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Educação Ambiental na Escola:

um estudo sobre os saberes


docentes
Denilson Santos de Azevedo
Kalina Ligia Ferreira Fernandes**

Resumo
O artigo faz uma análise dos saberes apresentados por
docentes dos anos iniciais do ensino fundamental em relação
ao ensino sobre o meio ambiente, de uma escola estadual
situada num município da Zona da Mata do Estado de
Minas Gerais, com forte tradição agrícola, sobretudo na
produção cafeeira e potencial vocação turística. Partindo
do pressuposto que os saberes presentes na prática docente
são plurais, o artigo procurou identificar suas concepções
acerca do meio ambiente, dos problemas ambientais e
da educação ambiental; como elas vêm tratando destes
temas em sala de aula, junto aos seus estudantes; se e quais
atividades vêm sendo desenvolvidas sobre estas questões;
e qual tem sido o seu envolvimento em atividades de
educação ambiental na Escola. A escolha pelo estudo dos
saberes apresentados pelas professoras das séries iniciais
ocorreu pelo fato delas lecionarem diferentes conteúdos
disciplinares numa mesma turma e de considerar que
as crianças dessa faixa etária estão mais receptivas para
aprender novos hábitos e valores condizentes com a atual
realidade ambiental.
Abstract
The article makes an analysis of knowledge provided by
teachers of the initial years of elementary school in the
perspective of the education about the environment, from
a state school located in a town of Zona da Mata of Minas
Gerais State, with strong agricultural tradition, especially


Professor adjunto III do Departamento de Educação da Universidade Fe-
deral de Viçosa. Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo. Educ. foco,
E-mail: dazevedo@ufv.br Juiz de Fora,
v. 14, n. 2, p. 95-119,
**
Pedagoga pela UFV. E-mail: kalininhafernandes@hotmail.com set 2009/fev 2010
Denilson Santos
de Azevedo in coffee production and potential for tourist vocation.
e Kalina Ligia
Ferreira Fernandes Build on the assumption that the present knowledges in
teaching practice are plural, the article sought to identify
their conceptions of environment, of environmental
problems and of environmental education; how they are
talking about these themes in the classroom, with their
students; if and what activities are being developed on these
questions; and what has been his involvement in activities
of environmental education in School. The choice for the
study of knowledges presented by the teachers of the initial
series occurred because they teach different disciplinary
matters in the same class and they consider that children in
this age are more receptive to learn new habits and values
combined with the current environment reality.

Introdução

O artigo faz uma análise dos saberes apresentados por do-


centes dos anos iniciais do ensino fundamental de uma escola esta-
dual situada num município da Zona da Mata do Estado de Minas
Gerais, em relação aos problemas ambientais e à educação ambien-
tal, como elas vêm tratando do tema em sala de aula e quais ações
vêm sendo tomadas sobre estas questões em termos de planejamento
escolar. A opção pelo estudo dos saberes apresentados pelas profes-
soras das séries iniciais ocorreu pelo fato delas lecionarem diferentes
conteúdos disciplinares numa mesma turma e de considerar que as
crianças dessa faixa etária têm mais facilidade para apreender novos
hábitos e valores condizentes com a realidade ambiental.
Partindo das considerações de Tardif (2000, p. 33-34), ao
identificar e definir os saberes presentes na prática docente como plu-
rais, por serem provenientes da formação profissional (o conjunto de
saberes transmitidos pelas instituições de formação de professores),
dos saberes disciplinares (que correspondem aos diversos campos de
conhecimento e aos valores advindos da tradição cultural), curricu-
lares (programas escolares) e experienciais (do trabalho cotidiano),
percebe-se que essa multiplicidade de saberes exige do professor capa-
cidade de dominá-los, integrá-los e mobilizá-los, enquanto condição
Educ. foco,
Juiz de Fora, fundamental para o exercício de sua atividade no ambiente escolar.
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A escola é historicamente o espaço de sociabilidade do saber Educação Ambiental
na Escola: um estudo

humano e, portanto, aí ele pode ser construído, transformado e trans- sobre os saberes docentes

mitido com e na ação humana. Tal ação é que possibilita ao docente, de


modo sistemático, difundir uma pluralidade de saberes e que, potencial-
mente, demanda a participação consciente de cada um dos sujeitos que
vivenciam esse processo. Pressupõe, assim, uma ação articulada entre os
sujeitos que agem e pensam, num espaço e num tempo, estabelecendo
um significado de homem, de cultura e de ambiente.
Nesse processo, surge a possibilidade de construção e trans-
missão de um saber interdisciplinar na prática docente, que pode
contribuir imediatamente para a criação de uma nova ética, de uma
nova sociedade, ecologicamente mais equilibrada e socialmente jus-
ta, que possa permitir mais liberdade ao ser humano e maior sus-
tentabilidade ambiental. No caso dos saberes escolares relacionados
ao trabalho docente com questões de educação ambiental, devem
enfatizar conteúdos que destaquem o caráter humano e ambiental.
Humano, quando se referem às condições da existência humana,
que são a própria vida, a natalidade e a mortalidade, a diversidade
e o planeta Terra. Ambiental, quando são concebidos numa abor-
dagem que ressalta o meio que é físico, no espaço onde se dadas
relações entre os seres humanos e/ou os não humanos.
Entretanto, a efetivação dessa prática pedagógica de cunho
humano e ambiental, que pode potencializar uma mudança indivi-
dual e social a partir da educação ambiental reside nesta relação social
e envolve as motivações e as crenças dos professores e de seus alunos.
Além da história de vida docente, seu interesse e experiência no ma-
gistério, a existência de um trabalho em educação ambiental na escola
está associada a vários outros fatores, como a prática de gestão demo-
crática, que possibilita a discussão e a elaboração coletiva do projeto
pedagógico da instituição e de um planejamento e ação pedagógica
específicos em cada turma, a existência de um currículo que contem-
ple a interdisciplinaridade e a transversalidade de temas, a coesão do
corpo docente, o envolvimento dos estudantes nas atividades proje-
tadas e a articulação da instituição escolar com a comunidade, que se
constituem como elementos importantes para a boa consecução desse
ensino num ambiente seguro, limpo e saudável.
Ao considerar a escola como o locus privilegiado para es-
tabelecer conexões e informações, como uma das possibilidades
para criar condições e alternativas que estimulem os alunos a te- Educ. foco,
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rem concepções e posturas cidadãs e, principalmente, para forjar 97 v. 14, n. 2, p. 95-119,
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de Azevedo hábitos mais conscientes e condizentes com nossa nova realidade
e Kalina Ligia
Ferreira Fernandes ambiental, é que procuramos investigar e analisar, a partir dos de-
poimentos, as percepções e a forma de atuação dos professores
em sala de aula, para evidenciar seus saberes em relação ao meio
ambiente e à educação ambiental.
Com o intuito de preservar as fontes, não será mencio-
nado nem o nome da Escola nem do município onde se realizou
a pesquisa. A escolha da Escola se deveu ao fato da mesma ser a
mais central e importante do município que, por sua vez, abriga
em seu território umas das últimas reservas de Mata Atlântica do
Estado de Minas Gerais, com nascentes e cachoeiras, fauna e flora
diversificadas, que fazem parte do “Parque Estadual da Serra do
Brigadeiro”, que se estende por outras sete cidades da região da
Zona da Mata mineira.
A população do município está em torno de 19.000 (de-
zenove mil) habitantes, sendo que a maioria vive na zona rural. A
economia é de base agrícola, tendo destaque a produção e torrefação
do café. Na época da colheita toda cidade se mobiliza, fazendo com
que a renda da agricultura seja relativamente partilhada. O turismo
também vem paulatinamente se desenvolvendo, e essas atividades
têm gerado impactos diretos no meio ambiente.
Tomando por base esses dados de realidade, foi feita uma
investigação por meio de um questionário aplicado a todas as 18
professoras que trabalham na Escola, e foi realizada uma entrevista,
mais detalhada, com 5 delas, para identificar seus saberes, como
vêm tratando em sala de aula e quais ações pedagógicas vêm sendo
adotadas na escola ou na sociedade em relação às questões do meio
ambiente e da educação ambiental.
A importância desta análise encontra-se na crescente rele-
vância social da discussão a respeito da sustentabilidade do meio
ambiente e da educação ambiental como um meio de conten-
ção e reversão dos diferentes cenários de poluição e degradação
da natureza, que atingem não apenas as grandes metrópoles, mas
acarretam danos, de modo variado, em pequenas comunidades ou
municípios. Daí a necessidade de mapear como essa problemática
veio emergindo globalmente, se legitimando e se estruturando nos
programas curriculares nacionais, e como aparece em termos de
proposta de conteúdo escolar numa unidade de ensino, a partir
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dos saberes docentes que lhes dão sentido e significância.
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Emergência dos movimentos ambientalistas e instituição Educação Ambiental
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sobre os saberes docentes

