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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 7ª VARA CÍVEL DO


FORO DA COMARCA DE OSASCO – ESTADO DE SÃO PAULO.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1019552-48.2021.8.26.0405 e código 82C2F94.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MILENA PIRAGINE, protocolado em 14/09/2021 às 12:09 , sob o número WOCO21702597660 .
Processo nº 1019552-48.2021.8.26.0405

BANCO DO BRASIL S/A, sociedade de economia mista, sediada no


setor de Autarquias Norte, quadra 05, lote B, torre I, Edifício Banco do Brasil, em Brasília,
DF, devidamente inscrita no CNPJ sob 00.000.000/0001-91, com seus atos constitutivos
registrados e arquivados no Departamento Nacional do Registro do Comércio sob n.º
83, com e- mail: bbsp@olimpiodeazevedo.com.br, nos autos da AÇÃO, que lhe move
ADOLVANO GONCALVES RAMOS, em curso perante esse MM. Juízo, vem,
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 336 e
do Código de Processo Civil, apresentar, tempestivamente, sua

CONTESTAÇÃO

pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.

SINTESE DA DEMANDA

Em apertada síntese, afirma o autor ter contraído empréstimos com


esta Casa Bancária, bem como com mais 5 (cinco) instituições financeiras, razão pela
qual os descontos dos empréstimos ultrapassam 30% dos rendimentos do Autor.

Alega que os descontos têm retido quase integralmente seus


vencimentos, deste modo pleiteia o Autor, através de Tutela Antecipada a limitação dos
descontos em 30%, bem como que os valores correspondentes a 70% de sua pensão
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permaneçam disponíveis, além de que o Banco se abstenha de negativar seu nome,


sob pena de multa diária.

O Autor requer ainda a concessão do benefício da justiça gratuita, a

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inversão do ônus da prova, bem como a procedência da ação, determinando-se que o
Banco e demais corréus promovam a limitação dos descontos somados a 30% da
remuneração mensal líquida do Autor, considerando a não inclusão das verbas

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referentes ao pagamento de atrasados, indenizações, bonificações e participações por
resultado, ajuda de custo para alimentação, salário família, auxílio transporte, auxílio
creche, adicional de transporte, 13º salário, o pagamento do abono e 1/3 de férias e
demais verbas de caráter não permanente.

Por fim, o Autor pleiteia que o Banco seja condenado ao pagamento


de custas e despesas processuais, bem como honorários advocatícios no importe de
20% sobre o valor da condenação.

Não obstante a extensão dos argumentos trazidos pelo Autor, em


verdade, se limitam as formulações comuns aos devedores que, com objetivo de
afastar os reflexos da inadimplência, abarrotam o Poder Judiciário com lides
fadadas ao insucesso, pretendendo sejam alterados os instrumentos legitimamente
pactuados, cujo teor demonstram, o respeito às prerrogativas insculpidas junto ao artigo
6º da Lei n. 8.078/1999, notadamente, a clareza e precisão acerca dos valores e prazos
ajustados, tudo, conforme requerido pela próprio autor, exatamente como se
comprovará:

DA REALIDADE DOS FATOS

A parte Autora mantém junto a esta Casa Bancária a operação de


nº 895862591 BB RENOVAÇÃO CONSIGNAÇÃO, tendo sido contratada em
28/02/2018, no valor de R$ 28.898,00 (vinte e oito mil, oitocentos e noventa e oito
reais), a ser pago em 72 parcelas de R$756,95 (setecentos e cinquenta e seis reais
e noventa e cinco centavos).

Importante salientar que o Autor, ao pactuar os contratos de


empréstimos junto ao Banco Réu, comprovou sua capacidade econômica, sendo feita
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análises de rendas, por esta instituição financeira, e com a fixação dos limites
compatíveis de acordo com o perfil do cliente, ora Autor, os empréstimos então foram
concedidos.

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Vale informar que o como pode se verificar da cópia do contrato de
empréstimo realizado, o autor o celebrou em 28/02/2018, não tendo sido enganado ou
forçado por parte desta Casa Bancária a realizar a avença.

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O Autor somente acusa o Banco Requerido em conceder os


empréstimos, mas o mesmo não percebe, que este o requereu, comprovou e usufruiu,
o valor requerido.

Ora Nobre Magistrado, o Autor estava ciente de todas as condições


oferecidas nos empréstimos, e mesmo assim, os pactuou.
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Verifica-se que o autor é um verdadeiro devedor contumaz, tendo


celebrado diversos contratos perante diversas instituições financeiras de forma
irresponsável e, de forma ainda mais irresponsável, procura o Poder Judiciário para

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tentar se beneficiar às custas do réu, para se escusar de cumprir fielmente o seu
contrato.

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DA TEMPESTIVIDADE

Ocorre que, fora juntado aos autos AR (aviso de recebimento) de


Citação desta Casa Bancária em 28/08/2021.

