen

Figura 2: Ponte Cykelslangen vista de cima

Porém, a população nem sempre teve essa consciência e a estrutura existente hoje nem sempre
foi adequada. Segundo Ameni e Beloni (2014), foi a partir da década de 1950, com a
popularização do automóvel, que a cidade começou a vivenciar problemas de
congestionamentos. A partir daí, o arquiteto Jan Gehl prescreveu uma possível solução que
seria o fechamento das ruas do centro da cidade para carros. Esta solução não foi prontamente
aceita pela população, principalmente pelos comerciantes que viram nesta proposta a
possibilidade de perda de clientes. Entretanto, algum tempo depois, os calçadões para
pedestres passaram a ser uma grande atração turística e os comerciantes passaram a lucrar
muitos mais. Com isso, o arquiteto passou a ser mais respeitado comprovando a teoria de que
quanto mais ruas construíssem, mais trânsito seria gerado. Em contrapartida, quanto mais
ciclovias eram executadas, mais ciclistas surgiam. Segundo os autores, esse processo de
apropriação da ciclovia por parte da população da cidade levou cerca de 20 anos.
Mas nem só de bicicleta se locomove o cidadão de Copenhague. O transporte público se
mostra, também, muito eficiente. Estima-se que apenas 26% das pessoas se locomovem de
carro pela cidade. Isto se deve principalmente às facilidades dos demais meios de transporte
bem como da dificuldade da utilização de carro que tem o acesso bloqueado em áreas centrais
que são, por sua vez, muito bem servidas de transporte público.

O Gráfico 1, elaborado no ano de 2011, por um grupo de pesquisas do site “cidade para
pessoas” mostra como as pessoas (incluindo os turistas) se locomovem pela cidade
evidenciando que a minoria (26%) utiliza o carro.

Gráfico 1: Transporte utilizado pela cidade

Já o Gráfico 2, por sua vez, elaborado pela mesma pesquisa, mostra como a população da
cidade (excluindo turistas) se locomove na cidade, demonstrando um número ainda menor do
uso do automóvel particular.

Gráfico 2: Transporte utilizado pela população

Para que tudo funcione com harmonia, existe um grande esforço do poder público que investe
em sinalização adequada, ampliação da estrutura e na integração dos diversos modos. Nas
estações de trens e metrôs existem vastos estacionamentos para bicicletas (Figuras 3 e 4).
Caso seja necessário transportar a bicicleta, porém, o cidadão está servido com locais
apropriados para o transporte nos ônibus, metrôs e trens, viabilizando a utilização de mais de
um modo harmonicamente pela população que já se apropriou dos sistemas e vive hoje em
uma cidade de fácil trânsito.

Figura 3 - Estação de trem com estacionamento de bicicletas

Figura 4 - Estação de metro com estacionamento de bicicleta

Os tickets funcionam de forma integrada sendo validados por zonas e períodos, podendo o
usuário escolher qual meio de transporte é mais conveniente usar ou, se preferir, utilizar mais
de um meio com o mesmo bilhete. De acordo com o site da empresa dinamarquesa (dsb),
acessado no dia 15 de janeiro de 2016, o ticket para quatro zonas da capital para o período de
24 horas com uso ilimitado, permitindo a um adulto levar sem custos até duas crianças
menores de 12 anos, custa 80 coroas (equivalente a aproximadamente R$47,00). Os preços
para os habitantes ou para aqueles que comprarem antecipadamente mais viagens são
reduzidos e a compra de bilhetes pode ser online, por meio de aplicativo de celular, máquinas
localizadas nas estações, supermercado, entre outros, facilitando o acesso e reduzindo o tempo
de parada, tornando o tempo das viagens mais rápido.

As figuras 5 e 6, extraídas do site oficial da cidade, demonstram a facilidade de se transportar


bicicletas particulares no transporte público da cidade.
Figura 5: ônibus aquático em Copenhague

Figura 6: Transporte público acessível a bicicletas

Tanto investimento em transporte resulta em uma ótima estatística para a mobilidade urbana e
serve como um ótimo exemplo a ser seguido por todo o mundo.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O modelo de crescimento dos centros urbanos e por consequência a forma que esse modelo
impacta a mobilidade para satisfazer esta nova demanda não poderá mais seguir somente
parâmetros de crescimento das infraestruturas. É necessário que se implantem estratégias que
reduzam a demanda de viagens, principalmente por transporte individual e implantar sistemas
de transporte coletivo ambientalmente sustentáveis, mais adequados e associados ao contexto
sócio econômico da região. Isto significa uma “oferta inteligente de transporte”, que atraia a
demanda para um sistema coletivo sustentável que atenda às necessidades da população.

A implantação das medidas necessárias para promoção da referida qualidade ambiental


depende de uma atuação conjunta entre poder público, as operadoras de transporte e até
mesmo dos fabricantes de veículos. A população também possui importante papel na
apropriação do sistema como um todo.

A implantação de sistemas de transporte integrados exige planejamento urbano integrado,


permitindo que os diferentes sistemas possam interagir e oferecer oportunidades de escolha
aos usuários do transporte público. O exercício de tal direito de escolha, implica em uma forte
atenção a todas as formas de deslocamento, com um cuidado especial àqueles que consomem
menos energia e criam menos dependência. Para tanto, a administração pública deve agir no
sentido de garantir a oferta de espaços públicos adaptados a cada forma de mobilidade.
Na análise da cidade de Copenhague pode-se observar que o desenvolvimento dos sistemas de
integração deve vir acompanhado por extensas campanhas, junto à população, de
conscientização ao uso dos novos e diversos modos. Existe uma forte aposta na sensibilização
para a mobilidade integrada na população mais jovem que se mostra mais flexível às
mudanças.

Toda quebra de paradigma demanda grandes esforços e representa uma ruptura com o
cotidiano. Portanto, a inclusão de um sistema de integração modal trata-se de tarefa complexa,
que merece estímulo, desenvolvimento e aprofundamento de pesquisas com vistas ao
planejamento integrado dos sistemas e a inclusão de soluções em mobilidade urbana
sustentável a fim de propiciarem cidades melhores para seus habitantes.

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