da educação ambiental

Ao longo de séculos, a humanidade desvendou, conheceu, do-


minou e modificou a natureza para melhor aproveitá-la. Estabeleceu
novos valores, e, por conseguinte, novas necessidades foram surgindo e
com elas novas técnicas e tecnologias para supri-las, muitas delas advin-
das da artificialização, do consumo e da produção exacerbada.
As transformações em curso, estimuladas pelo progresso
científico e tecnológico das mais diversas formas de produção e ex-
ploração, nas últimas décadas, têm gerado efeitos nocivos à nature-
za, que colocam em risco a sustentabilidade e o futuro do planeta.
Do ponto de vista histórico, pode-se afirmar que a proble-
mática e a preocupação ambiental não é recente. Entretanto, tal
manifestação só ocorreu de forma ativa nos meios acadêmicos, cien-
tíficos e políticos, dentre outros, no final do séc. XX. Até a década
de 1960, as manifestações em defesa do meio ambiente eram tidas
como desordeiras. No início dos anos de 1970, o ambientalismo
passou a ter maior repercussão e passou a ser considerado enquanto
movimento social. No final de 1980 e meados de 1990, as manifes-
tações ambientalistas intensificaram-se, ultrapassando fronteiras e
ganhando legitimidade mundial.
O agravamento da crise ambiental foi despertando essa
consciência sem fronteiras. Foi nesse contexto que os movimentos
ambientalistas mobilizaram a comunidade internacional, realizando
diversos encontros, onde a principal preocupação era a degradação
do meio ambiente. Tais movimentos contribuíram para pautar o
debate em diversos eventos que tem a Conferência da ONU (Orga-
nização das Nações Unidas) sobre o Ambiente Humano, realizada
em Estocolmo, na Suécia, em junho de 1972, como marco para o
surgimento de políticas de gerenciamento ambiental e de reconheci-
mento da educação ambiental como um componente fundamental
para reversão deste quadro.
A Declaração de Estocolmo, por meio da Resolução 96,
instituiu o PNUMA (Programas das Nações Unidas para o Meio
Ambiente), o Plano de Ação Mundial para Educação Ambiental e o
Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA), nos quais
foram formulados princípios e orientações da Educação Ambiental Educ. foco,

em âmbito internacional. 99
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de Azevedo Outra reunião importante foi a I Conferência Internacio-
e Kalina Ligia
Ferreira Fernandes nal sobre Educação Ambiental, realizada em Tbilisi, na Geórgia,
promovida pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura)-PNUMA no ano de 1977. Nesta
Conferência foi produzida a Declaração sobre Educação Ambien-
tal. Decorridos 10 anos, a UNESCO e o PNUMA promoveram a
II Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, em
Moscou, que reafirmou os objetivos e princípios orientadores pro-
postos em 1977, como alicerces para o desenvolvimento da Educa-
ção Ambiental em todos os níveis, dentro e fora do sistema escolar.
Especialistas da Conferência de Moscou concluíram que:

[...] os objetivos da Educação Ambiental não podem ser


definidos sem que se levem em conta as realidades sociais,
econômicas e ecológicas de cada sociedade e os objetivos da
Educação Ambiental para o seu desenvolvimento; deve-se
considerar que alguns objetivos da Educação Ambiental são
comuns à comunidade internacional (MEC, 1998, p. 34).

Outra constatação desse encontro foi que a crise ambiental


aumentara entre as duas conferências, sendo proposto ao PIEA a
“Estratégia Internacional de Ação em Matéria de Educação Am-
biental para o decênio 90” (MEC, 1998, p. 34).
A Conferência sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
– a ECO-92, foi o maior evento promovido pela ONU. Realizada
no Rio de Janeiro, em julho de 1992, contou com a participação de
cerca de 170 países, 102 chefes de estado e milhares de cidadãos,
entre ambientalistas, estudiosos e pertencentes a diversos movimen-
tos sociais, nos quais foram delineadas alternativas para articular as
dimensões planetárias da educação ambiental.
Deste evento resultou a elaboração de três documentos que
até hoje estão entre as principais referências para a prática da edu-
cação ambiental, que são: a Agenda 21, cujo capítulo “Promoção
de Ensino, da Conscientização e o Tratamento” contém um con-
junto de propostas e recomendações de Tbilisi, reforçando ainda
a urgência em envolver todos os setores da sociedade por meio da
educação formal e informal; a “Carta Brasileira para a Educação
Ambiental”, produzida no workshop coordenado pelo MEC, que
Educ. foco, destacou a necessidade de um compromisso real do poder público
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100 federal, estadual e municipal para se cumprir a legislação brasileira
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visando à introdução da educação ambiental em todos os níveis Educação Ambiental
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de ensino, e propôs também a participação da(s) comunidade(s)


sobre os saberes docentes

direta ou indiretamente envolvida(s) e das instituições de ensino


superior; e o “Tratado de Educação Ambiental para Sociedades
Sustentáveis e Responsabilidade Global”, resultante da Jornada
de Educação Ambiental, que estabeleceu princípios, um plano de
ação para educadores ambientais, organizações não-governamen-
tais, comunicadores, cientistas, governos e empresas e ideias para
captar recursos para viabilizar a prática e fortalecer uma rede de
Educação Ambiental (MEC, 1998, p. 54).
Conforme consta da Agenda 21, a comunidade global é um re-
flexo das tendências e escolhas feitas nas comunidades locais do mundo.