De acordo com o Provimento CSM 2.584/2020, não houve expediente


forense nos dias 06/09/2021 e 07/09/2021, razão pela qual o prazo para contestar se
encerra em 21/09/2021. Deste modo, a presente Contestação é
INCONTESTAVELMENTE TEMPESTIVA.

PRELIMINARMENTE:

DA FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL E O NÃO ATENDIMENTO DAS


EXEGESES DOS §§2º E 3º DO ARTIGO 330 DO CPC

Pode-se dizer que o interesse processual é o binômio necessidade-


utilidade cujo obtivo precípuo é demonstrar que, o provimento jurisdicional que se busca,
não seria alcançado por qualquer outro meio (que não o jurisdicional), sinalizando,
assim, a utilidade concreta para que o Estado intervenha diretamente nas relações
havidas entre particulares e, justificadamente, mitigue a autonomia da vontade de um
ou outro interveniente, situação não verificada nos autos ora respondidos.

Neste sentido, se pode verificar que o autor não buscou junto ao réu a
solução extrajudicial da questão, onde não houve por parte do banco nenhuma
resistência injustificada, que desse azo à propositura da presente demanda.
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Da mera análise da realidade exposta, conclui-se que, o autor é


carecedor de interesse processual, eis que, utiliza-se do abrigo jurisdicional apenas para
mascarar os efeitos da inadimplência e forçar seja a Casa Bancária compelida a não

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exercer seu legítimo Direito de cobrança, sem, ao menos obter prévia negativa da
instituição por meio da submissão de eventual proposta de composição (renegociação)
que, em tese, atendesse a sua atual saúde financeira.

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Diante do exposto, resta evidenciado o desnecessário intento da
jurisdição, visando a prestação do Poder Judiciário sobre matéria que não padece de
qualquer vício, irregularidade ou ilegalidade, devendo, pois, ser acolhida a preliminar
lançada para que, nos termos do art. 485, inc. VI, do Código de Processo Civil, a
presente demanda seja extinta sem a apreciação de mérito.

- DO MÉRITO

DO NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS PARA CONCESSÃO DA TUTELA


ANTECIPADA

Importante: ao proferir tutela judicial para que a Casa Bancária reduza


o valor dos descontos consignados cuja soma atual já corresponde a margem legal
estabelecida no momento da contratação, certamente, estar-se-á contribuindo para que
tal operação sofra o efeito “bola de neve”, pois, todos os residuais não pagos, serão
corrigidos (com encargos de inadimplência mês a mês), tornando sem efeito a legítima
autonomia da vontade verificada quando da contratação.

Por isso, a concessão da tutela de urgência satisfativa de caráter


antecipado exige a presença dos requisitos previstos no art. 300 do CPC, quais sejam,
elementos que evidenciem a probabilidade do direito (fumus boni iuris), perigo de dano
ou o risco ao resultado útil do processo (periculum in mora) e por fim, ausência de perigo
de irreversibilidade dos efeitos da decisão, tendo em vista configurar o próprio
provimento jurisdicional de forma antecipada e precoce, concedida à mingua do
contraditório.

Acerca da probabilidade do direito (fumus boni juris), o jurista


Marcus Vinicius Rios Gonçalves na obra Direito Processual Civil Esquematizado,
coordenada por Pedro Lenza (2016, p 365) nos ensina: “É preciso que o requerente
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aparente ser o titular do direito que está sob ameaça, e que esse direito aparente
merecer proteção. A cognição é sempre sumária, feita com base em mera
probabilidade, plausibilidade. A efetiva existência do direito sob ameaça será

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decidida ao final, em cognição exauriente”. (GN).

Ora, de pronto denota-se ter o autor empregado tal princípio de forma


inadequada, visto tratar-se de “suposto” Direito cuja aplicação necessita de

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análise ampla, notadamente, por tratar cominação que ignorou os precedentes
jurisprudencial inclusive:

Em idêntica direção, colacionamos diferentes decisões, proferidas por


Tribunais distintos (TJ/RS e TJ/RJ), cujas razões, também coadunam com o
indeferimento/revogação da tutela antecipada/urgência, por restar ausente a
probabilidade do Direito:

TJ/RS - (...) indefiro a antecipação de tutela. É presumível,


embora os contratos de empréstimo juntados aos autos não
informem as taxas de juros praticadas, que o autor tenha-se
beneficiado de encargos menos gravosos e da dispensa de
outras garantias justamente pela autorização para o
desconto em folha das prestações do financiamento, de
modo que não pode pretender, agora, de forma unilateral,
que se suspendam os descontos mensais por ele
permitidos quando tal providência lhe era útil, ou seja, por
ocasião do crédito dos recursos (...) (Processo nº
001/1.06.0173774-5, 5ª Vara Cível da Comarca de Porto
Alegre/RS) (Grifamos)

