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INTITUTO PROJETO MORIA EU TAMBEM AMO

Ola tudo bem..... somos o projeto MORIA e estamos preocupados com a sua família e
por isso queremos que vc dedique um tempo de leitura deste material.....

É bem comum os codependentes familiares expressarem alguns sintomas, pois passam


por situações que podem lhe causar exaustão emocional, alguns dos sintomas são:
 Baixa autoestima.
 Ansiedade.
 Depressão.
 Estresse.
 Medo de ser abandonado.
 Necessidade de controlar o comportamento do outro.
 Sentimento de incapacidade.

Introdução
 O uso de drogas é uma realidade cada vez mais difícil de vencer, pois
temos um monte de elementos e situações que tornam cada vez mais
natural o uso de drogas, isso é o que tem que dissolvido o poder
agregador e estruturador da família os VALORES familiares estão se
perdendo, ninguém mais senta na MESA para comer nem de domingo,
este é o real motivo que tem despersonalizado o indivíduo (adicto ou
usuário) e desarticulam os referenciais positivos da vida.

Três aspectos importantes cercam a dependência:

o O desafio que envolve o dependente,

o A família do dependente (codependência)

o A realidade atual da nossa sociedade chamada pós-moderna.

Estamos vivendo historicamente o que se designa por pós-modernidade. Uma


série de sintomas marcados pela perda dos referenciais, de um excesso de
individualismo e mais uma série de características, a qual, a perda das
relações e a superficialidade são algumas delas.
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Uma das características para pensarmos a relação da codependência é o que


chamamos de declínio da Lei-do-Pai, cujo efeito mais imediato no social é
anomia. A palavra tem origem grega e vem de a + nomos, donde significa
ausência, falta, privação e inexistência; e nomos quer dizer lei, norma.
Etimologicamente, portanto, anomia significa falta de lei ou ausência de norma
de conduta. A anomia é um estado de falta de objetivos e perda de identidade,
provocado pelas intensas transformações ocorrentes no mundo social
moderno. A partir do surgimento do capitalismo, e da tomada da Razão, como
forma de explicar o mundo, há um brusco rompimento com valores tradicionais,
fortemente ligados a concepção religiosa. A modernidade, com seus intensos
processos de mudança, não favorecem novos valores que preencham os
anteriores demolidos, ocasionando uma espécie de vazio de significado no
cotidiano de muitos indivíduos. Há um sentimento de se “estar à deriva”,
participando inconscientemente dos processos coletivos /sociais: perda quase
total da atuação consciente e da identidade.
Por que estamos trazendo essas questões? Porque essa realidade pós-
moderna é muito parecida com os sintomas apresentados pelos dependentes e
codependentes, ou seja, estamos vivendo um momento social disfuncional,
onde isso afeta as famílias, favorecendo os sintomas da dependência e
codependência.

Diante dessa realidade podemos dizer que salvar a família é poder salvar o
dependente de drogas, resgatar o dependente é resgatar a família, pois a
desestruturação familiar abre espaço para o colapso da humanidade. Com isso
a família, que é a base fundamental, geradora do indivíduo, aumenta
consideravelmente o seu papel no combate ao vício e apoio para que o
dependente se livre das drogas.

A família é um sistema, em que todos estão numa relação de reciprocidade, e


toda relação é baseada em algum tipo de comunicação e pacto estabelecidos
são, muitas vezes, formas de manter relações e papéis patologizados como é o
caso da dependência. Assim a família pode ser tanto um fator protetor de
qualquer tipo de doença mental, como transformar-se em um fator de risco
para o desenvolvimento de várias disfunções.

DESENVOLVIMENTO
Codependência é um transtorno emocional definido e conceituado por
volta das decádas de 70 e 80. De inicio, a descrição deste quadro incluía
apenas familiares de pacientes alcoólicos, mas com o tempo o seu significado
foi ampliado e atualmente o termo codependência também inclui a conduta
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relacionada aos familiares dos dependentes químicos, familiares e/ou pessoas


significativas que têm um problema de comportamento no relacionamento de
intimidade, de jogo patológico e outros problemas sérios da personalidade.
Um indivíduo codependente é aquele que deixou-se influenciar pelo
comportamento de outra pessoa e que vive obcecado em controlar o
comportamento desse outro, através de uma situação emocional, psicológica e
comportamental que se desenvolve como resultado da exposição individual
prolongada à prática de um conjunto de regras opressivas – regras que
impedem a expressão aberta dos sentimentos, bem como, a discussão direta
de problemas pessoais e interpessoais.