Em um sistema de relações complexas, pequenas ações lo-


cais têm impactos globais em larga escala. Os problemas
ambientais não podem ser resolvidos por programas globais,
porque nós não vivemos ‘globalmente’, e ninguém investe
recursos para alcançar objetivos que não estão diretamente
ligados às necessidades locais, nem tornam a vida das pesso-
as mais sustentável (Agenda 21, 1995, p. 28).

Desse modo, percebe-se que, no último quartel do século


XX, a partir das conferências e encontros sobre os problemas am-
bientais no mundo, surgiram várias recomendações de como dimi-
nuir o impacto causado pelo crescimento econômico e do consumo,
e dessa forma preservar de uma maneira mais eficaz o meio ambien-
te. Dentre elas, ganha destaque a educação ambiental, cuja política
de ensino no Brasil será analisada a seguir.

Histórico da Legislação e da Educação Ambiental


no Brasil

A história da educação ambiental no Brasil tem sua gênese no


movimento ambientalista da década de 1970, que aconteceu em várias
partes do mundo. Os primeiros esforços de reconhecer a educação am-
biental enquanto tarefa de ensino formal começaram a ocorrer na déca-
da de 1980. As poucas iniciativas ficaram no âmbito dos movimentos
sociais, e da iniciativa individual de educadores e militantes.
Foi nesse período que se criaram as bases legais para o ‘ca- Educ. foco,
Juiz de Fora,

samento’ entre a educação e a defesa do meio ambiente, com a Lei 101 v. 14, n. 2, p. 95-119,
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de Azevedo nº 6.938, editada em agosto de 1981, que dispôs sobre a Política
e Kalina Ligia
Ferreira Fernandes Nacional do Meio Ambiente (PNMA), seus fins e mecanismos de
formulação e aplicação, assim como estabeleceu a obrigatoriedade
da educação ambiental em todos os níveis de ensino. Tal prerroga-
tiva foi reafirmada pela Constituição Federal de 1988, que destinou
um capítulo ao tema meio ambiente.
Além desses avanços legais, foi relevante para o Brasil
sediar a ECO-92, no Rio de Janeiro, que se constituiu num mar-
co para a tomada de consciência ecológica, como já foi men-
cionado anteriormente. No âmbito da educação ambiental, o
ano de 1997 também ganhou importância, com o lançamento
dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que inseriram
no currículo escolar o conteúdo sobre meio ambiente como um
tema transversal.
A educação ambiental ganhou ainda maior respaldo legal,
com a promulgação da Lei Federal nº 9.795, de 27 de abril de 1999,
que instituiu uma Política Nacional de Educação Ambiental, e do
decreto 4.282, de 25 de junho de 2002, que criou o Órgão Gestor,
para coordenar essa política, e o Comitê Assessor, constituído por
representantes dos setores públicos e privados e por representantes
de diversas organizações da sociedade civil.
Se verificamos, ao longo das últimas décadas, avanços sig-
nificativos em relação à legislação ambiental e à conscientização pre-
servacionista, por meio da educação, também constatamos que esses
movimentos e ações não estão sendo suficientes para fazer frente à de-
gradação ambiental em curso, visto que a abrangência do dano e dos
desequilíbrios ambientais são bem superiores à nossa capacidade social
de controle. Nesse prisma, a educação ambiental, como tema trans-
versal no currículo das escolas, proposta como prática pedagógica nos
PCNs, pode ser uma mediação importante para contribuir na reversão
desse quadro de degradação e desequilíbrio do meio ambiente.

Os PCNs e a educação ambiental como tema transversal

Ao longo desse processo de emergência da questão do meio


ambiente, em termos de pauta social, por parte de movimentos da so-
ciedade civil organizada, e de sua institucionalização, no que tange à
Educ. foco,
regulamentação legal voltada para a preservação e a educação ambien-
Juiz de Fora,
tal, uma das mais significativas ações pedagógicas voltadas, sobretudo,
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para o âmbito local, está proposta na edição dos PCNs, relacionada Educação Ambiental
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com os temas transversais, que, além de tratarem do meio ambien-


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te, abordam outras temáticas relevantes para a formação do cidadão,


como a ética, saúde, pluralidade cultural e orientação sexual.
O volume nove dos PCNs, denominado Meio Ambiente e Saú-
de, explicita a importância da temática ambiental e ressalta a necessidade
do professor conhecer o assunto e buscar com seus alunos informações
em publicações ou com especialistas. Conforme consta deste volume, a
principal função do trabalho escolar com o tema meio ambiente é:

contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos para


decidirem e atuarem na realidade sócio-ambiental de um modo
comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da
sociedade local e global. Para isso é necessário que, mais do que
informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com
atitudes, com formação de valores, com o ensino e a apren-
dizagem de habilidades e procedimentos. E esse é um grande
desafio para a educação (PCN, 2000, p. 29).

Tal desafio implica no ensinamento escolar cotidiano de


comportamentos “ambientalmente corretos”, que envolvem “gestos
de solidariedade, hábitos de higiene pessoal e dos diversos ambien-
tes” (idem, ibidem) a partir da inserção de temas de caráter ambien-
tal, que devem ser tratados nas diferentes áreas de conhecimento
do currículo escolar, com o intuito de perpassar toda a prática edu-
cativa, de modo a criar uma visão global e abrangente da questão
ambiental.
Para estimular o aprendizado de valores e atitudes “ambien-
talmente corretos” dos alunos, tanto a escola como os professores
devem buscar constantemente informações a respeito da realidade
local, por ser um universo mais próximo, conhecido e, por isso mes-
mo, mais suscetível de ser um campo de aplicação de conhecimento.
A necessidade de aquisição de saberes e informações sobre o tema
meio ambiente não significa dizer

que os professores deverão ‘saber tudo’ para que possam


desenvolver um trabalho junto dos alunos, mas sim que de-
verão se dispor a aprender sobre o assunto e, mais do que
isso, transmitir aos seus alunos a noção de que o processo
de construção e de produção do conhecimento é constante Educ. foco,
Juiz de Fora,

(PCN, 2000, p. 47). 103 v. 14, n. 2, p. 95-119,


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Denilson Santos
de Azevedo Assim, os conhecimentos devem estar relacionados com
e Kalina Ligia
Ferreira Fernandes os aspectos da vida cotidiana, visando proporcionar novos saberes
para enfrentar os desafios dessa temática emergente do campo es-
colar. Conforme define Reigota (2002, p. 58), o papel da educação
ambiental enquanto um tema transversal parte de “uma proposta
filosófica e pedagógica que considera a escola um centro de ques-
tionamentos e produção de alternativas sociais, políticas e culturais
mais sintonizadas com o seu tempo”.
Nesse sentido, acredita-se que a educação ambiental é uma
proposta na qual é possível vivenciar o diálogo na busca da com-
preensão de como ocorrem as interações nos diversos ambientes
com que temos contato. Tal fato ocorre no momento em que os
sujeitos envolvidos problematizam situações vividas no cotidiano
com o objetivo de compreendê-las na sua complexidade, ressigni-
ficando sua ação.
Daí a importância em analisar como vêm sendo tratadas as
questões ambientais na Escola, saber de que forma os professores
veem os problemas ambientais não só no contexto local como glo-
bal, e investigar quais têm sido as atividades de educação ambiental
desenvolvidas por eles.