TJ/RJ – (...) a suplicante não nega ter celebrado os contratos


de mútuo. Autorizou débito em conta das parcelas do contrato,
fato que visa diminuir riscos de mora a serem suportados pelas
instituições financeiras e conseqüentemente, provoca redução
da taxa de juros no contrato. Não há que se falar de penhora das
verbas salariais, quando os descontos em conta corrente ou
folha de pagamento, são expressamente autorizados pela parte
consumidora. (Processo nº 2005.202.014455-3, 3ª Vara Cível do
Foro Regional de Madureira/RJ) (Grifamos)

No tocante ao perigo de dano ou do risco ao resultado útil do


processo (periculum in mora), conjuntamente, não prospera, vez que, após contrair o
empréstimo, levantar o valor concedido, usufruir da renda obtida, vem a este Douto
Juízo buscar chancela que ratifique sua intenção de não adimplir o avençado.
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Sobre o perigo de dano, Humberto Theodoro Júnior (RJ: 2015, p. 126)


nos ensina: “Ele nasce de dados concretos, seguros, objeto de prova suficiente para
autorizar o juízo de grande probabilidade em torno do risco de prejuízo grave. Pretende-

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se combater os riscos de injustiça ou de dano derivados da espera pela finalização do
curso normal do processo. Há que se demonstrar, portanto, o perigo na demora da
prestação da tutela jurisdicional”. (Grifamos)

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Por oportuno, insta reforçar que o efeito antecipatório aplicado
(imposição de limitação e impossibilidade de negativação) servirá somente para que o
autor permaneça com status de “aparente solvência” que lhe permitirá novas
contratações em instituições diversas e, assim, acabará por tornar a sua “possível”
tutela irreversível, pois, evidente que, caso o autor assuma novas dívidas, haverá
comprometimento de valores que, em tese, deveriam ser utilizados para assegurar a
liquidação dos contratos já em vigor com esta peticionante, afastando, por completo, as
chances desta instituição recompor seu patrimônio.

Portanto, sob qualquer prisma, inegável que a tutela de urgência


deferida não preencheu os requisitos constantes o art. 300 do CPC, motivo pelo qual
merece ser imediatamente revogada, cassada, tornada sem efeito, nos termos do
permissivo lançado na segunda parte do caput do artigo 296 do CPC: “A tutela provisória
conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser
revogada ou modificada”.

DA LEGALIDADE DO CONTRATO E AS ESPECIFICIDADES QUE SUBSIDIAM A


MANUTENÇÃO EM RAZÃO DA BOA FÉ OBJETIVA E DO “PACTA SUNT
SERVANDA”

Conceitualmente, contrato é um negócio jurídico bilateral ou


plurilateral, capaz de criar, modificar ou extinguir direitos, no qual ambos intervenientes
possuem ciência e autonomia para assunção das obrigações originadas naquele ato.

Sobre os contratos bancários, em linhas gerais, estão à disposição dos


clientes, diversas modalidades de crédito sem finalidade específica, cujas parcelas,
ordinariamente, poderão ser debitadas em conta corrente, conta-salário (Resolução
3.402 do CMN), ou, ainda, em qualquer conta que o cliente mantenha no BB, conforme
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previsto na cláusula 4ª das Condições Gerais do CDC1, sendo exemplos de tais


espécies, as antecipações, os empréstimos automáticos e o CDC salário que, não
obstante sua nomenclatura, também não ostenta natureza de consignação, sendo todas

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as prestações – por opção e vontade do cliente - debitadas diretamente em conta, sem
que surja qualquer vínculo com sua folha de pagamento.

De outra sorte, denomina-se crédito consignado, apenas aquele

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cuja contratação dependa da existência de convênio entre a fonte pagadora e a
instituição financeira, eis que, o valor da prestação é descontado diretamente na folha
de pagamento ou benefício previdenciário do cliente - o próprio empregador deduz a
quantia referente ao pagamento da parcela/prestação e repassa à instituição financeira
mantenedora – vale frisar que, a teor do que ensina o caput do artigo 1º Lei Nº 10.820
de 17/12/2003, a anuência referente ao desconto das parcelas, configura ato
irrevogável e irretratável, cujos efeitos perpetuarão durante todo o período de
amortização do saldo devedor.

Com efeito, contrariamente ao que o autor quer nos fazer pensar, o


caráter vinculativo do contrato não se trata apenas de uma decorrência do princípio do
“pacta sunt servanda”, mas, acima de tudo, de um desdobramento do princípio da boa-
fé objetiva, o qual se encontra expressamente previsto no artigo 422, do Código Civil, a
saber: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como
em sua execução, os Princípio de Probidade e Boa-Fé”. (grifamos)

Observar a relação contratual segundo a boa-fé objetiva constitui


verdadeira hermenêutica, que impõe, haja lealdade e honestidade entre as partes. Mais
ainda, o princípio que prestigia a boa-fé objetiva serve para impedir o exercício de
direitos em contrariedade à confiança que deve imperar nas relações privadas, bem
como proteger os intervenientes sob o manto da segurança jurídica.