A codependência é para se referir aqueles, geralmente parentes, cujas as vidas


foram afetadas pela forte ligação a uma pessoa com séria dependência física e
/ou psicológica de uma substância.

comportamentos que os codependentes apresentam:

1. Considerar-se e sentir-se responsável por outra(s) pessoa(s) – pelos


sentimentos, pensamentos, ações, escolhas, desejos, necessidades,
bem estar, falta de bem-estar e até pelo destino dessa(s) pessoas.

2. Sentir ansiedade, pena e culpa quando a outra pessoa tem um


problema.

3. Sentir-se compelido – quase forçado – a ajudar aquela pessoa a


resolver o problema, seja dando conselhos que não foram pedidos,
oferecendo uma série de sugestões ou equilibrando emoções.

4. Ter raiva quando sua ajuda não é eficiente.

5. Comprometer-se demais.

6. Culpar outras pessoas pela situação em que ele mesmo está.

7. Dizer que outras pessoas fazem com que se sinta da maneira que se
sente.

8. Achar que a outra pessoa o está levando à loucura.

9. Sentir-se vítima, achar que está sendo usado e que não se sente
apreciado.
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10. Achar que não é bom bastante.

11. Contentar-se apenas em ser necessário a outros.

Uma das características são comportamentos auto-derrotistas, aprendidos ou


devido a defeitos de caráter, que resultam numa capacidade reduzida de iniciar
ou participar em relações amorosas.

Estamos analisando os aspectos patológicos das famílias de adictos, como as


famílias codependentes, famílias pré-adictivas (aquelas onde os pais não
conseguem exercer seus papéis adequadamente) e famílias disfuncionais
justamente pela importância que possui na formação da personalidade.

As famílias de dependentes apresentavam disfunções, principalmente na áreas


envolvidas com expressão de afeto e de estabelecimento de limites e papéis na
estrutura familiar. É difícil para o indivíduo aprender a lidar com seus
sentimentos quando vive num ambiente no qual as emoções não são
expressadas, discutidas ou pouco toleradas. Da mesma forma, em famílias nas
quais os papéis de cada membro não são claros e há ausência de limites
precisos, torna-se difícil para o adolescente acreditar que a família atenderá
suas necessidades. O contato e o atendimento familiar são extremamente
importantes quando pensamos em um tratamento para dependência química,
pois é com a família que os pacientes vivem questões do seu dia-a-dia e
onde ocupam espaço que as impede, na maioria das vezes, de vislumbrar um
lugar diferente, que não o de bode expiatório, e onde a tônica recai sempre
sobre a dependência da substância. A família patológica precisa, de alguma
maneira, transferir para as drogas e para o dependente os problemas, para que
outras questões tão ou mais patológicas relacionadas à dinâmica familiar não
se façam presentes. Neste sentido, é importante salientar que um dos
objetivos cruciais do trabalho com a família é o de permitir que o paciente
saia o papel de bode expiatório abrindo possibilidade para que ele possa
começar a levantar alguma questão a respeito de si e do seu grupo
familiar.

A codependência afeta o indivíduo (FAMILIA) em cinco vertentes:

1 – Baixa autoestima;

2 – Dificuldade de estabelecer limites saudáveis nos relacionamentos de


intimidade;

3 – Dificuldade de reconhecer e assumir sua própria realidade disfuncional


(negação e ilusão);
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4 – Dificuldade de assumir a responsabilidade em gerir as suas necessidades


adultas(atitudes, emoções e comportamentos);

5 – Dificuldade de identificar e expressar suas emoções de forma


moderada(ex. raiva, ressentimento, medo, culpa e vergonha).

Em algumas famílias codependentes o desenvolvimento das crianças é afetado


porque o sistema familiar (homeostase) é caótico.