A Escola e seus sujeitos sociais: procedimentos de


investigação

O Estabelecimento em que se realizou a pesquisa é uma


escola estadual tradicional do município selecionado, situada no
centro da cidade e que atende em dois turnos, em 2008, a 322
alunos das quatro séries iniciais do ensino fundamental, que em
sua maioria provêm da periferia. Sua escolha deveu-se ao fato de
atender somente às séries iniciais do ensino fundamental, e por
entendermos que as crianças dessa faixa etária têm mais facilidade
para apreender novos hábitos e desenvolver comportamentos mais
condizentes com a nova realidade local e global em relação à ques-
tão do meio ambiente.
A Escola é pequena, mas muito bem organizada e limpa,
tendo uma boa estrutura física em comparação com a maioria das
escolas públicas: é toda murada; com corredores compridos e estrei-
Educ. foco,
Juiz de Fora,
tos, que levam às salas de aula. Possui um pátio espaçoso com palco
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104 para apresentações; uma biblioteca precária (com poucos livros), a
secretaria, a sala da diretora, da supervisora e a sala dos professores; Educação Ambiental
na Escola: um estudo

refeitório, cantina, um banheiro masculino e um feminino para os


sobre os saberes docentes

alunos e um banheiro para professores. As salas de aula são amplas,


porém precisando de reformas, e todas com carteiras alinhadas em
fileiras e nenhum estímulo visual.
O universo de investigação compõe-se de 18 professoras
que, em sua maioria, já lecionam há muitos anos, aparentando ter
entre 40 e 60 anos de idade, e sempre que podem comentam que
estão ansiosas para se aposentar, demonstrando de forma clara o
cansaço e a desmotivação com o seu ofício.
Para a coleta de dados foram utilizados dois instrumentos
de pesquisa: o primeiro foi um questionário com respostas fechadas,
aplicado a todas as professoras da Escola, no qual se buscou aferir
informações dos seus saberes sobre meio ambiente e educação am-
biental, em termos de nível de conhecimento, grau de interesse e
envolvimento. Tais questões visaram entender como o pesquisado
vê e em que contexto ele se situa para reagir a esse tema, por meio
de indicadores de quantidade.
O segundo instrumento de pesquisa foi uma entrevista
estruturada com questões abertas para as 5 professoras que se dis-
ponibilizaram a gravar um depoimento. Tais entrevistas tiveram
o propósito de diagnosticar os saberes docentes sobre a proble-
mática ambiental e a educação ambiental. A opção pela entrevista
gravada justifica-se pelo fato de colocar pesquisador/pesquisado
frente à realidade, oferecendo mais liberdade ao informante para
expressar e justificar suas concepções, apresentando dados de ca-
ráter qualitativo.
Para manter o sigilo das pesquisadas, elas foram chamadas
de informantes e numeradas, no questionário, de informante 01
a informante 18, e na entrevista, de entrevistada 01 a 05, já que
as mesmas foram selecionadas conforme sua disponibilidade, para
identificar seus saberes, como vêm tratando em sala de aula e quais
ações pedagógicas vêm sendo adotadas na escola ou na sociedade em
relação às questões do meio ambiente.

Saberes docentes sobre meio ambiente

Ao analisar os saberes docentes sobre a questão ambiental, Educ. foco,


será possível entender os possíveis caminhos de sua prática social e Juiz de Fora,
105 v. 14, n. 2, p. 95-119,
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de Azevedo pedagógica, e conhecer as concepções que possuem e como agem
e Kalina Ligia
Ferreira Fernandes em relação aos problemas ambientais, no contexto local e escolar. É
nesse contexto que a Educação Ambiental ensinada na escola cons-
titui-se como uma possibilidade de contribuir para uma educação
de qualidade, garantindo o respeito à vida e a todos os cidadãos que
partilham dessa realidade que se vive hoje.
Nas palavras de Reigota (2002, p. 82), a partir da educação
ambiental, “a escola, os conteúdos, e o papel do professor e dos
alunos são colocados em uma nova situação, não apenas relacionada
com o conhecimento, mas sim com o uso que fazemos dele e a sua
importância para a nossa participação política cotidiana”. O espaço
escolar pode oferecer, aos sujeitos envolvidos no fazer pedagógico
diário, a interlocução com os pressupostos da educação ambiental,
como forma de contribuir para a reflexão do modo de vida na socie-
dade contemporânea.
Como o tema meio ambiente é bastante amplo e está
associado a diferentes aspectos, foram realizadas duas perguntas
com o propósito de compreender como os 5 educadores entre-
vistados o concebem. Na questão “o que você entende por meio
ambiente?”, apesar das diferenças entre as respostas, um aspecto
comum nos depoimentos é a associação do meio ambiente com
natureza física, ao relacioná-lo com tudo o que “nos rodeia, nos
cerca e nos envolve”. As respostas demonstraram fortes indica-
ções de uma concepção que Reigota (2002, p. 74) chama de “na-
turalista”, isto é, que abarca, sobretudo, os elementos abióticos
(ar, solo, água, entre outros) e bióticos (animais, plantas). O ser
humano e tudo o que ele produz (a chamada segunda natureza)
foram considerados, em menor grau, como partes integrantes do
meio ambiente.
Com o intuito de aprofundar um pouco mais a concep-
ção que as professoras têm do meio ambiente, foi proposta em
outra questão uma série de itens, solicitando que assinalassem
aqueles que fazem parte do meio ambiente. As respostas apresen-
tadas no gráfico a seguir corroboram o que foi afirmado ante-
riormente, uma vez que os elementos ligados mais diretamente
à natureza tiveram maior indicação (59%), enquanto os itens
que se referem ao ambiente construído pelo homem (fazendas,
sítios, prédios, estradas, fábricas, casas, praças, parques) tiveram
Educ. foco,
Juiz de Fora, menor votação.
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Além da dificuldade em reconhecer o ambiente constru- Educação Ambiental
na Escola: um estudo

ído como parte do meio, outro aspecto relevante apresentado no


sobre os saberes docentes

Gráfico 1 (página que segue) refere-se ao baixo percentual de res-


postas (11%) que identificam o ser humano como parte do am-
biente, o que aponta para uma visão dicotomizada entre o homem
e o ambiente.
Essa percepção também é reafirmada na questão em que
as informantes assinalaram, dentre as opções apresentadas, aquelas
que consideravam como problemas ambientais mais prementes,
tanto ao nível local como global, cujos percentuais encontram-
se no Quadro 1, apresentado na página a seguir. Dois aspectos
fundamentais aparecem nos índices. O primeiro evidencia a asso-
ciação que as informantes fazem entre problemas ambientais e a
natureza física, dada a maior incidência de respostas que assinala
essa relação.
Em segundo lugar, percebe-se que o homem aparece como
o grande responsável pelos problemas ambientais. Aqui também
aparece claramente a separação entre homem e natureza. Além do
ser humano não ser indicado como componente essencial do meio
ambiente, ele é apontado como o principal causador dos problemas
ambientais.