Segundo o Princípio da Segurança Jurídica – extremamente relevante


ao desenvolvimento social e econômico de uma nação soberana e democrática - devem
ser respeitados os direitos adquiridos, aqueles incorporados ao patrimônio do seu titular,
já realizados, ou que simplesmente dependem de um prazo para o seu exercício, assim
como o ato jurídico perfeito, aquele já realizado e acabado segundo a lei vigente ao
tempo em que se efetuou.

1 Disponível em: http://www.bb.com.br/docs/pub/siteEsp/diemp/dwn/ClausulascontratoCDC.pdf


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Assim, respeitada a liberdade de contratação, uma vez firmado o


pacto, a parte está a ele vinculada, não podendo, posteriormente, suscitar “supostas”
irregularidades, especialmente, quando formuladas sem qualquer respaldo de fato e de

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Direito, frisando que, em nenhum momento o autor aponta qualquer irregularidade
na contratação, bem como não nega ter usufruído das quantias emprestadas
conforme seu querer.

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Ademais, o STJ entende que a transação, “com observância das
exigências legais, sem demonstração de qualquer vício, é ato jurídico perfeito e
acabado, não podendo o simples arrependimento unilateral de uma das partes dar
ensejo à anulação do acordo” (REsp 617.285-SC, Quarta Turma, DJ 5/12/2005).

Sem prejuízo de todo o exposto, imperioso atentar que, o atendimento


ao pleito do autor violará outros dispositivos legais, igualmente aplicáveis à espécie,
como o disposto no Direito das Obrigações, artigo 313 “O credor não é obrigado a
receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa” e artigo 314
“Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser
obrigado receber, nem o devedor pagar, por partes, se assim não se ajustou” do Código
Civil, ficando, pois, expressamente impugnada toda e qualquer pretensão contrária ao
previamente contratado, mormente, por não existir qualquer dúvida do autor com
relação a contratação e utilização de dos frutos dos empréstimos.

DA IMPOSSIBILIDADE DE LIMITAÇÃO DOS DESCONTOS EFETUADOS EM


CONTA CORRENTE – INAPLICABILIDADE DE LEI POR ANALOGIA –
ENTENDIMENTO DO STJ - RESP: 1586910 SP 2016/0047238-7

Em harmonia com todo o narrado, IMPOSSÍVEL aplicar qualquer


limitador legal com relação aos descontos efetuados diretamente em conta
corrente/salário, mormente, pelo precedente firmado nos autos do Recurso Especial n.
1586910 de relatoria do Min. Luis Felipe Salomão, o qual pedimos licença para
colacionar:

RECURSO ESPECIAL. PRESTAÇÕES DE MÚTUO - FIRMADO COM


INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. DESCONTO EM CONTA-CORRENTE E
DESCONTO EM FOLHA. HIPÓTESES DISTINTAS. APLICAÇÃO, POR
ANALOGIA, DA LIMITAÇÃO LEGAL AO EMPRÉSTIMO CONSIGNADO AO
MERO DESCONTO EM CONTA-CORRENTE, SUPERVENIENTE AO
RECEBIMENTO DA REMUNERAÇÃO. INVIABILIDADE. DIRIGISMO
CONTRATUAL, SEM SUPEDÂNEO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. 1. A regra
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legal que fixa a limitação do desconto em folha é salutar, possibilitando ao


consumidor que tome empréstimos, obtendo condições e prazos mais
vantajosos, em decorrência da maior segurança propiciada ao financiador. O
legislador ordinário concretiza, na relação privada, o respeito à dignidade
humana, pois, com razoabilidade, limitam-se os descontos compulsórios que
incidirão sobre verba alimentar, sem menosprezar a autonomia privada. 2. O

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contrato de conta-corrente é modalidade absorvida pela prática bancária, que
traz praticidade e simplificação contábil, da qual dependem várias outras
prestações do banco e mesmo o cumprimento de pagamento de obrigações
contratuais diversas para com terceiros, que têm, nessa relação contratual, o
meio de sua viabilização. A instituição financeira assume o papel de