Na família do dependente as relações familiares e a comunicação interpessoal


vão se tornando cada vez mais complicadas, A comunicação se faz confusa e
indireta, de modo que é mais fácil encobrir e justificar a conduta do dependente
do que discuti-la. Esta dificuldade (disfunção) vai se convertendo em estilo de
vida familiar e produzindo, em casos, o isolamento da família dos contatos
sociais cotidianos. As regras familiares se tornam confusas, rígidas e
injustas para os seus membros, de forma que os deveres passam a ser
distorcidos, com algum prejuízo das pessoas que não têm problemas e
privilégios da pessoa problemática.

Como se vê, a conduta codependente é uma resposta doentia ao


comportamento da pessoa problemática (dependente), e se converte em um
fator chave na evolução da dependência, isto é, a codependência promove o
agravamento da pessoa problemática (dependente), processo chamado
facilitação. Mas, os codependentes não se dão conta de que estão facilitando o
agravamento do problema, em parte pela negação e em parte porque estão
convencidos de que a sua conduta esta justificada, uma vez que estão
“ajudando” o dependente a não se deteriorar ainda mais e que a família não se
desintegre.

Valente nos lembra que, além da dinâmica patológica da família, o paciente


dependente de drogas é um indivíduo para quem a droga passou a
desempenhar um papel central na sua organização patológica. Mesmo quando
a substância já não proporciona mais o prazer inicial, ao preencher lacunas
importantes em seu funcionamento psíquico, ela trona-se indispensável, e o
que significa que um dependente não pode prescindir da sua droga. Desta
forma a retirada da droga é um trabalho difícil e doloroso.

A droga funciona para o dependente como garantia permanente de que ele não
será confrontando com o sentimento de abandono e desamparo. Abster-se
dela, remete o paciente dependente à sua problemática inicial e ao inevitável
confronto com a experiência do vazio. A família tem o desafio de se tornar
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esse lugar vazio, para isso ela tem que combater o seu próprio vazio
dentro de uma sociedade também vazia.

Muitos pacientes dependentes apresentam quando crianças, características


familiares, onde sofriam negligência, falta de apoio e modelo moral adequado
dos pais. Em relação ao modelo moral dos pais, esses pacientes não
vivenciaram exemplos de justiça, empatia e solidariedade no seio familiar,
colocando-os, desta maneira, em maior risco para o desenvolvimento da
dependência química. Há relatos também de abusos físicos e psicológicos.
Alguns foram deixados pelas suas mães desde muito cedo, aos cuidados de
familiares ou conhecidos, pois tinham que retornar ao trabalho, ou mesmo,
sentiam-se incapazes para assumirem os seus cuidados. Além disso, muitos
dependentes têm uma família que não acolhem suas dificuldades, onde eles
evitam falar para evitar punições severas sofridas em casa, gerando um
sentimento de não existência, baixa auto-estima e não pertencimento ao grupo
familiar.

A codependência por ser uma doença emocional e comportamental pode ser


agravante e desencadeante de depressão, hipertensão, diabetes,suicídio,
doenças psicossomáticas, e outros transtornos.

Os grupos de ajuda aos familiares de dependentes químicos visam


principalmente, reverter este quadro, orientando os familiares a adotarem
comportamentos mais saudáveis. O primeiro passo em direção a esta mudança
é tomarem consciência e aceitarem o problema.

O tratamento da codependência pode consistir de psicoterapia, grupos de


autoajuda, terapia familiar e em alguns casos, o uso de medicação. Os grupos
de autoajuda para familiares de dependentes, tais como Alanom e
Codependentes Anônimos são de grande utilidade no processo de recuperação
familiar da codependência. A codependência tem recuperação. É possível
mudar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os padrões presentes nos dependentes químicos se estendem ao
sistema familiar, estabelecendo condutas e comportamentos repetitivos que
promovem o ciclo de dependência e que podem agravar a situação do
dependente. Assim, o apoio da família começa por ela assumir suas
dificuldades e mudar os padrões de dependência, pois existem fatores no
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funcionamento familiar que promovem ou favorecem o processo de


dependência.
Na recusa do dependente químico se tratar, sua família poderá dar o primeiro
passo, buscando ajuda especializada. Desta forma, os familiares se tornam,
antes de tudo, um exemplo para o dependente e, o mais importante,
demonstram e assumem que estão dispostos a participar ativamente deste
processo no qual todos estão implicados.

Referências Bibliográficas:

BEATTIE, M – Codependencia Nunca Mais. Rio de Janeiro. Record, 2008.

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