Gráfico 1: Elementos que fazem parte do Meio Ambiente.

Fonte: Professoras que responderam ao questionário. MG, 2008.

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de Azevedo Quadro 1: Problemas Ambientais Listados.
e Kalina Ligia
Ferreira Fernandes

Problemas Ambientais Nº de Citações Índice=100


Pobreza 8 44,4%
Assoreamento dos rios 17 94,4%
Desmatamento, queimadas 18 100%
Aquecimento global 15 83,3%
Buzina 5 27,8%
Poluição visual e sonora 10 55,5%
Desertificação 10 55,5%
Muros pichados (faixas e cartazes) 6 33,3%
Fumaças diversas (veículos, chaminés de
16 88,8%
casas, indústrias).
Extinção de espécies animais e vegetais 18 100,0%
Riqueza concentrada 7 38,9%
Crescimento populacional 11 61,1%
Falta de água tratada 15 83,3%
Poeira 12 66,7%
Trânsito 7 38,9%
Lixo a céu aberto 18 100,0%
Esgoto a céu aberto 18 100,0%
Poluição das águas 18 100,%
Enchentes e enxurradas 6 33,3%
Destruição da camada de ozônio 11 61,1%
Fonte: Professoras que responderam ao questionário. MG, 2008.

Os dados assinalados pelas professoras reforçam a tese de


que prevalece uma concepção naturalista de meio ambiente. Os
itens que receberam maior indicação foram: lixo e esgoto a céu aber-
to, extinção das espécies animais e vegetais, desmatamento, quei-
madas, poluição das águas, assoreamento dos rios, fumaça, entre
outros. Os itens menos indicados foram justamente aqueles ligados
à sociedade e ao meio ambiente construído: pobreza, riqueza con-
centrada, trânsito, crescimento populacional. Os itens relativos aos
muros pichados e ruídos sonoros (buzina) não tiveram indicações
expressivas talvez por serem praticados eventualmente ou por não
serem associados aos problemas ambientais.
Educ. foco,
Juiz de Fora,
Nas entrevistas, procurou-se aprofundar a percepção que as
v. 14, n. 2, p. 95-119,
set 2009/fev 2010
108 docentes têm da problemática ambiental que as envolve. Numa per-
gunta foi solicitado às professoras que elas indicassem os problemas Educação Ambiental
na Escola: um estudo

mais preocupantes do município. Seguem algumas respostas:


sobre os saberes docentes

Os maiores problemas são a poluição das águas, os esgotos


a céu aberto e o lixo, principalmente na zona rural. [...]
Desmatamentos sem controle para plantação de café e pasto
pra gado. [...] Eu diria que é a retirada das matas ciliares, a
queimada, falta de saneamento básico. [...] A poluição do
Rio Turvão, a poluição do ar [...].

Os problemas ambientais do município mais citados pelas


professoras foram a poluição das águas dos rios, os desmatamentos,
queimadas, os esgotos e o lixo, e estão muito relacionadas com a
ação humana. Nesse sentido, em outra questão, procurou-se saber
das professoras quem são, segundo elas, os principais responsáveis
pelos problemas ambientais do município. Eis trechos dos princi-
pais depoimentos:

Eu acho que todos nós somos responsáveis, porque se cada


um de nós fizer a sua parte, não teria tantos problemas am-
bientais como nós temos aqui. [...] Todas as pessoas que
de alguma forma tenham atitudes que agridem a nature-
za, empresas, autoridades, falta de recursos. [...] Todos nós
somos responsáveis, pois, em função do capitalismo, atro-
cidades vêm sendo cometidas numa busca desenfreada do
consumismo. [...] A principal responsável acho que é nossa
administração municipal, porque não faz nem um tipo de
trabalho para a conscientização da população em relação,
por exemplo, ao lixo da cidade, têm que começar por algum
lugar, e o lixo é uma das possibilidades onde a população
pode começar agir diretamente como na separação dele.
Depois partimos para outras necessidades urgentes.

Ao citar “todos nós”, algumas das depoentes deixam de
olhar para os processos reais da comunidade e do entorno sócio-
ambiental. Essa indicação é citada por meio de uma expressão am-
pla, indicando um sujeito anônimo, não especificando quem são
os atores sociais que mais geram problemas ambientais. Outras
justificativas atribuídas, como a falta de recursos, empresas e as
autoridades, evidenciam que todos implicitamente somos respon-
sáveis pelo surgimento dos problemas ambientais, independente Educ. foco,
Juiz de Fora,

da atuação na natureza. 109 v. 14, n. 2, p. 95-119,


set 2009/fev 2010
Denilson Santos
de Azevedo
e Kalina Ligia
Interesse docente e nível de conhecimento sobre o meio
Ferreira Fernandes
ambiente

Numa outra questão, perguntou-se sobre o grau de interesse


que os docentes têm em relação ao tema Meio Ambiente, apresentan-
do quatro alternativas: “Muito Interessado”, “Interessado”, “Mais ou
Menos Interessado” e “Indiferente”. O resultado encontra-se abaixo:

Quadro 2: Grau de interesse sobre o Meio Ambiente.

Grau de interesse Nº de Citações Índice=100


Muito interessado 8 44,5%
Interessado 8 44,5%
Mais ou menos interessado 2 11,0%
Indiferente 0 0%
Total 18 100%

Fonte: Professoras que responderam ao questionário. MG, 2008.

Conforme se observa no quadro 2, o percentual das que


manifestaram interesse (“muito interessado” e “interessado”) che-
ga a 89,0%. Esse resultado, entretanto, não é proporcional ao que
as mesmas dizem quanto ao seu nível de conhecimento e preparo
para ministrar o assunto em aula, e a constatação da ausência de
projetos específicos na área. Há um distanciamento entre a consci-
ência que afirmam possuírem e o domínio do conhecimento sobre
o tema.
Ainda com o propósito de aprofundar mais a discussão e
esclarecer importantes dados entre a teoria e a prática, na entrevista
foi feita a pergunta Qual a importância que você confere ao tema?

[...] Olha eu acho que é muito importante, porque a pre-


servação do meio ambiente é preservar a nossa vida, porque
se você está preservando você também está adquirindo bons
hábitos de higiene, a questão do ar, das águas, se você tra-
balha a questão do meio ambiente, você está trabalhando
tudo, pra sua pessoa (Informante 01). [...] Confiro muita
importância, pois a educação ambiental é o tema do futuro
da Terra. Faltando consciência ambiental, senso comum de
Educ. foco, conservação e aproveitamento, a trajetória do meio ambien-
Juiz de Fora,
v. 14, n. 2, p. 95-119,
110 te estará fadada ao fim (Informante 02).
set 2009/fev 2010
[...] Importantíssimo, visto que, o meio é o nosso habitat Educação Ambiental
na Escola: um estudo

e a forma com que este vem sendo tratado é muito preo- sobre os saberes docentes

cupante (Informante 03). [...] Para mim o tema é muito


importante, afinal, disso depende toda nossa vida, o futuro
da natureza, das modificações, alterações (Informante 04).
[...] De acordo com a atual situação ambiental do planeta é
extremamente importante abordar esses assuntos para ten-
tar garantir a preservação da vida (Informante 05).