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administradora dos recursos do cliente, registrando lançamentos de créditos e
débitos conforme os recursos depositados, sacados ou transferidos de outra
conta, pelo próprio correntista ou por terceiros. 3. (...) 4. Consta, na própria
petição inicial, que a adesão ao contrato de conta-corrente, em que o
autor percebe sua remuneração, foi espontânea, e que os descontos das
parcelas da prestação - conjuntamente com prestações de outras
obrigações firmadas com terceiros - têm expressa previsão contratual e
ocorrem posteriormente ao recebimento de seus proventos, não
caracterizando consignação em folha de pagamento. 5. Não há supedâneo
legal e razoabilidade na adoção da mesma limitação, referente a empréstimo
para desconto em folha, para a prestação do mútuo firmado com a instituição
financeira administradora da conta-corrente. Com efeito, no âmbito do direito
comparado, não se extrai nenhuma experiência similar - os exemplos das
legislações estrangeiras, costumeiramente invocados, buscam, por vezes, com
medidas extrajudiciais, solução para o superendividamento ou
sobreendividamento que, isonomicamente, envolvem todos os credores,
propiciando, a médio ou longo prazo, a quitação do débito. 6. À míngua de
novas disposições legais específicas, há procedimento, já previsto no
ordenamento jurídico, para casos de superendividamento ou
sobreendividamento - do qual podem lançar mão os próprios devedores -, que
é o da insolvência civil. 7. A solução concebida pelas instâncias ordinárias,
em vez de solucionar o superendividamento, opera no sentido oposto,
tendo o condão de eternizar a obrigação, visto que leva à amortização
negativa do débito, resultando em aumento mês a mês do saldo devedor.
Ademais, uma vinculação perene do devedor à obrigação, como a que
conduz as decisões das instâncias ordinárias, não se compadece com o
sistema do direito obrigacional, que tende a ter termo. 8. O art. 6º,
parágrafo 1º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro confere
proteção ao ato jurídico perfeito, e, consoante os arts. 313 e 314 do CC, o
credor não pode ser obrigado a receber prestação diversa da que lhe é
devida, ainda que mais valiosa. 9. A limitação imposta pela decisão recorrida
é de difícil operacionalização, e resultaria, no comércio bancário e nas vendas
a prazo, em encarecimento ou até mesmo restrição do crédito, sobretudo para
aqueles que não conseguem comprovar a renda. 10. Recurso especial do réu
provido, julgado prejudicado o do autor. (STJ - REsp: 1586910 SP
2016/0047238-7, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de
Julgamento: 29/08/2017, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe
03/10/2017) – g.n.

Com brilhantismo, extrai-se do precedente supra que, o limitador legal


(indistintamente suscitado nos Tribunais brasileiros) não tem o condão de afastar a
autonomia da vontade, tampouco, prestigiar a perpetuação infinita das dívidas,
devendo, assim, ser aplicado APENAS ao que se presta, ou seja, LIMITAR a cota
deduzível que incide diretamente na fonte pagadora do tomador.

Em termos práticos e com outras palavras, buscou o Ilustre Ministro


apontar o atual cenário do mercado de consumo e os reflexos nocivos gerados pela
“superproteção” praticada pelo Poder Judiciário que, na ânsia de “socorrer” o devedor,
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acaba por incutir no imaginário comum a falsa percepção de que, sempre será
beneficiado, caso algo não lhe seja proveitoso, fomentando, cada vez mais, a
judicialização dos conflitos, cenário diametralmente oposto a almejada solução

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extrajudicial dos conflitos.

No caso em tela, busca a parte autora (a qualquer custo) ventilar


irregularidades (que não existem), para obstar que a Casa Bancária empregue os meios

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necessários para satisfazer o crédito tomado, como: deduzir parcelas da conta corrente,
ajuizar ação judicial pertinente, etc., motivo pelo qual, reforça-se que a guarida judicial
pretendida servirá apenas para aumentar a inadimplência e retardar a
possibilidade de a autora restabelecer suas finanças (caso estejam
comprometidas), mostrando-se inconcebível a aplicação por analogia de qualquer
lei que limite o Direito creditório validamente constituído e não impugnado (em
sua formação) pela parte interessada.

Desta feita, requer seja o feito julgado consoante o precedente supra,


sendo, eventual pronunciamento em contrário (o que não se admite), subsidiado com
expresso prequestionamento que assegure à esta instituição, recorrer até a Corte
Superior (se necessário).

DA IMPOSSIBILIDADE DA REVISÃO CONTRATUAL – MANUTENÇÃO DOS


CONTRATOS

Juros: Súmula 596 do STF; Impossibilidade de autoaplicação do §3º


do artigo 192 da Constituição Federal e a expressa outorga da autora
quanto a capitalização dos juros – vide especificações dos contratos
ora juntados (conformidade com a Súmula 541 do STJ);

Na esteira do já esclarecido, evidente tratar-se de demanda cujo


objetivo precípuo é afastar os reflexos da inadimplência, impondo, à esta credora, a
“obrigação” (inaceitável) de não exercer o seu legítimo direito de recuperação de crédito
e, por óbvio, para subsidiar as pretensões desarrazoadas.

Em razão da força obrigatória dos contratos, em que pese, não tenha


sido explicitamente pedido a revisão dos contratos, subsidiariamente compreende-se tal
pedido que só seria admissível excepcionalmente, em situações justificadamente
comprovadas, vinculadas (com nexo de causalidade) a um fato absolutamente
imprevisível, o que não é o caso destes autos, pois, os contratos em tela, além de não
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conterem qualquer obrigação excessiva, aplicou taxas e correções que acompanham a


própria evolução da economia.

E mais, desde o início da relação jurídica estabelecida, o Autor já sabia

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quanto iria pagar caso realizasse transações, tendo em vista que todas as taxas foram
PRÉ-FIXADAS, não existindo qualquer “surpresa” passível de invocar a prestação
jurisdicional, notadamente, pela INEXISTÊNCIA DE QUALQUER ÍNDÍCIO DE VÍCIO

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DE VONTADE OU PROVA DE QUE O AUTOR NÃO ASSENTIU TAIS
INSTRUMENTOS.