As respostas deram ênfase aos aspectos de conservação, pre-


servação do meio ambiente e da vida, cuidado e respeito com a
natureza ou algum elemento específico, não só do ambiente natural,
mas também do ambiente humano, o que, segundo Reigota (2002),
aponta para uma concepção antropocêntrica de meio ambiente, isto
é, utilitária, na qual sua preservação é vista como condição neces-
sária para a sobrevivência e manutenção da espécie, apresentando
uma representação de cunho conservacionista.
Se o tema desperta interesse e é considerado relevante para
as professoras, isto não significa dizer que o ensino sobre o assunto
seja simples, uma vez que a educação ambiental, assim como qual-
quer outra atividade pedagógica, exige certo nível de conhecimento
acumulado. Daí, a questão feita a todas as professoras pesquisadas
sobre seu nível de informação, de conhecimento sistematizado a res-
peito do conteúdo sobre educação ambiental.
Na questão, foram dadas quatro alternativas sobre o grau
de informação: “nenhuma”, “pouca”, “razoável” e “boa”. A opção
“razoável” foi a que obteve a maior indicação (67%), seguida das
“bem informadas”, com 22%. Relativamente baixo é o índice das
que se consideram pouco informadas (12%). O item nenhuma in-
formação, não foi assinalado.
Entretanto, em outra questão, apresentou-se um quadro
com alguns dos documentos mais importantes, para subsidiar o en-
sino sobre meio ambiente. Solicitou-se às professoras que assinalas-
sem o seu grau de conhecimento sobre alguns documentos listados,
com as seguintes alternativas: “Não conheço,” “Conheço” e “Co-
nheço e uso com frequência”.
O saber sobre educação ambiental e, principalmente, o uso
dos materiais elencados, que podem ser considerados básicos para
nortear uma proposta curricular sobre meio ambiente de uma esco-
la, não atingiram números expressivos, em termos de conhecimen- Educ. foco,
Juiz de Fora,

tos apresentados pelo corpo docente. 111 v. 14, n. 2, p. 95-119,


set 2009/fev 2010
Denilson Santos
de Azevedo Sobre o livro dos PCNs, de Meio Ambiente e Saúde, 16 dos
e Kalina Ligia
Ferreira Fernandes 18 docentes (89,6%) disseram conhecer, mas apenas 3 (16,8%) afir-
maram fazer uso com frequência. Já sobre a Lei 9.795/99, que insti-
tuiu a obrigatoriedade da Educação Ambiental em todos os níveis da
educação brasileira, 11 docentes (61,6%) afirmaram desconhecê-la,
os demais a conhecem, mas apenas 2 (11,2%) a utilizam frequente-
mente. Já a Agenda 21, que traz orientações sobre desenvolvimento
sustentável, 83,2% afirmou desconhecer, 16,8% disse conhecer e
ninguém a utiliza. Quase o mesmo resultado foi obtido em relação
à Carta da Terra e aos outros documentos assinados nas conferências
de Estocolmo, Belgrado, Tbilisi, que são desconhecidos para 89,6%
dos docentes, e somente 11,2% afirmou apenas conhecê-los.
Embora o conhecimento desse conjunto de documentos
não signifique que o trabalho sobre educação ambiental seja bem
realizado na escola, o emprego de alguns deles são fundamentais
para o desenvolvimento de ações pedagógicas com esse teor. Com o
propósito de aprofundar um pouco mais essa questão, na entrevista
se perguntou qual o grau de conhecimento que o docente tem sobre
o tema meio ambiente. Eis as respostas:

[...] Mínimo, o senso comum que a maioria dos leigos possui


(Informante 01). [...] Penso que o conhecimento que tenho
é razoável, embora necessite de mais para poder trabalhar em
sala de aula (Informante 02). [...] Um conhecimento básico
buscado em livros, revistas. Mas que poderia ser mais apro-
fundado (Informante 03). [...] Tenho um pouco de conhe-
cimento, embora precise estudar mais sobre o assunto (In-
formante 04). [...] Fiz um curso de Saneamento e Educação
Ambiental há uns dois anos atrás, deu pra aprender alguma
coisa e também gosto de ler sobre o assunto em revistas, jor-
nais, vejo programas, etc. (Informante 05).

Os depoimentos coletados apontam os limites da ação edu-


cativa para o trabalho com a temática ambiental, uma vez que se
considera essencial que as professoras tenham conhecimentos sobre
o assunto, sejam eles provenientes de seus saberes de formação ini-
cial ou de formação continuada.
Ao se questionar sobre os cursos de aperfeiçoamento ou de
capacitação referentes aos assuntos dessa natureza, verificou-se que 13
Educ. foco,
Juiz de Fora, das 18 docentes (72%) assinalaram a opção nunca ter participado de
v. 14, n. 2, p. 95-119,
set 2009/fev 2010
112
cursos na área ambiental, enquanto das 5 que responderam afirma- Educação Ambiental
na Escola: um estudo

tivamente, apenas 3 informaram os cursos que fizeram: “Reciclagem


sobre os saberes docentes

de lixo e água e Saneamento e Educação Ambiental”. E nenhuma


delas mencionou onde esses cursos foram ofertados. Esses dados evi-
denciam que os cursos de formação de professores na área ambiental
ainda não são suficientes para atender essa demanda emergente.
Se não houve até o momento um trabalho de orientação
pedagógica sobre a educação ambiental, tampouco se identificam
projetos com esse conteúdo desenvolvidos pela Escola, apenas
ações individuais de algumas professoras e iniciativas isoladas de
agentes externos, como fica evidenciado na resposta dos entrevis-
tados à pergunta sobre que projetos de educação ambiental a esco-
la desenvolve ou desenvolveu:

Não lembro de nenhum projeto que a escola tenha de-


senvolvido, lembro de um projeto feito ano passado por
uma estagiária da UFV, que todas as turmas do horário
da tarde participou, mas foi só [...] (Informante 01). A
nossa prática do dia a dia, ela acaba praticamente fazen-
do com que pequenos projetos acontecem, mas muito
individualizados. Um projeto maior em nível de escola
ainda não aconteceu (Informante 02) [...]. Não. Só sei
que todos abordam a problemática do lixo [...] (Infor-
mante 03). Projetos grandes a escola ainda não fez, o que
acontece em nossa escola é a conscientização diária por
parte do professores [...] (Informante 04). Ano passado
uma estagiária da Universidade, realizou um projeto de
Educação Ambiental aqui na escola, mas tirando esse
não lembro um em que a escola realmente tenha realiza-
do (Informante 05).