Considerando que a atividade bancária no País é regida pela Lei


Federal nº 4.595/64, que delega ao Conselho Monetário Nacional a fixação das taxas
de juros aplicáveis aos contratos bancários e de financiamento imobiliário, ao questionar
a limitação dos juros, deve-se considerar o já pacificado pela Corte Suprema, ao
editar a Súmula 596: “As disposições do Decreto 22.626/1933 não se aplicam às taxas
de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições
públicas ou privadas, que integram o Sistema Financeiro Nacional”. (Gn)

Não bastasse, é pacífica a jurisprudência no sentido de não existir


autoaplicação do contido no §3º do artigo 192 da Constituição Federal (RT 760/250,
760/262,757/270, 753/236 e 749/271), restando, portanto, inviável falar-se, no particular,
em limitação da taxa de juros a 12% ao ano.

Ainda sobre a capitalização de juros, viável colacionar precedente


firmado pelo Superior Tribunal de Justiça: “Nos contratos de mútuo bancário, celebrados
após a edição da MP nº 1.963-17/00 (reeditada sob o nº 2.170-36/01), admite-se a
capitalização mensal de juros, desde que expressamente pactuada.” (REsp nº
1.112.879/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi,2ª Seção, j. 12/05/2010).

No mesmo sentido, o teor da Súmula 541 do STJ: “A previsão no


contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente
para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada”.

Em reforço, citamos:

Nos contratos bancários firmados posteriormente à entrada em


vigor da MP n. 1.963-17/2000, reeditada sob o n. 2.170-36/2001,
é lícita a capitalização mensal dos juros, desde que
expressamente prevista no ajuste. A previsão no contrato
fls. 162

bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da


mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva
anual contratada (Recurso Especial repetitivo n. 973.827/RS).”
(AgRg no AREsp 382.628/MS, Rel. Min. João Otávio de

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Noronha, 3ª Turma, j. 15/10/2013) (GN).

Acerca da expressa ciência do autor com relação às taxas pactuadas,

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remetemos este julgador para vistas aos contratos ora acostados que, de forma
inequívoca dispuseram de CRONOGRAMA DE PAGAMENTO inclusive (previsão de
valor e data para pagamento de cada prestação).

Também, não há irregularidade na forma adotada de amortização,


pois expressamente convencionada. No tocante aos demais encargos genericamente
suscitados pelo autor, com vistas a melhor preservação dos interesses da Casa
Bancária, teceremos algumas considerações:

A comissão de permanência nada mais é do que uma forma que o


Banco Central do Brasil encontrou para evitar o aviltamento do capital tendo em vista
os altos índices de inadimplência.

A Resolução nº 1.129 de 15 de maio de 1986, do Banco Central do


Brasil, na forma do artigo 9º da Lei nº 4.595/64, de 31/12/64, tornou público que o
CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL, em sessão realizada na mesma data,
resolveu:

I – Facultar aos bancos comerciais, bancos de desenvolvimento,


bancos de investimento, caixas econômicas, cooperativas de
crédito, sociedade de crédito, financiamento e investimento e
sociedades de arrendamento mercantil cobrar de seus
devedores por dia de atraso no pagamento ou na liquidação de
seus débitos, além de juros de mora na forma da legislação em
vigor, "comissão de permanência", que será calculada às
mesmas taxas pactuadas no contrato original ou à taxa de
mercado do dia do pagamento.

Destarte, INVIÁVEL a revisão judicial das cláusulas contratuais, pois,


comprovadamente, todas se encontram em expressa subsunção com os textos legais,
bem como os posicionamentos jurisprudenciais aplicáveis à espécie, reforçando tratar-
se de lide temerária que, em concreto, nada possui de relevante.
fls. 163

DA IMPOSSIBILIDADE DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA E A CORRETA


INTERPRETAÇÃO DO CDC

De forma comum, os tomadores de crédito suscitam a aplicabilidade

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da Súmula 297 do STJ para que, no âmbito das relações bancárias haja expressa
incidência da Norma Consumerista, como se tal benesse lhe conferisse a possibilidade
de formular pretensões sabidamente contrárias ao pactuado.

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Aliás, nesse sentido, vale reforçar que, independentemente da Norma
aplicável de forma direta ou reflexa, é dever de todos os intervenientes guardar, desde
o momento da contratação até a liquidação total do avençado, a boa-fé objetiva,
situação identicamente necessária em termos processuais, mormente, no campo da
produção de provas.

A inversão do ônus da prova como uma modalidade de facilitação da


defesa dos direitos do consumidor somente deve ser admitida quando um dos seus
requisitos forem satisfeitos, ou seja, a verossimilhança das alegações ou a
hipossuficiência do consumidor.