Mesmo no âmbito individual, o trabalho das professoras
com projetos e atividades de educação ambiental ainda é bastante
reduzido, pois apenas uma das cinco entrevistadas relatou ter desen-
volvido um trabalho sobre reciclagem de lixo. Outras três alegaram
“a falta de material e de conhecimento para trabalhar bem o tema,
a falta de interesse e também de iniciativa da direção” como ra-
zões para a não realização de atividades sobre educação ambiental.
Quanto à omissão de ações para o desenvolvimento de projetos,
outra docente apontou também a falta de compromisso dos órgãos Educ. foco,
Juiz de Fora,
públicos municipais, dizendo: “uns tempos atrás procurei a direção 113 v. 14, n. 2, p. 95-119,
set 2009/fev 2010
Denilson Santos
de Azevedo para desenvolvermos um projeto, mas acabei não desenvolvendo
e Kalina Ligia
Ferreira Fernandes porque fui informada na época que no ano seguinte se faria um
grande projeto e que este seria a nível municipal. Aconteceu que no
ano seguinte não aconteceu.”
Para reversão deste cenário, perguntou-se às professoras
para que dissessem o que poderia ser feito para que a educação am-
biental se tornasse uma atividade corriqueira na Escola, destacamos
algumas respostas obtidas:

Talvez uns cursos, ou alguém de fora que viesse conscientizar


os professores a nível geral, chamar a todos para dar informa-
ções sobre a realidade [...] (Informante 01). Eu diria que, pes-
soas especializadas no assunto deveriam ministrar palestras
deveriam ser utilizadas no contexto dos planejamentos e colo-
cadas em prática no cotidiano da instituição [...] (Informante
02). Elaborar projetos e palestras para mostrar a importância
da Educação Ambiental na escola e na comunidade, mas é
preciso que todos se unam para atingir os objetivos, sendo a
escola, a comunidade e as autoridades [...] (Informante 04).
Os professores têm que ter muito conhecimento sobre o as-
sunto e mostrar a importância da temática, bem como se ou-
sar colocar projetos em prática [...] (Informante 05).

Outra grande dificuldade de se trabalhar com a temática


ambiental está relacionada, segundo 10 das 18 professoras, à falta de
material didático, uma vez que a maioria dos livros didáticos tende a
fragmentar os problemas, contribuindo para uma formação em que o
pensamento integrado e complexo fica restrito a uma intenção e/ou
a exemplos e iniciativas que não contemplam as especificidades locais
do município. Vale ressaltar, entretanto, que o Ministério da Educação
(MEC) disponibiliza materiais aos docentes interessados no assunto.
Dada a complexidade da temática ambiental e as dificulda-
des apontadas pelas docentes para ensinar esse conteúdo, pergunta-
mos às entrevistadas qual é o seu maior desafio enquanto um poten-
cial agente de conscientização ambiental:

Estar bem informado e desenvolver projetos interessantes,


que realmente conscientizem e que sejam constantes [...] (In-
formante 01). Realizar na prática é o grande desafio, falar é
Educ. foco, muito fácil, o problema é praticar [...] (Informante 02). Exa-
Juiz de Fora,
v. 14, n. 2, p. 95-119,
114 tamente esse o de conscientizar formalmente não somente
set 2009/fev 2010
informar ou esclarecer [...] (Informante 03). O maior desafio Educação Ambiental
na Escola: um estudo

é conscientizar de forma que a criança passe a mudar suas ati- sobre os saberes docentes

tudes negativas em relação ao meio ambiente e passe a cobrar


dos outros também uma nova postura [...] (Informante 04).
Conseguir atingir igualmente a todos e a resistência por parte
de alguns devido a conceitos que já vem da educação e são
difíceis de serem modificados (Informante 05).

As respostas apresentadas pelas professoras demonstram que


os maiores desafios do educador para inserir a educação ambiental
em suas respectivas práticas são: a motivação, a participação, a infor-
mação e a mudança de conceitos muitas vezes dos próprios docentes
e dos alunos, e que essa mudança de concepção constitui-se numa
ferramenta imprescindível para modificar o paradigma ambiental
da comunidade em geral.
Com o intuito de estabelecer uma possível conexão entre
problemática ambiental comunitária e o trabalho a ser desenvolvido
na escola, indagou-se às professoras entrevistadas quais seriam os
problemas mais emergentes que a educação ambiental deve tratar.
Obtiveram-se as seguintes respostas:

Pra melhorar em primeiro lugar não seria só na escola, seria


ao nível de município, que nós estamos com uma defasagem
muito grande, então eu acho assim: aqui na escola a gente
conscientizaria, mas não depende só de nós, depende tam-
bém das autoridades para que eles comecem a ter consciência
de que tem que mudar também lá fora, que só aqui na escola
não adianta [...] (Informante 01). A reciclagem do lixo e a
economia da água [...] (Informante 02). Para mim é poluição
das águas, destruição, desmatamentos, poluição, queimadas,
suas causas e efeitos a curto, médio e longo prazo [...] (In-
formante 03). Acredito que a água é um deles e também o
desmatamento que provoca modificações no clima, tudo é
muito importante [...] (Informante 04). É a preservação de
espécies de animais e plantas, da água potável e despoluição
do ambiente como um todo [...] (Informante 05).

Os problemas ambientais considerados pelas professoras


como mais emergentes são: a poluição dos rios e das nascentes pro-
vocadas pelos esgotos e resíduos sólidos (lixo), o desmatamento, a
Educ. foco,
queimada em geral e a constante destruição de fauna e flora. Ou Juiz de Fora,
115 v. 14, n. 2, p. 95-119,
set 2009/fev 2010
Denilson Santos
de Azevedo seja, entre as docentes mais uma vez predomina uma visão naturalis-
e Kalina Ligia
Ferreira Fernandes ta do meio ambiente, pois, perguntadas quais seriam os problemas
mais emergentes que a educação ambiental deveria trabalhar, elas
insistiram em citar os problemas causados pelo homem.
Na sequência, procurou-se saber das professoras quais são
os principais responsáveis pela solução dos problemas ambientais. A
maioria das respostas convergiu no sentido de atribuir a responsa-
bilidade à comunidade em geral. As categorias mais citadas foram:
“todos nós, pais, alunos, as autoridades e as empresas”. É interessante
observar que apenas uma docente inseriu os alunos neste contexto
No intuito de levar as professoras a aprofundar ainda mais o
seu diagnóstico sobre a problemática ambiental no município inves-
tigado, foram sugeridas algumas possíveis alternativas, para que elas
avaliassem as que consideram mais eficazes para enfrentar os proble-
mas ambientais locais. Dentre as opções dadas, a educação ambiental
foi assinalada por 13 dos 18 professores, o que corresponde a 72,8%
dos que responderam ao questionário. A segunda opção mais votada,
indicada por 12 docentes (67,2%), acredita na mobilização da socie-
dade local, seguida pelo item que propõe políticas públicas de meio
ambiente, que obteve 10 votos (56%). Na sequência, foi marcada a
opção que sugere a fiscalização e cobrança de multas, com 8 votos
(44,8%). Apenas 5 docentes (28%) acreditam na cobrança de um
imposto municipal destinado a financiar programas ambientais.
Ainda com o objetivo de aprofundar a discussão e propiciar
maiores esclarecimentos sobre a necessidade de um compromisso
com a preservação ambiental, foi feita a seguinte pergunta: Como os
educadores e a escola podem contribuir na solução desses problemas? A
educação tem um papel nesse sentido?

Podem contribuir na conscientização dos alunos, pais e


comunidade, juntamente com trabalhos práticos que evi-
denciem a importância da preservação do meio ambiente.
A escola não só tem um papel nesse sentido, como tem a
obrigação de fazê-lo [...] (Informante 01). Com certeza, a
educação tem um papel fundamental nesse processo, mas é
preciso que esteja interligada às outros segmentos da socie-
dade para que esses possíveis projetos sejam desenvolvidos
e se tenha um retorno de todo o trabalho [...] (Informante
02). Sim, é lógico através da conscientização e isso a escola
Educ. foco,
Juiz de Fora,
pode fazer, através também de toda sociedade local, prefei-
v. 14, n. 2, p. 95-119,
set 2009/fev 2010
116 tura, etc. (Informante 03). A escola deve orientar os alunos
sobre a forma correta de aproveitar o ambiente sem agredi- Educação Ambiental
na Escola: um estudo

lo e tentar atingir o maior número possível de segmentos sobre os saberes docentes

da sociedade (Informante 04). Com certeza, tudo parte da


educação e os educandos são os principais agentes para a
solução desses problemas (Informante 05).

As respostas dadas pelas professoras indicam que a comuni-


dade escolar pode contribuir para a construção de novos valores e
atitudes, por meio de informação e conscientização sobre o tema, o
que pode ser um ponto de partida para a solução dos problemas am-
bientais, sobretudo no que diz respeito à cooperação entre a Escola e
a comunidade. Para a resolução dessa questão, assim como de tantos
outros problemas sociais, sabe-se que a educação apresenta possibi-
lidades, porém tem seus limites, uma vez que ela tem apenas uma
função mediadora, devendo estar conectada com outras instituições
sociais para que possa dar uma contribuição efetiva no modo de
pensar e agir de uma comunidade.
Para efetiva inserção da educação ambiental como ati-
vidade pedagógica, as professoras fizeram menção aos seguintes
encaminhamentos: vontade política para viabilizar a capacitação
das docentes por meio de cursos, da conscientização sobre a im-
portância e da execução de projetos pedagógicos interdisciplinares
sobre o tema.
Com a formulação desses encaminhamentos, percebe-se
que o desconhecimento, a falta de iniciativa e de projetos inter-
disciplinares leva a maioria das docentes a trabalhar os conteúdos
relacionados com a temática ambiental de forma pouco sistemática
e secundária, o que demonstra que a Escola não possui uma pro-
posta definida para o desenvolvimento concreto do tema, que não
há uma ação institucionalizada do Estabelecimento em demandar
do poder público uma orientação e capacitação dos profissionais do
ensino para a realização de um trabalho de educação ambiental que
envolva toda a comunidade escolar na concepção, no planejamento,
na coordenação e na execução dos projetos.
O que se pode concluir diante dos dados é que as docentes
possuem consciência da importância e acreditam muito na edu-
cação ambiental como a principal alternativa para a preservação
do meio e a reversão do quadro de degradação ambiental. No en-
tanto, também afirmam não possuírem conhecimentos específicos Educ. foco,
Juiz de Fora,
para trabalhar a temática. 117 v. 14, n. 2, p. 95-119,
set 2009/fev 2010
Denilson Santos
de Azevedo
e Kalina Ligia
Considerações Finais
Ferreira Fernandes

As respostas obtidas por meio do questionário e da entrevis-


ta permitiam tecer algumas considerações sobre os saberes docentes,
com relação ao que elas entendem por meio ambiente e educação
ambiental. A constituição de tais saberes é resultante das experiên-
cias adquiridas nas relações sociais vivenciadas, da formação pro-
fissional e dos saberes disciplinares e curriculares das pesquisadas,
originando um esboço da consciência coletiva, que é determinado
historicamente pelo meio e pelo seu grupo social.
Considerando inicialmente os saberes docentes das educa-
doras com relação ao termo meio ambiente, constatou-se que as
estas ainda conservam fortes traços e resquícios de uma concepção
“naturalista”, no qual o meio ambiente continua sendo entendido
como natureza física pura, isto é, como uma totalidade externa e
independente do homem e da sociedade. A ausência de uma con-
cepção sócio-ambiental limita a análise da problemática ambiental,
uma vez que não inclui o ser humano enquanto um componente
fundamental do meio ambiente, capaz tanto de destruir como de
preservar e transformar seu “habitat” natural e social.
No que se refere aos saberes docentes em relação à proble-
mática local/global, também se verificam indícios de uma concepção
naturalista, sendo destacados os problemas que fazem parte do seu
entorno. No entanto, os problemas sócio-culturais dessa questão não
são ressaltados em suas respostas, o que atesta que as docentes não
conseguem estabelecer relação entre os fatos ambientais e as ações
humanas, o que revela os limites do entendimento a respeito da pro-
blemática ambiental com o meio social no qual estão inseridas.
Se as professoras têm consciência sobre a problemática am-
biental e a importância de educar para a formação de hábitos ambien-
talmente mais condizentes com nossa nova realidade, o mesmo não se
pode afirmar a respeito do domínio de conhecimento e de preparo que
a maioria afirma ter sobre esse assunto. Nesse sentido, as atividades de
educação ambiental desenvolvidas na Escola ocorrem esporadicamente,
de forma fragmentada e por iniciativa de algumas professoras. Dentre
as razões apontadas para isso está a falta de recursos didáticos, de infor-
mação e de cursos de formação continuada sobre o tema.
A escola, vista hoje como mediadora de possibilidades
Educ. foco,
Juiz de Fora, para o enfrentamento das atuais situações que permeiam as ques-
v. 14, n. 2, p. 95-119,
set 2009/fev 2010
118 tões ambientais, só alcançará êxito se contribuir para a formação
de cidadãos comprometidos com um desenvolvimento socialmente Educação Ambiental
na Escola: um estudo

justo, economicamente viável e ambientalmente sustentável. Neste


sobre os saberes docentes

sentido, precisa ter o senso de responsabilidade e contribuir para o


entendimento e a transformação do atual quadro de degradação em
que se encontra o ambiente que a circunda e o nosso planeta.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura/Secretaria de Educação


Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução
aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, v. 1, 1997.
______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Meio ambiente e
saúde. Brasília, v. 9, 2000.
______. A Implantação da Educação Ambiental no Brasil.
Coordenação de Educação Ambiental. Brasília, 1998.
CONFERÊNCIA das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento. Agenda 21. 2 ed. Brasília: Senado Federal, 1997.
REIGOTA, Marcos. Meio ambiente e representação social. São
Paulo: Cortez, 2002. (Série Questões de Nossa Época).
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

Data de recebimento: fev/2009


Data de aceite: jul/2009

Educ. foco,
Juiz de Fora,
119 v. 14, n. 2, p. 95-119,
set 2009/fev 2010

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