Neste sentido, Humberto Theodoro Júnior explica:

(...) para as demandas intentadas no âmbito das relações de


consumo existe regra especial que autoriza, em certos casos, a
inversão do ônus da prova, transferindo-se do Autor
(consumidor) para o réu (fornecedor) (art. 6.º, VIII, do CDC). Não
se pode, todavia, entender que o consumidor tenha sido
totalmente liberado do encargo de provar o fato constitutivo
do seu direito, nem que a inversão especial do CDC ocorra
sempre, e de maneira automática, nas ações de consumo.
Em primeiro lugar, a lei tutelar do consumidor condiciona a
inversão a determinados requisitos (verossimilhança das
alegações ou hipossuficiência do consumidor), que haverão de
ser aferidos pelo juiz para a concessão do excepcional benefício
legal. Em segundo lugar, não se pode cogitar de verossimilhança
de um fato ou da hipossuficiência da parte para prová-lo, sem
que haja um suporte probatório mínimo sobre o qual o juiz possa
deliberar para definir o cabimento, ou não, da inversão do ônus
da prova.” (g.n)

Com efeito, ainda que perfilhado o entendimento acerca da incidência


do CDC (hipoteticamente), é bem de ver que suas regras, valores e princípios são
voltados a conferir equilíbrio às relações contratuais, de modo que, ainda que fosse
constatada alguma nos contratos sub judice (o que não se admite) evidentemente
fls. 164

retornaríamos ao status quo ante, não podendo, em hipótese alguma, resultar em


enriquecimento a qualquer das partes.

No mesmo sentido de todos os tópicos precedentes, com relação a

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automática inversão do ônus prova, impossível seja tal pedido deferido, haja vista
não existir a probabilidade do direito material alegado, nem qualquer indício de que a
tomadora esteja fragilizada tecnicamente, reforçando tratar-se de pessoa esclarecida

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(professora) perfeitamente cabível no conceito de “homem médio”, rogando seja
determinada a distribuição regular do ônus probatório, nos termos do artigo 373, do
Novo Código de Processo Civil.

Com intento de assegurar o exercício pleno do contraditório e ampla


defesa, na remota hipótese de Vossa Excelência entender pela inversão do ônus da
prova de forma imediata (o que não se admite), requer seja tal providência adotada no
âmbito do despacho saneador, com abertura de prazo para manifestação desta
contestante inclusive.

- DA IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA


GRATUITA

Com fulcro no Artigo 337, inciso XIII do CPC, este


Contestante impugna a concessão dos benefícios da justiça gratuita à parte Autora.

A parte Autora, afirma ser pessoa pobre e que não dispõe


dos recursos necessários para o custeio das despesas judiciais do presente feito, sem
que isso acarrete o prejuízo do seu sustento, postulando os benefícios da gratuidade de
justiça.

Neste ponto, cumpre destacar o que se encontra previsto


na constituição Federal em seu artigo 5º, LXXIV diz que:

Art. 5 (...)

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e


fls. 165

gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

Visto isso, insta salientar que "assistência judiciária

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gratuita", é um instituto de direito administrativo, posto à disposição do hipossuficiente
como condição primeira para seu ingresso no judiciário, quando então, lhe é fornecido

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além das isenções de custas e atos processuais, também o defensor público.

Já a "gratuidade de justiça", de menor abrangência, é um


instrumento eminente processual que pode ser solicitado ao juiz da causa tanto no
momento inaugural da ação quanto no curso da mesma, significando dizer que a
dispensa das despesas processuais é provisória e condicionada à manutenção do
estado de pobreza do postulante, podendo ser revogada a qualquer tempo.

Vale ressaltar, que a lei consigne expressamente que a


concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do beneficiário pelas despesas
processuais e pelos honorários advocatícios da parte contrária, decorrentes de sua
sucumbência, bem como não afasta o dever de o beneficiário pagar, ao final do
processo, as multas processuais que lhe sejam impostas, já que tal presunção é relativa,
podendo ser afastada na hipótese de ser demonstrado que o beneficiário tem condições
de suportar as despesas sem prejuízo de seu sustento.

No caso, verifica-se que a alegação de insuficiência trazida


não merece prosperar, pois a análise da concessão deste benefício deve ser feita de
forma processual, diante disto analisando os fatos alegados pela parte pudesse verificar
que está possui formas de arcar com as custas processuais, já que estas segundo o art.
98, § 6º do CPC podem ser parceladas, conforme segue:

Art. 98 (...)

§ 6o Conforme o caso, o juiz poderá conceder direito ao

parcelamento de despesas processuais que o


fls. 166

beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.

Neste sentido vem entendendo o Tribunal de Justiça de

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São Paulo que:

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Agravo de instrumento. Justiça gratuita. Declaração de pobreza.
Presunção relativa, que deve prevalecer caso não sejam
demonstrados indícios da capacidade econômica do declarante.
Requerente que é proprietário de empresa franqueadora.
Negócio que se encontra inativo desde 2014. Ausência de
esclarecimentos acerca de sua ocupação atual ou suas
despesas mensais.

Declaração de imposto de renda que evidencia um rendimento


anual de R$ 18.000,00, sem esclarecimento da origem de tais
valores. Inexistência de qualquer bem registrado em seu nome.
Indícios de ocultação de patrimônio. Hipótese que autoriza o
parcelamento das custas iniciais. Art. 98, §6º, do NCPC.
Recurso parcialmente provido. (Relator(a): Hamid Bdine;
Comarca: São Paulo; Órgão julgador: 1ª Câmara Reservada de
Direito Empresarial; Data do julgamento: 22/07/2016; Data de
registro: 22/07/2016)

Diante disto, não há que se falar aqui em


comprometimento da sua subsistência e de sua família, pois a lei dá a parte forma de
arcar com tais custos.

Portanto, não faz a parte autora jus ao pleito de benefício


à justiça gratuita, devendo, desta feita, a concessão deve ser revogada conforme
previsão no artigo 99, §2º, do NCPC, com consequente intimação para efetuar ao
pagamento das custas e das despesas processuais.
fls. 167

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DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

O Princípio da Causalidade é taxativo ao determinar que responde

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pelo custo do processo aquele que haja dado causa a ele, seja atribuindo-se razão sem
ter (pretensão auto atribuída), seja obrigando quem tem razão a vir a juízo para obter
provimento satisfatório e permitido.

Neste sentido, bem leciona Alexandre Freitas Câmara: “Incumbe, pois,


ao juiz verificar, no momento de proferir a sentença, quem deu causa ao processo, e a
ele impor a obrigação de arcar com o custo econômico do processo (pagando as
despesas processuais e os honorários advocatícios) ” (SÃO PAULO, 2015,68)

Ou seja, “aquele que deu causa à instauração do processo, ou ao


incidente processual, deve arcar com os encargos daí decorrentes” (STJ – 4ª t.,
REsp 264.930, rel. Min. Sálvio de Figueiredo, j. 13.9.00, deram provimento, vu, DJU
16.10.00, p. 319). (g.n.).

Em idêntico sentido, colaciona-se:

O princípio da sucumbência cede lugar quando, embora


vencedora, a parte deu causa à instauração da lide. (STJ – 3ª
T., AI 615.423-AgRg, rel. Min. Nancy Angrighi, j. 17.3.05,
negaram provimento, vu, DJU 11.04.05, p. 293). (g.n.).
Os ônus sucumbenciais subordinam-se ao princípio da
causalidade: devem ser suportados por quem deu causa à
instauração do processo. (STJ – 1ª T., REsp 664.475, rel. Min.
Teori Zavascki, j . 3.5.05, deram provimento, vu, DJU 16.5.05, p.
253). (g.n.).

Ou seja, a luz do princípio da causalidade, ainda que de forma


contrária a todo o narrado, este juízo entenda pela manutenção da imposição de
limitador legal, por exemplo, impende destacar que, as situações eventualmente sociais
exaradas, não afastarão o ônus sucumbencial que deverá ser suportado por quem deu
causa ao feito, in casu, o autor (ajuizou ação revisional sem apontar/comprovar qualquer
ilicitude nos instrumentos pactuados, com expresso propósito de somente obstar os
efeitos da mora).

Fica a reflexão: Por qual razão se oneraria (ainda mais o credor),


fls. 168

quando comprovada a regularidade de todos os seus atos?

Dessa forma, a responsabilidade pela sucumbência em sua


integralidade deve ser atribuída a parte Requerente, pois esta deu causa a instauração

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da lide, desnecessariamente, como reza o princípio da causalidade, bem como nos
termos do artigo 85, do Código de Processo Civil.

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DOS PEDIDOS

Diante do todo o exposto, REQUER:

A) Seja acolhida a preliminar suscitada, sendo o processo extinto sem o julgamento


do mérito, conforme disposto no artigo 485, incisos IV e VI, do Código de Processo Civil,
ante a falta de interesse processual do Autor;

B) Não obstante dos fatos, caso não seja acolhida a preliminar suscitada, requer a
total IMPROCEDÊNCIA da ação, com a condenação do Autor ao pagamento de
honorários advocatícios, MANTENDO O INDEFERIMENTO da tutela de urgência.

Provará o Réu o alegado por todos os meios admitidos em direito, sem


exceção, e eventuais documentos que possam surgir no decorrer do processo.

Por fim, requer que todas as intimações e notificações sejam


doravante dirigidas apenas aos seguintes patronos do Réu, com a consequente inclusão
de seus nomes na contracapa dos autos, sob pena de nulidade, nos termos do § 2º do
art. 272 do CPC: Flavio Olimpio de Azevedo, OAB/SP 34.248 e Milena Pirágine,
OAB/SP nº 178.962.

Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, 14 de setembro de 2021.
OAB/SP Nº 34.248

OAB/SP Nº. 443.069


SABRINA EMELY BAPTISTA
FLAVIO OLÍMPIO DE AZEVEDO
MILENA PIRÁGINE

OAB/SP Nº 178.962

OAB/SP Nº. 380.556


PAULA VALADARES DE SOUSA
fls. 169

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